Actions

Work Header

𝖆 𝖗 𝖈 𝖍 𝖆 𝖓 𝖌 𝖊 𝖑

Summary:

Pelas ruas sujas e cinzentas de Night City, vagava uma alma que há muito tempo havia sido despedaçada. Com o vazio perdurando em seu peito e, pouco a pouco, levando embora o que restara de sua humanidade, ela buscava satisfazer seus desejos promíscuos e carnais na tentativa de um dia ser capaz de sentir como era de fato, estar viva.

Do outro lado da cidade, não muito longe e não muito distante da sua mísera realidade, existia alguém que constantemente se martirizava por seus erros e buscava sua redenção desesperadamente, tentando recuperar o que um dia foi perdido.

Ele não tinha como prever o que estava por vir e tampouco se prevenir de ser sugado para a escuridão sufocante dela. Ele tentava ser a luz, mas ela constantemente o arrastava para as trevas, se emaranhando em seu ser até ela se tornar a sua nova droga, o deixando tão viciado a ponto de não reconhecer suas próprias ações diante dela. Suas entranhas estavam sendo dilaceradas pelo efeito dela e enquanto se afundava cada vez mais, se perguntava como ele escaparia desse poço de decisões errôneas e desejos que o condenavam.

Notes:

!! ATENÇÃO !!

!! AVISO IMPORTANTE !!

!! ALERTA DE GATILHOS !!

NÃO INICIE A LEITURA ANTES DE LER ESSA NOTA!

Olá, NaruHiners! Tudo bem com vocês? Espero que estejam radiantes! Estou aqui com mais um projeto NaruHina, mas esse é diferente do primeiro em muitos níveis, por isso decidi deixar esse aviso importante para vocês lerem com atenção antes de iniciar a leitura.

Essa obra se passará no universo alternativo (AU) e eu tenho a intenção de fazer dela uma short fic, mas já sabendo que eu posso falhar, adianto que ela pode virar uma fic com mais de 10 capítulos se for necessário. Entretanto, o tema dela é EXTREMAMENTE delicado, sensível e com VÁRIOS GATILHOS. Por isso, peço que leiam essa nota com muita ATENÇÃO.

A história abordará temas tais como:

- Uso abusivo de substancias ilícitas.
- Consumo excessivo de álcool.
- Automutilação.
- Depressão.
- Suicídio.
- Violência sexual.
- (Sexo explicito com descrições gráficas, inclusive dos personagens principais com OUTROS PERSONAGENS.) Não é um gatilho, mas fica o aviso que conterá cenas do tipo e com um vocabulário de baixo calão.

Resumindo, não será uma leitura fácil e cômoda. A atmosfera que vai rondar a fic vai ser pesada e carregada, por isso eu deixo o aviso aqui. Se você tem gatilhos com alguns dos temas citados acima, NÃO LEIA ESTA OBRA. NÃO INICIE ESTA LEITURA. ELA NÃO É PARA VOCÊ!

O aviso vai estar aqui bem claro porque eu não quero ver NINGUÉM indo chorar nos comentários o quanto essa fic ativou gatilhos na pessoa, o quanto a história a deixou mal ou o quanto ela odiou o que leu.

Eu sou super ciente de que o tema NÃO É PARA TODOS e por isso eu IMPLORO que se você tem gatilhos relacionados aos tema citados, volto a repetir: NÃO LEIA ESTA OBRA!
Apesar dos temas carregados, a história vai ter seu início, meio e fim dignos de NaruHina. Eu me dediquei muito pra esse projeto, me custou muitas dores de cabeça e pesquisas aprofundadas, também custou meu emocional e estado mental, porque escrever certas cenas não foi fácil, mas eu queria tentar entregar algo delicado, dark e intenso pra vocês.
Essa é apenas a minha segunda obra de NaruHina, mas pretendo iniciar outras em breve.

Dito isso, para aqueles que conseguem ter uma leitura sem maiores problemas, espero que aproveitem a história e se envolvam com os personagens da mesma forma que eu me envolvi ao escrevê-los. Apesar da dor e da sofrência, eu espero não decepcionar vocês com o final que planejei para ela.

E um adendo. Se atentem às datas no início de cada capítulo, elas ajudam a entender a ordem dos acontecimentos. As datas iniciadas no canto esquerdo serão as datas dos dias atuais da história, o presente. E as datas iniciadas no canto direito serão de acontecimentos passados.

Referências.

Essa obra será situada em um universo alternativo, e o universo que escolhi para ela será o de Cyberpunk 2077, onde os personagens viverão na cidade de Night City. Se algum de vocês já jogou o jogo, viu alguma gameplay ou assistiu a série da Netflix, vai entender porque eu decidi usar esse cenário como background pra fic. Eu gosto muito da ambientação de Night City e por isso, tentarei compartilhar com vocês algumas imagens onde acontecerão algumas cenas, para que a imaginação de vocês flutue juntamente da minha.

Finalmente, para os poucos leitores que restaram: Boa leitura!

Chapter 1: Prólogo.

Chapter Text

Acomodado em minha existência, eu não costumo divagar sobre a minha função ou sobre o meu propósito na vida de outros seres vivos. Sou tão antigo que nem me lembro do meu nascimento, mas o meu propósito sempre foi o mesmo. Irrefutável, imutável, irreversível e inevitável. O meu papel, embora seja crucial e indispensável para a ordem natural das coisas, é bastante simples, sem muitas nuances ou explicações, mas isso do meu ponto de vista. Ao mesmo tempo também pode ser extremamente complexo, pois também pode ser interpretado, sentido e compreendido ou às vezes incompreendido de inúmeras maneiras diferentes. Vai do ponto de vista de cada indivíduo.

Desde que me entendo, a minha existência ou a minha condição irreversível de estado, tem sido o que moveu a humanidade, até onde o conhecimento de vocês o leva, a única raça pensante, a me evitar, a me almejar, a me temer, a me desejar e a me adorar. Como eu havia dito, sou interpretado de incontáveis maneiras. E isso geralmente depende de como você viveu a sua vida. O modo como você percorreu a sua trajetória nesse mundo, a forma como você aproveitou cada oxigênio inalado e cada volta do ponteiro no relógio, vai definir como nosso encontro será.

Não posso colocar na balança quem mais me almejou e quem mais me temeu, quem estava pronto e quem não estava, são comparações inúteis, porque no final, eu estive com todos eles e todos eles estiveram comigo. Seja em algum momento de suas vidas ou no encerramento delas. E parando hoje, somente hoje, para divagar sobre um ser indivíduo em especial com o qual eu tive contato, eu decidi refletir um pouco sobre ela. Sobre o nosso prévio, porém arrebatador encontro.

Ela não tinha nada de especial. Não era a garota favorita de ninguém, a filha predileta, a melhor irmã do mundo ou a melhor amiga de alguém. Não tinha talentos naturais ou uma super inteligência. Não teve muito êxito na vida e na verdade, nunca conquistou nada. Ela era comum, provavelmente tão comum quanto você.

A única coisa que talvez possa os diferenciar é a alma quebrada que a habitava e o constante anseio de se juntar a mim.

Sinceramente, eu ainda não sei explicar exatamente porque ela me intrigou. Dificilmente sou pego de surpresa em minha jornada, afinal, eu já vi absolutamente de tudo. Eu só sei que queria refletir sobre o que eu vi. O que eu exatamente vi naqueles olhos, que embora estivessem perdendo o brilho de uma vida curta, pareciam buscar algo além da minha compreensão, mas que curiosamente, eu era o único que poderia cooperar.

Eu me lembro do dia que a encontrei, e do momento que ela me encontrou.

O clima estava incrivelmente agradável naquele dia, quase perfeito, pois em muito tempo naquela cidade tórrida, o sol brilhava radiante no céu e os seus raios solares atravessavam a janela do apartamento onde ela estava, atingindo exatamente o local onde a encontrei.

Quando cheguei, passei por debaixo da pequena fresta da porta, e por ela já estar no chão, eu a enxerguei no mesmo instante. Os cabelos negros estavam espalhados pela mármore fria que beijava a pele pálida do seu pequeno corpo. Suas mãos pequenas estavam derrubadas ao lado de seu rosto e suas pernas ligeiramente dobradas e igualmente despojadas. Me aproximei devagar, sem pressa. Afinal, não havia necessidade para tal, a hora dela já estava chegando. Eu estava chegando. E estava chegando para finalmente buscá-la.

Eu estive nos pensamentos dela várias vezes. Me lembro de todas elas. Ela sempre me desejou. E em alguns desses momentos ela tentava adiantar o nosso encontro, mas a ideia ao mesmo tempo que lhe era agradável também a assustava. Ela não tinha forças o suficiente para ir até o final sozinha, pelas próprias mãos, por si só. E embora ela se achasse uma covarde para tal ato, ela gostava de pensar que eu estava ao lado dela quando ela ingeria aquelas substâncias em seu organismo para poder aliviar o seu estado mental e emocional ou quando se auto mutilava, mas como eu disse, apesar de me desejar, ela não tinha culhões para se render a mim. Mas não reclamaria se eu enfim chegasse.

Ela sempre gostou de me manter por perto, de poder se render a mim a qualquer momento. Sem remorsos ou arrependimentos. Encurtando uma vida que ela nem sequer viveu. Ela sempre esteve pronta. Pelo menos em sua mente imatura, ela acreditava que estava.

Eu parei ao lado dela para observá-la melhor. Como eu disse antes, a forma como você vive a sua vida vai definir o nosso encontro. O espelho das decisões que ela tomou em sua trajetória estava diante dela agora mesmo. E o espelho refletia a mim, mas com uma imagem distorcida.

Eu não pude evitar de sentir pena. É sempre triste colher uma alma tão jovem. Porém é sempre um alívio recolher uma alma tão sofrida. Eu sinto que estou ajudando de alguma forma, talvez isso me faça me sentir melhor por eles. Afinal, para onde eles vão não existe sofrimento, tampouco felicidade.

Mas existe algo.

O que é, eu também não sei. Não me pergunte. Sou apenas a ponte, eu não a atravesso. Apenas os guio.

A pele dela, que já era pálida o suficiente, estava em um tom diferente do usual, quase tão opacos quanto seus olhos cinzentos. Gotículas de suor faziam sua testa e pescoço brilharem e escorrendo por ele havia o conteúdo borbulhante que expelia de sua garganta.

Seu corpo convulsionava contra o chão frio, com os espasmos diminuindo a cada minuto. Seus olhos fitavam o teto, mas não focavam nele. Estavam esbugalhados e lacrimejantes. Eu sabia o que estava acontecendo, mas mesmo assim fiz uma pequena varredura ao redor. Do lado direito do corpo dela, a um metro de distância, jazia uma garrafa de whiskey quase vazia. E voltando para seu rosto pequeno e pálido, em seu nariz havia pequenos resíduos da substância que ela consumiu momentos antes, que agora circulando pela sua corrente sanguínea, formava uma combinação letal com o álcool.

Quem observasse o cenário como um todo, com olhos frios e rasos, enxergaria as causas de seu óbito como uma tentativa de me chamar, que mais uma vez ela tentou adiantar o nosso encontro, dessa vez, de propósito e com o devido sucesso. Mas como sou eu que estou analisando a situação, posso refutar a primeira impressão. Ela não pensou em mim. Eu não estive em seus pensamentos. Eu saberia. O que nos leva à seguinte questão. Por que ela fez isso?

A única certeza que eu tinha era que o consumo havia sido excessivo. E que ela nunca havia ingerido uma quantidade tão alta na vida antes.

Seja como for, eu estar ali significava que ela finalmente teria o que almejou a vida inteira, mesmo que talvez cedo demais, mesmo que não proposital.

Eu passei os olhos pelo seu pequeno corpo e ela tremelicou. Ouvi um silvo sôfrego escapar de sua garganta inundada. Estava sufocando com o próprio vômito.

A mistura de compostos e o excesso deles que seu corpo não conseguiu processar estava fazendo um caminho reverso pelo seu esôfago e atingindo sua garganta, mas como ela estava deitada, o conteúdo descia novamente, desta vez pelas suas vias respiratórias, as entupindo e impedindo que o ar passasse e preenchesse seus pulmões. Ela comprometeu o funcionamento fisiológico de seu organismo e nesse momento ela estava hipotérmica, seu coração estava atingindo em torno de 170 batimentos por minuto e subindo, aumentando suas chances de ter um ataque cardíaco a qualquer momento. Ou uma parada respiratória.

Ela não sabia que estava sufocando, se soubesse, simplesmente levantaria e terminaria de eliminar o conteúdo que seu corpo tentava expulsar.

Seu cérebro, também afetado pelo efeito tóxico dos compostos, se encontrava incapaz de distribuir as descargas elétricas de forma apropriada, dessa maneira fazendo os músculos dela se comportarem de forma desordenada. Resultando nas convulsões.

Desorientada e desnorteada, seu inconsciente a abandonou há algum tempo, deixando seu corpo lutar sozinho, tentando evitar o inevitável.

Tardiamente resumindo, ela estava morrendo.

O lapso temporal entre nós era diferente. O que para ela duraria apenas alguns instantes, para mim durava uma eternidade. Me aproximei para poder me ajoelhar ao lado dela. Olhei para meu relógio e faltava alguns minutos para eu poder cumprir o meu papel nesse mundo, mais uma vez. Até então, nada havia despertado o meu estado de interesse. Aquela cena era mais comum do que você imaginaria. E ela estava dentro dos padrões, havia cumprido todos os requisitos para ter um fim como aquele.

Uma alma despedaçada quase nunca tinha um sereno fim.

E justamente chegando perto do seu iminente fim, eu dei inicio ao melhor momento do meu trabalho. Eu passei meu braço por baixo de sua cabeça e a segurando pelo ombro, a puxei para descansar com a cabeça em meu colo. A minha função era aliviar o sofrimento dela, a permitindo não sentir absolutamente nada antes de finalmente sucumbir ao desconhecido.

Mas a temperatura do corpo dela mudou.

Ela me sentiu.

Pouquíssimas almas têm essa sensibilidade capaz de fazer a minha presença ser sentida. Elas geralmente me acompanham de bom grado e até mesmo me agradecem por ter vindo. Diziam que estavam à minha espera.

Eu removi a franja longa de seus olhos e contornei seu rosto jovem. Olhando para ela, decidi apenas esperar. Ela estava sofrendo e aquela não era uma ida bonita, mas acabaria em breve. Fitando a eterna beleza juvenil que ela conquistou no último momento de sua vida, eu decidi esperar até que o oxigênio não conseguisse mais fazer seu caminho para seus pulmões entupidos, seu cérebro perder total oxigenação, seu coração parar de bater e suas convulsões enfim cessarem. E enquanto eu esperava, o impossível aconteceu.

Os olhos dela se moveram por apenas um segundo, mas foi o suficiente para virem de encontro aos meus e foi nesse momento que eu me recordei de uma outra pobre alma que recolhi, há 7 anos atrás. Cujos os olhos eram incrivelmente semelhantes.

A partir do momento que seus olhos encontraram os meus, tive a sensação de que eles acabaram de atingir a compreensão da resposta para a pergunta que a perseguiu a vida inteira. Uma lágrima solitária escorreu pelo seu olho esquerdo e mesmo com o sopro da vida deixando seu corpo, naquele momento, ela parecia ter entendido tudo. Dizem que quando estamos diante da morte, nossa vida inteira passa diante dos nossos olhos. Não sei dizer o que se passou diante dos olhos dela. Só sei dizer que naquele momento, eu era a coisa mais preciosa do restante da vida dela.

Por um momento pensei que fosse loucura, que ela não estava de fato me vendo, mas eu me precipitei. Sim, ela estava me vendo. E sim, eu já vi aqueles olhos antes. Foi então que percebi que aquele não era o nosso primeiro encontro, mas sim o segundo. Eu estava a encontrando pela primeira vez, mas ela estava me encontrando pela segunda.

Quando retornei para a minha clara falta de entendimento, em meus braços descansava uma criança de 10 anos de idade, com cabelos negros e franja, e olhos semelhantes a duas pérolas. E diferente daquele corpo magro e gélido, esta não estava morrendo. Ela estava renascendo.

O nosso encontro, como foi dito, foi breve e arrebatador. No fundo do seu inconsciente perdido, ela me reconheceu e me abraçou. Ela me quis. Ela me desejou. Ela me agradeceu. Ela me amou. Ela, tão pequena e indefesa, se encolheu em meu colo e me abraçou com uma força esmagadora. Uma força que só quem tem uma vontade insaciável de viver possuía.

Eu fiquei confuso por um momento e acabei me perdendo no calor dos braços dela. Crianças eram puras, crianças eram milagrosas. Crianças eram esperança.

O calor, no entanto, não durou muito. Minha mente se apagou e eu esqueci porque eu estava ali. A imensidão do vazio dos olhos dela me acometeram de forma tão violenta que eu me perdi no meu próprio propósito. Perdi a noção do tempo que me era precioso e de tudo que me cercava. Fazendo da minha existência naquele pequeno metro quadrado, no mínimo questionável.

Eu não entendia o que aconteceu, mas sabia que não havia sido eu.

Foi ela.

Quando pisquei, eu estava sozinho. Meus braços estavam vazios e o frio me envolvendo novamente. Fitei o chão onde ela esteve e tentei buscar em minha mente o que eu havia perdido. Durante aquele pequeno momento de reflexão, só do que me lembrei foi de ter visto um vulto rente a porta por onde eu me rastejei. Eu tive um motivo para isso.

A observando de meu lugar, lembrei que ela estava fechada quando cheguei, porém aberta quando parti.

Foi então que me dei conta de que o que era pra ter sido fim, acabou se tornando o início.

E eu posso ser os dois, dependendo do ponto de vista.

 

 

† ⎯⎯⎯⎯⎯⎯ 𝖆 𝖗 𝖈 𝖍 𝖆 𝖓 𝖌 𝖊 𝖑 ⎯⎯⎯⎯⎯⎯ † 

Chapter 2: I.

Chapter Text

16 de Julho de 2017.

Vista Del Rey, Heywood. NC

 

Circulando pela sua rede sanguínea e adentrando os seus demais órgãos, o efeito do composto consumido instantes atrás já tomava conta do seu sistema, nublando sua mente e agitando seu corpo, que em decorrência aos atuais movimentos, fazia seu coração bombear freneticamente em seu peito. Sua mente estava tão leve quanto uma pluma, enquanto seu corpo estava fervendo como um vulcão. As sensações eram diferentes, mas a mistura delas era o que a agradava. Ela ficava mais propensa a fazer o inimaginável dessa forma. Era o que ela geralmente buscava.

A euforia somada a excitação e desejo ardente a consumiam naquele exato momento. Suas mãos suadas puxavam o cabelo de seu parceiro enquanto seu quadril se movia no colo dele, seus movimentos necessitados fazendo com que o corpo de ambos conectados, compartilhassem a mesma experiência.

Seus dentes arranham a pele de seu ombro antes de mordê-lo. Suas unhas deslizam agressivamente pela sua nuca quando ele impulsiona o quadril para cima, se afundando mais dentro dela. Os gemidos dela são contidos contra o ombro e pescoço dele. Sua expressão chorosa demonstra o quanto ela se esforça para não deixar seu desejo escapar pela garganta. Porém, mesmo com tanto esforço, uma pequena lamúria escapa de seus lábios quando o membro dele estimula seu clitóris por dentro de sua cavidade úmida. Ela sente sua mão firme agarrar os cabelos de sua nuca e puxá-los com violência, a fazendo encará-lo nos olhos.

“Eu não mandei você ficar quieta?!” Os fios sendo quase arrancados de sua raiz lhe causam prazer intenso. Sua cavidade umedece ainda mais com a agressividade do ato dele, portanto ela não se arrepende de não ter sido uma boa garota. Ela ignora o alerta dele, instigando seu quadril a se mover com mais veracidade em seu colo, querendo sentir mais dele.

“Mais forte, mais… hum!” Ela geme de dor e prazer quando ele atende o seu pedido ao mesmo tempo que puxa seu cabelo com mais força. Ela parecia completamente imersa, mas ele estava atento, preocupado, em alerta ao mesmo tempo que tentava se concentrar em se liberar nela. A desordem com que ela rebola em seu colo o faz apagar por uns instantes. Ele fecha os olhos para saborear a deliciosa sensação que era estar envolto por ela. Se deixa levar pelo calor acolhedor do interior dela que abriga seu pênis duro e enrijecido, abrindo espaço pelas suas paredes esponjosas e misturando seus fluidos com os dela. Ela estava molhada e ele estava pingando, quase se liberando, quase a preenchendo. Sua glande inchada escorrega pela entrada apertada dela e ele rosna contra seu pescoço. Ele estava perto, tão perto.

Mas seus sentidos de alerta retornam quando uma batida chega até a porta do quarto onde eles estavam. Ainda parecendo estar alheia ao perigo que os cercava, ela deixa mais um gemido escapar, mas esse saiu incompleto, pois a mão grande dele voa para tampar sua boca e a impedir de emitir qualquer som audível o suficiente. Ela abre os olhos com a ação repentina e tem seu corpo jogado na cama.

O olhar de ambos se dirige até a porta que recebe mais uma batida.

“Hinata! Hinata, você está aí?”

