Chapter 1: De conexões e destinos (e escolhas)
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Isso não foi o planejado
East Blue deveria ser... Férias, um tempo longe de tudo. Benn está tão cansado de seu ciclo de autodestruição de álcool-violência-festividades (palavras de Benn, não suas) e acha que um tempo no mais fraco dos mares poderia fazer bem (como se East Blue não fosse o lugar que seu Capitão, o homem que era a coisa mais próxima que ele já teve de um pai, nasceu; como se não fosse o lugar em que ele morreu), usando a desculpa de que Buggy está ali
Era apenas para ser férias. Um agrado para que Benn parasse de encher o saco (só mais uma coisa para ele ser grato a seu imediato pelo resto da vida)
Dawn aparece em seu radar pela falta de um bom saque em seu navio, e tudo que ele esperava dessa ilha era que o bar local o reabastecesse
Não é o que acontece
Makino é linda, essa é a primeira coisa que ele percebe. A segunda é que ela é gentil e a terceira é que faz muito tempo que uma mulher tão linda assim não sorri de forma tão gentil em sua direção, e ele sente falta. Tudo isso é motivo o suficiente para ele querer passar a noite
E de dia, quando sua cabeça dói da ressaca e ele esta mais dormindo do que acordado, uma criança surge gritando pelas portas (alto. Essa criança é sempre tão alta). Conhecer Luffy é algo que nem em um milhão de anos ele poderia ter esperado, mas é a melhor coisa de todas
Sua pequena Âncora (é hilário como a criança é incapaz de nadar não importa quem tente lhe ensinar, sempre afundando como a âncora que é ou como ele fica emburrado com isso) é cheia de energia, luz e felicidade, tudo que ele precisava naquele momento, então resolve fazer base naquela ilha por um tempo
Não é surpreendente. Na verdade, muito pelo contrário, a ligação de Shanks e Luffy é esperada, talvez até mesmo necessária. Em todos os universos, com todas as escolhas, com todos os caminhos que existem ali Shanks sempre, sempre, encontra Luffy
É o que acontece a seguir que faz os caminhos divergirem, é ai que as dimensões se ramificam
Em um mundo é assim: Shanks ama a criança como se fosse dele, seus nakamas o consideram um deles, a garçonete é divertida para flertar mas ele sabe que não pode deixar ficar mais sério que isso e ele tem o melhor tempo de sua vida, até que bandidos apareçam, atrapalhem tudo e a história se finalize com a perda de um braço, a passagem de um chapéu e uma promessa feita em uma dolorosa despedida. Não é um mundo ruim, muito pelo contrário, é um mundo de aventuras, surpresas e reviravoltas; não é um mundo ruim, apenas não é esse
Aqui, outro caminho foi escolhido
Nesse mundo é assim: Shanks ainda ama a criança como se fosse dele (não há como ser diferente ai), sua tripulação ainda o considera um deles e a garçonete ainda é tudo que ele acha que pode começar a querer mas que sabe que não deve ter, só que não há perda de braços ou despedidas dolorosas. Aqui há famílias criadas do nada, laços nunca antes feitos e relacionamentos que abalarão o mundo
Começa simples, com duas escolhas feitas por duas pessoas diferentes, que irão convergir para algo que o mundo não esta preparado. A primeira delas é com o atirador dos Piratas Ruivos (onde não, nenhum deles, exceto o Capitão, é ruivo), Yasopp, aceita o pedido do pequeno Luffy para ensina-lo a atirar (é algo que é feito em todos os mundos porque apesar de não ter talento Luffy adora tiro ao alvo, mas de formas diferentes. No mundo original é ali na vila, com garrafas de saque vazias e um estilingue, aqui de uma forma um pouco mais ousada) e o leva para a floresta nas montanhas afim de caçarem algum animal legal para o lanche da tarde/quase jantar (de acordo com Luffy essa é sim uma refeição existente); a segunda escolha é feita por Portgas D. Ace, que convence seu melhor amigo Sabo a ir um pouco mais abaixo na montanha enquanto procuravam por uma fera em específico
Duas escolhas, um resultado inesperado (ou, talvez, já muito esperado a essa altura)
A escolha de Ace leva os garotos de dez anos a uma batalha intensa com a mais temível das criaturas daquela floresta, o Lorde Tigre. A de Yasopp leva ele e a Luffy a encontrarem duas crianças lutando contra um tigre de tamanho ridículo se levarmos em conta de que estavam no East Blue, na opinião do atirador
E é bem aqui que a nossa história começa
— Esse tigre é tãããããão grande!!- Luffy meio sussurra, meio grita na direção do homem ao seu lado, os olhos brilhando em adoração enquanto assiste os dois meninos tentando sobreviver ao embate selvagem que acontece a sua frente- Eu vou atirar nele?
— É, bem- Yasopp coçou a parte de trás da cabeça- Eu não estava exatamente esperando uma coisa desse tamanho, Luffy. Deixa que esse eu acerto e amanhã a gente tenta de novo
— O que? Não, não- Luffy protesta- Aqueles garotos estão lutando contra ele, eu posso também. Meus socos são tão fortes como uma pistola, você sabe
— Se você não reparou, eles meio que estão perdendo- Yasopp apontou óbvio- E esse tigre é muito grande pra você
— Mas eu não estou com medo- o garoto faz beicinho
— Ah, eu sei muito bem que não- o atirador riu, batendo de leve na cicatriz abaixo do olho que a criança havia feito em si mesmo na semana passada- Mas eu estou da Makino-san se voltar pro bar com uma criança arrebentada. Capitão levou um esporro daqueles quando você fez isso aqui
— Assim não é divertido- Luffy decidiu por fim, cruzando os braços em um claro protesto, mas por outro lado não fez nenhuma tentativa em se juntar a batalha já perdida dos dois desconhecidos
Yasopp riu, bagunçando o cabelo escuro do menino e sem nem mesmo verificar se estava apontando para onde deveria (com os olhos), atirou. O tigre caiu com uma bala bem alojada entre os globos oculares, as duas crianças que ainda não tinham reparado em sua presença o olharam perplexas e o homem fez todo um show giratório antes de guardar sua arma de volta ao quadril
— TÃO INCRÍVEL!!!- Luffy aplaudiu, toda sua infelicidade já descartada- Você nem tava olhando direito para o que você fez, Yasopp. Foi demais
— Ah- o pirata deixou escapar, tentando não parecer muito cheio de si com os elogios
— Isso não foi tão impressionante assim- Ace resmungou, tentando fazer parecer que não havia sido afetado
— Então eu acho que você não viu a mesma coisa que eu- Sabo soltou uma risada sem fôlego- Como fez isso, senhor?
— É só um truquezinho de Haki de Observação básico- Yasopp descartou, se aproximando do animal morto para analisar melhor- Ei Âncora! Acha que conseguimos levar essa coisa de volta ao bar para Makino cozinhar?
— Nós com certeza podemos- Luffy afirmou na mesma hora, já correndo para tentar ajudar a levantar a fera
— Vocês não vão leva-lo- Ace disse autoritário- É a nossa caça
— Foi eu que matei, criança- Yasopp o lembrou divertido
— Não pedimos sua ajuda- o Portgas franziu o cenho- Estávamos muito bem lidando com isso sozinhos
— Muito bem, é? Não sabia que fatiados como pão de forma era muito bem agora- o atirador riu, fazendo o moreno se irritar ainda mais
— Ele não teria nos fatiado como pão de forma, é um tigre- Sabo disse divertido e antes que Ace pudesse concordar, continuou- No máximo teria arrancado nossas entranhas
— Vou te dizer uma coisa garoto: gostei de você- o homem disse após dar um gole na bebida que carregava- Eu e a Âncora aqui vamos ter uma dificuldade chata de arrastar tudo isso até o bar de qualquer forma, então eu digo que vocês venham com a gente e podem comer com o resto do pessoal
— Que demais- Luffy adorou a ideia
— Não vamos fazer isso- Ace negou de imediato
— A que bar estamos nos referindo?- Sabo ignorou o amigo
— O bar da Ma-chan, o Bar da Festa- Luffy riu do nome, como sempre fazia- É muito legal lá, vocês deveriam vir
— Eu não tenho nada para fazer agora, e estou com fome- Sabo deu de ombros, para a indignação de Ace
— Ótimo então. Vocês dois pirralhos ajudam o Âncora a empurrar na parte de trás, que eu puxo aqui da frente- Yasopp deu as ordens, já começando a sua parte da tarefa
— Não seja ranzinza, é a carne do Lorde Tigre. Quer mesmo perder isso?- Sabo deu um sorriso de quem sabia mais para o amigo, antes de se apressar e começar a ajudar Luffy a empurrar o animal morto
— Tanto faz- Ace decidiu por fim, batendo um pé no chão por birra antes de também ir ajudar
— Então... Seu nome é Âncora?- Sabo tentou puxar assunto com o garoto menor
— Não, é só Shanks e os outros que me chamam assim, porque eu não consigo nadar e afundo no mar sempre que eles tentam me ensinar, mas eu não gosto muito disso- Luffy explicou- Meu nome de verdade é Luffy!
— Se você não gosta que eles te chamem assim, deveria dar um soco neles para fazerem parar- Ace aconselhou
— Isso seria engraçado- o menor riu
— O que há de engraçado em um soco?- Ace perguntou sem entender e Sabo apenas deu de ombros, também sem saber a resposta para essa pergunta
Ace, Sabo e Luffy. ASL. A amizade, a irmandade, que sempre deve acontecer para colocar esses garotos no caminho de suas melhores versões, porque um não pode existir sem os outros dois. Em um mundo é preciso quase mortes e tortura para juntar os três, aqui só é necessário a carne de um tigre e um amor que os três compartilham por piratas
— Uau, quantas pessoas- Sabo pisca surpresa quando Luffy termina de guia-los até o bar
— Shaaanks- Luffy grita pelo ruivo enquanto corre em sua direção, pulando em seu colo quando está perto o suficiente- Você não vai acreditar no que aconteceu hoje
— Teve uma aventura, Âncora?- Shanks questiona divertido ao ver a empolgação do menino, o ajeitando em seu colo
— A maior de todas- Luffy afirma- Eu até fiz amigos
— Não somos seus amigos- Ace afirma, recebendo a atenção dos homens que antes estavam no pequeno e levando uma cutuvelada de Sabo por isso
— Hm, Luffy?- o loiro chama um pouco incerto- Você ainda se lembra porque o Sr. Yasopp nos mandou na frente?
— Oh, certo- o garotinho se lembrou- Benn, Lucky, vocês tem que ir lá ajudar o Yasopp a trazer o tigre porque ele disse que a gente estava mais atrapalhando do que ajudando
— Tigre?- Benn questionou, já começando a se levantar para ir
— Um bem grandão- Luffy confirmou
— Vocês não querem a direção de onde ele está?- Sabo perguntou confuso ao ver os dois homens saindo
— A gente consegue encontrar ele- Benn garantiu com um sorriso de canto para o garoto ao partir
— Eu falei que eles não precisavam que você prestasse atenção no caminho pra ensinar- Luffy deu uma risadinha
— Mas isso não faz sentido- Sabo protestou, quase fazendo beicinho
— Então, que tigre é esse hein?- Shanks incentivou
— Você deveria ter ido com a gente Shanks, foi muito divertido. O Yasopp e eu estávamos procurando algo que eu pudesse tentar atirar quando a gente encontrou esse dois lutando com um tigre GIGANTE, tipo gigante mesmo Shanks, e ai o Yasopp foi lá e atirou nele sem nem precisar olhar, o que foi simplesmente incrível. Depois que ele tava morto, a gente convidou eles para vir comer com todo mundo porque eles também estavam batendo no tigre, então era o justo
— Uma aventura tão incrível que até te convenceu a dividir comida- o ruivo disse impressionado- Não acredito que acabei perdendo isso
— Eu te disse pra vir com a gente- Luffy o lembrou
— Da próxima vez eu com certeza vou- Shanks prometeu divertido- Agora por que você não me apresenta esses seus novos amigos que não são amigos?
— Eu sou o Sabo, senhor- o pequeno loiro se apresentou um pouco nervoso. Ele não era realmente muito bom com adultos quais não estava tentando antagonizar- E esse aqui é o Ace
— Oi- o moreno grunhiu, não se dando ao trabalho nem de olhar para o homem enquanto continuava a analisar todo o ambiente
— Você tinha que ver eles lutando, Shanks. Era tão incrível, e eles são tão fortes, e usavam esses cachimbos e batiam no tigre e então se afastavam antes dele conseguir arranhar eles com aquelas garras e...
— Luffy, querido, se lembre de que precisa respirar as vezes- Makino o lembrou, fazendo um carinho em seu rosto quando voltou dos fundos do bar e então sorriu para os dois recém chegados- Olá Ace, olá Sabo, sejam muito bem vindos ao meu bar. Espero que todos estejam te tratando bem por aqui, eu sou a Makino
— Estamos sendo muito bem tratados sim, Makino-san- Sabo sorriu educadamente
— Nada de san, vocês podem me chamar apenas de Makino sem problema algum- a jovem mulher descartou divertida
— Ma-chan, Ma-chan, você ouviu que eu ajudei o Yasopp a caçar um tigre gigante hoje?- Luffy perguntou animado
— Acho que todo mundo já ouviu sobre isso a essa altura- Ace desdenhou baixinho, mas não baixo o suficiente para o Ruivo não ouvir e ele deu uma risadinha, fazendo o garoto lhe mandar um olhar corante
— Essa parece ter sido uma aventura e tanto, Luffy- Makino se fez de impressionada- E onde está esse tigre gigante? Tenho certeza de que todos vamos adorar experimentar
— Lucky e Benn foram ajudar o Yasopp a trazer- Luffy deu de ombros
— Mas que caralho..?- um dos piratas começou a perguntar incrédulo
— Ei!- Shanks gritou, se virando para brigar com quem estava falando palavrão na presença de Âncora (algo que Makino deixou muito claro que não aceitaria no momento que a criança deu a primeira folga aos piratas, naquele primeiro dia) mas as palavras nunca saíram de sua boca devido ao choque
— É, acho que não vai passar por aqui não- Yasopp observou, vendo que o cadáver do tigre era grande demais para passar pela porta do bar
— E o que fazemos agora? Porque eu quero muito comer isso- Shanks recuperou a fala, analisando impressionado o tamanho do felino
— Podemos desmembrar ele- Roo ofereceu, sua boca aguando ao pensar no sabor que o animal teria
— Por que não fazemos um piquenique no porto?- Makino ofereceu- Podemos levar algumas bebidas e dividir toda essa carne com os outros moradores
— Dividir?- Ace não gostou da ideia. Não parecia justo para ele ninguém que não esteve presente na caçada ao Lorde Tigre ter a permissão para comer sua carne
— A gente vai ter uma festa?- Luffy vibrou animado
— Nós com certeza vamos- Shanks aplaudiu, seus piratas logo seguindo o exemplo com muito barulho
— Luffy, querido, por que você não vai até o prefeito e pergunta se podemos fazer uma fogueira lá fora?- a garçonete sugeriu, vendo o menino concordar entusiasticamente antes de sair bar a fora gritando "PREFEITOO" por todo o caminho
— Sem preguiça rapazes, vamos levar as bebidas pra fora- o ruivo ordenou enquanto seus três tripulantes principais redirecionavam o tigre para o porto- Nos vemos daqui a pouco, Ma-chan
— Até daqui a pouco, Capitão- Makino se despediu com um sorriso um pouco envergonhado e então se voltou para os dois meninos, os analisando dos pés a cabeça
— Hm, nós podemos ajuda-los com o que for necessário- Sabo ofereceu incerto, apontando para fora
— Eu estava pensando em vocês me ajudarem na cozinha se estiver tudo bem- Makino explicou
— Podemos fazer isso- Ace decidiu após pensar um pouco
— Perfeito- a mulher sorriu satisfeita, guiando as duas crianças até a parte de trás do lugar
Não era horrível, Ace percebeu enquanto cortava os legumes para a gentil garçonete. Estar ali, ajudando a fazer a comida em um silencio confortável com ela e Sabo não era a pior experiencia que ele já teve, nem de perto. Era até... Legal?
— Você tem esse bar há muito tempo?- Sabo tentou puxar assunto
— Desde que minha mãe morreu e deixou pra mim- Makino confirmou
— E você gosta?
— Ah, sim! No início não era muito legal, eu não sabia fazer quase nada, mas fui pegando o jeito e hoje acho que não poderia fazer mais nada. Exceto cuidar de Luffy, é claro, mas isso continuo fazendo
— Ele é bem barulhento- Ace deu sua opinião
— Isso ele é- Makino riu- Mas e vocês, garotos? Nunca os vi por aqui, então presumo que não sejam dessa parte da ilha
— Nós somos de Goa- Sabo se apressou com a mentira, antes que Ace pudesse falar algo que os colocasse em problemas- Você sabe, aquele reino nas montanhas
— Claro que sei, eu vou lá as vezes, quando compras são necessárias. Mas admito que prefiro ficar aqui na vila na maior parte do tempo
— Aqui parece muito agradável- o loiro concordou, sendo sincero dessa vez
— MA-CHAAN- Luffy chamou alto ao voltar para o estabelecimento, invadindo a cozinha ofegante- O prefeito disse que esta tudo bem, mas só se "os imprestáveis preguiçosos", foi assim que ele chamou Shanks e a tripulação, hilários né? Só se eles prometerem arrumar tudo depois, e deixarem as pessoas dormirem quando eles quiserem dormir
— Nós podemos fazer isso- Makino concordou satisfeita- Luffy, por que você não vai tomar um banho antes da comemoração?
