Chapter 1: A irmã mais velha de Itadore Yuji
Notes:
Então, essa é minha primeira história escrita espero que vocês gostem. Estou começando como um hobby, além de treinar minha escrita e talvez deixar a timidez e interagir com as pessoas na internet ヾ(@°▽°@)ノ.
Aviso: A classificação Madura está mais para as cenas pesadas do que por conteúdo +18, não quer dizer que não tenha, ainda estou averiguando a possibilidade de ter.
O principal local que vou postar é no Wattpad, então vou deixar o link aqui em baixo para vocês irem lá se estiverem interessados (Lembrando que lá vai está em português e no app não tem como traduzir).
Link para o Wattpad: https://www.wattpad.com/story/341296559-al%C3%A9m-do-infinito
Espero que gostem e aproveitem (ノ*゜▽゜*) ヾ.
[Os direitos autorais sobre a historia são meus então sem plagio ok!!]
[Direitos aos personagens e historia de Jujutsu Kaisen para o incrível homem Gege Akutami]
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
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"Eu não sei quando vou morrer, mas não quero me arrepender do meu jeito de viver" foi a resposta de Itadori Yuji enquanto segurava aquele boneco que o havia espancado.
Silêncio.
O rosto de Yaga se contraiu em um leve sorriso.
"Satoru, mostre para ele onde ficam os dormitórios. Aproveite e explique sobre a segurança e o restante." Depois de uma pausa, por fim, o diretor Yaga concluiu com seu veredito: "Parabéns, você foi aprovado. Bem-vindo à escola de magia."
Ansioso com o desdobrar dos acontecimentos, mas aliviado por não precisar mais apanhar de um daqueles bonecos estranhos, Yuji finalmente sente que poderia abaixar a guarda em relação à sua execução e focar em virar uma nova página na vida, tanto como estudante do ensino médio quanto como feiticeiro de jujutsu.
Levantando-se do chão após receber mais um soco do boneco, Yuji curvou-se para agradecer ao diretor por aceitá-lo, logo em seguida se recompondo e pegando suas coisas.
Seguindo Gojo-sensei para fora do "salão de teste" – apelido carinhosamente dado por Yuji daquele local –, ele parou de repente na porta, com uma expressão meio confusa, como se estivesse se lembrando de algo importante, chamando a atenção dos dois adultos que estavam ali.
"Algo de errado, Itadori Yuji?" Disse o diretor Yaga, sem saber ao certo qual seria o problema que aquele jovem teria adquirido no curto período de tempo entre sua chegada para a "entrevista" e o momento de sair para se acomodar.
"Hum? Não! Não, nenhum problema. Na verdade, quase esqueci de avisar." Coçou o pescoço. "Eu expliquei parcialmente a minha situação para minha irmã, e ela pediu para avisar que visitarei o senhor nas próximas semanas para falarem sobre minha mudança de escola e todo o resto." Gesticulando, feliz por ter lembrado o pedido de sua irmã, Yuji falou especialmente orgulhoso, como se não houvesse nenhum problema com a informação que acabara de compartilhar com os outros ocupantes da sala.
"Irmã?"
"Sua irmã?"
Ambos falaram ao mesmo tempo, sem entender ao certo o que fazer com essa nova informação.
"Hum? Sim, minha irmã mais velha." Sem saber ao certo o que dizer, acrescentou, tentando preencher o silêncio que se segue após sua fala: "Depois de se formar, ela decidiu cursar uma faculdade fora do país, mas, com a saúde do vovô cada vez pior, optou por adiantar o que faltava para concluir o curso e voltar para ficar com a gente. Agora que o vovô já se foi, ela só precisa resolver a parte burocrática para voltar."
"Eu pensei que vocês, tipo, fizeram como nos filmes: recrutaram as pessoas depois de já terem lido uma ficha de cabo a rabo sobre a vida delas." Yuji se lembrou perfeitamente do momento em que acordou naquela sala cheia de selos, com Gojo-sensei parecendo já saber tudo sobre ele.
"Ma, ma, Yuji-kun, não faz esse tipo de coisa por aqui. Onde você acha que está? Em algum filme? Hehe, ridículo", disse Gojo, sorrindo e quebrando a atmosfera estranha, enquanto se afastava para levar Yuji ao seu dormitório. Sem que ele percebesse, Gojo acenou para Yaga, indique que conversariam mais tarde.
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Depois de deixar Yuji se acomodar em seu novo quarto, acompanhado por Megumi – que deixou claro que mais tarde eles saíram para buscar outro colega de classe –, Gojo se vê batendo na porta de Yaga para discutir o que aconteceu mais cedo.
Toctoctoc.
"Entre, Satoru."
Enviado em sua mesa cheia de papéis, o diretor Yaga analisou a ficha que recebeu, contendo as informações de Itadori Yuji.
"Então... irmã mais velha, hein?"
Gojo se jogou na cadeira em frente a Yaga, com os membros largados de forma relaxada, enquanto olhava, por trás de sua venda, para a mesma ficha que o diretor analisava.
"Não consta nada que mencione ele ter uma irmã, muito menos uma mais velha, na ficha que recebeu. Já pedi que fizem uma nova pesquisa, mas parece que vai demorar. Por enquanto, tente arrancar algo de Itadori até que a irmã dele entre em contato comigo ou até recebermos uma nova ficha." Soltando um suspiro, Yaga voltou seu olhar para encarar Gojo com seriedade.
"Eu acho que você está se preocupando demais. Qual o problema do meu aluno ter uma irmã?" comentou Gojo, mexendo em seu celular. Antes que Yaga pudesse responder, ele acrescentou: "Não tem o que se preocupar. Mesmo que ela queira fazer um escândalo ou exigir algo, ela não poderá afetar em nada a sociedade jujutsu, muito menos a mim e aos meus alunos. Afinal, eu sou o mais forte." Essa última parte foi dita vagarosamente, acompanhada de um sorriso debochado.
Eles se encararam.
"Satoru, não é sobre o que ela pode fazer, mas sobre o que acontecerá ao trazê-la para este mundo. Sendo ela uma civil, estamos colocando-a em risco. Mas essa nem é minha maior preocupação." Yaga suspirou enquanto massageava o nariz. "Os assistentes estão com dificuldades para encontrar informações sobre ela, e isso está me incomodando."
"Bem, Yuji-kun disse que, depois de se formar no ensino médio, ela foi cursar uma faculdade fora do país. Imagine que não tenhamos muitas informações por esse motivo, já que também sabemos um pouco sobre a família Itadori."
Gojo se espreguiçou na cadeira, descansando as mãos atrás da cabeça e relaxando a postura enquanto olha para o teto.
Houve uma pausa na conversa. Ambos organizavam seus pensamentos. Agora, com uma nova incógnita adicionada às suas vidas, não sabiam o que esperar.
"Ou os assistentes são muito incompetentes para não conseguirem pesquisar a vida de um civil, o que nos deixa com outra possibilidade: você, sensei, está sendo muito brando com a disciplina deles."
Gojo falou com um sorriso surgindo em seu rosto enquanto olhava para Yaga sob a venda.
Era uma fala mesquinha, dita apenas para amenizar as preocupações de Yaga, mas não deixava de ser irritante e ofensiva mesmo assim.
Antes que o diretor explodisse e expulsasse Gojo de sua sala, afinal, ele já estava estressado com o comportamento dos superiores por causa do hospedeiro de Sukuna, Gojo se chamou e som na direção à porta. Calmamente, acenou com uma das mãos, enquanto a outra permanência no bolso.
"Estou indo na frente. Os superiores me mandaram em uma missão. Bye bye", disse em uma voz exageradamente doce, mas que os dois sabiam estar carregados de descontentamento com o aumento de trabalho desde que trabalharam a responsabilidade de cuidar de Yuji.
Deixado para trás, Yaga Masamichi resolve ignorar essas preocupações e focar nas pendências do formulário de inscrição de Itadori Yuji na Escola Secundária Jujutsu da Prefeitura de Tóquio e em outros documentos que entregam sua atenção.
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Já se passaram alguns dias desde então. Nesse meio tempo, os alunos do primeiro ano já estabeleceram como funcionaria sua dinâmica e, atualmente, fizeram uma aula de treino na pista de corrida, preparando-se com os aquecimentos padrão para correr. Os céus sabem quantas voltas Gojo-sensei os mandaria dar.
Passando perto o suficiente para que ambos os lados conseguissem se ver, mas não se ouvissem sem precisar gritar, Yaga Masamichi caminhava em direção à sua sala enquanto observava Satoru treinando as crianças. "Eles já estão bem familiarizados", pensei, sem muita surpresa, já que, com o tempo, todos perceberam o quão sociável era Itadore Yuji, não apenas o apresentado de uma maldição milenar.
Vrrrr... Vrrrrrr…
O celular começou a vibrar no bolso. Uma notificação chegou, informando sobre a chegada de outra pessoa à escola.
Sem pensar muito, Yaga voltou a caminhar em direção à entrada. Ao chegar lá, encontrei uma jovem de aproximadamente 20 a 25 anos, usa um vestido branco que mal alcançava os joelhos, com um decote considerado indecente demais para a cultura japonesa. Mas ele se lembrou de que ela havia morado fora do país por um tempo, então aquilo era normal para qualquer estrangeiro. Ela usava um par de sapatilhas bege que combinava com sua bolsa de mão e seu chapéu de sol/praia.
Não era possível ver suas feições, já que estava de costas para o local de onde Yaga veio. Portanto, ele não podia ter certeza se era um Itadore mais velho. Contudo, as mechas rosas de cabelo, que chegavam à cintura, poderiam ser uma pista.
“Itadore-san?” Ao ouvir isso, a jovem se virou, e qualquer dúvida sobre se ela era ou não a irmã mais velha de Itadore-kun foi sanada.
Diante dele estava uma quase cópia do menino: o rosto dela era um pouco mais delicado, a pele mais clara, mas ainda mantinha um ar saudável. O cabelo era comprido, com dois ou três tons mais claros, e seus olhos eram surpreendentemente de cor âmbar, com as restrições do mel e a realeza do ouro. Quando ela o viu e o reconheceu como a pessoa que estava esperando, um sorriso educado, mas não menos genuíno, surgiu em seu rosto, que, por algum motivo, estava levemente corado.
"Yaga Masamichi-san?", ela o chamou educadamente, com dúvida sobre se ele era a pessoa que estava esperando, trazendo-o de volta à realidade.
"Sim. Se você puder, Itadore-san, me acompanhe até o meu escritório para conversarmos melhor. Os alunos estão em aula, então não quero atrapalhar sua concentração. Mas, depois da nossa conversa, a senhorita estará livre para falar com eles", disse ele, guiando-a pelos corredores da escola até seu escritório.
"Gostaria de alguma coisa? Água? Chá?", perguntou, ao ver-la se acomodar na cadeira.
"Chá, por favor", respondeu ela, sentada na cadeira em frente à mesa principal.
Yaga atingiu até a mesa no canto da sala, onde começou a preparar os chás. "Então...", começou, um pouco sem jeito, "a que devo a visita?" Não que ele já não quisesse saber a resposta.
Assim que terminou o chá, voltei para sua cadeira, alternadamente as xícaras.
"Ah...", percebendo a atualização do diretor, ela resolveu tranquilizá-lo. "Yaga-san, não precisa ficar tão nervoso. Hoje eu vim saber e resolver a papelada de transferência de Yuji, já que sou seu responsável", explicou, retirando uma pasta de sua bolsa. "Esta é a documentação da antiga escola, que eu havia prometido fornecer. Demorou um pouco mais do que o previsto, já que também estava de mudança. Fiquei com o recebimento de que vocês já tiveram resolvido isso, mas prefiro evitar problemas futuros por erros simples devido à burocracia. Por isso, peço que esperem um pouco." Ela colocou uma pasta sobre a mesa, diante de Yaga.
No pouco tempo desde que Yuji se estabelece na escola, ela havia pedido ao irmão o contato do diretor. Nesse meio tempo, eles tiveram uma breve conversa, com ela solicitando um prazo para organizar a documentação e marcar um dia para se reunirem.
Abrindo a pasta, Yaga se deparou com a papelada de transferência, assinada por ela e pela equipe gestora da escola que Yuji frequentava, junto com vários outros arquivos e documentos dele, para serem arquivados, como os registros das escolas antigas.
"Oh, você fez um trabalho esplêndido ao organizar e trazer toda essa documentação. Vai me poupar muito tempo se tivéssemos que correr atrás disso. Obrigado", disse, agradecendo mentalmente pelo trabalho que não teria de fazer ao explicação à antiga escola de Itadore-kun a transferência abrupta, após ele se tornar "órfão".
"Agora, Itadore-san", disse Yaga enquanto ajeitava a papelada de volta à pasta e a guardava em uma gaveta ao lado da mesa, para depois arquivá-las em um local mais seguro. "Imagino que Itadore-kun tenha conversado com você com mais calma e explicado a situação." Ela acenou com a cabeça para que ele transpassasse. "Então, sou obrigado a informar você, como responsável dele, sobre os riscos de ser um feiticeiro de jujutsu."
Após uma pequena pausa para saborear o chá, agora menos quente, ela respondeu: "Eu entendo. Yuji me falou que seria perigoso, mas não me disse o quanto. Acho que ele tem medo de me preocupar." Ela deu mais um gole. "Doce criança. Eu sempre vou me preocupar com ele. Então, por favor, Yaga-san, não hesite em me contar tudo. Gostaria de ter uma visão completa do que Yuji está enfrentando." Concluiu sua fala com um sorriso suplicante.
Suspiro.
"Eu gostaria de começar pedindo desculpas. O que aconteceu com Itadore-kun foi um erro, e assumimos total responsabilidade por isso." Ele se inclinou levemente sobre a mesa. "O professor dele é o feiticeiro mais forte que temos. Ele e seu aluno foram enviados em uma missão para recuperar um objeto amaldiçoado. No meio da busca, o jovem Itadore acabou se envolvendo." Endireitando a postura, voltei a sentar-se e tomei mais um gole de chá. Yaga parecia muito cansada.
"Yuji me contornou. Aparentemente, os senpais do clube de ocultismo dele encontraram um objeto e resolveram brincar com o paranormal. No final, Yuji acabou consumindo o que ele me disse chamar de 'o dedo do Sukuna'. Minha maior dúvida é como isso pode prejudicá-lo." Ela cruzou os dedos e os descansou no colo.
"Não há o que temer quanto a isso. Ele é um tipo raro de pessoa, que surge a cada mil anos. Possui o talento e as habilidades permitidas para conter uma maldição de tamanha escala, como Ryomen Sukuna, conhecido como o Rei das Maldições."
Yaga então iniciou uma explicação detalhada sobre quem era o Rei das Maldições, um pouco sobre as maldições, a energia amaldiçoada, o papel de Itadore Yuji no mundo jujutsu e as missões das quais ele participaria.
"Foi muito esclarecedor. Obrigada por ter reservado seu tempo para mim, mesmo com tantas responsabilidades na escola", disse ela ao se levantar. Ambos caminharam em direção à porta.
"Você não está preocupado com a segurança dele?" Yaga disse, notando que ela parecia mais tranquila do que ele esperava, mesmo depois de tudo que foi aqui.
"Claro que estou preocupado com ele. Mas, como eu disse, já conversamos sobre a decisão que ele tomou. Yuji não é um adulto, mas tem maturidade suficiente para saber o que quer fazer." Parados do lado de fora, ela olhava para a paisagem e apreciava o vento fresco que passava por eles. "É por isso que não vou impedi-lo de fazer o que quer. Depois que o vovô morreu, como uma pessoa que o criou, eu senti o desânimo que ele teve em relação à vida, mesmo que por pouco tempo. Confesso, isso me assustou. O que eu poderia fazer para animá-lo novamente?" Ela fez uma breve pausa. "Então, só posso agradecer a vocês por terem dado um propósito para que ele se reerguesse. E pedir que cuidem dele, não como o hospedeiro de uma maldição de grau especial, mas como a criança bondosa que ele é." Em seguida, ela se curvou perfeitamente em direção ao homem.
Surpresa e espanto dominaram a expressão de Yaga. 'A maturidade que ela demonstra nessa situação é de outro nível', pensou 'Assim como foi com o jovem Itadore em sua primeira experiência com as maldições. Achei que fosse algo particular dele, mas parece se estender à sua irmã e talvez à sua família.'
Um jovem se endireitou e buscou algo na bolsa. Tirou um bloco de anotações e uma caneta, anotando algo em um pedaço de papel que entregou ao diretor. "Aqui está meu endereço atualizado, caso algo aconteça." Um sorriso gentil voltou ao rosto dela. Afinal, o endereço dos documentos ainda contava com a casa deles em Sendai.
O tempo que levou para conversar foi mais curto do que o previsto, então ainda havia tempo antes do término das aulas. Enquanto caminhavam em direção à saída, o jovem parou em frente a um pátio e, um pouco nervoso, virou-se para o diretor.
"Se não for muito incômodo, Yaga-san, importa-se se eu esperar Yuji aqui?" Seus olhos cheios de expectativa esperavam o homem, que não teve forças para negar.
"Claro. Podemos esperar por ele no pátio, perto da saída."
Mudando de rota, acomodamos-se no pátio para aguardar o fim das aulas. Enquanto isso, o jovem Itadore aproveitou para esclarecer algumas dúvidas que ainda tinha sobre o curioso mundo do jujutsu.
Cena cortada:
Subindo uma grande escadaria para chegar à escola, construída no topo de uma montanha, era um jovem de 22 anos. Enquanto admirava a bela e paisagem natural ao redor, observava os pássaros balançando de um lado para o outro, repetindo a melodia da música que ela cantava em outro idioma.
" Não me deixe só, que eu saio na capoeira~~ヽ(*⌒∇⌒*)ノ" girando e dançando, aproveitando que não tem ninguém por perto " Sou perigosa, sou macumbeira~~ "
Ela continuou a cantar a música que mais gostou naquela semana até atingir o último degrau.
'Finalmente cheguei! Que lugar longe, hein? Mais um pouco e eu cheguei na casa do caralho', pensei, fazendo uma leve careta aproveitando que ainda estava sozinha. Seguiu em direção à entrada enquanto enviava uma mensagem ao diretor, avisando que havia chegado e que estava esperando no portão principal.
Observava o quão grande era aquela escola, embora parecesse estranhamente vazia. Um leve sentimento de vazio tomado conta de seu coração.
'Está tudo bem. Cheguei à escola', pensei, verificando mentalmente se estava tudo em ordem. 'Não esqueci nada... espero.' Olhou ao redor mais uma vez. 'Agora se acalme, minha jovem. Você já está aqui, sem ansiedade numa hora disso, por favor.'
Seguiu em direção a uma árvore, buscando a sombra.
'Eu acho que deveria ir embora', pensado enquanto se virava de volta para onde veio. Ela odiava com fervor qualquer coisa que envolvesse papelada.
'Nem pensar nisso! Você passou o dia todo se arrumando para causar uma boa impressão no diretor, para que ele não expulsasse Yuji... Por mais que isso seja inesperado.' Ela voltou para onde estava anteriormente.
'Então, vamos ficar. Está decidido. Sem mais discussão.'
Após esse diálogo interno, consegui se rir um pouco. Para evitar que o nervosismo retorne, bata levemente nas bochechas até elas ficarem um pouco vermelhas. O pequeno incômodo ajudou seu cérebro a focar na sensação e esquecer a situação.
'Agora, agora. Não podemos ser mal-educados. Sem palavrões ao conversar com o diretor ou mesmo seus insultos habituais. Hoje você vai colocar em prática toda a educação que nunca usou em sua vida. Seja responsável por Yuji.' A determinação floresceu dentro dela. 'Sem palavrões, sem palavrões, sem palavrões…' repetindo o mantra para evitar cometer algum erro.
O som de passos cortes o silêncio do ambiente.
Virando-se, ela se deparou com um homem de feições e fortes. Ele era alto, usava óculos escuros e vestia algo que parecia um uniforme, com aspectos semelhantes ao que Yuji havia mostrado durante uma conversa. Quando ele parou repentinamente, ela ficou apreensiva.
'Por que ele parou de repente? Será que você verá algo de errado que eu não notei? Céus, mal abri a boca e já estraguei tudo. Parabéns, viu? Hoje você está demais.' Tapa metafórica na testa.
“Masamichi Yaga-san?” Disse, com a voz mais suave que conseguiu e exibindo um sorriso de atendimento ao público que havia treinado por anos para situações como essa.
"Sim. Se você puder, Itadore-san, me acompanhe ao meu escritório para conversarmos melhor. Os alunos estão em aula, então prefiro não incomodá-los em sua concentração. Depois da nossa conversa, você estará livre para falar com eles." Ele se virou, descendo o caminho até o escritório.
'Ok, parece que não estraguei nada. Foi só um susto. Tudo sob controle', pensado enquanto o segue, mantendo uma distância de dois passos. 'Nem sei por que fiquei tão nervoso. Ai, ai…'
Agora, com sua confiança revigorada, sinta-me pronto para cumprir o que havia vindo fazer. E, talvez, se possível, conheça os colegas de classe de seu irmão.
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Notes:
Espero que tenham gostado, demorei incríveis 3 dias para fazer esse capítulo simplesmente pelo fato de que eu começo a escrever e esqueço as palavras, então vai eu em busca delas, ai me perco e quando menos percebo estou no youtube vendo lives.
Sobre a frequência de postagem, estava planejando uma vez por semana nos domingos, já que é um dia tranquilo para revisar o que eu escrevi.
Não sei se deu pra entender então só pra deixar claro.
"Fala normal/em foz alta/GRITANDO".
'Pensamento'.
"Fala em outro idioma (Maior parte será em português)" estará em Itálico.
'Pensamento em outro idioma' estará em Itálico.
Sobre a história eu já tenho todos os aspectos dela na cabeça, só tenho que transcrever para palavras e não imagens (O que é a pior parte (╥﹏╥)), mas ela já está finalizada, porém talvez eu tenha que fazer ajustes já que o mangá de Jujutsu não está finalizado. Lembrando que vou adicionar novas tags com o decorrer da história porque quero evitar spoilers.
EU espero que não tenha deixado nenhum furo de roteiro, sou do tipo perfeccionista para isso, então quando vocês menos esperarem vai ter o motivo do menor ato nessa fanfic em algum momento e espero conectar todos os aspectos que tenho planejado.
Como podem perceber, vai ter referências a cultura brasileira, gírias, memes, ditados e etc. Já que que o pessoal (dos outros países) fazem isso então também vou fazer, vamos enaltecer um pouco nossa cultura no mundo das fanfics.
Avisem se perceberem algum erro para eu poder corrigir por favor.
Com isso acabo com minhas observações, nós vemos no próximo domingo, ou quando eu postar um capítulo surpresa na semana (づ ̄ ³ ̄)づ.
Data de Publicação: 07/05/2023
Revisão: 13/01/2025
Chapter 2: O "reencontro" dos irmãos Itadore
Notes:
Vou me desculpar pela demora em postar esse capítulo, ele estava salvo no meu notebook e eu não estava em casa nesse final de semana.
Esse capítulo estava salvo no Wattpad então eu postei na data prevista certinho lá.
Talvez aconteça isso varias vezes no futuro, mas espero que saibam que postarei assim que der.
Espero que gostem (ノ*゜▽゜*) ヾ.
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
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O dia foi agradável, e finalmente chegou a última aula. O assunto era sobre a história dos clãs e como eles construíram o mundo do jujutsu, além de mais alguma baboseira que Yuji já não tinha mais capacidade de analisar.
Olhando para o relógio, viu que faltavam pouco menos de trinta minutos para a aula terminar, e então poderia voltar a ler seu mangá. A história era viciante, e ele tinha parado exatamente na parte em que o protagonista finalmente descobriu os esquemas do vilão.
Decidiu parar de prestar atenção no restante da aula — afinal, poderia pegar as anotações de Fushiguro ou Kugisaki depois — e acabou deixando sua mente vagar. Pensou em como a história era boa e que seria legal lê-la junto com sua irmã, já que logo a veria depois de tanto tempo. Esse pensamento trouxe uma ansiedade expectante, pois ele não sabia exatamente quando ela apareceu.
Sem perceber, o tempo passou. Agora faltavam apenas cinco minutos para o fim da aula.
"Terra chama Yuji-kun. Você está no ar hoje, não é mesmo?" disse o sensei, com seu sorriso clássico.
"Ah..." exclamou Yuji, mais chocado por ter se perdido nos pensamentos do que pela proximidade de seu sensei, que insistia em ignorar o espaço pessoal das pessoas. Não que isso o incomodasse muito, já que cresceu com bastante contato e proximidade devido à sua família, especialmente com sua irmã.
"Foi mal, Gojo-sensei. Me perdi nos pensamentos", desculpou-se, um pouco envergonhado por ter ignorado descaradamente a explicação do professor.
"E o que Yuji-kun estava pensando que é mais interessante do que prestar atenção enquanto seu sensei fala, hein?"
Nos últimos dias, o jovem parecia estar mais disperso durante as aulas. A ideia de Gojo era que ele estivesse ansioso pelo retorno de sua irmã, mas ninguém sabia ao certo quando ela aparecesse. Nem mesmo ele. O diretor poderia ser bem mesquinho com informações às vezes.
Nobara e Megumi começaram a arrumar suas coisas, ignorando a conversa entre os dois.
Vrrrr Vrrrr Vrrrr
Os celulares de Yuji e Gojo vibraram ao mesmo tempo com notificações de mensagens.
Para Satoru, uma mensagem de Yaga dizia que ele estava esperando por ele e seus alunos no pátio perto da saída, pois eram um convidado. Não era necessário especificar qual pátio, já que Gojo podia sentir a localização de Yaga facilmente. No entanto, algo chamou sua atenção. Sua expressão ficou mais séria.
'Eu não senti ninguém entrando no território da escola. Isso não é normal. Até uma pessoa comum produz uma quantidade mínima de energia amaldiçoada, que é facilmente percebida e diferenciada de um feiticeiro.'
Ele se concentrou para sentir onde o diretor estava e descobriu que, próximo a ele, havia uma pequena quantidade de energia amaldiçoada que passaria despercebida por qualquer um que não estivesse prestando atenção ou não informasse exatamente o que procurava.
Já Yuji recebeu uma mensagem de sua irmã, avisando que o estava esperando em um pátio perto da saída leste.
Sem perder tempo, mal se despedindo de seus colegas de classe, arrumou suas coisas em velocidade recorde e saiu correndo o mais rápido possível na direção ao pátio leste.
Na sala, restaram apenas o professor e seus dois alunos, que agora olharam para a porta escancarada.
Silêncio.
"Onde está o incêndio para ele sair nessa velocidade toda?" Nobara agora olhou para seu sensei com uma sobrancelha elevada e as mãos apoiadas no quadril. "Aconteceu alguma coisa da qual eu deveria me preocupar?"
"Não, menor", respondeu Gojo, endireitando-se e voltando a olhar para o celular, confirmando ao diretor que já estava no caminho. "A irmã dele voltou depois de cursar a faculdade no exterior. Ele só está feliz por revê-la."
Mais silêncio.
"O QUÊ?" "IRMÃ?"
Os dois exclamaram ao mesmo tempo, incapazes de acreditar que o colega de quarto deles tinha uma irmã. Por mais que Megumi não pudesse reclamar muito, já que também escondia o fato de ter uma irmã mais velha, ele simplesmente não esperava algo assim vindo de seu colega tagarela.
"Hai, hai. Ela está visitando a escola hoje e está nos esperando no pátio leste", disse Gojo, iniciando a caminhada em direção à saída da sala de aula com as mãos nos bolsos. "O diretor nos encontrou para conhecê-la. Ou, nas palavras dela, 'gostaria de conhecer os amigos e o professor de Yuji'. Então, não podemos desapontá-la."
Parou na porta e se virou para os alunos.
"Certo, crianças?"
Então continue seu caminho em direção ao local de encontro.
Trocando olhares e agora com uma pulga atrás da orelha, ambos se apressaram para seguir seu professor. Nem ferrando iriam perder a chance de conhecer a irmã de Yuji. Quem sabe até conseguir arrancar alguma história constrangedora para usar como canção mais tarde.
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Caminhando juntos em direção ao destino em silêncio, cada um estava imerso em seus próprios pensamentos. No entanto, todos giraram em torno da mesma questão. Afinal, no mundo do jujutsu, a menos que você faça parte de um clã ou seja patrocinado por um, é encontrar feiticeiros que tenham família, principalmente se esses familiares não forem capazes nem mesmo de ver maldições ou sentir a energia difícil amaldiçoada.
Fushiguro se sente um pouco mal e responsável pela situação dos irmãos. No fim das contas, ele foi o responsável por Itadori Yuji extrair o objeto amaldiçoado.
'Se eu fosse um pouco mais forte...', pensou, apertando as mãos em punho.
Kugisaki, por outro lado, não tinha o menor interesse na vida de seus colegas. Apenas estava curioso sobre como a irmã dele seria.
'Não importa, já que não existe ninguém mais bonita e refinada que Saori', concluiu.
Já os pensamentos de Gojo eram mais complexos. Ele sabia que não tinha nada com que se preocupar, afinal, ele era o mais forte. Mas sua intuição lhe disse que havia algo de errado naquela situação, e sua intuição estava errada. No fim, tudo o que poderia fazer era manter os olhos abertos para qualquer estranheza.
Após alguns minutos de caminhada, eles se depararam com uma cena estranhamente cômica.
Ajoelhado no chão, Itadori Yuji estava com os braços estendidos para cima, olhando para baixo com o rosto vermelho de vergonha e pequenas lágrimas se formando nos cantos dos olhos. Enquanto isso, ao que parecia, foi repreendido por uma jovem.
Mais ao fundo, o diretor Yaga observava a situação com exasperação e certo divertimento, sem demonstrar o menor incômodo em interrupção o que quer que estivesse acontecendo.
A garota não parecia estar gritando, mas a forma como Yuji se encolha indicava o contrário. No entanto, ninguém conseguiu entender o que estava sendo dito, pois ela falava em outro idioma. Assim, a única opção que restava era se aproximar para tentar compreender a situação.
Ao se aproximarem de Yaga, ele sinalizou para que não interferissem.
A discussão finalmente terminou com os dois se abraçando.
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Horas antes, Itadori-san e Yaga-san sentaram-se para conversar e, surpreendentemente, estabeleceram uma amizade após ficarem confortáveis um com o outro. Era justo dizer que agora se referiam um ao outro pelo primeiro nome.
Por um lado, um jovem se sente seguro para ser a mesma coisa. A ameaça de expulsão de Yuji não existia, então não havia nada com que se preocupasse. Agora, ela estava disposta a estabelecer um relacionamento amigável com o diretor para sempre manter contato sobre o status de Yuji.
Por outro lado, o diretor descobriu que se tratava apenas de uma jovem protetora com seu irmão e que não tinha escrúpulos para fazer o que fosse necessário para a segurança dele. No fim, não havia como se preocupar além do envolvimento dela no mundo do jujutsu.
Com o decorrer da conversa, o tempo passou agradavelmente rápido, e quando menos esperavam, faltavam apenas cinco minutos para a aula acabar.
'Com Satoru sendo do jeito que é, ele já deve ter liberado seus alunos', pensou, olhando para o celular.
"Estou avisando ao Satoru para trazer as crianças", disse o diretor, já escrevendo a mensagem.
"Tudo bem, vou enviar uma mensagem para o Yuji também", disse ela, pegando rapidamente o celular da bolsa e já enviando sua mensagem.
Três minutos depois, uma figura se aproximava rapidamente da direção a eles. Sem perder tempo, o jovem se falou de onde estava sentado e caminhou calmamente na direção de seu irmão.
"UM-SANNN!" Resumo Yuji enquanto pulava em sua direção.
"Olá, Yuji. Senti sua falta. Sinto muito, nem pudemos nos cumprir direito antes por causa das relações", disse ela, segurando-o e abraçando-o o mais apertado que poderia. Ela era um pouco mais alta que ele, mas sabia que era só uma questão de tempo até que ele a ultrapassasse.
"Eu também senti muito a sua falta! Há tanta coisa que quero te contar e não pude! Sobre meus colegas de classe, meu professor, que é super legal, o mangá que estou lendo..." Ele continuou balbuciando sobre várias coisas.
Agora, ela poderia observá-lo melhor e perceber o quanto ele havia crescido. Ele ainda era ingênuo, mas sua postura transmitia uma leve maturidade.
'Ele cresceu bem enquanto eu estava fora', pensou, dando-lhe um sorriso lindo, reservado apenas para as pessoas que amava.
Ao vê-la sorrir desse jeito, Yuji se acalmou e finalmente retribuiu o abraço. Era uma imagem emocionante: dois irmãos se reencontrando após anos, ambos com os olhos marejados.
Até que.
" Agora me diga, Itadori Yuji, o que caralhos passaram na sua cabeça para você achar que era uma boa ideia ingerir um objeto amaldiçoado ? "
Yuji entrou em choque, olhos arregalados. Sua irmã estava falando com ele em outra língua, ou seja, ela estava puta com ele o suficiente para mudar de idioma para que ninguém entendesse o que sairia de sua boca.
" Por que você não está me respondendo, Yuji? Momentos atrás você não estava dizendo que tinha muita coisa para me contar? Onde foi parar todo o assunto? O gato, por acaso, comeu sua língua? "
Dizer que ela estava irritada era um eufemismo.
'Depois de criar essa criança e aconselhá-la sobre a vida e o mundo, ele ainda ousa fazer algo tão estúpido quanto ingerir algo desconhecido', inventou, bufando.
"O-One-san, ve-veja b-bem, na v-verdade..." Ele não sabia como se explicar. Sua cabeça parou de funcionar.
'Droga, eu sabia que isso iria acontecer. Agora o que posso fazer para aplacar a raiva dela?'
" Eu acho incrível que você ainda tenha coragem de me responder dessa forma. Ajoelhe-se, Yuji, e não se esqueça: mãos para cima. "
Era uma posição que ele raramente assumia quando criança, mas acontecia especialmente quando sua irmã estava se segurando para não bater nele. Sem outra opção, ele se ajoelhou sem protestar e esperou pela chuva de broncas que viria.
Às vezes, é preciso saber quando fazer uma retirada tática.
" Olha, eu sei que você fez isso para ajudar, e estou particularmente orgulhosa disso. Mas a questão é que você parece não pensar nas consequências de seus atos. Tudo bem, você ajudou a salvar a vida de seus senpais, mas a custo de quê, Yuji? Me diga, a custo de quê? E se tivesse acabado pior? "
Ela cruzou os braços e suspirou. Depois de ver a expressão de cachorrinho abandonado dele, sua raiva deu lugar a um cansaço evidente.
