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Corações de dragão

Summary:

Após a perda devastadora de Laena e seus filhos, Daemon Targaryen é agraciado com uma segunda chance de redenção. Retornando à Pedra do Dragão, ele se vê diante do desafio de corrigir seus erros do passado e valorizar a família que sempre teve ao seu lado. Com o apoio de Laena e o renascimento de laços familiares, Daemon enfrentará antigos inimigos, reencontrará a força em seu legado e provará que o verdadeiro poder reside no amor. Em uma jornada repleta de desafios e descobertas, ele deve lutar para proteger sua família e conquistar o trono que é seu por direito. "Corações de Dragão" é uma história de amor, coragem e redenção, onde o destino de Westeros está nas mãos de um homem que finalmente aprendeu a importância de valorizar o que realmente importa.

Notes:

(See the end of the work for notes.)

Chapter 1: O Peso dos erros do passado

Chapter Text

As chamas do dragão lambiam os céus de Pedra do Dragão, mas dentro de Daemon Targaryen, apenas a escuridão permanecia. Ele, o Príncipe Rebelde, aquele que havia desafiado reinos e governantes, agora se sentia quebrado, sozinho em meio à grandiosidade das muralhas que um dia chamara de lar. Sua alma estava marcada pela perda, um vazio que as conquistas e as batalhas jamais preencheriam.

 

Ele havia perdido Laena. E suas filhas. Um erro após o outro, uma sequência de escolhas que o levaram a isso. Ele não valorizara o que tinha quando estavam vivos, preso demais em suas ambições, em sua sede pelo trono e pela vingança contra Viserys e Rhaenyra. Agora, sua única companhia era o arrependimento.

 

Daemon caminhava pelos corredores vazios, cada pedra da fortaleza relembrando-o das risadas que não mais ouvia, dos passos apressados das filhas correndo pelos corredores, da voz firme de Laena que trazia equilíbrio ao seu caos. Seu coração, acostumado a suportar a dor da batalha, agora parecia não aguentar o fardo da culpa.

 

O salão onde tantas vezes ele e Laena haviam jantado em silêncio, pois as palavras entre eles eram escassas, estava vazio. Ele nunca dera a atenção que ela merecia. Nunca enxergara o valor da mulher forte e leal que o amara incondicionalmente. Agora, sem ela, as sombras se alongavam, cada canto da fortaleza lembrando-o de como ele falhara.

 

Daemon parou diante de um espelho, seu rosto refletido na superfície. "O que eu fiz?" sussurrou, encarando os próprios olhos, mas não reconhecendo o homem que via. Ele era um fantasma, uma sombra de quem um dia fora. As rugas em sua testa, os sulcos da pele ao redor dos olhos, tudo indicava o desgaste dos anos. Mas era o vazio em seu olhar que o aterrorizava.

 

Ele se lembrou do dia em que Laena morreu. Ela se foi em dor, em chamas, com sua última força dedicada a escolher seu próprio destino. Ela merecia um marido que a entendesse, que a apoiasse, mas Daemon estava tão cego por seus próprios demônios que a deixou partir sem sequer tentar segurá-la de volta. E suas filhas… oh, como ele falhou com elas. Ele as abandonara emocionalmente, tão envolto em suas conspirações e ambições que não conseguiu ver o sofrimento delas. Ele as tratara como peças em um tabuleiro de xadrez, quando na verdade deveriam ter sido seu tesouro mais valioso.

 

Sentado na escuridão, Daemon fechou os olhos, as lembranças inundando sua mente. Ele ouviu o som dos risos infantis, a voz de Laena chamando-o para jantar, os momentos em que ele poderia ter sido um pai e marido melhor, mas escolheu a guerra em vez da paz. O vento assobiava pelas frestas das janelas, como se a própria Pedra do Dragão estivesse chorando junto com ele.

 

Naquela noite, ele não dormiu. Ficou acordado, encarando o teto, relembrando todos os momentos que desperdiçou, todas as vezes que poderia ter dito que amava Laena, mas não disse. Quando o amanhecer finalmente chegou, ele estava decidido. Não havia mais volta, não havia mais como trazer sua família de volta dos mortos.