— Por que eu tenho que ir e eles não?- Luffy perguntou com um beicinho, apontando para os meninos mais velhos
— É claro que eles também vão- Makino respondeu antes que Ace pudesse retrucar- Mas eu preciso que eles terminem de me ajudar aqui e encontrar roupas que os servem antes de manda-los para o banho, além de que conheço você o suficiente para saber que não vai aguentar ficar aqui parado esperando a sua vez
— Ta bom, ta bom- Luffy cedeu, já se encaminhando para o andar de cima
— Lembre-se de que banho não é apenas brincar na água e eu irei ai verificar se passou o sabonete- Makino disse em voz mais alta
— EU SEI- o mais novo gritou, seus passos sendo ouvidos pela casa toda
— Ele é tão criança que não consegue nem tomar banho sozinho?- Ace perguntou exasperado, recebendo um empurrão do loiro por isso
— Luffy tem apenas sete anos, é normal de que dê mais atenção as partes divertidas do que os deveres de tudo que faz- Makino deu de ombros- Tenho certeza que vocês entendem
Os dois meninos se entre olharam, sabendo muito bem que não, nenhum deles entendia, mas não iriam dizer isso e estragar tudo. Não quando estavam tendo um tempo tão bom e, assim, continuaram a fazer suas atividades no mesmo silêncio de antes
Makino não é como Luffy e Shanks, e também não é como Ace, Sabo e Luffy, destinados a estarem nas vidas um dos outros não importa a situação, necessários para o destino do mundo e para o fundamento de suas próprias personalidades, mas ela ajuda. Sem ela, Luffy cresceria uma criança solitária e reclusa; Ace jamais conheceria o carinho e a gentileza tranquila de uma figura materna; e Sabo não seria capaz de relaxar, apenas com ela em sua vida que a criança pode perceber que não é o único responsável pelo crescimento e educação de seus irmãos; então, sim, a presença dela sempre ajuda a tornar os três em jovens bem ajustados para a sociedade, ou tão ajustados quanto esses três são capazes de ser
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A fogueira estava feita, o tigre já preparado sendo assado em partes ali, uma longa mesa retirada do depósito de festividades que o prefeito mantinha em seu gabinete havia sido colocada ali perto com a ajuda de alguns pescadores do porto e estava cheia de bebidas e acompanhamentos. Os moradores estavam todos espalhados pelas ruas da vila, rindo e conversando enquanto alguns deles tocavam instrumentos para fazer uma melodia de fundo
Era o típico ambiente que os Ruivos evocavam em todas as ilhas que eram amigáveis o suficiente para lhes dar tais liberdades
Exceto por um detalhe
O Capitão, que geralmente era visto perto das bebidas ficando o mais bêbado que conseguisse enquanto regalava qualquer desavisado que fosse inocente o suficiente para se aproximar de si com as historias mais absurdas, desda vez estava um pouco mais afastado do álcool, uma caneca de cerveja em sua mão que ainda era a mesma do início das festividades e uma criança elétrica aninhada em seus ombros. Luffy ria da aventura levemente exagerada que Shanks narrava, ao mesmo tempo que assisita animado uma competição de bebidas que Lucky Roo estava tendo com um local
— Ele esta indo tão rápido- o pequeno interrompeu a história com animação
— O que?- Shanks se distraiu por um minuto, antes de olhar para a direção da competição com quase desinteresse- É, Roo não é muito bom nesse jogo apesar do que parece. Você deveria ter visto meu antigo capitão numa desdas competições Âncora, ninguém batia ele! Bem, exceto o velho Newgate, mas aquele ali nem Kaidou hoje em dia é páreo então quase não conta
— Você esta falando um monte de nomes que eu não conheço- Luffy o avisou, tentando se pendurar pela cabeça do homem para poder olhar em seus olhos, mas não conseguia s esticar o suficiente
— Me lembra de te contar algum dia algumas historia do Newgate, acho que tenho algumas que você vai gostar- Shanks comentou, empurrando o garoto para uma posição mais aceitável
— Oh! Olha o Luffy ali. Luffy!- os dois ouviram a voz de Makino e se viraram para ela (bem, tecnicamente, Shanks se virou, obrigando de automático o Monkey fazer o mesmo)
A garçonete, chegando na festa naquele momento ao lado das outras duas crianças, parou por um instante diante da visão. Era absolutamente adorável a visão que estava diante de si e se houvesse uma câmera em sua posse ela com certeza teria tirado uma foto para eternizar aquele momento
— Ei, Ma-chan- Luffy sorriu para sua quase mãe, acenando com uma das mãos
— Você parece bem confortável ai- Makino riu
— É divertido- o moreno confirmou animado
— E também uma técnica infalivel pra conseguir acompanhar onde esse aqui está- Shanks brincou, dando uma piscadela para a mulher antes de olhar para Ace e Sabo- E olha só pra vocês dois, não é que realmente havia duas crianças bonitinhas por baixo de toda aquela sujeira?
— Muito engraçado- Ace disse estreitando os olhos
— Isso é comum por aqui? Toda essa festa?- Sabo mudou de assunto, olhando em volta com curiosidade. Ele nunca havia visto nada como aquilo, afinal, no Terminal Grey ninguém ficava feliz desse jeito para comemorar qualquer coisa e embora houvesse festas enquanto ele vivia na Cidade Alta nenhuma delas parecia ter essa energia de felicidade
— É na maior parte em feriados, mas o Capitão e sua equipe gostam de usar qualquer motivo que encontrarem para comemorar- Makino explicou
— A vida é uma só, Ma-chan- a piscadela do ruivo foi mais provocativa dessa vez, muito mais de flerte do que brincalhona e a fez corar um pouco em volta das orelhas
Sabo ainda estava hiper analisando cada detalhe daquele ambiente único quando percebeu algo que o surpreendeu muito. Ali, nas docas, havia um real barco pirata ancorado, com a bandeira de ossos cruzados balançando ao vento e tudo! Como ele havia perdido uma coisa tão grande dessas? Onde estavam esses piratas? Ele deveria estar preocupado? Talvez pegar Ace e sair dali? Mas e Luffy e Makino? Sabo realmente havia gostado deles
— O que você tanto olha?- Ace perguntou confuso, seguindo os olhar do amigo e arregalando os olhos ao notar a mesma coisa que ele, ficando tenso no mesmo instante- Aquilo é um barco pirata?
— Ah, é sim. É o barco do Shanks- Luffy, recém saido dos ombros do pirata para que pudesse conversar com os garotos, se intrometeu na conversa- Se chama Força Vermelha. É bem legal, não é?
— Você é um pirata?- Ace questionou pasmo ao homem que ele não havia considerado mais que um pescador preguiçoso e um pouco folgado- Você não parece muito um pirata
— Capitão Shanks dos Piratas Akagami, ao seu dispor- Shanks fez toda uma cena, retirando o chapéu da cabeça e fazendo uma mesura de brincadeira- E nós, piratas, vimos em todos os formatos
— É um capitão- Sabo repetiu a informação maravilhado
— Você deveria mostrar o Força Vermelha pra eles, Shanks- Luffy incentivou, já ansiosa pela ideia
— Podemos mesmo ir lá dentro?- Ace perguntou prendendo a respiração, tentando controlar suas expectativas e falhando espetacularmente nisso
— Claro que podem- Shanks aceitou fácil ao ver a emoção mal disfarçada dos dois meninos- Mas Benn vai levar vocês, okay? Ele é sempre o estraga prazeres da festa mesmo, e eu não quero sair daqui
— Venham, eu levo vocês até o Benn- Luffy tomou a dianteira, agarrando um garoto por cada mão para poder arrasta-los consigo- Benn é ótimo, vocês vão adorar ele. Todo mundo adora o Benn, menos o Shanks, mas é porque o Benn é tipo o pai do Shanks e não deixa ele fazer algumas coisas, ai o Shanks faz beicinho
— Que bebê- Ace julgou
— Ei Âncora, se você for bonzinho para o Benn eu posso até convencer o prefeito e a Ma-chan a deixarem você ficar por aqui depois do horário- Shanks disse alto para ele, optando por ignorar a pequena história, ou a conclusão de Ace dela, em favor da felicidade dos três pirralhos
— Mesmo? Incrível- e o mais novo saiu correndo antes que alguém pudesse lhe dizer o contrário
— Vamos, não me olhe assim! A criança precisava de um incentivo para se comportar, Benn vai me estrangular se eu tiver largado ele com três pequenos selvagens- o pirata se convenceu quando viu o olhar da mulher sobre si- E eu vou deixar ele dormir no navio, então não precisa se preocupar com ele indo pra casa sozinho
— Apenas me preocupo de você estar acostumando ele mal, Capitão- Makino suspirou- Luffy vai voltar para casa quando você for embora
— Eu sei- ele também suspirou- Mas detesto pensar em Âncora naquela casa grande e sombria sozinho quando posso fazer algo a respeito
— É assim que o avô dele quer
— Sim, as vezes tenho vontade de trocar algumas palavras com o avô de Âncora
— Acredite em mim, Capitão, você certamente não quer isso
— Eu posso ser intimidante quando a situação pede- Shanks fez beicinho
— Eu não tenho duvidas disso- Makino o apaziguou- Mas mantenho minhas palavras
— Se você insiste- Shanks se fez de frustrado, arrancando uma risada dela- E os outros dois? Ace e Sabo. O que acha deles?
— Parecem ótimas crianças- Makino encolheu os ombros, começando a andar e o homem logo a seguiu
Akagami no Shanks e Makino são uma conexão mais difícil de explicar do que qualquer uma das já mostradas anteriormente. Eles costumam se conectar primeiro devido ao que ambos sentem por Luffy e só então se conectam pelo amor que sentem um pelo outro, as vezes esse segundo não se desenvolve, as vezes o Capitão prefere não fazer nada em relação a esses sentimentos pelo bem da garçonete e as vezes ele tem a aventura de sua vida ao se entregar a esse sentimento. Aqui, mais do que em qualquer outro universo, Shanks se entrega
Não só a Makino e o amor épico que podem ter juntos, mas a tudo que podem criar. Ele abraça todas as oportunidades que a maldita Dawn Island, localizada no maldito East Blue de todos os lugares, tem a lhe oferecer
Ele deveria agradecer a Benn por isso, porque é graças a seu imediato que Shanks encontra a família que ele nem sabia que estava procurando
Não que ele perceba isso enquanto tranquilamente anda pelas ruas com a mulher que um dia será sua esposa, as três crianças que ele chamará de filhos correndo pelo navio que inacreditavelmente deixará de ser a única casa que ele conhece e deixando o pobre Benn louco
Chapter 2: Ace, Sabo e Luffy se tornam ASL
Summary:
A trajetória dos meninos, de amigos a irmãos
Notes:
(See the end of the chapter for notes.)
Chapter Text
O sol brilha forte nas montanhas do Monte Corvo em um calor quase desnecessário, o suor contribui para o já pungente cheiro característico que o Terminal Grey possui e o metal aquecido queima quando em contato com suas peles, mas nada disso abala a conversa que Sabo e Ace estão tendo
Nos cinco (sete para Ace) anos que os homens e mulheres que vagueiam por ali conhecem essas duas crianças, ninguém jamais os viu tão animados e risonhos, e há apenas um motivo para toda essa alegria: na tarde anterior eles haviam conhecido piratas de verdade! E não piratas ruins que tentaram rouba-los (Bluejam era um saco de se lidar), mas aqueles que vivem para a aventura e adrenalina e que contaram as mais malucas histórias de seus tempos no mar
- Acha que eles prenderam pessoas de verdade naquele calabouço?- Ace perguntou, ainda não se cansando de falar sobre o dia anterior
- Calabouços só existem em castelos Ace, aquilo era só uma cela normal- Sabo riu- Mas parecia meio usada, não? Aposto que eles prenderam algum capitão inimigo ali já
- Sim- o moreno concordou seriamente- E você ouviu aquela historia que o atirador estava contando? Acha mesmo que existe um cara que comeu a fruta do peixe e agora é um dragão que tenta se matar por brincadeira?
- Não, aquela história é loucura- Sabo a descartou facilmente, rindo mais um pouco- Yasopp só estava tentando impressionar a gente
- Poderia impressionar com historias reais então, não quero ouvir sobre um peixe-dragão ou sobre uma ilha feita de doces. Quero historias verdadeiras de pirataria verdadeira
- Converse com Benn então, ele tem histórias fascinantes. Ele me contou sobre uma ilha que fica bem no centro da Grand Line onde se você encontrar alguém para fazer algo em seu navio chamado revestimento, você pode navegar pro fundo do mar, onde existe uma ilha
- Não sei não, parece tão maluco quanto as historias do Yasopp
- É, mas é o Benn. Ele não iria mentir
- Uma ilha no fundo do mar? E nós podemos visita-la? Existe cada coisa lá fora
- É o que eu te disse, Ace. Há coisas nesse mundo que nem conseguimos imaginar, é por isso que precisamos partir para o mar e conhecer todas elas
- Talvez possamos ir lá hoje de novo- Ace ofereceu quase timidamente ao mesmo tempo que desviava o olhar- Se levassemos outro animal para assar, pode ser o suficiente para conseguirmos alguma outra história
- Eu gosto bastante dessa ideia na verdade- Sabo concordou com a cabeça- Quero ouvir mais histórias, até as do Yasopp. E Makino e Luffy também são ótimos
- Luffy é barulhento- Ace reclamou- E um bebê
- Ele só foi legal conosco até agora- o loiro o censurou- E você viu como é a vida do Luffy, é claro que ele é um pouco infantil com tudo aquilo. Não seja mal com ele
- Ta, ta- Ace revirou os olhos- Devemos ir caçar alguma coisa para levar então, está quase na hora do almoço
- Tudo bem- Sabo concordou facilmente, descartando a folha de metal que estava em sua mão anteriormente antes de seguir o amigo para a floresta
Já acostumados com a mata, não foi difícil para os dois meninos lutarem e vencerem de um crocodilo que estava descansando no rio. O que complicou um pouco as coisas foi a longa descida para a vila, mas eles conseguiram fazer dar certo
Conforme eles iam adentrando mais a Fucshia, os meninos percebiam como a energia era diferente daquela de ontem. Agora todos eles estavam mais calmos, ocupados com seus afazeres diurnos e sem todas as risadas, mas ainda havia borburinhos daqueles que paravam para uma conversa rápida com conhecidos e todos eles se deram ao trabalho de cumprimentar os dois quando estes passavam por eles, nem que fosse com apenas um sorriso gentil e um aceno de cabeça
- Que gente mais... Esquisita- Ace estranhou
- Eles não são esquisitos, são educados e gentis- Sabo corrigiu- Você que não está acostumado com isso
- Contanto que eles não queiram que a gente divida a carne com eles de novo, eu não ligo- Ace deu de ombros, fazendo Sabo negar
- Precisam de ajuda com isso ai, garotos?- uma voz masculina chamou a atenção deles, os fazendo se virar para o homem grande com uma coxa de frango na mão que se aproximava
- Olá, Roo- Sabo o cumprimentou- Nós pensamos em trazer um pouco de carne de crocodilo, como agradecimento por ontem e o Lorde Tigre
- Vocês não precisavam, mas isso parece uma delicia- Lucky lambeu os lábios- Temos que levar para que Makino-chan prepare
- Era o que estávamos fazendo- Ace retrucou
Os três voltaram a seguir rumo ao Bar da Festa, os pequenos ainda carregam a fera enquanto Roo apenas passeava ao lado deles fingindo não perceber todo o esforço que eles estavam fazendo. Quando eles finalmente chegaram no local, Ace e Sabo de muito bom grado largaram o crocodilo no chão, ofegantes
- Caraca Lucky, você estava do lado dos moleques e deixou eles se matarem pra trazer essa coisa sozinhos?- Yasopp disse incrédulo ao analisar a cena
- Era deles- o homem disse como se isso explicasse tudo, caminhando para o balcão e sorrindo para Makino quando essa lhe passou um caneco de cerveja
- Vocês trouxeram isso para o almoço?- a garçonete perguntou aos meninos, que balançaram a cabeça em concordância- Que amor! Isso aqui vai ficar ótimo com peixes de acompanhamento
- Se é que vamos ter peixes de acompanhamento, né Maki-chan- Yasopp riu
- Onde está todo mundo?- Ace perguntou ao olhar ao redor e perceber que além do atirador, do recém chegado Roo e alguns piratas quais ele ainda não conhecia, não havia mais ninguém por perto
- Os caras só se reúnem aqui pra bebermos a noite ou para uma ou outra refeição- Lucky explicou, dando de ombros
- E Luffy?- Sabo questionou, tendo ficado surpreso que a pequena bola de energia ainda não tivesse vindo gritando até eles
- O Capitão foi levar Luffy para aprender a arte paciente da pescaria- Makino riu, repetindo as palavras que o homem havia lhe dito mais cedo- Eles devem estar de volta em breve, Luffy não gosta de ficar fazendo a mesma coisa por muito tempo
- E eles vão voltar sem peixe nenhum, fica vendo- Yasopp garantiu
- Você só esta amargo porque foi excluído do passeio- Roo retrucou
- Eu não. Se o Capitão fizer besteira como, sei lá, perder o Âncora na água um pouquinho e eu estiver lá, com quem você acha que o Benn iria brigar? Comigo, que não cuidei das duas crianças
- Luffy não sabe nadar- Makino o lembrou
- Por isso que Benn brigaria- o atirador apontou o óbvio- Afogar nosso pequeno tripulante não faz exatamente parte do plano de férias dele
- É por isso que vocês estão aqui? De férias?- Sabo aproveitou a oportunidade de história, pulando no banco ao lado do do homem
- Pois é- Yasopp confirmou- A Grand Line é divertida e tudo, mas está sempre acontecendo alguma coisa, principalmente no Novo Mundo, Benn achou que o Capitão estava precisando de um pouco de monotonia em sua vida
- Benn, Benn, Benn. É ele que toma todas as decisões de vocês?- Ace perguntou incrédulo, já acomodado no banco ao lado do amigo loiro (o crocodilo esquecido no chão até que Roo suspirou e foi leva-lo até a cozinha para Makino)- Não é Shanks o Capitão?