Yuji não poderia argumentar contra isso. Ele sabia o que havia feito. Não se arrependia, claro, mas talvez, se não fosse sua sorte, poderia ter morrido.
Risque isso. Ele já estava praticamente morto por causa de sua sentença.
A única coisa que poderia fazer era olhar envergonhado para o chão enquanto sua irmã continuava.
" Yuji, eu realmente não consigo entender como você foi e engoliu um dedo. Por acaso estava passando fome para cogitar a ideia de comer a droga de um dedo, porra? Puta que pariu, você nem sabe por onde essa coisa andou! E se tivesse alguma doença? "
Ela o deixou com indignação.
" Pior ainda: você quase morreu de forma fudidamente estúpida. Como é que você me vem com aquela velha idiotice de vou salvar uma pessoa prepara a ser atropelada me jogando nela para que o impulso a pneu da direção do carro e, consequentemente, me colocar no lugar dela como um sacrifício, ao especificamente de simplesmente puxá-la para minha direção, assim ninguém se machuca?! Eu tenho certeza de que havia melhores opções que essa. Por exemplo, pegar seus senpais e correr. Você é forte o suficiente para isso."
"Eu sei, e sinto muito, One-san", disse ele, chateado.
Do ponto de vista de sua irmã, ele havia sido impulsivo e colocado não apenas a própria vida em risco, mas também a de Fushiguro e seus senpais . Tudo por causa da promessa de seu avô.
"Eu vejo que você percebe seu erro, Yuji. Mas isso não significa que estou menos zangada ou chateada com você por isso. Céus, eu nem sequer terminei de dizer tudo o que tinha para dizer."
Ela estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar, o que ele aceitou de bom grado. Seus braços e pernas estavam começando a fazer por ficarem tanto tempo nessa posição.
Quando ele olhou para ela, buscando alguma confirmação de que estava perdoado, viu um pequeno sorriso em seu rosto.
Aproveitando a oportunidade, se jogou nela, fazendo beicinho.
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Voltando para o dormitório, Yuji se depara com seus colegas de classe esperando na frente de seu quarto: Fushiguro sentado no chão e Nobara encostada na porta. Assim que notam sua chegada, em um único movimento, Nobara o puxa pelo colarinho para dentro do quarto. Megumi, que nem queria estar ali, tenta ao máximo esconder sua presença, sentando-se no chão o mais longe possível de Kugisaki, enquanto ela aponta o dedo na cara de Yuji.
"Como pode, você, um pirralho, ter uma irmã mais velha como ela? Enquanto a Saori foi embora, me deixando para trás!" Nobara apenas queria extravasar sua raiva, e quem melhor do que Yuji, o causador dela, para ser o alvo perfeito?
No canto, Fushiguro só poderia pensar que nunca falaria para Nobara sobre sua irmã—ele não queria desencadear um ataque de raiva dela com ele sendo o alvo.
"Ai, ai, ai! Pare de me bater! Eu não sabia que tinha que falar para vocês sobre isso!" A justificativa de Yuji apenas aumentou a riqueza de Nobara.
"Como assim não sabia? Você está vendendo outra garota por aqui? Não, exatamente! Você deveria ser um cavalheiro e me dizer que tem uma irmã, para que pudéssemos ir às compras juntas! Você viu a roupa que ela usava? Nunca tinha visto aquele estilo! Ou seja, eu não sei de que marca era aquela roupa, mas vi o tecido, e ele era de alta qualidade!"
Sim, tudo se resume a roupas e vai às compras com outra garota. A palavra que ambos os garotos pensaram para descrevê-la foi "mesquinha".
"Eu até entendi você não saber, mas Fushiguro já tinha visto ela quando nos encontramos pela primeira vez."
Essa fala fez com que os dois parassem.
"Quando isso aconteceu?" cruzou os braços, com uma expressão impassível, agora sendo o centro das atenções. Ele não se lembrava em nenhum momento de tê-la visto—com certeza lembraria, mas não que isso significasse alguma coisa.
"Bemmm... Ela estava comigo assinando os papéis do hospital quando você chegou exigindo aquele objeto amaldiçoado." Finalmente se soltando das garras de Nobara, Yuji se senta na cama. "Tudo foi muito inusitado. Ela tem uma intuição incrível, muito boa mesmo. Vê-la depois de tanto tempo durante uma das minhas visitas me deixou feliz, mas eu sabia que havia um motivo por trás da visita dela. Como previsto, aquela foi a nossa última visita ao jii-chan."
Ele pegou um travesseiro e o abraçou, pensativo, relembrando sua última visita.
"Foi tudo muito rápido. Em um momento, estávamos conversando com ele, e no outro, ele simplesmente ficou em silêncio. Nem pude processar o que aconteceu naquela tarde..."
Dava para ver que ele se segurava para não chorar.
Os dois sentiram a tristeza nas palavras de Yuji e se sentaram ao seu lado, mas não muito perto, como uma forma de consolo.
"Além disso, como vocês acham que um adolescente de 15 anos iria se sustentar e pagar as contas hospitalares sem ter um emprego? Pensei que seria óbvio que havia alguém responsável cuidando das finanças."
Ele resolveu mudar o clima melancólico, cutucando levemente a inteligência daqueles dois, que se diziam mais espertos que ele.
Eles escolheram ignorar a provocação de Yuji.
Naquela noite, tive sua primeira noite de pijama – apenas a primeira de várias, mas que seria a única por um bom tempo.
Cena cortada:
Depois de alguns minutos de caminhada, eles já estavam perto da base da montanha.
"Cuspa logo", disse Yumiko, levantando uma sobrancelha ao perceber que seu irmão tinha algo a dizer.
"Não é nada demais, mas você parece estranho... Tipo, esse não é seu estilo. Na verdade, você nem gosta de vestidos", mencionou ele, referindo-se à forma como ela estava vestida.
"Yuji, Yuji... Meu querido irmãozinho, o mundo adulto é muito complexo", respondeu ela, mantendo seu sorriso habitual. "As pessoas são julgadas por qualquer coisa, principalmente pela aparência, especialmente na cultura oriental."
"Mas não é você quem diz que não se importa com a opinião dos outros e que eu também não devo me preocupar com isso?" Ele olhou, confuso.
"Eu realmente não me importa. A questão é que tenho responsabilidades como adulta e como seu responsável. Então, sim, vou me enfeitar toda para conhecer o diretor e o encarregado pela sua segurança, e evitar que ele mude de ideia e desista de você", explicou, colocando o braço sobre o ombro dele em um meio abraço enquanto continuavam caminhando após chegarem à base da montanha.
"Mas sabe de uma coisa? Eu me sinto bem me vestido assim, toda arrumada. Isso não quer dizer que eu não veja a hora de chegar em casa, colocar um short, uma blusa folgada, tirar esse reboco de maquiagem do meu rosto essas unhas postiças", disse, rindo.
Yuji também riu.
"Não se sinta mal. Eu não faria nada que não quisesse", ela garantiu, dando um beijo na têmpora dele.
"Tudo bem, mas... e sobre chamar o diretor pelo nome?" Ele ficou feliz por saber que sua irmã não estava se forçando a fazer algo que não gostava, mas agora estava curioso. Ela naturalmente chamava alguém pelo nome, a menos que fosse uma questão cultural.
"Ah, eu estive conversando com Masamichi-san pelas últimas duas ou três horas. Posso dizer que ele é um homem confiável", explicou, sabendo que Yuji queria entender o motivo dela chamá-lo pelo nome. "Então, se você precisar de alguma coisa ou de alguém para conversar e eu não estiver disponível, ele será uma boa opção", garantiu.
Assim, seguiu seu caminho em direção ao metrô, colocando em dia tudo o que aconteceu em suas vidas nesse tempo em que não se viram.
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Notes:
Finalmente temos o nome da irmã de Yuji, Yeeeeehhh ☆・\(^O^)/・☆, eu tentei fazer um suspense não apresentando o nome dela no primeiro capítulo, espero ter conseguido e se não então "Eu errei tentando acertar" by Jean L., fiz esse capítulo e o primeiro (talvez até o terceiro) assistindo toda a treta do Jean e o Raluca (por favor não me processem(╥﹏╥)) e pensem num entretenimento que isso está sendo.
Vou avisar nesse capítulo para que vocês prestem atenção nos mínimos detalhes porque eles escondem para qual caminho essa fanfic está indo.
Vou usar o exemplo do nome do capítulo, percebem que o "reencontro" está entre aspas, então é porque, como foi explicado nesse mesmo capítulo, eles se reencontraram quando ela foi para o hospital na ultima visita ao avô, mas como foi numa situação complicada eles não tiveram tempo para se falarem pois queriam passar o tempo falando coisas leves com o avô deles.
Então sim, para aqueles que gostam de enigmas vai ser interessante poder vê suas teorias se não se importarem de comentar, mas eu não sou nenhum Cellbit com enigmas mirabolantes ok. E sim, tem detalhes no primeiro capítulo por mais que ele seja de introdução a ideia dessa fic.
Finalmente vamos falar sobre Itadore Yumiko, eu já tinha toda as características e personalidades que queria que ela tivesse então o nome veio por ultimo, não está na ficha da personagem mas ela também é muito gentil, tipo ela acompanharia uma velhinha e carregaria suas compras até sua casa. Mas iremos trabalhar isso melhor com o decorrer dos capítulos.
Enquanto pesquisava uns nomes em japonês que eu gostasse, principalmente seu significado, foi ai que eu achei esse nome Yumiko que significa belo(a), filho(a) disposto(a). Além de que se formos apelidar para ficar Yumi (o que se parece na pronuncia com Yuji, o que caio muito bem) seu significado é de beleza, olhos especialmente belos.
Por curiosidade fui pesquisar o significado do nome Yuji e achei corajoso, segundo filho. Foquem nisso, eu já planejava fazer uma história sobre uma irmã mais velha dele, e quando eu vi o significado segundo filho eu fiquei em êxtase, tudo se encaixava mesmo eu não sabendo.
Esse é o nível de detalhes que eu busco e espero que percebam, tipo um personagem respirou uma abelha sem querer, no futuro ele vai ser picado ou morto por uma abelha, é nisso que eu quero que vocês trabalhem.
Informações da personagem (lembrando que quando tiver / quer dizer que um lado é sobre o nome dela e do outro o apelido):
Nome: Itadore Yumiko/ apelido Yumi
Altura: 1,75 m Idade: 22 anos Data de nascimento: 03 de agosto de 1996
Significado: Bela, filha disposta/ Beleza, olhos especialmente belos.
Marca no mundo (o que seria a personalidade dela, o que eu decidir ante de escolher o nome que calhou de ser também): Organização, autoridade, respeito, justiça, administração e liderança/ Ousadia, espírito competitivo, independência, força de vontade e originalidade.
Vou deixar as informações de Yuji para ficar mais fácil comparar.
Nome: Itadore Yuji
Altura: 1,73 m Idade: 15 anos Data de nascimento: 20 de março de 2003
Significado: Corajoso, segundo filho.
Marca no mundo: Disciplina, praticidade, lealdade, confiabilidade, gosto pelo trabalho, solidez e eficiência.
Eu posso está fazendo isso pois também possa ter informações nas notas, talvez sim, talvez não vou deixar em aberto essa questão (〃・ω・〃).
Então é isso por hoje, até o próximo domingo ou quando postar um capítulo surpresa na semana (づ ̄ ³ ̄)づ.
Data de Publicação:15/05/2023
Revisão: 26/03/2025
Chapter 3: Conquistando todos pelo estomago parte 1
Notes:
Sinto muito pelo atraso em postar esse capítulo, minha internet morreu ontem por quem sabe lá o motivo (ノಠ益ಠ)ノ彡┻━┻, fiquei até hoje de madrugada esperando ela voltar, spoiler: ela não voltou, então só estou conseguindo postar agora.
Espero que gostem (ノ*゜▽゜*) ヾ.
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
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"Então, o que acha dela?"
Depois de se despedirem, Gojo e Yaga se reuniram no escritório.
"Nem adianta tentar esconder, eu te chamei porque senti algo errado com ela, mas não soube dizer exatamente o que era."
Gojo estava de pé, encostado na parede. Sua postura era tensa, os braços cruzados e a expressão séria. Não dava para saber o que passava por sua mente.
Yaga, sentado à mesa, analisava a ficha que havia sido entregue a ele há pouco. Nela constavam as informações completas de Itadori Yumiko. À primeira vista, não havia nada de muito relevante sobre ela: desde o nascimento até sua ida ao exterior, frequentou a escola, tinha notas acima da média, mas nada que indicasse ser uma superdotada. Sua personalidade era gentil, pois tendia a ajudar as pessoas, mas não hesitava em usar a força quando necessário.
Seu histórico hospitalar era ainda mais simples: apenas registros de vacinas, sem ossos quebrados ou doenças significativas.
Uma pessoa normal e com boa saúde até então. Nada com o que se preocupar, exceto pela questão de sua energia amaldiçoada, que parecia estranha.
"Eu dei uma olhada nela quando me aproximei. Sua energia amaldiçoada não parece certa, como se fosse de outra pessoa, mas, de alguma forma, acabou se agarrando a ela", explicou Gojo. "O mais interessante é como essa energia se enrola nela, como se fosse um escudo protetor. Mas para quê essa proteção, eu ainda não sei."
"Se for isso, não podemos fazer muita coisa por enquanto. Vou deixar em suas mãos a missão de descobrir o que há de errado com a energia amaldiçoada dela", disse Yaga, sentindo o cansaço tomar conta. Ele só queria ir para casa, descansar e produzir mais de seus bonecos.
"É uma missão pessoal ou dos superiores?" Gojo questionou. Dependendo da resposta, ele se recusaria a investigar e a relatar qualquer descoberta. Se dependesse dele, não compartilharia nenhuma informação com aquelas velhas múmias.
"É uma missão pessoal. Estou preocupado com a segurança de Yuji-kun e Yumiko-san", respondeu Yaga. Ele não podia deixar de pensar nos irmãos Itadori. Não existiam muitas pessoas de coração puro no mundo, e ele queria protegê-los.
"Tudo bem, eu vou ficar de olho." Gojo entendia a preocupação de seu sensei. Não havia se passado nem um mês e já era evidente que ele destruiria o mundo por seus alunos. Eles eram o futuro, e Gojo não deixaria que nada atrapalhasse a ascensão da nova geração. "Estou particularmente surpreso por ela não ter feito nada a respeito da execução de Yuji-kun." Sua postura agora estava mais relaxada.
"Ela não sabe sobre a execução. Foi um pedido do próprio Yuji. Ele não queria sobrecarregar a irmã com o peso da morte pairando sobre ele", explicou Yaga, sentindo que precisava urgentemente de férias. Estava ficando emotivo com muita facilidade. "Não que eu pudesse contar a ela. Tenho a sensação de que ela se mataria tentando impedir isso, e o cenário que isso levaria não me agrada nem um pouco. Então, evite tocar nesse assunto com ela e avise aos outros dois também."
"Tudo bem. Vou indo na frente, tenho coisas a fazer", disse Gojo, embora fosse mentira. O relatório ele deixaria a cargo de Ijichi. "Também preciso encontrar uma forma de me aproximar dela." Ele já havia voltado ao seu estado normal. 'Agora será difícil encontrar uma maneira de abordá-la', pensou. Ele não poderia simplesmente aparecer em sua casa e examinar tudo, até porque nem sabia onde ela morava.
"Não se preocupe com isso. Tenho um meio de fazer você se aproximar dela sem levantar suspeitas entre os anciões", disse Yaga, olhando para os papéis que continham diversas missões.
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Era cedo o suficiente para que o sol ainda não tivesse aparecido no horizonte. Em uma cama que mal parecia ter sido usada, Yumiko dormia tranquilamente.
Biiippiiii Biiippiiii
O despertador tocou alto. Eram 4 horas da manhã, faltavam 30 minutos para o sol nascer. Tateando o despertador, ela o desligou, sentou-se na cama e se espreguiçou. Sua coluna estalou levemente, aliviando a tensão de ficar na mesma posição por horas.
Ela se levantou e foi até o banheiro, tirando a única peça de roupa que usava para dormir. Jogou sua calcinha bege no cesto de roupas sujas e, ao se olhar no espelho, se deparou com sua imagem: cabelos desalinhados, marcas do travesseiro no rosto e o que parecia ser uma leve sugestão de baba escorrendo pelo canto da boca.
Ficou impressionada. Raramente conseguia ter uma boa noite de sono, mas, pelo que via, essa noite tinha sido uma exceção.
Depois dessa rápida avaliação, escovou os dentes e foi tomar banho.
Minutos depois, já estava pronta para sua corrida matinal. Eram 4:30, e o sol começava a aparecer. Gostava desse momento e aproveitava para mapear a cidade e identificar pontos importantes como supermercados, lojas de conveniência, farmácias, entre outros.
Colocando os fones de ouvido, trancou a porta de seu apartamento. Ele era espaçoso, com três quartos, um banheiro compartilhado de tamanho adequado e que possuía uma banheira, uma cozinha relativamente grande e uma sala de estar do mesmo tamanho. O apartamento não era barato, mas ela conseguiu comprá-lo por um bom preço, já que o proprietário era pai de um colega que ela ajudou a se livrar do bullying. Sempre se sentia grata por acumular bom karma.
Era verão, mas isso não significava que estivesse quente naquela hora. Não que ela se importasse com o clima – tanto o frio quanto o calor eram indiferentes para ela, embora tivesse uma leve preferência pelo calor.
Ela havia se mudado há dois dias, o que significava que fazia três dias desde que conhecera a Escola Jujutsu. Perguntou-se como as crianças estavam indo.
Sentindo o cheiro de pão recém-saído do forno, notou uma padaria adorável perto de seu apartamento. Como nunca tinha percebido aquela padaria antes estava além de sua compreensão.
Olhando para o horário, viu que já eram 5:30. Depois de uma hora de corrida, resolveu comprar seu café da manhã, já que estava com preguiça de preparar algo.
Meia hora depois, chegou em casa e preparou um suco para acompanhar os pães doces que comprou.
Após terminar o café da manhã, dirigiu-se ao primeiro quarto.
“Bom dia, Mingau.”
Um miado respondeu à saudação. Espreguiçando-se em sua cama macia, estava um gato angorá turco, totalmente branco e bem peludo. Seus olhos eram azuis como o céu. Ele tinha uma personalidade tranquila e carinhosa, então, ao ouvir a voz de Yumiko, caminhou até ela.
Ela o pegou no colo. Se conheceram quando ela era pequena. Ele havia acabado de nascer e estava abandonado em um beco. Sem hesitar, ela o levou para casa. Se perguntassem a ela, ouvir seu avô brigando por mais de duas horas valeu totalmente a pena.
Em seguida, dirigiu-se a uma gaiola do outro lado do quarto, abaixando-se para verificar seus outros dois companheiros, que ainda dormiam. Mas sabia que logo acordariam.
Colocando Mingau no chão, caminhou até a prateleira que ela mesma instalou no quarto e pegou os sacos de ração. Reabastecendo os potes de comida, seguiu para a cozinha para trocar a água.
Quando voltou, os dois coelhos já estavam acordados e comendo. Ela os comprou há dois anos. Ambos eram machos. Um deles, curiosamente, tinha olhos dourados – algo que não deveria ser possível para um coelho, principalmente um branco. O outro era todo preto, com olhos cinza quase prateados.
Colocou os potes de água nos lugares e abriu a gaiola para que os coelhos pudessem se exercitar um pouco depois da refeição.
Voltou para a sala, acompanhada de Mingau. Ele já tinha comido e agora se deitava perto da janela para aproveitar o sol da manhã.
Então, começou seu aquecimento para os exercícios diários. Felizmente, nascera com um corpo naturalmente atlético, assim como seu irmão. Não precisava se esforçar muito para manter a forma, mas isso não significava que deveria ser sedentária.
Trabalhava duro no próprio corpo. A maioria das mulheres nascia com uma predominância em certas características físicas – algumas tinham quadris largos, mas seios pequenos; outras, o oposto. Existiam exceções, como as que possuíam ambos em proporções avantajadas ou as que não tinham nenhuma dessas características acentuadas. No seu caso, ela nascera com seios fartos, então precisava se dedicar aos exercícios para tonificar os glúteos.
Sentia orgulho do próprio corpo. Com seu treinamento desde a infância, conquistou a forma que desejava. Diferente da maioria das mulheres, possuía ombros levemente mais largos, quase imperceptíveis, seios grandes, quadris largos e um bumbum bem trabalhado. Sua cintura era fina em comparação ao resto do corpo, mas ainda assim mais larga do que a de uma mulher japonesa de estatura mediana. Seu abdômen exibia quatro gominhos que ela vinha esculpindo nos últimos seis anos, além de bíceps e tríceps bem definidos, assim como suas pernas.
Mingau observava Yumiko enquanto ela fazia seus exercícios, aproveitando o calor do sol. Sabia que ela gostava de focar no treino, então esperaria para incomodá-la depois, exigindo carinho e mimos.
Alguns minutos depois, ele foi até a roda para se exercitar também.
Vrrrmm Vrrrmmm
O celular tocou em cima da bancada da cozinha.
Yumiko havia acabado de terminar os exercícios e bebia um copo de água gelada. Aproximando-se, pegou o celular e viu que era uma mensagem de Masamichi.
Na mensagem, ele dizia que Yuji sairia em uma missão às 10:30, perto de uma escola que ficava próxima ao seu apartamento.
Olhando para o horário, viu que eram 8:12.
Agradeceu pela informação. No fim das contas, ter feito amizade com o diretor foi uma das melhores decisões que tomou.
Restavam duas horas e dezoito minutos antes da missão. Com o tempo de deslocamento e conclusão, tudo deveria terminar por volta da hora do almoço.
Com essa ideia em mente, Yumiko enviou uma mensagem para Masamichi perguntando quem mais participaria da missão.
O celular vibrou em suas mãos com a resposta.
Ela agradeceu novamente e começou a preparar o almoço para seis pessoas.
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Já eram 10 horas, e ela finalmente havia finalizado todos os obentôs, guardando-os em uma bolsa enorme. Nela estavam os seis obentôs, três garrafas térmicas com sucos e leite, algumas garrafas de água e duas vasilhas contendo as sobremesas. Por último, colocou o que havia acabado de preparar: um pequeno presente de agradecimento para Yaga.
Deixando tudo em cima do balcão, foi tomar banho e trocar de roupa, já que ainda usava a mesma que tinha saído de manhã.
Era um daqueles dias em que se sentia relaxada, então escolheu uma roupa casual para sair. Vestia um top branco e uma jardineira jeans clara, calçando um par de Havaianas em tom rosa pastel que havia comprado no Brasil. Seu cabelo estava preso em uma única trança, feita de forma solta e casual, e usava uma tiara de flores brancas que ganhara de presente — era a primeira vez que a usava.
Preparada para sair, aproximou-se de Mingau para se despedir.
“Estou saindo e volto mais tarde. Mingau, você é o chefe enquanto eu estiver fora, cuide de A-Ying e A-Zhan. Já deixei as rações nas tigelas e troquei a água. Volto logo. Tchau.”
Ela abraçou Mingau, deu-lhe um beijo na cabeça e pegou suas coisas. Ele miou e a olhou com seus olhos inteligentes, acompanhando-a até a porta.
Já eram 10:28. Teria que correr se quisesse garantir que chegaria antes de eles partirem.
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Eles chegaram ao destino: uma escola de ensino fundamental e médio. Nos últimos meses, o local se tornara palco de inúmeros casos de bullying. Até então, nenhum adulto parecia se importar — para eles, era apenas “coisa de criança”. Isso mudou quando o zelador, ao chegar cedo para limpar a escola, encontrou o corpo de uma das crianças.
A forma como foi encontrada era... inquietante. Ainda assim, os oficiais declararam como um acidente.
Rumores começaram a circular: alguns falavam em suicídio, outros em assassinato. Independente da verdade, a vida seguiu — ou, pelo menos, o mais próximo disso que se pode esperar em um lugar onde uma criança morreu de forma tão misteriosa.
O problema real veio semanas depois. O bullying, que havia cessado após o “acidente”, voltou com força total — e pior, muito pior. Nem mesmo os professores escaparam.
Sussurros correm entre os alunos. Dizem que é obra do espírito da criança morta. Às vezes, ouve-se uma gargalhada arrepiante ecoando perto do prédio onde encontraram o corpo. À noite, no horário estimado da morte, sombras parecem deslizar pelos corredores, chamando por algo — ou alguém — que ninguém consegue identificar.
Diante da escola, agora estão cinco pessoas: três estudantes, um professor e o motorista.
“Com base nas informações que recebemos, estimamos que seja uma maldição de grau 3, talvez tendendo para semi grau 2,” diz Ijichi, encerrando a explicação enquanto segura um tablet com o relatório do caso.
“Beleza, é hora de vocês brilharem. Vai, vai, xô xô,” diz Gojo, acenando displicentemente ao mesmo tempo em que praticamente expulsa seus alunos na direção da escola. Atrás dele, Ijichi já começava a recitar o encantamento para baixar a cortina.
Foram necessários apenas dois minutos para Yuji localizar a maldição. Gojo observou o momento exato em que ele sinalizou para os outros dois se prepararem. A luta foi rápida — não durou nem dez minutos. Os colegas se saíram bem, mas Gojo percebeu que Yuji ainda lutava para controlar sua energia amaldiçoada.
Agora restava exorcizar o restante das maldições espalhadas pela escola, o que exigiria mais tempo. Enquanto esperava, Gojo se aproximou do carro e se encostou, os olhos ainda fixos no prédio. Ijichi permanecia dentro do veículo, distraído com o celular no banco do motorista.
A escola era grande — dois prédios, um com três andares e outro com cinco. Meia hora depois, a tarefa estava concluída. Um tempo relativamente curto, considerando a extensão do local.
Os três estudantes se reagruparam no térreo, entre os prédios, e caminharam em direção ao carro. O relógio se aproximava do horário do almoço, e todos estavam famintos.
Eles se aproximaram do professor — um pouco mais experientes, mas também mais conscientes do que espreitava nas sombras.
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Ela esperava não estar atrasada. Já eram 11h35 quando avistou, ao longe, um carro preto parado e o familiar homem de cabelos brancos e vendado, encostado de forma relaxada.
‘Bem, parece que deu tempo no final. Tudo certo, nada errado…’ — pensou aliviada, lembrando dos minutos que perdeu ajudando um senhor a atravessar uma avenida movimentada.
Olhando em direção à escola e às pessoas que passavam por ali, ela se impressionou.
‘As cortinas que Masamichi-san mencionou são realmente incríveis. Ninguém percebe nada do que acontece lá dentro... e eu tenho certeza de que ele deve ter destruído pelo menos umas duas paredes.’
Enquanto se aproximava, Yuji e os outros dois apareceram através do véu, caminhando em direção ao sensei. Ninguém parecia tê-la notado — até que Yuji virou a cabeça bruscamente em sua direção, chamando a atenção dos demais.
Secretamente, Gojo ficou chocado por não ter percebido sua aproximação. Só então se lembrou do problema que ela tinha com a energia amaldiçoada: aquela aura sempre dispersa, fraca e largada, como se tivesse sido colocada às pressas.
Nobara e Megumi, ligeiramente corados com a roupa que ela usava, não entendiam o que uma mulher como aquela fazia em um lugar como aquele.
Assim que se aproximou, ela os cumprimentou com um sorriso cordial:
“Bom dia. Obrigada pelo trabalho duro.”
Um coro de vozes respondeu com um cumprimento de volta.
“O que você está fazendo aqui, one-san?” Yuji se aproximou dela, curioso.
Ela moveu o braço esquerdo — o que não carregava a bolsa — e pousou a mão na cabeça do irmão, puxando-o para um meio abraço. Ele correspondeu prontamente. Cresceram juntos, inseparáveis, e aquele tipo de carinho era habitual entre os dois.
“Masamichi-san me mandou uma mensagem hoje de manhã dizendo que vocês viriam para uma missão. Como minha casa fica perto, resolvi passar aqui e ver se estavam bem,” respondeu, examinando cuidadosamente os três.
‘Então era isso que você estava pensando, sensei…’ Gojo observava em silêncio, um leve sorriso escondido no canto dos lábios.‘Bem, não podemos fazer desfeita.’
E assim, iniciou sua missão secreta: analisar Itadori Yumiko.
“Estamos bem. Obrigado pela preocupação, one-san,” Yuji disse, com os outros dois confirmando com acenos rápidos.
“Fico feliz que ninguém tenha se machucado.”
“O que é essa bolsa, one-san?” Yuji já suspeitava — o cheiro que sentia não o enganava. Fazia quatro anos que não provava a comida da irmã. A ansiedade tomou conta. Ele precisava confirmar.
“Como percebi que a missão seria perto do horário de almoço, resolvi preparar obentôs para todos.”
Ela mostrou a enorme bolsa, visivelmente pesada.
Os olhos de Yuji brilharam. Embora ele fosse um bom cozinheiro — e muitos elogiassem sua comida —, ninguém cozinhava como Yumiko. Sua boca já começava a salivar.
“Tem um parque aqui perto. Podemos fazer uma pausa e almoçar lá,” sugeriu Gojo com seu sorriso característico. Ijichi já havia desfeito a cortina e os aguardava dentro do carro.
“Parece ótimo, mas somos seis, e o carro só comporta cinco,” observou Yumiko, olhando para Gojo como quem esperava uma solução inteligente.
“Podemos simplesmente deixar o Ijichi aqui", brincou Gojo, lançando um olhar malicioso ao assistente, que queria gritar aos céus em protesto... mas não ousava.
“Gojo-san é o homem mais forte do mundo... Tenho certeza de que ele não deixaria para trás seu assistente que trabalha tanto,” disse Yumiko com um sorriso inocente, seus olhos fixos no rosto dele. Pelas costas, sinalizou para Yuji conduzir os outros dois até o carro.
Ijichi, no banco do motorista, chorava lágrimas de felicidade.‘Finalmente... alguém reconhece meu esforço…’. Naquele momento, assim como Ieiri-san, ele beijaria o chão por onde Yumiko passasse.
Os três entraram no carro. Restava apenas o assento ao lado do motorista.
Yumiko e Satoru ainda estavam num silencioso concurso de olhares. Até que ela sorriu e, num movimento suave, entrou no carro, ocupando o último lugar. A bolsa repousava em seu colo.
O carro já estava ligado.
“Podemos ir, Ijichi-san.”
Ele temia Gojo, mas ignorar um pedido de Itadori Yumiko? Impossível. Restava apenas rezar por seu futuro.
Enquanto o carro se afastava, Yumiko abaixou o vidro e acenou para Gojo.
“Eu sabia que você era um cavalheiro, Gojo-san. Nos vemos no parque.”
Ela completou com um sorriso sapeca, como uma criança que acabou de vencer um jogo.
Ficando para trás, Satoru se perguntava o que acabara de acontecer. Seus sentidos pareciam entorpecidos diante dos olhos dourados que o encararam. Só podia lamentar sua desatenção.
Mas, é claro, ele não seria deixado para trás.
Era Gojo Satoru, o mais forte. E, em um instante, desapareceu — teleportando-se diretamente para o parque, esperando por eles na entrada, como se nada tivesse acontecido.
Cena cortada:
Todos no carro — exceto Yumiko — pareciam chocados com o que havia acabado de acontecer. Eles simplesmente deixaram para trás o feiticeiro mais forte do mundo.
“One-san, você não acha que foi meio malvada fazendo isso?” Yuji se sentia um pouco culpado por terem deixado Gojo-sensei para trás.
“Não acho. A menos que você queira ser o que foi deixado para trás e ter que correr até o parque,” respondeu ela, olhando para ele com um rosto alegre, como se nada tivesse acontecido.
Ele se calou prontamente. Por mais que sentisse um pouco de culpa, estava exausto por causa da missão e definitivamente não queria perder tempo correndo quando podia estar comendo a comida da sua irmã.
Megumi e Nobara trocaram olhares por um instante. A irmã de Itadori realmente tinha coragem — mas nenhum dos dois podia falar nada, já que também estavam se divertindo com a desgraça de seu sensei.
“Pela atitude que Gojo-san costuma ter, sinto que ele se aproveita do seu status pra fazer o que quiser,” ela comentou, virando-se para observar o movimento dos pedestres. “Então é sempre bom lembrá-lo de que ele também tem responsabilidades. Mas, na verdade... eu só queria ser mesquinha mesmo. E é divertido tirar onda com a cara dele.”
Ela riu, lembrando do dia em que foram apresentados — e de como ele murchou quando ela apontou seus defeitos sem hesitar.
Naquele momento, sem que Yumiko percebesse, nasceu o seu fã-clube — com seu irmão como líder. Mal sabiam eles que esse grupo ainda tomaria proporções gigantescas. Por ora, só queriam aproveitar sua companhia.
O caminho até o parque foi preenchido por conversas agradáveis e histórias engraçadas. Aproveitaram esse tempo para se conhecerem melhor — e, por um instante, tudo pareceu leve e tranquilo.
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Notes:
Estou aproveitando a calmaria antes da tempestade e colocando momentos fofos de interação dos irmãos, e desenvolvendo a relação de Yumiko com os amigos de seu irmão, estou com medo do que vou escrever pela frente e todo aquele caos que está por vir.
Sim sou fã de MDZS e vou fazer o máximo de referência a obra, Além de quando eu tiver dinheiro suficiente eu pretendo ter dois coelho e nomeá-los com A-Zhan e A-Ying, minha best ri disso (eu fiz ela assistir a animação, então agora é força-la a ler a novel).
Para os jovens que não pegaram a referência, Mingau é o nome do gato da Magali das revistas da Turma da Mônica, me sinto velha sabendo que existe algumas pessoas que não conhecem esse quadrinho.
Então é só isso por hoje, até o próximo domingo ou quando postar um capítulo surpresa na semana (づ ̄ ³ ̄)づ.
Data de publicação:22/05/2023
Revisão: 19/04/2025
Chapter 4: Conquistando todos pelo estomago parte 2
Notes:
Mais uma vez um pouco atrasada para postar, sinto muito por isso, mas relevem por favor, minhas aulas vão começar no caso hoje quando eu postar, só queria saber o porque eu já tenho coisa para fazer sendo que minhas aulas nem começaram (ノಠ益ಠ)ノ.
Aviso de gatilho: Leve referência a suicídio.
Espero que gostem (ノ*゜▽゜*) ヾ.
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
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“Então o quarto dele ficou infestado com um fedor de podre. Pensávamos que era algum animal que tinha entrado e morrido lá dentro — afinal, ele nunca gostou de arrumar o quarto. Qual não foi a surpresa quando descobrimos que as ‘pedras’ que ele tinha achado, na verdade, eram ovos de passarinho.” Yumiko riu alto com a lembrança.