Em contraste com o olhar de apreensão do homem entre as pernas dela, nos dela havia um brilho malicioso em expectativa de ver a reação da pessoa atrás da porta se ela entrasse e visse a cena atual. A possibilidade de ser pega parece incendiar seu corpo já em chamas e por conta disso ela empurra seu quadril para que ele não diminua os movimentos dos dele. Isso o atrai para ela novamente.

“Se estiver, pelo menos responda. Você não vai gostar se eu invadir seu quarto de novo!”

Obviamente, ela não estava em condições de responder. Ela agarra a nuca do homem acima dela e o instiga a continuar. Ambos estavam quase finalizando, atingidos seu ápice, não havia como pararem agora. Os olhos dele escureceram quando interpretam a malícia nos dela e seu quadril imediatamente começa a empurrar contra o dela com mais força, mais rapidez.

A maçaneta da porta é agarrada numa tentativa de abrir a porta, mas esta, por sorte, estava trancada.

“Que droga! Estou saindo e hoje terei uma reunião depois do trabalho, então chegarei por volta das 20h.” Ela faz uma pausa. “E você sabe onde o Naruto foi?”

A voz da mãe dela preenche seus ouvidos e ela sente um ímpeto de rir. Ela estimula seu quadril para coordenar seus movimentos com os dele e um novo rosnado escapa da boca dele rente ao seu rosto. As pernas dela envolvem sua cintura, cruzando os tornozelos em suas costas. Ele deixa seus movimentos em ondas para que o som de seus corpos se fundindo não chegue até os ouvidos da mãe dela na porta. O interior quente dela parece lhe arrancar a sanidade e ele se vê mergulhando seu membro duro dentro dela com veemência, sentindo sua glande pulsar e pronta para expelir seu líquido quente e pegajoso em seu canal vaginal a qualquer momento.

“O carro dele ainda está aqui, mas eu não o encontro em nenhum lugar…”

Os olhos dela voltam para a porta e ela pode visualizar a forma da mãe do lado de fora, com a cabeça inclinada contra a madeira, para ver se consegue descobrir se a filha está acordada ou dormindo, ou até mesmo divagando se o seu mais novo padrasto ainda estava por aqui.

Ela é distraída pela investida bruta contra sua entrada e fita os olhos acima dela. A sensação de vitória, luxúria, êxtase e desejo a invadem enquanto admira aquelas íris azuis e ela sabe que vai ser tão arrebatador que seu corpo irá convulsionar. Ele desliza seu membro para dentro de sua boceta encharcada e investe com força. Ele sente as unhas dela machucarem sua nuca e seu corpo arquear contra o dele. 

“Enfim, se você o ver quando levantar, peça-o para ficar para o jantar, está bem?” Ela olha seu relógio de pulso.

Ela não escuta mais a voz de sua mãe, ela foi levada para outra dimensão graças ao orgasmo que a atingia naquele instante. Sua entrada judiada e invadida aquece contra o membro deslizante dele. A sensação também o envolve e meio segundo depois, seu membro está ejaculando dentro daquela cavidade úmida e quente que ele tanto adorava foder.

Ele esconde o rosto contra o pescoço dela para poder abafar seus próprios gemidos de prazer enquanto ainda se libera.

“Tem congelados na geladeira, então você mesmo pode cuidar disso.” Ela se demora um pouco para se virar e finalmente sair. “E levante dessa cama logo. Não quero ver a Hanabi fazendo as suas tarefas novamente!”

Eles escutam os passos dela ficarem distantes à medida que ela caminha até a porta de entrada, levando com eles o pavor de serem não só interrompidos como também descobertos.

Hinata sente o aperto dele se desfazer em seu cabelo e sua mão escorregar de sua boca. Ele a agarra pelo pescoço para poder virar seu rosto. Ela ri de seu olhar embriagado com prazer e apreensão.

“Eu tinha dito que tranquei a porta.” Ela o lembra com um sorriso travesso. Ele suspira ao sair de dentro e de cima dela, se deitando ao seu lado.

“Que merda! Essa passou muito perto…” Ele cobre os olhos com o braço.

“Ela não ia pegar a gente.”

“Mas ela podia ter nos ouvido.” Seu olhar a acusa novamente enquanto ele se senta na cama. “Tudo isso porque você não sabe ficar de boca fechada.”

Ele se inclina para pegar suas peças de roupa espalhadas pelo chão e vesti-las.

“Na próxima vez vamos para o seu apartamento. Eu posso ser barulhenta o quanto eu quiser lá, não é mesmo?”

“Você esquece que eu tenho vizinhos?” Ele passa a calça pelas pernas após ter colocado sua boxer.

“A gente pode dar um showzinho pra eles.” Ela se rasteja na cama até ele para poder abraçar suas costas e mordiscar o lóbulo de sua orelha. “Eles bem que precisam de um estímulo.”

“Você tem dado showzinhos o suficiente ultimamente.” Ele afasta a orelha dela. “Você tem aparecido muito por lá, as pessoas comentam e essa cidade é muito pequena.” Ele veste sua camisa e se levanta.

Ela se joga na cama novamente. “E daí que elas comentam? Elas se deliciam com isso. Não corremos risco algum. As atrocidades que eles cometem nem se compara a nossa.”

Ele ajeita o zíper da calça. “Isso é muito depravado.”

“Bem-vindo a Night City!” Ela engatinha até a beirada da cama onde ele estava e abraça seu pescoço. “Vai embora?”

Ela força sua boca contra a dele e lhe rouba um beijo. Ele tem que afastar suas mãos de seu rosto para poder responder. “Sim, tenho trabalho a fazer. Era pra eu já estar em casa adiantando algumas coisas, inclusive. Pretendia sair antes da Hera acordar.”

“Hum, atrapalhei seus planos.”

“É o que você sempre faz.”

“E nunca te vejo reclamar.” Seus dentes mordem seu lábio inferior e ele a empurra gentilmente na cama. “Se vista!”

Enquanto ela colocava uma camiseta grande, vestia sua calcinha e um short, ele procurava a chave do seu carro. Muito provavelmente, durante o ataque de Hinata quando ela o arrastou para seu quarto, a chave deve ter caído no chão, pois não estava a encontrando em seus bolsos.

“Não tô achando as minhas chaves…”

Ao se virar para ele, pela sua visão periférica, ela enxerga a chave derrubada embaixo da cama, há três passos de seus pés. Sua pulsação se eleva ao perceber o que tinha ao lado da chave.

“Será que você não as deixou na jaqueta? Na sala?”

“Vou checar…”

Assim que ele deixa o quarto, ela agarra as chaves e o conteúdo ao lado dela. Ela se certifica de jogar no lixo do banheiro antes de ir até ele.

“Não está aqui-”

“Aqui!” Ela as estende. “Estavam no chão.”

Ele agradece ao terminar de vestir sua jaqueta. Ele aciona o alarme do carro estacionado bem em frente a casa. Ao se virar para se despedir, Hinata pula em seu colo e quase o derruba contra o sofá. Ele agarra sua cintura para segurá-la e retribui o beijo selvagem dela.

“Vai voltar hoje?”

“Eu não sei...”

“Você ouviu a mamãe . Ela te quer no jantar hoje.” O sorriso malicioso surge em seu rosto. Ela sempre fazia isso quando falavam sobre a mãe dela que, aliás, era um fator importante no relacionamento deles.

Naruto achava ser a coisa mais doentia do mundo e mesmo assim, aqui estava ele. Com ela nos braços e pensando se deveria voltar hoje a noite apenas para tê-la como sobremesa após o jantar.

“Eu vou pensar!” Ele joga pra ela sabendo que ela vai fazer manha, exatamente como a garota birrenta que ela é.

“Nãaaaaao! Volta, por favor. Nem que seja pra me buscar e aí vamos pro seu apartamento depois. Eu me escondo no seu carro.”

“Hinata, eu já te disse que não é bom ficar te levando pra lá.”

“Se alguém um dia te questionar, você pode dizer que sou sua filha.”

A expressão dura dele repreende a divertida dela, claramente não compartilhando sua risada por sua piada sem graça.

“Você é doente, sabia disso? Você tem que parar com essa sua perversão…”

“Tá bom, tá bom, me desculpe. Às vezes esqueço que você é velho e careta, sabe?! Eu só fiz uma brincadeira. Meus amigos ririam comigo.”

“É, mas eu não sou a porra dos seus amigos que compartilham a mesma quantidade precária de neurônios que você. Esse humor ácido não é a minha praia e para com essa insinuação. Você sabe que isso me irrita.”

Ele a solta no sofá atrás dele e caminha até a porta. Hinata cai, ainda rindo. “Você vem ou não?” Divertida, ela o encara de volta, já do lado de fora, enquanto entrava no carro, não lhe dando resposta alguma.

Sim, ela sabia que isso o irritava porque quando eles eram vistos na rua juntos, era exatamente essa imagem que passavam, de pai e filha. Afinal, a diferença de idade entre eles era de nada mais, nada menos que quatorze anos. Embora a diferença de idade não incomodasse Hinata, para Naruto era apenas mais um fator nessa relação conflituosa, conturbada e errada em tantos níveis. Ser lembrado de quantos aniversários a sua amante havia comemorado na vida o fazia questionar que tipo de homem ele se tornou ao conhecê-la. Parece que ela era capaz de despertar o pior deles. E como se não bastasse ele estar em uma relação sem precedentes com ela, a carga que ela trouxera consigo estava o sufocando cada dia mais.

A garota petulante, dissimulada, rebelde e sociopata com quem ele estava tendo relações já fazia três meses, era também sua enteada, filha da sua atual namorada, Hera Hyuga. Uma mulher sete anos mais velha que ele e que não tinha ideia de que nas noites em que o padrasto de Hinata dormia em sua casa, ele também visitava o quarto da sua primogênita.

Quando o carro dele arranca e some de sua vista, ela retorna para o quarto para verificar se não existe mais nenhuma evidência de seus atos inconsequentes , segundo a opinião de Naruto.

“Se eu souber que você anda usando essa porcaria de novo, você pode esquecer da gente!”

“Até parece.” Ela desdenha da lembrança de sua bronca. “Não é a porra do meu pai!” Ela pega mais uma ou duas provas e se encarrega de descartá-las. “Não me diz o que fazer.”

Infantil? Sim, ela sabia ser infantil com maestria, afinal, não passava de uma garota no auge dos seus dezessete anos. O que no início foi um empecilho no seu relacionamento com Naruto, que dormiu com ela sem saber que ela era de menor. Sua feição juvenil lhe dava a aparência de uma garota alcançando os seus vinte anos, no máximo. Então foi fácil ele não se atentar a esse detalhe importantíssimo.

“Você não entende. Eu posso ser preso, porra!”

Ela ri ao se lembrar do espanto dele e do quanto ele a evitou quando suas investidas ficaram mais insistentes. Ele a queria, mas não pretendia arriscar-se por ela.

“Vai ser o nosso segredinho, ninguém precisa saber. Eu sei ser uma boa garota.”

Talvez tenha sido o modo como ela sussurrou em seu ouvido, ou a sua mão que fugindo da compreensão dele, já se encontrava dentro de sua calça e lhe persuadindo a cair na maior tentação de sua vida. Mesmo ele a evitando, ela sabia que uma hora ele iria ceder, e quando esse dia chegou, ela soube que venceu.

Ele era o seu maior prêmio em cima de sua mãe. Ela se gabava por ter o mesmo homem que ela em sua cama, sendo a escolha preferida dele, o arrancando dela quase todas as noites. Ela se enchia de presunção e euforia quando Naruto se esgueirava pelos corredores à noite para se enfiar no quarto dela, abandonando sua companheira na cama para poder foder a filha dela, bem embaixo do nariz dela, do teto dela.

Essa foi a maneira que ela decidiu se vingar por todos os anos que teve que conviver com ela, por tudo que ela havia tirado dela. Quando Hinata descobriu que o homem com quem se envolveu em uma noite casual na Afterlife era o namorado de sua mãe e seu novo padrasto, ela viu uma oportunidade de ficar por cima, mesmo que em segredo. Era gratificante olhar para sua mãe e saber que o novo namoradinho dela, a quem ela se gabava para as amigas pela beleza e porte másculo, geralmente tinha o membro dele enfiado dentro dela, quase todos os dias. Alimentava sua perversão saber que pela primeira vez, ela estava na vantagem. Ela estava ganhando.

Pode chamá-la de depravada, de vulgar ou até mesmo de vadia , ela não se importava, na verdade, ela até gostava de ser promíscua. Não precisava fingir ser o que não era e não se importava com a opinião alheia. Na verdade, ela não se importava com nada.

Deixou de ser capaz de ter empatia por qualquer ser humano há muito tempo.

Era desprovida de qualquer emoção humana na maioria das vezes, o que até assustava seus amigos, pois sabiam que não podiam confiar nela. Nunca. Ela os jogaria para os leões na primeira oportunidade em troca de algumas gramas de pó, sem nem pensar duas vezes. Ela tinha suas prioridades e elas giravam apenas em torno dos seus interesses. E seu maior interesse nesse momento, era Naruto.

Depois de conquistá-lo, ela fazia de tudo para conseguir manter a atenção dele para si. Ela sabia que ela era o atual objeto dos desejos dele e que eles até estavam bem envolvidos. Naruto não conseguia recusá-la mais. Estava sempre pronto para se afundar nela na primeira oportunidade, mesmo que isso às vezes os colocasse em perigo. Se Hinata havia o enfeitiçado, ela não sabia, mas se tem uma coisa em que ela era boa, era em aproveitar as oportunidades. Por isso, sempre que ele estava por perto e ela o queria, ela arrumava uma maneira de seduzi-lo até ele lhe dar o que ela queria. E ele cedia na maioria das vezes.

O fato dela permitir que ele fizesse com ela o que bem entendesse também facilitou para que seu joguinho de sedução funcionasse perfeitamente. Ela não corria riscos na mão dele, ele não era um doente pervertido e insensível.

Esse título estava com ela.

Mas ele sabia aproveitar a liberdade que ela lhe dava. Ah e como sabia! Por mais que ele fosse um homem bem mais velho e experiente, Hinata também não ficava muito atrás nesse quesito, não era inexperiente em quase nada.

Sua primeira experiência sexual aconteceu cedo demais, precoce demais, com um homem também mais velho. Ele tinha vinte e cinco e ela tinha acabado de completar quinze. Ela já estava desviando dos caminhos da pureza fazia um ano. Fez o seu primeiro boquete em Kiba, seu atual melhor amigo, no banheiro masculino da escola. Ele lhe ensinou algumas coisas e ela se aprimorou, não somente com ele. Em um belo dia, quando estava saindo do colégio com seus colegas, todos toparam ir em uma festa na casa da garota loira do grupo. Lá ela conheceu Sasori, o rapaz dez anos mais velho. Como ele não havia largado do seu pé a festa inteira, ele fez questão de induzi-la ao álcool para que ela ficasse mais propensa a lhe dar mais atenção. Hinata sabia que essa poderia ser a sua primeira vez, e simplesmente curiosa de como seria, aceitou o convite dele para subir as escadas.

Ela não havia lhe dito que era virgem, não queria que ele desistisse. Ela o estimulou com o que ela sabia fazer de melhor com a boca e logo ele estava dentro dela. Ela não diria que a experiência foi de todo ruim, mas com certeza não foi a melhor. Ela sentiu mais dor do que prazer, mas em alguns momentos, a fricção até que a agradou. Ela se encontrou com ele mais algumas vezes e então acabou pegando o jeito. E foi nesses encontros que ele a apresentou ao mundo dos estimulantes. Algo que ela aprendeu a gostar rápido.

Depois que seu lado sexual foi explorado, ela decidiu explorar seu gosto tanto para homens quanto para mulheres. Descobriu a diferença entre os experientes, os novatos, os que sabiam fazer um bom oral e os que tinham pavor de buceta. E a sua conclusão foi que os homens mais velhos eram infinitamente melhores.

Seu professor novo de Biologia era um tanto jovem e enrustido, então não soube muito bem como agir quando uma de suas alunas se insinuou para ele. Mas como sempre, acabou a levando para seu apartamento.

Hinata havia aprendido cedo como ganhar mais homens em sua coleção. E não havia segredo para tal. Ela era mulher, gostava de sexo e não se importava com sua reputação.

Ela fazia suas próprias regras.

Sua autoconfiança ou o seu alto nível de promiscuidade afastava as garotas do seu círculo social na sua escola, o que a fazia ter mais amizades com os rapazes. Todos tendo tido o seu momento com ela.

“O corpo é meu, a boceta é minha, eu dou pra quem quiser!”

Seus prazeres estavam sempre em primeiro lugar e por conta disso, ela não levava em consideração os sentimentos alheios. Nem mesmo os da única garota que pertencia ao seu grupinho de delinquentes. Ela acreditava ter feito uma boa ação, de verdade. Foi sua primeira atitude genuína, ela fez pensando na amiga. Mas não foi assim que Rika entendeu a situação quando descobriu que seu atual namorado havia transado com Hinata dois dias antes da primeira noite deles. Perdendo sua virgindade com ela, porque segundo ele, estava inseguro quanto a primeira vez deles e queria estar melhor preparado.

A ardência em sua bochecha direita, por incrível que pareça, mesmo vindo de uma situação completamente diferente, a deixou incrivelmente excitada. Uma reação oposta da esperada, inapropriada para o momento. Talvez porque ela soubesse o motivo daquilo. Ela levantou seu rosto lentamente para olhar em direção de quem executou a ação que silenciou o refeitório inteiro, calando todos os burburinhos e atraindo a atenção de todos para elas.

“Você é a vadia mais imunda e escrota que eu já conheci em toda a minha vida.”

‘Oh, aquele frouxo de pau mole contou pra ela.’

Os olhos castanhos claros dela estavam marejados e vermelhos. Sua respiração um tanto ofegante e suas mãos tremiam. Ela estava nervosa, é claro. Mesmo em um surto de raiva como aquele, algo inimaginável partindo dela, ainda sim era preciso ter culhão para enfrentar os olhos frios e opacos de Hinata Hyuga, a vadia demoníaca da escola.

“Como você teve coragem de fazer isso comigo?”

Ela encara a garota perturbada e raivosa à sua frente.

“O quão frouxo o seu namorado tem que ser pra ter te contado isso?”

“Deve ser porque ele não é mesquinho e nojento que nem você. Porque ele se importa com a gente. Por isso ele-

“E por isso ele te contou que transou com a sua amiga porque estava inseguro sobre a primeira vez dele? Cai na real, nem você pode engolir essa.” Ela acaba rindo. “Mas, se foi bom pra você, então eu te fiz um favor, né?” Ela sorri ladina, com a mesma expressão costumeira, de que nada na sua vida era emocionante o suficiente. De que a situação não era grande coisa.

Rika fica estática diante da frieza dela. Esperava ver pelo menos um pouco de vergonha nos olhos dela, um pouco de arrependimento porque vendo que ela havia descoberto, isso manchava ainda mais a amizade delas, mas tudo que encontrou foi indiferença. E encarar aqueles olhos tão vazios e opressores a fizeram se sentir tão mal que teve que recuar, se afastar da aura pesada que rodeava Hinata. Ela não queria ser contaminada, não queria acabar como ela. Pensava que a conhecia, mas não tinha ideia de quem ela poderia ser ou do quê ela era capaz de fazer.

“Puta! É isso que você é. Uma puta que se acha melhor do que todo mundo. Deveria ir se tratar, Hinata. Você é doente! Uma puta, uma vadia dissimulada e sem escrúpulos. UMA PUTA DESGRAÇADA!”

“Não se esqueça de que eu não fiz nada sozinha. Se ele enfiou o pau em mim foi porque ele quis. Eu não o forcei a nada.”

Após a garota extravasar sua última sentença, Hinata a observa se afastar a passos duros, falhando em segurar as lágrimas, ciente de que nunca mais olharia para o namorado com os mesmos olhos, sabendo com quem ele foi capaz de se envolver.

“Sabe, devia me agradecer…” Ela diz alto. “... se não fosse por mim, ele nem saberia em qual buraco enfiar!”

Isso arranca algumas risadas do seu grupo de amigos, dela e de outros rostos que observavam de longe. Ela volta a se sentar na cadeira, descendo da mesa. “Fala sério, que tipo de cara se confessa pra própria namorada?”

“A Hinata corrompeu o pobre Yuta!”

E era assim que ela geralmente lidava com as coisas. Com total indiferença. Ela não precisava de ninguém e ninguém precisava dela. Todos eram livres para se aproximar ou evitá-la. Ela não se importava. Deixou de se importar há muito tempo.

Com o único intuito de aproveitar a vida da forma mais leviana possível, ela não se importava em ser apenas uma massa de modelar na mão de outros, até porque nas mãos dela, eles eram exatamente a mesma coisa, até que ela enjoasse.

Entretanto, após conhecer Naruto, ela foi apresentada a um mundo de jogos sexuais que ela não havia experimentado antes. Com sua permissão, ele fazia dela sua boneca do prazer, tomando posse do corpo dela quando e como ele quisesse.