- Sim, e Benn é o pai do Shanks- Yasopp respondeu simples, apenas para cair na gargalhada com a reação dos dois meninos- Não desse jeito, eles tem a mesma idade! Mas Benn é quem cuida de Shanks, se certifica que ele esta bem e toda essa chatice. Se não fosse por nosso Benny, o Capitão com certeza ja teria se metido em uma encrenca que não conseguiria sair
- Eu posso entender isso- Sabo comentou, dando uma olhada rapida em Ace
- Quem pode entender o que?- Shanks perguntou ao invadir o lugar, Luffy alguns passos atrás se esforçando para carregar um saco transbordando de peixes- Oh, vocês dois estão de volta. Sentiram muita falta da minha presença?
- Nós mal falamos com você ontem a noite, como poderíamos sentir sua falta?- Ace apontou, revirando os olhos
- Sempre dizem que eu deixo uma grande impressão na primeira apresentação- o ruivo respondeu divertido
- O que há com adultos hoje e permitir que as crianças se matem carregando alimentos quando eles poderiam fazer isso muito mais facilmente?- Yasopp perguntou exasperado ao mesmo tempo que levantava para ajudar Âncora
- Ele disse que era forte o suficiente para conseguir sozinho, eu só deixei- Shanks se defendeu
- Sou forte como um gorila- Luffy disse seriamente
- Um gorila? Sério? Tanto bicho nesse mundo e você escolheu logo o gorila?- o ruivo parecia quase desapontado
- Vovô diz que os gorilas são fortes- Luffy se defendeu
- Como é que vocês conseguiram tantos peixes?- Yasopp mudou de assunto, sabendo muito bem que seu capitão não era lá o maior fã do avô desconhecido do pirralho- Âncora ficou mesmo quieto o suficiente para vocês pescarem tudo isso?
- Claro que não, é o Âncora- Shanks respondeu como se aquilo explicasse tudo
- Shanks usou aquele poder legal dele- o pequeno deu de ombros
- Sério, Capitão? Haki do Rei para pescar alguns peixes? Isso é querer demais impressionar a criança- o atirador brincou
- Que poder é esse?- Ace não conseguiu segurar a curiosidade
- Não é tão fácil assim descobrir os segredos dos piratas não pirralho, Âncora aqui teve que esperar séculos antes de ver- o capitão contou
- É verdade- Luffy apoiou
- Tanto faz, nem deve ser tão legal assim- o Portgas fingiu não se importar, fazendo Shanks abrir a boca em ofensa simulada e Yasopp começar a rir
- O almoço está pronto, Ma-chan?- Luffy preferiu se afastar do assunto em pauta em favor de algo muito mais interessante para ele
- Acabei de começar de fazer, querido- Makino deu um sorriso de desculpas, fazendo o menor ficar chateado
Levou toda a atenção de Shanks e Yasopp para distrair Luffy da comida sendo feita, já que assim como Sabo e Ace (que realmente gostaram de auxiliar Makino e gostariam repetir a experiência) ele queria ajudar na cozinha (onde ele mais comia do que realmente ajudava), mas eles foram capazes de conseguir. Quanto tudo ficou pronto, Benn e alguns outros membros da tripulação se juntaram a eles para um almoço tranquilo
- Isso aqui é muito diferente de como é com os bandidos- Ace sussurrou a Sabo em dado momento
- Eu não tenho duvidas disso- o loiro garantiu, levando um pedaço de peixe a boca
Pelo resto da refeição, Ace ficou comparando aquelas pessoas com aquelas que ele vivia em sua casa. Os bandidos não eram ruins, apenas não se davam ao trabalho de prestar qualquer atenção a ele, exceto quando se metia em brigas muito ruins, mas aqui todos os adultos convergiam no único ponto de dar a atenção máxima a Luffy no momento que ele exigisse (Makino o lembrando de não falar de boca cheia a cada dois minutos, Benn impedindo que ele caísse sobre a mesa enquanto se esticava na tentativa de pegar a comida que estava longe demais dele, Shanks contando histórias de suas aventuras, Yasopp e Roo enchendo seu copo quando esvasiasse ou adicionando seus dois centavos nos contos do ruivo)
Era estranho, mas não estranho de uma forma ruim. Estranho de uma forma que o fazia quase desejar que pudesse fazer parte daquela dinâmica todos os dias
- Ei, Capitão- Ace chamou o homem, zombando de seu título- Por que você não conta uma história real dessa vez?
- Acha que minhas historias não são reais?- Shanks se divertiu
- Não existe uma ilha que chove raios- Ace afirmou com convicção
- Como você pode saber, se nunca saiu daqui? Ou já saiu?- o ruivo arqueou uma sobrancelha
- Conte uma historia real- Ace rosnou por entre dentes
- Certo, acho que eu vou contar sobre o dia que meu amigo comeu sua Akuma no Mi
- Você conhece um usuário de Fruta do Diabo?- Sabo arregalou os olhos surpreso e impressionado, até mesmo parando de comer na espera da resposta
- Eu conheço vários usuários- Shanks se vangloriou- A Grand Line está cheia deles
- O que é uma Akuma no Mi?- Luffy perguntou
- São as frutas que te dão poderes, lembra? Eu já expliquei elas a você- Benn disse ao garoto, passando dois peixes para o seu prato antes que o garoto caísse da cadeira tentando pega-los
- Oh, certo- Luffy não se importou muito, se concentrando mais em sua comida
- Então, esse meu amigo, ele comeu a Bara Bara no Mi, o que o tornou um homem-pedaço- Shanks retomou sua história
- Essa não é a definição certa- o Beckman apontou
- Eh, mas eu gosto dessa
- Adoro como o Capitão fala do Buggy como se eles fossem melhores amigos, mas o Buggy nem suporta ele- Lucky riu
- Ninguém alem da gente suporta o Capitão- Yasopp brincou- Há um motivo pras visitas do Mihawk sempre acabarem em luta
- Ha ha- Shanks ironizou- Quero que fique registrado aqui que as visitas do Hawky só acabam em luta porque gostamos de manter um ao outro em forma
- As visitas de Mihawk só acabam em luta porque ele só visita com o único proposito de lutar em primeiro lugar- Benn revirou os olhos para eles- Ele não aguentaria Shanks por qualquer outro motivo
- Quem é Mihawk?- Sabo perguntou
- É um amigo, ele é meio que um pirata também- o ruivo respondeu
- Como se pode ser meio um pirata?- Ace ficou confuso
- Hawky viaja pelos mares e é um fora da lei como nós, mas ele não tem uma tripulação- Shanks deu de ombros- Não é muito fã de pessoas
- Como alguém pode não ser fã de pessoas?- Luffy estava desacreditado
- Sabe que eu não sei, Âncora- Akagami deu um sorriso fácil para a criança- Mas é assim que Hawky é, quem sabe um dia eu não o traga aqui pra ver se você faz ele mudar de ideia
- Isso seria muito legal- o Monkey também aprovou
- E um desastre total- Yasopp completou, levantando seu copo como se fizesse um brinde a isso
A conversa continuou com Shanks contando tudo sobre a coragem de seu amigo Buggy que declarara a todos que estivessem interessados em ouvir como comeria a Akuma ni Mi sem nem mesmo saber qual poder essa lhe daria ("Que imbecil", Ace declarou), apenas para nada acontecer até muito tempo depois ("Mas como isso?", Sabo ficou bastante investido na história), quando Buggy foi cortado em batalha e não surtiu efeito nenhum ("Sugooi", Luffy se impressionou) e quando essa história acabou ele contou outra e outra, até que os meninos se cansaram e foram brincar de tiro ao alvo com Yasopp pelo resto da tarde, até que o início da noite chegou
- Temos que ir embora, Makino acha que temos pais nos esperando em casa preocupados- Sabo sussurrou no ouvido do amigo, o que fez Ace suspirar frustrado
- Tudo bem, vamos- o moreno cedeu infeliz
- Vocês já vão embora?- Luffy não gostou da informação- Mas tem tantas outras coisas divertidas que podemos fazer
- Me desculpa, Luffy- Sabo parecia realmente arrependido- Mas precisamos ir embora
- Que tal levarmos vocês, então? Eu faço isso com Âncora todos os dias- Shanks ofereceu, recebendo uma concordância animada do mais novo
- Ah não, não. Isso não é nem um pouco necessário- Sabo falou apressado- Ace e eu gostamos de subir a montanha em nosso próprio ritimo, se não se importam
- Mas...- Luffy fez beicinho, os olhos brilhando em tristeza
- Que tal se voltarmos amanhã?- Sabo ofereceu com um pequeno sorriso, não querendo que o menino mais novo ficasse triste- Podemos fazer as coisas divertidas, então
- Vamos trazer carne de urso- Ace completou, incomodado com a falta de positividade que o pequeno apresentava
- Tudo bem, eu acho- Luffy cedeu, mas não ficou mais animado enquanto se despedia dos amigos novos
- Vamos Âncora, não fica assim- Shanks pediu, pegando o garotinho nos braços- Eles vão estar aqui de volta amanhã. Quer ir pegar conchas na praia?
- Posso dormir no Força Vermelha com você hoje?- o Monkey pediu com uma fungada, passando os braços pelo pescoço do mais velho
Shanks olhou para a criança, enquanto ponderava sua resposta. Makino tinha razão, ele estava acostumaria Luffy mal o deixando dormir tantas vezes no navio e ele já havia dormido lá ontem, mas o ruivo odiava ter que levar o pirralho alegre para aquela casa abandonada na orla da floresta, tendo que ver sua animação sumindo aos poucos quanto mais perto chegavam da construção
- Claro que pode
-
-
Como prometido por Sabo, os meninos voltaram no dia seguinte. E então no outro. E no outro. E no outro, e no outro, e no outro
Antes que eles percebesse a rotina dos dois não era mais passar o dia roubando e lutando na parte alta da ilha, mas esperar o horário do almoço ansiosamente para irem até a vila com o animal caçado do dia e então passando a tarde fazendo diversas atividades com os Ruivos antes que a noite se aproximasse e eles fossem obrigados a voltar. Eles amavam suas novas rotinas e nenhum dos dois notou o quanto estavam apegado a ela até que fosse tarde demais
- Estamos ficando melhores nisso- Sabo notou orgulhoso quando percebeu o quão mais rápido haviam descido a montanha naquele dia, dessa vez com carne de um tigre (obviamente não tão grande quanto o Lorde Tigre, mas ainda maior do que a média)
- Acho que isso pode ser considerado meio que treinamento também- Ace disse divertido, antes de tomar fôlego para começar a corrida até o bar
Já acostumados com a vinda das duas crianças quase tão enérgicas quanto Luffy no fim da manhã, os moradores se certificavam de ficar fora do caminho dos meninos para não serem atropelados no meio de sua maratona
Ansiosos para o início da parte favorita de seus dias, eles nem mesmo repararam a energia estranha que cercavam os piratas por quais eles passaram, até chegarem em seu destino planejado
- Nós trouxemos um tigre dessa vez- Ace anunciou orgulhoso
- Isso é ótimo- Makino forçou um sorriso, saindo de trás do balcão para vir dar um beijo de cumprimento a cada um deles
- O que aconteceu?- Sabo, sempre o mais observador, percebeu o desânimo e nervosismo geral dos Ruivos- Onde esta Luffy?
- Ele está na casa dele, não quer sair de lá hoje- Makino respondeu, deixando seu sorriso ficar um pouco mais triste nas bordas
- Onde é a casa dele?- Ace perguntou, percebendo só então que o garoto que fez questão de arrasta-los por toda a vila para mostrar todas as coisas e todas as pessoas, não havia os levado até sua casa
- Por que ele não quer sair de casa?- Sabo disse logo após o moreno, ficando preocupado
- Ele está um pouco... Chateado, com o Capitão no momento
- O que aquele idiota fez?- Ace não gostou do rumo da história ao mesmo tempo que Yasopp entrava no bar cabisbaixo
- Nada?- Benn questionou do outro lado
- Nem mesmo para ir dar uma volta no Força Vermelha ele quer sair- o atirador contou- Fui completamente derrotado, não tenho mais argumento ou suborno nenhum
- Shanks não pode ter feito algo tão ruim assim, pode?- Sabo ficou apreensivo
- A questão não é o que o Capitão fez, é o que Âncora acha que ele deveria ter feito, sabe- Yasopp tentou explicar- Alguns bandidos vieram aqui ontem
- Bandidos?- Ace se tencionou, engolindo em seco. E se fosse Dadan ou algum dos outros? Ele não ouviu nada sobre eles descerem a montanha, mas ele não dava muita bola para o que os bandidos falavam. E se eles tivessem vindo e feito algo horrível e estragasse todas as chances de Ace poder continuar vindo aqui? Como se já não bastasse o sangue qual ele tinha que conviver, agora tinha que lidar com sua conexão com os bandidos também?
Sabo, tendo uma ideia de para onde os pensamentos de seu melhor amigo poderiam ir, deu um passo discreto a frente e segurou sua mão em um gesto de apoio silencioso
- Ace. Sabo. Venham comigo- a voz de Shanks soou da porta, mas não tinha aquela nota animada de sempre e os meninos trocaram olhares nervosos
- Não precisam ficar com medo- Makino garantiu a eles, enquanto ambos começavam a se dirigir hesitantemente até a porta
Quando eles chegaram ate o ruivo, Shanks simplesmente lhes deu as costas e começou a marchar em uma direção específica
- Hã, senhor Shanks? Onde você esta nos levando?- a voz do loiro tremeu um pouco no fim
- Senhor? Você não me chama assim desde o primeiro dia, Sabo- Shanks falou, se dando o trabalho de parar e analisar os dois- Vocês estão com medo de mim?
- Você é um pirata- Ace disse na defensiva
- É, mas vocês sabem disso desde o começo
- Mas você não estava bravo antes
- Bravo?- Shanks repetiu incrédulo, antes de se abaixar e ficar apoiado em um joelho, para poder falar com os meninos no nível dos olhos- Eu não estou bravo, okay? É só que o Luffy não quer falar comigo e isso me deixa um pouco agitado. Achei que se vocês estivessem comigo ele abriria a porta
- Então estamos indo até a casa dele apenas?- Sabo verificou
- Isso mesmo
- O que você fez pra ele, afinal?- Ace tomou coragem de fazer a pergunta quando eles voltaram a andar
- Yasopp disse que bandidos foram até o bar ontem, certo?- ambos acenaram em concordância- Pra ficar fácil de vocês entenderem: eles quebraram uma garrafa, me molharam um pouco e zombaram. Luffy acha que eu deveria ter brigado, eu não fiz isso
- Parece uma decisão bem idiota- Ace tomou partido do menor
- Por que você não brigou?- Sabo quis se aprofundou
- Não valia a pena- o ruivo deu de ombros- E nós chegamos
Em outras circunstâncias, ele poderia ter rido da reação dos meninos a casa de Luffy. Ele sabia bem como era, aquela primeira visão, e estava feliz de ver outros tendo a mesma surpresa que ele
Luffy morava em uma casa bonita, no início da floresta do Monte Corvo. Era grande (imensa se contarmos que só um garotinho morava ali) com janelas altas, uma pequena sacada no andar de cima e um jardim na frente. Seria linda, se o jardim fosse bem cuidado e a pintura não fosse de um azul velho e sujo, dando uma aparência de uma casa abandonada ao lugar
- Ele mora aqui?- Ace recuperou a fala primeiro- Eu e Sabo passamos por essa casa sempre, pensamos que estava abandonado
- Luffy, bola de sol Luffy, mora nesse lugar assustador?- Sabo ficou incrédulo
- Pois é- Shanks suspirou, se adiantando ao caminho que dava para a porta da frente e batendo
- VAI EMBORA- a voz do pequeno soou de dentro da casa
- Vamos Âncora, abra a porta. Eu trouxe seus amigos comigo
- Oi, Luffy- Sabo disse acenando com uma mão, embora o garoto não pudesse ver
- NÃO LIGO, AINDA ESTOU BRAVO
- Se você não abrir essa porta, eu vou quebrar- Ace ameaçou
- Pode quebrar- a voz de Luffy ficou mais próxima
- Âncora, você sabe que precisa falar comigo- o ruivo persuadiu- Esta tudo estranho, não esta? Eu posso te ajudar
- Tudo estranho?- Sabo repetiu confuso para Ace, que deu de ombros também sem entender
- Você brigou comigo- Luffy relembrou ao abrir a porta. Sua roupa ainda da noite anterior, e seus braços cruzados fortemente sobre o peito
- Eu fui meio idiota sobre isso- Shanks confessou- Fiquei assustado e descontei em você. Sinto muito
- Você ficou assustado com os bandidos?- Ace ficou incrédulo
- Fiquei assustado por Luffy ter comido uma Akuma no Mi- Shanks corrigiu, dando o pequeno detalhe que ele não tinha dado antes
- VOCÊ COMEU UMA AKUMA NO MI?- os dois garotos gritaram juntos em choque
- Eu não sabia- o Monkey se defendeu
- Todo mundo sabe disso, Âncora- o pirata prometeu, recolhendo o garoto nos braços e fazendo um sinal para que os outros dois o seguissem até o sofá na sala de estar
- Isso aqui está empoeirado- Sabo observou, olhando em volta. A sala era como a fachada da casa: bonita, mas abandonada; havia um grande tapete cinza no chão, estantes de madeira vazias na parede, uma lareira e um sofá azul
- Eu só durmo aqui, o resto do tempo fico na Ma-chan- Luffy explicou a eles
- Então... O que você pode fazer agora?- Sabo fez a pergunta que os dois gostariam de fazer
- Âncora comeu a Gomu Gomu, então ele virou de borracha
- Que poder mais idiota
- Ace, não fala isso
- Foi mal, foi mal- o moreno revirou os olhos, não parecendo muito arrependido
- E eu posso ter surtado um pouco por conta disso e eu sinto muito, Luffy. Eu não queria gritar com você- Shanks prometeu e o garotinho acenou, ainda meio chateado- Eu sei que tudo deve ser esquisito pra você agora e até andar deve ser difícil, mas vamos resolver isso, sim?