Quando Yuji, aos quatro anos, apareceu em casa com cinco pedrinhas brancas e redondas, ele insistia que eram pedras mágicas, como as dos desenhos animados, e que agora eram seu tesouro.
Foi uma cena adorável. Nem ela nem Ji-chan se importaram e deixaram que ele guardasse seu “tesouro”. Ninguém se preocupou... até que, quase uma semana depois, um cheiro insuportável começou a sair do quarto do caçula da família.
“Não tínhamos percebido antes porque o Yuji não deixava ninguém chegar perto do tal ‘tesouro’. Demorou um pouco até descobrir de onde vinha o fedor. Acreditam que ele enrolou os ovos em uma camisa velha e colocou na última gaveta do armário?”
Ela olhou para trás e viu Fushiguro e Kugisaki segurando o riso. Ao lado deles, estava um Yuji totalmente envergonhado com a história da sua infância.
Normalmente ele não se importaria que soubessem, mas a forma como sua irmã contava tornava tudo muito pior. Devia ser coisa de irmãos, ele pensava.
“Tenho que dizer que a cena que vimos naquele dia não pode ser descrita por palavras de nenhuma língua conhecida. Desde então, ninguém naquela casa comeu nada com ovo por pelo menos um mês,” ela disse, rindo enquanto mexia no celular.
“E foi assim que nosso querido Yuji traumatizou a família inteira com ovos.”
“Ele foi o último a conseguir voltar a comer ovo, e mesmo assim ainda evita em alguns dias. Sempre que eu fazia omelete no café da manhã, ele ficava atrás de mim, encostado no batente da porta da cozinha, com a cara emburrada.”
Ela mostrou uma foto tirada em um desses momentos.
Na imagem, um pequeno Yuji de quatro anos, vestindo bermuda azul e uma camiseta de desenho animado, estava com os bracinhos cruzados e postura rígida. Batia repetidamente um pé no chão em sinal de indignação. Seu rosto trazia uma expressão de raiva: sobrancelhas franzidas, olhar julgador... mas com um beicinho que tirava toda a seriedade, transformando a cena na de uma criança absolutamente adorável.
Ao verem a foto, Nobara e Megumi não conseguiram mais segurar o riso — até mesmo Ijichi teve dificuldades para manter a compostura.
“Hahahaha! Isso explica por que Itadori evita comer qualquer coisa com ovo quando saímos,” disse Nobara, segurando a barriga.
Megumi continuava olhando para a paisagem pela janela, mas seu sorriso denunciava que estava se divertindo com a história.
Yuji só queria desaparecer em um buraco.
Ijichi tentava disfarçar o riso com tosses contidas.
A atmosfera no carro era leve e agradável. Apesar do constrangimento, Yuji estava grato à sua irmã. A missão tinha sido pesada, especialmente no aspecto emocional. A maldição era, na verdade, um jovem apaixonado por um dos seus senpais — sentimento que era correspondido. Mas, com os problemas de bullying na escola, eles acabaram se separando: um ficou, o outro se transferiu.
Pelo balbucio da maldição, aquele que se transferiu não aguentou a pressão da sociedade. Sem o apoio do companheiro, desapareceu após ir até a estação de trem — e nunca mais foi visto com vida.
O que ficou na escola não suportou a dor da perda e se jogou do último andar do prédio, amaldiçoando todos à sua volta. Queria que todos sofressem e nunca escapassem do ciclo de bullying.
Eles conseguiram exorcizá-lo, mas o gosto amargo não passava — especialmente para Yuji, que sabia que a maldição só amplificava algo que já existia.
“Chegamos, finalmente. Não sei vocês, mas eu estou com fome. E olha só quem chegou antes da gente, mesmo depois de fazer toda aquela cena pra deixar Ijichi-san pra trás,” Yumiko disse, interrompendo os pensamentos do irmão.
Foi só então que os três que estavam no banco de trás perceberam. Um pouco mais à frente, na entrada do parque, estava seu sensei — fazendo uma pose que ele provavelmente achava descolada, apoiado na parede e mexendo no celular como se não se importasse com nada ao redor.
Várias pessoas o encaravam, talvez mais impressionadas com o fato de ele estar mexendo no celular usando uma venda.
O parque estava surpreendentemente movimentado, mas não foi difícil encontrar uma vaga.
“Eu não sei vocês, mas eu não conheço aquele cara na entrada. Melhor passarmos rápido, vai que ele nos confunde com algum conhecido,” Yumiko disse, já saindo do carro. Agora ela esperava os outros para irem juntos escolher um lugar para o piquenique.
Exceto Yuji, todos concordaram prontamente com ela.
Ela começou a andar, mas após alguns passos percebeu que apenas três pessoas a seguiam. Ao olhar na direção de Ijichi, notou que ele ainda estava dentro do carro.
Voltando, ela bateu no vidro da janela:
“Por que ainda está aqui, Ijichi-san? Eu fiz almoço para todos. Masamichi-san me disse que você estaria aqui, então preparei para você também — e aproveitei para agradecer por cuidar do Yuji daqui pra frente.”
Ela se afastou um pouco, esperando que ele saísse do carro.
Ijichi não sabia o que sentir. Não era comum para ele — ou para qualquer assistente — receber esse tipo de gentileza. Todos estavam sempre ocupados com missões perigosas, então não havia espaço para agradecimentos.
Então, ele fez a única coisa possível: saiu do carro e agradeceu profundamente.
Yumiko apenas sorriu e disse que não precisava de tanta formalidade, chamando-o para se juntar ao grupo.
Assumindo novamente a liderança, ela agora guiava quatro pessoas em direção ao parque.
Ignorando Gojo completamente — uns mais do que outros —, o grupo entrou no parque e começou a procurar um bom local para se instalar.
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Lá fora, Gojo observa o tempo passar enquanto mexe no celular. Ele está atualizando seu professor sobre a missão que seus alunos cumpriram e comentando a surpresa da chegada da irmã de Yuji.
Eles conversam mais um pouco até que uma notificação dos superiores chega: mais uma missão de grau especial não registrado.
Gojo nota como, cada vez mais, estão surgindo maldições de grau especial — e como estão o enviando para mais missões do que o normal. Ele não gosta nem um pouco da direção para a qual isso está caminhando.
Ele então percebe o carro com seus alunos se aproximando. Sem olhar diretamente, sente a movimentação de Yumiko voltando ao carro para chamar Ijichi para acompanhá-los.
Enquanto isso, ele ignora a mensagem dos superiores por ora, mas avisa seu professor que irá depois do almoço.
Assim que termina de enviar a mensagem, nota que os cinco já entraram no parque sem ele.
Ele foi ignorado.
Não que isso o afetasse — de certa forma, ele já estava acostumado. Por isso, não levou para o lado pessoal e apenas decidiu ir se juntar a eles.
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Ela finalmente encontrou um bom lugar para eles ficarem.
Era um aglomerado de árvores que formava uma meia-lua, com bastante espaço entre os troncos, o que criava uma sombra agradável e deixava uma ampla visão do restante do parque.
Ao constatar que o espaço era bom o suficiente para se sentarem e comerem, ela tirou de sua bolsa um grande tapete — do jeito prevenido que era — com estampa de flores coloridas, e o estendeu no chão para acomodá-los.
Aos poucos, todos foram se sentando em seus lugares: Yumiko ficou de costas para as árvores, observando a movimentação do parque; Yuji estava ao seu lado direito, com Megumi à direita de Yuji. Nobara sentou-se à sua esquerda, com Ijichi à esquerda de Nobara.
Eles formavam um círculo, com um espaço entre Megumi e Ijichi — que, consequentemente, ficaram de frente para Yumiko — os dois que mais estavam acostumados com a presença de Gojo, que se aproximava caminhando em ritmo calmo.
Enquanto isso, Yumiko começava a organizar o almoço. Colocou os obentôs e os talheres à frente de cada um, e, no centro, distribuiu as bebidas e copos, deixando-os livres para escolher o que preferissem.
"Vocês demoraram a chegar" — disse Gojo com seu característico sorriso, aproximando-se e sentando-se no único lugar que restava.
"Ah, Gojo-san, você já tinha chegado? Não tinha te visto" — disse Yumiko, antes que alguém pudesse dizer qualquer outra coisa. Ela olhou para ele e piscou os cílios com um rosto inocente.
Por mais que achasse graça na tentativa de provocação, Gojo não se deixou afetar.
"Claro que já cheguei. Eu posso facilmente me teletransportar. Não se deve esperar menos do feiticeiro mais forte que existe" disse, relaxando o corpo, como se o simples ato de se recostar fosse prova de sua superioridade.
Gojo era perfeito em tudo — todos concordavam, ainda que a contragosto. Sua única falha, na opinião da maioria, era sua personalidade narcisista. Ele era forte, bonito, habilidoso e inteligente.
Mas às vezes, sua personalidade atrapalhava seu processo de pensamento.
Para ele, Yumiko estava questionando suas habilidades.
Para ela, o problema era outro: integridade. Como professor de Yuji, ela não podia ignorar atitudes que considerava desrespeitosas, mesmo que dirigidas a alguém cujo trabalho não fosse considerado tão "importante".
"Como pensei... Gojo-san realmente é impressionante" disse ela, olhando para ele com uma expressão admirada. O sorriso dele aumentou. Sempre era bom inflar o ego. Mas não durou muito.
"Se Gojo-san é tão incrível a ponto de se teletransportar, por favor, explique a esta pobre e fraca mortal por que iria deixar Ijichi-san, outro pobre mortal, para trás, sendo que vossa senhoria poderia ter se teletransportado tão facilmente?"
Ela continuou a encará-lo inocentemente.
Todos ao redor ficaram entretidos com a troca.
Yuji, faminto, esperava o comando da irmã para finalmente comer, mas não desgrudava os olhos da provocação.
Megumi e Nobara estavam fascinados: no segundo encontro dela com o professor, ela já estava o confrontando novamente.
Ambos decidiram que, acontecesse o que acontecesse dali para frente, estariam do lado dela. Mesmo que ela cometesse um crime, ajudariam a esconder as provas.
Ijichi, o pobre homem, não sabia o que fazer, então apenas rezava para que nada de ruim acontecesse.
Gojo foi pego desprevenido, embora não demonstrasse.
Ninguém notou — exceto Yumiko. Ela era boa em ler pessoas e soube que o atingiu quando notou um leve encolher de ombros. Era sutil, mas suficiente.
"Olha, Gojo-san, pode não parecer, mas eu não tenho nada contra você" disse ela. Ele inclinou a cabeça, incentivando-a a continuar, ao mesmo tempo em que demonstrava dúvida sobre aquela afirmação.
"A questão é que você é o professor do meu irmão. E como tal, espero que possa educá-lo da melhor forma possível. Então, quando você toma atitudes como essa — de querer deixar alguém para trás sem necessidade — me deixa preocupada."
"Yuji é uma boa pessoa. Não posso dizer que é por minha causa, mas gosto de acreditar que pude ensinar a ele a ser sempre o melhor que pode ser" ela olhou rapidamente para o irmão, vendo o homem incrível que ele se tornaria.
"Não quero que isso mude nele. Sei que é pedir muito, já que o trabalho de vocês raramente ocorre em um ambiente alegre, mas gostaria de preservar ao máximo o caráter dele."
"Então, peço que tome cuidado com suas atitudes. Eles não são mais crianças, mas ainda são influenciáveis. Você é uma boa pessoa, Gojo-san. Só que parece esquecer o verdadeiro peso de ser um professor. Não se trata apenas de ensinar sobre o mundo jujutsu, habilidades ou qualquer outro conteúdo. Está em cada pequena ação que se toma."
Todo o discurso foi dito de forma calma, sem alteração de voz — como se fosse apenas uma observação. Mas isso não tirou o peso das palavras.
O silêncio que se seguiu serviu para absorver tudo o que fora dito.
Yuji estava com o coração aquecido.
Sua irmã sempre fora seu porto seguro. Quase não se lembrava dos pais, e, embora o avô tivesse cuidado de suas necessidades, era ela quem estava ao seu lado desde os primeiros passos — para curar machucados, cantar para dormir, contar histórias. Ela era a constante em sua vida. Não sabia o que faria se ela fosse embora.
Os outros dois sentiram uma pontinha de ciúmes. Ter alguém que enfrentaria até mesmo Gojo Satoru por se preocupar com sua influência sobre o irmão... no fundo, eles também desejavam ter alguém assim.
Gojo estava levemente surpreso.
Não era o que costumava ouvir. Reclamações de que ele não servia como professor eram comuns. Mas ver alguém apontar algo que achou incômodo e, de forma tão direta, pedir para que ele melhorasse, o deixou sem palavras.
Grrrrrr
O barulho de um estômago roncando alto foi o que quebrou o silêncio.
"Foi mal. Faz tempo que não como a comida da one-san, então meu estômago está realmente ansioso" disse Yuji, coçando o pescoço com um sorriso envergonhado.
Yumiko apenas riu da presepada do irmão.
"Yuji está certo, já passa das 12h30. Vamos almoçar. Tenho certeza de que vocês ainda têm coisas para fazer. Espero que gostem, eu particularmente me esforcei bastante ao fazê-los."
No momento em que todos abriram seus obentôs, um cheiro delicioso tomou conta do local.
Era tão bom que poderia ressuscitar alguém só para experimentar a comida responsável por aquele aroma.
Todos se serviram das bebidas e agradeceram a comida antes de devorarem o almoço.
Entre uma mordida e outra, elogiavam a cozinheira.
Alguns chegaram a se emocionar — a comida estava espetacular.
Nem mesmo Gojo, que normalmente só comia doces, conseguiu resistir.
Quando terminaram, estavam satisfeitos, mas decepcionados por já ter acabado.
"Alguém ainda tem espaço para sobremesa?" — perguntou Yumiko, tirando três vasilhas da bolsa. — "Eu não sabia o quanto vocês gostam de doce, então dividi nessas três vasilhas: 'levemente doce', 'doce' e o que eu gosto: 'bastante doce'. Vocês podem escolher o que acharem melhor para o paladar de vocês."
Os olhos de Gojo brilharam.
Não havia como alguém que cozinhava tão bem não fazer doces igualmente magníficos.
Ela colocou as três vasilhas no centro enquanto guardava as dos obentôs.
Cada um escolheu seu tipo preferido.
Megumi, que não era muito fã de doces, ficou entre o "levemente doce" e o "doce".
Ijichi, Yuji e Nobara optaram apenas pelo "doce".
Já Gojo e Yumiko acabaram rapidamente com os "bastante doces", com Gojo roubando os das outras vasilhas também.
Gojo sentia que nunca mais comeria um doce que se igualasse aos que provou naquele dia.
Não que fosse reclamar.
Mas com certeza, agradeceria ao seu sensei por tê-los colocado em missões perto da casa dela, se isso significasse poder comer assim de novo.
Como ainda estavam no horário de almoço, decidiram conversar e relaxar um pouco, trocando experiências e conselhos diversos.
Ao se despedirem, Yumiko entregou a Yuji um presente que havia feito para Masamichi.
Pediu para que o entregasse como agradecimento por tê-la avisado da missão.
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O tempo passou rapidamente — já estavam em julho. Nesse meio tempo, muita coisa aconteceu.
No total de sete missões realizadas nesse período, em cinco delas eles se encontraram com Yumiko, já que eram próximas da casa dela — cortesia de Yaga — e, sempre que possível, ela preparava algo para que eles comessem, dependendo do horário.
Em algumas dessas missões, ela até realizou os primeiros socorros neles. Não demorou muito para que ela reivindicasse Nobara e Megumi sob suas asas, e eles seguiam felizes como patinhos, acompanhando-a sempre que ela tirava um tempo para visitá-los na escola.
Ao mesmo tempo, começaram a circular rumores entre os assistentes: aquele que conseguisse ser escalado para acompanhar os alunos do primeiro ano nas missões teria a chance de comer como um deus.
Isso começou depois que Ijichi levou restos de um lanche que não conseguiu terminar. Quando os outros assistentes descobriram, começaram a disputar entre si a chance de acompanhar os primeiranistas nas próximas missões.
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Em uma tarde, Yumiko foi fazer sua visita periódica. Ela acabou chegando pouco depois de as crianças saírem para uma missão. Agora, sentada no escritório, conversava com Yaga enquanto comiam os lanches que ela trouxe e bebiam o chá que Yaga preparou.
"Aqueles três se apegaram bastante nesse meio tempo. Fico feliz por Yuji conseguir confiar nas pessoas além de mim" disse ela, saboreando o chá de hibisco com essência de laranja.
"E eles se apegaram a você, o que é surpreendente... e ao mesmo tempo não é" ele riu um pouco, saboreando o salgado que ela trouxe.
"O que eu posso fazer quando eles são tão adoráveis? Deixe as crianças serem crianças. Elas têm que correr e se aventurar sabendo que há um adulto atrás delas para qualquer coisa" ele já havia ouvido um discurso parecido de Satoru e não pôde deixar de concordar.
Quando ela foi beber mais um pouco de chá, a alça da xícara quebrou, derramando o líquido em seu colo. Mas ela não ligou para isso. Um enorme mal pressentimento surgiu no fundo de seu ser. As crianças estavam em perigo — algo gritava no fundo da sua alma.
Sem perder tempo, ela se levantou, assustando um pouco Yaga.
"Algo aconteceu com as crianças! Rápido, ligue para Ijichi-san. É ele que está com elas, não é? Vou ligar para Yuji enquanto isso."
Rapidamente, ela pegou seu celular e começou a discar para Yuji. Ao mesmo tempo, Yaga ligava para Ijichi.
Ijichi atendeu no mesmo momento em que Yuji atendeu a ligação. Yumiko se afastou de Yaga para não misturarem as conversas.
"Yuji, o que aconteceu? Vocês estão bem? Estou com um mau pressentimento. Não continue com essa missão! Masamichi-san não me deu os detalhes, e eu esqueci de perguntar, mas não deveria me causar esse calafrio. Por favor, não vá!" ela falou tão rápido que mal era possível entender o que dizia, em total frenesi, com o coração batendo forte no peito.
Yuji, por outro lado, tentava acalmá-la.
"Está tudo bem, one-san. Acabamos de entrar na cortina. Não é nada demais, só vamos recuperar um corpo. Vou tomar cuidado, não se preocupe." Ele olhou para seus dois companheiros ao lado. "Eu prometi a uma senhora que traria o filho dela de volta. Não posso quebrar essa promessa, mas tomarei o triplo do cuidado. Então, por favor, se acalme, certo, one-san?"
Ela percebeu que seu irmão estava obstinado a cumprir sua promessa. Queria gritar e exigir que ele voltasse para casa, mas sabia que não adiantaria. Essa era a escolha dele: passar o resto da vida lutando por algo em que acreditava. Não foi exatamente isso que ela o ensinou? Como poderia ela quebrar o sonho dele dizendo que não confiava em sua capacidade de realizá-lo?
"Tudo bem. Avise Nobara e Megumi para ficarem atentos. Vou ligar para Gojo-san e pedir para que seja o suporte de vocês, ok?" ela suspirou fundo, ainda em agonia, com todos os nervos à flor da pele, gritando para que fosse até eles e nunca mais deixasse que o mundo os tocasse.
"Tudo bem. Te ligo quando terminarmos aqui. Beijo, tchau, te amo."
"Tchau. Também te amo."
Desligando a chamada, ela se virou e viu que Yaga já havia terminado de falar com Ijichi.
"Yuji está obstinado a continuar a missão, então só posso pedir que eles tomem cuidado. O que Ijichi-san disse?"
"Nada fora do normal por enquanto, mas ele vai mandar atualizações a cada poucos minutos."
Ela assentiu.
"Vou ligar para Gojo-san. Só vou ficar em paz quando ele estiver com as crianças... ou quando elas estiverem onde meus olhos possam vê-las" ela se levantou novamente para fazer a ligação.
Ela lembrou de ter pedido o número dele quando entregou o presente para Yuji entregar a Masamichi. Foi engraçado como ele brincou enquanto flertava, dizendo que ela havia pedido seu número tão diretamente e perguntando quais eram suas intenções com ele — e como ele foi cortado pela expressão séria de Yumiko, que disse que a única coisa que tinha interesse nele era o fato de ser o professor de Yuji.
No segundo toque, a chamada foi atendida.
"Gojo-san, eu sei que você está ocupado e tudo mais, mas tem como agilizar as coisas e voltar o mais rápido possível? Minha intuição diz que algo ruim vai acontecer com as crianças."
Do outro lado da linha, Gojo acabava de terminar de brincar com uma maldição de grau especial. Estavam surgindo várias ultimamente, mas ainda assim eram fracas comparadas a ele.
Ao ouvir o que Yumiko disse, ele se colocou ereto. Finalmente entendeu o porquê de estarem o afastando tanto de seus alunos — o colocaram em várias missões seguidas, gradualmente. Agora, ele se via em outro país, exorcizando maldições por dois dias consecutivos, sem uma pausa sequer para descansar.
Ele percebeu que, por causa disso, não tinha energia amaldiçoada o suficiente para se teletransportar por uma distância tão longa. Imediatamente, correu até seu assistente e ordenou que entrasse em contato com Ijichi.
Tudo isso aconteceu em frações de segundos.
"Tudo bem. Tenho que terminar mais dois exorcismos e já volto. Por enquanto, procure se acalmar. Já pedi para meu assistente manter contato com Ijichi — ele vai me atualizar do que acontecer" ele desligou a chamada com uma expressão séria.
‘Aqueles velhos realmente não têm medo da morte’ pensou.
Ele nunca exorcizou tão rápido em sua vida. Normalmente preferia brincar com as maldições em busca de entretenimento.
Ele nunca esqueceria o arrependimento que isso causaria.
Cenas cortadas:
Olhando para uma enorme pilha de papéis sobre a mesa, Yaga se perguntava quando poderia se aposentar, ou o quanto valeria a pena largar tudo e ir embora. Ele estava cansado, e seus superiores estavam cada vez mais estranhos. Estavam aprontando algo, mas ele não sabia dizer ao certo o que era.
Toc, toc, toc
Batidas na porta foram ouvidas.
"Pode entrar" disse Yaga, rezando para que quem fosse não estivesse trazendo mais papelada.
"Yaga-san, minha irmã pediu para lhe entregar isto" entrou no escritório, carregando uma caixa marrom de chocolate escuro, e a colocou sobre as pilhas de forma que achou que não cairia.
"Ela pediu para entregar como um presente de agradecimento por avisá-la quando formos na missão, e pediu, se não for incômodo, para continuar avisando-a sempre."
Ele agradeceu pela entrega e dispensou o jovem, para que voltasse às suas atividades.
Agora, olhando para a caixa, ele decidiu abri-la e se deparou com vários doces.
Parecia que cada um tinha um toque de essência de chás diferentes.
Experimentando um, ele ficou maravilhado com o sabor.
Geralmente, não é permitido falar sobre as missões antes de elas acabarem, mas quem seria ele para recusar um pedido tão sincero de uma irmã preocupada com seu irmão? E bem, se mais desses doces chegassem até ele, só poderia associar à generosidade de Yumiko.
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Notes:
Começamos a chegar em uma das partes sérias da historia e ainda não sei bem como vou trabalhar ela, mas tenho algumas cenas já planejadas.
Eu estava planejando em esperar o manga finalizar para poder saber o que vou escrever, mas depois da luta que eu vi do Gojo e Sukuna, eu devo dizer que esperava mais, não aqueles dois aplaudindo um prédio que eles destruíram, então vou apenas escrever o que eu espero que aconteça e o que eu acho interessante em colocar na história.
Falando um pouco sobre esse capítulo, esqueci de avisar no ultimo capítulo mas eu mudei a forma como Yumiko se refere a Yaga, simplesmente porque descobri faz pouco tempo que Yaga é o sobre nome e Masamichi é o nome dele, e que na verdade eu tinha trocado, então não estranhem se virem ela se referindo a ele como Masamichi-san, eu também corrigi esse erro nos capítulos anteriores.
Não sabia como colocar, então aqui vai uma explicação rápida, Gojo e Yaga a escutaram tão prontamente pois eles sabiam que seus instintos eram muito bons, isso se deve a em uma das missões, Megumi quebrado o braço, então quando ele saiu para se encontrar com seu professor ele viu Yumiko com algumas talas para imobilizar, quando Gojo perguntou como ela saberia, ela apenas deu ombros e disse que sua intuição era muito boa, e Yuji atestou por ela. Então Gojo relatou essa observação a Yaga e por mais que sejam um pouco céticos sobre, eles preferem ouvir quando ela fala, e bem até agora ela nunca errou.
Então é só isso por hoje, até o próximo domingo ou quando postar um capítulo surpresa na semana (づ ̄ ³ ̄)づ.
Data de publicação:29/05/2023
Revisão: 19/04/2025
Chapter 5: Lágrimas derramadas
Notes:
Finalmente consegui postar no dia certo ☆*: o(≧▽≦)o :*☆.
Adivinhem qual notebook resolveu morreu? Sim o meu, passei o sábado inteiro tentando ajeitar ele mas não foi, quase tive que mandar ele para o conserto, mas consegui salvar ele hoje de manhã então tá tudo certo.
Eu vi muitos autores falando sobre o notebook ter defeito e que perderam os capítulos que já tinham salvos então fui inteligente de salvar no OneDrive para evitar esse problema, mas ai meu note vai e resolve não ligar, eu acho incrível isso (」゜ロ゜)」.
Espero que gostem (ノ*゜▽゜*) ヾ.
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
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"Suas últimas palavras foram 'Vivam bastante.'" Fushiguro termina de relatar o que aconteceu. Ele se sente entorpecido e enjoado, evitando olhar para seu sensei.
Eles estavam na enfermaria. Nobara estava deitada no outro lado do quarto. Todos sabiam que ela estava fingindo dormir para evitar falar sobre o assunto, ao mesmo tempo em que não conseguia parar de pensar em como foi facilmente separada de seus colegas e não contribuiu muito para salvar Yuji.
O clima da sala era pesado e melancólico.
A primeira coisa que Gojo fez ao chegar à escola foi verificar seus alunos, e ele estava com medo do que iria encontrar. Estava um pouco exausto fisicamente, e assim que chegou à distância suficiente para se teletransportar com a quantidade de energia que possuía, ele o fez.
Porém, os pensamentos de Gojo estavam em turbilhão, assim como seus sentimentos, mas ele não demonstrou nada.
"Ela sabia." Megumi fala baixinho, com os punhos cerrados e as unhas cravadas na palma da mão.
Ele olha para seu sensei.
"Yumiko-san sabia que tinha algo de errado e nos avisou para não irmos, mas Itadori queria recuperar o filho daquela senhora. E eu, na minha arrogância, achei que poderia arcar com tudo, já que sou o mais experiente dos dois." Ele olha para seu professor com uma carranca. Dava para ver que ele estava se segurando, mas ninguém sabia sobre o que ele estava se segurando.
Raiva? Tristeza? Dor? Não importa, nada disso traria Yuji de volta.
"Quando chegamos, a primeira coisa que ela fez foi verificar a mim e a Kugisaki. Ela parecia saber que algo tinha acontecido com seu irmão, só não sei se ela sabia da sua morte." Agora, pequenas gotas de sangue apareciam na palma de sua mão. "Ela ficou conosco, nos acalmando e dizendo para não nos preocuparmos. Ela saiu há pouco tempo atrás para verificar Itadori. Eu só não sei se me sinto apaziguado."
Megumi e Nobara tinham sentimentos mistos. Ao mesmo tempo que se sentiam agradecidos e tocados pela preocupação de Yumiko, eles se sentiam péssimos e responsáveis pela morte do colega de classe. Sentiam que não mereciam a gentileza dela.
"Não pense muito nisso, senão sua cabeça vai explodir, Megumi." Gojo retira o aperto da mão de Megumi. "Yuji ficaria triste se soubesse a forma como vocês estão agora." Ele finalmente se despede e se levanta para ir ver o corpo de Yuji no necrotério.
"Nem Yuji-kun nem Yumiko gostariam que vocês se sentissem culpados pelo que aconteceu." Ele vai em direção à porta, e do lado de fora, encostado, estava Ijichi, esperando por Gojo para irem em direção ao necrotério.
Ele se sente hipócrita, já que até mesmo ele sente a culpa o consumindo.
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Em passadas largas, mas com um ritmo controlado, Gojo, seguido por Ijichi, caminhava pelo corredor. Suas posturas eram tensas, mas por motivos diferentes.
Gojo, particularmente, não sabia o que fazer. Ele não era uma pessoa que soubesse confortar os outros, principalmente em momentos como aquele.
A cada passo, a porta do quarto, que guardava o corpo de seu aluno e o de sua irmã, parecia mais distante e ao mesmo tempo intransponível. Ele não sabia se teria força para entrar.
Ao tentar abrir a porta, uma melodia estranhamente alegre e suave preencheu o ambiente. Ele hesitou e abriu a porta devagar, encontrando seu aluno deitado sobre uma mesa, do outro lado do quarto.
No entanto, o que mais chamou sua atenção foi Yumiko, sentada em um banco, segurando a mão esquerda de Yuji com a sua própria. Sua mão direita acariciava suavemente os cabelos do irmão. Ela cantarolava baixinho, como se só permitisse que Yuji escutasse. Às vezes, ela se balançava levemente, como se estivesse dançando, perdida em uma rotina de carinho e tristeza silenciosa.
Contrariando a expectativa de Gojo, ela não estava chorando. Seu rosto estava sereno, e um leve sorriso tocava seus lábios, como se ela tentasse, com todas as forças, manter uma aparência de tranquilidade. Quando ela percebeu que ele e Ijichi haviam entrado, a ignorou completamente, como se estivesse em outro mundo, onde a dor não pudesse tocá-la.
Para não interromper aquele momento íntimo, Gojo e Ijichi se posicionaram o mais afastados possível, falando baixinho.
"Encontrar o culpado disso é problemático", Gojo disse, sua voz mais alta do que o esperado. Ele evitava falar sobre a execução de Yuji, não queria causar mais dor em Yumiko, especialmente sabendo que a verdade foi escondida dela a pedido de Yuji.
"Então não seria mais fácil simplesmente matar todo mundo de uma vez?" Gojo já estava se irritando. Eles estavam ali há um tempo, e ele não conseguia mais conter sua frustração.
O olhar que ele lançava à cena à sua frente o deixava ainda mais desamparado. Mesmo com as melodias suaves que ocasionalmente ele ouvia Yumiko cantar e seu rosto sereno, o ar melancólico na sala se tornava quase opressor. Aquela imagem de paciência e tristeza profunda não fazia mais sentido para ele. Ele se sentia impotente.
Isso o fazia lembrar de como sempre se recusou a ser impotente. Como o feiticeiro mais forte, como poderia ele não ser capaz de, ao menos, salvar seus alunos? Esse golpe em seu orgulho era mais doloroso do que qualquer batalha perdida.
"É estranho te ver tão irritado", a chegada de Shoko foi o suficiente para amenizar um pouco o clima. "Você realmente gostava dele, hein?"
"Bem, sou um cara legal que ama seus alunos", Gojo respondeu, apontando para ela como se isso fosse o suficiente para provar seu ponto, aproveitando a oportunidade para mudar o tom sombrio da sala.
"Não caia matando no Ijichi assim. É difícil ser o intermediário entre nós e os superiores", Shoko disse, observando-o atentamente.
"Eu tô cagando pros problemas dele", Gojo acenou com a mão, afastando o assunto como se fosse um simples incômodo.
"Você não deveria ser tão cruel com Kiyotaka-san. Tenho certeza de que Gojo-san é adulto o suficiente para não jogar suas frustrações nos outros assim." Yumiko, que havia parado de cantarolar com a chegada de Ieiri, agora os olhava com a mesma expressão serena que tivera durante todo o tempo.
Gojo hesitou. Ele não sabia como interagir com ela. Como poderia fazer isso com o corpo de seu aluno e o irmão dela ali, diante deles?
Enquanto se aproximava mais do corpo, Shoko deu uma boa olhada no hospedeiro do Sukuna. O lençol cobria apenas o corpo de Yuji, com os braços e a cabeça visíveis. Yumiko se levantou, pegando uma cadeira e a colocando cuidadosamente em um canto, onde não atrapalhasse. Ela ficou ao lado do corpo, esperando o que quer que fosse feito.
"Então esse é o hospedeiro do Sukuna", disse Shoko, retirando o lençol que cobria o corpo de Yuji. "Posso dissecá-lo à vontade, certo?" Ela perguntou, olhando para Yumiko.
Elas já haviam se encontrado algumas vezes desde que Yuji entrou na escola Jujutsu. Ambas se davam muito bem, especialmente porque Yumiko não tinha medo de falar a verdade na cara de Gojo. Shoko, por sua vez, adorava assistir a essas interações, pois ele sempre se via sem argumentos diante dela.
Segurando a mão direita de Yuji, Yumiko beijou sua testa pela última vez. "Vá em frente", ela disse, com uma tranquilidade que contrastava com a dor evidente em seus olhos.
No fundo ela sabia que isso tinha que ser feito.
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Dentro do domínio, Sukuna estava lutando, ou melhor, brincando, com Yuji.
“Se você aceitar minhas condições, eu conserto seu coração e o ressuscito”, disse Sukuna, enquanto estava sentado em cima de Yuji.
“Tá se achando, é? Fica bancando o bonzão e dizendo que está tudo sob controle, mas, na real, você só não quer morrer, né?” Mesmo naquela posição, como um burro de carga, Yuji não se deu por satisfeito. Ele não era tão idiota ao ponto de concordar em fazer um pacto com o rei das maldições.
“As coisas mudaram. Em pouco tempo, vamos ver algo bem interessante.” Ele estava apostando no possuidor da técnica das 10 sombras para seus planos futuros.
“Ei, tenho duas condições. Primeiro, se eu disser ‘Abraxas’, você vai entregar o controle para mim por um minuto.” Yuji levantou o dedo para indicar a primeira condição, logo acrescentando outro dedo para a segunda. “Segundo, você vai esquecer esse nosso pacto.”
“Nem ferrando. Eu não sei quais são suas intenções, mas isso tá cheirando mal.” Yuji fez uma careta ao olhar para Sukuna. “Eu finalmente entendi depois do que aconteceu. Você é maldade pura. Eu nunca mais vou entregar meu corpo para você.”
“Nesse caso, vamos combinar que eu não vou matar nem machucar ninguém durante esse um minuto”, Sukuna suspirou. “Formar um pacto com um idiota como você é difícil.”
“QUEM DIABOS IRIA ACREDITAR EM VOCÊ?!” Yuji gritou, completamente indignado, achando que a maldição achava que isso poderia fazê-lo concordar.
O que se seguiu foi uma explicação sobre o quão poderoso era o pacto. Se quebrado, a penalidade poderia até matar Yuji.