Hinata gostava de experiências novas, gostava de ser levada ao limite e Naruto a levava além sempre que podia. Ela estava mais do que envolvida nesse jogo de prazer entre eles, ela estava começando a ficar completamente dependente dele. Sua semana não valia a pena se ela não o tivesse por perto. Apesar dele dormir em sua casa, muitas vezes ele preferia ficar em seu apartamento e Hinata era obrigada a esperar pelo fim de semana para pode ir até ele. O relacionamento dele com sua mãe era de certo modo sólido, mas ela sabia que não havia sentimentos, para a sorte dela. Acreditava que assim que ele concluísse sua tese de apresentação e ela fosse aceita, ele terminaria com sua mãe para poder cursar. Ela só esperava que eles pudessem continuar se vendo depois disso.

Após terminar de fazer a varredura por seu quarto, ela toma um banho e se ocupa com seu celular pelo resto da noite. Ela acabou cochilando em algum momento, pois quando acordou, sua mãe havia acabado de chegar.

“Horário incomum para acordar.”

Ela passa pela cozinha para beber um copo de água e envia um olhar de desdém ao ouvir a mãe. “Dormiu a tarde inteira?”

Ela não responde, decide ir para a sala e ligar a televisão.

“Espero que não tenha feito sua irmã de empregada de novo.”

Ela nem se lembra de ter visto Hanabi naquele dia. Ela chegava da escola à tarde, mas Hinata já estava dormindo a essa hora.

“Ela limpa porque ela quer.”

“Ela limpa porque a irmã vagabunda dela não se importaria em viver em um chiqueiro, mas ela sim.”

Ignorada mais uma vez.

“Você viu o Naruto hoje de manhã?”

Ela não consegue evitar de sorrir, estava escondida no sofá de qualquer maneira.

“Não.”

“Estava aqui hoje de manhã, aliás? Bati no seu quarto, mas estava trancado.”

“E ia fazer o que no meu quarto?”

“Falar com você! Te avisei que chegaria tarde.”

“Eu não estava.” Ela mente.

“E por que a porta trancada então?”

“Porque eu odeio que mexam nas minhas coisas enquanto eu estou fora. Meu quarto é sagrado. Você entra, você morre!”

“Boa noite, mãe! O que vamos ter pro jantar?” Hanabi desce as escadas e se senta na mesa. “Posso ajudar em algo?”

“Ta aí o motivo da porta trancada.” Hinata murmura.

Hanabi se defende. “Faz um tempão que eu não entro mais no seu quarto!”

Sua mãe lhe entrega um ralador e um pedaço de mussarela e outro de presunto. “Sabe me dizer se as roupas da máquina foram lavadas hoje?”

Hanabi arregala seus olhos perolados. “Ah… acho que não, eu vou verificar-”

“Não, fique aí. Hinata vai, era função dela.”

Já praguejando mentalmente, ela ainda sim espera a ordem vir. “Você me ouviu, suba e faça sua tarefa.”

Ela joga o controle no sofá e levanta irritada. Hanabi passa os olhos pela irmã enquanto ela se dirige até a lavanderia.

“Hum, comida caseira… Naruto vem jantar hoje?” Ela observa a mãe já com o telefone no ouvido.

“É o que vamos descobrir.”

Quando Hinata finalmente desce para a cozinha novamente, ela adentra juntamente com Naruto, que havia aceitado o convite e voltou para jantar com eles.

Ele lança um rápido olhar para ela antes de se dirigir até sua mãe e depositar um beijo casto nos lábios dela. Ela parece satisfeita por ele ter vindo.

Após o jantar ficar pronto, eles estão todos na mesa se servindo. Hinata se sentou de frente com Naruto, com Hanabi ao seu lado e sua mãe na ponta da mesa.

“Chegou que horas hoje?” Naruto perguntou para sua mãe, como se não tivesse ouvido o recado dela hoje mais cedo.

“Quase agora. Aquelas reuniões malditas de novo, tomaram praticamente o meu dia inteiro.”

“O tópico pelo menos foi válido desta vez?” Assim que Naruto deixou a pergunta no ar, sentiu alguma coisa subindo pela sua canela até as suas coxas, o que o distraiu da resposta que Hera havia dito.

“...aquela mesma ladainha de sempre. Você sabe! Às vezes acho que a gente está andando em círculos e que seria melhor eu procurar um novo lugar para trabalhar em breve.”

“Ah claro. A universidade de Heywood anda desatualizada em comparação às outras mesmo…” Ele envia um olhar de repreensão para Hinata, mas essa apenas levanta sutilmente o canto direito superior da boca. Ela leva o garfo até a boca enquanto sobe com as pontas dos pés pela virilha dele e as esfrega contra o volume da sua calça.

A mão esquerda de Naruto agarra seu pé e o empurra para baixo.

Hera continuava. “...não da pra acreditar nas promessas da Arasaka. Dificilmente eles ajudariam nas verbas. Mas o reitor quer insistir nessa baboseira…”

Ele acena para ela em alguns momentos para indicar que estava prestando atenção, mas o pé de Hinata volta a acariciar o seu membro antes adormecido e Naruto se vê obrigado a se endireitar na cadeira.

“...enfim, vou começar a dar uma pesquisada.”

“Sim, concordo. Seria bom já ir se adiantando. E como foi o seu dia, Hanabi? Já conseguiu descobrir a sua nota em matemática?”

Enquanto tentava manter a postura, sua mão lutava contra o pé insistente de Hinata por baixo da mesa.

“Ah, ainda não, mas estou confiante. Depois da sua ajuda as coisas ficaram mais claras pra mim. Estou ansiosa de qualquer maneira! E meu dia foi comum, tirando o fato de que teve uma pequena briga na escola. Aquela garota que te falei uma vez, lembra mãe? A do cabelo loiro e cacheado, ela se envolveu em uma briga e parece que ela e a outra garota tiveram alguns tufos de cabelo arrancados…”

Um som engraçado sai dos lábios de Hinata e todos na mesa se dirigem a ela. Ela teve que puxar o pé por instinto porque Naruto o acariciou na sola e isso lhe causou cócegas. Ela endireita sua postura e limpa a garganta. “Hum.. você não está falando daquela tal de Hayla, está?”

Hanabi congela sob o olhar da irmã. “Ah… não, não é ela-”

“Aquela que mexeu com você no ano passado? Encrenqueira, barraqueira, cabelo loiro e cacheado e que te fez ficar sem seu lanche por uma semana?”

Hanabi desvia os olhos da irmã para o prato e seu tom sai inseguro. “N-Não, não é ela, é outra garota-

“Ela anda mexendo com você de novo?”

Hanabi fica indecisa entre mentir e dizer a verdade. A garota mencionada era exatamente a qual Hinata se referia, mas ela não estava mais importunando Hanabi na escola. O recado que Hinata havia deixado para ela ficar longe da sua irmã caçula deve ter traumatizado a garota por tempo o suficiente para ela esquecer de sua existência.

No entanto, ela acabou se envolvendo em uma briga com outra garota, nada que envolvesse Hanabi. Mas ela sabia que se Hinata quisesse implicar com a garota de novo, ela seria tão assustadora quanto da primeira vez.

“Não, Hinata. Ela me deixou em paz há muito tempo… já disse que é outra garota!”

“Se ela pegar no seu pé de novo, me avise.”

Hanabi pede ajuda para a mãe com o olhar.

“Ela já sabe se defender sozinha, Hinata. Não precisa da irmã mais encrenqueira ainda para solucionar o problema dela criando outra confusão em cima.”

Hinata e Hanabi não estudavam na mesma escola por estarem em anos letivos diferentes, mas Hinata tinha fama em Heywood e todos sabiam que ela era sua irmã mais velha. Os boatos de que ela era assustadora, insensível e uma pessoa ruim circulava diariamente depois dela ter defendido sua irmã.

“Ah, sabe né? Aprendeu com você como ser uma pamonha! Hanabi não sabe agredir nem uma mosca!”

“E ela precisa ser uma selvagem como você? Essa não foi a educação que eu dei a ela.”

“Claro… porque você é uma excelente mamãe e soube criar suas duas filhas tão bem depois que perdeu o marido… onde você guarda o seu troféu de mãe do ano?”

“Hinata, não começa…” Sua mãe a alerta, mas ela a ignora se dirigindo para a irmã.

“Você sabe muito bem como funciona, se não bater primeiro, vai acabar apanhando. Se arrancar um pouco de sangue impõe mais respeito ainda.”

“Não diga essas coisas pra ela, caramba! Mas que tipo de sociopata você é?” Ela acaba elevando a voz e ganha a atenção de Hinata.

“O tipo que você criou.”

Sua mãe sustenta seu olhar, mas decide não cair nas provocações da filha não a respondendo de volta. Ela evitava de prolongar discussões com ela e engolia os sapos dela na presença de Naruto, apesar dele já estar acostumado com a má educação de Hinata.

Ela já entendeu que seria o alvo de sua ira há muito tempo e que isso perduraria até o dia que ela decidisse ir embora quando atingisse a maioridade. E sinceramente, Hera ansiava para esse dia chegar o mais rápido possível. Não era uma tarefa fácil ser mãe dela, assumia que perdeu a chance de criar sua filha mais velha apropriadamente e agora não havia mais como recuperar o tempo perdido. A pessoa que Hinata se tornou estava além da sua compreensão, além do seu alcance. Se é que um dia sua primogênita já esteve ao seu alcance. A vida inteira ela sempre teve olhos apenas para o pai, que já não estava mais entre eles. O que com o tempo fez Hera perceber tardiamente que no dia que perdeu seu marido, também havia perdido sua filha.

Hinata afasta a cadeira e se levanta ainda encarando sua mãe. “Mas não se preocupe, Hanabi sempre vai me ter pra fazer o serviço sujo pra ela. Nesta cidade, alguém tem que fazer, não é mesmo?” Ela leva o prato até a pia. “E já que eu sou a sociopata da família, farei isso com o maior prazer.”

“Eu não te dei permissão pra sair da mesa.” Sua mãe diz de cabeça baixa e sentindo sua enxaqueca ameaçar sua pobre mente cansada.

“Perdi a fome.”

“Hinata, volta aqui!”

Mas ela já estava indo em direção ao seu quarto, ignorando completamente o chamado.

Hera puxa seus pequenos fios soltos de seu rabo de cavalo e respira fundo tentando espantar sua enxaqueca. Ela sente a mão de Naruto puxar delicadamente seu pulso e segurar em sua mão. Ela sorri melancólica para ele. “Me desculpe por isso.”

“Está tudo bem.” Ele já presenciou essas cenas antes, mas não se envolvia. Sentia que não tinha o menor direito para isso, mas ele se incomodava em ver como Hinata tratava sua mãe, com uma grosseria sem fundamento. Hera não era uma mãe ruim, isso ele poderia afirmar. Desde que passou a frequentar aquela casa ele via o esforço que ela fazia para manter a ordem e cuidar de suas filhas, algo que ela já estava fazendo sozinha há sete anos. Portanto ele ainda não entendia qual era o problema de Hinata com a mãe.

Ele para na porta ao se despedir dela. Os braços dela envolvem seu pescoço. “Tente descansar um pouco, durma até tarde, aproveite o sábado de folga.”

“Por que não pode ficar?”

“Porque acredito que não vou conseguir te deixar descansar.” Ele sorri e abraça sua cintura. “Estou um pouco atolado com trabalhos para corrigir, terminando hoje, consigo passar aqui amanhã e te fazer companhia.”

Ela se inclina e encurta a distância entre seus lábios. Naruto aperta seu corpo contra o dele e a deixa sugar seus lábios.

“Tudo bem, se vai voltar então te deixo ir. Dirija com cuidado.”

Ele acena para ela ao entrar no carro e a vê entrar de volta na casa pelo retrovisor antes de dobrar a esquina. Antes que ele precise falar algo, os olhos opacos de Hinata surgem no retrovisor segundos depois acompanhados de um sorriso.

Ela pula para o banco do carona. “Espero que não tenha tantos trabalhos assim.” Ela se inclina para acariciar sua virilha e chupar o lóbulo de sua orelha. “Porque eu ainda estou com fome.”

Naruto tenta esquivar a mandando se sentar. “Não concordo com o modo como trata sua mãe.”

Sua visão periférica capta o revirar de olhos de Hinata. “E desde quando você se preocupa com isso?”

“Isso sempre me incomodou, nunca entendi porque você a trata assim.”

Hinata o olha, intrigada. “Sempre? Nunca ouvi você dar palpite quando esteve presente.”

“Eu apenas prefiro não me meter.”

“E nem deve, não é problema seu.”

“Ela é sua mãe.” Ele insiste. “Independente dos motivos que você acha que tenha e que sejam válidos pro seu comportamento, ela ainda é a sua mãe.”

“Você está tão empenhado em cumprir o seu papel de papai de mentirinha que agora quer vir me dar sermão também? Vai me punir por ser uma menina má? Uma filha rebelde?”

“Eu não estou tentando nada, eu só-

“Você pode continuar com o seu teatrinho com a Hanabi, mas não venha querer me meter nisso. Acho que estamos muito além disso.”

“Você não precisa ser agressiva com ela o tempo todo, ela sente a sua falta de empatia.”

“Você não sabe de nada, Naruto…”

A lufada de ar que ela solta indica que Naruto estava conseguindo irritá-la.

Ele vê sua expressão endurecer ao silenciar-se.

“Por que você faz isso? Por que a trata assim?”

Hinata apoia o queixo na mão e encara a janela do carro. “Não é da sua conta.”

“Está me dizendo que é uma pirralha metida a rebelde sem causa?”

“Estou dizendo que não é da porra da sua conta! Desde quando você se preocupa com os sentimentos da minha mãe? O chá de buceta que ela anda te dando está te amolecendo?”

Naruto solta uma risada sem humor. “Impressionante como você vive na defensiva. Parece que todo mundo é seu inimigo. É só dar um passo no seu território que você mostra suas garras.”

“É exatamente assim que eu vejo. E se está tão preocupado com ela porque não ficou com ela hoje e me deixou em paz?”

“Foi você quem se enfiou no carro.”

“Do mesmo jeito que entrei, eu poderia sair.”

Ele percebe o quanto ela ficou agitada. Sua perna direita balança frenetica no banco.

Após alguns minutos de silêncio ele solta.

“Não sou seu inimigo, Hinata.”

“Mas também não é meu pai, então para de tentar bancar o tal. Não combina com você.”

“Eu não estou tentando bancar a porcaria do seu pai! Qualquer pessoa com senso comum questionaria a mesma coisa.”

Hinata revida. “Minha mãe não é a santa que você pensa que ela é.” Ela o olha. “Talvez toda a minha impureza eu tenha herdado justamente dela. Ela não vale muita coisa.” Ela volta a encarar a estrada afora. “Ela é tão puta quanto eu.”

“Está me dizendo que ela faria o mesmo que você faz?”

“Ela fez pior.”

Naruto fica quieto por uns segundos. Ele cruza a esquina de seu apartamento. “De qualquer maneira, não é bom você ficar batendo de frente com ela na frente da Hanabi, você a desmerece assim.”

Hinata perde a linha. “Qual o seu problema? Decidiu bancar o padrasto bonzinho e responsável? Será que eu devo te lembrar que você é o último homem que poderia me dar lição de moral? Ou você quer me disciplinar e me foder ao mesmo tempo?”

Naruto estaciona o carro. “Digo isso somente pela Hanabi…”

“Você não se intromete entre minha mãe e eu e faz muito bem porque nossas diferenças não são da sua conta! A sua função aqui é apenas me foder e não ficar me dizendo como agir com a porra da minha mãe que aliás você mete um chifre todos os dias quando me fode na porra do seu apartamento!”

Naruto suspira com o tom descontrolado dela.

“Para de gritar!”

“Cadê a sua crise de consciência, Naruto?” Ela o olha. “Como você consegue dormir com minha mãe e me foder logo em seguida? Você e eu não somos tão diferentes assim, cada um fode a Hera de uma forma diferente.”

“Você tem razão, eu não sou a melhor pessoa pra-

“Não! Não é, então não faça!”

Antes que Naruto possa responder, ela abre a porta do carro e corre em direção ao seu quarto.

Por que eu fui abrir a minha boca?

Às vezes ele esquecia que ela era jovem demais, imatura e ainda em fase de crescimento. Ela pensava que sabia de tudo e que o mundo era pequeno pra ela, mas não passava de uma jovem revoltada com a vida, achando que já viveu o suficiente.

Ele não deveria ter perguntado, não deveria ter se intrometido. Hinata não gostava de falar sobre a mãe e era nítido o seu ódio direcionado a ela. Mas sendo um homem na idade dele, era difícil engolir a impertinência de Hinata às vezes. Faltava paciência.

Com um suspiro, ele tranca o carro e caminha até seu quarto no sexto andar. Ele a encontra escorada na parede de braços cruzados e expressão irritada.

Ela passa pela porta feito um vulto assim que a abre, transbordando raiva e frustração. Ele sabe que a irritou insistindo na conversa sobre sua mãe.

Suas mudanças de humor não eram nenhuma surpresa, mas nesses dois meses que estavam nessa jornada, ele havia aprendido como dobrá-la. Ela era impertinente, mal educada, rude, completamente antipática e rebelde, e às vezes ele chegava até a acreditar que ela era mesmo uma sociopata. Hinata era capaz de cometer atrocidades sem que isso atingisse a sua consciência. Ela não demonstrava remorso por absolutamente nada, completamente incapaz de se importar com algo. Ela era assim com todo mundo e sua grosseria também chegava até Naruto, o que o fazia se questionar como ele aguentava Hinata.

A relação deles era puramente sexual e algumas vezes tóxica por conta do comportamento imprevisível de Hinata. Ela o seduziu de tal maneira que nem ele mesmo entendeu como acabou se deixando levar pela perversão dela. Tão dissimulada e insinuante, sem pudor algum enquanto se jogava pra cima dele e lhe dizia todas as obscenidades que ela imaginava ele fazendo com ela. Ela era astuta, sagaz e, claro, incrivelmente linda. Foi a beleza dela que chamou sua atenção naquela noite na Afterlife. Especialmente os olhos. Ela era nova, mas tinha curvas de uma mulher mais velha, mais experiente e Naruto não pensou duas vezes em arrastá-la para o seu carro. Ele só não imaginava que de todas as garotas daquele lugar, ele teria transado justamente com a filha da sua recente namorada.

Hinata não deixou aquilo passar, ela foi persistente, o levando ao limite até ele finalmente ceder. Ele já havia começado de maneira errada, de qualquer forma. Hera e ele ainda não tinha nada sólido, portanto ele ainda saia com algumas garotas e é claro que Hinata usaria isso contra ele para poder finalmente ganhá-lo.

“Imagine se a mamãe soubesse que o namoradinho novo dela ia para casas noturnas para foder menininhas virgens…” A boca dela desliza pelo seu lóbulo e seus dentes roçam seu pescoço. As mãos firmes de Naruto tentavam remover seu corpo de seu colo.

“Você não era virgem…”

“Mas você me comeu.” Sua boca desce por seu maxilar definido. “E queria me comer de novo, eu me lembro.”

“Isso foi antes de descobrir quem você é… para com isso!” Ele tenta empurrá-la, mas a mão sorrateira dela invade sua calça e agarra seu membro, que obviamente, indo contra seu bom senso, ficou duro a partir do momento que ela pulou em seu colo.

Seu olhar endurece e sua mão agarra o pulso dela. “Hinata!”

“Vamos, ninguém precisa saber.” Ela encara suas íris azuis escuras. “Vai ser o nosso segredinho.” Seus lábios sobem em um sorriso malicioso. “Deixa eu te mostrar que eu posso ser uma boa garota.” Sua língua contorna o lábio inferior dele antes de puxá-lo com os dentes. Ela desliza seu polegar pela glande já molhada dele e sorri. “Eu deixo você fazer comigo o que quiser, Uzumaki-san.” Seu tom de voz diminui. “Deixo você me comer de todas as maneiras que quiser.” Sua mão estimula seu membro e o maxilar dele tenciona. “Eu posso ser a sua cadelinha e você pode me foder sempre que quiser, você me chama e eu vou.” Naruto tenta se conter, mas a tarefa fica imensamente impossível. A boca dela volta a deslizar pelo seu pescoço e orelha, onde ela sussurra. “Eu deixo você me colocar em uma coleira e me foder de quatro. O que acha? Vou ser sua bonequinha, sua cadelinha, o que quiser. Se eu for má você me pune, você me doma. Eu juro que vou deixar você fazer comigo o que você quiser. Serei sua!” A essa altura ela já puxou o membro enrijecido dele para fora e agora o bombeava, arrancando de Naruto todo o seu autocontrole e bom senso.

Ele não pôde evitar que sua mente visualizasse mil e uma maneiras que ele poderia foder Hinata, se ela realmente o deixasse domá-la como ele quiser. Sua expressão contida apenas o entrega. Hinata sabe que venceu e para não deixá-lo escapar da sua névoa de sedução, trata de entregá-lo o que ela sabia fazer de melhor.

“Deixa eu te provar que você não vai se arrepender.” Dito isso rente ao seu ouvido, ela desliza de seu colo para ficar entre suas pernas. Naruto a observa deslizar a língua pelo comprimento do seu pênis e sua glande sumir em sua boca logo em seguida. Ele sabe que deveria resistir, que deveria lutar contra seu lado carnal e pecaminoso mais uma vez, que deveria empurrar a cabeça dela para longe, se levantar e sair de perto dela. Mas não foi isso que ele fez, no entanto. Ele só se deu conta de que havia perdido a batalha quando sua mão agarrou os cabelos negros e lisos dela e pouco tempo depois os seus fluídos estavam deslizando pela garganta quente e escorregadia dela.