- Sim- Luffy concordou
- Ótimo! Tirando isso do caminho, por que não falamos sobre o pequeno incidente dos bandidos, hm?
- Você não bateu neles
- Não, eu não
- Você deveria ter batido neles
- Eu deveria?
- Eles estavam sendo maus, Shanks. Quando alguém esta sendo mal, você bate neles
- Tudo bem, Ace e Sabo venham prestar atenção nisso aqui também, porque acho que vocês três se beneficiariam dessa lição- Shanks os chamou
- Uma lição?- o Portgas gemeu, não gostando da opção
- Uma lição e não pode dizer não. Venham logo- Shanks os apressou, ajeitando Luffy em uma perna e fazendo os outros dois se sentarem ao seu lado- O que aconteceu ontem foi idiota, tudo que o homem fez foi derramar algumas coisas e falar palavras tolas. Por que eu deveria ter batido nele?
- Porque você é mais forte do que ele- Luffy falou automaticamente
- Para que ele não fizesse isso outra vez- Sabo respondeu um pouco depois
- Porque nunca se foge de uma briga- Ace cruzou os braços, tendo plena convicção em sua resposta
- Não, não e... Sabe, esse é o pensamento exato que meu capitão tinha- Shanks contou, olhando para o mais velho dos meninos- Ele acreditava que nunca se dava as costas para uma batalha. Foi assim que ele e seu, bem, amigo eu acho, acabaram na maioria de suas brigas- o ruivo parou por um instante, piscando pela forma que descreveu Garp, o homem que para muitos era o maior inimigo de seu capitão- Era uma das poucas coisas com que concordavam: você não foge de uma batalha
- Então você concorda comigo- Ace concluiu
- Eu disse que era assim que meu capitão pensava, não eu. Foi graças a essa mentalidade que acabamos em muitas lutas, Ray-san ficava louco com ele- o pirata riu de nostalgia- Mas as vezes ele fazia tempestade em copo d'água
- Não entendi- Luffy disse- Da pra criar uma tempestade? E então o que, colocamos um copo em baixo dela?
- Não, Luffy- Sabo riu da conclusão do garoto- Isso só quer dizer que ele exagerava demais
- Sabo está certo. Meu capitão exagerava e as vezes acabavamos em lutas desnecessárias, e eu prefiro não lutar se eu posso evitar
- Mas ele te chamou de covarde- Luffy o lembrou
- A opinião dele não me interessa em nada, Âncora- Shanks disse- Temos que aprender a escolher nossas batalhas, e brigar pela opinião de um homem que eu nem gosto é inútil, porque eu não ligo pro que ele acha, entende?!
- Mas você disse que ele também te molhou e jogou comida em você- Ace não desistiu- Isso é humilhação
- Só é humilhação se eu deixar ser humilhação- o ruivo piscou para ele- Eu sou um pirata, é normal as pessoas não gostarem de mim e eu sou um fora da lei, sempre tem pessoas realmente fortes para eu lutar, não preciso de um bandido qualquer de um mar fraco para provar que eu sou forte. Só vale a pena lutar por duas coisas nessa vida: pela liberdade e por aqueles que você se importa, okay? Qualquer outro motivo é perda de tempo
- Okay- os três concordaram, ainda reflexivos das palavras do mais velho
Em outro mundo, essas palavras afetam apenas a Luffy, elas serão sua força motivadora e seu parâmetro para ver quais lutas ele deve começar e quando ele deve abandonar. Aqui é assim também, mas aqui há mais duas crianças que ouviram esse discurso, mais duas crianças que crescerão com essas palavras gravadas a ferro em suas mentes
Talvez isso possa até salvar a vida de um deles no futuro
- Ótimo! Agora vamos que esta na hora do almoço, eu estou morrendo de fome e a Ma-chan esta preocupada com Âncora- Shanks apressou
- Eu não...
- Eu sei que está esquisito para você andar Âncora, por isso vou te carregar. Agora acabou as desculpas, vamos logo
- Ainda acho borracha idiota- Ace avisou a quem quisesse ouvir
- Tudo tem tempo e lugar, Ace- Sabo o repreendeu enquanto eles saiam da casa
O caminho foi um pouco mais silencioso do que o de costume com Luffy tendo enfiado a cabeça no pescoço de Shanks e não dizendo uma única palavra, fazendo os outros três se sentirem estranhos e agitados
Ao chegarem no bar, todos os piratas estavam ali e deram um suspiro dr alívio coletivo ao verem o garotinho escondido nos braços do capitão
- Ei, querido- Makino sorriu quando Shanks depositou o mais novo no balcão- Que tal hoje você ajudar na cozinha também?
- Pode ser, eu acho- Luffy disse, dando de ombros
- Perfeito- ela bateu palmas, forçando uma animação em seu tom
- Meninos, ajudem Luffy ir até a cozinha- Benn sugeriu, exalando a fumaça de seu cigarro
- Sobe aqui- Ace se virou de costas, indicando que o menor deveria ficar de cavalinho nele
- Obrigado- Luffy agradeceu quando já estava acomodado
- Sim, tanto faz- Ace tentou fazer não parecer grande coisa
Ficou um silêncio tenso no ar enquanto os três se dirigiam a cozinha, deixando bem claro que os adultos estavam esperando pela saída deles para tratar dr algum assunto
- Algum problema, Capitão?- Makino perguntou preocupada por fim
- Âncora não sabe controlar sua fruta, seu corpo estica e recolhe sem sua permissão. Seus ossos não tem mais a resistência de antes a menos que ele aprenda a controlar isso- Shanks listou os problemas que eles teriam que lidar- Não o deixe fazer nada muito difícil
- E os dentes- Benn completou com uma careta- Não vamos esquecer que ele inteiro é de borracha agora, até mesmo os dentes vão se curvar se o esforço for mundo grande
- Isso vai ser difícil de agora em diante, não vai?- Makino notou com tristeza
- Ele vai ter a todos nós- Yasopp prometeu solidário- Não há nenhum usuário na tripulação, mas sabemos o que fazer mais ou menos
- Certo- ela concordou antes de ir para a cozinha com os meninos
- Talvez devêssemos adiar a próxima expedição- Shanks disse, afundando o rosto nas mãos- Não podemos simplesmente sair por semanas enquanto Âncora não consegue dar mais de cinco passos na maior parte do tempo
- O navio não pode ficar ancorado nesse porto por muito tempo, Shanks- Benn o lembrou com um suspiro
- Eu posso ficar pra trás- Roo ofereceu- É minha culpa ele ter comido a fruta em primeiro lugar, então devo ajudar ele a controlar
- Não é sua culpa, Lucky- o capitão garantiu- Devíamos ter mantido a Gomu Gomu no navio, foi descuido de todos
- E você não tem experiência nenhuma com usuários- Benn completou- Eu vou ajudar Âncora o suficiente para que ele consiga andar e comer, e então partiremos
- Yasopp- Shanks chamou seu atirador, se sentindo um pouco mais confiante com um plano vagamente traçado- Rastreie Buggy pra mim. Vamos passar no Big Top no caminho
- Deixa isso comigo, chefe- Yasopp confirmou, já se retirando para começar seu trabalho
- Tem certeza disso?- o Beckman questionou cético
- Buggy é um usuário, o único que conheço nesse mar de merda. Ou é ele ou é nada
- Você acha que ele vai ajudar?
- Apesar do que parece, eu não sou um idiota, Benny. Sei bem o que Buggy sente por mim, sempre soube, mas tenho meus métodos para lidar com ele
- Nunca te achei idiota, se achasse não teria escolhido te seguir para onde quer que essa sua cabeça de vento te faça querer ir- Benn retrucou- Mas te acho inconsequente. E acho que Buggy vai tirar o máximo de proveito disso
- Com Buggy eu sei lidar- Shanks repetiu em tom de promessa
- Partimos em uma semana, vou me certificar de que Luffy esteja estável até lá
- Obrigado
- Por que ele não estaria estável?- a voz de Ace veio do portal que separava o bar da parte de trás
- Ace- Shanks o reconheceu enquanto Benn se afastava- É só uma coisa que todos os usuário de Akuma no Mi, principalmente aqueles que tem seus corpos modificado
- Todo esse trabalho para ser de borracha? Que droga- o Portgas comentou com uma careta
-Nenhuma fruta é estúpida, garoto- o ruivo o repreendeu- São armas mortais nas mãos de pessoas inteligentes
- Então a coisa piorou de vez, porque Luffy não é inteligente- Ace constatou poe fim, fazendo os dois homens rirem
- Volta a falar comigo sobre isso daqui uns dez anos, pirralho- Shanks aconselhou confiante. Ele sabia que Âncora não era lá muito inteligente no sentido que as pessoas usavam para a palavra, mas havia uma sabedoria velada nele que dava ao pirata a sensação de que a criança faria grandes coisas um dia, incluindo dominar a fruta que muitos viam como estúpida
-
-
Como o prometido, uma semana depois Luffy já conseguia andar e comer normalmente graças uma motivação que muitos viam como inacreditável por parte de Benn Beckman. O homem com a paciência de um santo não desistiu não importasse o quanto o menino ficasse entediado ou chateado, e no fim perseverou com graça (Yasopp insisti que o êxito só veio graças a todos os anos que ele tinha de experiência com Shanks), o que significava que era hora dos Akagami fazerem suas expedições por East Blue de costume
A despedida foi simples já que os piratas estariam de volta em breve, mas Luffy ficou com seu humor particular de sempre que isso acontecia: uma mistura de birra por querer ir junto com irritação por ser negado com tristeza por ter que se despedir de todos eles por um tempo. Makino tentou suavizar o golpe com bolo e outros doces que ele não costumava comer todos os dias, mas a melancolia só iria embora daqui um ou dois dias
- As crianças devem estar se juntando para as brincadeiras a essa altura- a garçonete comentou, cortando o silêncio de seu bar- Por que você não se junta a eles um pouco como costumava fazer? Eu mando Ace e Sabo para você quando eles chegarem
- Pode ser- Luffy aceitou, só então se lembrando de como passava seus dias antes de conhecer os piratas
Makino soltou uma risada quando viu o pequeno partir apressado para encontrar o resto das crianças da vila, se sentindo um pouco estranha por realizar as tarefas de seu cotidiano sem o burburinho qual havia se acostumado, mas descartou isso rapidamente. Piratas eram piratas, e ela sabia que em algum momento eles se cansariam da calmaria que era de praxe no East Blue e partiriam para mares mais perigosos em busca de aventuras maiores, seria muito ruim se ela se tornasse muito apegada
Já bastava o problema que teriam com Luffy quando esse dia chegasse
E falando em Luffy, o pequeno diabinho já havia se encontrado com as outras seis crianças que moravam ali, todas em idades entre cinco e doze anos. Eles zombaram um pouco brincando de que o garotinho finalmente lembrou da existência de todos eles agora que os piratas haviam ido embora, e então começaram a brincar de pega-pega
Tudo estava ótimo, até que estava na vez de Luffy ser "isso" e esticou seu braço além do natural para tocar em uma das crianças
O silêncio então foi ensurdecedor
- O-o-o-o que f-foi isso?- a pequena Akemi de cinco anos gaguejou de olhos arregalados
- Se esticou...- Kylar sussurrou em choque
- O que os piratas fizeram com você?- Seth, o mais velho ali, perguntou assustado
- Eu só comi uma Fruta do Diabo- Luffy encolheu os ombros
- Então você é um demônio agora?- Akemi guinchou, correndo para se esconder atrás de Seth
- Não, eu só...- Luffy não sabia como explicar
- É uma aberração agora- Kylar engoliu em seco- Um monstro
- Não é isso- o Monkey franziu o cenho, irritado por eles estarem dando tanta importância para aquilo
- É, sim- o garotinho de nove anos insistiu- Você se estica, então não é mais normal. Se não é normal, é uma aberração
- Não é bem assim que funciona- a voz de Sabo soou atrás do mais novo
Todas as crianças se assustaram, centradas demais no que estava acontecendo entre si para notarem qualquer um se aproximando, e ao se virarem viram os dois meninos mais velhos com expressões nada felizes. Ace irritado a ponto de estar estalando os nós dos dedos, pronto para arranjar uma briga
- Quem são vocês?- Lilith questionou confusa, usando sua altura fora da média dos dez anos para tentar assustar. Obviamente, não deu certo
- São os dois garotos que visitam o Bar da Festa todos os dias- Seth reconheceu- Meu pai diz que vocês vivem em Goa, não?!
- Isso não é da sua conta- Ace retrucou com os olhos estreitos
- Bem, o que esta acontecendo aqui também não é da sua conta- Kylar tentou parecer corajoso, o que não deu muito certo
- Muito pelo contrário, é sim da nossa conta. Luffy é nosso amigo- Sabo deu um sorriso falso
- Ele é um monstro agora- Akemi falou- E monstros são maus, então não tem amigos
- Eu vou te mostrar maldade...
- Ace, ela tem cinco anos- Sabo segurou o antebraço do amigo antes que ele pudesse ir para cima da garotinha
- Vamos sair daqui- Lilith pediu apressada, arrastando Akemi com ela na frente
As outras crianças também não hesitaram em se afastar, nem mesmo com um segundo olhar para a criança com os olhos baixos que praticamente havia crescido com eles, deixando apenas Seth por fim
- Ei- o mais velho chamou, dando um sorriso gentil quando Luffy olhou pra ele- Eu sei que você ainda é o mesmo garotinho feliz de sempre, okay? É só... Meio assustador, o que pode fazer agora
- Que grande amigo você- Ace zombou
- Fica bem, Luffy- Seth disse por fim antes de se afastar
Sabo deixou para seu amigo de pavio curto a tarefa de encarar com pura fúria as costas do garoto que se afastava e se preocupou com a atitude cabisbaixa de seu mais recente quase protegido
- Makino mencionou que você estava chateado com a partida de Shanks e os outros, aposto que isso não ajudou, hein- ele tentou manter o tom leve- Você esta bem?
- Não sou um monstro, sou?- Luffy perguntou com sua típica inocência
- Claro que não- Ace declarou com brusquidão- Não ouça esses idiotas. Alguns dos maiores da Grand Line possuem Akuma ni Mi de acordo com os piratas, lembra?
- Achei que borracha fosse burro
- Borracha é burro
- Ace, você precisa escolher um ponto de vista e permanecer nele- Sabo disse exasperado
- Estou fazendo isso- o Portgas falou na defensiva
- Não tanto quanto você acha que está fazendo- Sabo o avisou
- Cala a boca você- Ace mandou, antes de se virar para o mais novo- E você deveria vir com a gente, está mais do que na hora de ver algo além dessa vila chata
- Você está querendo dizer que..?- Sabo arregalou os olhos, surpreso com a decisão do garoto
- Vamos leva-lo ao Terminal Grey- Ace sorriu divertido
- Eu vou mesmo para a floresta com vocês?- Luffy se animou imediatamente, um sorriso de um quilômetro se espalhando em seu rosto
- Nós vamos almoçar na Makino antes- Sabo já foi avisando- E temos que pedir a permissão dela também
- Se você diz...
- É, eu digo
-
-
Terminal Grey com Luffy foi uma... Experiência. Ele se destacava como um polegar dolorido com toda sua animação naquele lugar sombrio, tentava sorrir e fazer amizade com todos que encontrava no caminho, se perdia com facilidade se não tivesse sob um controle cuidadoso e foi comigo por um crocodilo não uma, não duas, mas três vezes (ao dia)
Era difícil, trabalhoso e as vezes eles temiam terem que voltar ao bar e dizer a Makino que haviam perdido a criança mais nova, mas também era bem mais cheio de risadas, felicidade e simplesmente ensolarado. Foi bom, apesar de tudo
Sabo e Ace desceram a montanha naquele dia debatendo se Luffy estava ou não pronto para ir a Cidade Baixa com eles, e passaram o caminho todo pensando em lugares que poderiam levar o menino, mas pararam abruptamente na porta do bar
Havia homens espalhados por todo o local, rindo e conversando entre si. No geral, não era uma visão rara desde que os Piratas do Ruivo haviam desembarcado ali há quase um ano atrás, mas aqueles não eram os Piratas do Ruivo
- Meninos- Makino deu um sorriso tenso ao cumprimenta-los, lançando um olhar nervoso ao redor da sala
- Esses não são...