“Além disso, você não gostaria de voltar para sua irmã? Ela está triste com sua morte. Posso escutar seus gritos e lamentos.” Sukuna riu, querendo mostrar como achava divertido o sofrimento dela.
Sukuna usaria tudo o que estivesse ao seu dispor para conseguir o que queria, e trazer à tona o sofrimento da mulher seria a estratégia final para causar um impacto maior no seu hospedeiro.
“... Tá bom, agora sai de cima de mim. Eu aceito suas condições.” Yuji não podia deixar sua irmã sozinha no mundo. Se fosse ele a perdê-la depois da morte do avô, ele não saberia o que fazer e como seguir em frente.
Levantando-se e agora perto o suficiente, Yuji socou o rosto de Sukuna. “Mas não pense que você vai conseguir o que quer. Gojo-sensei estará lá para impedi-lo de fazer qualquer coisa. Se não, eu mesmo vou lhe parar.” Yuji acrescentou, apontando o dedo para Sukuna.
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“Estou começando”, Ieiri se vira para olhar especialmente para os dois homens na sala.
Yumiko está parada, olhando para o corpo de seu irmão. Foi então que ela percebeu uma pequena contração nas mãos de Yuji.
Pouco tempo depois, Yuji, agora vivo, se levanta da cama, confuso. A forma como ele se levantou não permite que ele veja sua irmã.
“Cacete! Eu tô com o pau de fora!” Yuji fala, agora sentado e olhando os ocupantes da sala. Ele sente um tapa forte na nuca.
“Não fale assim, tenha um pouco de classe, tenho certeza de que te ensinei isso.” A voz de Yumiko demonstrava que ela estava com raiva pela fala dele. Ela logo joga o pano que o cobria de volta nele para se cobrir.
Apenas Gojo percebe as pequenas gotículas de lágrimas se formando nos olhos dela e como seu rosto ficou levemente vermelho, na ponta do nariz e abaixo dos olhos. Ele soube, ali, que ela estava se segurando para não chorar.
“E-e-ele está vi-vivo!” Ijichi gagueja, em choque.
“Hehehe. Você tá sendo barulhento demais, Ijichi.” Finalmente, Gojo sente a tensão se aliviar e pode respirar sem dificuldade.
“Mas que pena.” Ieiri realmente queria dissecar Yuji.
Yuji, que estava se cobrindo com o pano, olha para ela preocupado com sua sanidade.
“Yuuji! Bem-vindo de volta!” Gojo estende a mão para um high five.
“Opa! Estou de volta!” Yuji o cumprimenta, estendendo a mão para o high five.
“Yuji.” Yumiko se aproxima e o abraça.
“One-san.” Ele retribui, feliz por vê-la.
“Aqui, vista-se.” Ela estende uma muda de roupas para ele. Ninguém sabia de onde ela tinha tirado isso até perceberem que ela tinha uma mochila encostada perto dela.
“Estamos indo na frente para conversar sobre a volta de Yuji-kun.” Gojo diz, acompanhando Ieiri para refazer seu relatório.
Enquanto os dois saem para conversar, na sala restam apenas Yuji, Yumiko e Ijichi.
“Venha, eu vou te ajudar.” Yumiko o ajuda a sair de cima da maca. Ele, aos poucos, começa a se acostumar com o fato de estar vivo novamente, movimentando os braços e as pernas.
Ela o ajuda a se vestir. Nenhum dos dois tinha problemas com nudez; eles tinham o costume de tomar banho juntos quando pequenos, então não foi um momento embaraçoso para ninguém.
Para alguns, esse fato pode parecer estranho, mas para eles era normal. A nudez é apenas um aspecto que as pessoas instintivamente associam ao sexual por algum motivo. Mas, para alguns, a nudez é arte, é apenas uma característica física. Pessoas da área da saúde não se importam com tal estado, pois é um momento de cuidado; então, por que se importariam?
Alguns dizem que eles são filosóficos, mas para eles a nudez da alma é a única que deve ser preservada, pois é ela que revela o mais profundo ser, suas falhas e imperfeições, o que nem mesmo a própria alma pode ver, o que é guardado por todos e que talvez nunca seja visto. Essa nudez só pode ser compartilhada com aqueles com quem se sente confortável, podendo ser para pais, amigos, irmãos e, principalmente, amantes.
Eles não têm problema em compartilhar algumas coisas, mas concordam em mostrar apenas o âmago da alma para seus companheiros.
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Os três estavam esperando perto do carro por Gojo, afinal, era ele quem ficou responsável por saber como proceder daqui para frente.
“Eu vou procurá-lo”, Yumiko se dispõe a ir atrás de Gojo.
“Não precisa, eu vou”, Yuji se dispõe, afinal, ele conhece a escola melhor que sua irmã.
“Nam na ni na não, você vai descansar. Você literalmente voltou depois de uma experiência de morte, seu corpo ainda está se recuperando, então descanse por enquanto.” Ela o coloca para se sentar no banco do carro.
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Andando pelos corredores, não era difícil, e menos difícil ainda era encontrar Gojo ainda conversando com Ieiri. Eles estavam imersos na conversa e não pareciam notar sua presença. Ela poderia facilmente se aproximar, mas não o fez.
Entrando em uma sala vazia, ela tranca a porta e se senta no chão. Ali, finalmente, derrama as lágrimas que estava segurando desde cedo. Ela não queria chorar na frente de ninguém, e não acreditava que conseguiria se controlar até chegar em casa. Sozinha, em um espaço que parecia seguro, ela se permite deixar tudo o que estava preso sair. Ela mal pôde vivenciar o luto pela morte de seu avô, pois precisava ser o suporte para Yuji. Agora, com a suposta morte dele, ela não conseguia mais conter as emoções que a inundavam – o luto, a tristeza, o desespero e a sensação de inaptidão como irmã.
Ela se pergunta, às vezes, se realmente merece passar por tudo aquilo.
Toc-Toc
Batidas na porta a fazem estremecer. Ela treme levemente, como se o impacto daquelas batidas pudesse refletir o peso de sua dor.
“Yumiko?” A voz de Gojo quebra o silêncio, ele a tinha visto e imaginado que ela viria buscá-lo. Mas ao vê-la entrar na sala sem avisar, ele percebeu que estava errado.
“Oi.” Sua voz é baixa e abafada, o oposto da energia usual com que se expressava, tão semelhante à de Yuji.
“Você está bem?” Ele se encosta na porta. Não queria invadir sua privacidade, então permanece do lado de fora, aguardando.
Embora soubesse o que estava acontecendo dentro da sala, ele não era a pessoa mais apta para confortar alguém, mas isso não significava que iria deixá-la sozinha em um momento como aquele. Ele apenas espera que sua presença, por si só, seja suficiente para trazê-la um pouco de conforto.
“Bem é uma palavra muito forte, mas estou na medida do possível.” Ela continua chorando, sem se importar com a nova presença. Seu choro é silencioso, quase imperceptível; se prestassem atenção, poderiam ouvir os pequenos soluços que escapam.
“Sabe…” Ela respira fundo, aceitando, talvez, o conforto que a presença dele poderia trazer. “Nossos pais morreram quando éramos pequenos. Vovô foi o adulto da casa e nos proporcionou conforto financeiro, mas quem criou Yuji fui eu.”
“Fui eu quem trocou suas fraldas, quem estava lá para ver seus primeiros passos, seus dentes de leite caindo. Quando vovô me deixou com a responsabilidade de cuidar de um bebê enquanto ele estava de luto pela morte de seu filho…”
"Yuji merece mais do que lágrimas de tristeza para manchar a alegria que ele trouxe aqui na Terra. Nossas memórias foram, em grande parte, marcadas por músicas. Eu estava cantando para lembrar desses momentos, para dizer, de alguma forma, que esses momentos sempre serão especiais para mim." Ela suspira. "Por mais que a 'morte' de Yuji tenha feito um buraco no meu coração, eu não poderia chorar, ele não iria querer isso."
Ela desabafa, finalmente. Este é o momento em que ela se permite, sem reservas, cair em si mesma e em sua dor. Este é o seu processo de cura.
“Nunca tive tempo para colocar para fora minhas frustrações. Então, estou aproveitando esse momento, agora que sei que ele verdadeiramente não está morto. Espero que você não se importe ou conte a Yuji.” Ela não se importa caso ele conte. No fundo, prefere que aquele momento de vulnerabilidade seja só seu, que continue sendo o suporte para as emoções de seu irmão, mas por enquanto, ela precisava ser fraca, só um pouco.
“Fique à vontade, não se importe comigo. Estou aqui caso precise de algo.” A voz de Gojo, sempre alegre, agora carrega uma seriedade silenciosa. Ele então se senta no chão do outro lado da porta, pega o celular e começa a jogar. Bem baixinho, ele escuta quando ela, ainda entre os soluços, o agradece.
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Foram precisos 10 minutos para ela parar de chorar e mais 15 para se recompor, ou pelo menos ela fez o seu melhor.
Quando saiu da sala, Gojo agiu como se nada de mais tivesse acontecido, mas, mesmo depois de tentar o seu melhor para se recompor, ainda havia vestígios de que ela tinha chorado. Seu rosto estava um pouco vermelho e seus olhos brilhavam muito mais, graças às lágrimas. Ela ainda fungava de vez em quando, e podia-se perceber leves estremecimentos.
“Eu deveria ir ao banheiro.” Ela olha para ele, fazendo um pequeno pedido para que a acompanhasse. Ela não parecia se importar que ele a visse depois de chorar, não que houvesse algo de errado nisso; era só que, geralmente, ninguém queria ser visto chorando ou logo depois disso.
“Tudo bem, mas infelizmente o banheiro aqui perto está em manutenção. Teremos que ir no que está do outro lado da escola.” Gojo começa a andar, cantarolando alegremente.
“É uma pena. Já deveríamos ter voltado para onde Yuji e Kiyotaka-san estão nos esperando.” Ela realmente não se importava com o tempo extra. Isso não era muito importante, e os dois sabiam disso, então o tempo extra que Gojo deu a Yumiko foi muito bem-vindo.
Foi uma caminhada rápida; ela não queria deixar os outros dois esperando por tanto tempo.
Finalmente chegando no banheiro, ela pede licença e vai lavar o rosto. Do lado de fora, Gojo rapidamente vai buscar um pouco de água para ela beber. Quando ela sai do banheiro, ele estende o copo de água, e ela agradece pela gentileza.
Ela parecia melhor. Ninguém poderia adivinhar que, momentos antes, ela estava chorando.
“Obrigada.” Ela bebe um gole de água, sua garganta um pouco seca e coçando. “Pela presença acolhedora e pela água, eu aprecio muito mesmo.” E, para enfatizar seu agradecimento, ela o olha diretamente na direção dos olhos dele.
“Não se preocupe. Eu dificilmente diria que sou uma presença acolhedora, mas é bom que você esteja se sentindo melhor agora. Devemos voltar, ainda tenho coisas para fazer.” Ele começa a andar na frente.
Seu coração estava um pouco acelerado. Mesmo que não visse, ele poderia sentir que os olhos dela o olhavam com doçura, agradecida apenas por ele estar lá para apoiá-la, mesmo que ela não tivesse precisado. Isso não era raro para ele, que já teve mulheres caindo aos seus pés, admirando sua beleza. Mas os olhos dela, ainda um pouco úmidos pelas lágrimas, brilhavam como o sol quente e caloroso de uma tarde de primavera, aquecendo-o por dentro.
Ela ainda tremia de vez em quando. Isso a fazia parecer menor do que já era, mesmo sendo mais alta que a maioria das mulheres. Mas todos pareciam menores para ele, já que ele era alto. E essa percepção fazia seus instintos borbulharem, querendo abraçá-la e protegê-la.
Ele ignorou firmemente.
Cenas cortadas:
1º Encontro de Ieiri e Yumiko
“Não acho que seja algo tão grande para que eu precise vir à enfermaria, Yumiko-san.” Megumi, que tinha arranhões por todo o corpo, estava — ou melhor, sendo mantido — sentado na cadeira enquanto esperava pela chegada de Ieiri.
“E eu não me importo com o que você acha.” Ela tinha feito curativos nele, mas preferia que um profissional do mundo jujutsu julgasse seu estado. “Se continuar assim, você só vai acumular feridas que, no futuro, podem ser o motivo da sua morte.”
“Ela está certa, Megumi-kun. Sempre é bom manter o corpo saudável. Acumular feridas faz seu corpo trabalhar mais desnecessariamente.” Ieiri entra na sala.
Yumiko lança um olhar fuzilante para Megumi, que tem a cara de pau de virar o rosto e olhar para outra direção.
“Prazer em conhecê-la. Eu sou Itadori Yumiko.” Ela volta seu olhar para a enfermeira depois de ser ignorada pelo pirralho emo.
“Prazer, Ieiri Shoko.” Ela fala de forma simplista. Estava acordada há dois turnos e já não tinha muita disposição. “Então, o que aconteceu?”
“Bem, eles estavam em uma de suas missões, e esse aqui resolveu que pular em uma janela de vidro era uma ótima forma de descer do terceiro andar para o térreo.” Ela coloca a mão na cabeça dele e a esfrega com força.
“Hum.” Ela faz o som para mostrar que entendeu. “E onde estão Gojo e os outros dois?”
“Bem, eles estão fazendo o relatório para Masamichi-san. Ou melhor, Yuji e Nobara estão fazendo; Gojo-san provavelmente está só atrapalhando.” Ela suspira. “Como a única adulta responsável, eu trouxe Megumi, já que os outros dois só tiveram arranhões superficiais.”
“Estou de volta~!” Gojo anuncia para os ocupantes da sala.
“Falando no diabo…” Yumiko fala baixinho o suficiente para que apenas aqueles que estavam perto dela a escutassem, o que foi Megumi e Shoko.
“Onde estão as crianças?” Yumiko pergunta a Gojo.
“Estão terminando o relatório. Deixei nas suas mãos para começarem a aprender como fazê-los.” Gojo se aproxima dos outros três.
“Traduzindo: estava com preguiça de fazer meu trabalho e deixei nas mãos dos meus alunos com o pretexto de que eles aprenderiam a produzir um relatório, então veio nos incomodar porque não tinha nada melhor para fazer.” Ela sorri para ele enquanto solta sua fala carregada de sarcasmo.
Ele pausa levemente. Não importa o quanto tempo já tenha passado, ela ainda consegue pegá-lo desprevenido com cada tiro certeiro que dispara. Por algum motivo, parece que ela o conhece melhor do que ninguém.
“Bem, não vou mentir, o que você falou tem um pouco de verdade~.” Mesmo sendo descoberto, ele tenta sair por cima de qualquer situação.
“Viu? Eu sou o único adulto responsável.” Ela volta seu olhar para Shoko, que assiste a essa interação com certo divertimento. “Pobre de mim, que tenho que cuidar de três adolescentes e uma criança. Eu nem estou sendo paga para isso.” Ela choraminga um pouco, fazendo beicinho. Bem, os dois conseguem jogar esse jogo de se fingir de idiota, mas ela era competitiva e raramente perdia.
Gojo ficou chocado com a ousadia.
Shoko riu interiormente.
Não foi difícil depois disso. Shoko também foi cativada pela energia de Yumiko. Conversar com ela sempre era bom, e os lanches que ela trazia depois que Shoko disse a ela que não tinha tempo para comer foram apenas um acréscimo na boa vontade que Shoko tinha com Yumiko. E se as interações que Yumiko tinha com Gojo a fizessem rir sem parar por horas, com sua guerra de ver quem conseguia ser mais insuportável que o outro, como Yumiko sempre ganhava, fazendo Gojo recuar primeiro. Bem, isso era algo apenas dela.
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Notes:
Chegamos e passamos rapidamente pela morte de Yuji, e agora temos o arco do treinamento dele, provavelmente vai se estender entre 3 à 6 capítulos mais ou menos, que pretendo desenvolver mais a relação de Yumiko, Gojo e Yuji, além de acrescentar nosso querido Nanamin para a equação. Provavelmente será 98% comedia.
Yumiko não tem nenhum problema das pessoas a verem chorar, até porque ela não acha isso uma fraqueza, é apenas ela liberando seus sentimentos reprimidos, mas ela tem o costume de se esconder porque acha que vai incomodar os outros com seu choro, então ela sempre busca lugares para ficar sozinha, mas nunca rejeita alguém que que fazer companhia a ela.
Ela não chorou na morte de seus pais pois ela era o pilar do restante da família, ela não foi obrigada a está nesse lugar, ela queria ser porque sabia que era forte o suficiente para sustentar uma família quebrada pelo luto enquanto cuidava de um bebê.
E depois teve a morte de seu avô que ela teve que ser manter forte para seu irmão, no final com a morte de Yuji ela se viu incapaz de se manter e resolveu desabar logo. Por isso que ela também insistiu em ir buscar Gojo, na verdade ela queria um momento a sós.
Então é isso por hoje, até o próximo domingo ou quando postar um capítulo surpresa na semana (づ ̄ ³ ̄)づ.
Data de publicação: 04/06/2023
Revisão: 19/04/2025
Chapter 6: Memórias da infância
Notes:
Bem, antes de vocês me agredirem me deixem justificar meu atraso em postar.
Em uns capítulos passados eu falei que meu notebook tinha dado problema, mas que havia sido resolvido, bem adivinhem, não foi, e eu só consegui levar ele para o concerto semana passada e peguei elena quarta, como podem ver pelo tamanho do capítulo, ele era para ser um especial com o dobro de palavras que geralmente eu escrevo.
Para quem quiser saber era o HD que já estava velho, então troquei para um SSD novo e meu note voltou a funcionar maravilhosamente bem, posso dizer que estou muito feliz por isso.
Atualmente arranjei um emprego e estou lotada de coisas da faculdade para fazer então meu tempo diminuiu muito (literalmente estou fazendo essas notas finais no meio da aula). Mas aí vocês perguntam “Ah, mas e o final de semana?”, sábado eu tiro para fazer meus afazeres de casa e domingo eu tenho o dia todo para jogar RPG com meus migos ☆・\(^O^)/・☆.
Isso não que dizer que não irei postar mais no domingo, isso quer dizer que caso não poste no domingo esperem que eu poste na semana, caso eu faça como esse mês e não postei por dois domingos esperem que vou posta-los em sequência. Só quero que saibam que não vou desistir dessa fanfic.
Por fim, esse capítulo é referente ao domingo dia 11/06 e o próximo que pretendo postar no máximo quarta-feira dia 21/06 é referente ao domingo passado. O que quero dizer com isso é que se essa fanfic tiver 50 capítulos isso quer dizer que o maior espaço de tempo que ela começou e foi finalizada foi de 50 domingos, caso eu consiga adiantar uns capítulos eu irei postar na semana como disse no primeiro capítulo.
Então ainda teremos o domingo como data referente a publicação.
Espero que gostem (ノ*゜▽゜*) ヾ.
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
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Finalmente, depois de alguns minutos de caminhada, eles chegam ao carro.
“Demoraram. Ocorreu algum problema?” Ijichi pergunta, já esperando ter mais trabalho para resolver.
“Eu comi muitos doces e fiquei com dor de barriga. O banheiro estava em manutenção, então fomos informados que teríamos que ir ao que fica do outro lado da escola,” Gojo fala enquanto vai em direção ao banco do passageiro, ao lado do motorista.
Todos os três olham para ele como se ele tivesse outra cabeça.
“O que foi? Uma pessoa não pode ter problemas intestinais?” Ele levanta uma sobrancelha — quem vai ousar continuar essa conversa?
“Bem, já está ficando tarde e logo será hora do jantar, então é melhor irmos logo.” Yumiko desvia a atenção dos outros dois.
Ela não se importa de contar o que realmente aconteceu, mas é grata por Gojo ter mentido para poupá-la de qualquer constrangimento.
' Como eu pensei... Coloca uma máscara de idiota, mas é dessa forma, atenciosamente, que você mostra que gosta de esconder suas qualidades atrás de gestos tolos. Infelizmente para você, eu sou especialista nesse tipo de assunto. ' Ela sorri enquanto se senta atrás de Ijichi, deixando o assento atrás de Gojo para Yuji.
“Espero que não se incomode de Yuji ficar com você esta noite. Ainda tenho algumas coisas para resolver.” Gojo vira a cabeça para olhar Yumiko — não que ele precisasse, era apenas para deixar claro que estava falando com ela.
“Sem problemas. Faz tempo que não fazemos uma festa do pijama.” Ela está feliz por ficar com Yuji depois de tanto tempo. Não que conseguissem tirá-lo de vista — não seu irmão, que acabou de voltar à vida. Ela não vai deixá-lo fora de vista por um bom tempo.
Então Ijichi liga o carro e dirige em direção à casa de Yumiko.
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Finalmente, ao chegar a um aglomerado de apartamentos, Yumiko sente-se finalmente capaz de relaxar por estar perto de casa.
Parando em frente a um prédio de mais de 20 andares, pintado em um tom de laranja pastel, a estrutura arquitetônica moderna e única se destacava. Só pela fachada, era fácil perceber que o aluguel ali não era nada barato.
Olhando as horas, Yumiko percebe que já estava um pouco tarde.
“Vocês não querem jantar na minha casa? Estava pensando em fazer macarrão com carne moída.”
Ela se sentia mal em deixá-los ir embora sem oferecer nada.
“Aceitamos!” Gojo foi o primeiro a sair do carro, com rapidez.
Se ele nunca tivesse provado a comida de Yumiko, provavelmente recusaria com facilidade e apenas iria a um restaurante luxuoso ali por perto. Mas, para alguém que já experimentou suas receitas — que facilmente deixariam renomados restaurantes cinco estrelas no chinelo — ele não podia perder uma oportunidade dessas.
Então ela os levou até seu apartamento, cumprimentando todos os funcionários pelo nome e apresentando-os a seu irmão, o que rendeu muitos elogios. Ela era bastante popular ali por sua gentileza — no fim, era a convidada favorita de todos.
Eles pegaram o elevador e subiram até o 13º andar.
Ao abrir a porta, foram saudados por Mingau, que miava e esperava por Yumiko.
“Estou de volta.” Ela o pegou no colo e o levou até Yuji.
“Você ainda lembra do Yuji, Mingau?”
Já faziam quatro anos desde que se viram pela última vez, então Yuji não ficaria desapontado se Mingau não se lembrasse dele. Mas, para sua surpresa, o gato estendeu as patas, pedindo colo.
Em seus braços, Mingau começou a ronronar, como se dissesse que estava com saudades e feliz por vê-lo novamente.
“É bom ver você também, Mingau.” Yuji o abraçou um pouco mais forte — não o suficiente para machucá-lo, claro.
Depois dessa interação, Yumiko os levou para dentro do apartamento e os acomodou na sala, enquanto ela mesma ia para a cozinha preparar o jantar.
Gojo, Ijichi e Yuji — com Mingau deitado em seu colo — estavam sentados nos sofás, observando o novo ambiente.
Era um apartamento bem arrumado, com poucas decorações, mas ainda assim mantinha um ar acolhedor. As paredes em tons pastéis transmitiam uma sensação de frescor e calma.
Nas mesas, havia porta-retratos com fotos de infância de Yuji e Yumiko — algumas só dela, outras com Itadori Wasuke e Mingau.
“Desculpem, parece que estou sem alguns ingredientes. Estou indo rapidinho ao mercado, em cerca de 10 minutos estou de volta, tudo bem?” — ela surgiu na sala com uma expressão de culpa.
“Claro, não se preocupe com isso,” respondeu Gojo, dando de ombros, com os outros dois concordando com a cabeça.
“Tudo bem, então. A primeira porta à esquerda é o banheiro, a do meio é o meu quarto, e à direita ficam os outros ocupantes da casa, além do meu escritório.”
Ela foi até o último quarto, pegou dois coelhos e entregou o branco a Gojo e o preto a Ijichi — agora todos tinham um bichinho no colo.
“Se precisarem de alguma coisa, Yuji sabe onde estão minhas coisas.” Ela pegou seu cartão. “Daqui a pouco estou de volta.”
Fechou a porta.
Agora restavam três homens — dois no sofá e Gojo na poltrona — todos acariciando os animais em seus colos.
Mal sabiam eles que Yumiko tinha feito isso justamente para evitar que andassem pelo apartamento, além de saber que os animais são uma ótima terapia — e todos eles claramente estavam precisando.
Acariciando o coelho e afundando os dedos nos pelos fofos, Gojo finalmente faz seu movimento:
“O que você espera conseguir ficando aqui?”
Ninguém entendeu o motivo dele ter dito isso do nada. Os outros dois apenas olhavam com expressões de confusão.
“Não adianta se fingir de sonso. Eu sou o feiticeiro mais forte e possuo os Seis Olhos. Consigo ver perfeitamente sua energia amaldiçoada, mesmo que seja bom em escondê-la.” Gojo falava com o rosto enfiado na barriga do coelho.
“Eu não estava me escondendo, apenas matando a saudade de Yuji-kun.”
Mingau desceu do colo de Yuji, foi até o chão, ficou em pé sobre as patas traseiras e cruzou as dianteiras.
Yuji e Ijichi entraram em estado de choque e horror. Seus pelos se arrepiaram — não por Mingau ser uma maldição, mas pela imagem bizarra e assustadora de um gato se comportando como um humano.
“Não foi isso que eu perguntei.”
Gojo abaixou o coelho branco até o chão, encontrando o A-Ying, que havia escapado das mãos de Ijichi e agora tentava escalar suas pernas para alcançar A-Zhan.
“Eu perguntei o que uma maldição como você espera conseguir estando perto de uma pessoa como a Yumiko?!”
Gojo agora falava sério. Sua postura indicava que, dependendo da resposta, os dias da maldição estavam contados.
Na verdade, era um blefe. Se a maldição convivesse com um humano normal, já deveria ter feito algo. E ele não queria ser o responsável por mais uma perda para Yumiko. Ainda carregava a raiva da "morte" de Yuji.
A maldição parece saber que é um blefe.
“Não pretendo nada com Yumiko-san.”
Ele se sentou sobre a mesa de centro, com os braços ainda cruzados — agora, as pernas também. Yuji e Ijichi se arrepiaram novamente com a imagem.
“Sou uma maldição formada pelo desespero dos gatos abandonados, gatos de rua que perderam a esperança de sobreviver.” Mingau olhou para eles.
“Sou o resultado do ressentimento desses animais — um espírito amaldiçoado que ganhou um corpo real por se autoamaldiçoar enquanto morria naquele lugar esquecido por todos.”
“Yumiko me deu esperança. Ela apareceu e me salvou quando eu tinha acabado de “nascer”, confuso e fraco.”
Ele se lembra daqueles tempos nas ruas. Sua morte foi infeliz, mas Mingau é grato pelo que veio depois. Agora, ele tem uma família a quem pertence.
Mingau omitiu algumas coisas enquanto falava — mas eles não precisavam saber disso.
“Tá, mas isso não explica o fato de você infestá-la com sua energia,” Gojo finalmente diz, ainda desconfiado. A ideia de algo ou alguém encharcando Yumiko com energia amaldiçoada o deixava inquieto. Simplesmente não parecia certo.
“Yumiko-san não possui energia amaldiçoada. Humanos, mesmo não sendo feiticeiros, normalmente produzem uma quantidade de energia negativa em momentos de tristeza ou estresse. Isso é natural.”
Mingau direcionava esse trecho principalmente a Yuji.
“O problema é que Yumiko-san não possui sentimentos negativos — ou melhor, ela não sente emoções negativas.”
Ele dá uma pausa para que os três absorvam a informação. Mesmo para Gojo, era difícil imaginar alguém que simplesmente não sente emoções negativas.
“Não sei quando isso começou, já que não estou com ela desde sempre, mas qualquer situação que normalmente causaria estresse em alguém, ela transforma em algo positivo. Por exemplo, tirar uma nota baixa em uma prova. Para qualquer aluno, isso seria estressante, mas Yumiko apenas pensa que é algo que precisa melhorar.”
Mingau olha para ver se estão acompanhando.
“Basicamente, ela prefere olhar sempre o lado bom das coisas.”
Boa parte do que ele disse era verdade. Yumiko realmente não possuía energia amaldiçoada — e embora fosse uma pessoa naturalmente positiva, esse não era o verdadeiro motivo. Mas isso, ele não estava disposto a revelar.
“Então, como Yumiko-san não produz energia amaldiçoada, ela pode ser vista pelas maldições como um recipiente vazio, que pode ser possuído — da mesma forma que Yuji-kun.”
Nesse momento, todos voltam o olhar para Yuji.
E Yuji se sente completamente perdido com essa declaração.
“Yuji-kun não produzia energia amaldiçoada até comer um dos dedos de Sukuna-sama. Eu também colocava minha energia amaldiçoada em Yuji-kun, o que evitava que qualquer espírito amaldiçoado tivesse interesse em possuir o corpo dele”, Mingau aponta sua pata para Yuji. “Por isso, ele é considerado um recipiente perfeito para o rei das maldições. Ele não produz energia amaldiçoada em cascata, logo, é como um vaso vazio, esperando para ser preenchido por qualquer coisa.”
Mingau olha com pesar para Yuji. Ele havia prometido a si mesmo que protegeria os irmãos e não deixaria nenhuma maldição tocá-los — e agora se sentia mal por não ter conseguido impedir tudo.
“Essa seria nossa vida se ele não tivesse sido afetado por uma maldição, independente de qual seja. Agora, as portas foram abertas, e Yuji-kun pode produzir sua própria energia amaldiçoada. O que seria bom… se não fosse trágico.”
“Espera!!! Se você fazia isso porque eu não produzia energia amaldiçoada e, por isso, seria facilmente caçado para ser usado como marionete por espíritos amaldiçoados... e minha irmã também não produz energia amaldiçoada… então quer dizer que, se você não tivesse feito isso, ela já poderia estar morta há muito tempo?!”
Yuji tem uma epifania sobre sua vida — todos os dias, sem falta, Mingau se aproximava dele e de sua irmã. Ele percebe que, se um dia Mingau os ignorasse, talvez fosse a última vez que veria sua irmã. Isso o faz sorrir, agradecido.
Como previsto, Yuji entendeu o ponto. Era engraçado e fofo como ele podia ser meio lento pra tudo, mas quando se tratava da irmã, ele virava um gênio. Agora, ele é quem mais acredita na inocência de Mingau, e, consequentemente, nenhum dos outros dois conseguirá fazê-lo pensar o contrário. Isso era tudo o que Mingau queria.
“Isso mesmo. Se eu não conseguir colocar nem um pouco de energia amaldiçoada para camuflar, talvez um dia ela simplesmente vá… e nunca mais volte.” Ele olha para os dois adultos na sala.
Ijichi parece horrorizado ao saber que alguém tão boa quanto Yumiko pode morrer por qualquer descuido. Gojo ainda tem suas suspeitas, mas precisa admitir: faz sentido.
“Mas como você explica o Yuji-kun ter ficado bem esse tempo todo se você foi para fora do país por quatro anos com a Yumiko?” Gojo aponta a brecha.
“Simples. Eu deixei um espírito amaldiçoado cuidando do Yuji-kun enquanto estava fora. Como ele não possuía corpo, Yuji não podia vê-lo. Em troca desse serviço, prometi ajudar essa maldição a se fortalecer para se proteger de outras.” Mingau olha para a porta. “Se estiverem curiosos sobre o que aconteceu com essa maldição, posso dizer: não se preocupem. Ela não é forte o suficiente para machucar ninguém. Fiz um acordo a longo prazo — ela busca minha proteção e, em troca, vigia para que nada aconteça com a Yumiko-san. Por hoje, terminamos o interrogatório. Peço que não digam nada sobre isso a ela.”
Mingau vai até a porta. No exato momento em que a abre, Yumiko aparece.
“Estou de volta!” — diz ela, tanto para Mingau quanto para os outros ocupantes do apartamento.
Carregando duas sacolas, ela as deixa na pia e segue para o quarto, onde troca de roupa por algo mais confortável. Quando volta, está usando um vestido verde com estampas de bambu e uma paisagem de montanhas na bainha. O céu no vestido fica mais escuro à medida que se aproxima das mangas.
“Você não quer me ajudar com o jantar, Yuji?”
Pensando em quanto tempo não cozinhavam juntos, ele fica nostálgico.
“Claro, onee-san.”
Eles organizam uma pequena mesa entre a cozinha e a sala, com quatro cadeiras. Colocam copos e uma jarra de água no centro.
Yumiko vai até o armário, se abaixa e abre a última gaveta à esquerda, tirando dois aventais.
“Você bordou esses?” Yuji pergunta, curioso com os desenhos.
“Sim! Não ficaram maravilhosos?!” Ela entrega um a Yuji. “Esse é o seu. Não combina?”
O avental dele tem desenhos do rosto de um tigre fazendo caretas — rosa-escuro com listras pretas, alguns com capuz vermelho. Os olhos são castanhos, como os de Yuji.
O de Yumiko tem os mesmos tigres, mas com rosa mais claro, flores brancas na cabeça, e olhos dourados. No peito de ambos os aventais, há dois tigres juntos. O de Yumiko, maior, apoia a cabeça sobre o de Yuji. Era visível o laço entre os dois.
Ela viu fotos de irmãos combinando roupas e decidiu fazer o mesmo. Ficou emocionada. Discretamente, manda uma mensagem para Ijichi e coloca uma playlist para tocar.
Ao ouvir a música, Mingau se move e sinaliza com a cabeça para os dois homens seguirem até a cozinha. Eles chegam a tempo de ver os irmãos com os aventais combinando.
“Aww, que fofo~~” Gojo já está tirando fotos.
Yumiko ajuda Yuji a vestir o avental, depois coloca o braço sobre seu ombro e faz o sinal de "V". Yuji imita o gesto. Ijichi entende que era para tirar fotos e registra o momento.
“Tudo bem, chega de fotos, senão nunca vamos jantar.”
Yumiko começa a preparar os ingredientes com Yuji.
Fazia anos desde que tinham esse momento juntos. A tradição começou quando Yuji tinha quatro anos e quis ajudar no jantar de aniversário dela. Desde então, sempre cozinhavam juntos — até Yumiko sair para estudar fora.
Enquanto ela prepara o molho, Yuji cuida do macarrão e da carne moída. Ao som da música, dançam e cantam pela cozinha. Gojo e Ijichi, mesmo só assistindo, também se divertem.
Gojo, por um instante, quase acredita que vivem num mundo sem maldições, responsabilidades ou sofrimento. Isso traz paz… mas também desconforto. Ele não saberia viver de outro jeito.
A playlist muda. O jantar está quase pronto.
“É mesmo, São João foi mês passado. Mas não importa quanto tempo passe, essas músicas sempre trazem essa vibe. Vamos dançar, Yuji.”
Ela o convida, posicionando sua mão direita na cintura dele e a esquerda sobre o ombro. Dançam pela cozinha.