Após ele ter sucumbido, Hinata provou que de fato seria dele em todas as formas possíveis e talvez tenha sido isso que fez Naruto não recuar. Ao mesmo tempo que ele a criticava por sua personalidade tóxica, ele também a deseja exatamente como ela era. Não era todo homem que tinha a sorte de ter em mãos uma garota como ela e talvez isso inflasse seu ego um pouco. Ela gostava de maltratar ele e gostava quando ele a punia, e Naruto não poderia negar o quanto ele gostava da perversão deles. De como eles funcionam juntos. Sendo errado ou não, tanto por ela ser sua enteada quanto por ser menor de idade, a verdade é que ele já não se importava mais. Ele já estava contaminado por ela e os efeitos que ela deixava nele não eram temporários, quando ele se dava conta, era ele que precisava dela, de mais uma dose dela, que ele sabia que iria viciá-lo cada vez mais, que iria afastá-lo do homem que ele estava tentando se tornar quando a conheceu. Ele sabia que Hinata era a sua escuridão e mesmo assim a deixava afundá-lo com ela.

Ele não saberia dizer se um dia seria completamente desintoxicado pelo efeito dela.

Ele trava a porta atrás de si e joga a chave do carro em cima do balcão.

Sua jaqueta fica pelo caminho enquanto ele a observa se jogar na cama feito uma garota mimada. Já com o controle na mão, ela remove a camuflagem do vidro do apartamento dele e se deita na cama, jogando a cabeça na beirada para observar a cidade neon por outra perspectiva.

Ele remove seus sapatos e meias e retira sua camiseta, ficando apenas de calça.

“Você realmente gosta de agir feito uma garotinha mimada e arrogante? Isso reflete muito na sua imaturidade, que você insiste em fingir que não existe.”

“Você é simplesmente muito babaca às vezes. Me irrita… e eu sou mais madura do que a maioria das garotas da minha idade”

“Ah, é mesmo? Baseado em quê?”

“Na minha experiência de vida. Sou uma garota bem vivida, já vi de tudo nessa cidade fedorenta e afundada.”

Ele não consegue deixar de rir. “Quando você finalmente crescer vai se decepcionar tanto.”

Impossível.

“Acho que já fui decepcionada o suficiente…” Ela murmura com as luzes da cidade atravessando o vidro e refletindo nos olhos perolados dela.

“Mas é sério, você não pensa na Hanabi?” Ela levanta a cabeça para olhá-lo. “Essa pose de rebelde sem causa já saiu de moda faz tempo. Quer que ela se torne o que você é?”

“Impossível ela se tornar o que eu sou, ela teve sorte. Fomos moldadas de maneiras diferentes.”

“Sorte no quê?”

De não se lembrar de como nossa vida era antes.

“Sorte em ter nascido uns anos depois, ela é inteligente e mesmo sendo nova sabe se proteger de gente como eu. Ela é autêntica, jamais me usaria como espelho pra qualquer coisa na vida.”

Hanabi era o único orgulho de sua vida. Ela agradecia ao universo por ela não ter experienciado as mesmas coisas que Hinata e de não ter tido a consciência desenvolvida o suficiente para entender tais situações. Ela era muito nova.

Sim, ela teve sorte, mas isso não mudava o fato dela ser uma pessoa melhor que Hinata em todos os níveis. Com apenas doze anos, era altruísta, solidária, benevolente e pura, tão pura que as pessoas tentavam se aproveitar dela. Ela era tudo de bom que foi privado de Hinata desenvolver enquanto crescia. Hanabi teve a chance de crescer segura e de se tornar aos poucos um ser humano decente, coisa que Hinata não teve.

Às vezes ela se perguntava se seria mais parecida com Hanabi se a sua vida não tivesse acabado há sete anos atrás.

Se ela não tivesse visto o que viu, se ela não tivesse perdido o que perdeu. Talvez ela teria sido uma pessoa diferente, uma pessoa melhor.

Ela nunca vai saber.

Mas estava feliz por Hanabi ter tido a sua chance e de estar se tornando uma das poucas luzes que esse mundo precisava. Sua irmã era a única coisa que a fazia lembrar que tinha um coração e por ela, Hinata sabia que seria capaz de fazer qualquer coisa. E se por ela, pela felicidade plena dela, ela tivesse que aceitar viver uma vida miserável e sem valor mais uma vez, ela o faria, sem pensar duas vezes. Ela abraçaria toda dor, todo sofrimento e escuridão da sua existência precária e infeliz, se isso significasse que Hanabi teria uma vida digna de ser vivida.

“Não se preocupe com ela, ela está a salvo. Você devia se preocupar com os seus próprios problemas e parar de dar palpite nos meus.”

Naruto a observa deitada enquanto esvazia seus bolsos.

“Você está mais bocuda ultimamente.”

“Você queria o que? Fica me enchendo a porra da paciencia. Você é lindo, pena que às vezes banca o velho babão.”

Ele desvia os olhos para seu telefone. “Você devia tomar mais cuidado no modo como fala comigo.” Hinata levanta o pescoço para ele. “Você sabe o que eu posso fazer com você.”

Ele vê o sorriso surgir lentamente no rosto dela. “Vai fazer o quê? Vai me punir?” Ela se apoia nos cotovelos. “Eu tenho sido uma cadelinha má? Irritei meu dono?”

“Você me irrita o tempo todo.”

A risada dela ecoa enquanto ela se levanta pra ir até ele. “Eu sei que você gosta.” Ela o abraça pelas costas e desliza as mãos pelo abdômen definido dele. Ela é tão pequena perto dele que seu nariz bate um pouco acima da altura de seus cotovelos. A fazendo ficar na altura de seu peito. Quando ela fica na ponta dos pés, seus lábios alcançam o queixo dele.

Ela distribui mordidas por suas costas. “Se vai me punir eu posso te dar mais motivos pra isso. Sabe que eu gosto de ser uma cadelinha má.”

Naruto sente a mão dela desliza por cima de seu volume. “Gosto de ser punida por você.”

Ele imediatamente arranca a mão dela de seu membro e a puxa com certa violência, a fazendo parar bem a sua frente. As bochechas da garota são amassadas pelas pontas dos seus dedos enquanto ele a pressiona contra a mesa. “A ideia é você ser uma boa cadela, não o contrário.”

“O que eu posso fazer se você me pune tão bem.” Ela segura no braço dele. “Você desperta o pior lado de mim.”

Ele puxa o rosto dela para perto. “Acho que posso dizer o mesmo.” E observa o sorriso dela aumentar e seus olhos se transformarem em inocentes. “Qual vai ser minha punição, senhor?” Seu tom de voz era provocativo.

Ele estreita os olhos para ela, sentindo um ímpeto maior do que ele de tirar aquele sorriso petulante do rosto dela. Hinata consegue ver seus olhos azuis escurecerem.

Os lábios de Naruto lentamente sobem em um sorriso quase tão maléfico quanto o dela. “Você vai ver.”

Ele a solta. “Tire a roupa e vá pra cama.”

O corpo de Hinata incendeia de ansiedade tanto pela ordem quanto pelo tom rouco e autoritário da voz dele. Era impressionante ver a personalidade dele mudar da água pro vinho quando estava com ela. Esse diante de seus olhos perolados não era mais o Naruto que todos conheciam, ele era Uzumaki-san, o dono da cadelinha Hyuga.

Seu dono.

Ele se vira de costas para pegar o controle e alterar a camuflagem da sua janela, escurecendo o lado de fora do vidro. Pela sua visão periférica, ele percebe Hinata se dirigir até o banheiro e antes que ela possa dar mais um passo, a mão de aço dele a puxa pelo cabelo, a fazendo recuar dois passos. “Perdeu seu senso de direção?”

Ela sente seu couro cabelo arder e segura em seu pulso. “Ah! Não, não. Eu só preciso ir ao banheiro rapidinho.”

“Eu não ouvi você pedindo permissão.”

“Desculpa! Desculpa, era rapidinho. Eu pens-

“Tira a roupa agora!”

“Eu vou tirar, eu vou tirar. Só preciso fazer xixi primeiro. Por favor, senhor, por favor! É rapidinho! Só vou fazer xixi-Hum!” Ele aperta o pulso contra seu couro cabeludo e Hinata sente sua entrada umedecer, mesmo com a dor.

Ela o olha com olhos suplicantes. “Por favor, senhor. Eu posso ir ao banheiro? É rápido!”

Naruto rosna antes de soltá-la e ela corre para o banheiro. Às pressas, ela retira dos bolsos o pequeno saco plástico e despeja o conteúdo branco na pia do banheiro. Ela espia a porta antes de afundar um dedo tampando sua narina direita para poder inalar de uma só vez o pó que brilhava contra o mármore.

A ardência atravessa seu canal nasal. “Merda!”

Ela precisa de uns segundos para se recompor e limpar seus rastros. Ela guarda o pacote na blusa novamente e fecha o zíper do bolso. Naruto não poderia encontrar o descarte no seu banheiro. Ela se olha no espelho e limpa o nariz. Mais uma fungada e ela está pronta pra sair, mas não antes de dar a descarga.

Ela retira sua jaqueta pelo caminho e a deixa no balcão da cozinha. Ao se jogar na cama, ela remove sua calça e calcinha e por último sua blusa. Ela observa Naruto retornar do quarto com alguns utensílios na mão.

Seu coração bate alto em seu peito, seu corpo se enchendo de expectativa ao imaginar o que ele faria com ela hoje. Em como ele iria brincar com a sua bonequinha.

Como ele iria adestrar a sua cadelinha insolente.

 

_______

 

06 de Março de 2031.

 

A lembrança da primeira surra que ela havia levado de seu antigo parceiro retornou para sua mente. Ela se lembra bem desse dia porque foi a primeira vez que ela foi levada ao extremo nas mãos dele. Foi a primeira vez que ele havia mostrado a ela o que de fato ele era capaz de fazer com ela. Tudo que havia acontecido antes disso eram apenas águas rasas comparado ao que veio depois.

“Muito bem. Podemos começar?”

Ela é distraída de suas lembranças. Um sorriso gentil é enviado para a simpática mulher sentada à sua frente com uma prancheta nas mãos.

“Sim, podemos.”

“Se sente bem?”

Ela dá de ombros. “É a primeira vez que vou falar sobre isso em… muito tempo. Não sei direito como me sinto.”

“Sabe que não precisa fazer isso. Você pode abandonar a sessão quando quiser ou parar de falar sobre o assunto. Se não estiver te fazendo bem, nós encerramos.”

“Sim, sim, tudo bem, obrigado… mas acho que eu consigo.” Outro sorriso gentil. “Já faz tanto tempo.”

“Podemos começar quando você quiser.”

Ela acena e respira fundo. A mente dela divagou para um momento muito específico, mas ela tinha que começar do começo.

“Hum… tudo começou em Maio, eu acho. Sim, acho que era isso. Maio de 2017. Foi quando eu o conheci.”

“Ele já era namorado da sua mãe na época?”

“Sim, mas eu ainda não sabia disso. Eu descobri depois.”

“Como assim?”

Ela suspira fundo e se ajeita na poltrona. “A gente se conheceu por acaso em uma casa noturna que eu frequentava. Estava só de bobeira com meus amigos em um final de semana qualquer. Era quase um ritual que fazíamos quando queríamos ficar de curtição.”

“E o que você fazia exatamente quando estava de curtição?”

Seus olhos captam ela apertar o botão em cima da caneta para poder anotar seus relatos da sua juventude conturbada e problemática.

“Ia a festas para beber, usar, me divertir, dançar, beijar na boca, transar. Essas coisas.” Sua cabeça balança.

“Você já se entorpecia desde então?”

“Sim, mas eu só usava nos finais de semana para sair e me divertir. Na companhia de amigos.”

“Então você não se considerava uma dependente?”

Seus dedos se enroscam um ao outro em seu colo. “Não… não me considerava. Eu vivia bem sem, gostava apenas de como fazia eu sentir as coisas de forma mais intensa quando estava me divertindo. O uso acabou se tornando excessivo um tempo depois.”

“E você começou a usar com quantos anos?”

“Quinze.”

“Entendi.” A sala fica em silêncio enquanto ela faz suas anotações. “Então você o conheceu em uma noite dessas?”

“Sim, foi.”

“E como foi esse encontro?”

“Foi como seria com qualquer outro cara que não fosse ele.” Ela dá de ombros ao olhar para a mulher à sua frente. “Se não tivesse sido no carro dele, teria sido no de qualquer outro.”

 

________

 

07 de Maio de 2017.

Afterlife, NC.



A concha improvisada com a mão, com o objetivo de impedir que o vento forte apague o fogo de seu isqueiro não parecia estar dando conta da pequena tarefa. A lamúria que sai de seus lábios, um tanto retorcidos por segurarem a seda bolada entre eles, chega até os ouvidos do rapaz ao seu lado, que prontamente se presta a acender o cigarro usando o fogo do seu próprio.

O sorriso que recebe como agradecimento é devolvido e eles retomam a caminhada.

Ainda lutando contra o vento, seu pescoço faz um movimento brusco para remover os longos fios de seu cabelo que, sendo levados pela brisa gelada, insistem em enroscar em seus cílios e roçarem em seu pequeno nariz.

Dedos gelados e fechados em punho enfiados no bolso do sobretudo enquanto a mão livre remove o conteúdo da boca após uma intensa tragada.

A fumaça adentra seus jovens, porém não tão saudáveis pulmões e todo o seu sistema é invadido pela sensação de leveza, sustentando seu novo vício.

De repente o frio cortante que gelava suas pálidas bochechas não parecia lhe incomodar mais.

Ela apressa o passo para alcançar o bando que seguia mais à frente. Perto deles, suas pernas curtas quase sempre a deixavam para trás. Entretanto, em situações de tensão e adrenalina, eram incrivelmente eficientes para livrá-la de se envolver em maiores apuros.

Seus olhos opacos refletem o céu acima quando se dirigem a ele. Era fim de tarde e o véu da noite cairia sobre a cidade muito em breve. O que a faz lamentar. Céu nublado, carregado de nuvens pesadas e cinzentas, impedindo qualquer resquício de luz solar a brilhar eram seus dias favoritos.

Gostava de como a infinidade daquele céu a lembrava da sua vida.

Cinza e sem luz. Porém, finita. Graças a Deus!

Uma risada ecoa de sua garganta quando sua cintura fina é firmemente agarrada. Seu peso fica suspenso quando é levantada no ar.

“Vou ter que te carregar? Apressa esse passo, pearls!

Ela o apunhala nas costas para em seguida subir na mesma. Ele a segura pelas pernas e a acomoda atrás de si.

Um cigarro foi o suficiente para chegarem ao destino.

O ambiente barulhento, apertado e cheirando a jovens na puberdade lhe era familiar há um tempo. Apesar da sua aversão às pessoas, aprendeu a gostar de boates. A interação, na maioria das vezes, era mínima. Não havia regras. Não era necessário conversar para poder se divertir às custas de outros. Não precisava dizer seu nome, justificar sua presença ou pedir permissão. Bonita como era, bastava um olhar e qualquer um, sendo fêmea ou macho, se rastejaria para ela para satisfazer-lhe da maneira que ela exigisse.

“Vou pegar o bagulho. Espera aqui.” Ele avisa rente ao seu ouvido e some entre a multidão.

Não demora muito para que seu companheiro retorne e a arraste para um lugar mais reservado, já com o conteúdo que seria responsável pela diversão deles nessa noite nos bolsos.

A iluminação avermelhada ofusca sua visão pelo corredor. Não saberia para onde estava indo se não estivesse sendo arrastada.

Ele a puxa para ficar de frente para ele quando encontra uma pequena mesa alta encostada na parede. Suas mãos retiram dos bolsos o seu novo brinquedinho.

“Você não pegou pra todo mundo.”

“Só você tinha me pagado antes. Eu não vou ser feito de otário de novo.” Ele chacoalha o pequeno pedaço de plástico e o abre.

Os olhos opacos observam o conteúdo branco reluzir contra a luz vermelha, parecendo pó mágico, ser despejado na mesa em cima da tela do telefone celular dele.

Com um cartão em mãos, ele forma uma linha para ela e outra para ele.

“Primeiro as damas.” Seu sorriso selvagem incendeia o sistema dela.

Ela se inclina contra a mesa, mas não antes de ajeitar uma mecha de cabelo atrás da orelha. Com um dedo pressionado, tampando uma de suas narinas, ela inala de uma só vez a carreira separada para ela e se afasta.

A ardência sempre cutuca seu canal nasal, mas ela não se importava mais. Já havia feito aquilo tantas vezes. E valia a pena em todas elas.

Vestígios de seu ato recente são apagados quando ela passa as costas da mão pouco abaixo do nariz. Ela sente sua mente agitar em antecipação antes de agarrar seu companheiro e arrastá-lo para a pista novamente.

Quando se junta ao restante do grupo, uma garrafa é colocada em sua mão. Após alguns goles, o álcool cria uma combinação perigosa com a droga ilícita que estava circulando em seu sangue. A música ruim se torna envolvente e seu corpo sente o ímpeto de extravasar.

Ela arrasta os amigos para uma dança.

O seu ritual era esse. Todo fim de semana.

Após uma longa semana de aulas e uma rotina sufocante, ela se encontrava com os amigos para beber, usar, cheirar, dançar, transar, o que fosse. Qualquer coisa que a ajudasse a se entorpecer o suficiente para apagar a semana da sua memória e a ajudar a lidar com o ciclo que a aprisionava novamente.

A temperatura do seu corpo sobe e a obriga a remover o casaco. O jogo de luzes no alto da casa noturna bagunça seus sentidos enquanto seus braços se jogam para o alto em uma dança sem ritmos precisos.

Sua pele, tão branca quanto a lua, estava coberta por uma pequena camada de suor. Os movimentos de seu corpo fazia os colares envoltos do seu pescoço pularem junto de seus seios, livres do costumeiro sutiã. A camiseta regata e branca que ela vestia transparecia seus mamilos eriçados contra o tecido fino. Apesar de jovem, seus seios eram invejavelmente fartos. E enquanto pulavam em sua roupa, chamavam a atenção não somente dos jovens eufóricos e igualmente entorpecidos ao seu redor, mas também de um par de olhos azuis, que a observavam do outro lado do bar.

Com a boca da garrafa de cerveja a caminho dos lábios, sua mente aguça a atenção em um corpo ligeiramente magro, mas com curvas incrivelmente tentadoras, na pista à sua frente.

Ela dançava desajeitadamente, nem um pouco coordenada. Mas o sorriso em seu rosto indicava que estava se divertindo como deveria.

Ele havia decidido comparecer naquela noite apenas para espairecer. Decisão tomada de última hora ao passar em frente ao clube. Não tinha intenção de levar alguém pra casa ou de ir parar na cama de alguém. Estava envolvido com alguém, de certo modo. Mas eram interesses trocados, favores prestados. Nada firmado. Apenas vários encontros com a mesma pessoa. Sem compromissos.

O que ainda o rotulava com o status de solteiro, correto?

Foi o que a sua mente lhe informou quando avistou o pequeno ser dançante na pista, com jeans pretos apertados e de cós baixo, coturnos desamarrados e regata branca. Sem sutiã.

O movimento dos seios dela foram capturados quase que imediatamente pelas íris azuis dele. Pareciam estar desesperados para pular para fora daquela blusa, que combinada ao tom da pele dela, ficava quase que transparente. Ela era, literalmente, um ser dual-color. Apenas duas cores complementam seu ser. O branco pálido de sua pele e olhos, e o negro obscuro de seus cabelos lisos e esvoaçantes.

Estonteantemente, uma criatura das trevas.

Seus olhos astutos, que não queriam perdê-la de vista, acompanham a sua expressão de descontentamento quando nenhuma gota de álcool cai em sua língua ao levar a garrafa aos lábios. Ela diz algo para a garota ao seu lado antes de se afastar e andar em sua direção, mais precisamente em direção ao bar onde ele estava.

A sua chance acabara de surgir.

Ele espera ela se apoiar no balcão e se inclinar para chamar o barman.

“Choji, me traz mais duas!” A voz ofegante dela ecoa seguida por uma risada que parecia vir de uma piada escondida na mente dela.

O rapaz observa a garrafa vazia deixada no balcão e percebe ser da mesma que ele estava bebendo.

Quanta sorte.

Ele se levanta para encurtar a pequena distância entre eles e ao sentar novamente, empurra sua segunda garrafa ainda fechada para ela.

Seu ouvido escuta o vidro deslizar pelo balcão até bater em seu pulso.

“Essa serve?”

Seus olhos sem pupilas focam no homem ao seu lado.

“Por minha conta.” Ele completa.

Um tanto ofegante, ela retira o cabelo que gruda em seu rosto e agarra a garrafa. “Serve sim.” Ela bate a borda da tampa contra o balcão para removê-la e despeja o conteúdo na garganta. “Mas só vou aceitar porque está lacrada.”

A garota pisca um olho para ele, divertida.

O rapaz sorri antes de beber. “Esperta!”

A garota faz uma rápida inspeção no homem ao seu lado enquanto ele bebe da sua própria garrafa.