- Higuma- Ace confirmou a pergunta incompleta de Sabo com a mandíbula travada, se aproximando devagar de onde Luffy comia um prato de comida bem abastecido
- Ele vai te reconhecer?- Sabo perguntou nervosamente
- Acho que não, ele nunca prestou qualquer atenção em mim- Ace descartou tentando disfarçar o nervosismo. Ele sabia que aquele homem era o principal concorrente, por assim dizer, de Dadan nos negócios e ultrapassava limites que nem mesmo a Velha Bruxa estava disposta a ultrapassar
- Ei, Luffy. Como você está?- Sabo iniciou uma conversa, na esperança de dissipar a tensão que havia tanto nele quanto em seu melhor amigo
O menor parou de comer por um instante, dando uma olhada por cima do ombro para os bandidos e então olhando para Makino que o encarava com um certo nervosismo, antes de abrir a boca para responder:
- Estou bem. Vamos brincar na floresta hoje de novo?
- Claro- Sabo confirmou, sorrindo agradecido para a garçonete quando ela colocou mais dois pratos de comida em cima do balcão- Eu sinto muito pela nossa falta de caça nos últimos dias, Makino. Vamos remediar essa situação amanhã, eu prometo
- Deixa de bobagem Sabo, eu adoro a companhia de vocês- a de cabelos verdes descartou com gentileza- Não há necessidade nenhuma de trazer animais mortos para que vocês possam passar o dia
- Ainda vamos trazer algo. Talvez possamos ir atrás do Senhor Urso, temos ensinado algumas coisas a Luffy e acho que com todos nós três poderíamos ser capazes de derruba-lo
- Não quero nenhum de vocês se metendo em perigos muito grande- Makino os avisou com certa autoridade, apontando o dedo indicador para ambos os meninos mais velhos- Ao menos não sem um dos piratas lá para proteção
- Falando nos piratas, quando eles voltam?- Ace não gostaria de admitir, mas já sentia falta de todos eles
- Se o cronograma de Benn der certo, podemos recebe-los no porto daqui três dias
- Não é tanto tempo- Sabo falou aliviado- Vai ser bom ter todos eles de volta, eu gostaria de fazer algumas perguntas a Benn. Adquiri um livro sobre navegação recentemente e quero ter certeza se entendi tudo direitinho
Tão envolvidos eles ficaram na conversa, que não perceberam que Luffy não participava dela. Ou o quão lentamente ele comia, quase como se não estivesse interessado nisso. Ou como ele escutava a conversa dos bandidos, conversa essa que incluía insultos demais a um certo bando pirata. Ou como quanto mais ele ouvia, mais irritado ficava
Até que ele explodiu
A criança perdeu sua paciência e gritou com os bandidos, não deixando que aqueles idiotas ofendessem por mais um minuto os homens que ele passou a admirar
Não foi uma de suas melhores idéias, isso é certo
Logo um dos bandidos tentou acertar um soco em Luffy por ter ofendido seu líder e foi então que Sabo e Ace se envolveram. O que deveria ter sido mais um almoço de rotina se transformou em uma briga de bar com todos os direitos que uma dessas tinha
Mas o problema era: Ace e Sabo eram fortes, ridiculamente fortes se você contar que tinham apenas dez anos, só não eram fortes o suficiente para um homem que dedicou sua vida a vencer brigas exatamente como aquelas
Há socos, chutes e quebra de objetos. Makino grita e tenta fazer tudo parar, mas é ignorada em meio a cacofonia. Moradores aparecem para ver o que esta acontecendo e alguns dos mais corajosos até se juntam a briga. É um verdadeiro pandemônio, bem ali
É nesse momento que Shanks chega
E ele pode ainda não ser um imperador ali, mas já tem a aura de um e obriga que todos parem para prestar atenção nele
- Está acontecendo uma super festa e ninguém se deu ao trabalho de esperar que eu chegasse? Qual é pessoal, a essa altura já era de se esperar que vocês me conhecessem- Shanks sorri. É um sorriso que cai fácil em seus lábios, praticado em anos de esconder seus sentimentos por trás da fachada do bêbado feliz (ou do adolescente despreocupado, ou da criança ansiosa). É um sorriso que a maioria das pessoas se arrependem de ter causado (se forem inteligentes o suficiente, isso é)
- Ocupado limpando a vila, pirata?- Higuma questiona, cuspindo saliva misturada a sangue enquanto agarrava Luffy pelos cabelos
- Entre outras coisas- Shanks dá de ombros- Você deveria soltar Luffy agora, sabe. Ele diz que seu soco é tão forte quanto uma pistola, eu tomaria cuidado com algo assim
- É mesmo- Luffy declara orgulhoso, não parecendo muito abalado por estar de refém de uma das figuras mais perigosas de sua ilha
- Eu não posso fazer isso. Ele me irritou- Higuma explicou casualmente- Quem me irrita acaba morto. Isso inclui aqueles dois também
- Você vai ver quem vai acabar morto quando eu me soltar daqui- Ace avisou, se debatendo nos braços do capanga qual o segurava
Em um mundo, há discursos inspiradores, um tiro mortal e a perda de um braço envolvidos na conclusão dessa história. Aqui há o discurso, há o tiro mortal (respingos de sangue mancham os rostos das três crianças, os fazendo fecharem os olhos com força ao finalmente perceberem a realidade daquilo tudo), mas não há tempo nem oportunidade para braços serem perdidos ali
No momento que o sangue mancha os garotos, no momento em que Ace arregala os olhos até quase saírem de suas órbitas, Sabo paralisa com um estremecimento de corpo inteiro e Luffy fecha os olhos em reflexo, Shanks está furioso. Seu Haki do Rei sai para brincar e nem um segundo depois todos os bandidos estão caídos ao chão desmaiados (talvez um ou dois estejam mortos, a fúria do futuro imperador algo grande demais para suportarem)
- Acho que vou ter que me desculpar com você por toda essa bagunça, Ma-chan- Shanks quebra o silêncio com uma falsa casualidade
- N-não é problema nenhum, Capitão- Makino gagueja um pouco enquanto observa o homem
Ele caminha até Sabo ao mesmo tempo que retira um lenço do bolso, ele se ajoelha na frente do garoto loiro e cuidadosamente limpa seu rosto. Quando o sangue se torna nada mais do que um rastro rosado na face da criança, Shanks o encara no fundo dos olhos até que ele voltasse a realidade
- Há um baú ali fora com algumas coisas bem legais, incluindo uns livros. Por que você não escolhe um?- Shanks fez questão de falar devagar, dando todo o tempo do mundo para o garoto assimilar
- Okay- Sabo acenou, praticamente fugindo dali após uma segunda olhada no homem morto
- Não preciso que me trate como um bebê assustado também. Cresci com bandidos, violência é só o que eles sabem- Ace foi avisando, cruzando os braços em frente ao peito para esconder o tremor nas mãos
- Sujeira é algo que estão muito acostumados também?- Shanks zombou, estendendo a mão para Lucky em um pedido silencioso e logo um lenço limpo estava em suas mãos. Sua prioridade era ter certeza que o pequeno ato deles não havia traumatizado horrivelmente nenhuma das crianças, mas arquivaria a informação dos bandidos para mais tarde- Vá ver se algo te interessa no baú
- Vou porque estou curioso com o que trouxeram, não porque essa cena me incomoda- Ace deixou bem claro ao se retirar
Sobrando apenas sua pequena Âncora para lidar agora, Shanks fez o mesmo processo que havia feito com os outros dois e então pegou o chapéu de palha que tanto era importante para si, colocando na cabeça do pequeno. Ficava tão grande em si que facilmente cobria seus olhos, qual era o objetivo disso tudo
- Vou levar os meninos para o navio por um tempo- o ruivo disse após ajeitar Luffy em seu colo, olhando com uma careta para os corpos em volta- Benny...
- Vamos arrumar toda essa bagunça- seu imediato prometeu com confiança- Makino terá a melhor equipe de limpeza de todas
- Certifique-se que esses idiotas entendam que nunca mais devem mexer com nenhum desses meninos- sua voz mudou para algo mais duro, um tom que seus tripulantes não haviam ouvido ele usar desde que entraram em Dawn Island
- Nem precisava ser dito- o Beckman aceitou solenemente
- Parece que não vai ser hoje que você vai ser dispensado do serviço de cozinha, Lucky- Shanks avisou enquanto se virava para sair
- Acho que posso fazer esse sacrifício- Roo confirmou
- Yasopp, você leva a Ma-chan para uma volta. Talvez compras em Goa ou qualquer coisa assim, só a deixe espairecer um pouco- Shanks deu a última de suas ordens, dando uma olhada rápida para a garçonete que encarava o vazio do outro lado do estabelecimento
- Vai cuidar dos garotos Chefe, do resto a gente concerta- Yasopp deu um sorriso encorajador
Respirando fundo e fingindo que não podia sentir as lágrimas que caiam em seu pescoço ou as fungadas perto de seu ouvido, o Akagami colocou um sorriso no rosto e foi para o lado de fora, encontrando os dois meninos ainda vasculhando o baú de tralhas que eles haviam trago
- Algo de interessante ai?
- Esse livro parece fascinante. Posso ler?- Sabo mostrou a capa da Enciclopédia das Akuma no Mi que eles haviam saqueado de um navio que vinha do North Blue
- Claro, é uma leitura e tanto essa daí
- Você já leu?
- Uma vez, quando fiquei entediado em uma luta do meu capitão com um rival próximo dele. Um dos tripulantes do homem me emprestou
- Você ficou entediado em uma luta?- Ace arqueou as sobrancelhas
- Era meu Capitão que estava lutando, não eu! Todos em ambas as tripulações já estavam cansados do embate aquela altura
- Entrasse em uma briga com um deles então
- Nah, não valia a pena. Mas e você? Encontrou algo que gostou?
- Pode ser
- Nunca pode dar o braço a torcer, não é? Peguem logo o que querem dai e que caibam na mão de vocês porque estamos indo para o Força Vermelha, o resto vocês podem ver depois
- Por que estamos indo ao Força Vermelha?- Sabo inclinou a cabeça em curiosidade
- Há mais coisas para verem lá- Shanks disse antes de começar a guia-los na direção de seu navio
- Que desculpa de merda- Ace zombou- Não precisa mentir, a gente sabe que está nos levando para longe dos cadáveres
- Achei que essa parte tinha ficado implícito- Shanks sorriu com ironia- Mas claro, vocês não são bons nem com as coisas explícitas, quem dirá com as implicitas, não é?!
- Não entendi uma palavra do que você disse- Ace o informou sem se abater
- Ele quer dizer como prometemos não arranjar brigas mesquinhas e agora fizemos exatamente isso- Sabo explicou com um suspiro
- Benny escolheu uma cópia de si para ser deu favorito- Shanks riu um pouco
- Mas não foi uma briga mesquinha- Ace protestou com o cenho franzido- Eles iam bater no Luffy. Não podíamos deixar isso acontecer
- Espera, o que?- o pirata parou abruptamente, se virando para os dois
- Eles estavam sendo idiotas, Luffy gritou com eles e um dos bandidos veio para bater nele, eu e Sabo impedimos- Ace repetiu lentamente, como se isso o ajudasse a entender tudo- Ou você preferia que deixassemos que eles machucassem o pirralho?
- A diferença de três anos não te torna tão mais adulto como você pensa- Shanks disse divertido
- O que importa é que fizemos o que você nos falou para fazer, Shanks: entramos em uma briga para proteger algo importante para nós- Sabo mostrou, fazendo Ace desviar o olhar envergonhado pela admissão indireta de seus sentimentos
- E você, Âncora? Por que gritou com eles?- Shanks usou a voz mais gentil que pode
- Eles estavam tirando sarro de você- a voz de Luffy saiu abafada por seu esconderijo no pescoço do homem- Você disse que podemos brigar para proteger os outros
- Céus, acho que eu deveria ter feito algumas cláusulas naquela conversa, hein? Seus pequenos pilantras- o ruivo riu quase divertido
- Então não estamos com problemas, certo?- Sabo verificou
- Acho que esses hematomas e o pequeno trauma causado no bar foram castigo o suficiente
- Quem esta traumatizado aqui?- Ace não quis dar o braço a torcer
- Eu estou, certamente- Shanks retrucou facilmente- Acho que nunca mais vou ser capaz de pisar fora da ilha sem achar que vocês vão se matar enquanto estou fora
- Desculpa, Shanks- Luffy pediu, apertando mais seus braços em volta do rapaz
- Ele só esta sendo dramático Luffy, não precisa ficar com pena- Ace revirou os olhos
- Uau, com essas atitudes ninguém aqui vai receber mais presente nenhum- Shanks avisou
- Presentes? Que presentes?- Luffy se interessou, levantando a cabeça e a inclinando para trás para conseguir encarar os olhos do pirata por baixo do chapéu
- Vai cair- Shanks repreendeu, quase perdendo o equilíbrio para impedir que a criança caísse no chão de ponta cabeça de tanto que se inclinou- E bom saber que com isso você se interessa
- Onde estão esses presentes, mais ou menos?- Ace perguntou como quem não quer nada
- Eu os deixei na minha cabine para que os meus homens não ficassem intrometidos, mas...
Shanks não pode nem terminar sua frase antes que os dois meninos saíssem correndo pela ponte que conectava o cais com o Força Vermelha. Luffy rapidamente se contorceu em seu colo para que pudesse descer e seguir os mais velhos
- Bom saber o quanto sou apreciado- o pirata resmungou consigo mesmo antes de fazer o caminho que levava a sua cabine
O arrependimento de ter dito qualquer coisa bateu no instante em que ele chegou a seu destino. As três crianças faziam a maior das bagunças para encontrar os presentes, tirando tudo do lugar e não colocando nada de volta
- Você escondeu ou algo assim?- Ace exigiu ao perceber sua presença, literalmente virando uma gaveta inteira em cima da cama na cara dura
- Sabe, se vocês me deixassem apenas pegar seria muito mais simples para todos nós- Shanks avisou com uma careta- Não que vocês mereçam qualquer coisa depois disso aqui
- Pega logo, Shanks. Pega logo- Luffy implorou, mal se contendo de empolgação
- Será que bipolaridade é comum em crianças dessa idade ou vocês três que são esquisitos?- Shanks fingiu estar pensativo, se encostando no batente da porta com a maior calma
- SHANKS!!- os três gritaram juntos sem paciência, fazendo o homem rir
- Eu sei que vocês são pequenininhos, mas deveria caber mais paciência nesse corpo ai, cruzes- ele continuou despreocupado, indo para o único lugar que nenhum dos meninos olhou: debaixo da cama
- Que anti climático- Sabo observou
-Aqui, vocês três- Shanks disse entregando um embrulho para cada um deles
Os meninos rasgaram o papel com igual estusiasmo e não perderam tempo em abrir as caixas, apenas para piscar sem entender ao ver o que tinha ali dentro
- Um relógio- Sabo disse o óbvio
- Você sabe que a gente não sabe e nem se preocupa em ver as horas, né?!- Ace verificou, se referindo a ele e Luffy principalmente
- Vocês nem olham o negócio direito e já estão reclamando?- Shanks balançou a cabeça em negação antes de se aproximar e pegar o relógio de pulseira vermelha escura da caixa de Ace- Isso foi algo que meu capitão deu a mim e Buggy quando entramos na tripulação, ele dizia que era um último recurso para nos proteger se nenhum dos mais velhos estivesse por perto. Eu meio que entendo porque ele fez isso agora, já que isso teria sido bem útil hoje
- Como um relógio pode ser um ultimo recurso de defesa?- Sabo não entendeu
- Bem assim- Shanks se inclinou para que os meninos pudessem observar o que ele estava fazendo, pressionando o botão que arrumava as horas por dois segundos e então uma lâmina prata de uns cinco centímetros se projetou pela pulseira
- Impressionante- Ace teve que admitir com certas relutância
- Se querem mesmo serem piratas, ou se vão continuar entrando em brigas como aquela, isso pode ser a diferença entre a vida e a morte- Shanks disse, pegando o pulso do Portgas para que pudesse colocar o relógio ali
- Há uma inscrição aqui- Sabo passou o dedão sobre a fivela também prateada do objeto (o seu era azul como a faixa de seu chapéu, um tom entre o escuro e o claro)- ASL?
- Ace, Sabo e Luffy- o ruivo sorriu divertido- Pirataria é incrível, diversão, aventura e tudo aquilo que eu contei pra vocês, mas também é ficar longe das pessoas que amamos as vezes. Bandos se unem e se separam todos os dias e eu não sei se vão ficar todos no mesmo barco sob o comando de um de vocês, ou se vão fazer uma co-capitania nunca antes vista, ou se cada um vai para um lado, mas assim terão alguma conexão entre si. Como eu tenho com Buggy independente de qualquer coisa
- Eu nunca tinha pensado em como seria quando crescessemos- Ace admitiu, se sentindo estranho diante daquela perspectiva
- Achei que Shanks levaria todos nós pro mar com ele- Luffy disse confuso, a língua pra fora enquanto tentava prender o relógio de couro amarelo brilhante em seu pulso
- Já falei que não vou levar pirralho nenhum comigo- o ruivo retrucou, se divertindo com as dificuldades do menor- A Grand Line é perigosa demais para vocês
- Eu não queria ir com você de qualquer jeito- Ace fez careta- Eu vou ser um capitão
- Sendo assim, eu também quero ser um capitão- Luffy se animou- Ace, Sabo, vocês podem ser da minha tripulação
- De jeito nenhum- o Portgas negou na mesma hora- E Sabo vai ser meu navegador
- Eu não acho que vai ser assim- Sabo informou, fazendo o moreno aprofundar ainda mais sua carranca
- Ei, onde esta o seu relógio, Shanks?- Luffy mudou de assunto distraido- Você não esta usando
- Eu parei de usar depois que meu capitão morreu, quando recrutei Benn para minha tripulação- Shanks confessou, os olhos indo para onde ficava o objeto de forma nostálgica- Achei que seria um bom simbolismo do início de uma nova fase da minha vida
- Mas você disse que isso o conectava ao tal do Buggy- Ace lembrou ficando confuso
- Eu não joguei no mar, Ace- Shanks riu, indo até a única gaveta intocada de seu quarto e pegando seu próprio relógio dali. Diferente do dos garotos onde ele mandou fazer de uma cor especifica para cada um deles, Roger havia dado um idêntico, de couro preto, para cada um de seus meninos (o que deu muita confusão ao longo dos anos entre ele e Buggy, um sempre acusando o outro de ter roubado seu relógio quando perdiam, e Shanks aprendeu sua lição com isso. Rayleigh também, já que ele fez questão de fazer um corte com faca na vertical em seu relógio, e um na horizontal no de Buggy apenas para que eles pudessem diferenciar e pararem de encher seu saco)- Está bem aqui, guardado para quando eu sentir falta dessa época. Buggy também não usa mais o dele, mas isso não muda o significado que tem pra nós
- Agradecemos muito o presente- Sabo garantiu a ele, sentindo pena de Luffy e finalmente ajudando o pequeno a prender o relógio
- Acho que a essa altura é mais para minha paz de espirito do que pra vocês- Shanks deu de ombros- Mas agora, quem esta com fome?