Olha, isso aqui tá muito bom
Isso aqui tá bom demais
Quem tá fora quer entrar
Quem tá dentro não sai, pois é…
Eles se separam, giram e dançam. Yuji chama seu professor, e Yumiko chama Ijichi. Mesmo relutantes, acabam entrando no clima.
Vou me perder, vou me afogar
No teu amor, vais desfrutar
Me lambuzar deste calor…
Depois de cerca de seis minutos dançando, a música termina, e o jantar está pronto. Entre risos e ofegos, todos se sentam à mesa.
“Hahaha, eu não sabia que Gojo-sensei dançava tão bem!” Yuji já começa a comer.
“Ora, Yuji-kun, seu sensei é perfeito em tudo. É claro que eu saberia dançar qualquer estilo!”
Eles disputam quem come mais.
“Kiyotaka-san também foi muito bem pra uma primeira vez.” Yumiko distribui água.
“Mas lembrem-se de que ainda tem eu e Kiyotaka-san!”Ela dá leves batidinhas nas mãos dos dois com a colher de pau.
Quando todos se acomodam, agradecem pela refeição e começam a comer. As conversas que seguem são leves e animadas.
Entre uma garfada e outra, Yuji pergunta:
“Parando para lembrar... por que você estava com as minhas roupas, one-san?”
Ele sabia que sua irmã era precavida, mas a ponto de prever que ele ressuscitaria e ainda trazer suas roupas? Isso era outro nível.
“É muito simples, Yuji. Eu estou viva desde antes da internet ser popular, e quando ela finalmente se popularizou, já tinha visto de tudo — então, naturalmente, nada mais me surpreende.”
Ela bebe mais um pouco de suco de maçã.
“Foi assim que facilmente entendi o mundo dos feiticeiros jujutsu, que possuem técnicas para se curar. Então, bastava pensar nas possibilidades.”
Ela olha para Yuji.
“Só existiam duas opções. Uma delas era você voltar, então fui até o seu dormitório e peguei uma muda de roupas.”
“E qual seria a outra opção?” Gojo não consegue esconder a curiosidade.
“Eu gosto de resolver as coisas com conversa e diálogo.”
Ela volta o olhar para Gojo.
“Espera... você levou suas facas de caça? O que você pretendia com isso, one-san?”
Yuji estava genuinamente preocupado em ter colocado alguém em perigo por sua causa.
“Ué, não é óbvio? Eu faria todos os responsáveis por esse descuido se desculparem com você.”
Estava subentendido: se Yuji tivesse sofrido algum dano sério, ela não hesitaria em eliminar todos os envolvidos.
Quando todos já estavam satisfeitos, Ijichi pegou o celular para enviar as fotos e vídeos que Yumiko havia solicitado.
“Ficaram muito boas. Obrigada, Kiyotaka-san.”
Ela agradece, olhando para as imagens. Yuji, que estava sentado à sua direita, olha para a tela e vê as fotos.
“One-san realmente gosta de fotos, hein?!”
Ele comenta, surpreso com a quantidade.
“Eu não ligo muito para fotos, mas elas são importantes para guardar lembranças. Por isso, tenho registros desde o momento em que você nasceu.”
Ela prende a atenção de Yuji.
“Você tem fotos do Yuji desde bebê?”
Gojo se surpreende. Ele mesmo não tem muitas imagens do Megumi, algo que prometeu mudar o quanto antes.
“Sim! Você quer ver?”
Yumiko se anima mais que o normal; seus olhos até brilham. Nem Ijichi nem Gojo conseguem recusar, então apenas assentem com a cabeça.
“Tudo bem! Vou buscar. Yuji, tire as coisas da mesa e coloque na pia, por favor.”
Yumiko sai saltitante, com uma aura brilhante ao seu redor, indo em direção ao quarto.
“Ela realmente te ama, né, Yuji-kun?” diz Gojo, olhando na direção em que ela foi.
“Sim... Eu tenho sorte por ter ela como irmã.”
Yuji fica um pouco vermelho de vergonha por seu professor ter notado, mas não consegue esconder a felicidade por ter uma pessoa tão especial em sua vida.
Quando a mesa está limpa e todos se acomodam no sofá, Yumiko aparece com seu notebook e os cabos para conectá-lo à TV. Ijichi e Gojo estão sentados no sofá em frente à tela, enquanto Yuji e Yumiko se sentam no chão, com o notebook ao lado dela, pronto para passar as imagens.
“Senta que lá vem a história!”
Todos a olham.
“É uma referência.” — ela dá de ombros. Mingau se acomoda no seu colo.
A primeira coisa que aparece na tela é um vídeo.
Yumiko, ainda criança — aparentando seis ou sete anos — aparece na gravação. O cenário é um hospital, mais especificamente o berçário da maternidade. Ela veste um vestido branco com girassóis bordados na barra.
“Ji-chan, o Yuji já está aqui?” pergunta, olhando através do vidro que separava os recém-nascidos.
“Sim, ele deve aparecer a qualquer momento.”
A voz de Itadori Wasuke soa por trás da câmera.
Pouco depois, uma enfermeira entra na sala e olha para Yumiko e o avô. Em seus braços, um pequeno embrulho. Ela se aproxima da janela e revela um bebê de pele vermelha e enrugada, mas com os cabelos cor-de-rosa típicos da família Itadori.
“Vovô, vovô! É o Yuji! Olha como ele é pequeno!”
Yumiko estica a mão, tentando tocá-lo, mas é impedida pelo vidro. Ela faz uma careta; a enfermeira, vendo a cena, não consegue conter um sorriso diante do comportamento da garotinha.
“Sinto muito, querida, mas já está na hora de levar seu irmãozinho para descansar.”
A voz da enfermeira é abafada, mas simpática. Ela se despede e leva o bebê Yuji com ela.
O vídeo termina com Wasuke chamando Yumiko para voltarem para casa.
“Você era tão pequeno… Às vezes sinto saudade de quando podia te carregar pra onde eu quisesse.”
Yumiko comenta, sorrindo.
Em seguida, surgem várias fotos de Yuji bebê dormindo no berçário, parecendo confortável. É possível ver a pulseirinha de identificação em seu pulso esquerdo — não que fosse necessário, afinal, o cabelo rosa denunciava tudo.
O segundo vídeo começa a passar.
“Está animada?” novamente a voz de Wasuke vem por trás da câmera.
“Sim! Quando eles vão chegar? Estão atrasados...”
Yumiko faz um beicinho. Ela ainda estava com sua farda escolar, ansiosa por finalmente conhecer seu irmão. Tinha voltado da escola o mais rápido possível.
A porta finalmente se abre, revelando Itadori Jin e Itadori Kaori. Jin carregava o bebê Yuji nos braços. Kaori cumprimenta a filha e o sogro rapidamente, se despedindo logo em seguida para poder descansar.
Jin se aproxima de Yumiko e se ajoelha no chão para que ela pudesse ver o bebê.
“Ele está um pouco agitado, mas, Yumiko, quero que conheça Itadori Yuji, seu irmão mais novo. Espero que cuide bem dele.”
O bebê Yuji estava mesmo agitado, não parava quieto nem por um minuto. Mesmo assim, Yumiko não se acovardou.
“Posso segurá-lo?” ela pergunta, olhando para o pai.
Vendo a ansiedade nos olhos da filha, ele não poderia negar tal pedido.
“Tenha cuidado. O pescoço dele ainda está mole.”
Yumiko se senta no chão para ter mais apoio. Com cuidado, pega seu irmãozinho e apoia a cabeça dele na curvatura do cotovelo, deixando o resto do corpinho descansar em seu colo.
“Olá, Yuji. Eu sou Yumiko, sua irmã mais velha.”
Ela fala baixinho, acariciando os cabelos ralos e rosados do bebê e oferecendo um dedo para ele segurar.
“Eu vou te proteger para sempre.”
Nesse momento, o bebê Yuji se acalma e solta pequenos guinchos de felicidade.
Era uma imagem preciosa. Ao fundo, era possível ouvir Wasuke fungando, emocionado.
“Olha, pai, ele riu!” Yumiko exclama, olhando fascinada para o avô.
“Sim. Ele realmente gostou de você. Isso não é bom, querida?!” responde Jin. Sua voz também vem por trás da câmera.
“É bom.”
Ela olha na direção do pai — e, consequentemente, para a câmera — e sorri. Essa foi a última imagem que apareceu no vídeo.
“Olha como meu irmão é fofo! Foi amor à primeira vista!”
Ela o abraça e o enche de beijos.
“Eu falei da sua irmã, mas você também está bem apegado a ela, hein, Yuji-kun?”
Gojo não consegue deixar de rir da forma como os dois pareciam gravitar naturalmente um em direção ao outro.
Outro vídeo começa.
Era um velório.
Não era possível saber quem estava filmando.
Havia várias pessoas vestidas de preto em um salão. Era possível ver Wasuke segurando o bebê Yuji nos braços, e a pequena Yumiko agarrada às vestes do avô. Ao lado deles, estava o memorial — dava para ver a foto de Jin e Kaori cercada por flores.
Era perceptível que não havia se passado muito tempo desde o vídeo anterior, já que Yuji ainda estava exatamente igual.
O vídeo inteiro mostrava apenas a cerimônia do velório.
“Que estranho, não me lembro de alguém gravando.” Yumiko observa a cena, mas logo dá de ombros.
“Bem, eu não lembro de boa parte do que aconteceu naquele dia.”
“Eu não lembrava que nossos pais eram assim... E o que é essa cicatriz na cabeça da mamãe?” Yuji pergunta, observando atentamente.
“Até onde sei, ela sofreu um acidente e precisou fazer uma cirurgia no cérebro. Parece que não cicatrizou direito, e ela ficou com essa marca. Não que ela se importasse muito... Mas esse vídeo foi a primeira e última vez que ela usou franja — justamente pra esconder.”
Yumiko lança um olhar para Yuji, ajeita o vestido nos ombros e já se prepara para o próximo vídeo.
“Olá?”
Yumiko está sentada, e Yuji descansa em seu colo. Ela está no quarto dele, mais especificamente encostada no berço, sentada em um puff.
“Espero que esteja gravando.”
Ela posiciona a câmera em um apoio improvisado.
“Bem, a ideia desse vídeo é registrar o desenvolvimento do Yuji aqui” — o pequeno Yuji solta alguns barulhinhos — “e um pouco da rotina dele.”
Yuji começa a ficar mais agitado, mas ainda não chora.
“Está quase na hora dele comer. Graças aos céus por Yuji ser um bebê tão bom e comportado.”
Ela pega uma mamadeira que estava fora do enquadramento.
“Mas é engraçado... ele entende tudo, parece quase um adulto, hihihi.” Yumiko ri sozinha.
O bebê Yuji começa a se inquietar. Yumiko percebe isso e aproxima a mamadeira da boca dele. Sem perder tempo, ele já começa a sugar o conteúdo com vontade.
Mesmo sendo apenas um vídeo, era possível sentir a aura de ternura e conforto daquele momento.
Yuji mamava a mamadeira desesperadamente. Depois de alguns minutos, ele finalmente termina e solta um arroto no final.
Yumiko coloca a mamadeira de lado, segura o irmão para ajudá-lo a arrotar no ombro, e quando ele termina, o acomoda novamente no colo, com a cabeça na curvatura do braço.
Ele se ajeita aos poucos, até ficar confortável.
“Yumiko, está na hora de alimentar o Yuji.”
Ela olha para o lado e responde:
“Yuji acabou de mamar.”
Para reforçar, mostra a garrafinha vazia.
“Já o coloquei para arrotar, pode ficar tranquilo. Eu consigo cuidar dele sem problemas.”
“Tem certeza disso?”
“Absoluta. O senhor deveria descansar.”
“Tudo bem. Qualquer coisa, é só me chamar.”
O som da porta sendo fechada é ouvido ao fundo.
“Yuji tem atualmente sete dias de vida. Papai e mamãe morreram há quatro dias.”
Yumiko não está olhando diretamente para a câmera, mas quem assiste sabe que ela está conversando com quem vê o vídeo, não apenas falando sozinha.
“Vovô está desolado com a morte do papai. Ele nem reclamou quando eu disse para descansar, ou quando eu praticamente insinuei que ele era velho e precisava de repouso.”
“A maior parte do tempo ele passa olhando para o retrato do papai... então serei eu quem vai cuidar do Yuji em seu lugar — como irmã, como amiga e como mãe.”
Ela então olha na direção de Yuji de 15 anos, como se soubesse que ele está assistindo.
“Não se sinta mal por isso. Eu quero fazer isso. O vovô precisa de tempo, e cuidar de você de forma alguma será um incômodo. Então, por favor, deixe de lado esses pensamentos de que eu perdi minha infância para cuidar de você. Nada seria melhor do que participar do seu crescimento, Yuji.”
O vídeo acabou.
“Viu?! Até meu eu de 7 anos sabia como você agiria sobre tudo. Não pense que consegue me enganar.”
Ela dá um peteleco na testa de Yuji e pula para os próximos vídeos.
Eles, na maioria das vezes, não passavam de cinco minutos. Eram basicamente registros da rotina com o bebê Yuji e algumas coisas que eles faziam durante o dia — como Yumiko vestindo Yuji com macacões de bichinhos.
Ela também mostrou fotos que tirou dele com esses macacões, e Gojo se sentiu no direito de pedir algumas cópias. Afinal, seu irmão era fofo demais, e todos deviam saber disso.
Passaram por vários vídeos. Era perceptível que Wasuke ainda não havia se recuperado do luto. Tirando isso, eram gravações encantadoras, mostrando o cuidado de uma irmã mais velha com seu irmão mais novo.
Mais um vídeo começa.
“Yuji agora tem 6 meses. Seu pescoço finalmente ficou firme, e agora não preciso me preocupar tanto com a maneira como o seguro. Já se passou tanto tempo... olha como ele cresceu...”
Yumiko para de falar. Olhando para Yuji, ela vê que ele está abrindo os olhos e fica surpresa.
“Olá, Yuji! Você pode me ver, querido?”
Ela o sacode levemente e ele responde com gargalhadas de bebê, fazendo com que ela e todos na sala sorriam também.
“Olha só você, todo animado, tentando pegar as coisas agora, aya...”
Yumiko não consegue conter o riso diante da movimentação animada do irmão.
Ela o segura pelas axilas e o levanta para a câmera.
“Dá um oi para quem está assistindo, Yuji!”
Sem entender nada, ele apenas se anima com a voz da irmã e se sacode um pouco, como se estivesse pulando no ar.
Era possível ver que a cor dos olhos de Yuji, quando bebê, era igual à de Yumiko.
Conforme ele foi crescendo, os olhos escureceram até chegar ao castanho que tem hoje.
“Bem, vou me despedir por agora. Preciso mostrar ao vovô que os olhos do Yuji são iguais aos meus.”
Próximo vídeo.
“Oii! Hoje vamos dar banho nesse pingo de gente que fez questão de engatinhar pela casa toda e agora está sujo.”
Ela mostra um Yuji um pouco sujo, resultado de suas andanças pela casa.
O processo foi o mesmo dos outros vídeos: banho matinal, colocá-lo na banheira de plástico, ensaboá-lo e lavar o cabelo. Mas o final, dessa vez, foi diferente.
“Então... eu nunca mostrei isso nos vídeos. Essa vai ser a primeira e última vez que algo assim vai acontecer.”
Ela pega Yuji pelas axilas, se aproxima da câmera e diz:
“Para os amigos, professores, cônjuges ou pessoas próximas ao Yuji, eu lhes apresento... o conjunto de pintas em forma da constelação Cruzeiro do Sul que ele tem no bumbum!”
Yuji apenas observa, como se soubesse que ela estava provocando.
Ela mostra rapidamente e depois cobre com uma toalha.
“Não é fofo? Ele tem mais em outros lugares, mas vou deixar pra quem quiser descobrir.”
Ela finaliza o vídeo com um sorriso malicioso.
“Então Yuji-kun tem o Cruzeiro do Sul tatuado no bumbum?! Que fofo!” Gojo provoca.
“Gojo-sensei!!” Yuji não esperava que sua irmã mostrasse sua bunda na câmera tão desesperadamente.
Yumiko coloca outro vídeo.
“Vamos, Yuji! Fale one-san. Você consegue, eu sei disso.”
“Não, não! Ele tem que falar jiji, é mais fácil. Vamos, Yuji, chame pelo seu avô!”
Wasuke pega Yuji no colo e o leva para longe de Yumiko. Ele havia voltado a participar mais ativamente da vida dos dois depois do sétimo mês de vida de Yuji.
“Isso não vale, ji-chan! Eu falei primeiro!”
Yumiko e Wasuke discutem sobre qual dos dois Yuji chamaria primeiro. A discussão para momentaneamente quando Yuji, com 9 meses, começa a balbuciar e a se mexer no colo do avô até que...
“Nee... nee-nee.”
Yuji estende os braços em direção à irmã, tentando chamá-la.
Estufando o peito de orgulho, ela se aproxima e o pega no colo. Seu avô fica cada vez mais carrancudo.
“Parece que eu ganhei de novo, ji-chan.”
Ela sorri para Yuji, que gargalha olhando para ela.
“Sinto que fui trocado pelos meus dois netos.” Ele finge fazer drama.
“Deixe disso, vovô. Yuji só está acostumado comigo, já que sou eu quem supre suas necessidades básicas.”
Ela se aproxima de Wasuke e Yuji estende a mão, mas sem querer sair do colo da irmã.
O restante do vídeo mostra Yumiko e Yuji tentando confortar o avô — até que Yuji começa a chamá-la novamente, sinalizando que está com fome. Ele balança os braços para cima e para baixo, tentando chamar atenção.
Yumiko e Wasuke só conseguem rir da afobação do pequeno.
“Todos são bons até ficarem com fome, não é mesmo, Yuji?! Você todo preocupado com o vovô... até ficar com fome e esquecer tudo pra comer. Hahaha!”
Yumiko toca o irmão enquanto ri.
“One-san também é assim.” Yuji aponta.
“Nunca disse que não era, querido.”
Yumiko começa a passar outros vídeos.
Não mudou muito o que estava sendo filmado. Agora que Yuji era mais velho, conseguia interagir com o ambiente com mais frequência. Eram gravações de Yumiko ajudando-o a pronunciar algumas palavras e interagir com objetos.
O tempo passa. Um vídeo mostra Yuji andando pela primeira vez.
“Vamos, Yuji! Você consegue! Venha até sua irmã!”
Yumiko segura a câmera; apenas Yuji aparece na tela.
“Nee, nee!” Yuji chama por ela, perto do sofá. Ele gesticula, abrindo e fechando a mão, querendo que ela vá até ele. Quando percebe que ela não vai, faz um beicinho.
“Venha para a one-san, Yuji! Vamos, eu sei que você consegue.”
Yuji, agora com um ano, tenta ir em direção a ela. Mas sempre que se aproxima engatinhando, ela se afasta.
Ele olha para trás, se aproxima do sofá e o segura para se levantar. Com as perninhas gordinhas e trêmulas, consegue ficar em pé.
Yumiko posiciona uma câmera mais afastada para filmar melhor. Ela abre os braços e chama por ele. Yuji olha e dá seu primeiro passo. Cambaleante, estabiliza-se após o primeiro movimento. Cautelosamente, vai pegando o jeito e caminha até a irmã. Quando finalmente chega perto, se joga nos braços dela, que o segura, cheira seu pescoço e o faz rir muito enquanto o elogia por ser tão inteligente.
Yuji parece cansado, então Yumiko se despede e o leva para dormir.
As fotos e vídeos seguintes mostram principalmente Yuji fazendo traquinagens agora que podia andar. Era divertido ver como Yumiko tinha controle sobre uma criança tão imperativa. O vídeo a seguir foi um bom exemplo.
A imagem mostrava a sala de estar. Não havia ninguém por lá, até que...
“Itadori Yuji, volte aqui!”
A voz de Wasuke se aproxima. Em seguida, risadas infantis tomam conta da sala.
Na tela, Yuji — com cerca de 2 anos — aparece correndo nu, enquanto Wasuke vai atrás dele com uma muda de roupa. A cena parecia saída de um desenho animado, tamanha a comédia da perseguição.
Cansado, Wasuke se senta no sofá e resmunga sobre como um bebê podia ter tanta energia.
“Yumiko, deixei com você a tarefa de colocar as roupas dele. Estou velho demais pra isso.”
Ele deixa as roupas na mesa de centro e vai embora para cuidar de outras coisas.
Yumiko, que segurava a câmera, a posiciona na mesa voltada para o sofá.
“Eu vou mostrar a vocês a verdadeira forma de chamar o Yuji.”
Ela pega as roupas e coloca no colo.
“Yujiiiii! Venha aqui colocar a roupa, você não pode sair assim!”
Ela o chama com uma voz um pouco mais alta do que o normal.
Poucos segundos depois, Yuji aparece e vai na direção da irmã. Ela o veste enquanto conversa com ele, e ele responde com as poucas palavras que sabe.
Depois de vesti-lo, ela o levanta, apoiando-o com o braço por baixo, para que não caia. Vira-se para a câmera e se despede, finalizando a gravação com um beijo na bochecha de Yuji, que ri por causa das cócegas.
“Olha como você era travesso, Yuji, fazendo o vovô correr nessa idade.” Yumiko estava chorando de rir ao se lembrar desse dia.
Os próximos vídeos eram no mesmo estilo: Yuji, com capacidade de correr, fugia do avô, e bastava Yumiko chamá-lo para que ele aparecesse.
Outro vídeo começa.
“Olaaa! Hoje vai ser a primeira vez que o Yuji vai me ajudar a preparar o almoço. Diga olá para a câmera, Yuji.” Yumiko posicionou a câmera de forma que fosse possível ver toda a cozinha.
“Olaa! Hoje vou ajudar a one-san no almoço.” Yuji, com cerca de 4 anos, acena alegremente para a câmera.
Yumiko parecia já estar no modo de escutar música enquanto cozinhava. Ela colocava a água para ferver enquanto cortava os ingredientes da sopa.
Perto dela, Yuji tinha a função de pegar os ingredientes e lavar os vegetais.
A música que tocava não seguia um estilo específico — às vezes era uma batida animada, outras vezes, mais lenta, e Yumiko cantava junto.
Em um momento, começou uma música com uma batida mais animada. Yumiko empurrou Yuji para dançarem pela cozinha. Pela risada dos dois, era possível perceber o quanto estavam se divertindo. Yumiko já havia interrompido o que fazia, colocando tudo para cozinhar — já era possível ver o vapor saindo da panela.
Depois de dançar um pouco, Yumiko se voltou para limpar a pia e lavar os pratos.
Enquanto isso, pediu para Yuji arrumar a mesa.
“Cabeii!” Yuji apareceu na cozinha. “Já tá pronto?”, perguntou, olhando para a panela no fogo.
“Já está quase pronto”, respondeu ela, terminando de lavar os pratos e colocando-os para secar. Em seguida, se virou em direção a Yuji.
Por outro lado, Yuji se aproximava do fogão. Por ser pequeno, ele não conseguia ver o que havia dentro da panela, mas era alto o suficiente para alcançá-la. Curioso para entender como um alimento duro podia amolecer, ele esticou o braço para puxar a alça da panela e espiar o conteúdo.
Yumiko viu a cena e se desesperou — Yuji estava puxando uma panela de sopa.
Yuji começou a chorar muito. Sopa quente escorria e pingava no chão, mas, felizmente, não o atingiu. Yumiko, por outro lado, tentava disfarçar a dor — seu lado esquerdo doía, especialmente o braço e parte do rosto.
Yuji estava com o rosto enfiado no peito da irmã, agarrado a ela com força. Chorava tanto que estava ficando vermelho e ela quase sem ar.
“Shi, shi… está tudo bem, Yuji, eu estou bem.” Yumiko acariciava a cabeça dele tentando acalmá-lo. Ela o apertava, sussurrando palavras de consolo. Quando ele finalmente se acalmou o suficiente para respirar com menos dificuldade, ela o ergueu com o braço que ainda conseguia usar.
Com Yuji no braço, ela o coloca sentado na pia, enquanto a água fria alivia um pouco a queimadura. Mingau, pela primeira vez, aparece em um dos vídeos — já está no seu tamanho adulto e mia, parecendo preocupado com a situação.
Depois de aliviar um pouco a queimadura, Yumiko puxa Yuji de volta para seus braços. Ela some por um tempo e logo retorna. “Estou de saída, Mingau. Cuide da casa enquanto estivermos fora, ok?!” Ela também se despede no vídeo, e é assim que ele termina.
“Então… o que aconteceu depois disso??” Ijichi não consegue deixar de perguntar.
“Eu peguei minhas coisas e Yuji, e fui para o hospital de sempre. Eles ligaram para o vovô enquanto eu era atendida. Mesmo ainda sendo nova, como sempre íamos naquele hospital, eles já nos conheciam. Então pude ser atendida sem um responsável, além de ser uma emergência”, conta Yumiko, relembrando aquele dia.
“Foi realmente uma prova cardíaca para o vovô, que parecia que iria desmaiar a qualquer momento. Mas tudo ficou bem. Eu tive que usar curativos por alguns meses e, no fim, quase não ficou cicatriz.” Ela mostra o braço para eles.
De longe, não parecia que algo assim tinha acontecido. Mas, olhando com mais atenção, era possível notar que a pele do lado esquerdo parecia mais áspera.
Yuji observa a cicatriz e se sente culpado. Ele não se lembrava de ter passado por isso e não consegue deixar de se sentir mal por ser o responsável pela marca na pele da irmã.
“Não fique tão preso ao passado, Yuji. Você ainda era muito pequeno.” Ela percebe o quanto o irmão está se sentindo mal pelo ocorrido. “Sério mesmo, você se preocupa demais com isso. Eu fico feliz por ter te protegido.” Ela acaricia o rosto de Yuji.
À medida que Yuji foi crescendo, os momentos gravados também mudaram. Alguns mostravam eles indo ao parque, caminhando juntos, fazendo compras, entre outras coisas. A única constante era o carinho entre os dois — era lindo de ver.
Gojo estava analisando os vídeos. Agora ele tinha uma noção melhor de como era a personalidade de Yumiko e Yuji, e quão forte era o vínculo afetivo entre eles.
O último vídeo dessa sequência mostrava a despedida de Yumiko e Yuji, quando ela foi estudar fora. Houve abraços e até algumas lágrimas. Eles estavam no aeroporto, e Yumiko já se preparava para embarcar.
“Tchau, vovô. Tchau, Yuji. Eu prometo voltar o quanto antes. Não sintam muito a minha falta! Vou ligar pelo menos uma vez por vídeo chamada. Se cuidem!” Ela abraça os dois, dá beijos de despedida e começa a se afastar para entrar na fila de embarque.
Wasuke, que estava filmando, continua com a câmera apontada para Yumiko até que ela desapareça de vista.
Ele se vira para Yuji e percebe o quanto ele está desanimado com a separação.
“Vai ficar tudo bem, Yuji. Quando você menos esperar, ela estará de volta.” Ele coloca a mão na cabeça do menino.
“Hum.” Yuji apenas resmunga, ainda cabisbaixo. O vídeo termina ali.
Percebendo que ainda havia mais coisas para ver, mas que sua irmã não fez nenhum movimento, Yuji pegou o notebook notou que havia fotos dele durante os anos em que ela esteve fora.
“Como você conseguiu essas fotos?” Yuji olha para a irmã, com uma expressão de dúvida.
Eram fotos e vídeos dele na antiga escola: em alguns campeonatos de beisebol, na sala de aula, pelos corredores, no refeitório e, principalmente, nos festivais da escola.
“Contei com algumas pessoas para tirar fotos e gravar esses momentos enquanto eu estava fora, e também para verificar se você e o vovô estavam se virando bem sem mim.” Yumiko lamenta, olhando para Yuji com um pedido de desculpas por não ter contado antes.
Ao continuar vendo as fotos, Yuji se depara com o último vídeo do arquivo.
“Esse eu ainda não vi. O vovô me deu um pendrive, e eu só passei o arquivo. Acabei de esquecer de ver o que era.” Yumiko dá play.
Era um compilado de 4 minutos com fotos de Yumiko dormindo de costas, enquanto Yuji dormia sobre o peito e a barriga dela. Eram registros desde o nascimento de Yuji até o início da linhagem dele. Estavam no sofá, no berço, na cama de Yumiko, no chão ou na poltrona. Em todas as fotos, Yumiko o segurava com as mãos apoiadas no corpo dele, protegendo-o para que não caísse.
“Não sabia que o vovô tinha tirado essas fotos.” Yumiko não consegue conter o brilho nos olhos. Depois do vídeo, o avô havia incluído todas as fotos possíveis no compilado. Ela mal via a hora de adicioná-las ao seu álbum físico.
Olhando o horário no relógio, Yumiko não consegue esconder a surpresa:
“Já vai dar 10 da noite?! Está ficando tarde. Nem percebi que o tempo passou tão rápido... Desculpem por ter prendido vocês por tanto tempo.” Yumiko se levanta.
“Sem problemas, foi divertido assistir a toda a infância do Yuji-kun.” Gojo também se levanta e vai em direção à porta, sendo acompanhado por Ijichi. “Vocês dois são fofos juntos.” Gojo brinca e ri.
“Para você também, Kiyotaka-san. De todos nós, você provavelmente é o que está mais ocupado.” Yumiko olha para Ijichi.
“Sem problema, Yumiko-san. Como Gojo-san disse, foi divertido, tanto o jantar quanto assistir à infância do Yuji-kun.” Ele tenta apaziguar as desculpas de Yumiko.
A noite foi boa, ele se divertiu com o jantar e não pôde deixar de se sentir feliz — fazia muito tempo que não tinha uma pausa como essa.
Depois de se despedirem, Yumiko e Yuji se prepararam para dormir. Eles planejavam dividir a cama de Yumiko. Assim que ela se deitou, adormeceu rapidamente — havia sido um dia agitado, e ela estava muito cansada com toda a questão da "morte" de Yuji e das visitas.
Yuji, que estava calado boa parte do tempo, deitou-se olhando para sua irmã, que já dormia tranquilamente. Depois de ver os vídeos, percebeu como havia esquecido grande parte de sua infância — e como sua irmã sempre esteve lá para cuidar dele desde o nascimento. Seu peito se aperta e se enche de um calor que o faz arder por dentro, e ele se sente imensamente feliz.
Ele se aproxima para se aconchegar ainda mais à sua irmã. Mesmo dormindo, ela abre os braços e o puxa para mais perto de seu peito. Ele ouve os batimentos dela e não pode deixar de lembrar do conforto que era dormir em seus braços.
E, dessa forma, os dois adormeceram — e tiveram o melhor sono desde o dia fatídico em que foram lançados ao mundo jujutsu.
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Notes:
De longe eu acho que será meu capítulo favorito, eu estava com ele na cabeça por um tempo e queria porque queria que ele fosse o dobro do tamanho dos outros, até porque eu amo a interação que eles têm.
Mingau na verdade é uma maldição, legal não é mesmo?!, ainda tenho algumas peças que estou segurando para não dá spoiler sobre o que vai acontecer com a história, mas bem, espero que saiba que não será só sobre flores e interações dos irmãos Itadore que vai sustentar essa fanfic até o final.
Eu pretendo expandir o universo de jujutsu e trazer algumas modificações, mudar alguns eventos e trabalhar um pouco na evolução dos personagens, além eu decidi explorar e escrever um romance, então vamos ter romance nessa fanfic, mas não esperem muita coisa não, vai ser bem trabalhado bem lentamente.
Então é isso por hoje, até o próximo domingo ou quando postar um capítulo surpresa na semana (づ ̄ ³ ̄)づ.
Data da publicação: 19/06/2023
Revisão: 19/04/2025
Chapter 7: Início do treinamento
Notes:
Bem eu tinha dito que iria postar na quarte, né? Mas universitários não tem um momento de paz, minha professora postou uma atividade para entregar no dia seguinte (Quarta) nem tive tempo para terminar esse capítulo, tenho certeza que ela foi para a festa de São João, o povo estava dizendo que ela estava comentado de ir participar.
Eu sei que teoricamente ainda estou atrasada um capítulo, mas estou correndo atrás de deixar tudo certo eu prometo (é nisso que dá você se comprometer com algo), pelo menos esse domingo vai ter capítulo, quando tiver adiantada com os capítulos eu posto o que estiver em atraso algum dia da semana・゚・(。>ω<。)・゚・..
Espero que gostem (ノ*゜▽゜*) ヾ.
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
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O sol já havia aparecido quando Yumiko acordou, mas ela preferiu continuar deitada, pois estava confortável com algo quente que a agarrava. Desorientada pelo sono, ela finalmente percebe que estava abraçando seu irmão — da mesma forma que ele a agarrava.
Conseguindo se desvencilhar dele, ela beija sua testa e acaricia seus cabelos despenteados. Yuji se mexe um pouco, desconfortável por perder o calor agradável, mas, depois de um tempo, volta a dormir.
No banheiro, ela percebe que seu baby doll — da mesma cor dos seus olhos — estava molhado com a baba do irmão. Ao ver aquilo, não pôde deixar de compará-lo com quando era bebê e babava em suas roupas. Ela ri da lembrança. Depois de colocar o pijama sujo no cesto para lavar mais tarde, vai tomar banho.
Banho tomado, Yumiko começa a se preparar para o café da manhã. Era um pouco mais tarde do que o horário em que costumava acordar, mas ela relevou para poder passar mais tempo com o irmão.
Com o café da manhã pronto, ela vai acordar Yuji.
“Yuji, hora de acordar.” Ela o balança de leve.
“Hummmm, mais cinco minutos…” Yuji resmunga baixinho, meio acordado, meio dormindo.
“Nada de mais cinco minutos. Gojo-san logo aparece para te buscar. Você não quer aproveitar o tempo comigo?”
Yumiko retira a coberta dele.
“Tá bom, tá bom, já acordei…” Yuji boceja, ainda com os olhos cerrados, mas já havia se levantado.
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Depois do café da manhã, eles se sentam no sofá para assistir a algum programa na televisão.
Yumiko mexia no celular enquanto Yuji procurava um canal para assistirem. Ela navegava no Instagram e conversava com seus amigos até receber uma mensagem de Ijichi.
Ao abrir o aplicativo de mensagens, ela lê o que Ijichi escreveu:
“Estamos saindo depois do almoço. Kiyotaka-san mandou mensagem avisando que vai nos buscar e iremos para a escola. Aparentemente, Gojo-san tem uma casa afastada da escola, e vamos ficar lá por um tempo.”
Ela se levanta — já eram 10h24, e ainda havia muita coisa para preparar para o almoço.
“Ok, precisa de ajuda?”, Yuji pergunta ao ver sua irmã se movimentando para começar o preparo.
“Nada, pode continuar assistindo. Tô de boas. Só coloca algo interessante pra ficar de fundo enquanto eu cozinho, que eu agradeço.”