Loiro, alto, músculos torneados e bem vestido. Olhos azuis feito diamantes. Maxilar definido, mãos grandes e com dedos longos. Lábios ligeiramente inchados e convidativos. Cabelo liso, porém levemente rebelde.

Um homem de beleza notável.

Ela não se lembrava de tê-lo visto ali antes. Só de olhar para os ombros largos ela poderia dizer que era mais velho do que a maioria dos homens presentes. Apesar do clube ser livre para todos, o público alvo se tornou os jovens, pois era o único lugar onde menores conseguiam entrar com uma identidade falsa. O estabelecimento não era burocrático e fazia vista grossa.

Então, por ser um lugar rodeado de rostinhos juvenis, era difícil encontrar alguém mais velho.

Talvez hoje fosse o seu dia de sorte.

Ele era bonito e ela estava sob o efeito de algumas substâncias, o que sempre a deixava com a libido alta.

Era Kiba quem iria satisfazê-la essa noite, agora porém, seus planos mudaram.

Lisonjeada pela atenção que recebeu, ela se vira de costas para o balcão deixando seus cotovelos descansando sobre a superfície.

“Mas o que vai me custar?” Outro gole desce por sua garganta.

Os diamantes azuis caem sobre ela novamente, se demorando nos lindos e rechonchudos airbags que apontavam na direção da pista. Ele leva a bebida até os lábios.

“Uma dança, talvez.”

Ela sente o colo dos seios esquentarem sobre o olhar sugestivo dele. Seu sorriso se alarga.

Ela sorria muito quando estava entorpecida.

“Estava me vendo dançar?”

“Reparei um pouco.”

“Então deve ter visto que não danço bem.”

“Você tem uns movimentos interessantes.” Ele a olha e repara em como seus olhos são incomuns.

Sem cerimônia alguma, ela se aproxima dele, apoiando os braços no balcão ao lado dele. Ela solta antes de puxar a garrafa da mão dele para dirigi-la aos próprios lábios. “Não vou mentir, eu tenho mesmo, mas não são movimentos de dança.”

Desinibida e insinuada.

Ou seria autoconfiante e sedutora?

De qualquer forma, ele não esperava receber uma resposta tão rápido. Seus diamantes captam o movimento sutil da ponta da língua dela contornando a borda da garrafa. Ela bate os dentes no recipiente, ainda sorrindo e toma um último gole.

O brilho de desejo fica evidente em seus olhos e acaba servindo como combustível para o atrevimento dela.

Ela faz menção de se retirar, mas seu pulso é agarrado por ele.

Ele não percebeu que havia a segurado no lugar. Quando se dá conta do ato impulsivo, escorrega a mão do pulso para os dedos dela, para se redimir da atitude um tanto dominante.

Ela pode ler em seus olhos o que ele quer dizer e para adiantar o lado de ambos, ela fala sorridente.

“Vou pegar meu casaco.”

O que se seguiu não ficou muito claro em sua mente. Ela não funcionava direito nos fins de semana.

Ela se lembra de ter pegado seu casaco, de ter a mesma ardência correndo por seu nariz novamente e então, da sensação de dedos entrelaçados aos seus enquanto saia da casa noturna.

O ar gelado lhe deu um tapa na bochecha, mas seu corpo permaneceu quente, pois estava sendo alvo das mesmas mãos grandes que ela segurava segundos atrás.

Lábios ligeiramente inchados e com gosto de cevada, se encaixando aos dela, com um amargo sabor de tabaco.

O corpo grande e corpulento dele a esmagou contra a parede do estacionamento e os dedos dela puxaram seus fios loiros.

No instante seguinte, gemidos ofegantes deixavam seus lábios. Sua visão distorcida capta sombras andando pela calçada enquanto olhavam em sua direção com curiosidade. Ela agarra na nuca de seu ficante e impulsiona o quadril contra os dedos dele, que trabalham maravilhosamente bem dentro de seus jeans abertos, invadindo sua calcinha.

Algumas risadas depois e ela estava dentro de um carro, em cima dele. O ar gelado os abandona e o calor predomina deixando o minúsculo espaço abafado.

Foi desastrosamente difícil remover as roupas, mas somente sua calça ficou no tapete.

A carne de sua bunda é espremida por entre os dedos ágeis dele. Sua calcinha é colocada de lado e seu interior úmido e escorregadio é invadido pelo membro duro e cheio de veias dele.

Da sensação ela se lembra.

Foi uma penetração rápida e precisa. Ela já estava incrivelmente molhada de qualquer maneira.

Ele estimula os movimentos dos quadris dela em seu colo, a fazendo sentar e levantar em seu membro. Forçando sua cavidade apertada e esponjosa a engolir seu pau pulsante e dominante.

Ela era grosseira. Rude. Selvagem.

O movimento de seu quadril fica frenético quando ela agarra em seu cabelo e pescoço. Seus dentes afiados mordiscam os lábios dele em um beijo feroz.

Ela passa a língua no pequeno corte feito no lábio dele e o gosto metálico de sangue a excita de tal forma, que seu interior libera mais fluidos enquanto o acomoda dentro dela.

Um rosnado escapa dos lábios dele, que invadido pela luxúria e desejo, agarra em sua cintura e a joga contra o estofado do carro.

A regata branca se encontrava em sua barriga. Seus seios, enfim libertos, balançavam para cima e para baixo por conta dos movimentos, agora, do quadril dele no meio de suas pernas.

Seu mamilo esquerdo é alvo de seus dentes e língua e ela arqueia embaixo dele.

Gostava de ser maltratada.

Ele passa a adorar cada centímetro de sua mama redonda enquanto estoca dentro de seu corpo pequeno.

A cabeça dela gruda contra a porta do carro e a posição em que estavam não era das mais confortáveis. Mas ela estava adorando mesmo assim.

Era palpável a diferença entre ser fodida por seus colegas de sala e por um homem de verdade.

Os movimentos dele pareciam saber exatamente como enterrar seu pau grosso dentro dela, atingindo lugares que raramente eram encontrados. Pouquíssimas vezes eram estimulados.

Ela era incrivelmente apertada e escorregadia. O acomodava tão bem. O engolia tão bem.

A expressão em seu rosto era incomparável. Tão branca, mas com as bochechas coradas por conta do calor que se espalha pelo seu sistema. Os olhos fechados, as sobrancelhas juntas, a boca aberta, incapaz de conter os gemidos.

Ele desce os olhos pelo corpo dela, tendo como fonte de iluminação apenas a luz do poste.

Os seios brancos e fartos, bem redondos e durinhos, com a aréola pequena e de tonalidade escura. Os mamilos, enrijecidos e molhados com a saliva dele, doloridos pelos dentes que o mordiscam.

A cintura fina, típica de uma jovem com o corpo ainda em desenvolvimento. E mais para baixo, sua boceta lisinha e avermelhada. Com os lábios inchados e se abrindo para receber seu pau.

Ele lateja dentro dela quando seus movimentos se tornam mais bruscos e exigentes. A cabeça dela começa a bater contra a porta do carro e para aliviar o incômodo, ela espalma uma mão no banco do motorista e a outra na porta.

Seus olhos perolados parecem brilhar na penumbra escura entre a pequena fresta de suas pálpebras semicerradas.

“Mais forte, mais forte!”

Ela exige e ele imediatamente obedece. Um rugido rasga sua garganta com a mudança de ritmo e não demora muito para que ambos atinjam o clímax daquele encontro juntos.

As curtas unhas dela arranham o estofado quando o orgasmo atinge seu corpo, o fazendo tremer embaixo dele. Suas pernas ficam moles e sua mente se apaga.

Ele enterra o rosto na curva do pescoço dela enquanto se libera dentro de sua cavidade, a preenchendo e lambuzando suas paredes e lábios.

“Merda!”

O rapaz xinga baixinho quando percebe o que acabou de fazer. Ele tenta se afastar, mas sua nuca é agarrada e sua boca esmagada pela dela.

“Dia seguro.” Ela murmura contra sua boca antes de se afastar.

“Movimentos realmente interessantes.”

“Belo carro.”

Ele ri e se afasta, se retirando dela.

Eles ajeitam as roupas removidas e amarrotadas.

Ela pula em seu colo e agarra em seu rosto para lhe roubar um último beijo.

“Posso te levar pra casa, se quiser.” Ele oferece, mas ela rejeita, já abrindo a porta do carro. “Não precisa.”

Mais uma vez ele segura o pulso dela antes dela sair do seu colo. “Posso te ver de novo?”

“Eu não costumo fazer isso.” Ela sorri. “Mas quem sabe.”

“Vou te encontrar se voltar aqui?”

A boca dele é almejada pela dela em um beijo lento. “Você vai ter que voltar pra descobrir.”

O calor dela contamina ele e o beijo incendeia o desejo por ela novamente. Ele não devia tentar vê-la de novo e sabe disso, mas decide ignorar o aviso.

Ele sorri para ela e a solta para que ela saia do carro. Ele a observa ajeitar o cabelo no casaco.

Ela sorri pra ele antes de atravessar a rua para voltar para a festa. “Valeu pela cerveja.”

Ela passa por entre a multidão e retorna para dentro. Sem nem ao menos olhar para trás.

A falta de resposta dela o intriga. Ele costumava conquistar reações mais calorosas após o coito. Um convite para ir até a casa, um número de telefone anotado, uma segunda rodada agendada.

Ela, no entanto, o usou e assim que o consumiu, se retirou. Sem cerimônias. Sem promessas.

Ele bagunçou os fios loiros antes de ocupar o assento do motorista e ligar o motor do carro.

Talvez ele estivesse perdendo o jeito.

 

______

 

06 de Março de 2031.

 

“Como eu disse, foi um encontro casual igual a todos os outros, não levaria a nada. Eu voltei pra festa e continuei me divertindo com meus amigos.”

“Ele pediu para te ver de novo, no entanto. Pareceu ter se interessado.”

“Sim, ele pediu, mas por mais que eu tenha o achado atraente, eu não pretendia vê-lo de novo. Eu mal me lembrava dos rostos dos rapazes com quem eu dormia. O dele se apagaria da minha mente na manhã seguinte.”

“Então quando vocês se viram de novo?”

Ela deixa escapar uma risada nasalada. “No dia seguinte. Eu acordei com a minha mãe gritando no meu ouvido dizendo que receberia uma visita em casa e que era pra eu arrumar o meu quarto. Estressada e com uma ressaca horrível, eu levantei pra tomar um remédio e logo depois ele chegou. Você tinha que ver a cara dele quando me reconheceu.”

“Eu imagino o espanto!”

Ela ri mais uma vez. “É… foi bizarro! Quer dizer, quais as chances, sabe? De todos os caras, eu acabei me envolvendo com ele!” Ela se senta em cima da perna. “Eu achei a coisa mais esquisita do mundo e fiquei rindo por horas depois. Não estava conseguindo processar.”

“Mas então você descobriu que ele passou a noite com você já comprometido com sua mãe.”

“Sim, sim. Eu não sabia que minha mãe estava namorando. Eu não ligava para a vida amorosa dela ou qualquer coisa dela. Nossa relação era péssima.” Ela abaixa os olhos para as mãos. “Eu praticamente a odiava.”

“Por quê?”

“Porque ela era uma péssima mãe. Péssima esposa, péssima companheira, péssima amiga, péssima em tudo. Pelo menos era assim que eu a via.” Ela se remexe mais uma vez no sofá para afastar a sensação que ameaça invadir seu peito. “Enfim, por eu odiar ela, eu meio que vi uma oportunidade em tudo aquilo.”

“Oportunidade de quê?”

“De me vingar dela.” Ela levanta os olhos. “Eu já havia dormido com ele mesmo e o fato dele ter estado naquele lugar enquanto estava em um relacionamento com ela dizia muito sobre ele, então eu decidi tirar vantagem da situação.”

“E como você tirou vantagem da situação?”

“Fiz o que qualquer vadia no meu lugar teria feito.”

“O que você fez?”

“Seduzi ele.”

“E como ele respondeu a isso?”

“No início ele resistiu. Era até engraçado de ver, ele fugia de mim o tempo todo. Evitava de ficar em casa quando eu estava e se eu aparecia ele se retirava.”

“Ele passava muito tempo na sua casa?”

“Sim, minha mãe além de sua namorada, era a orientadora dele. Ele veio para Heywood para tentar iniciar o curso de mestrado em Letras e ela estava ajudando ele. Ela abriu a porta da sua casa para que ele pudesse estudar lá e usar a biblioteca dela quando quisesse. Inclusive ele usava o escritório dela como esconderijo.”

“Você o cercava, então…”

“Sim, o cercava. E não demorou muito pra que ele finalmente cedesse.”

“E quando isso aconteceu?”

“Foi no mês seguinte, em um dia que ele havia chegado com minha mãe da universidade.” Ela para e se lembra dos detalhes. “Era pra ele ter sido apenas a carona dela, mas ele decidiu ficar depois do convite dela para jantar.” Sua cabeça balança novamente com a lembrança e ela acaba rindo.

“O que foi?”

“Nada, é que hoje eu tenho certeza…”

“Certeza de quê?”

Ela levanta os olhos. “Certeza de que esse segue sendo o maior arrependimento da vida dele. Ter ficado.”

“Você acredita nisso?”

“Ah, com certeza. Eu levei ele até o limite, fiz coisas inimagináveis pra conseguir a atenção dele. Eu era uma vadia sem escrúpulos. Eu praticamente destruí a melhor parte dele e ele se arrepende de ter deixado. Isso devia deixar ele neurótico, do tipo… o fazendo se questionar como uma garota de dezessete anos conseguiu foder ele desse jeito!”

“Você não agiu sozinha. O fato dele ter aceitado dormir com uma garota menor de idade diz muito sobre ele. Tecnicamente, ele cometeu um crime. Ele esteve ciente do que estava fazendo o tempo todo. Você pode ter sido mais manipulada do que imagina, afinal ele era o mais experiente entre vocês. Um homem quatorze anos mais velho, mais vivido. Ele sabia no que estava se envolvendo, ele sabia de todos os riscos e principalmente, ele sabia que você era jovem. E garotas na sua idade eram mais propensas a cairem na conversa de um homem mais maduro.”

Ela já havia parado pra pensar por esse ponto de vista. De que talvez ela não tivesse sido tão persuasiva quanto ele. De que talvez ela é que tenha caído no jogo dele. Mas ainda sim ela não tiraria a sua parcela de culpa naquilo tudo. Ela sabe o que queria na época e do que era capaz de fazer. Não importa se a medida dos pecados dele tenham mais impacto do que os dela, isso não anulava a pessoa que ela era, o que ela havia feito. Os dois tinham culpa em tudo isso.

“Sim, você pode ter razão… eu era mais ingênua do que pensava. Chegaram a me falar isso.”

“Ele chegou a te falar isso? Que se arrependeu de vocês?”

Ela sorri melancólica. “Não nessa época. Nessa época nós estávamos muito envolvidos. Depois que ele se entregou a gente passou a se pegar quase todo dia, em casa mesmo. Com minha mãe presente.” Ela vira o rosto. “Eu não… eu era uma garota bem vulgar, eu não me importava com muita coisa e eu só queria ele. Então eu o induzia a fazer isso em casa mesmo e depois de um tempo ele finalmente me levou até o apartamento dele para que a gente tivesse mais privacidade. Foi onde demos inicio ao nosso joguinho perverso.”

“E isso durou quanto tempo?”

Seus olhos encaram os da mulher à sua frente. “Durou tempo o suficiente.” Sua expressão fica pensativa. “Tempo o suficiente pra destruir tudo que havia restado de nós.”

Chapter 3: II.

Notes:

AVISO: Este capítulo contém gatilhos, por favor, leia com cuidado!!!

WARNING: This chapter includes sensitive topics. Please, read it carefully!!!

Chapter Text

20 de Agosto de 2017.

Glen, Heywood, NC.

 

O calafrio que eriça todos os pelos do seu corpo por conta do contato gelado contra sua pele quente a faz estremecer nos lençóis. Ela observa o pequeno cubo de gelo deixar um rastro molhado em sua pele conforme ele escorrega pelo meio de seus seios. Partindo de sua barriga, onde fez sua rotatória contornando o seu umbigo, a mão dele guia o cubo gélido até seu mamilo esquerdo. O frio emanado dele entra em contato com as aréolas de seu seio, contornando o bico enrijecido e o deixando brilhar por conta do rastro de água. Ela se contorce com a sensação gélida e espinhosa e isso arranca do homem diante dela um sorriso. Hipnotizada pelos lábios esticados dele, ela o observa guiar os mesmos ao encontro do seu seio e refazer o trajeto do cubo gelado com a língua antes de abocanhar seu mamilo e sugá-lo.

Ela preferia definitivamente o calor da boca dele.

Ela cruza as pernas para tentar gerar algum atrito com seu clitóris enquanto ele devora seu mamilo, ciente de que deveria estar incrivelmente molhada. A mão dele, no entanto, desce por sua barriga e abre suas pernas novamente. Seus dedos rudes esfregam seu ponto sensível e sua entrada ao mesmo tempo que seus dentes mordiscam seu bico e o puxam.

Hinata não contém o gemido que escapa de sua garganta e se contorce diante de sua mão e boca, desejando mais de ambos. Ela abre os olhos ao perceber seu erro e morde o lábio. Involuntariamente, ela puxa as mãos algemadas contra a cama quando o dedo de Naruto brinca com os pequenos lábios de sua vagina.

“Você é realmente péssima em manter esse focinho calado.”

“Me desculpe, é que é difícil…” Ela sussurra chorosa.

“Vou ter que te punir. Eu disse que era para você ficar quieta.”

Seus olhos suplicantes e seu lábio preso entre os dentes demonstram sua apreensão. “Eu sinto muito, senhor.”

Naruto se afasta e pega um novo cubo de gelo dentro do pote. Os olhos dela acompanham suas mãos. O pequeno cubo vai de encontro aos lábios dele, Naruto o suga antes de descer a mão novamente e sem cerimônias, introduzir o mesmo cubo dentro da abertura pegajosa de Hinata.

O contato frio lhe causa um espasmo e mais uma vez ela puxa os pulsos presos. Com o lábio preso ela contém um segundo gemido.

Gelado… muito gelado!

Ela tenta fugir do contato.

Naruto se deleita com as incontáveis expressões no rosto dela, todas sôfregas no intuito de conseguir obedecer as ordens dele.

Ele pressiona ainda mais o gelo contra suas paredes íntimas e Hinata estremece. Ele não empurra tudo ou do contrário não poderá remover o quadrado liso e escorregadio. Ele puxa de volta e contorna os pequenos lábios dela, esfregando em seguida seu clítoris inchado e os grandes lábios.

A visão da boceta dela toda aberta para ele o deixa incrivelmente duro. Estava molhada tanto pela secreção que ela expelia e escorria por sua pequena borda em conta do prazer e tanto pelo gelo que a contornava, causando tremeliques nela.

Ele queria tanto fodê-la.

Uma das coisas que mais o deixava excitado era manter Hinata sob seu domínio, presa e rente às ordens dele. Ela dizia que era a sua boneca , a sua cadelinha insolente e ele gostava de poder domá-la. Ela literalmente se parecia com uma boneca. Tão pequena e de cintura fina e magra, mas com curvas que derrubaria qualquer homem. Uma bunda tão macia e redonda e seios tão fartos e sedentos. Ela era tão pálida que qualquer contato marcava sua pele e Naruto adorava deixar suas digitais. Ela gostava de ser marcada por ele, de ser o brinquedinho sexual dele, de ser a boneca favorita dele.

As sessões de tortura compensavam, todas elas, se no final ela acabaria sendo preenchida por ele e gozaria em seu pau. Ela gozava tão fácil com ele, era tão bom ser tocada por ele, ser fodida por ele. Desde que os joguinhos começaram, era cada vez mais difícil se conter. Naruto estava conhecendo o corpo dela como ninguém, sabendo exatamente onde eram seus pontos mais sensíveis e como fazê-la chegar ao limite.

Ela o deixava prendê-la, surrá-la na bunda, deixar marcas de mordida e chupões pelo seu corpo. Deixava-o penetrá-la rudemente quando ele perdia o controle. Ela simplesmente adorava.

Ela sente o contato cortante e gelado deslizarem por toda a sua vagina e remexe as pernas e o quadril. Naruto introduz o cubo mais uma vez e ela prende a respiração. Queria gemer, queria gritar, queria fugir do contato. Um murmúrio sôfrego sai baixinho e chama atenção de Naruto.

“Pode falar.” Ele começa a pressionar o cubo contra as paredes dela.

“Queimando…” É tudo que ela consegue dizer e Naruto o remove.

“Será que eu consigo congelar o seu cérebro daqui?” Ele brinca e chupa o gelo que retirou dela. “Seria muito interessante…”

“Naruto…” Ela resmunga agitada na cama, sem conseguir parar de esfregar os pés contra o lençol.

“O que você quer?”

“Você!”

Ele procura por outro gelo e Hinata fica chorosa. “Está queimando… muito gelado.”

“Eu vou facilitar para você.” O cubo na mão dele é menor. Ele se aproxima de seu rosto o exibindo. “Mas se eu ouvir qualquer gemido, eu vou introduzir isso em você e deixar na sua boceta até que ele derreta.”

Ela estremece com a ideia e assente. “Eu vou ficar quietinha, eu vou sim, eu prometo.”