Ou assim ele pensava.

 

Nos dias que se seguiram, Daemon foi surpreendido por uma aparição em um sonho. Uma deusa, ou talvez uma força maior que ele não compreendia, apareceu diante dele. Seus olhos brilhavam com a luz das estrelas, e sua voz era ao mesmo tempo reconfortante e aterrorizante.

 

— Você foi escolhido, Daemon Targaryen, para ter uma segunda chance. — A voz ecoou na sua mente, cada palavra reverberando em seu coração. — Os deuses veem seu sofrimento, mas também veem sua negligência. Esta é sua única oportunidade. Volte. Volte e faça o que não fez. Valorize aqueles que você perdeu. Pois, se falhar novamente, nem o aço nem o fogo poderão te salvar.

 

Ele acordou suado, o peito arfando, o coração disparado. Suas mãos tremiam, e, por um momento, ele achou que tudo aquilo fora apenas um delírio. Mas quando abriu os olhos, o quarto estava diferente. O vento que entrava pela janela trazia o cheiro fresco do mar, e a luz da manhã iluminava o quarto de uma maneira que ele não via há anos.

Laena estava ao seu lado.

 

Daemon se sentou com um sobressalto, o olhar fixo na figura adormecida de sua esposa. Seu peito subia e descia com a respiração tranquila, os longos cabelos negros espalhados sobre o travesseiro. Ele a observou por um momento, o coração quase parando ao perceber que era real.

 

Ele estava de volta.

 

Ele voltou no tempo. Antes de sua morte, antes das escolhas erradas que o levaram à ruína. Daemon sentiu o peso da segunda chance caindo sobre seus ombros. Desta vez, ele não falharia. Desta vez, ele valorizaria Laena, cuidaria de suas filhas e protegeria sua família.

 

Aproximou-se dela, com cuidado para não acordá-la, e olhou para o rosto de Laena. Tantas vezes ele se afastara emocionalmente, preocupado com seus próprios interesses. Agora, olhando para ela, ele via a mulher forte e determinada que sempre esteve ao seu lado, esperando que ele a notasse, que a valorizasse. Ele passara tanto tempo em guerra com o mundo, com seus inimigos, com sua própria família, que se esquecera de valorizar o que tinha ao seu lado.

 

Daemon sentiu os olhos arderem. Ele não podia falhar de novo.

 

Com uma mão trêmula, ele tocou o rosto de Laena. Ela se mexeu suavemente, os olhos piscando lentamente enquanto despertava. Quando o viu, sorriu com ternura, sem suspeitar da tempestade que o coração de Daemon enfrentava.

 

— Daemon? O que foi? — Ela perguntou, a voz ainda baixa pelo sono.

 

Ele a encarou, sem conseguir falar. Seus olhos traíram sua dor, e Laena, sempre perceptiva, franziu o cenho, sentando-se na cama.

 

— O que aconteceu?

 

Daemon respirou fundo. Havia tanto que ele queria dizer, mas as palavras pareciam pesadas demais. Em vez disso, ele apenas a puxou para perto, abraçando-a como se sua vida dependesse disso. O cheiro dela, o calor de seu corpo, tudo era real. Ele não podia deixar passar dessa vez.

 

— Eu vou valorizar você — ele sussurrou, a voz rouca. — Eu prometo. Desta vez, eu não vou falhar.

 

Laena ficou em silêncio por um momento, talvez surpresa pela repentina demonstração de afeto, mas não questionou. Ela apenas retribuiu o abraço, sentindo o peso daquelas palavras.

 

Daemon sabia que essa era sua segunda chance. E ele faria de tudo para não desperdiçá-la.

 

Mas, enquanto segurava Laena nos braços, ele também sabia que o caminho à frente seria longo, e que os fantasmas do passado ainda pairariam sobre ele, esperando pelo menor deslize.