- Eu!!!/ Com certeza/ Eu adoraria almoçar- Luffy, Ace e Sabo, respectivamente, falaram juntos
- Ótimo, porque Lucky esta preparando carne de tubarão nesse exato momento- os meninos aplaudiram a notícia- Mas só vai comer quem arrumar esse quarto
- Shanks- os três choramingaram, mas o capitão não mudou de ideia enquanto ria
-
-
Os dias passaram e a fala do Akagami não saia da cabeça de Ace. Ele tinha razão, nenhum dos três sabia o que o destino reservava para eles e não havia garantias de que continuariam tão unidos quanto eram agora
Mas Ace não queria perde-los. Luffy e Sabo se tornaram tudo em sua vida, ele não precisava mais ficar com raiva o tempo todo graças aos dois e não sabia como continuar a viver sem eles em sua vida
Então ele providenciou para que nunca precisasse descobrir
Roubar Dadan é fácil, a Velha Bruxa nunca presta atenção a ele. Os copos ele pede a Roo, que apenas sorri e os entrega sem perguntas, como se soubesse de algo que Ace não sabe. A clareira já é o local de luta deles desde que Luffy se juntou ao grupo
- Shanks estava certo- ele começa o assunto após suas cem lutas diárias, algo que começaram depois da perda vergonhosa, em suas opiniões, para os bandidos- Nós não sabemos onde vamos parar no futuro, podemos nos separar
- Sempre seremos amigos, Ace- Sabo prometeu
- Amizades acabam- o moreno balançou a cabeça insatisfeito
- Mas temos o poder do relógio- Luffy ergueu seu pulso, o amarelo da pulseira quase brilhando sob a luz do sol
- Poder do relógio é uma idiotice. Shanks não fala mais com o tal do Buggy, os amigos dele agora são Benn, Yasopp e Roo
- O que tem em mente então, Ace?
- Isso aqui- Ace agradeceu a deixa que Sabo lhe deu e pegou o saque e os copos de sakazuki da moita que havia escondido
- Você roubou isso ai da Dadan?- Sabo desconfiou
- Vocês sabiam? Quando homens bebem desses copos juntos, eles se tornam irmãos- Ace contou enquanto enchia os copinhos vermelhos, ignorando a pergunta do loiro
- Nós vamos ser irmãos agora?- Luffy se deleitou com a informação
- Podemos ir para navios diferentes, podemos ficar bravos uns com os outros e trancar esses relógios em uma gaveta onde será somente uma memória também, mas sempre seremos irmãos
- Eu gosto disso- Luffy mal cabia em si de empolgação- Sempre quis ter irmãos, mas vovô disse que isso não era com ele. Eu não entendi bem
- ASL- Sabo sorriu, seus olhos descendo um pouco para o relógio- Amizade, irmandade, não importa. Eu iria até o fim do mundo por vocês
- E nós por você, Sabo- Luffy se apressou em garantir
- A nossa irmandade- Ace brindou, levantando o copo
- A nossa irmandade- os outros dois repetiram, fazendo o mesmo
E então beberam
O gosto não era lá dos melhores (Luffy odiou), mas fez o que tinha que fazer
Ace
Sabo
E Luffy
ASL
Irmãos ou amigos, piratas e revolucionários. Os caminhos não importa, apenas o que significam um para o outro e o que fariam um pelo outro
Eles podem virar, chacoalhar, rachar ou colocar fogo no mundo, se isso significa manter um deles a salvo
E ninguém esta preparado para as tudo que esses três vão colocar em curso durante suas vidas
Notes:
Mil perdões pela demora pessoal, tinha prometido a mim mesma que só postaria outro cap aqui quando tivesse terminando o atual e demorou todo esse tempo, mas pelo menos está aqui agora haha
Chapter 3: Vovô
Summary:
Monkey D. Garp aparece para uma visita surpresa para seu netinho bonitinho e acaba lembrando a Shanks do seu bicho papão da infância. Ace e Sabo gostariam de ter tido um aviso prévio sobre essa visita (Shanks também)
Chapter Text
O Prefeito Woop Slap não gostava de piratas, nem mesmo daqueles que pareciam ter adotado sua ilha como uma espécie de base enquanto exploravam o East Blue
Eles eram barulhentos, bêbados e tinham o péssimo hábito de encantar Luffy com histórias ridículas, fazendo a criança querer se tornar um deles de todas as coisas! Então, sim, ele não gostava de piratas, mas não gostar não era o mesmo que odiar
E era triste admitir isso, mas ele não odiava piratas ou, mais especificamente, não odiava aqueles piratas
Talvez ele até respeitasse um pouco aqueles idiotas (mais parecido com ele respeitava Benn e depois respeitava a paciência que os outros patifes tinham para lidar com o capitão idiota deles. Ele sabia como era difícil fazer algo como aquilo, afinal, crescera com Garp)
E é por isso que quando o fax chega em seu escritório, seu primeiro pensamento não é o que sempre é. Ele não pensa em como Luffy vai ficar feliz com a notícia, nem mesmo pensa em como vai ser bom para Makino ter algum tempo de descanso bem merecido já que a pobre garota está se esforçando ainda mais recentemente, ele se quer pensa em como explicar os outros dois pirralhos que Luffy adotara como irmãos; não, nada disso vem a sua mente, a primeira coisa que ele pensa é que precisa avisar os malditos piratas que deveriam correr o mais rápido possível para longe de Dawn antes que fosse tarde demais
O Vice-Almirante Garp estava chegando e não seria bom para nenhum deles se ele encontrasse o Akagami Kaizoku por ali
-
-
Garp sempre sente falta do East Blue quando esta fora
Ele gosta do mar onde nascera, gosta das ondas calmas e a falta de preocupação com o tempo mudar de repente. Gosta que o sol predomine e gosta da maioria de seus moradores
Gosta de que suas melhores lembranças sejam por esse lugar
Ele conheceu sua falecida esposa ali, quando ainda morava em Goa, na época que ainda eram adolescentes que não sabiam o que queriam da vida. Decidiu que se tornaria fuzileiro naval, quando sentiu a sensação boa se espalhar por seu interior ao ver o alívio no rosto dos pescadores quais ele salvou de um bando pirata qualquer (quando ele ainda acreditava que o mundo era simplesmente dividido entre o bem e o mal, quando ele não entendia o que ser um D. faria com ele, quando tudo ainda era fácil e as respostas não pareciam ter múltiplas escolhas certas). Seu primeiro embate com Roger, quando ainda eram verdes e seus nomes nada conhecidos. O nascimento de Dragon, a primeira casa de Ace e depois de Luffy
Estar de volta ao East sempre lhe traz a mesma nostalgia nos primeiros dias, e ele agradece que a viajem até Dawn demore quase uma semana, já que com a nostalgia sempre vem a tristeza. Porque sua esposa agora está morta e Roger também, ser fuzileiro não é a coisa mais fácil e as escolhas que ele faz parecem ter cada vez mais peso para si (ele não sabe o quanto mais consegue sacrificar pelo bem maior, não sabe por quanto tempo mais pode acreditar na Justiça, o que é horrível na sua concepção) Dragon está longe e nada quer com ele graças a sua chamada revolução, e Ace e Luffy ainda são pequenos demais para entender completamente o mundo e o porque de seu desejo desesperado de que se tornem fuzileiros
Tudo é muito, é horrível e cruel e injusto, e ele detesta como isso bate nele sempre que entram no East Blue
Mas ele se recompõe, porque seus netos ainda são crianças e não precisam ter um avô neurótico com o quão difícil é apenas viver hoje em dia
- Você vai ver como meu netinho vai estar vibrando no porto quando chegarmos- ele diz a Bogard, facilmente se distraindo quando pensa nas duas crianças em sua responsabilidade- Luffy sempre adora quando estou visitando
- Achei que você iria fazer uma visita surpresa dessa vez, senhor- Bogard disse sem entender
- Por que você acharia que eu faria uma surpresa?
- O senhor não avisou o prefeito de sua chegada ainda, senhor
- Oh, droga! Me esqueci totalmente de fazer isso
- Vamos chegar em algumas horas. Não tenho certeza se o fax chegaria a tempo- Bogard gritou enquanto o homem se retirava para dentro do navio
- Eh, qualquer coisa eu faço uma surpresa mesmo- o Vice-Almirante não deu muita importância para o assunto
Mal sabia Garp que quem teria a surpresa seria ele
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As coisas não foram como o planejado de ninguém
Não há outro mundo para compararmos aqui, porque essa cena vem das consequências das decisões tomadas ali. Shanks deveria ter ido embora meses antes, no momento que percebe o quanto esta apegado a Luffy quando da seu braço em troca da vida do garoto (quando os anos se passam ele começa a dizer que apostou na nova geração, ele vai agir como se tivesse sido uma decisão perfeitamente calculada para que os desejos de seu capitão fossem realizados, não o desespero que tomou conta de seu ser quando percebeu que poderia perder aquele garotinho pelo simples fato de que não poderia mais imaginar sua vida sem ele, mesmo de forma tão indireta), naquela altura em outro mundo ele estaria em sua jornada para se tornar um Yonkou, mas aqui não há perda de braços ou realizações feitas em momentos de adrenalina; aqui há não um, mas três garotos que anseiam por seus ensinamentos (Ace pode negar o quanto quiser, ele pode ver a verdade atrás de sua bravata. Ele cresceu ao lado de Buggy), e ele simplesmente ainda não sentiu vontade de ir embora
Essa vai ser uma decisão que ele vai se arrepender em alguns instantes
Woop Slap não da oi ao chegar no bar, ele não ralha com Luffy por seus modos (a criança esta em cima de uma mesa, tentando alcançar as vigas de madeira no teto com seus braços alongados enquanto é encorajado por alguns dos piratas) ou olha de forma desaprovadora para a baderna que os homens fazem o redor, ele simplesmente esquadrinha o local em busca do Ruivo (que está meio adormecido sobre o balcão) e caminha a passos decididos até ele
- Vocês precisam ir embora
- Oi pra você também, Prefeito- Shanks da um sorriso de canto, ainda muito cansado e de ressaca para ter sua energia costumeira- A gente não já deveria ter passado da fase onde você tenta nos expulsar? Achei que estivéssemos nos tornando amigos
- Eu nunca seria amigo de gente da sua laia- o Prefeito disse com arrogância, empinando o nariz no alto para a diversão do homem a sua frente- E não estou tentando te expulsar garoto, estou tentando te ajudar
- Me ajudar, é? Como você está me ajudando?- Shanks se sentou normalmente agora, prestando mais atenção ao ancião
- O avô do Luffy esta chegando. É melhor vocês estarem bem longe quando ele finalmente atracar
- O avô do Luffy? Ah, não, não. Estou muito curioso para conhecer esse homem, não posso ir embora
- Você se quer sabe quem é o avô do Luffy?
- Eh, um fuzileiro naval, eu acho, por tudo que eu juntei
- Tudo que você juntou ou tudo que eu juntei?- Benn Beckman questionou do outro lado do ruivo, tirando seus olhos do livro que lia por um momento
- Nhe, tanto faz- Shanks não deu atenção- O que importa é que essa é a teoria de todos na tripulação agora
- Vocês estão certos em presumir que ele é um fuzileiro sim, mas não um fuzileiro qualquer- Woop confirmou os olhando com seriedade- Ele é o Vice-Almirante da Marinha, Monkey D. Garp
E isso é o suficiente para fazer Shanks cair do banquinho
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Ele não percebe a princípio, muito ocupado sorrindo para o porto familiar de sua vila natal. Mas então um de deus novos recrutas aponta tremendo e então outro solta um grito de medo, um terceiro saca sua arma e Bogard está mais tenso que uma vara ao seu lado
Tudo por conta do navio atracado o porto pacifico de sua ilha pacifica em seu mar pacífico
O que o maldito Akagami iria querer em um lugar como aquele?
Mas ele conhece aquele navio, aquela bandeira, e é claramente o navio e a bandeira do pirralho de Roger
(E Shanks, Shanks e Buggy, sempre serão os pirralhos de Roger. Criados pelo maldito, guiados pela moralidade dele e ainda segurando suas memórias com carinho. Eles são os filhos de Roger em tudo, exceto sangue, mais do que Ace, cujo nascimento fora muito depois da morte do pai, jamais poderia ser)
Pensar em seu primeiro neto o deixa preocupado. Akagami estaria ali por ter descoberto sobre ele? Mas não, Garp tomou todos os cuidados para esconder a existência de seu garotinho (há um motivo para Ace estar em East, quando nasceu no South, em uma ilha que esta na proteção do próprio Garp, em uma floresta que poucos sobreviveriam caso ousassem entrar, com bandidos que jamais poderiam ser ligados nem remotamente a ele ou Roger), e não seria alguém como Shanks que conseguiria fazer a conexão, se é que alguém seria capaz
Mas o Vice-Almirante é um homem de ação, não pensamento, e pula na água antes que seu imediato pudesse perceber suas intenções e o impedir. Ele nada até a costa e sai sem se preocupar em se secar, analisando sua casa
Tudo é como sempre é, os pescadores limpando seus peixes ou se preparando para sair, alguns homens estão carregando madeira para alguma construção, há duas crianças na praia ao lado. Ele estende seu Haki e sente a calmaria comum para os moradores da pequena vila, a irritação de alguém que parecia estar voltando de Goa e é então que ele sente
Alguém poderoso, um homem com Haki digno da Grand Line caminha calmamente pela rua principal
Garp não retorna nenhum dos cumprimentos de seus conhecidos enquanto segue a energia do homem, estreitando os olhos quando chega ao destino. E não é como se ele acompanhasse a tripulação do Ruivo, ou mantivesse o controle da remeniscencia dos Piratas Roger, mas ele conhece aqueles que tem mais infâmia e aquele ali é claramente o atirador
Atirador esse que também o nota, arregala os olhos e sai correndo, com Garp em seu encalço
Tão focado ele está que nem percebe para onde o homem está indo
- Capitão, nós temos um problema gigante!!- Yasopp diz assim que invade o Bar da Festa, seu Haki indo a picos altíssimos, quase dando de cara com o pirata que procurava
- Por favor, não me diga que...- Shanks começa a dizer, engolindo em seco, mas é interrompido
O Monkey mais velho entra no local, não se dando ao trabalho de abrir as portas ao passar por elas, quebrando a ambas, olhando furiosamente para os Piratas Ruivos, que naquele momento estavam paralisados
- SEUS PIRRALHOS- ele acusou, apontando de forma selvagem para o capitão- O que estão fazendo na minha ilha? Estão procurando uma briga, é?
- Vovô- Luffy reconheceu, dando um aceno para seu familiar, mas de outra forma se mantendo tranquilamente no banco onde estava tomando um copo de leite
- Vovô?- Yasopp repetiu a palavra trêmulo
- Acabamos de descobrir- Benn explicou, exalando a fumaça de seu cigarro. Parecia que suas férias haviam acabado, e não poderiam ter acabado de forma pior
- Luffy, o que você esta fazendo aqui?- Garp questionou o neto, mas não tirou os olhos dos piratas
- É a Makino ué, eu sempre estou aqui- Luffy disse simples- Você conhece o Shanks, vovô?
- Se eu conheço..?- o velho arregalou os olhos, ficando ainda mais furioso com o pirralho de Roger- É isso que você esta fazendo aqui, seu imprestável? Tentando corromper meu netinho bonitinho?
- Eu...- Shanks ainda não estava conseguindo pensar bem o suficiente para chegar a uma resposta
- Chega!- a voz de Makino era suave, mas firme- Todos nós devemos nos sentar e se acalmar
- Makino...