“Vai ser uma boa cadelinha?” Ele sorri deslizando o gelo nos lábios dela.

“Eu vou sim!”

Quando ele retorna para o meio de suas pernas, Hinata esperava que fosse conseguir suportar mais uma vez o contato frio e gélido contra seu botão sensível. Porém, quando ela sente o pequeno cubo ser introduzido de novo e vê a boca de Naruto cobrir seu clitóris, ela tem que morder o próprio braço para não gemer.

O contato quente da língua dele cria um contraste incrivelmente erótico com o frio do cubo, enviando sensações inesperadas ao sistema de Hinata. Ela fecha os olhos e sente a língua dele lamber o cubo e as bordas de sua entrada, o sugando ao mesmo tempo que a chupa. Ele afunda a boca contra sua vagina pressionando ambos os lábios e fica brincando com o cubo. Com a ponta da língua gelada, ele contorna novamente seu clítoris e começa a sugá-lo.

Hinata tentou, ela jura que tentou, mas Naruto foi sagaz, ele fez de propósito. Ele a devorou enquanto derretia o cubo com o calor da sua boca e da boceta dela que estava praticamente em chamas. Antes mesmo que o gelo derretesse por completo e dissipasse o toque gélido, Naruto sentiu escorrer por sua língua o gosto amargo e pegajoso da secreção que Hinata liberava enquanto gozava em sua boca. Quando ele sobe os olhos, ela não está somente gritando como também se contorcendo. Ele agarra em suas coxas para mantê-la no lugar e continua a trabalhar com a boca, sentindo seu pau doer dentro da calça enquanto suas narinas são invadidas pelo aroma extasiante e inebriante que a boceta dela libera, juntamente de seu néctar que escorre por sua língua.

Hinata abre os olhos um pouco desorientada e ofegante. Ela procura por Naruto. “Você… você foi longe demais.” Ela tenta se explicar. “Eu não consegui segurar… desculpe! Você não parou e eu não consegui me segurar. Estava tão bom.”

Era impressionante a habilidade dela de se parecer com uma garota inocente. A expressão em seu rosto, com as sobrancelhas unidas e olhos suplicantes, piscando aqueles longos cílios para Naruto como se ela estivesse passando por isso pela primeira vez. Ele até cairia no teatro dela, se já não conhecesse a peça de cor e salteado.

“Você se esforça tanto pra ser uma cadela má, não é, Hinata?”

Ela balança a cabeça para os lados. “Eu juro que não!” E desce o olhar para o volume evidente na calça dele, seu interior queima. “Deixa eu me redimir, senhor, por favor.”

Naruto percebe o que ela quer e se aproxima. “E como você quer se redimir por ter gozado sem a minha permissão?” Ele senta do lado dela na cama e cobre um seio dela com a mão a apertando com certa força.

“Deixa eu mamar você.” Ela resmunga com o beliscão que ele dá em seu bico. “Deixa?”

“Você quer mamar no meu pau?”

“Sim, deixa eu te aliviar…”

“Acha que eu preciso me aliviar?” Ele retira as chaves do bolso e abre a algema libertando seu pulso esquerdo. Ele afunda o joelho na cama do outro lado dela para poder liberar seu outro braço e Hinata massageia os pulsos ao se sentar.

“Acho que eu poderia cuidar disso pra você.”

“Mas você não merece, afinal você quebrou duas regras hoje.” Ele se senta mais para o meio da cama com as pernas para fora e bate no colo. “Vem cá.”

Hinata engatinha até ele e se deita de bruços em seu colo, apoiando seu abdômen em suas pernas. Ela deita a cabeça na cama e sente Naruto acariciar sua bunda nua.

“Desculpa por ter te desobedecido.”

Naruto desvia o olhar de suas nádegas para seus olhos e não consegue deixar de sorrir diante da expressão no rosto dela. A garota inocente e arrependida de instantes atrás acabou de evaporar, dando lugar a Hinata que ele conhece e vê todos os dias, esbanjando um sorriso malicioso e com os olhos brilhando de luxúria.

“Prefiro essa versão.” Ele ouve a risada dela.

“Você gosta da sua cadelinha má, confesse...” Ele desliza a mão contra sua bunda.

“Vou te mostrar do que eu gosto.” Dito isso, sua mão pesada desfere o primeiro tapa contra sua nádega e Hinata geme baixinho com a ardência.

Naruto observa a vermelhidão surgir em sua pele alva e desfere mais um tapa. Ele inicia sua punição com uma sequência ininterrupta de tapas contra ambas as nádegas rechonchudas de Hinata, que sente sua entrada voltar a umedecer com a surra que estava levando.

Cada tapa que ecoava em seu ouvido e machucava sua pele a enchia mais ainda de êxtase. Naruto afasta seus glúteos para ver o pequeno líquido escorrendo pela entrada dela.

Hinata sempre implorava por uma surra.

Ele adentra um dedo em sua vagina e ela geme contra a cama. Naruto introduz mais dois e passa a penetrá-la, sentindo o quanto o interior dela estava quente e úmido, lambuzando seus dedos. Ele os retira e com os mesmos molhados ele contorna o seu orifício anal antes de forçar a ponta do seu dedo por ele. A entrada absurdamente mais apertada do que a outra aquece seu dedo conforme ele avança. A nádega dela é afastada para que ele possa assistir sua entrada engolindo seu dedo. Ele começa a movimentá-lo dentro dela e Hinata empina a bunda para ele.

Naruto belisca sua pele e ela resmunga de dor quando ele a manda ficar quieta.

Seu dedo afunda mais e o aperto em volta dele parece esmagá-lo. Ele o remove devagar para poder lubrificá-lo novamente junto de mais um. Ele desfere mais palmadas contra seu bumbum conforme soca seus dedos nela. Com os dedos encharcados, ele volta a abrir seu buraco, mas desta vez com dois dedos e Hinata sente a resistência de seu corpo em repeli-lo. Ele movimenta as pontas dentro de seu canal anal e ela não consegue conter um gemido, se agarrando aos lençóis e tentando assimilar as sensações.

Fazia um tempo que não fazia sexo anal com Naruto e ela sentia tanta falta disso. Seu coração bate rápido na expectativa dele foder a sua bunda hoje a noite. Seus dedos empurram contra sua entrada apertada e ela quer rebolar neles, mas tenta se manter no lugar. Percebendo sua agitação e cedendo ao seu próprio desejo de fodê-la, ele se inclina para perguntar rente ao ouvido dela.

“Mesmo você não sendo uma boa garota, eu ainda vou te dar o poder da escolha.” Hinata abre os olhos e sente o hálito quente dele contra sua orelha. “Hoje você vai poder escolher onde quer o meu pau dentro de você.” Ele afunda os dedos nela. “Você quer que eu foda a sua boceta inchada ou a sua bunda marcada?”

O ar foge dos pulmões dela quando ele remove os dedos para estimular seu clitóris. “Minha bunda, minha bunda, por favor.” Ela empina a mesma e sente as mãos dele acariciando a pele avermelhada.

“Ah, é? Então peça.”

“Por favor, senhor. Fode a minha bunda, por favor, eu preciso tanto de você…”

Naruto sorri com a expressão chorosa de Hinata, mordendo o lábio e esfregando a bunda em sua mão.

Com um tapa ardido, ele pergunta. “Precisa de mim?”

“Hum, sim, sim, preciso de você!”

Lentamente, Naruto remove os dedos dela para poder se levantar e ir até a prateleira e buscar o lubrificante. Hinata o observa remover a camiseta pelos ombros e braços e sua calça acompanhada de sua boxer cair no chão.

“É isso que você quer?” Ele segura em seu próprio pênis completamente duro enquanto desliza por ele o líquido escorregadio. “É o meu pau que você quer?”

Hinata se esfrega na cama. “Uhum, é o seu pau que eu quero!” Os olhos dela brilham ao ver o membro grande e avermelhado apontando em sua direção, completamente sedenta em senti-lo dentro dela.

Naruto se aproxima da cama e passa a mão pelo corpo dela. Ele se inclina sobre seu corpo e desliza os lábios por seus ombros e costas. “Você vai ser boazinha enquanto eu fodo a sua bunda, hein?”

“S-Sim, eu vou…” Hinata sente os dedos lubrificados de Naruto a introduzirem novamente. Esparramada na cama, ela dá um gritinho quando seus tornozelos são puxados por Naruto a arrastando até a beirada da cama. Ele a posiciona com uma perna no chão e a outra dobrada no colchão, a deixando aberta para ele. Sem mais demora, segurando em seu comprimento, ele pressiona sua glande avermelhada e lubrificada contra a entrada da bunda dela e reprime um gemido quando a carne ao redor esmaga a cabeça do seu pau. Hinata geme manhosa com a bochecha colada no lençol. Com a entrada escorregadia, Naruto desliza seu membro para dentro sem demora e deixa Hinata sem fôlego abaixo dele, agarrando nos lençóis para conseguir recebê-lo. A ardência a invade, mas o prazer de senti-lo é ainda maior. Ela tem sua nuca agarrada e logo a boca dele está em seu ouvido.

“Quero você gemendo feito uma puta, entendeu?” Ele começa a investir contra sua bunda e Hinata tem seu corpo impulsionado para cima. Sua entrada apertada e estreita se abre diante o membro grosso de Naruto e ela o sente se enterrando cada vez mais dentro dela. Ele era grande e isso a causava certo incômodo, mas ela não ligava. Não existia nada melhor do que ter a sua bunda sendo fodida por Naruto Uzumaki.

Ela não mede seus gemidos, finalmente podendo soltá-los de forma incontida. Naruto a prende no colchão com a mão em seu pescoço enquanto observa o anus dela engolindo seu membro exigente lhe impondo um ritmo cada vez maior. Suas veias estão saltando para fora e seu comprimento brilha por conta do lubrificante, a entrada enrugada e avermelhada dela o engole e o esmaga, arrancando toda sanidade de Naruto em pouquíssimo tempo. Um rosnado escapa de seus lábios e ele crava os dedos na nádega avermelhada de Hinata a abrindo mais, ele empurra seu pau com mais força até que suas bolas colidam contra suas coxas.

Era um espaço tão apertado, tão fodidamente apertado. A bunda dela, tão branca, mas cheia das marcas de suas mãos o enchem de luxúria e ele volta a espancá-la de novo. Hinata grita com cada palmada. Por estar praticamente deitada de barriga na beirada da cama, ela sente seu clitóris ser estimulado contra o lençol enquanto Naruto arromba sua bunda freneticamente. As juntas de seus dedos ficam brancas com tamanha força com a qual ela agarra o lençol. Sua testa funda na cama e ela geme alto com mais um tapa. Sua boceta pulsa e lambuza o tecido abaixo dela, escorrendo enquanto seu anus é fodido. Ela sabe que não duraria muito, ela nunca conseguia segurar por muito tempo quando Naruto decidia foder sua bunda.

Era uma sensação esmagadora, muito maior que seu autocontrole. Ele sabia a foder como ninguém, o pau dele era mágico, ele era incrivelmente gostoso, era tudo que Hinata precisava. Somente ele conseguia proporcioná-la tanto prazer, somente ele a fodia tão bem. Hinata queria ser a cadelinha dele para o resto da vida.

Naruto já estava pulsando fazia horas, às vezes ele até se assustava com o seu autocontrole, pois Hinata conseguia fazê-lo pingar de desejo por ela com muita facilidade. O modo como ela se entregava a ele e ficava à mercê de seus desejos mais sórdidos o deixava completamente louco por ela. Era preciso muito esforço para não esfolar a sua bunda de dentro para fora, era preciso cuidado ao devorar a sua cadelinha insolente.

Ele agarra a perna esticada dela e a dobra sobre a cama, saindo dela, ele a empurra para o meio da cama e a ordena que fique de joelhos e com as mãos contra a janela. Com as pernas bambas, ela se esforça para ficar na posição ordenada. Ela apoia as mãos contra o vidro e pelo reflexo enxerga Naruto se ajoelhando atrás dela, suas mãos grandes puxam seu quadril e ela fica com a bunda ligeiramente empinada, o pênis dele a penetra novamente e Hinata deixa escapar um gemido. O braço dele passa por debaixo do dela e sua mão agarra seu pescoço. Hinata apoia as mãos contra o vidro enquanto ele volta a socá-la na bunda.

A cidade reluzente do lado de fora é refletida em ambos os olhos, nem ela e nem ele estão prestando atenção nos prédios mais afastados, eles estão olhando seus reflexos no vidro. Naruto passa o olhar pelo corpo de Hinata e vê seus seios balançando conforme ele empurra seu quadril contra a bunda dela.

“Você quer gozar?” Ele pergunta em seu ouvido e ela sofre para responder.

“S-Sim, por… favor… oh! Sim!”

“Então goze pra mim!” Ele aperta a mão contra seu pescoço e afunda seu pau em sua entrada apertada com mais velocidade. Os gemidos de Hinata ficam mais desordenados e seu corpo enfraquece. Ela empina mais a bunda e fica quase de quatro quando toca em seu clitóris para finalmente gozar. Ela só precisou encostar e quando percebeu já estava convulsionando nos braços de Naruto em um orgasmo avassalador.

Ela grita o nome de Naruto diversas vezes enquanto é atingida pelo clímax que logo é compartilhado por ele. Não demora muito para que ele sinta sua glande expelindo seu esperma dentro do buraco apertado de Hinata, preenchendo seu canal anal. Ele geme arrastado contra o ouvido dela enquanto seu membro lateja em sua bunda.

Hinata leva a mão até a nuca de Naruto e geme manhosa para ele poder gozar dentro dela. Ela pode sentir o líquido quente em seu anus, escorrendo por sua perna. Ela acaricia seu cabelo e se vira para beijá-lo. Os dois caem exaustos na cama. Após a euforia passar, Hinata se espreguiça e deita parcialmente em cima de Naruto, que parecia estar quase dormindo.

Ela puxa seu rosto e ele resmunga, mas abre os olhos sonolentos para encará-la. Seu cabelo negro grudava em alguns pontos do seu rosto e suas bochechas geralmente pálidas ainda estavam coradas pelo sexo de minutos atrás. Naruto encara aqueles olhos perolados que parecem absorver toda luz que emergia da cidade através da janela ao lado deles. Ela sorri para ele, como sempre fazia quando transavam, satisfeita por ter sido a bonequinha dele. 

Ele se amaldiçoa por achá-la tão linda, tão obscuramente bela. Ele se amaldiçoa a cada segundo com ela, porque aquilo era errado, ele estava errado. Ela era linda, mas era nova demais para ele e a sua vida já estava complicada o suficiente.

Ele segura em seu rosto e desliza o polegar pelos lábios inchados dela, que tratam de sugá-lo para dentro da boca. Os olhos dela encaram a cidade lá fora e de repente ela parece uma pintura trágica e tristemente perfeita, uma estrela que teve seu fim colidindo com outro astro e deu origem a uma nebulosa incandescente. Uma obra-prima que ele nunca teria condições de obter.

Aqueles olhos, embora reluzentes, eram como um buraco negro, sempre absorvendo qualquer resquício de luz ao seu redor. E cada vez que eles pairavam sobre ele, Naruto sentia o pouco que restava de sua própria luz ser sugada por Hinata.

Ela era o fruto proibido e ele seria condenado por tocá-la.

Ela valeria a pena?

As pérolas são escondidas atrás de suas pálpebras quando os lábios dele vão de encontro aos dela.

 

(...)

 

Era comum os olhos dela refletirem o céu acima, especialmente quando estava nublado. Havia algo sobre as nuvens cinzentas e carregadas esconderem tão bem o maior astro do sistema solar acima da troposfera. Era impressionante elas terem essa habilidade, de obscurecer a força da vitalidade que emergia do sol a ponto de você esquecer que ele existe.

Fazia um belo contraste com a sua vida, a fazendo comparar a camada cinzenta e nebulosa com a sua jornada e fazendo do sol escondido atrás desse véu um raio de esperança que ela se perguntava se a atingiria em algum momento da sua vida.

Se em algum momento ela sentiria esse calor que chamam de felicidade. Algum dia ele iria enfim brilhar para ela também?

O sinal anunciando o fim da aula a puxa de volta para a sala de aula e ela começa a juntar seus pertences. A caminho do refeitório, ela decide pular a refeição. Um sinal de cabeça é o suficiente para Kiba sair da fila e segui-la para fora do refeitório. Eles atravessam o ônibus escolar estacionado no mesmo lugar há 3 anos por falta de manutenção e atravessam uma pequena abertura que dá acesso a um pequeno recinto onde eles geralmente se juntavam para fumar. Exatamente o que iriam fazer agora.

Hinata deixa sua mochila no caminho e pula em cima de uma das latas de alumínio para se sentar. Ela retira do bolso seu cigarro e o acende, sendo acompanhada por Kiba.

Kiba era atualmente o único companheiro que não havia abandonado o bando de Hinata ao longo do tempo. Eles costumavam ser mais de cinco, mas as coisas mudavam com frequência. Ela ainda tinha a companhia de Shino e Rock Lee algumas vezes, mas Kiba era quem sempre estava ao lado dela feito um cachorrinho. Ele era o seu maior fornecedor, sempre arrumando uma maneira de dar a Hinata o que ela queria quando não conseguia pegar com as próprias mãos.

“Como andam as coisas na sua casa?” Kiba preenche o vazio ao se sentar no chão.

“Mesma coisa de sempre.” Ela dá de ombros e descansa a cabeça contra a madeira, encarando novamente as nuvens.

“E Hanabi? Anda indo bem na escola?”

“Sim, ela sempre vai bem, é um gênio.”

“Mas ela disse que estava com dificuldades em matemática.”

“Te disse é?” Ela o olha de relance.

“Eu converso com ela quando estou na sua casa. Ela gosta de mim.”

“Claro que gosta.” Ela sorri. “Ela estava, mas Naruto deu umas aulas para ela. Parece que ajudou.”

“O Naruto? Seu padrasto?” Ele ri nasalado.

“Uhum, ele mesmo e qual a graça?”

“Sei lá, não pensei que vocês fossem se dar tão bem com o novo namorado da sua mãe.”

“Ele é professor!” Ela explica como se fosse óbvio. “Sabe lidar com crianças e pirralhos da idade da Hanabi.” Seu cigarro queima um pouco. “Ela deve gostar mais dele do que de você.”

“Virou uma competição agora?”

Ela dá de ombros, divertida. “Não é você que está aumentando as notas dela em matemática.”

Kiba bufa. “Vai se foder!”

Ela sorri e volta com seu cigarro.

“Então, ele é um cara legal?” Ele a olha. “Esse tal Naruto. O que você achou dele?”

“Ele não é ruim. É reservado, fica muito na dele e geralmente não invade nosso espaço, o que é tudo que eu preciso.” Ela soa indiferente, mas a lembrança da noite de quatro dias atrás invade sua memória, a fazendo pigarrear.

“E sua mãe parece gostar mesmo dele?”

Hinata aperta os lábios. Sim, sua mãe parecia gostar mesmo de Naruto, o que só aumentava a sua satisfação em tê-lo com ela. Seria bom tirar dela algo que ela amava também.

“Acho que sim, eu não sei. Sabe que eu não ligo para o que acontece na vida dela.”

“Apesar do que você fala dela, a sua mãe é bonita…” Ele divaga sozinho e atrai o olhar de Hinata.

“Por que não foi se apresentar como pretendente?”

“Você acha que ela gosta de caras mais novos?” Ele sorri com suas garrinhas nos dentes.

Hinata faz uma careta. “Ela odeia o cheiro de cachorro molhado.” O sorriso de Kiba morre dando vez ao dela. “Mas tente algum dia, vai que você dá sorte!”

“Você gosta desse cachorrão aqui!” Ele rebate enfiando o cigarro na boca. “Nunca ouvi você reclamar.”

Divertida, Hinata joga nele uma pequena pedra. Kiba reclama, mas se levanta apagando o seu cigarro. Ele se aproxima de Hinata.

“Se bem que ultimamente você tem me deixado pra escanteio.” Ele puxa a perna dobrada de Hinata para baixo para se envolver entre elas. “Faz um tempo desde que você me procurou.” Ele enfia o rosto na curva do pescoço dela. “Eu não tenho mais dado conta do recado?” Sua boca entra em contato com sua pele e Hinata sente seu corpo ficar tenso. Ela empurra seus ombros.

“Não, nada disso, eu só não to tendo cabeça para isso…” Ela tenta se esquivar e lhe envia um sorriso torto.

Kiba aperta sua coxa e investe novamente. “Eu posso te fazer ficar na vontade de novo, que tal?” Sua boca ataca novamente e Hinata sente que vai precisar afastá-lo com mais força. Se Naruto visse qualquer marca em seu corpo, ele não iria tocá-la mais.

“Kiba… aqui não é lugar…” Ela desvia de sua boca. “O sinal já vai bater.” Ela se levanta e apaga o seu cigarro.

Ela ouve a frustração de Kiba. “Você tá distante pra caralho ultimamente. O que foi? Achou um brinquedinho novo?” Ele bagunça os cabelos castanhos e a encara.

“E se eu tiver? O que você tem a ver com isso?”

“Caralho, Hinata!”

“Quantas vezes vou ter que te lembrar que você não é meu namorado?”