Ele faz exatamente isso, escolhendo um programa sobre vida selvagem. Os dois discutem sobre algumas curiosidades mostradas, e depois almoçam rápido para se prepararem para a mudança.
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“Tudo pronto?” Yumiko pergunta. Ao seu lado, estava uma mala média com suas coisas. Ela vestia um short preto com meia-calça, já que ir apenas de short para a escola seria um pouco inapropriado. Usava também uma blusa vermelha sem mangas, por ser verão e também por combinar com a farda que Yuji estava usando — já que suas roupas ainda estavam no dormitório.
“Sim, mas minhas coisas não estão aqui, lembra?!” Yuji ri. Ele estava com as gaiolas que continham Mingau e os dois coelhos, que ficariam com um vizinho que se ofereceu para cuidar deles por um tempo.
Ding dong
A campainha toca. Ijichi esperava do lado de fora. Yumiko atende, e todos se cumprimentam. Ela pega sua mala e mais uma bolsa que continha lanches preparados junto com o almoço.
Antes de saírem, deixaram os bichinhos com o vizinho da frente, que trabalhava em casa e poderia cuidar deles. Agradecendo, Yumiko segue em direção ao carro.
“Basicamente, o que aconteceu é que existem alguns anciãos que não concordam com a ideia de Yuji-kun ter trazido a existência de Ryomen Sukuna de volta ao mundo”, Ijichi começa a explicar enquanto dirige.
“Então eles querem provar que Yuji-kun não é capaz de controlá-lo.” Ele tenta inventar uma desculpa plausível para a morte de Yuji, sem mencionar a sentença.
“E você consegue marcar um horário para que eu possa conversar com esses anciãos? Gostaria de trocar algumas palavras com eles.” Mesmo com o tom de voz normal, era possível sentir o perigo escondido em suas palavras.
“Não precisa se preocupar com isso, Yumiko-san. Gojo-san já resolveu. Continuando: eles mandaram Yuji-kun para essa missão com o intuito de mostrar que ele é incapaz de conter Sukuna. Por isso, Gojo-san pretende manter o retorno de Yuji em segredo. Enquanto isso, ele vai treiná-lo para que melhore seu controle da energia amaldiçoada.”
“E por quanto tempo isso vai durar? Espero que não seja para sempre. Se for, vamos embora agora mesmo, porque não faz sentido. Ainda pretendo conversar com esses anciãos.” Yumiko cruza os braços, claramente chateada por não poder confrontar os velhos.
Os outros dois suavam frio. Desde o início, Yumiko deixara claro que não tinha interesse em ser uma feiticeira. Ainda assim, como havia uma aluna na escola que não possuía energia amaldiçoada e era usuária de armas especiais, ela não foi impedida de participar. Yumiko queria acompanhar o desenvolvimento de Yuji, e isso lhe foi permitido.
Por esse motivo, era comum vê-la envolvida em várias situações do mundo jujutsu mesmo sem ser uma feiticeira. No entanto, os anciãos só sabiam que ela era irmã do hospedeiro de Sukuna e nada mais. Toda a sua interação com o mundo jujutsu fora apagada o máximo possível para evitar que os anciãos colocassem os olhos nela.
“Gojo-san vai treinar Yuji-kun por cerca de um mês — mais especificamente, até o encontro das escolas.”
Ele percebe que os dois estão confusos com a expressão encontro das escolas .
“Esse é um evento em que as duas escolas de jujutsu — a de Tóquio e a de Kyoto — se encontram com o objetivo de integrar os estudantes, para que possam trabalhar juntos. No caso, como a nossa venceu o último evento, a escola de Kyoto virá para cá.”
“Então é tipo um interclasse? Vai ter jogos?” Yumiko se anima — ela sempre gostou de participar e assistir a competições escolares.
“Todo ano é sorteada a atividade que será feita. Mas o primeiro dia é sempre escola contra escola.”
Ijichi esconde que, após isso, sempre ocorrem batalhas individuais. Como as batalhas são sorteadas todos os anos, ele tecnicamente não está mentindo.
Eles continuam conversando mais sobre o encontro das escolas.
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Chegando à entrada principal da escola, Ijichi os guia por um caminho separado que os leva a uma trilha meio escondida. No final da trilha, era possível ver uma casa grande de dois andares. Ao se aproximarem mais, percebem que Gojo os esperava na porta.
Ele nem pisca duas vezes ao ver que Yumiko estava lá.
"Bem-vindos à minha humilde residência~~" Gojo gira feliz e mostra a porta, esperando que eles entrem. Ali, Ijichi se despede para voltar aos seus afazeres.
"Você tem uma casa muito bonita, Gojo-san" diz Yumiko ao entrar. Ela não pode deixar de notar como tudo foi minuciosamente decorado de forma profissional, com objetos luxuosos. "Foi você mesmo quem decorou? Ficou muito bom."
"Annw~~ obrigado, Yumiko. Eu tento dar o meu melhor" ele os guia para o porão.
"Bem, quando se trata de combates a curta distância, Yuji-kun já está ótimo" ele desce a escadaria, mostrando um amplo espaço onde provavelmente ocorreria o treinamento. "Agora precisamos que ele foque em controlar seu poder mágico" ele para no meio da sala.
Yuji e Yumiko olham para ele, totalmente focados.
"Então? O que foi?" Gojo pergunta a Yuji.
"Nada. Só tava pensando que, se fosse pra receber esse tipo de treinamento, fico feliz que esteja vindo de Gojo-sensei" Yuji sorri para ele. "Eu não consegui salvar ninguém porque sou fraco. Inclusive, quase matei o Fushiguro." Yumiko coloca a mão em seu ombro como forma de consolo. "No meu estado atual, não posso nem mostrar minha cara pra eles. Eu quero ficar forte. Por favor, me ensine a ser o mais forte, sensei" termina seu discurso sério.
"Hehehe. Você tem bons olhos" Gojo ri.
"Mas foi você que disse que era o mais forte, sensei" Yuji retruca.
"Então vamos começar. Por favor, olhe pra essas latinhas aqui" em cima de uma mesa que estava no canto, havia duas latinhas. Com as palmas direcionadas a elas, ocorrem duas coisas simultaneamente.
Uma das latas foi levemente amassada, e a outra, torcida.
Os outros dois ficam impressionados — Yuji mais que Yumiko.
"Isso é poder mágico" ele aponta para a latinha amassada. "E isso é técnica" aponta a lata torcida.
"Tendi, tendi... foi é nada" Yuji faz a famosa pose do pensador.
"Hmm, foi o que eu pensei. Vamos comparar o poder mágico com a eletricidade, e a técnica com utensílios elétricos" Gojo acena com a mão, chamando a atenção dos dois para a explicação.
"Se só existisse eletricidade, não seria muito útil para as pessoas, certo? É por isso que fazemos a eletricidade fluir dentro de utensílios elétricos para conseguir resultados" ele aponta para a lata amassada. "Essa lata só recebeu meu poder mágico" aponta para a outra. "E nessa, eu transformei meu poder mágico em técnica e a torci com minha magia" Gojo termina sua explicação.
Yuji olha para sua irmã. Ele ainda não tinha entendido direito o que seu professor tinha dito e estava pedindo, com o olhar, para ela explicar de uma forma que ele compreendesse.
Sabendo o que ele queria, Yumiko prontamente começa a elaborar uma explicação que sabe que ele vai entender facilmente.
"Basicamente, pelo que eu entendi, poder mágico pode ser comparado com sua força bruta. Quando socamos alguém usando essa força, o que vai acontecer é que machucamos a pessoa da mesma forma que podemos nos machucar. Quando transformamos essa força com a ajuda de técnicas — aqui vou dar o exemplo do judô —, pegamos essa força e a trabalhamos para que seja mais efetiva contra o oponente e, ao mesmo tempo, não nos machuque" ela usa um exemplo da própria vida de Yuji.
"Ahhhh! Isso significa que eu vou poder aprender aquelas técnicas maneiras, tipo a do Fushiguro também?" Yuji se anima.
"Não, você não pode usar magia, Yuji" ele desanima. "Exceto shikigamis simples e barreiras mágicas. Técnicas são, fundamentalmente, algo com que a pessoa já nasce. É por isso que a força de um xamã vem 80% de habilidades naturais."
Yuji deita no chão, chateado, murmurando o que queria fazer e o que pensava que poderia fazer com a energia amaldiçoada.
"Vamos ignorar o que você não consegue e focar em melhorar o que você consegue. Vamos adicionar poder mágico às suas artes marciais, Yuji" Gojo ignora Yuji, que estava no chão. "Ao invés da sua falta de habilidade, me preocupa mais você esmagar tudo no seu caminho sem querer. Eu já disse isso antes, mas suas habilidades corpo a corpo se destacam muito, sabe?"
"Mas, mas... se for só isso, eu já consigo, não é?" Yuji parece que revive e se levanta, com o espírito renovado. "Naquela hora, quando lutei com aquela maldição de grau especial, eu meio que entendi como fazia."
"Então bora tentar. Você não vai conseguir mesmo" Gojo zomba, já que consegue ver como funciona a energia amaldiçoada de Yuji, e ela não mostra indícios de estar controlada.
"Eu não vou ligar se quebrar seu braço, viu?" Yuji começa a se preparar, fazendo o mesmo movimento que havia feito quando deu o soco forte na maldição.
"Certo, certo, bora logo" Gojo estende a mão para Yuji acertar. "Não tinha nadinha de poder mágico" comenta depois que Yuji o acerta.
"POR QUÊ?" Yuji exclama, confuso por não ter funcionado.
"A fonte do poder mágico são as emoções negativas. Daquela vez que você tava falando, você tava transbordando raiva e medo, certo?"
Como se acendesse uma lâmpada, Yuji finalmente conecta os pontos.
"Então, pra usar poder mágico, você tem que tá puto, certo?" ele bate o punho de uma mão na palma da outra. "É mesmo! Bem que o Fushiguro tá sempre com a cara virada!"
"Não é bem isso" Gojo descarta a ideia rapidamente. "Todo mundo está treinando para produzir poder mágico com pouca emoção. Ao contrário do que você disse, quando se está muito emocionado, você deve conter o poder mágico, sabia?" Gojo continua a explicação. "Existem diferentes tipos de treinamento, mas eu vou fazer o mais cansativo com você."
"Q-que tipo?" Yuji agora está preocupado com o tipo de treinamento que seu professor vai aplicar.
Indo em direção ao sofá, onde Yumiko estava sentada mexendo na pilha de DVDs que estava na mesinha, ele pega alguns.
"Bora assistir uns filmes?" Gojo mostra algumas capas.
"Assistir filme?" Yuji está confuso sobre seu treinamento; isso não parece ser tão cansativo.
"Isso mesmo. De obras-primas até filmes de terror franceses de terceira categoria. Vamos fazer isso sem parar, pelo tempo que conseguir ficar acordado." Ele tira um dos bonecos de Yaga de quem sabe onde. "Mas é claro que você não vai apenas assistir. Você vai assistir com esse carinha."
Era um boneco que parecia um ursinho, só que seus braços eram mais longos e ele tinha uma luva de boxe e parecia que estava dormindo.
"Qual é a dessa coisa fofinha-horripilante?" Yuji está segurando aquele boneco.
"Você achou isso fofinho?" Gojo não pode duvidar dos gostos de seu aluno.
"Eu também acho fofo. Masamichi-san é muito bom fazendo eles. Eu até pedi para que ele fizesse um pra mim, espero conseguir um logo." Yumiko, ainda sentada no sofá, olha para o boneco e consegue identificar que foi feito por Yaga.
"Ahhhh! Como pensava, é mesmo um hobby. Eeeee? Isso não tem nada a ver com nada!" Yuji ainda estava confuso sobre por que aquele boneco era importante para seu treinamento.
"Não se preocupe, nós chegaremos lá." Na hora em que ele disse isso, o boneco acordou e deu um murro no rosto de Yuji. "Se você não emitir um fluxo constante de poder mágico, o boneco amaldiçoado despertará e te atacará desse jeitinho aí."
"Como eu disse antes, já que você tem toda essa variedade de filmes à sua disposição, eles podem fazer seu coração acelerar, te deixar ansioso, animado. Você pode chorar, rir e se sentir com náuseas pra caramba."
Gojo continua sua explicação de como aquilo o treinaria para manter a saída constante de energia amaldiçoada no automático e como está configurado para o menor grau de poder, que será aumentado com o tempo.
"Já que é assim, eu não posso nem perder o foco, nem se quiser."
"Com qual você quer começar?" Gojo estava olhando para os filmes. "Eu recomendo esse. A heroína me irrita, mas ela morre bem no final." Ele aponta para um dos DVDs.
"Nossa, que spoiler! Eu vou querer um de ação primeiro." O boneco acorda e soca o rosto de Yuji. "MAS QUE DROGA!!!" Ele arremessa o boneco no chão.
"Mesmo que esteja irritado, mantenha o poder mágico constante." Gojo lembra Yuji de qual era o propósito do treinamento.
"Hahahaha, achei criativa a forma como você pensou em fazer esse treinamento, Gojo-san. Devo dizer que é uma forma bem interessante de se pensar." Yumiko vai pegar o boneco que estava jogado no chão.
Quando ela pega no boneco, que tinha voltado a dormir, ele acorda novamente. Yuji e Gojo ficam em alerta, já que o soco do boneco não é fraco, mas essa preocupação foi em vão, já que, quando o boneco acordado se virou, ele foi para abraçar Yumiko, se esfregando como um gato que estava pedindo carinho.
Achando fofo essa ação, Yumiko não pode deixar de satisfazer a exigência do boneco e o abraçar mais forte.
"Tome ele de volta." Quando ela vai entregar o boneco de volta para Yuji, ele o acerta com mais um soco e volta a dormir. "Tente não estragar ele, ok?"
Percebendo que era só isso que ele iria fazer por um tempo, Yumiko continua: "Estou saindo, vou visitar Shoko, fazê-la comer algo, descansar um pouco e depois ver como estão Megumi e Nobara." Ela se ajeita para ir.
"Pensava que iria assistir os filmes comigo?" Yuji faz beicinho.
"Oh, Yuji, esse é seu treinamento, e como percebemos, o boneco fica calmo quando eu estou por perto. No final, não vai fazer sentido se o objetivo do boneco é fazer você perceber quando não estiver controlando seu poder mágico, mas, quando ficar melhor, eu venho assistir algum filme com você, promessa." Ela se vira para subir. "Gojo-san, pode mostrar onde eu e Yuji vamos ficar?"
"Mais é claro." Ele termina de colocar um DVD de filme de ação para Yuji começar com seu treinamento. Com a promessa de que ele vai voltar com alguns lanches para ele comer enquanto assiste, Gojo guia Yumiko pela casa.
Pegando suas coisas que tinha deixado na porta do porão, Yumiko segue Gojo para o primeiro andar.
"O primeiro e segundo quartos estão desocupados, então fique à vontade para escolher onde quer ficar." Gojo sinaliza para ela escolher.
"Não quero incomodar mais do que já posso estar, então vamos ficar com o primeiro. Eu e Yuji podemos dividir um quarto sem problemas." Yumiko abre a porta do primeiro quarto.
Era um quarto grande, bem decorado, com uma cama de casal no meio e um guarda-roupa enorme centralizado do outro lado. O quarto era pintado de branco, com pequenos toques de azul, e era bem encantador e aconchegante, passando uma sensação de tranquilidade.
Ela entra e coloca suas coisas em cima da cama. "Você não mora aqui, né?" Yumiko começa uma conversa.
"Não, mas fico aqui para descansar de vez em quando. O que entregou?" Gojo, que ainda não havia entrado e estava só olhando na porta, responde.
"Foi o que eu pensei. A forma como as coisas estavam organizadas não parece que alguém vive aqui." Ela olha para Gojo. "Mas imagino que, agora que vai ter companhia, espero contar com sua presença nessa casa." Ela sorri para ele.
Com isso, ele pode deixar de pensar em como será passar esse mês na presença dos Itadore. A casa iria ficar mais viva, ao mesmo tempo em que iria murchar quando eles fossem embora.
Enquanto Gojo fica preso nos seus pensamentos, Yumiko termina de arrumar suas coisas, pega a bolsa com os lanches que fez para distribuir a todos e coloca no ombro.
Ela vai em direção a Gojo, escondendo o pacote de sua vista. Não que isso funcione, já que ele tem os seis olhos. "Obrigada por se importar e cuidar de Yuji, me deixa aliviada saber que ele pode contar com alguém caso algo aconteça comigo."
Antes de Gojo poder dizer algo, Yumiko o abraça forte, entrelaçando seus braços. Surpreso e sem saber o que fazer, ele a abraça de volta, entrelaçando seus braços na cintura dela. Ela descansa sua cabeça no peito dele. Eles ficam assim por alguns segundos, que parecem uma eternidade para ele.
Ela os separa e segura seu rosto, abaixando para ficar na sua altura. Por cima da venda, ela beija o local entre seus olhos. Assim que o faz, ela o deixa ir.
Pegando uma caixa dentro da bolsa, ela entrega para ele. "Aqui, pra você. Eu percebi que, da última vez, você tinha gostado dessas trufas que fiz, então fiz mais para você. Espero que goste." Ela entrega o pacote e se despede, indo em direção à saída.
Parado na porta do quarto, segurando uma caixa cheia dos doces que ele passou dias sonhando em comer novamente, Gojo retira sua venda com a mão que não estava ocupada. Ele vai em direção ao banheiro e coloca a caixa cuidadosamente em um local plano, onde não há chances de cair.
Ele lava o rosto, na esperança de tirar a sensação de formigamento que ficou no local. A ponta de seu ouvido está vermelha. Depois de um tempo, aquela sensação ainda não sumiu, então ele tenta ocupar sua mente com outras coisas.
Ele coloca sua venda novamente e decide descer para ver como Yuji está. Ele passa o resto do tempo assistindo aos filmes com Yuji e comendo seus doces. No final, percebe que, a cada hora ou outra, voltava a coçar o local do beijo.
Ele abaixa a mão, e ela não sobe mais.
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Notes:
Nada a falar sobre esse capítulo além de que já estou distribuindo dicas sobre como a historia vai andar, teremos mais momentos doces de Yumiko e Yuji, além do clássico *vamos dividir uma casa* que pode acontecer muitas coisas ( ͡° ͜ʖ ͡°).
Ainda temos muitos mistérios a resolver, espero que vocês estejam pelo menos curiosos sobre o que vai acontecer.
Então é isso por hoje, até o próximo domingo ou quando postar um capítulo surpresa na semana (づ ̄ ³ ̄)づ.
Data da publicação:25/06/2023
Revisão: 19/04/2025
Chapter 8: Amor de irmã, onde cabe um cabe todos
Notes:
Depois de tanto tempo finalmente postei um capítulo olha só quem voltou (ɔ◔‿◔)ɔ ♥. É, mas não por muito tempo, vou aproveitar e atualizar vocês de como está minha situação.
O estágio ocupa muito tempo da minha vida, ninguém me disse que seria assim ┻━┻ ︵ヽ(`▭´)ノ︵ ┻━┻, mas bem, estou muito atarefada e não vai dar para postar tão frequentemente quanto pretendia.
Mas pelo lado bom, minhas férias serão em setembro, e quando elas chegarem, voltaremos ao cronograma normal de atualização todo o domingo. Conforme o calendário era para esse capítulo ser o 12, e como podemos ver esse é o 8º, ou seja, estou atrasada ಥ_ಥ, mas não é de todo o ruim, pois estou esperando o restante do desenvolvimento de jujutsu para não sair muito do universo original.
Por fim, um aviso importante é que provavelmente só postarei o próximo capítulo no domingo depois do próximo dia 06/08, isso para não deixar vocês ansiosos por atualizações.
Espero que gostem e aproveitem (ノ*゜▽゜*) ヾ.
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
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Assim que Yumiko sai da casa de Gojo, sua primeira parada é no escritório do diretor. Ela bate na porta e, ao receber permissão para entrar, se depara com uma pilha de relatórios que escondem a imagem de Yaga.
"Precisa de ajuda, Masamichi-san?" Ela tenta esconder as risadas enquanto oferece sua ajuda. Já estava acostumada a ajudá-lo com as papeladas, então nada era novo para ela.
"Yumiko, chegou em boa hora. Por favor, organize esses relatórios com as datas mais velhas em cima e as mais novas embaixo. Obrigado."
Ela os organizou como pedido. Eram muitos, e boa parte estava com letras quase ilegíveis, então, no final, ela levou cerca de 30 minutos para terminar.
Ainda era o começo da tarde, mas ela queria passar o máximo de tempo possível com Megumi e Nobara antes de voltar para Yuji.
"Aqui. Na verdade, só vim deixar um lanche para você. Estou indo colocar a Shoko para descansar um pouco e passar o resto do dia com as crianças." Ela tira uma vasilha com alguns salgados e sanduíches para Yaga, que os pega, agradecido.
"Já se acomodou na casa de Satoru?" Yaga pergunta, já dando uma mordida em um dos sanduíches. Ele não sabe o porquê dela ter se mudado, na correria ela o avisou que iria falar com ele mais tarde sobre isso e que era um assunto muito importante.
"Sim. É uma bela casa. Yuji já começou seu treinamento, então resolvi ir cumprir as outras visitas." Ela vai em direção à porta. "Não vou mais atrasá-lo com seu trabalho. Vejo você por aí. Tchau." Ela se despede.
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Sua próxima parada é na enfermaria, onde ela tinha 95% de certeza de que Shoko estaria.
Ao abrir a porta, vê Shoko sentada à mesa, rodeada por vários papéis — provavelmente informações de pacientes e relatórios que deveria enviar aos superiores.
Shoko estava pescando* enquanto olhava para os papéis, concentrada o suficiente para não perceber a chegada de Yumiko.
"Eu acho que seria um bom momento para uma pausa, não acha, Shoko?" Yumiko se aproxima, assustando levemente a amiga.
"Ah, Yumiko... é bom ver você novamente, mas não posso deixar isso para depois." Ela estava com olheiras ainda piores do que no dia anterior; provavelmente estava em claro desde então.
"Não foi um pedido, foi uma ordem." Yumiko a puxa gentilmente para sentar-se na cama.
"Aqui, fiz sanduíches para você comer algo. Tenho certeza de que não colocou nada nesse estômago... Como pode uma pessoa da área da saúde não se cuidar direito? Oxi." Ela entrega um sanduíche a Shoko, já começando sua típica palestra sobre autocuidados.
Depois de comer, Shoko deita-se na cama para descansar, enquanto Yumiko adianta e organiza a papelada para ela.
Mexer com relatórios era algo que Yumiko estava acostumada a fazer, por isso era especialista no assunto e sempre ajudava principalmente Ieiri e Yaga com suas tarefas administrativas.
Uma hora e meia depois, Ieiri acorda muito melhor do que antes. Não era o ideal, mas foi o suficiente para que ela pudesse terminar o trabalho e descansar efetivamente depois.
"Bem, eu já adiantei boa parte. Quando terminar, espero que vá descansar — sério mesmo, parece que vai desmaiar a qualquer momento, mulher." Yumiko belisca carinhosamente Shoko. "Aqui, vou deixar mais alguns sanduíches para você comer mais tarde." Ela os deixa ao lado da cama.
"Você por acaso sabe onde estão as crianças? Estou indo vê-las agora." Yumiko para na frente da porta antes de fechá-la.
"Nesse horário, provavelmente estão no campo de treinamento. Seus senpais voltaram de missão, então devem estar todos lá. Acho que você nunca ouviu falar deles, né?" Ieiri, já se sentindo melhor, volta ao trabalho. "Eu acho que vai gostar deles." Finaliza com um pequeno sorriso.
"Tudo bem, agora estou curiosa para conhecê-los. Bem, vou indo. Tchau, Shoko." Ela se despede e segue em direção ao campo de treinamento.
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A caminho do campo de treinamento, Yumiko manda uma mensagem pedindo a Ijichi que compre alguns mantimentos para ela. Assim que recebe a confirmação, se desculpa pelo inconveniente e promete compensá-lo depois.
Finalmente chegando ao campo, ela se depara com uma cena cômica: um panda jogando Nobara aleatoriamente para o alto. Ao lado, um menino baixinho de cabelo branco observa a cena, enquanto uma garota segura um enorme bastão e pratica seus katas.
No fim da escada, ela avista Fushiguro sentado, perdido em pensamentos. Ninguém parecia ter notado sua chegada.
"No que pensa tanto, Megumi?" Yumiko fala ao lado dele, levemente inclinada, curiosa.
Megumi olha para ela, depois volta o olhar para o chão. Após alguns segundos, parece processar a presença de Yumiko e a encara, surpreso.
"Yumiko-san?!" Sua exclamação chama a atenção de todos.
"Boa tarde, vim ver como vocês estão." Ela acena tanto para Megumi quanto para os outros.
"YUMIKO-SAAAN!" Nobara corre até ela assim que se levanta do chão.
"Olá, como está minha flor favorita~?!" Yumiko fala, abraçando-a.
Yumiko passou a chamar Nobara de "flor" depois que Yuji contou o trocadilho que a garota usou ao se apresentar: “Eu sou a bela flor do grupo de rapazes alegres”.
Achando a abordagem divertida, Yumiko adotou o apelido carinhosamente — Nobara agora era sua flor favorita.
"Esses brutos estão fazendo bullying comigo! Faça alguma coisa, eu não aguento mais. Sou apenas uma rosa-silvestre frágil tentando desabrochar em paz..." Sua voz estava abafada, já que seu rosto estava pressionado contra os seios de Yumiko.
Yumiko ergue uma sobrancelha, olhando para Megumi em busca de respostas. Ela acaricia os cabelos castanhos da menina, que se aconchega mais. Megumi apenas dá de ombros, sem saber o que dizer. Levanta-se e fica por perto.
Yumiko acha fofo como os dois buscam conforto nela, mesmo que Fushiguro ainda tenha vergonha de ser o primeiro a pedir carinho ou abraçar.
Ela volta o olhar para os outros três que a observam com curiosidade.
"Então... posso saber quem ousa macular minha pequena flor?" Seu tom é sério, mas o sorriso revela a brincadeira.
Percebendo que Yumiko não os conhecia, Megumi faz as apresentações:
"Esses são Zen'in Maki-senpai, Inumaki Toge-senpai e Panda-senpai." Ele aponta para cada um. "Temos também Okkotsu Yuta-senpai, mas ele está fora em treinamento."
"Prazer em conhecê-los. Sou Itadori Yumiko, mas podem me chamar só de Yumiko." Ela se apresenta, feliz por conhecer mais crianças adoráveis.
Os três senpais não sabiam como reagir. Primeiro, surpresos por uma humana comum sem energia amaldiçoada estar na escola de Jujutsu. Depois, confusos por vê-la com laços tão fortes com os do primeiro ano.
"Estou sentindo o cheiro de algo bom. Você trouxe lanche, Yumiko-san?" Nobara esquece a birra imediatamente ao sentir o aroma.
"Sim! Shoko me disse que vocês tiveram alta e começaram o treinamento para o evento das escolas." Ela se senta nos degraus e começa a distribuir os lanches. "Como ninguém me disse nada, acho que não estou incomodando com a visita... mas entre nós, acho que Masamichi-san aprecia minha ajuda o suficiente para não me expulsar." Ela acena para que os outros se aproximem.
Ela entrega lanches a todos.
"O que é isso? É bom." Megumi pergunta, comendo.
"Que bom que gostou. É bolinho de arroz — não o tradicional japonês. Essa receita eu aprendi no Brasil."
Yumiko olha para Panda, incerta se deveria oferecer.
"Eu não preciso comer, mas agradeço pela gentileza." Panda responde, percebendo a indecisão dela.
"Sobra mais pra mim." Antes de terminar o dela, Nobara já rouba o bolinho da mão de Yumiko.
Yumiko estranha o comportamento. Nobara geralmente diz estar mantendo o peso. ‘Ela deve estar de TPM... faz sentido essa diferença’, pensa. ‘Vou comprar chocolates mais tarde e evitar futuros problemas.’
Ela olha para Megumi, que acabava de perguntar por que Nobara estava comendo tanto.
Ainda bem que Yumiko sempre carrega chocolates de emergência. Antes que Nobara saque o martelo para ir atrás de Fushiguro, Yumiko coloca um bombom na boca da garota. O efeito é imediato: Nobara se acalma e volta a comer seus bolinhos, exigindo mais chocolate.
Yumiko distrai Nobara com comida enquanto olha para Megumi, levantando uma sobrancelha. Ele suspira, encolhendo os ombros em desculpa.
Vendo a cena, Maki pergunta:
"O que uma pessoa como você está fazendo no meio do mundo jujutsu?" Ao terminar, ela sente a brutalidade da pergunta. "Quer dizer, não é comum alguém querer fazer parte de algo tão perigoso..." Tenta se justificar.
"Ah... meu irmão mais novo estudou com esses dois." Ela sorri, levemente emocionada. "Então, quando ele veio de Sendai para Tóquio, vim junto. Graças a Masamichi-san, pude participar do desenvolvimento deles." Ela coloca a mão na cabeça dos dois. "Espero que eles não pensem muito nisso..."
Yumiko não gostava de mentir. Assim como Yuji, preferia omitir a mentir. Por isso, sempre ajustava suas palavras para não revelar tudo, mas também não enganar diretamente.
Ao lembrar que o colega de classe de Fushiguro e Kugisaki morreu há menos de um dia, Maki sentiu um peso no peito. Ela havia tocado no assunto sem querer.
"Me desculpe por trazer isso à tona." Maki diz, abaixando a cabeça.
"Isso mesmo, Maki aqui não teve más intenções, por favor, não leve a mal." Panda fala em defesa da amiga.
"Salmão." Toge se junta à defesa.
Olhando para aquele trio, Yumiko só conseguia ver crianças que tiveram que amadurecer cedo demais, forçadas a enfrentar um mundo perigoso por causa daqueles que não têm como se defender.
Não havia como ela se sentir chateada com eles — principalmente porque Yuji não estava morto. No fundo, a única errada naquela história era ela mesma, por esconder esse fato.
"Não se preocupem com isso. Eu só lamento que vocês não tenham tido a chance de conhecê-lo. Sinto dizer, mas ele teria sido uma ótima atração nesse grupo. Vocês são muito sérios... Acho que as idiotices dele fariam vocês relaxarem e agirem mais como os adolescentes que realmente são."
Ela sorriu, imaginando a energia caótica de Yuji naquele grupo. Talvez não tenha sido tão ruim ele ter comido aquele dedo, se isso significasse que poderia se conectar com pessoas assim.
"Mas mudando de assunto, o que vocês estão treinando? Talvez eu possa ajudar. Faz tempo que não treino com alguém. Eu amo fazer análises de como melhorar os pontos fortes e fracos dependendo da pessoa"
"Eu tô ajudando a Kugisaki a pousar de forma segura," respondeu Panda, sendo o primeiro a se manifestar, curioso com outra perspectiva, atualmente era difícil ter feedbacks já que tinham poucos professores disponíveis para orientação.
"Você está me jogando ! Jogando de qualquer jeito! Como isso pode ser chamado de ajuda?!" Nobara explodiu, ainda com a comida na mão, mas claramente irritada ao se lembrar das últimas horas sendo arremessada sem cerimônia.
"Bom, parece algo divertido de assistir," disse Yumiko com uma risadinha, antes de adotar um tom mais analítico. "Mas se quiserem minha opinião, acho que vocês estão indo rápido demais. O melhor seria dividir o treinamento por etapas. Começar com exercícios de equilíbrio: fazer ela andar sobre uma linha, ou treinar ficando em um pé só. Depois disso, passar pra aterrissagens, começando de alturas baixas e aumentando gradualmente. Treinar vários tipos de pouso, diferentes posições, e só então partir pra simulações de combate com arremesso. Eu sei que parece muita coisa, mas construir uma base sólida é mais eficaz do que tentar dominar direto o avançado. Falo isso por experiência própria."
Nobara e Megumi, atentos como sempre aos conselhos de Yumiko, concordaram. Eles já sabiam que quando ela falava sobre treinamento, valia a pena escutar.
"Próximo?" Yumiko perguntou, animada com o ritmo do treino. ‘Isso me lembra de montar um plano de treino pro Yuji quando ele melhorar no controle da energia amaldiçoada...’ pensou.
"Atum," disse Toge, olhando para Megumi.
"Inumaki-senpai é usuário da Fala Amaldiçoada," explicou Megumi para Yumiko.
"Ele usa palavras ligadas a ingredientes de onigiri pra evitar amaldiçoar as pessoas sem querer. Quando ele realmente usa a técnica, pode acabar machucando as cordas vocais, dependendo da intensidade."
"Hm... já tenho algumas ideias." Yumiko franziu levemente a testa, pensativa. "Me corrijam se eu estiver errada, mas antes, Toge, você sabe outras línguas além do japonês?"
Inumaki balançou a cabeça em negação.
"Foi o que imaginei... Então, vamos lá." Ela levantou a mão, enumerando os pontos à medida que pensava.
"Primeiro, vamos falar sobre a sua língua materna. Imagino que você use verbos como ‘corra’, ‘pare’, ‘caia’... certo? Mas será que funcionaria com objetos? Tipo... ‘uma cadeira’? Isso ajudaria a entender até onde sua técnica pode ir."
Inumaki assentiu, intrigado.
"Segundo ponto: fonética. Tem diferença de efeito quando você fala de forma normal ou no imperativo? Tipo ‘corra’ gritado versus ‘corra’ dito calmamente? E o comprimento da palavra... será que palavras maiores ou com sons mais fortes geram comandos mais potentes? Palavras são sons com significados. E sons são vibrações — quanto mais marcante a vibração, talvez mais poderosa a maldição."
Todos ficaram em silêncio. O raciocínio dela era afiado demais para alguém que acabara de receber tão pouca informação.
"Terceira questão: a recepção. A pessoa precisa entender o que está sendo dito para ser afetada? Basta ouvir? Ou o som precisa ser interpretado com sentido? E se ela não ouvir, mas estiver no raio de ação? Ou se você só visualizar ela? Tem um padrão de alvo específico, ou qualquer um ao alcance do som é afetado?"
Yumiko fez uma pausa para respirar. Todos estavam atentos, de olhos arregalados.
"E por fim, quarto ponto. Com base em tudo isso, acho que você poderia expandir suas habilidades aprendendo outras línguas. Talvez existam idiomas com sons mais potentes, ou estruturas verbais mais eficazes. E, por sorte, eu sou fluente em praticamente todas as línguas — mortas e vivas. Posso te ajudar com isso. Ah, e também tenho umas receitas de chá excelentes para garganta inflamada."
O silêncio que seguiu foi quase reverente.