- O senhor está no meu bar, Garp-san, e eu não admito brigas aqui dentro. Já me basta a porta quebrada, não quero mais prejuízos
- Ah Makino nem precisa se preocupar com essa porta, sabe que o Minatomo logo esta ai. Aquele lá não aguenta ver uma porta quebrada
- De qualquer forma, sem iniciar brigas aqui. Vá dar um oi ao seu neto, Luffy certamente sentiu sua falta
O Monkey mais velho não se moveu a princípio, analisando um por um os piratas que se espalhavam pelo estabelecimento. Todos estavam tensos, prontos para enfrenta-lo em uma briga caso uma ele iniciasse, mas não pareciam prontos para iniciarem por eles próprios
Pareciam respeitar o pedido de Makino para não haver disputas físicas ali dentro, e ele poderia aceitar isso como garantia por um momento, ele supunha. Ao menos até descobrir o que raios Akagami estava fazendo em sua casa
- Você vai sentar ou não, vovô? Quero comida- foi Luffy, inconsciente do clima atual da sala, quem rompeu o silêncio em seu tom exigente
- Claro que vamos comer- Garp forçou um sorriso e uma voz animada, colocando uma mão pesada no ombro do Ruivo enquanto o encaminhava para o balcão junto a ele
Piratas de infâmia eles poderiam ser, mas não passariam em um teste de furtividade da Marinha nem se pagassem para isso! O velho conseguiu ouvir claramente enquanto a maioria do bando Akagami tentava fugir discretamente pelas portas do bar para que ele não percebesse
(O maldito macaco até mesmo gritou enquanto se lançava para fora)
- Então...- Shanks murmurou agitado
- Ainda não estou falando com você- Garp o cortou, se virando para sua pseudo-filha quando essa colocou um prato bem abastecido em sua frente- Isso cheira delicioso como sempre, Makino
- Não elogie antes de experimentar, Garp-san- a menina pediu, sorrindo carinhosamente
Querendo saber quais foram os corajosos o suficiente para permanecerem ali, ele se virou casualmente para ver. Sem surpresa, havia apenas Beckman ao lado de Akagami e o atirador ao lado de Roo em um canto afastado
Com surpresa, Woop estava do lado de dentro do balcão, o encarando com um papel em uma das mãos e o Vice-Almirante poderia não ser o maior dos gênios, mas ele ainda fora treinado na Acadmeia Naval e conseguia juntar dois mais dois
- Contou a eles que eu estava chegando, não contou?- ele estreitou os olhos para o velho amigo
- Eles podem ser um bando de imprestáveis preguiçosos e festeiros, mas não são tão ruins assim- o Prefeito da Vila encolheu os ombros- E Luffy gosta deles
- Gosto mesmo- seu neto apoiou
- Poxa, acho que essa foi a coisa mais legal que ele já disse sobre nós- Shanks disse tocado, em voz baixa para que apenas Benn o ouvisse e logo foi silenciado pelo mesmo
-
-
Garp
Vice-Almirante Garp
Fodendo Vice-Almirante Garp
De tantas pessoas no mundo, de tantos fuzileiros navais no mundo, por que tinha que ser logo Garp o avô do Luffy?
Que azar!
Shanks realmente não sabia o que deveria fazer naquele momento. O chamado Herói da Marinha era... Um assunto sensível
Seu capitão o amava tanto quanto era possível um pirata amar um fuzileiro naval e o homem com certeza era tudo que diziam sobre ele: bruto, forte, resistente e de moral inabalável. Se alguém naquela maldita organização merecia o titulo de herói era aquele velho, o ruivo bem sabia, mas isso não o impedia de acordar de pesadelos onde seu maior medo era aquele mesmo homem coberto de sangue enquanto gargalhava chamando quem tivesse coragem para enfrenta-lo em sua juventude (e, talvez, de vez em quando, nos dias de hoje também)
Se pudesse, Shanks garantiria que nunca mais em sua vida o encontraria novamente
- Aaah, a comida estava tão boa- Luffy cantarolou quando seu prato ficou vazio, a satisfação óbvia em seu tom
- Que bom que acabou, agora vai brincar lá fora- Garp disse, pegando seu neto sem cerimônia alguma e literalmente o jogando nos braços de Lucky- Tomem conta do meu neto, vocês dois
- Mas eu quero ficar com o Shanks- Luffy fez beicinho enquanto seus dois homens o olhavam em busca de confirmação, fazendo o ruivo acenar uma única vez
- Faça com que Lucky te ensine o truque da bolinha no copo, Âncora- Shanks sugeriu com uma leveza qual não sentia- Quando eu terminar de falar com seu avô eu vou lá descobrir se ficou bom ou não
- Com certeza- a concordância do pequeno foi rápida e logo ele, Roo e Yasopp estavam fora do bar
- Você e Makino também deveriam sair agora, Woop- Garp disse
- Eu não acho que devemos, Garp-san- foi Makino quem respondeu, levemente apreensiva enquanto o olhava de esguelha
- Não vou matar o garoto no seu bar, Makino- Garp falou exasperado- Manchas de sangue são terríveis de sair quando impregnam na madeira. Eu saberia
- Esta tudo bem ir, Ma-chan- Shanks deu um sorriso encorajador a ela e em troca conseguiu a pior coisa imaginável naquela situação: a atenção de Monkey D. Garp concentrada nele mais uma vez
- Eu vou estar lá em cima. Vou ouvir se gritar- ela disse tocando de leve em sua mão, mas parecia que o aviso era mais para a companhia ao seu lado
- Não seja um inconsequente- o Prefeito mandou, apontando sua bengala para Garp antes de se virar para ele- E você tente não ser morto
- Eu sempre tento isso- Shanks garantiu
- Parem de se preocupar, o imediato do pirralho vai ficar por aqui também- Garp banalizou a situação toda, como era típico dele, e os dois moradores locais subiram para o segundo andar do estabelecimento
- Vou encher nossas canecas- Benn declarou, se dirigindo para o outro lado do balcão
O silêncio durou cinquenta e sete segundos antes que o velho falasse outra vez. Ele contou
- Por que você esta aqui?
- Olha, eu não quero confusão, tudo bem?- Shanks tentou ser apaziguador- Eu juro que não sabia que Luffy era seu neto
- Quer mesmo que eu acredite que não fez a conexão?- Garp arqueou uma sobrancelha, nem mesmo reconhecendo Benn quando este colocou uma cerveja em sua frente
- É o que foi
A verdade soava inacreditável até mesmo para ele. Por que não investigara mais sobre a família aparentemente inexistente de Âncora? Por que ele nunca perguntou a droga do seu sobrenome? Seu incômodo com o tratamento do avô para com a criança deveria ter sido maior, o que, sabe, agora sabendo o que ele sabe, faz tanto sentido
Aquele era Garp! O homem com um soco destruiu cinco montanhas só na brincadeira, o homem que acabou com Don Chinjao de uma forma tão espetacular que ninguém nem mesmo tinha mais noticias sobre o que o cara fazia nos dias de hoje, o homem que ia de igual para igual com seu capitão
O homem que atirava bolas de canhão mais fortes e mais velozes que os próprios canhões só para aquecer
É claro que seu neto teria o treinamento mais insano de todos os tempos, o avô dele era a criatura mais insana de todos os tempos!
Sem contar nos incontáveis inimigos que o chamado herói fizera ao longo dos anos. A tripulação de Roger pode ser boa demais para ir atrás de uma criança por retaliação, mas no mundo que viviam eles eram mais a excessão do que a regra
Não que Âncora fosse capaz de se defender de alguém como, não sei, Big Mom, se a mulher fosse querer um pequeno acerto de contas para o que quer que tenha acontecido em segredos trancados a sete chaves que era todo o incidente de God Valley. Mas hey, todo mundo precisava começar em algum lugar
- Pirralho, não força minha boa vontade
- Acha mesmo que eu viria de boa vontade para a ilha que é a sua casa e, o que, manipularia um criança de sete anos para te atingir?- Shanks ficou incrédulo- Uau, eu estou mesmo bem colocado na sua lista de moralidade
- Não seja estúpido
- Qual é, Garp! Você me conhece
- Não, não conheço- o fuzileiro negou- Da última vez que te vi você era um pirralho no bando de Roger que se mantinha atrás de Gabban com o outro pirralho. Você cresceu muito desde então
- Mas você conheceu meu capitão e ele foi o único pai que já tive. Quer dizer, exceto Ray-san, é claro- o ruivo se apressou em completar- Eles me ensinaram o que é certo e o que é errado
- As crianças se desviam dos ensinamentos dos pais todos os dias- pode chamar ele de louco, mas Shanks jurava que ouviu um toque de amargura nessas palavras
- Bem, então não sei o que mais posso te dizer para que acredite em mim
- Luffy gosta de você, e Makino também. Até Woop gosta
- Eu não tenho muita certeza sobre esse ultimo
- O ponto é que eu vou te dar um voto de confiança nisso, pirralho. Pelo menos por enquanto
- Então... Sem brigas destruidoras de cidades?- Shanks perguntou aliviado. A ultima coisa que ele queria era destruir metade de Dawn em uma briga com Garp apenas para ter que fugir e deixar sua Âncora, Makino e os meninos para trás sem nem mesmo se despedir
Céus, os meninos! Ace e Sabo estavam atrasados naquele dia e que sorte foi essa. Será que eles logo estariam aqui? O ruivo só esperava que Yasopp e Roo tivessem o bom senso de interceptar o caminho daqueles dois
- Por enquanto não- Garp confirmou- Pelo menos não por esse motivo. Agora me diga porque esta aqui
- O que..? A gente acabou de passar por isso!- o pirata ficou incrédulo
- Não, passamos pelo fato de que você não esta usando meu lindo netinho contra mim. Ainda não sei porque esta aqui
- Férias
- Férias?
- Pois é, férias. Benny aqui disse que eu precisava de uma pausa, então viemos visitar Buggy e meu sake acabou no caminho, então paramos para abastecer e eu gostei do lugar. É só isso
- Então seus motivos para estar aqui não tem nada haver com a montanha?
- Por que teriam haver com uma montanha de todas as coisas?- Shanks ficou ainda mais incrédulo, completamente confuso com o rumo das perguntas do marinheiro- Eu sou um pirata. O mar é muito mais minha coisa do que a selva
- Certo, então- Garp suspirou, se levantando em seguida- Não gosto da sua presença aqui, não gosto da sua proximidade com as pessoas da minha vida, mas vou aceitar por enquanto em nome deles. Mas que fique claro, pirralho: se tentar machucar qualquer um deles de alguma forma, eu te arrebento em mil pedacinhos. Não há Roger, ou Rayleigh, ou Gabban, ou Oden para te defender aqui
- Acredite, eu sei bem disso- Shanks garantiu, tentando não soar amargo com isso
Era uma vez os Piratas Roger. A tripulação acabou junto com a morte de seu capitão e nenhuma daquelas pessoas que ele contava como sua família viriam ao seu socorro, nunca mais. Shanks estava por conta própria agora
Não, não por conta própria. Ele tinha Benn, sempre teria Benn. E ele tinha Yasopp, Roo, Monster, Banshee e todos na sua tripulação. E, por enquanto (e ele queria muito que continuasse para sempre, ele percebeu de repente), tinha Makino e aquelas três crianças selvagens e incríveis
Mas para continuar tendo eles, Shanks não precisava só da aprovação de Garp, mas sua boa vontade em não delata-lo
E lá iria ele se arrastar para boas graças do bicho papão de sua infância
Será que sua tripulação estava certa e Ancora o tinha enrolado em seu dedo? Nem adiantava mais negar, ele supunha
- Assim, só para continuarmos claros e tudo- o pirata começou com cuidado, fazendo o homem parar no meio do seu caminho para fora- Eu posso, talvez, ter me descuidado de uma Akuma no Mi por um momento e talvez Luffy possa ter comido ela...
- Qual?- Garp questionou, os punhos cerrados ao lado do corpo
- Gomu Gomu
- Claro, foi você que saqueou aquele navio. Não deveria me surpreender, considerando que está por aqui
- Acha que esse é o momento em que devo gritar pela Makino?- Shanks sussurrou hesitante para Benn ao ver Garp ainda parado estático no meio do bar, que apenas encolheu os ombros
- Como vocês podem ver, eu não matei ele- o homem disse, levantando a voz um pouco, antes de finalmente sair do Bar da Festa
Obviamente tendo estado no corredor ouvindo toda a conversa, não foi demorado para Makino e o Prefeito estarem mais uma vez no andar de baixo. A moça correndo até ele e usando as duas mãos para tocar em seu rosto, o olhar preocupado
- Garp-san te machucou de alguma forma?- ela quis saber, o analisando com os olhos
- Eu estou bem- o ruivo tentou garantir, tirando umas das mãos de seu rosto para poder segura-la e deu um sorriso fraco
- Não se preocupe garoto, Garp é durão e um cabeça dura, mas logo vai perceber o que todos nessa vila já perceberam- Woop Slap disse com os lábios pressionados- Eu vou falar com ele, se for preciso
- Obrigado, Prefeito- Benn agradeceu em seu lugar
Com a mão de Makino sendo a única coisa que o ancorava na realidade naquele momento, Shanks se perguntou que sensação assustadora era aquela na boca de seu estômago. Parecia que Garp viera para abalar as estruturas de seu mundo, para arrancar o tapete metafórico da segurança bem de baixo de seus pés agora que ele estava se acostumando com o macio
Exatamente como em sua infância
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Então, como visto, o pirralho Akagami não estava ali por Ace, o que era algo bom
E também era algo ruim
Ao menos, se ele tivesse vindo por Ace, Garp teria uma noção de como lidar com a situação. Ele sempre se preparou para a possibilidade de um Roger surgir das profundezas do inferno qual habitavam para tentar atrapalhar os planos que ele fizeram aos netos, seria fácil
Seria tão mais fácil se tudo que ele tivesse que fazer fosse apontar como o próprio Roger o escolhera para criar a criança, apontar que graças a suas criações Shanks e Buggy jamais tiveram um dia de paz desde muito antes de conseguirem entender o que era tal conceito, como eles corroeram todas as chances daqueles dois serem civis e como não seria certo arrancar essa escolha de Ace
Ele estava preparado para isso, confiante ate, de que venceria essa discussão. Se não por seus próprios argumentos, pela pura teimosia de que Ace teria de não ir com alguém associado ao pai que ele tanto odiava
(Nunca foi a intenção de Garp fazer com que Ace odiasse Roger, ele até tentou contar histórias, mostrar a parte boa do homem para que seu neto não crescesse achando que viera de alguém puramente mal, mas ele também achava que Ace merecia saber quem era seu pai, porque vivia com os bandidos sem conhecer a ele ou sua mãe. Garp achava que se um dia o pior acontecesse, ao menos Ace saberia para quem fugir, ele saberia que estaria seguro entre aqueles que já foram a tripulação de seu pai
Foi um grande erro, no fim das contas. Mas Garp aprendeu a lição, e jamais cometeria o mesmo erro com Luffy
Dragon seria, até que o garoto pudesse entender realmente o mundo, um segredo que apenas um grupo seletivo de pessoas saberia)
De qualquer forma, sim, teria sido mais simples se tivessem procurando por Ace
Mas isso?
Ele poderia ser um Vice-Almirante da Marinha, ele poderia acreditar na Justiça, embora não perfeita, era o menor dos dois males, ele poderia acreditar que talvez o mundo estivesse melhor do jeito que estava, mas eno fim ele ainda era Monkey D. Garp
D. Ele era um D., e como era o dever de um D. que já sabia de muito e já havia visto muito, Garp acreditava no destino
Akagami estar na mesma ilha que o filho de seu capitão não era coincidência, assim como não o era ele ter se ligado a Luffy de todas as pessoas. A única questão que ficava era: o destino o estava puxando para Ace ou para Luffy?
Garp não tinha certeza se gostaria da resposta para aquela pergunta
E, claro, foi nesse mar de dúvidas e medos que ele se encontrou tendo seu dia piorado ainda mais
Ace. Seu neto Ace, quebrado por uma verdade pesada e amarrado junto por pura marra, o neto qual ele estava indo visitar naquele exato momento nas montanhas, de onde ele nunca deveria sair, estava há alguns metros de distância observando Lucky Roo girar três copos de plástico em uma superfície plana ao lado de um garoto loiro qual ele nunca vira e Luffy
O choque foi tão grande que o homem até parou em sua trilha, olhando embasbacado para a cena a sua frente. Alheio aos olhos, seu neto (o biológico) se inclinou para seu outro neto (aquele que ele escolheu como tal) e sussurrou algo baixo demais para ele ouvir, mas que fez Ace revirar os olhos
Eles se conheciam?
Desde quando Ace e Luffy se conheciam? E por que isso nunca fora mencionado para ele antes?
Foi nesse momento que o loiro o notara, balançando Ace para chamar sua atenção e apontar sua presença. O moreno levantou os olhos abriu a boca em choque e ficou uns dois tons mais branco
- Velho de Merda..?- Ace questionou sem acreditar
- O que?- Luffy perguntou se virando para ele, mas avistou o mesmo que os outros dois- Oh, vovô! Vem ver esse truque legal que o Lucky sabe fazer
- Vovô?- Ace se virou para o menor tão rápido que foi uma surpresa seu pescoço não estalar
- É- Luffy respondeu, sem entender porque estava todo mundo se espantando com isso
- Vovô?- Ace repetiu, incrédulo
- Eu ja disse que sim, Ace
- Mas como..?
- Ace, o que você está fazendo aqui?- Garp perguntou, começando a se agitar
Akagami havia mentido para ele e realmente estava aqui pelo filho de seu capitão? Ou essa era só mais um coincidência maluca do destino?
- Nós viemos visitar nosso amigo Luffy, senhor- Sabo respondeu pelo amigo, que ainda estava chocado- Eu sou Sabo, a propósito
- Direito, eu esqueci de contar- Luffy percebeu- Vovô, lembra quando eu disse que queria irmãos e você disse que isso não era com você?
- Lembro...
- Bem, eu resolvi a situação- Luffy pulou entre seus dois irmãos, passando seus braços por seus pescoços várias vezes e os puxando para perto de uma forma desconfortável- Arranjei dois sozinho
- Você arranjou, é?- Garp não conseguiu evitar o sorriso- E como voce fez isso?
- Foi da maneira mais legal, você não vai nem acreditar...- Luffy desatou a contar a história de seu encontro e posterior irmandade
Enquanto ouvia seu neto, Garp ficava cada vez mais impressionado. Okay, ele era um D. e acreditava no destino, mas o quebra cabeça que ele estava montando era... Loucura. Poderia Luffy, Ace e Shanks se encontrarem por mero acaso sem nenhum deles estarem procurando ativamente um ao outro? Como? E por que?