“Tá bom, não precisa repetir. Mas não tô falando só do sexo, você sumiu mesmo. Não tem ido mais com a gente até a Afterlife. Você praticamente abandonou os rolês, não sai mais com a gente, nem quer mais saber da galera! Não tô falando só de mim.”

“Ai, pelo amor de Deus, que grudento!” Ela se inclina para pegar a mochila. “Deixo de ir a alguns rolês e estou te abandonando?”

Desde que se envolveu com Naruto, Hinata tem passado seus finais de semana no apartamento dele, passando a maior parte do seu tempo com ele quando ele não estava ocupado. Esse era o motivo da sua distância dos amigos. Ela achou algo mais interessante para fazer.

Mas Kiba era exatamente como um cachorro que vivia agarrado em sua perna. Ele não a deixava em paz.

“Eu só… sinto a sua falta.”

Hinata reprime a vontade de revirar os olhos. “Você me vê todos os dias nesse inferno de lugar, porra!”

“Você me entendeu!”

“Eu não vou transar com você só porque você tá carente, até parece que se esqueceu com quem está falando. Eu não vou ser sua boceta de consolo!”

Ela vira as costas, mas Kiba segura a manga do seu moletom.

“Tá, tá, tá! Ok, que tal uma social hoje, então?”

Hinata o envia um olhar cheio de tédio e ele continua.

“É na casa do Deidara!” Ele sobe as sobrancelhas. “A galera toda vai estar lá, a gente pode só ficar de bobeira juntos em um canto, eu prometo que não vou te atacar e nem nada.”

“Eu não sei, não to muito afi-

“Eu posso descolar alguns doces pra gente.” Ele interrompe Hinata e ela vira para ele. “Pra deixar você mais animada.”

Hoje era sexta e não tinha Naruto no cronograma, o que significava que ela poderia aproveitar a noite como quisesse. Tudo que ela não podia fazer era ir para cama com outro garoto, mas tirar um tempo para se divertir não a faria burlar nenhuma lei.

O sorriso no rosto de Kiba evidencia a sua resposta.

 

(…)

 

Quando ela retorna para casa, ainda tem esperanças de ver Naruto durante o dia, mas percebeu que esperou o dia inteiro em vão. Ele não visitaria a casa Hyuga hoje. Quando o dia anoiteceu, ela encontrou com Kiba do lado de fora de sua casa e juntos eles partiram para a casa de Deidara.

Aparentemente, era aniversário do coleguinha rico e arrogante da escola e aproveitando a brecha que os pais deram ao viajar, Deidara se encarregou de planejar sua própria festa de aniversário. O que não era diferente em quase nada das demais festas que ele arquitetava.

A casa dele era grande e com uma piscina imensa. Quando Hinata e Kiba chegaram, eles se juntaram a Shino.

“Hinata finalmente nos deu o ar de sua graça.”

“E aí, Shino! O que temos pra hoje?”

“Um bolo gigante de maconha!” Ele apontou com a cabeça em direção à sala e através das paredes de vidro Hinata viu o bolo de aniversário de Deidara.

“Não tem o formato-

“Mas é um brisa-bolo .” Ele explica e Hinata ouve a risada de Kiba. “O bolo tem…?”

“Sim, tem, nos 3 andares.” E foi impossível até para Shino não rir quando Hinata se curvou na frente dele.

Eles se juntaram e entraram na casa relativamente cheia. Hinata agarra uma garrafa de cerveja para começar a noite e não demorou muito para Kiba lhe chamar para um canto mais reservado. Ela abre a boca e Kiba deposita uma pílula em sua língua esticada.

Quando a bebida de Hinata acaba e ela encaminha até a cozinha para procurar mais na geladeira, uma garota alta e loira a aborda do balcão.

“Hyuga!”

Ela se vira e se depara com um par de olhos azuis, cabelos longos e lisos e seios quase saltando para fora do vestido agarrado, curto e de alças de Ino.

“Servida?” Ino assentiu e ela lhe entrega uma cerveja.

“Não sabia que você apareceria por aqui hoje, faz um tempo que você não dá as caras.”

Ela dá de ombros. “Andei meio ocupada.” Ela se apoia no balcão.

“Eu duvido muito!” Ela desdém e Hinata ri.

“Eu não sou uma vadia desocupada.”

“Você é exatamente uma vadia desocupada! Não vem com essa.”

“Digamos que eu tenho as minhas prioridades.” Ela encara Ino ao beber. “E isso aqui. “Ela gesticula ao redor. “Não tem me atraído tanto.”

Ino a observa beber e se inclina mais no balcão. “E o que exatamente tem te atraído ultimamente?”

Os olhos de Hinata acompanham os dedos da loira brincando com seu colar adornando seu pescoço. “Minha cama.” Ela toma outro gole. “Sou uma alma velha, me canso fácil.”

“Nunca te vi se cansar de festas, você praticamente morava na Afterlife.”

“É bom dá um tempo de vez em quando, pra bater a saudades. Eu só estive meio away … Sem muito ânimo.”

“Foi essa falta de ânimo que nos afastou também?”

“Não estamos afastadas, nos vemos todos os dias no colégio.”

“Isso quando você decide aparecer por lá também. Qual é, você sabe do que eu tô falando…”

Hinata ri sem jeito. Ino sempre arrumava uma maneira de encurralá-la contra a parede.

“Ino…”

“Parece que você se cansou fácil de mim.”

“Eu nunca me cansei de você!”

“Então por que sempre que te procuro, eu não te acho?”

“Porque… eu sou assim, eu sumo, é o que eu faço, não é pessoal, eu meio que preciso. Eu sou uma porra loca chata pra caralho, você não ia me querer por perto por muito tempo, vai por mim.”

“Você gosta de se fazer de difícil, hein.”

“É um aviso!” Hinata a olha. “Vai por mim, ter apenas partes de mim é bem melhor.”

“Por que você sempre faz isso?” Ino a pergunta enquanto a observa procurar algum petisco no balcão.

“Isso o quê?”

“Afasta as pessoas.” Seus olhos buscam sinceramente por uma resposta. “Repele as pessoas como se elas fossem um câncer.” Ela gesticula com as mãos.

“E você não concorda que elas são?”

“Você nunca parou pra pensar que possam existir pessoas que se importam com você de verdade?”

Ela quase sente vontade de rir.

“Você é uma delas?”

“E por que não?”

Hinata apoia as mãos no balcão. “Você é uma princesa muito fodida, sabia disso?”

“Eu tô falando sério.”

“Eu acredito em você, mas isso não vai adiantar. Se preocupe com pessoas que merecem a sua atenção, Ino.” Ela puxa o queixo da loira para perto. “Só de ter o seu olhar de desejo é o suficiente pra mim porque, a partir daí, podemos fazer algo a respeito.” Ela sorri ladina.

Ino suspira enquanto encara aquele par de pérolas que sempre fizeram seu coração palpitar além do normal. Era uma maldição ter uma queda por Hinata Hyuga, mas o que ela podia fazer? Não conseguia desencanar.

Por mais que ela quisesse se aproximar, Hinata sempre a impedia.

“Você poderia deixar essa princesa fodida cuidar da sua gatinha gótica viciada em leite batizado.”

A risada de Hinata invade seus ouvidos. “Você cuida do seu jeito e eu adoro.”

“Mas tem me evitado. É literalmente uma gata que escorrega da minha mão quando tento te agarrar.”

“O que eu posso fazer, sou uma gata petulante e rebelde. Talvez eu goste de fazer manha.” Ela puxa o queixo da loira e deposita um selinho demorado em seus lábios.

Ino fecha os olhos e inala o cheiro dela. “Você gosta dessa pose misteriosa, não é?”

“Vai dizer que não é exatamente isso que te atrai em mim?” Hinata tenta se afastar, mas Ino a impede puxando seu rosto e lhe roubando um beijo, o que deixa Hinata desorientada.

“Você é uma vadia irreparável mesmo!” Ela sorri contra sua boca e agarra em seu pulso enquanto contorna o balcão. “Vem, vamos dançar.”

“Ino, espera-

“Tá tudo bem, eu me contento com algumas partes de você, umas bem específicas.”

Hinata já estava alterada tanto pela bebida quanto pelo estimulante que havia tomado mais cedo. Então foi fácil sua mente voltar para os encontros que tinha com Ino, subitamente lhe dando saudades dos tempos compartilhados.

Ela havia de fato parado com seus encontros casuais depois que Naruto apareceu, o que aparentemente chamou a atenção dos colegas, todos notaram seu sumiço das festas. Não era muito comum da parte dela se ausentar. Mas o acordo que Naruto impôs a ela foi justamente esse. Sem sexo com outros rapazes e sem drogas. Ela estava cumprindo apenas uma das exigências.

Os seus sentidos ficavam mais desordenados quando ela se drogava e geralmente ela esquecia de alguns momentos quando estava no ápice. Ela usava várias vezes na noite dependendo do quanto estava se divertindo e hoje ela acreditava que iria embora cedo, mas isso foi antes de Ino aparecer, arrastá-la para a pista de dança e começar a esfregar seus seios nos dela enquanto dançavam. A garota loira sempre teve uma queda pela Hyuga e por um tempo elas chegaram a compartilhar várias noites juntas na casa de Ino. Mas como ela mesmo havia analisado, Hinata era escorregadia e desafetuosa, o que a permitia acabar com os joguinhos quando quisesse e sem remorso algum. Ela sempre deixava claro que era apenas sexo, mas isso não impedia algumas pessoas de a desejarem um pouco além disso, como Kiba e Ino.

Hinata havia afastado Kiba mais cedo e ele certamente não conseguiria nada dela essa noite também, mas ali no meio da pista, dançando com Ino, que constantemente tocava em alguma parte da sua pele por baixo da blusa, a libido de Hinata acabou sendo despertada, seja pelos toques dela ou pela maldita pílula. Não importava mais. A única coisa que importava no momento era encontrar um quarto naquela imensa casa.

Ela estava praticamente sendo arrastada por Ino enquanto subia as escadas entre beijos e risadas. Estava difícil sair do lugar para procurar um quarto, até porque Ino não desgrudava a boca da dela, a empurrando contra a parede mais próxima a todo momento e a agarrando.

O som da cabeça de Hinata batendo contra o chão foi abafado pelo carpete felpudo do quarto, mas a queda foi motivo o suficiente para arrancar risadas exageradas das duas. Hinata ia se escorar em uma porta, mas a abriu ao mesmo tempo, e acabou caindo de costas com Ino em cima.

“Porra, Ino!”

“Desculpe!” Ela sai de cima de Hinata para fechar a porta. Ela aproveita para remover as sandálias e quando Hinata esta em pé novamente, ela a empurra contra a porta e beija seus lábios.

As mãos de Hinata apertam sua cintura sobre o vestido e a puxam para perto. Ino espalha beijos por seu pescoço ao descer a mão por sua blusa e agarrar seu seio por baixo dela. Hinata levanta seu rosto para poder beijá-la enquanto as mãos de Ino abrem o zíper de sua calça e invadem sua calcinha. As mãos de Hinata tentam se escorar na porta quando o dedo dela acaricia sua boceta encharcada.

“Porra!” Ela geme incontida e agarra a nuca da loira que volta a morder e chupar seu pescoço. A sensação parece lhe trazer uma memória importante, mas Hinata tem dificuldade de processar a fonte.

“Eu sinto… eu sinto que não deveria estar fazendo isso…” Ino afunda os dedos nela e Hinata começa a mover o quadril em direção a eles. “Caralho, caralho, Ino!”

“Por que não deveria estar fazendo isso, hum? Não sentiu minha falta?” Ela levanta a blusa de Hinata e abocanha seu mamilo exposto. Hinata sente que vai derreter nas mãos dela.

“É que eu… e-eu…” O dedo entre o indicador e o anelar dela estimulam seu clitóris e Hinata perde a linha de raciocínio. “… Porra, eu não sei! Merda!”

Ela agarra o couro cabeludo da loira e a beija novamente. Aos tropeços elas caem na cama juntas e Hinata afasta sua cabeça por um momento. Seus olhos analisam seu rosto ofegante. “Você não é um garoto…”

“Bem observado, pearls .” Ela ri. “Decepcionada?”

Hinata move a cabeça para os lados rapidamente. “Não, não, tá tudo certo, vem cá!” Elas se beijam e Ino trata de terminar de puxar o jeans de Hinata a deixando apenas de calcinha. Deitada na beirada da cama e com as pernas penduradas, Hinata fica apoiada nos cotovelos para observar a boca gulosa de Ino contornar seu mamilo e mordê-lo. Ela desce por seu abdômen e se ajoelha no chão e entre as pernas de Hinata. Com os olhos brilhando a morena observa Ino colocar sua calcinha de lado e passar a língua em sua entrada a deixando mais molhada. Hinata ofega com o contato e tomba na cama novamente quando Ino começa a trabalhar.

“Ah, porra!” Ela agarra os fios de Ino e esfrega seu clitóris contra a boca saliente dela, sentindo a língua dela estimulando seu botão sensível em uma velocidade que a fará gozar. Ela rebola freneticamente contra a boca da loira levantando seu quadril para cima e estremece na cama quando seu orgasmo a atinge, vindo em uma onda tão avassaladora que Hinata acaba vendo estrelas por baixo das pálpebras fechadas.

Ela sente uma pressão em seu baixo ventre e agarra a cintura de Ino quando ela se senta em cima dela. O beijo compartilhando faz Hinata sentir o gosto da própria boceta.

“Senti falta do seu gosto, Hina.”

Ainda tomada pela onda de prazer, Hinata inverte as posições delas na cama e Ino fica por baixo. Removendo as alças do vestido os passando pelos braços, Hinata puxa o tecido para baixo revelando os seios fartos da loira, ela os apalpa ao mesmo tempo que os mama, levando Ino à loucura. Hinata desce a mão para a entrada dela e também empurrando sua calcinha para o lado, não tarda em introduzir dois dedos para socá-los nela. Ino agarra em seus ombros e levanta o pescoço para Hinata chupá-lo. Sua entrada umedece contra os dedos dela e Ino geme baixinho, mordendo o lábio. Hinata encosta sua testa na dela e elas se encaram enquanto os dedos da morena dedam a boceta inchada de Ino. Ela investe o quadril para cima e pode sentir Hinata afundar mais dentro dela até conseguir estimular os nervos do seu clitóris por dentro com a ponta dos dedos.

Ino abre as pernas e rebola contra os dedos dela, sentindo o calor tomar conta dela. Ela sente seu clitóris pulsar e geme manhosa enquanto Hinata fode sua boceta com os dedos cada vez mais rápido.

“Ah, Hina… oh!” Hinata observa ela ofegante embaixo de si e rebolando cada vez mais contra seus dedos, ela estava perto.

“Senta na minha cara e goza na minha boca!” Ela pede e remove os dedos. Hinata volta a se deitar e puxa Ino para ela. Sabendo que não vai durar muito, ainda trêmula, Ino levanta mais o vestido e se posiciona para se sentar no rosto de Hinata. A morena puxa sua calcinha de lado e sem rodeios começa a chupá-la com voracidade. Hinata lambe sua entrada para colher do seu néctar e toda a extensão de sua boceta inchada e avermelhada, ela suga o clitóris entre os lábios e com a sucção Ino começa a rebolar contra sua boca freneticamente. Ela apoia a mão contra a cabeceira da cama e grita de prazer quando atinge o seu clímax.

A língua de Hinata trata de estender seu orgasmo e Ino estremece contra sua boca, esfregando sua boceta toda contra os lábios inchados dela.

Ela cai na cama ao lado de Hinata, completamente ofegante.

“Porra! Como eu senti sua falta!”

Hinata solta uma risada. “Eu também senti a sua.” Ela bagunça sua franja e enruga a testa. “Merda…”

Ino a olha. “Por que disse que não podia estar fazendo isso?” Ela pergunta. “Kiba está com ciúmes de você de novo?”

A imagem de Naruto surge em sua mente e ela estremece.

“Eu acho que… eu preciso ir.” Ela se levanta e tenta colocar seu jeans sem cair. Sua blusa é ajeitada no lugar e ela vai até o banheiro para poder lavar o rosto.

Ela observa Ino ajeitando o seu vestido e recolocando as sandálias, exatamente como uma princesa. A loira sorri ao vê-la contra o batente da porta.

“Queria que voltássemos ao mesmo fluxo de antes.” Ela alisa a bochecha pálida de Hinata. “Eu realmente sinto a sua falta.”

Hinata agarra seu dedo e o chupa, arrancando uma risadinha de Ino. “Eu não valho o seu tempo.” Ela diz ao depositar um beijo lento nos lábios dela. “E você é gata demais pra mim.” Ino sorri. “A gente repete isso a qualquer hora.” E com um último beijo, Hinata sai do quarto.

Seu senso de coordenação ainda estava prejudicado, então ela tem que se escorar nas paredes enquanto desce as escadas. Ao alcançar o salão principal, ela percebe poucas pessoas presentes, a maioria desmaiada no sofá ou no chão. Seus olhos procuram por Kiba para arrastá-lo junto dela ou simplesmente avisar que estava de saída. Hinata faz uma pausa ao ouvir um certo burburinho vindo do quintal da casa. Um som em uníssono indicava que estava tendo algum espetáculo. Ela vê o cabelo espetado e a jaqueta de couro com espinhos de Kiba e se aproxima, mas ao chegar perto o suficiente e ter sua visão preenchida pelo boneco que estava pendurado na sacada, sendo alvo das pancadas de Deidara, sua mente é inundada por memórias que a atormentavam e seu corpo enfraquece, a fazendo cambalear para trás e cair no chão.

Kiba percebe sua presença e se vira.

“Hinata!” Seu sorriso morre quando ele percebe a expressão de pânico em seu rosto. “Ei, Hinata, está tudo bem?” Ele se ajoelha ao lado dela e segue seu olhar, indo direto para o boneco de pano pendurado com uma corda no pescoço e com rabiscos assinados pelos amigos de Deidara e sendo alvo de pancadaria, aos poucos se deteriorando e vazando balas de maconha.

Ele a escuta engasgar. “O que você está sentindo? Hinata, fala comigo, o que tá acontecendo? Você está passando mal?”

Ele puxa seu rosto para perto para que os olhos dela o encontrem, mas eles se recusam a focar em qualquer outra coisa senão no maldito boneco. Hinata sente sua mente girar e sua garganta arder com um enjoo que domina seu estômago. Ela se livra das mãos de Kiba e caindo pelo caminho, corre até o banheiro mais próximo para vomitar.

Ela se senta ao lado da privada com um braço apoiado na tampa enquanto limpa a boca, mas o gosto continua em sua língua. Ela tenta focar em qualquer outra coisa que não seja seu coração batendo freneticamente no peito, mas não tem muita coisa interessante no banheiro. Ela pisca algumas vezes para que as imagens saiam de sua vista, desapareçam de suas memórias, mas não consegue.

O ambiente começa a ficar pequeno apesar do banheiro ser ridiculamente grande. Seus olhos varrem o local e ela tem a sensação das paredes estarem se aproximando dela. Seus olhos estão marejados e sua garganta dói junto do aperto que domina seu peito ofegante. Ela pressiona a mão contra o tórax e agarra sua blusa, como se sua mão pequena pudesse simplesmente arrancar aquela agonia crescente e jogá-la no lixo ao lado dela.

Está ficando sufocante aqui dentro…

Ela puxa a camisa e inspira fundo diversas vezes, como se de repente todo o oxigênio tivesse ficado escasso no banheiro. Um zumbido crescente toma conta de seus ouvidos e ela se sente surda. O som da euforia lá fora sendo abafada.

Não, não, não, não, não, porra, não!

Ela apoia as mãos e joelhos no chão gelado e aperta suas pálpebras. Seu peito sobe e desce numa tentativa de inalar mais ar. Sua garganta está se fechando e sua cabeça doendo.

A imagem não vai embora, por mais que ela tente, ela não vai. Sua cabeça balança para os lados para dissipá-la. Ela ainda pode ouvir o burburinho abafado do lado de fora, eles estão gritando e comemorando enquanto ele está lá, pendurado pelo pescoço enrolado em um cabo de fibra, esganado, sufocado, enforcado, com os olhos vermelhos e esbugalhados, sem ar, sem vida.

Sua visão fica embaçada. Ela estava chorando?

Não! Porra! Não!

Ela engasga ao reprimir a queimação em sua garganta e em um ato de desespero, ela começa a abrir todos os armários do banheiro. Jogando no chão tudo que não lhe era necessário, ela tem a sorte de encontrar atrás das toalhas um pacote de giletes fechado, provavelmente do pai de Deidara. Ela rasga o pacote e pega uma gilete. Sentindo que o ar vai a abandonar completamente dentro de instantes e se vendo mergulhada em uma poça incessante de lágrimas, com as mãos trêmulas e a vista embaçada, ela pisca para que o pequeno montante de lágrimas escorregue pela marca d’água de seus olhos e puxa a manga de seu moletom rapidamente, ela pressiona a lâmina contra sua pele e sente o tecido se rasgando, criando uma pequena camada de sangue na linha horizontal.

Fazia tanto tempo desde a última vez…

A dor a traz de volta para a realidade. Uma sensação de alívio a invade e ela consegue respirar novamente. A dor tem o poder de apagar a sua memória e ver o sangue escorrendo a lembra de que ela está viva, mesmo que pela metade, mesmo que às vezes não seja assim que ela se sinta.