Ninguém do clã Inumaki tinha teorizado tanto sobre aquela técnica. Em poucos minutos, Yumiko abrira uma janela completamente nova de possibilidades.
"Claro, isso é só sobre sua habilidade. Ainda tem o corpo a corpo. Melhorar suas técnicas é ótimo, mas depender só delas é o maior erro que vocês podem cometer. Sem ofensas, Inumaki-kun... mas você parece que não aguentaria dois minutos num confronto direto."
Ela sorriu gentilmente, sem deboche — apenas firmeza.
"Agora, quem é o próximo?"
As crianças estavam quase pulando de empolgação. Até mesmo Panda parecia animado com a ideia.
"Eu vou!" disse Panda. "Meu estilo de combate é corpo a corpo. Também tenho duas transformações que me ajudam em combate. Cada uma tem habilidades específicas e pontos fortes. Yumiko-san, o que você acha que eu poderia melhorar?"
Yumiko apoiou o queixo na mão e o observou com curiosidade.
"Uau, isso parece legal... Deixe-me pensar." Ela terminou o último bolinho — sempre a última a terminar. "Se estamos falando de evolução, talvez o próximo passo não seja só ter transformações completas. Mas sim, transformações parciais . Por exemplo, se uma das suas formas é melhor com os pés, por que não tentar ativar só aquela parte? Ou só os punhos? Isso pode te dar versatilidade e economizar energia."
Ela observou o brilho nos olhos de todos.
Era fofo ver como prestavam atenção em cada palavra sua.
“Assim, você poderia exercer os dois poderes ao mesmo tempo. Claro, seria necessário observar o quanto isso afetaria seu gasto de energia e se poderia causar danos permanentes. Mas, tirando isso, parece uma boa estratégia. Você não precisaria se transformar completamente, o que economiza tempo, e ainda surpreende o adversário que já está acostumado com seu estilo de luta.”
Panda se animou, pronto para começar o treinamento com uma nova perspectiva. Antes de seguir, agradeceu profundamente a Yumiko e então puxou Nobara para continuar os exercícios.
Aos poucos, cada um voltou às suas atividades, deixando Yumiko com Toge e Maki.
“Então, como posso ajudá-la?” Yumiko perguntou, curiosa sobre como poderia colaborar com Maki.
“Eu não possuo energia amaldiçoada, nem uma técnica. Só posso contar com minhas habilidades físicas e com armas amaldiçoadas para lutar.” Maki disse com firmeza, acostumada a lidar com julgamentos por não usar feitiços.
“Isso é perfeito.” Yumiko juntou as mãos, animada. “Sou especialista em combate corpo a corpo. Posso identificar ajustes nos seus movimentos e sugerir melhorias. Mas para fazer isso direito, que tal uma partida de treino?”
Maki assentiu, e Yumiko se afastou para tirar os tênis e se alongar. Alongou a coluna, os ombros, os braços e pernas, sentindo cada músculo responder como deveria. Quando terminou, Maki já estava posicionada, alguns metros à sua frente.
“Só recapitulando: eu quero que você vá com tudo. Não se preocupe comigo, use tudo o que sabe — técnica, força, equipamento. Inumaki-kun será nosso juiz para manter o controle.”
“Salmão.” Toge assentiu.
Sem hesitar, Maki correu em direção a Yumiko com seu bastão pronto, mirando um golpe lateral. Yumiko se moveu com leveza, desviando como se dançasse. Seu corpo parecia deslizar para fora da trajetória do bastão com um simples passo, sem desperdício de energia.
‘Ela é precisa. Nenhum movimento desnecessário. Ela esquivou com um único gesto. Incrível.’ Maki analisava mentalmente.
Determinada, Maki aumentou a velocidade e intensidade. Ainda assim, Yumiko continuava inatingível, desviando de todos os golpes — até mesmo das fintas mais elaboradas. Os outros, já parando seus próprios treinos, passaram a observar. Megumi e Nobara estavam boquiabertos. Eles não imaginavam que Yumiko fosse tão habilidosa — mas fazia sentido, considerando o nível de Yuji antes mesmo de se juntar à escola jujutsu.
“Já se passaram cinco minutos. Vamos ver como você se sai na defesa.”
Sem aviso, Yumiko avançou com a palma da mão erguida para um golpe direto. Maki saltou para trás e usou o bastão como contra-ataque. Em uma sequência rápida, Yumiko usou o braço esquerdo para prender o bastão e o dominou com facilidade. No mesmo movimento, aplicou um golpe seco com a palma da mão direita nas costelas de Maki. A luta terminou em menos de um minuto.
“Sua defesa é sólida, mas percebi uma dependência da sua arma. Sua guarda fica mais alta do lado dominante e abre espaço no outro. Além disso, você desestabiliza quando perde o bastão. Tudo bem que não pode exorcizar sem ele, mas ainda pode se defender até a ajuda chegar.”
Ela estendeu a mão para ajudar Maki a levantar.
“Pedir ajuda não é fraqueza, é ter consciência dos seus limites e confiar nos seus aliados. Covardia é morrer — e deixar os outros morrerem — por causa do orgulho.”
Com isso, Yumiko passou o restante do dia guiando os alunos: corrigindo falhas, reforçando pontos fortes, aprimorando fundamentos. Ao final da tarde, todos estavam exaustos, mas também animados com a evolução que sentiram em tão pouco tempo. E todos pensaram o mesmo:
Se ela nos treinou assim em um dia... imagine como seria se ela os tivesse treinado.
Se entreolharam, e sem dizer uma palavra, tomaram uma decisão em uníssono.
“Yumiko-san!” Nobara tomou a frente. “Que tal ser nossa professora? Gojo-sensei está sempre ocupado, e os outros treinamentos são individuais. Estamos mesmo precisando de alguém como você.”
Ela abraçou o braço de Yumiko e piscou com um charme teatral. Toge se juntou, piscando cílios do outro lado.
Logo todos estavam ao redor de Yumiko, pedindo animadamente.
“Você mesma disse que é bom pedir ajuda.”
“Isso! Estamos pedindo!”
“Não pode voltar atrás com suas palavras!”
Yumiko suspirou, sorrindo com carinho. 'Estão usando minhas próprias palavras contra mim… Aiya, essas crianças ainda vão ser minha morte. O que eu posso fazer quando são tão fofos assim?’.
“Não me importo de treinar vocês. Mas, caso tenham esquecido, eu não trabalho aqui. Vocês precisam pedir autorização ao Masamichi-san para que uma pessoa de fora possa interferir no treinamento oficial.”
Ela se virou para arrumar suas coisas.
“Já está ficando tarde. Preciso voltar. Mas prometo que visitarei vocês novamente.”
Com acenos e sorrisos, Yumiko desapareceu no horizonte, deixando cinco corações determinados para agir.
Eles já sabiam exatamente o que fariam a seguir.
Cenas cortadas:
Em seu escritório, Yaga finalmente aproveitava um raro momento de paz. Graças a Yumiko, ele conseguiu terminar toda a papelada e agora podia saborear seu chá em meio ao silêncio. Ela era uma verdadeira bênção em sua vida.
Tomando mais um gole, ele suspirou, relaxado.
Até que sua porta foi arrombada com a força combinada de cinco de seus alunos, que entraram de uma só vez, falando todos ao mesmo tempo. Mentalmente, Yaga nem conseguia processar o que estava acontecendo, pois era impossível entender com todos falando por cima uns dos outros.
Ele apenas conseguiu captar algumas palavras soltas como “Yumiko”, “Treinamento”, “Forte”, “Inteligente” — nada concreto o suficiente para compreender a situação.
“TUDO BEM, JÁ CHEGA!” Yaga gritou, forçando todos a se calarem.
Conseguindo a atenção que precisava, ele prosseguiu:
“O que vocês pensam que estão fazendo, invadindo meu escritório desse jeito?” — sua frustração com a interrupção da paz era evidente.
“Queremos que a Yumiko-san seja nossa professora!” Nobara tomou a frente, com todos atrás dela assentindo em uníssono.
Yaga respirou fundo. “E por que exatamente vocês querem isso? Já falaram com ela, ou simplesmente decidiram por conta própria?” perguntou, recostando-se na cadeira, visivelmente cansado.
“Já falamos com ela. Hoje mesmo ela nos ajudou no treinamento, e percebemos que seria muito melhor se ela fosse nossa responsável. Ou você prefere deixar o idiota do Gojo cuidando do nosso treinamento?” Maki argumentou, direta como sempre.
Yaga ponderou suas opções. De um lado, Gojo — seu aluno mais problemático, de péssimo caráter, embora o mais poderoso. Sempre ocupado, irresponsável e causador de dores de cabeça constantes. Do outro, Yumiko — jogada no mundo Jujutsu junto ao irmão, lidou com tudo com maturidade, é responsável, gentil, querida pelos estudantes, prestativa, e ainda traz lanches nas visitas como uma filha dedicada visitando o pai.
A escolha era tão clara quanto água cristalina.
“Tudo bem. Eu vou conversar com ela.” Ele não tinha como negar que seria a melhor opção.
Os adolescentes comemoraram como se tivessem ganhado o maior presente do mundo e, da mesma forma caótica que entraram, saíram — deixando um rastro de destruição para trás.
Yaga pegou o celular e discou para Yumiko. Eles tinham muito o que conversar.
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Notes:
Eu planejava fazer uns 4-5 capítulos do arco de treinamento, mas só teria certeza quando terminasse esse primeiro capítulo e olhem só acho que serão uns 6-10 capítulo agora, foi um capítulo e nem se passou um dia (O que estou fazendo da minha vida (ㆆ_ㆆ)?).
Vocês gostaram das minhas teorias sobre os poderes de cada um? Claro que nada foi explorado de Nobara e Megumi já que Yumiko meio que já sabe como suas técnicas funcionam, mas eles não vão ser deixados de fora claro, era só porque o que eu queria nesse capítulo era apresentar Maki, Panda e Toge para Yumiko por isso tive que deixar um pouco aqueles dois de lado.
Nos futuros capítulos teremos Yumiko como professora, e eu vou amar fazer isso, não quero que ela só os ajude com sua força, mas também com algumas filosofias de vida, autoestima, etc.
Já prevejo a dificuldade de cenas de ação e luta que vou ter que escrever, vocês acharam que a luta de Maki e Yumiko foi boa? Alguma sugestão? Estou aceitando ✍(◔◡◔).
Então é isso por hoje, até o próximo domingo ou quando postar um capítulo surpresa na semana (づ ̄ ³ ̄)づ.
Data de Publicação: 23/07/2023
Revisão: 19/04/2025
Chapter 9: O mistério da dispensa
Notes:
Finalmente estou entrando de férias, não existe palavras para expressar o quão feliz eu estou ᕙ('▿')ᕗ.
Vou poder atualizar com mais frequências agora, vocês não tem ideia de como eu quero ver a reações de vocês quando perceberem o que está acontecendo com essa fic ( ͡❛ ᴗ ͡❛).
Não fiquei parada nesse meio tempo, pensei em muitas coisas que quero colocar e muitas teorias que quero apresentar e mudar coisas que para mim não faz sentido no mangá.
O Próximo já está feito e pretendo postar em dois dias, vou tentar fazer atualizações rápidas antes que eu comesse meus estudos novamente, pois tenho muitas fics que pretendo escrever, mas não vou começar uma sem ter finalizado a outra, então me aguardem (>‿◠)✌.
Que merda de capítulo 236 foi esse de jujutsu, até hj não tankei essa bagaça, nem tô mais na fase de negação, tô na fase que tô com raiva ヽ(#`Д´)ノ. A única sorte de Gege Akutame é que não sabemos o rosto dele, já não é mais de questão de morar do outro lado do mundo.
Espero que gostem e aproveitem (ノ*゜▽゜*) ヾ.
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
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Yumiko caminhava entre as construções da escola, seguindo na direção da casa de Gojo.
‘Me pergunto como eles mantêm esse lugar limpo…’ pensou, enquanto olhava ao redor à procura de algum funcionário. No entanto, tudo o que viu foram instalações vazias.
‘Poucos alunos, poucos feiticeiros jujutsu, um lugar enorme… e não vejo ninguém responsável pela manutenção diária. Temos um refeitório que nem parece ser usado… Céus, isso é simplesmente ridículo. Não precisava de tudo isso.’ ela refletia, enquanto finalmente chegava ao caminho de terra que levava à casa.
‘Por outro lado, se isso for algum tipo de habilidade… sou capaz de vender minha alma para conseguir uma dessas. Arrumar a casa definitivamente não está entre as minhas atividades favoritas.’ Yumiko suspirou ao se lembrar da quantidade de poeira que provavelmente estaria esperando por ela em seu apartamento.
Quando finalmente chegou à casa, entrou e percebeu que tudo estava quieto. Imaginando que os dois ainda estavam no treinamento, ela seguiu em direção ao banheiro.
Tinha sido um longo dia, e tudo o que precisava agora era de um bom banho para se refrescar.
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Banho tomado, ela prendeu o cabelo em um coque alto e vestiu suas roupas favoritas para ficar em casa: um short preto curto e uma blusa branca, grande o suficiente para cobrir até a coxa e esconder completamente o short, fazendo parecer que usava a blusa como um vestido.
Sentada na sala, aguardava a chegada de Ijichi com as compras. Pegou o celular com a intenção de conversar com seus amigos, e a primeira coisa que percebeu foram as mensagens de Yaga perguntando se poderiam marcar uma reunião para o dia seguinte.
“Eles são rápidos.” Um sorriso surgiu em seu rosto, já imaginando o motivo da reunião. Ela confirmou a presença e combinou para as oito horas da manhã seguinte.
Passou o tempo vendo memes e trocando conversas bobas com os amigos, até que finalmente Ijichi mandou uma mensagem avisando que já estava chegando.
Pensando na quantidade de coisas que o pobre coitado teria que carregar — talvez até precisando fazer mais de uma viagem subindo aquela longa escadaria —, Yumiko decidiu que era melhor descer para ajudá-lo.
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No final de tudo, eles fizeram apenas uma viagem, com Ijichi se desculpando por não conseguir carregar todas as compras e Yumiko deixando claro que não era incômodo nenhum.
Ijichi olhava para a jovem carregando sete sacolas com tanta facilidade, como se não pesasse nada, enquanto ele mal conseguia tirá-las do carrinho do supermercado e colocá-las no porta-malas. Agora, comparando com as duas sacolas que levava — cheias apenas de produtos de higiene e que mal pesavam meio quilo juntas —, Ijichi não sabia se ficava agradecido pela ajuda ou se se sentia fraco por não conseguir carregar mais. Restou apenas seguir caminho e terminar a entrega.
Quando chegaram na casa de Gojo, Yumiko agradeceu por ele ter desviado um tempo do seu descanso para fazer as compras para ela. Eles se despediram com Yumiko pagando tanto pelas compras quanto pelo "serviço de entrega" de Ijichi, mesmo com ele insistindo que não era incômodo nenhum e que já estava acostumado a fazer esses desvios de rotina.
Finalmente com as compras em mãos, Yumiko separou o que ia usar e procurou um local para guardar o resto. Encontrou uma despensa e, como imaginava, ela estava praticamente vazia.
“Céus, que diabos é isso?” Yumiko franziu a testa ao ver a situação da despensa.
Por mais rico que Gojo fosse, a despensa tinha um tamanho comum, suficiente para armazenar suprimentos para uma família média — nada de extravagante como se esperaria dele. Talvez por não usar a cozinha e preferir comprar comida fora, ele não se incomodasse em inspecionar ou fazer a manutenção do local. Era a única explicação plausível para o estado deplorável da despensa.
Yumiko não pôde evitar um arrepio ao ver as prateleiras cobertas por teias de aranha, tão espessas que pareciam um véu branco. Alguns suprimentos estavam ali há tanto tempo que ela duvidava que estivessem na validade, com exceção dos enlatados.
Arriscando-se, estendeu a mão para pegar uma das latas. Para sua surpresa, ainda estava na validade. Mas mesmo assim, seria difícil querer comer qualquer coisa que estivesse ali dentro: a lata estava enferrujada, arranhada e amassada.
“Eu prefiro não mexer nisso por agora.” Ela estendeu a mão para colocar o enlatado de volta. “Depois eu limpo. Me recuso a morar num lugar com um espaço nesse estado. Argh, vai ser horrível... já tô vendo. Vou mandar o Yuji limpar.”
Infelizmente, no momento em que recolocava a lata, sentiu algo fino se mover entre seus dedos, junto com uma sensação molhada. Instantaneamente, ela parou de se mexer. Seu coração disparou. Pensou que, se fizesse qualquer movimento brusco, poderia provocar seja lá o que estivesse ali. Então, lentamente, soltou a lata e se afastou da despensa, trancando-a rapidamente.
Olhando para sua mão esquerda, que ainda parecia sentir a presença daquilo, percebeu um líquido marrom-escuro, quase preto. Não teve coragem de cheirá-lo para descobrir o que era. Apenas se dirigiu até a pia, lavando a mão com lágrimas nos olhos.
Depois de quase meia hora e meio frasco de detergente, finalmente sentiu que não iria morrer ou desmaiar a qualquer momento. Tentando esquecer o ocorrido, mas ainda arrepiada, Yumiko se preparou para fazer o jantar.
Com o celular tocando sua playlist, o avental posto e a faca na mão, ela começou a separar os alimentos. O que não coubesse na geladeira, guardaria em algum armário. Lavou os vegetais, os cogumelos e a carne, pensando que karê seria um bom prato para o jantar: simples, rápido, e composto basicamente de carne, batata, cenoura e curry.
Em um breve lapso, olhou para a faca com a qual cortava a carne em cubos perfeitos, e depois para sua mão esquerda. Algumas ideias passaram por sua mente, mas ela balançou a cabeça e voltou a se concentrar no que estava fazendo.
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"Tudo pronto", Yumiko olha satisfeita para o jantar posto na mesa. Ela já tinha lavado e organizado tudo, então só restava chamar os meninos para comerem.
Antes disso, ela vai até o quarto onde está hospedada e pega seu bloco de notas — afinal, ainda tinham muito o que discutir.
Em seguida, desce em direção ao porão com cuidado. Percebe que os dois estão completamente focados no filme, e, pelo que consegue ver, estão em uma parte de tensão.
Um sorriso brincalhão surge em seu rosto. Sem fazer barulho, ela caminha vagarosamente até a parte de trás do sofá e fica aguardando o momento oportuno — que chega quando os personagens na tela se viram para trás, tentando descobrir a origem de um barulho misterioso.
"O que vocês estão assistindo?" Yumiko pergunta com um ar inocente, apoiando-se na parte de trás do sofá, no espaço entre os dois.
O efeito foi instantâneo. Yuji levou um susto, o que o desconcentrou da tarefa. O boneco foi acionado, e um belo soco veio em direção ao rosto de Yuji com força.
Yumiko se perguntou se deveria impedir o golpe, já que ela foi quem desencadeou essa sequência de eventos. Mas, ao refletir, concluiu que o treinamento era justamente para que Yuji aprendesse a controlar melhor a energia amaldiçoada que libera. No fim, foi apenas uma consequência do fato de ele ainda não conseguir se controlar. Então, ela preferiu pedir desculpas depois de atrapalhar seu progresso.
"One-saaaaan!" Yuji levou a mão ao rosto depois de jogar o boneco longe. "Você me assustou!" fez um beicinho, olhando para a irmã.
A irmã, por sua vez, tentava conter o riso enquanto se desculpava pelo susto.
Gojo, esquecido pelos dois irmãos, tentava acalmar os batimentos acelerados. Ele não esperava tomar um susto tão grande — mas o que realmente o deixou agitado foi o fato de quase ter usado suas habilidades instintivamente... e, consequentemente, quase ter matado Yumiko.
Perdido em pensamentos, lembrou-se de que Yumiko não possui energia amaldiçoada, o que a torna invisível para ele nesse sentido. Olhar para ela agora era como olhar para algo que não existia. Isso o fez se lembrar da maldição em forma de gato, que comentou que precisavam imbuir energia amaldiçoada nela para que se misturasse ao ambiente na perspectiva das maldições. Mas, analisando agora, percebeu que para os xamãs — que usam energia amaldiçoada como forma de localização — Yumiko simplesmente havia deixado de existir, tornando-se apenas parte do fundo. Por outro lado, para as maldições, ela provavelmente se tornara um farol, como receptáculo.
Felizmente, ela estava dentro das barreiras da escola, então não havia com o que se preocupar por enquanto. Mas ele teria que pensar em algo para quando ela saísse — provavelmente algo parecido com o que faziam com Maki.
Aos poucos, ele se reconecta ao mundo ao redor.
"Foi mal, foi mal", diz Yumiko, indo em direção ao boneco caído. Ela o pega e entrega de volta para Yuji, sinalizando para ele se mover um pouco para o lado para que ela possa se sentar. "Você estava tão concentrado que eu não pude resistir."
Sentando-se em um dos lados do sofá, com Yuji no meio, Yumiko volta sua atenção para a tela.
"Na verdade, vim avisar que o jantar está pronto. Espero que o filme esteja no final, pra gente poder comer e conversar sobre algumas coisas", ela diz, ainda observando o que se passava no filme. O Mistério da Rua 7 não era o melhor filme de terror já feito, mas na perspectiva de Yumiko, a premissa era interessante.
Felizmente, faltavam menos de 10 minutos para o fim do filme. Ela podia esperar até que acabasse.
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Eles estavam subindo quando perceberam como o cheiro do jantar se espalhava, capaz de fazer qualquer um salivar. Isso não foi exceção para Yuji ou Gojo, que passaram a tarde toda assistindo filmes — Gojo parcialmente assistindo, parcialmente perdido em pensamentos. Eles se sentam e se acomodam à mesa.
"Ahhhh, Yumiko-chan~~ não precisava disso, eu poderia apenas pedir algo pela internet", ele brinca, se fingindo de tímido.
Era verdade que ele poderia ter pedido algo. Já tinha, inclusive, imaginado o que iriam comer naquele jantar — só não esperava que ela fosse cozinhar. Não queria parecer ingrato, mas, principalmente, sabia que não tinha comprado ou pedido nenhum suprimento. Então, tinha plena certeza de que os armários estavam praticamente vazios.
Yumiko percebe o olhar que ele lança para os armários.
"Eu pedi para o Kiyotaka-san comprar algumas coisas", ela responde, abrindo a tampa da panela e servindo as porções para cada um, se servindo por último. Ela distribui as porções e recebe um leve "obrigado" dos dois.
"Espera... você acabou de usar 'chan' comigo?" Yumiko franze a sobrancelha, olhando de cima a baixo para Gojo.
"Simm~~ não posso chamar Yumiko-chan de Yumiko-chan?" Gojo responde piscando os olhos, como se quisesse mostrar que suas intenções eram inocentes e não apenas mais um jeito de tentar irritá-la.
Yumiko apenas o encara, impassível. "Fique à vontade para me chamar da forma que preferir", ela dá de ombros e ignora a tentativa de Gojo de provocá-la. No fundo, ela se pergunta por que o uso de "chan" seria motivo suficiente para incomodar alguém — então lembra que já se conformou com o fato de que as pessoas são estranhas e se irritam com qualquer coisa.
"Aproveitando que estamos reunidos, podemos discutir algumas coisas. Quem sabe quando teremos tempo para conversar novamente?" ela fala, enquanto come um pouco do karê e mentalmente se dá tapinhas nas costas: ‘Está muito bom. Às vezes você se supera, Yumiko. Muito bem, muito bem.’
"Continuando... podemos oficialmente dizer que iremos morar juntos por um mês", ela diz, olhando especificamente para Gojo. "Não sei se Gojo-san já conviveu com alguém, mas um ponto importante da convivência é estabelecer uma rotina que atenda às necessidades de todos."
Ela coloca seu bloco de notas na mesa.
"Então vamos aproveitar e organizar nossos horários."
O que ela recebe em resposta é apenas um aceno dos dois, que estavam mais focados em absorver o máximo do karê que conseguiam do que em responder. Derrotada, ela suspira e decide esperar até que todos terminem a refeição para que possam continuar.
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Terminado o jantar, Yumiko colocou Yuji para lavar a louça suja restante, enquanto Gojo enxugava e guardava. Sentada no balcão da cozinha, ela volta ao assunto:
"Voltando ao que eu estava falando antes" ela olha para os dois, que em algum momento começaram uma guerra de água "precisamos fazer um cronograma base para evitar qualquer vexame. Então quero organizar isso o mais rápido possível para poder dormir."
Ela só queria terminar aquilo e ficar morgando na cama.
"Vamos começar pelas manhãs. Geralmente, eu acordo antes do nascer do sol, que por aqui seria por volta das 5h30. Yuji costuma acordar por volta das 7h, já que morávamos perto da escola. Imagino que agora seja mais para as 7h30, por estar nos dormitórios, mas teremos que mudar isso já que você está em treinamento."
Yuji assente, sem se importar em acordar cedo, motivado a ficar mais forte.
"Meus horários são confusos até pra mim mesmo, já vou avisando", Gojo comenta, após ser encarado pelos dois.
"Sem problemas. O importante é conseguir estipular quando você vai estar aqui e quando não vai", ela continua, esperando que ele fale. "Sei que você é muito ocupado por ser o feiticeiro mais forte, mas imagino que, por enquanto, esteja com tempo livre. Qualquer coisa, é só avisar."
"Tudo bem, tudo bem, Yumiko-chan ganhou", ele revira os olhos, e ela apenas balança a cabeça como se fosse óbvio. Ele bufa levemente. "Geralmente, eu acordo pouco depois do sol nascer, por volta das 5h40 ou 5h50."
Ele observa enquanto ela anota e organiza uma tabela improvisada com os hábitos de cada um.
Seguiu-se então uma discussão sobre como eles fariam para se organizar.
"Pronto, boa parte está resolvida. Como acordo mais cedo, fico responsável pelo café da manhã e por acordar vocês. Refeições só serão feitas quando todos estiverem presentes — claro, para quem estiver aqui. O almoço e o jantar vão ser feitos por quem estiver livre, e quem cozinha não lava a louça. À tarde, teremos o treinamento do Yuji. Nos fins de semana, faxina geral e verificação dos suprimentos. Todos de acordo?"
Com a confirmação dos dois, Yumiko continua:
"Bom, novidades ou imprevistos que alterem esse cronograma serão discutidos nos momentos das refeições."
"E por falar nisso, acabei de lembrar: talvez eu seja contratada como professora aqui na Escola Jujutsu. Tenho uma reunião amanhã com o Masamichi-san para falar sobre isso."
Ela se diverte com a expressão de choque dos dois.
"Como?" Gojo pergunta, franzindo a testa. Mesmo que não demonstre tanto, pensa: ‘ Yaga realmente está ficando velho... no que diabos ele está pensando? ’ Ele não consegue imaginar uma razão para o sensei fazer isso.
"Legal... mas como isso aconteceu?" Yuji pergunta, curioso sobre como sua irmã acabou nessa situação.
"Para minha defesa, eu não fiz nada, ok? Apenas fui visitar o Megumi e a Nobara pra ver como eles estavam. E olhem só: para minha surpresa, eles estavam treinando com seus senpais para o intercâmbio. E bem... vocês sabem como eu gosto de ser enxerida. Uma coisa levou à outra" ela sorri como se fosse a coisa mais normal do mundo sair de manhã e voltar com um possível emprego.
"One-san reclama de mim, mas é pior quando se trata de se meter nessas situações."
"Até onde eu sei, estou aqui por sua causa."
E assim começou uma pequena guerra de alfinetadas entre os dois.
"Tudo bem, tudo bem, é hora de se acalmar, crianças~~" Gojo chama, batendo palmas. Ele parece apenas se divertir com a briguinha dos dois. "Você pretende aceitar essa proposta? Devo dizer que não esperava por isso. Mas... você tem mesmo competência para ensinar?"
"Sem dúvidas sou mais competente que você. Já que foram os próprios alunos que pediram por mim, ao contrário de um certo alguém que eles nem querem ver a cara" a resposta veio rápida, como se estivesse na ponta da língua.
Era divertido como os dois pareciam ter assinado um tratado silencioso de dar foras um no outro. Infelizmente para Gojo, os japoneses não estavam no topo do ranking quando se tratava de alfinetadas, ao contrário de Yumiko, que já conviveu com muitas culturas.
"Agora, Yumiko-chan, você acabou de partir meu coração" Gojo dramatiza, colocando uma mão no peito e fingindo cair.
"Tenho certeza de que seu coração é forte, Gojo-san. Mas também não me lembro de ter dito seu nome" ela ri dele por ter armado e caído na própria armadilha. Gojo ofega teatralmente.
"Mudando de assunto antes que fiquemos presos nisso por mais tempo... vocês dois" ela aponta para Yuji e Gojo "vão limpar a despensa amanhã, enquanto eu estiver na reunião."
"Por que a gente teria que limpar?" Yuji pergunta. Não que fosse desobedecer a irmã, ele pode não ter medo de desafiar a morte, mas sua irmã? A história é bem diferente.
"Porque eu não vou. Eu abri aquela caixa de Pandora e não gostei do que vi lá dentro. Só volto lá se tiver cinco tanques, três caminhões de bombeiros, uma clínica de saúde física e mental, cinco padres exorcistas e o Papa. Menos que isso, me recuso a abrir aquela porta novamente. Muito obrigada."
Ela se arrepia visivelmente, dando até um pequeno salto, o que deixa Gojo e Yuji preocupados com o que ela viu.
"E se vocês abrirem e não conseguirem lidar com o que tem lá, eu vou me mudar do Japão — e ninguém mais vai me encontrar."
Eles ficam em um silêncio pesado. Yumiko se recusa a olhar para aquele local amaldiçoado. Gojo se pergunta o que esteve ali todo esse tempo, que traumatizou Yumiko. Yuji fica genuinamente preocupado — sua irmã dificilmente se assusta com alguma coisa. Até agora, a única coisa que sabia que ela tem aversão era baratas.
Ele se pergunta o que, afinal, seu professor deixou ali dentro.
"Se já terminamos tudo por aqui, então vou me retirar. Amanhã acordo vocês no horário combinado. Tenham uma boa noite~"
Yumiko se despede dos dois, mesmo sabendo que divide o quarto com Yuji.
"Boa noite, one-san."
"Noite." vêm as respostas, logo após ela se virar e seguir em direção ao quarto.
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De manhã cedo, como previsto, Yumiko acorda no seu horário habitual e se prepara para começar o dia.
Yuji ainda dormia como uma pedra — provavelmente havia ficado até tarde no treinamento. Ela faz cafuné na cabeça dele enquanto se levanta. Ele se mexe e resmunga um pouco, mas nada que comprove se realmente acordou.
Yumiko segue sua rotina habitual: levantar-se, espreguiçar, fazer alongamentos, verificar se está tudo no lugar, trocar de roupa e sair para sua corrida diária. Infelizmente, como não está em um local com ruas ou pistas próprias para corrida/caminhada, ela adaptou suas atividades: metade do tempo com uma leve corrida pelo terreno e o restante com exercícios de flexão, postura e flexibilidade.
Enquanto fazia suas posturas para ajudar na flexibilidade, ela escuta passos se aproximando.
"Bom dia", ela cumprimenta Gojo.
"Dia", ele responde de volta. "O que tá fazendo?"
"Exercícios diários. Agora estou na parte da flexibilidade."
Ela poderia ter implicado e respondido com algo como "Você não tá vendo que tô fazendo bolo?" , mas ainda era cedo demais para começar com isso.
"Quer se juntar?"
Gojo apenas dá de ombros e se junta a Yumiko. Ainda falta muito tempo para Yuji acordar e, se vão fazer as refeições juntos, ele precisa arranjar o que fazer nesse meio tempo.
E se ele estiver ignorando as mensagens que não param de chegar no celular?
Bem, isso é problema só dele.
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"Eu não esperava esse nível de flexibilidade de Gojo-san. Devo admitir que estou impressionada" Yumiko fala, oferecendo um pouco de água que havia deixado de lado na sala. "Você tem totalmente meu respeito."
"Ara~~, assim você vai me fazer corar" ele esconde o rosto com as mãos, olhando entre as frestas dos dedos. Percebe que Yumiko está lhe oferecendo um copo de água, que ele alegremente aceita.
"Não se preocupe com isso. Assumirei qualquer responsabilidade por lhe fazer corar" Yumiko diz com um olhar sério para Gojo.
Uma troca de olhares se segue.
"....."
"....."
Finalmente, os dois caem na gargalhada.
"Hahaha, eu não posso acreditar que você soltou uma frase de efeito desse tipo!" Gojo, que ainda estava no chão, se curva ainda mais de tanto rir. Yumiko não estava muito atrás. "Não se preocupe, assumirei total responsabilidade!" ele repete, olhando para ela e estendendo a mão.
"Pfft, hahahaha" Yumiko tenta segurar o riso, mas não consegue.
"Devo dizer que pensei que você não gostava de mim" ela volta a falar, depois que a risada cessa. "Eu sentia como se você tivesse algum problema em falar comigo, mesmo com nossas implicâncias."
Satoru a encara. Ele não tinha percebido que agia dessa forma.
"Não sabia que tinha causado essa impressão."
Ter alguém para provocá-lo e aceitar suas provocações... até mesmo seu melhor amigo, Suguru, no final do ano escolar deles, não parecia mais querer estar por perto. Enquanto isso, o restante do mundo mal demonstrava interesse em sua companhia. Tudo isso era... estranho.
Yuji foi uma lufada de ar fresco, alguém que o fez perceber o quanto se sentia sozinho. Mas a adição de Yumiko foi uma surpresa — uma que ele não esperava e não sabia como lidar. Era um sentimento inexplicável que o impedia de agir normalmente. Algo dentro dele gritava... mas ele não conseguia entender o que.
"Não se preocupe muito com isso. Às vezes, eu sou muito barulhenta e incomodo as pessoas sem querer. Fique à vontade para conversar comigo, caso algo o incomode. Ficarei feliz em ajudar" ela se ajusta para ficar sentada de frente para ele.
"Talvez seja bom começarmos de novo. Prazer em conhecê-lo, eu sou Itadori Yumiko, irmã mais velha de Itadori Yuji. Amo cozinhar e treinar. Destruiria o universo se isso fizesse meu irmão feliz. Não tenho um tipo específico de que gosto, mas talvez esteja mais inclinada a mulheres de quadris largos e bundas grandes, e homens com ombros largos e voz grossa. Às vezes sou um pouco hiperativa e não tenho medo de falar o que penso — o que pode fazer com que as pessoas não gostem muito de mim. Pretendo fazer parte do mundo jujutsu se isso significar que meu irmão terá mais chances de viver sua vida. Eu e meu irmão estaremos aos seus cuidados daqui em diante" ela se curva para Gojo.