Parecia que seria um adeus definitivo para sua licença de quinze dias. Ele teria mais o que fazer do que apenas treinar um pouco seus netinhos selvagens para serem fortes e descansar
-Isso sim que é história- Garp disse no fim de tudo, realmente um pouco impressionado- Meus dois netos agora também são irmãos. E suponho que tenho um novo neto agora também
- Ah, não, não. Eu...- Sabo tentou se esquivar
- Muito bem netinhos, hora do treinamento!- Garp anunciou com animação, pegando todos os três em uma braçada só e começando a se encaminhar para a floresta, mesmo sobre seus protestos
Ele nunca começava suas visitas com treinamento, isso era reservado para o dia seguinte, mas parecia que haveria muitas mudanças de planos a partir de agora. Havia necessidade de respostas sinceras para ele descobrir o que faria com Akagami e que maneira melhor de consegui-las do que fazendo seus corpos se cansarem demais para suas mentes funcionarem?
- Deveríamos, não sei, tentar resgatar eles ou algo assim?- Yasopp perguntou hesitante, ainda conseguindo ouvir os pedidos de socorro das crianças apesar de já não estarem mais a sua vista
- Eu não quero me envolver nisso- Lucky foi muito sincero
- É, nem eu- o atirador suspirou aliviado
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O treino foi brutal, é claro. Entre socos, chutes e um ou dois pontapés, as três crianças pareciam mais próximos de um estado de coma do que a vivacidade que possuíam antes de cruzarem seus caminhos com o vovô
- Treinos nunca são para o primeiro dia- Luffy lamentava, sua voz soando esquisita por conta do esforço minimo que ele estava fazendo para mexer a mandíbula- Por que dessa vez é diferente? Não é justo
- Você deveria ter avisado que o Velho de Merda estava vindo- Ace queria muito dar um soco no menor por sua desatenção, mas não era muito capaz de levantar o braço para tal ato- Como você nunca nos disse que ele é seu avô?
- Você também não me disse- Luffy fez beicinho- E vovô me ensinou a nunca dizer meu nome inteiro a ninguém, não ate eu ser forte o suficiente para bater neles
- É uma lógica muito boa na verdade- Sabo se intrometeu no assunto, pensativo. Ser um Monkey vinha com um conjunto de problemas completamente diferente daqueles que vinha com ser um Gol ou um Nobre renegado, mas todos eram problemas e até que eles fossem fortes o suficiente para se defenderem de tais, era melhor apenas não sair por ai anunciando
- Mas é uma coincidência ridícula- Ace ainda estava incrédulo- Como nunca nos conhecemos antes?
E essa era uma questão que atormentava a mente do garoto. Ele e Luffy viviam na mesma ilha, ambos eram, aparentemente, netos do mesmo homem, então por que Garp nunca os apresentara? Por que Ace vivia com bandidos no topo de uma montanha, enquanto Luffy tinha Makino e o Prefeito para cuidar dele em sua vila perfeitamente acolhedora? O Velho não o queria perto do caçula? Ele não queria que o sangue demoníaco de Ace sujasse a luz de Luffy? Ele amava mais seu neto de sangue?
O Portgas odiava pensar assim, odiava com tudo que tinha, mas não conseguia parar. E a cada nova pergunta nessa mesma linha de raciocínio que vinha a sua cabeça, o deixava pior
Tão imerso em seus pensamentos o garoto estava, que nem percebeu quando seus irmãos começaram a dormir. Sabo foi primeiro, nem um pouco acostumado com a sessão de tortura que o Vice-Almirante tinha a cara de pau de chamar de treinamento; Luffy depois, tendo ficado acordado até muito tarde com os piratas na noite passada
- Eles dormiram sem o café da tarde?- Garp balançou a cabeça desapontado, o crocodilo que ele carregava caindo de suas mãos
- Você quase os matou- Ace apontou de forma lacônica
- Justo você exagerando, Ace? Você sabe que pode ser pior- o velho não lhe deu muita bola
- Sabo não esta acostumado com isso- o garoto se sentiu incrivelmente protetor com seus irmãos mais novos- E Luffy...
- Luffy recebe o mesmo tratamento que você- Garp o cortou facilmente
- Recebe?- Ace não queria soar tão cético quanto soou, mas não conseguiu se impedir
- Ora, claro que sim
- Mas ele é o seu neto de verdade, não é?
- Você é meu neto de verdade. E esse loirinho também, agora que eu sei que ele existe
- Não é a mesma coisa
- Como não?
- Só... Não é- Ace exclamou frustrado- Sangue importa, okay? Sangue importa pra todo mundo. Até pra você. É por isso que eu vivo na floresta com bandidos que me odeiam e Luffy é protegido pela Makino na vila
- Você acha mesmo que isso é verdade?- Garp assumiu uma postura mais séria, e suspiro quando o moreno nada disse- Não tenho certeza de como explicar isso de uma forma que você entenda, Ace, mas o mundo é muito complicado. Existe muitos pontos de vistas, e muitas questões e muitas atitudes, e não importa a sua idade, você nunca vai saber se esta fazendo o certo. O que é a salvação de um, pode ser a destruição de outro; as consequências são coisas que ninguém pode prever
- Eu não estou entendendo nada- Ace franziu o cenho- Por que esta sendo tão filosófico? Isso é pura besteira
- Certo, certo- o avô deu uma risadinha, entendo o mais novo- Tudo que estou tentando te dizer é que eu só faço o que acho certo, mas não consigo prever as consequências dessa minha ação ou se vai continuar sendo a certa daqui a alguns anos. Sabe, muito tempo atrás, em uma ilha, havia um bebê
- Eu já sei dessa história- Ace disse entediado. Ele realmente não precisava ouvir outra vez como vovô o havia encontrado
- Não, não. Você só acha que sabe, escute e vai ver- Garp incentivou- Era uma coisa pequeninha, esse bebê, mas tinha um pulmão e tanto quando chorava. Ele estava cercado de destruição e morte, mas nada daquilo deveria afetar sua vida, era só um bebê pego no meio de planos de homens vis
- Velho...
- Eu te pedi para escutar até o fim, não pedi?! Agora fique quieto e me ouça. Eu peguei esse bebê e não podia em sã consciência deixar que levasse a culpa por crimes que não eram dele, então tomei uma decisão: dei esse bebê a um pirata
- O que?- Ace arregalou os olhos, mal conseguindo acreditar nas palavras
- Se eu o levasse comigo, não sei o que aconteceria com ele; o pirata, por outro lado, estava tão investido em sua segurança quanto eu
- O que houve com o bebê?
- Cresceu no navio. O tal pirata arranjou outra criança da mesma idade e os dois foram criados juntos, nem mesmo eu posso dizer com exatidão qual foi o bebê que salvei naquele dia e qual é o outro, embora tenha minhas suspeitas. Mas ele cresceu, se tornou um pirata de direito próprio, salvou algumas ilhas e destruiu outras. Se eu perguntar a alguém que teve sua vida tocada por ele de forma errada, vão dizer que cometi o maior dos erros e a criança deveria ter sido entregue ao Governo para seu destino ser decidido por eles; se eu perguntar para alguém que ele salvou, aquela foi a minha melhor decisão
- Não entendo muito bem onde você quer chegar
- O ponto é que eu não sabia o que o bebê se tornaria quando o salvei, não sabia se estava tomando a melhor decisão, e mesmo hoje a resposta não está definida, porque há os dois lados. Eu só faço o que sinto que devo fazer, mas nunca sei se é a melhor decisão tomada
- Então... Você sentiu que deveria me deixar com os bandidos, e o Luffy na vila? Mas você não tem certeza se foi a melhor decisão de todas, só que parecia assim na época- Ace juntou tudo que entendeu, recebendo um aceno orgulhoso do avô
- Você foi meu primeiro neto, Ace- Garp relembrou com carinho- Tudo que seu pai me pediu foi para te tirar de sua ilha natal, garantir que você vivesse, mas ele não me falou o que fazer a seguir. Lembro de pensar que precisava te colocar muito longe de Baterilla o mais rápido possível, em um lugar que nunca pensariam em procurar, e minha casa foi o primeiro lugar que pensei. Makino era muito pequena para cuidar até de si mesma, quanto mais de um bebê e eu precisava voltar para a Marinha antes que alguém suspeitasse, então pensei em Dadan. Crescemos juntos, você sabe, não muito próximos, mas sabíamos quem era um ao outro e eu sabia os incentivos certos para que ela concordasse com meu plano
- Você a ameaçou com a prisão- o moreno sabia muito bem que essa era a tática preferida do velho
- Deu certo. Você ficou aqui e eu fui garantir que ninguém te procurasse no lugar certo, demorou um tempo para que a poeira abaixasse e eu pudesse voltar aqui para ver como você estava, mas nesse tempo um plano se formou em minha cabeça. E se eu te deixasse aqui? Quem procuraria o filho de Roger na minha ilha natal, com bandidos, em um floresta mais que mortal? Era o esconderijo perfeito- Garp apontou
- Eu sempre entendi porque você me deixou aqui- Ace garantiu, dando de ombros- Faz sentido isso. Mas por que você nunca me apresentou ao Luffy?
- Não era seguro- ele disse simples- Esse meu plano era ótimo, mas eu tinha medo de ficar confortável demais com ele e acabar sendo pego. Quando meu filho idiota...
- Espera, você tem um filho?- o Portgas arregalou os olhos, sufocando com o ar em surpresa- Quer dizer...- fazia sentido, para ele ter um neto, antes ele teria que ter um filho também- Por que você nunca me falou dele? Você me contou sobre sua esposa, mas nada sobre um filho
- Porque Dragon é um teimoso com crenças grandes demais para o nosso tempo e uma cabeça mais inteligente e arrogante do que deveria- Garp disse como se aquilo fosse óbvio- Um pouco parecido com você, na verdade, Ace
- Mesmo?
- Ah, sim. Um idealista, o Dragon, querendo a melhor versão do mundo pra ontem
- Não parece alguém nada ruim
- E não é. Estou muito orgulhoso dele, para ser sincero, mas esse é um objetivo que traz consigo muitos inimigos. Meu filho fez do próprio mundo um adversário e agora o Governo Mundial anseia por exterminar qualquer coisa que tenha haver com ele
Garp não precisava falar mais nada, Ace havia entendido o que ele estava falando. O Governo odiava o tal Dragon, queriam ele e sua linhagem extinguida para todo o sempre, o que incluía Luffy. A criança mais feliz do mundo, o puro sol em uma casca humana, seu irmãozinho, carregava o pecado do sangue em sua alma da mesma forma que ele
- Eles o estão procurando também?- a voz da criança foi sussurrada, a imagem fio de quebrar com o medo que apertava sua garganta- É por isso que a mãe dele não esta por perto?
- Eu não conheci a mãe dele e aquele meu filho imprestável não se deu ao trabalho de me falar nada sobre ela- o fuzileiro fez careta, visivelmente chateado com esse fato- Mas o Governo ainda não sabe sobre a existência de Luffy. Dragon teve ao menos a decência de parar de usar seu sobrenome quando começou sua Revolução e muitos poucos o conectam ao filho que trabalhou comigo muito tempo atrás
- Isso é bom- era mais do que bom, era ótimo. Apenas graças a essa certeza que Ace poderia respirar outra vez
- Ninguém sabe da linhagem de Luffy, é por isso que o melhor lugar para ele é escondido a vista de todos. Ninguém suspeitaria que um cidadão perfeitamente comum tem uma linhagem tão... Como você diz? Demoníaca
- Luffy não é normal- o futuro pirata disse na lata, sem nem perceber que essas palavras sairiam de sua boca
- Bem, ele é um Monkey- Garp deu de ombros, como se isso explicasse tudo- Sobre o porque não ter apresentado vocês? Eu não sei, você não parecia muito interessado em fazer amigos, não queria impor a presença dele a você. Ele pode ser demais as vezes
- Eu não estava- Ace acabou concordando- Mas agora...
- É, ele tem esse poder- Garp sorriu com carinho- Me promete uma coisa?
- Dependendo do que for
- Você só vai dizer a aqueles que você confia sobre a ligação de vocês dois, essa irmandade. Se alguém descobrir sobre um de vocês pode achar que o outro também é, ou podem investigar e descobrir o que não deveriam. Assim, ao menos um de vocês estará seguro
- Eu sempre vou proteger o Luffy, Velho- Ace disse seriamente- Eu prometo
- Chega dessas conversas sentimentais então! Agora vamos acordar esses pirralhos que já está mais do que na hora de comer
Não havia necessidade de dizer outra vez, Ace ja estava chacoalhando os dois irmãos para ficarem despertos (Luffy foi mais fácil, era apenas dizer que havia carne e o pequeno já estava pronto para sair de seu estado de sono. Sabo, por outro lado, detestava ser acordado e precisou de muitos resmungos e remexidas antes de aceitar a derrota, bem infeliz)
- Eu amo carne de crocodilo- o Monkey mais novo lambeu os lábios em antecipação
- E eu amo dormir em paz- Sabo disse ácido, lançando um olhar irritado na direção do irmão mais velho, que apenas deu de ombros
- Ou você come agora ou ficaria sem comida
- Preferiria continuar com a minha soneca e ficar sem comida. Esse treino foi um pesadelo
- Não reclama que amanhã vai ser pior- Garp avisou, fazendo o loiro abrir a mandíbula em choque
- Ace, agora eu entendo porque você é assim- Sabo disse solene
- Cala a boca- o moreno mandou
- Certo, então, Garp-san...
- Me chama de vovô
- Tudo bem... Vovô- Sabo testou a palavra em dua língua, ainda se sentindo estranho- Eu apenas queria saber quanto tempo você vai permanecer por aqui?
- Já querendo se livrar de mim, pirralho?- Garp se divertidos e Sabo deu de ombros, não exatamente negando esse fato- Minha licença é de quinze dias, mas pode ser que eu a estenda mais. Preciso descobrir como vou lidar com Akagami ainda
- Shanks? O que tem o Shanks?- Luffy se interessou pela conversa, a boca cheia de comida enquanto falava- Achei que você já tinha decidido que ele é legal
- Isso é o que você diz
- Ele não é tão ruim- Ace deu sua opinião- Sério, deixa o idiota em paz, velho. Shanks esta só de férias
- A tripulação dele também é ótima- Sabo adicionou- Outro dia mesmo aprendi uma fascinante lição sobre o estocamento ideal para um navio com Lucky
- Vamos ver, pirralhos, vamos ver...
Eles não falaram mais nada sobre o assunto então, todos mais ocupados em comer do que em manter uma conversa ativa
Isso, o vínculo entre as três crianças e Garp, isso sim é algo que acontece em outros mundos, algo para ser comparado. O tempo que ele teve com cada uma das crianças em cada um dos mundos está em constante mudança, mas há três coisas que sempre serão iguais: Garp vai sempre aceitar Sabo facilmente como um dos seus, o loiro se torna seu neto no momento em que se torna irmão dos outros dois, apesar de nenhum deles saber disso na época, e esse é um vinculo que nem uma suposta morte pode quebrar; Luffy é e sempre será um espelho de um e se, seu netinho é mais parecido com ele do que Dragon jamais foi ou que jamais será; e Ace... Ace é sua certeza, porque ele pode falar que as escolhas certas mudam com pontos de vista e com o tempo passando, mas jamais deixará de ser a escolha certa salvar aquele pequeno bebê, Ace é seu neto e ninguém vai tirar isso dele
Em alguns mundos, esse vínculo que ele tem com os três é machucado de diversas formas. Ele é rasgado, torcido e desfiado, é manchado por escolhas, mas nunca se desfaz
Já em outros, ele é forte, brilhante e reluzente. É nesses mundos que os garotos usam branco e azul com orgulho, é um mundo em que Luffy troca seu chapéu de palha por um outro tipo de boné, é um mundo onde Ace vai atrás de Barba Negra por um motivo que nada tem haver com a traição dele a Edward Newgate, é um mundo onde Sabo escolhe fazer as mudanças por dentro
Esse não é nenhum desses mundos. Aqui o laço não esta reluzente e nem manchado. É um lugar onde esse fio vermelho do destino que tanto conecta pessoas umas as outras vive em constante mudança, em uma eterna metamorfose, nunca se contentando a uma coisa só
Há a infelicidade, o desgosto, o medo. Há o orgulho, a alegria, a confiança
Há de tudo
Quem poderia imaginar que a permanência de um pirata inconstante como Akagami no Shanks poderia mudar tantas coisas assim? Certamente não ele ou Benn quando planejaram essa viajem, certamente não Garp quando achou que poderia permitir a presença do pirralho pela felicidade de seus netos
Certamente não o pai de Sabo, quando pediu a Bluejam a trazer o filho de volta para casa depois de vê-lo correndo pela Cidade Baixa
ErroryChi on Chapter 1 Mon 07 Nov 2022 10:18PM UTC
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Medininha on Chapter 1 Mon 07 Nov 2022 10:37PM UTC
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Ingrid_Alves on Chapter 1 Wed 04 Jan 2023 07:14PM UTC
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Colibri84 on Chapter 1 Sun 27 Nov 2022 02:24PM UTC
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Colibri84 on Chapter 1 Wed 04 Jan 2023 05:18PM UTC
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Ingrid_Alves on Chapter 1 Wed 04 Jan 2023 07:14PM UTC
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Colibri84 on Chapter 2 Sun 25 Jun 2023 01:17AM UTC
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Aithusa13 on Chapter 2 Wed 05 Mar 2025 01:54PM UTC
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