Foi muita informação para assimilar, mas agora era possível ver de onde Yuji tinha herdado boa parte de sua personalidade. Antes, Gojo pensava que eles fossem diferentes — Yuji, o irmão mais novo bobo, e Yumiko, a irmã mais velha protetora e séria. O que ele via agora era algo diferente. Percebia, enfim, a grande influência que ela teve na criação de seu aluno. Faz sentido... e, no fundo, ele só conseguia sentir um pouco de inveja da relação entre os dois.
"Prazer em conhecê-la, Itadori Yumiko. Sou o grande Gojo Satoru — portador dos Seis Olhos e da Técnica Ilimitada, considerado o feiticeiro mais forte que existe, professor de crianças adoráveis da Escola Jujutsu. Sou a pessoa mais perfeita que você poderá conhecer, dono de uma beleza e força inigualáveis, possuidor do maior ego e do pior senso de humor possível, o que afasta todos à minha volta. Estarei aos seus cuidados de agora em diante" ele não se curva, mantendo toda sua dignidade.
"Bem, está na hora de preparar o café da manhã" Yumiko se levanta, sorrindo, achando divertida toda a situação. "O que o grande Gojo Satoru-sama vai querer que esta pobre e humilde serviçal prepare?"
"Panquecas. As mais doces que você puder fazer" ele a segue, rindo, em direção à cozinha.
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Café da manhã preparado, Yumiko vai acordar Yuji para que comessem juntos.
Assim que tudo está pronto, eles se reúnem.
"Hoje, a pedido de Gojo-san, fiz panquecas de Nutella com acompanhamentos de frutas, bolo de cenoura com chocolate — que não pode faltar para mim — e sanduíche para o Yuji. Bon appétit !"
Eles conversam e aproveitam o momento para finalmente se livrar da estranheza que ainda existia entre eles.
Por fim, Yuji e Gojo novamente ficam encarregados de lavar a louça.
Yumiko, por outro lado, vai se preparar para sua — talvez — entrevista de emprego.
Organiza seus documentos e currículo, veste um terno formal bege e sapatilhas combinando. Quando olha o relógio, já são quase 8h, então decide que aquele é um bom momento para sair.
"Estou indo. Me desejem sorte!" Yumiko se despede deles e sai andando tranquilamente em direção à escola.
"Boa sorte, one-san!"
"Estamos torcendo por você!" são as respostas que ela ouve.
Quando já estava longe o suficiente para que ainda conseguissem escutá-la com clareza, ela se vira e grita:
"Não se esqueçam de dar um jeito na despensa!" e sai correndo, sem dar espaço para que eles digam mais nada.
Os dois que ficaram só puderam olhar na direção da despensa e se perguntar:
" O que diabos tem lá dentro? "
Cenas cortadas:
Depois que se despediram de Yumiko, Gojo guiou Yuji novamente para o porão, onde continuariam o treinamento.
O filme que Gojo colocou agora era de ação. Ele aproveitou o momento para mandar uma mensagem para Yaga, perguntando o que ele tinha na cabeça ao cogitar colocar Yumiko no meio da bagunça que é o mundo jujutsu.
Recebeu uma resposta dizendo que Yaga já havia considerado isso e que, caso ela continue como professora, ele pensará em formas de mantê-la segura. Garantiu também que não levaria a ideia adiante se houvesse riscos reais à vida dela — então Gojo não precisava se preocupar.
Mesmo assim, ele mandou mais algumas mensagens apenas para importunar seu sensei, antes de largar o celular de lado e focar em aproveitar o filme.
Com o desenrolar da história e as maquinações dos personagens sendo expostas, Gojo levanta uma hipótese:
"Tem alguma chance da sua irmã ter nos feito organizar nossos horários só pra saber quando vamos estar livres... pra fazer coisas por ela enquanto estiver fora?"
Gojo olha para Yuji.
"Não tenha dúvidas."
Yuji devolve o olhar, opaco, como se já tivesse presenciado aquilo inúmeras vezes.
"Ela é muito boa em esconder suas verdadeiras intenções. Não importa o quanto você tente... sempre vai acabar fazendo o que ela previu. Eu apenas desisti de lutar e aceitei meu destino."
"Assustador."
"Muito."
"......"
"......."
"E se eu—"
"Não adianta. Apenas aceite. Não se pode ganhar todas, Gojo-sensei." Yuji volta o olhar para o filme.
"......"
"....."
"Assustador."
"Eu sei."
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Notes:
Esse capitulo não foi bem o que eu estava imaginando mais tudo bem, foi divertido de escrever ele, um capitulo de humor leve e tals.
Esse capitulo era para ter terminado de outra forma mas acabou seguindo e a forma que ia acabar vai ser a forma que vai começar no próximo, tô aproveitando que ainda é 17/09/2023 e vou maratonar novamente o mangá por que eu meio que esqueci como é as personalidades dos personagens, então talvez esse capitulo tenha ficado meio estranho (e esse também é o motivo do porquê tirando Yumiko os outros tem falas pequenas).
Quando eu estava escrevendo, sei se foi coisa da minha cabeça ou o que, mas a sensação que eu tive era que o Gojo não sabia a forma de tratar Yumiko, tipo se não me engano ele nem chamava ela pelo nome no inicio, ou talvez até esse capitulo, ai eu fiquei tipo mano????
Mas como sabemos minha personagem é forte e segura de si, ela foi lá e colocou as cartas na mesa e usou a técnica mais fácil para resolver qualquer problema que é a conversa.
Então podemos dizer que ela e Gojo ainda vão dar a mão e aprontar muito e trazer caos de suas próprias maneiras respectivamente.
Então é só isso por hoje, até o próximo domingo ou quando postar um capítulo surpresa na semana (づ ̄ ³ ̄)づ.
Data de Publicação: 24/09/2023
Revisão: 19/04/2025
Chapter 10: Contratada
Notes:
Minhas férias foram uma mentira (ಠ益ಠ), me enganaram e me fizeram trabalhar mais que devia, affs ( ˘︹˘ ).
Olhando pela data do ultimo capítulo podemos ver que se passaram 3 meses né? (✿◠‿◠).
Sem mentiras, estava com preguiça de escrever só por que sim fazer o que ¯\_(ツ)_/¯?
Espero que gostem (ノ*゜▽゜*) ヾ.
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
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Exatamente às 07h55, houve uma batida na porta do escritório de Yaga.
Com sua confirmação, Yumiko adentrou a sala, cumprimentou-o e sentou-se à sua frente. Ela se ajeitou na cadeira e retirou seu currículo, colocando-o sobre a mesa.
"O que é isso?" Yaga perguntou, pegando aquela pilha de folhas — que mais parecia um livreto.
"Meu currículo. Se estou sendo avaliada para um cargo de professora, então que seja pelas minhas competências."
Ela o encarou, esperando que ele começasse a leitura.
Yaga olhou para ela e depois para o currículo.
"Como queira..." e começou a folhear e analisar o conteúdo.
O currículo era organizado em seis categorias:
- Informações pessoais — constava uma foto atual, suas qualidades e defeitos, o fato de ser poliglota com domínio total de qualquer língua que existe ou já tenha existido, informações básicas de saúde como vacinas, seu histórico escolar com datas de início e conclusão, e a habilitação para dirigir qualquer meio de transporte.
- Licenciaturas, bacharelados e mestrados — segundo o currículo, ela possuía todas as formações possíveis, inclusive algumas que Yaga sequer sabia que existiam.
- Doutorados e PHDs — focados principalmente nas áreas de matemática, física, química e tecnologia.Ele descobriu que boa parte das formações das categorias três e quatro foi concluída durante os quatro anos em que ela esteve fora do país. Ele gostaria muito de saber como isso foi possível.
- Cursos técnicos, projetos e prêmios — variavam desde a descoberta de uma nova estrutura química com potencial para tratar doenças consideradas incuráveis até um projeto de cápsula espacial autossuficiente, capaz de viajar por longos períodos com o mínimo de material e tecnologia de ponta.
- Experiências profissionais — constavam palestras, eventos importantes dos quais participou e empregos exercidos.
Ao todo, Yaga levou cerca de meia hora apenas para ler e analisar tudo.
‘Eu pensei que a Yumiko seria a pessoa mais normal a entrar nesse mundo... Esse currículo é tão absurdo que nem sei o que dizer’ ele pensou, encarando aquelas páginas como se fossem uma alucinação.
"Eu sei que é bem... elaborado. Mas posso garantir que tudo é verdadeiro. Tenho todos os diplomas e certificados, caso deseje confirmar — estão na última categoria, marcada como 'Certificados'."
Yumiko já estava acostumada com reações assim. Sempre achava engraçado quando alguém pedia para ver seu currículo.
"Se não for muito, também gostaria de me candidatar a uma vaga como feiticeira jujutsu, se possível. Tenho interesse em explorar essa área. Como pode ver pelos meus trabalhos, sou bastante curiosa."
Ela cruzou as mãos no colo, aguardando a resposta.
Yaga considerou a proposta. O interesse dela em se tornar uma feiticeira o fez pensar em como tal arranjo poderia ser possível, já que ela não possuía energia amaldiçoada. Mas então se lembrou de Zen’in Maki, uma aluna que também não possuía energia, mas era capaz de exorcizar maldições com armas amaldiçoadas. Ele teria que investigar isso depois. Por ora, começaria com as perguntas.
A entrevista demorou menos que a análise do currículo. Entre as perguntas, houve:
"Aqui está escrito que você se formou em 2004. Nesse ano, você teria cerca de 8 ou 9 anos. Como se formou tão cedo?"
"Esse ano foi mais ou menos a época em que meus pais morreram. Então resolvi terminar logo os estudos e me concentrar em ajudar meu avô com o Yuji. Claro, isso o deixou bravo, então comecei a fazer graduações… e isso acabou escalando para mestrados e doutorados."
Ela deu de ombros, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
As perguntas continuaram, até que Yaga, já exasperado, questionou:
"Você foi para a lua?"
Ele já não conseguia se surpreender mais. Estava apenas aceitando qualquer absurdo que fosse jogado em cima dele.
"Sim. Afinal, era um projeto que me custou uma semana de sono. Como poderia não aproveitar e andar um pouco por lá?"
Ela falou normalmente, como se projetar um foguete autossuficiente e usá-lo para ir à lua em uma semana não fosse ilógico por si só.
O diretor apenas suspirou e seguiu com as perguntas.
Finalmente, Yaga fez a pergunta final:
"Por que gostaria de ser uma feiticeira? O que te motiva?"
Essa pergunta fez com que Yumiko parasse por um instante. Foi a primeira vez que ela demonstrou hesitação.
Em sua mente, ela pesava as consequências de dizer a verdade. Seu verdadeiro objetivo era entrar na estrutura do mundo jujutsu para obter poder e influência o suficiente para proteger seu irmão.
Ela era muito grata por Gojo ter assumido essa responsabilidade — mesmo que, indiretamente, a culpa fosse dele pela situação de Yuji. Mas Yumiko não queria colocar todo o peso da proteção sobre ele. Afinal, Satoru também tinha outras pessoas para proteger.
O impasse era simples: Yuji estava vivo, mas o diretor não sabia disso. Muitos poderiam pensar que Gojo escondia isso apenas por birra com os superiores, mas Yumiko sabia que era para não colocar um alvo nas costas de Yaga — alguém tão próximo deles e vulnerável a retaliações por colaborar com a “farsa”.
Ela hesitou.
Mas, pensando melhor, decidiu dizer a verdade. Mesmo que planejasse mentir o real motivo de ter vindo morar na casa de Gojo.
"Essa pergunta nos colocou em uma situação bem complicada... Se eu falar a verdade, isso pode te afetar mais do que eu gostaria, Masamichi-san. Ainda assim, gostaria de ouvi-la?"
Ele a encarou com desconfiança, mas assentiu. E então ela continuou:
"A verdade é que meu irmão não morreu totalmente. Um pouco antes da autópsia, ele voltou à vida e agora está em período de treinamento. Aqui mesmo na escola, na casa de Gojo-san, onde estamos hospedados durante esse tempo, esse é o motivo de eu ter vindo morar aqui."
Ela explicou que ficariam por um mês e que Gojo planejava fazer uma aparição surpresa de Yuji durante o intercâmbio entre as escolas.
Yaga ficou furioso com a brincadeira de mau gosto de Gojo ao esconder Yuji dos superiores.
Yumiko rapidamente o acalmou, explicando seu ponto de vista e que concordava com as ações de Gojo. Disse que, se Yaga reagisse de forma contrária, só provaria que Gojo estava certo em não envolvê-lo — e isso faria com que ela perdesse um pouco da confiança nele. Além disso, ela não queria causar problemas para o diretor.
"Eu não acredito que você me fez concordar com as ações do Gojo-san..."
Essa frase foi o ultimato antes de ele se sentar novamente e tentar se acalmar.
Demorou um tempo, mas ele finalmente relaxou — não sem antes prometer que disciplinaria Satoru quando Yuji voltasse.
Yumiko riu ao imaginar essa cena.
E assim, eles seguiram com a conversa para ajustar os próximos passos.
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"Hoje mesmo te envio o cronograma das aulas." Yumiko estava feliz. Conseguiu ser contratada como professora, mesmo que a questão de se tornar feiticeira ainda estivesse em andamento.
"Tudo bem, não precisa ter pressa... Chá?" Yaga ofereceu.
Já tinha virado meio que uma rotina: todas as vezes que Yumiko o visitava, eles tomavam chá e conversavam. Mesmo com a enorme diferença de idade, ambos se davam muito bem, tinham gostos parecidos e adoravam discutir qualquer assunto que viesse à mente.
Eram por volta das dez quando o primeiro estrondo ecoou, seguido por mais três.
Rapidamente, Yaga se endireitou na cadeira, alarmado, achando que estavam sob ataque.
"Não se preocupe, são apenas Yuji e Gojo-san." Yumiko falou sem sequer piscar diante do barulho.
"Eles estão treinando?" Yaga voltou a se sentar.
"Não... só... limpando um lugar... eu espero."
Ela pegou o celular para mandar uma mensagem, confirmando o que estavam fazendo e pedindo que reparassem qualquer estrago — ou, pelo menos, limpassem para que ela pudesse consertar depois.
"Sobre eu ser uma feiticeira..." Yumiko não havia esquecido essa questão, por mais que Yaga quisesse contorná-la.
"Ah..." Yaga respirou fundo.
"Isso pode demorar um pouco. Infelizmente, para esse tipo de questão, terei que falar com os superiores, e pode levar algum tempo. Talvez, se tivermos sorte, teremos uma resposta na semana que vem."
Ele já podia imaginar como seria essa reunião.
"Sem problemas, posso esperar um pouco." Yumiko olhou as horas.
"Por enquanto, me despeço. Já está ficando tarde, e ainda quero verificar a Shoko."
Ela se levantou e se despediu de Yaga.
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Ultimamente, Shoko andava bastante ocupada com inúmeros documentos de autópsia que não levavam a lugar nenhum. Infelizmente para ela, não era comum existirem feiticeiros com habilidades em sua área, então toda a responsabilidade recaía sobre ela — e isso era desgastante a ponto de afetar sua saúde física. Essa era a grande hipocrisia que vivia: a saúde é importante, mas ela sacrificava a sua pelas dos outros.
"Arggh…" Shoko ergue a cabeça. Parecia que havia tirado um cochilo involuntário — ou talvez tivesse desmaiado. Isso não importava agora. Ao seu lado, uma pilha de papéis que precisava verificar parecia uma maldição. Às vezes, ela se pegava olhando para ver se não estavam vivos e crescendo sem que percebesse.
Toc, toc.
Batidas na porta a afastaram de seus pensamentos.
"Espero que não seja mais documentação..." ela se esforça para levantar da cadeira. Com esse movimento, percebe como sua pele está colada à roupa.
"Talvez seja hora de uma pausa. Talvez um banho", pensa. Olha para as carteiras de cigarro vazias. Mesmo depois de ter parado de fumar em anos, às vezes em um dia bastante estressante, ela voltava a esses velhos hábitos.
"E com certeza repor algumas coisas."
"Bom dia, flor do dia!" Yumiko a cumprimenta alegremente ao entrar.
"Dia." Shoko responde com voz cansada. Ela se pergunta como alguém consegue funcionar tão bem tão cedo.
"Você tá com uma cara péssima — e com certeza precisando de uma pausa." Yumiko observa a sala, que está uma bagunça a ponto de se perguntar como Shoko consegue encontrar algo ali.
"Se quiser, ainda tenho um pouco de tempo. Posso arrumar aqui enquanto você faz uma pausa. Aproveite e vá tomar um banho. Eu trouxe algo pra você comer."
Sem protestar, Yumiko praticamente expulsa Shoko da sala, que sai sem nenhuma resistência.
Agora sozinha, Yumiko percebe que a sala estava pior do que imaginava: pacotes de comida instantânea jogados num canto, bitucas e carteiras de cigarro espalhadas por todo lado, além da sujeira acumulada.
"Bem, é melhor começar."
Ela coloca suas coisas na cadeira — que parecia ser o único objeto limpo naquele lugar — e vai atrás de materiais e produtos de limpeza.
Por sorte, a sala não era muito grande. Com o tempo e quanto mais limpava, Yumiko percebeu que, na verdade, aquele era o dormitório de Shoko. Só notou isso quando encontrou uma cama e roupas espalhadas por perto. Agora tudo fazia sentido — afinal, a enfermaria e o necrotério estavam sempre limpos, enquanto ali parecia abandonado.
Com suas habilidades, levou pouco mais de 30 minutos para deixar o local limpo e cheiroso.
Como as roupas estavam no meio da bagunça, Yumiko as colocou em um cesto que encontrou e planejou levá-las para a lavanderia da escola antes de ir embora. Também achou alguns documentos jogados no chão, em diversos estados — rasgados, sujos, manchados.
Nesse meio tempo, Shoko voltou, já banhada e com alguns cigarros a reboque — o que rendeu alguns minutos de sermão de Yumiko sobre como fumar demais faz mal. No fim, ela apenas suspirou, largou o assunto e se sentou na cama — agora arrumada, com lençóis limpos e trocados (impressionantemente, estavam guardados e em ótimo estado).
Enquanto comia dois sanduíches preparados por Yumiko, Shoko encontrou alguns dos papéis perdidos.
"Oh, eu estava procurando por esses papéis."
Ela os pegou, engordurados, e começou a analisá-los como se estivessem em perfeito estado.
Yumiko, ao ver a cena, franziu a testa e fez uma careta de desgosto.
"Por favor, evite deixar seu quarto assim novamente no futuro. Meu TOC agradece."
Yumiko então começou a se arrumar para ir embora. Já havia verificado como Shoko estava, e até notou que ela parecia um pouco melhor desde que se conheceram. Não estava tão pálida, e suas olheiras haviam diminuído. Claro que não foi fácil conquistar isso, mas Yumiko estava particularmente orgulhosa.
"Já estou indo... E, por falar nisso, antes que me esqueça..."
Ela parou à frente da porta aberta e lançou um sorriso brincalhão.
"Vai ser ótimo trabalhar com você."
Sem dizer mais nada, se despediu e foi embora.
Com o lanche pela metade, Shoko ficou olhando para a porta. Felizmente, ela não era tão curiosa a ponto de se incomodar com as estranhezas daquilo.
Ela se lembrava de momentos como esse na juventude, quando estava com Satoru e Suguru, e eles fingiam ter segredos só para provocá-la. Sempre dava errado — ela nunca se importava —, mas a cara de decepção deles era espetacular.
Ao relembrar desses momentos, Shoko riu sozinha.
Era bom ser cuidada, mesmo que isso a fizesse lembrar de momentos que não voltariam mais.
Há quanto tempo ela se afogava no trabalho para não pensar no passado?
Há quanto tempo se isolava com a desculpa de estar ocupada?
Há quanto tempo...?
Um suspiro alto escapou de seus pulmões.
Talvez estivesse ficando velha, já que andava se lamentando tanto pelo passado.
Ignorando tudo isso, terminou de comer — feliz e grata por ter comido algo bom — e voltou à sua mesa, preparando-se para retomar o trabalho.
Não era porque sabia que estava errada que deixaria de se afogar no trabalho.
Afinal, todos os seus colegas haviam encontrado maneiras de esconder o luto: mudando de personalidade, se afogando em pilhas e pilhas de papéis ou até mudando de emprego.
No final, ela se sentia responsável. Afinal, era a única que permanecia nas dependências da escola, sem precisar se preocupar com a própria vida. Mas isso também vinha com o fardo de ver todos ao seu redor morrerem — enquanto ela permanecia, cada vez mais solitária.
No fim das contas, sentia que devia se sacrificar junto com os outros, por alguma razão.
E isso significava esconder suas dores da melhor forma possível — mantendo-se firme, ajudando a carregar os fardos dos outros, sem que eles soubessem.
Ela nunca foi uma mulher religiosa, dado que seu trabalho facilmente se comparava ao inferno. E isso a fazia não se importar com mais nada.
Mas, ainda assim, orava. Para qualquer ser que estivesse olhando por sua mísera vida:
Que a chegada dos Itadori fosse capaz de mudar — nem que fosse só um pouco — o mundo jujutsu.
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Em outro plano, um ser onipotente observa Shoko fazendo suas orações — e não consegue deixar de se divertir com o ato. Ele brilha em puro deleite, achando cômico o pedido dela. Olha para o aparente nada e espera que ela esteja preparada para o que está por vir... mesmo que não seja exatamente da forma como pediu.
Ele acha toda a situação hilária — e mal pode esperar para presenciar tudo ao vivo.
Do outro lado, a chegada de outro ser cósmico interrompe seu devaneio. Ele se aproxima e o acaricia levemente, lembrando-o de que eles têm trabalho a cumprir.
Chateado com seu amante por ter atrapalhado seu pequeno momento, o primeiro ser volta a atenção aos multiversos, retomando a monitoração... até perceber uma pequena inconsistência.
"Merda!"
A exclamação ecoa pelo vazio do espaço onde estava.
Diversas outras entidades onipotentes voltam sua atenção para o tumulto. Ao ver quem era o causador, já sabiam o que havia acontecido — e se divertiam com a situação.
Várias vozes surgem com comentários e algumas risadas se espalham.
"Você nunca cansa de ser repreendido por ser tão descuidado com o seu trabalho?", provoca uma delas.
"E tu nunca se cansa de se meter no trabalho dos outros?", retruca o ser, entregando-se a uma briga infantil.
A atmosfera, então, se suaviza, e cada entidade volta a se concentrar em seus afazeres.
O ser volta-se para o seu amante, que permanece ao seu lado em silêncio, apenas esperando.
"Posso contar com sua ajuda?", pergunta, jogando todo o seu charme. Não que fosse necessário — seu amante sempre faria tudo que pedisse.
"Sempre." A resposta ecoa em uma voz fria e firme. Ele era um ser de poucas palavras, mas isso nunca incomodou seu parceiro.
"Agradeço por isso. Agora preciso verificar se tudo vai sair como deveria... Affs, mais trabalho."
Ele marca o universo responsável pela sua dor de cabeça, facilitando encontrá-lo depois. "Por sorte, não vou precisar reescrever tudo... só manipular alguns eventos para que saiam como o planejado."
"De nada." A entidade da Sorte, a causadora da confusão anterior, se manifesta à distância.
"E desde quando você consegue influenciar esse tipo de coisa?", o Destino perguntou, surpreso.
"Bem... se você fizesse seu trabalho direito, talvez já tivesse sido promovido", provoca a Sorte, debochando. "Mas é engraçado como o Destino às vezes não controla o destino dos mundos. Sério, de todos, você é quem tem o trabalho mais importante, e mesmo assim..."
Seu monólogo é interrompido pelo Tempo, o amante do Destino, cuja presença firme e ameaçadora basta para calá-lo.
"Buhhuu, chato", resmunga a Sorte, voltando à sua discussão com o Azar sobre como dividir as proporções de sorte e azar nos novos universos criados.
"Você sabe que não precisa se preocupar com o que os outros dizem, né? Eles só estão se divertindo", diz o Destino ao Tempo.
O Tempo apenas confirma com um olhar silencioso.
Destino aprecia o carinho sutil que recebe, e, no fundo, agradece à própria sorte por ter encontrado aquele que sempre permanece ao seu lado.
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Abrindo a porta, Yumiko esperava que o lugar estivesse em caos — o que estava longe de acontecer. Olhando em volta, ela não encontra a presença de Yuji nem de Satoru, então resolve verificar o que deveria consertar.
Ela olha para a agora destruída despensa e percebe que ela parece um pouco maior do que antes. Yumiko pega uma folha da sua pasta e começa a esboçar como ficariam as novas prateleiras.
"Eu gostei de como ficou", uma vozinha surge no seu ombro. Sem se incomodar, Yumiko permanece parada, ainda desenhando.
"Gostaria de dar alguma sugestão, Titi?", Yumiko pergunta.
"Tente abrir um buraco escondido na parte de cima. Verifiquei e a despensa é o único local que o portador dos Seis Olhos não inspecionou por um longo tempo", Titi aponta com sua pequena pata o local onde gostaria de ficar.
Titi era uma fuinha branca. Ao contrário do que alguns pensavam, ela não era um shikigami com energia amaldiçoada para atacar. Era apenas um espírito guardião que fizera um pacto com um humano há eras e agora desfrutava de uma vida relaxada e tranquila.
Yumiko conhecia aquele que firmou o contrato com Titi, e por isso nem se preocupou quando ela apareceu. Isso só mostrava que nada havia mudado — e que seu amigo ainda se preocupava com ela.
A verdade era que Yumiko não se importava com o estado da despensa, mas Titi, por vaidade, se recusava a se sujeitar àquela situação caótica. Já bastava não poder dormir numa cama porque precisava se esconder dos Seis Olhos. Não que isso fosse difícil — como não possuía energia amaldiçoada, ela se escondia apenas para evitar confusões futuras.
"Então é bom fazer uma portinha escondida. Por mais que Gojo não entre na despensa com frequência, ainda existe a possibilidade. Além disso, Yuji também é provável de entrar para buscar algo", Yumiko pensa em voz alta. "É verdade, você ainda não conheceu meu irmão... Ainda não está na hora, então se contenha, ok?", ela diz, sabendo o quanto Titi estava animada para conhecê-lo.
"Chata", Titi faz beicinho da melhor forma que consegue para demonstrar sua indignação. Mas ela sabia ser paciente. Tudo em seu devido tempo. Já havia vivido milênios, o que era esperar mais um pouco?
"É melhor se esconder agora, eles estão voltando." Yumiko empurra Titi de volta ao buraco que existia na parede dentro da despensa.
Pouco tempo depois, ouve-se o barulho da porta sendo aberta. Gojo e Yuji entram na casa conversando, até se depararem com a cena de Yumiko sentada no chão, desenhando algo.
"O que está fazendo, irmã?", Yuji se aproxima e olha o desenho.
"Estou esboçando como acho que as prateleiras deverão ficar", ela olha para o desenho finalizado e acena, satisfeita com o próprio trabalho. "E como foi limpar?", pergunta com um rosto inocente.
Instantaneamente, um arrepio sobe pela espinha dos dois ao se lembrarem do que encontraram mais cedo.
"Foi horrível! Como pode existir aquilo?", Yuji solta as sacolas no balcão e estremece.
"Nem me fale, eu ainda encostei naquilo..." Yumiko também estremece. "Imaginar que tal coisa vivia bem debaixo do seu nariz", ela lança essa fala para Gojo, que estava dramatizando o quão horrível tinha sido — sem perceber que nem ela nem Yuji estavam prestando atenção.
"Isso não é minha culpa!", Gojo se defende com o ar mais ofendido que consegue.
Vendo isso, Yumiko ri, comparando os dois e achando graça. Então compartilha sua observação:
"Vocês dois levaram o ditado ‘tal pai, tal filho’ a outro nível." Ela ri silenciosamente enquanto fala.
"Cada um com um tipo de rei: Yuji com o rei das maldições e Gojo com o rei dos ratos. Ambos nojentos. Eu me pergunto se, continuando assim, que tipo de rei eu terei?" Talvez o humor de Yumiko estivesse um pouco ferrado por rir disso, mas coincidências sempre a faziam rir.
"O que é isso que vocês trouxeram?", pergunta, agora notando as sacolas.
"Trouxemos o almoço. Na verdade, Gojo-sensei comprou para nós", Yuji se mostra agitado, muito feliz por algum motivo.
"Isso mesmo! Como um bom anfitrião, é meu dever deixá-los o mais confortável possível!" Gojo estufa o peito como uma criança que acha que fez algo incrível e espera ser elogiada por isso.
Infelizmente para ele, Yumiko estava ocupada e não queria perder muito tempo brincando com ele.
"Muito obrigado, OH grande Gojo-sama, por se importar e fazer o mínimo pelos seus hóspedes", diz ela, ainda assim aproveitando a oportunidade para cutucar a onça com vara curta.
Assim, eles almoçam com Yumiko e Gojo se alfinetando por tudo e por nada. Às vezes são repreendidos por Yuji, às vezes fazem beicinho um para o outro quando não conseguem provar seu ponto. As discussões causadas por Yumiko estavam longe de ter a intenção de ofender.
Pelo contrário, o objetivo era se aproximar dele por meio de ações familiares. Raramente ela o via interagindo com Shoko, mas não precisava ser um gênio para entender os tipos de métodos eficazes para se aproximar de alguém como Gojo.
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Depois de almoçarem, Yumiko os levou para fazer compras, repondo algumas coisas que faltavam e transformando o passeio em uma verdadeira feira, comprando de tudo um pouco. Por sorte, tudo o que eles precisavam estava concentrado em uma área próxima.
Com o patrocínio de Gojo, Yumiko não se fez de puritana. Se tem alguém disposto a esbanjar dinheiro para que os outros gastem, é como diz o ditado: "Todo dia sai um otário e um esperto. Se eles se encontram, sai negócio." E quem era ela para não aproveitar a chance que a vida estava jogando no colo?
Em um dos corredores, agora entre prateleiras de tábuas e ferramentas, ela começou a explicar para Yuji os diferentes tipos de madeira. Falava sobre as macias, ótimas para entalhes delicados; das mais rígidas, usadas para dar estrutura e sustentação; e das que resistiam à ação de fungos e cupins, ideais para construções duradouras.
Yuji a acompanhava de perto, curioso, os olhos atentos às palavras dela, como se não quisesse perder nada. Perguntava com genuína vontade de entender, não porque queria aprender tudo aquilo, mas porque queria guardar aquele momento — queria lembrar da voz dela, das expressões que fazia enquanto falava, da forma como seus olhos brilhavam quando explicava algo que conhecia.
Yumiko, por sua vez, respondia com simplicidade, mas cada palavra carregava mais do que a superfície deixava transparecer. "Você já tem idade pra saber dessas coisas", dizia com um sorriso leve, "e eu não vou estar aqui pra sempre pra te guiar."
Na hora, Yuji apenas assentiu, achando que era só mais uma daquelas frases que adultos dizem. Mas por dentro, uma pontada de desconforto lhe tocou o peito. Algo naquela frase — na forma como ela desviou o olhar logo depois, como apertou levemente o punho enquanto falava — parecia estranhamente no final.
Ele a olhou por mais tempo do que deveria, reparando em coisas que até então ignorava: as olheiras escondidas sob a maquiagem, os gestos contidos, os sorrisos que mal alcançavam totalmente os olhos. E por um instante, algo dentro dele sussurrou que talvez ela estivesse tentando ensinar mais do que apenas sobre madeira.
A verdade é que ela estava deixando memórias.
Yuji então fez questão de prestar ainda mais atenção, de gravar cada detalhe. Riu quando ela implicou com o jeito desorganizado das lojas, quando reclamou que o lugar cheirava a óleo velho, quando apontou para uma caixa de ferramentas explicando como funcionava os objetos dentro.
Ele não sabia que aquela tarde comum carregava tanta intenção, tanta despedida disfarçada.
E o triste disso tudo é que ele só percebeu a verdade por trás das ações dela quando já era tarde demais. Quando essas memórias viraram lembranças. Quando sua voz passou a existir apenas na mente dele, e não mais ao seu lado.
Mas naquele instante, mesmo sem saber ao certo, ele segurou a sacola com mais firmeza, andou ao lado dela com mais presença, e desejou — com toda a força que tinha — que o tempo parasse ali, só um pouco, só mais um instante.
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Notes:
Esse capítulo descobrimos as capacidades de Yumiko, para aqueles não sabem como funciona a faculdade, basicamente pagamos por matéria, se entrarmos em outro curso que possui uma matéria que já pagamos podemos simplesmente dispensar ela, oque adianta bastante a conclusão do curso. Consequentemente, quanto mais curso fizemos, menos matérias precisamos pagar quando formos fazer outro, seguindo essa logica não é difícil imaginar que uma pessoa com as capacidades dela possa ter todos esses títulos com uma idade tão jovem.
Não quero que ninguém se sinta mal por um personagem ser melhor em algo que você não seja bom, digo isso porque as vezes me pego comparando tal coisa comigo por algum motivo ¯\_(ツ)_/¯. O que posso dizer é que ela não é um super gênio, tem uma explicação que será mostrada mais para frente então até lá vocês ficaram curiosos.
Eu gosto bastante da Shoko, mas sinto que ela é pouco desenvolvida no mangá, as vezes esqueço que eles tem um curandeiro, e assim como a amizade de Geto e Gojo foi algo que nos marcou, também foi algo que a marcou , e assim como Yuji perdeu todos o que estavam a sua volta, ela também foi deixada para lamber suas feridas enquanto aqueles que ela conhecem aos poucos morria. Desenvolver tal personagem é um desafio, mas como não tentar? Ela assim como os outros merece um tempo a mais de tela.
Temos mais uma adição, as criaturas que existem nesse mundo. Meu pensamento é que se existe maldições que são as criaturas do lado da energia amaldiçoada então deveria existir criaturas do lado da energia positiva. Isso geralmente é retratado em algumas obra que trabalhas com esses lados, então acho um pouco estranho por não ter, claro que não é obrigatório, eu só sinto um pouco de falta disso.
Isso da despensa foi só um pensamento que tive e achei engraçado, foi especialmente por causa de um vídeo que vi comparando Sukuna e Gojo, no estilo Sukuna é o rei das maldições e Gojo é o rei delas, o que me fez rir muito. Seguindo essa ideia só queria fazer algo do tipo, se um tem o outro tem, então saiu um se Yuji tem um rei das maldições então Gojo deve ter um rei também e acabou por ser o dos ratos. Para aqueles que não saibam o que é aconselho se preparar psicologicamente caso pesquise.
Depois de não conseguir publicar tantos capítulos mesmo depois de ter prometido vou até mudar o bordão final.
É isso até o próximo capítulo e Feliz Natal!! (づ ̄ ³ ̄)づ.
Data de Publicação:24/12/2023
Revisão: 19/04/2025
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