Suas costas escoram contra o azulejo gélido do banheiro e sua cabeça tomba para trás. Suas bochechas estão mais úmidas do que ela gostaria, mas já passou. Ela leva o braço até a boca e tampa o ferimento com os lábios, sentindo o gosto metálico de seu próprio sangue. Ela fecha os olhos para permitir que o cheiro de ferro invada suas narinas e aperta os dentes ao redor da ferida. Uma carranca de dor a atravessa. Um barulho na porta é ouvido e no segundo seguinte ela é aberta por um Kiba preocupado.

“Eu te procurei por toda parte!”

Ao fitar os tênis surrados de seu amigo parado à porta, Hinata encara o inevitável, sentindo a realização da sua situação caindo sobre si e se rendendo ao que ela já suspeitava, ao que ela já sabia. Os seus dias nunca mais serão aquecidos por aquele sol escondido acima das nuvens.

Não existia a menor chance daqueles raios a alcançarem novamente.

 

(...)

 

Ela tentava se lembrar da dica que recebeu para poder resolver aquela equação. Estava mais difícil do que esperava. Sempre que as vírgulas se misturavam com os números, seus cálculos ficavam imprecisos. Era frustrante, mas ela conseguiria.

A borracha na ponta do lápis apaga a mesma linha mais cinco vezes até ela acreditar que atingiu um bom resultado. Ela o abandona na mesa e estica os braços para o alto, se espreguiçando e tentando estalar alguns ossos das costas. Ficaram muito tempo curvadas.

A garota checa seu telefone celular e sorri com a mensagem da amiga e a navegação pelas redes sociais a distrai por alguns minutos. Ela só se lembra de que precisa dormir quando um bocejo involuntário escapa pela sua boca. A tela do celular é bloqueada e ela se levanta para guardar seu material. Ela caminha até o banheiro para escovar os dentes e desce as escadas para encher a sua garrafa de água que mantinha no criado-mudo perto da cama. 

Parada na porta da geladeira, ela ouve a porta da entrada fechar com um estrondo consideravelmente alto.

Seus olhos observam sua irmã mais velha entrar com os cabelos escorrendo e escondendo seu rosto. Ela não a notou na cozinha. Parecia bêbada, o que era comum. Estava cambaleando e se apoiando nos móveis, mas havia algo a mais. Suas mãos estavam se movendo fazendo sinais como se ela estivesse falando com alguém.

Os olhos opacos de Hanabi captam os passos dela até o quarto e ela percebe que a irmã não usou força o suficiente para fechar a porta.

Deixando a garrafa de água na mesa e com passos de gato, ela se aproxima devagar do quarto dela tentando enxergar algo pela pequena fresta. Ela escuta a voz da irmã murmurando baixo e encosta metade do rosto contra o batente da porta. Mesmo com a visão reduzida, ela consegue ver Hinata deitada na cama de bruços lutando para remover o moletom. Ela parecia estar imersa em outro universo, pois falava sozinha e ria de alguma piada interna.

Ao se livrar da blusa, ela se vira na cama ficando de barriga pra cima, a cabeça dela fica quase pra fora da beirada. Hanabi observa a expressão alheia de Hinata, com os olhos semiabertos e lábios se mexendo. Era como se ela tivesse sido sedada e o efeito estivesse iniciando, a levando aos poucos desse mundo.

Hinata gesticula com a mão observando seus dedos que pareciam incrivelmente interessantes, mas logo ela joga os braços abertos para os lados e é nesse momento que Hanabi se arrepende de ter espionado a irmã.

Seus pés sobem o mais rápido que podem a escada e logo ela se encontra sentada em sua cama, no conforto de seu quarto e com a porta trancada. Enquanto fitava o tapete de seu quarto, a imagem de três linhas avermelhadas no pulso da irmã custam a deixar sua mente. Ela se lembra de ter visto isso em algum lugar, sabia o que significava. O semblante vazio e distante da irmã a incomoda e algo parece crescer dentro de seu peito, algo que insiste em sair por sua garganta como uma bola de gude enorme.

Hanabi sente algo morno e molhado pingar nas costas de sua mão que ela não havia percebido que estava tremendo. Ela agarra seu pulso com firmeza para impedir a tremedeira e aperta os olhos deixando que eles vazem por suas bochechas.

Ela desejou ter levado mais cinco minutos para decidir descer até a cozinha. Cinco minutos a impediriam de estar no estado em que estava agora.

Foi a primeira vez que ela viu sua irmã estar sob os efeitos das drogas. E foi a primeira vez que ela se deu conta do quanto Hinata realmente sofria.

 

_______

 

17 de Março de 2031.

 

“Foi a primeira vez em muito tempo que eu me cortei.” Ela se explica. “Não é algo que me orgulho, mas ajudava.”

“E quando foi a primeira vez?”

“Quando tinha 15 anos, depois que visitei o túmulo do meu pai. Foi a primeira vez que fui vê-lo e fui sozinha, pensei que seria melhor assim, não queria minha mãe por perto, ela me irritava. Mas foi uma atitude idiota, não foi uma boa ideia, só me deixou pior.” Ela aperta o tecido da blusa. “Ler o nome dele gravado naquela lápide não me fez bem, achei injusto. Me recusei a chorar, não queria chorar, estava com muita raiva. Então pensei que seria bom pra me distrair. Sentir um tipo diferente de dor.” Ela levanta os olhos. “Funcionou por um tempo.”

“Automutilação ou autolesão é um indício de pretensão suicida.”

“Que irônico, não? Deve ser de família então, uma merda hereditária.”

“Você chegou a pensar nisso quando se auto mutilava? Em tirar a própria vida?”

Ela vê a pena nos olhos cintilantes da dona da pergunta enquanto aguardava por sua resposta.

“No início não, era apenas para aliviar a dor no meu peito, pura distração.”

“E depois? Você chegou a tentar?”

Ela para pra pensar na única vez que realmente teve coragem pra isso. Mas ela não tem certeza se teria feito o que fez se estivesse com a mente limpa. Foi um conjunto de fatores.

“Uma vez, é, eu fiz.”

“Por quê?”

Um longo e cansado suspiro, sua mão descansa na testa. “Minha mãe.” Ela diz como se esse tivesse sido o motivo. “A gente discutia muitas vezes e por qualquer merda, o clima em casa era uma droga e… bom, eu tava na merda também, e aí um dia eu fui pega com maconha no banheiro da escola, me delataram e ligaram pra minha mãe.”

Curiosamente ela sente vontade de rir.

“Obviamente, fui expulsa do colégio e quando cheguei em casa tive que ouvir um sermão dela, que não foi bem um sermão, foi mais um caminhão de frustrações com a filha incompetente que ela despejou em mim.”

“O que a sua mãe te disse?”

Ela puxa na memória.

“Ela envolveu o meu pai na discussão.” Seus ombros caem um pouco. “Ela envolveu o meu pai morto numa discussão que não existiria se ele estivesse vivo.”

 

_________

 

08 de Maio de 2016.

Vista Del Rey, Heywood. NC

 

A porta do carro bate com força assim que Hinata sai de dentro. Com passos duros, ela corre para dentro de casa, mas é seguida por sua mãe que estava com os nervos tão a flor da pele quanto ela.

“Ei! Nem pense em se trancar no seu quarto, Hinata! Volta aqui!” Uma vez que é ignorada, ao passar pela sala, ela joga a bolsa no sofá e corre para agarrar o pulso da filha.

“Que porra você pensa que está fazendo, garota? E olha pra mim quando eu estiver falando com você!”

“Me solta, porra!” Ela puxa o braço com violência. “O que você quer? Eu já fui expulsa mesmo, que se foda!”

“Não, não, não! Você não pense que eu vou deixar isso passar em branco, qual é a porra do seu problema? Vendendo drogas dentro da porcaria do colégio, mas que porra Hinata!!!”

“Eu já disse que não era minha e eu não tava vendendo nada, tava só guardando pra um colega-

“Para de mentir, para de tentar me fazer de idiota, eu não sou idiota, eu não nasci ontem, eu te conheço, eu sou a porra da sua mãe, afinal de contas!”

“Não era minha!!”

“Para de mentir!!! A sua palavra não vale nada, nunca valeu. Você tem noção que você podia ir pra cadeia, caralho???”

“Você teria ficado muito feliz né? Uma pena você ter contornado a situação tão bem.”

“Qual é o seu problema afinal de contas? Você não tem ideia do quanto isso pode acabar com a sua vida?”

“Que porra de vida? Que vida, caralho? Viver presa nesse inferno de casa com você não é vida.”

“Você usa?”

“O quê?”

“Você também usa além de vender?”

“Como você acha que eu aturo você? Tomando chá de camomila que não é.”

Os olhos da sua mãe tremem.

“Você anda se drogando dentro da minha casa?”

“E também na escola, aparentemente.”

Hinata solta uma risada e vê o olhar de nojo da sua mãe.

“O quê? Decepcionada? Eu estou muito acostumada com esse seu olhar, viu? Não vai me amedrontar.”

“Você nunca se importa com nada, né? Você nunca é atingida pelas consequências, você gosta de bancar a insensível, a inatingível.”

“É porque eu não ligo mesmo. Aquele colégio de merda? Foi um alívio ter saído de lá.”

“Se eu não fosse amiga do diretor, você poderia estar na cadeia agora mesmo, você tem noção disso? Eu tive que implorar para ele não te reportar para polícia.”

“Você disse a ele que a merda não era minha? Porque não era, eu te disse.”

“Como se ele fosse acreditar na palavra de uma delinquente dos infernos!!”

“Paciência então, né!!”

Sua mãe apenas a encara por alguns instantes, tentando entender porque sua filha era daquele jeito. Onde ela teria errado na educação de Hinata para ela ter se tornado a pessoa que é hoje. Por que ela não foi capaz de criar a própria filha? Onde ela errou?

“Você se orgulha disso? De ser assim?”

Hinata a olhou com desdém.

“Eu não me orgulho de nada. Eu só quero paz de você, ficar longe de você, não ter que olhar pra sua cara de novo nunca mais.”

“Você é incrivelmente ingrata.”

“Já acabou o sermão?”

Hera observa sua filha por um instante.

“Você não para pra pensar no que o seu pai diria se estivesse aqui?”

O interior de Hinata se agita com a menção do pai e no mesmo instante seu olhar endurece.

“O que você disse?”

“No olhar de desgosto dele para você? Ao saber que a filha dele se tornou… isso?”

O coração de Hinata começa a bombear com mais violência.

“Não fala do meu pai!” Ela avisa.

“Por quê? Eu não tenho o direito de tocar no nome do seu pai?”

“Não, não tem, não fala dele! Você é a pessoa que menos tem direito de mencionar ele. NÃO FALA DELE, PORRA!”

“Se ele estivesse aqui com certeza teria morrido de desgosto pela filha que tem!”

Ela insiste e Hinata sente sua respiração acelerar.

“Você acha que ele aprovaria o seu comportamento? Vendo o tipo de exemplo que você está sendo para Hanabi?”

“Cala a boca… ”

“Eu falo porque antes de ser o seu pai ele foi meu marido e eu sei que não era isso que ele queria que você se tornasse, nesse projeto de vagabunda desinteressada pela vida e se afundando nas suas próprias merdas. Sim, Hinata, eu falo porque eu sei exatamente o olhar que estaria estampado no rosto de decepção do seu pai se ele estivesse aqui no meu lugar agora.”

Hinata não se contém.

“Cala essa boca!! ERA PARA ELE ESTAR AQUI AGORA, NO SEU LUGAR, ERA PARA ELE ESTAR VIVO E VOCÊ MORTA!!!”

Ela grita e Hera recua. As narinas de Hinata estão infladas e seus punhos estão fechados.

“Queria que você tivesse morrido no lugar dele! Era para você ter morrido e não ele! Se ele estivesse aqui, eu seria mais feliz, tudo seria diferente, tudo, tudo porque você é uma merda de mãe, é uma merda de esposa, uma merda em tudo, então não fale do meu pai. NÃO SE ATREVA A ABRIR ESSA BOCA PARA FALAR DO MEU PAI!! SE ELE NÃO ESTÁ AQUI HOJE, É POR SUA CAUSA. Você que merecia morrer, você, não ele. VOCÊ!”

“Mãe?”

Ambas se viram e percebem tarde demais Hanabi com os olhos marejados no topo da escada.

“Hanabi, volta para o seu quarto, filha.”

“Por que vocês estão brigando?”

“Filha, volta- Hinata, não! Volta aqui! Hinata!” Hera corre atrás da filha mais velha que passa voando pela porta da frente, fugindo dela e da discussão. “Se você sair dessa casa agora não precisa voltar depois porque eu não vou deixar!”

Tudo que ela recebe em resposta é o dedo do meio levantado em sua direção. Hinata começa a correr e some da sua vista ao virar a esquina.

As palavras duras e cruéis dela ecoam na mente de Hera, que em seu primeiro momento de fraqueza em muito tempo, limpa os olhos marejados para poder consolar a caçula assustada no topo da escada.

Seu coração pesa porque acreditava nas palavras de Hinata, esse era o seu maior fardo. Talvez fosse ela que merecesse morrer por não saber ser uma boa mãe para suas filhas e por não ter conseguido salvar o próprio marido.

 

(...)

 

Uma Hinata aflita vai parar na casa de Sasori. Sua mente está girando, seu peito doendo e sua garganta ardendo. Ela não gostava dessa sensação, não gostava de não conseguir parar de sentir o que sentia. Ela precisava de ajuda.

“Você não para pra pensar no que o seu pai diria se estivesse aqui?”

Ele se ofereceu para cheirar com ela, mas ela já estava agitada demais, precisava se acalmar.

“Quero apagar a minha mente por algumas horas.”

A casa dele estava cheia.

“Se ele estivesse aqui com certeza teria morrido de desgosto pela filha que tem!”

Ele pergunta se ela quer algo forte e ela balança a cabeça na mesma hora, sem pensar muito sobre isso, sem perguntar o que é. Ele deve ter falado, mas ela não ouviu. Ele tinha falado?

“Sim, Hinata, eu falo porque eu sei exatamente o olhar que estaria estampado no rosto de decepção do seu pai se ele estivesse aqui no meu lugar agora.”

Para uma experiência melhor, me dê o seu braço , ela ouviu. Ela estendeu o braço e arregaçou a manga.

“O que o seu pai diria se estivesse aqui?”

Uma picada e ela é depositada no chão do banheiro. Ela vê o sorriso de Sasori, ele diz que ela vai se sentir melhor.

“... teria morrido de desgosto pela filha que tem!”

Os sentidos dela rapidamente ficam entorpecidos e a calmaria que ela desejou enfim chega. Ela tomba a cabeça para trás e seus braços caem para os lados.

... se ele estivesse aqui no meu lugar agora.

Se estivesse aqui… no meu lugar

Se o seu pai estivesse aqui….

Se ele estivesse aqui…

Se ele estivesse aqui…

Se estivesse aqui…

Hinata soluça.

Mas ele não está…

Ele não está aqui…

Ele nunca mais vai estar aqui…

Ele não está, meu pai… ele não está, ele não está, ele não está, o meu pai… ele não está.

Ela se lembra de ter guardado uma navalha no bolso do moletom, tinha virado costume. O efeito está passando e a dor retornando ou aumentando? Ela está confusa, triste e sofrendo. Ela chora mais, ela sente saudades do pai, ela se pergunta por que ele se foi, por que ele a deixou, por que ela não foi o suficiente, por que ele fez isso, por que, por que, por que…

Ela nem sequer se lembra de ter cortado os pulsos, ela não sentiu dor.

Quando abriu os olhos, ela estava caída no chão daquele banheiro sujo e de seu pulso escorria uma camada sangue. Algo lhe dizia que não era para estar saindo tanto, mas tanto faz, ela estava com sono, muito sono, não tinha forças para mover um músculo sequer. Talvez fosse o efeito, ainda não tinha dissipado totalmente. Disso ela não tinha certeza, mas a dor que rastejava para seu peito estava lentamente fazendo seu caminho reverso. Ela estava alcançando a calmaria sem fim.

“O que seria de mim se você estivesse aqui, pai?”

 

_________

 

17 de Março de 2031.

 

“Eu acordei no hospital uns dias depois com os pulsos enfaixados e com gosto de remédio na boca.” O dedo dela alisa a pequena cicatriz que ficou. Fazia muito tempo, estava muito clara, quase invisível, mas ela ainda a enxergava.

“E o que os exames toxicológicos do hospital disseram? O que você tinha injetado em si mesma?”

“Heroína.”

Seus olhos desviam para os da doutora. “Depois que entendi o que tinha acontecido, eu fiquei assustada em saber que eu tinha ido tão longe. Por mais que o pensamento já tivesse me ocorrido, eu nunca tive coragem o suficiente para ir até o fim sozinha. Eu não tinha coragem, é difícil. Então acho que foi mais o efeito da droga do que qualquer outra coisa. Percebi que eu tinha medo de morrer.”

Ela encara as mãos no colo. “Percebi que eu era uma covarde. Que pensar, desejar e fazer eram coisas completamente diferentes. A minha vida era uma merda, mas mesmo assim eu não queria morrer, fiquei com medo. Bizarro, não é mesmo? Sempre me perguntei como ele conseguiu.” Ela observa o movimento da rua através da janela. “Não é como se ele tivesse deixado uma carta com instruções ou algo assim…”

Ela se vira novamente. “Eu de fato tinha tendências suicidas e a heroína me fez ver isso, então fiquei longe dela, nunca mais usei. Me dei conta de que eu era mais parecida com o meu pai do que eu imaginava.”

“Como a sua mãe reagiu diante disso tudo?”

“A doutora ficava repetindo o tempo todo que ela deveria me internar porque as minhas várias lesões nos braços indicavam que eu estava caminhando para o suicídio já fazia algum tempo. Claro que ela não sabia disso, mas eu disse que foi um acidente, que eu pressionei a lâmina forte demais e não pensei que fosse fazer um estrago tão grande. Estava chapada demais para entender o que estava fazendo e prometi que não faria novamente.”

“Então ela não te internou?”

“Eu disse a ela que se ela fizesse isso eu realmente me mataria e ela teria que carregar isso com ela para o resto da vida dela, exatamente como já fazia com o meu pai. Tentei soar bem convincente de que foi um acidente. Ela aceitou depois de um tempo e nunca mais tocou no nome do meu pai de novo durante um tempo.”

“Ela deveria ter te auxiliado de forma mais acolhedora. Uma intervenção seria a melhor opção.”

“O meu problema não eram as drogas, o meu problema era um luto que não tinha fim. Mas é isso que acontece quando você junta uma coisa à outra. O resultado é mais catastrófico do que a gente espera.”

“Ela era a sua responsável, ela tinha inclusive o poder de te internar sem a sua permissão. Talvez se tivessem conversado sobre isso e você tivesse recebido o tratamento necessário na época, a sua vida teria tomado um rumo diferente.”

Hinata balança a cabeça para os lados, negando.

“Você não me conhecia, eu era capaz de cometer atrocidades. Ela sabia que eu daria mais trabalho se fosse forçada a ser internada, eu a ameacei e ela recuou. E de qualquer forma eu nunca mais fiz aquilo de novo. Como eu te disse, sóbria eu era covarde. Tinha parado com os cortes também, mas aí nesse dia da festa do Deidara eu me cortei de novo. Foi difícil esconder do Naruto.”

“Ele sabia desse ocorrido?”

“Não, não sabia. Ele viu as marcas antigas uma vez, mas não fez perguntas sobre elas. E dessa vez, a situação era diferente. Eu estava sozinha antes, mas naquele momento não, eu tinha o Naruto e então tive a ideia de usá-lo como uma espécie de navalha. Queria que ele fosse a minha lâmina.”

“Como assim?”

“Eu pedi algo inusitado para o Naruto, algo que ele custou a ceder porque ele tinha medo de me machucar. Eu gostava das surras dele, eram prazerosas e foi com ele que descobri que poderia transformar a dor em prazer e para mim aquilo era vantajoso. Eu usava a dor como válvula de escape para muitas coisas, então quando Naruto surgiu com suas tendências sádicas eu me aproveitei disso o máximo que pude.”

“Está me dizendo que você se envolveu com um sádico?”

“Bem, sim e não… exatamente… quer dizer, ele não gostava da palavra porque o fazia parecer um pervertido doente, palavras dele próprio. Ele sentia prazer em me punir, mas ele sempre foi muito cuidadoso. Ele dizia que era só um acréscimo interessante à relação sexual, mas que não era um estilo de vida para ele e como eu gostava, ele sempre praticava comigo.”

“Entendi, ele não era extremo. É o que está dizendo?”

“Exato. Ele tinha um limite e quem ultrapassou esse limite fui eu.”

“O que você pediu a ele para fazer?”

Hinata sorriu ao responder.

“Pedi para ele me foder enquanto eu usava um cilício.”

Chapter 4: III

Notes:

hello! it's been a while, I know, but despite a few setbacks, I finally could finish this chapter.

HAPPY 2025!!!!

I believe next chapter won't take so long, buttt, I won't make any promise bc I am very good at failing them.

I just wanted to let a note here to inform I've reactivated my tumblr account and I know many people here like this website, so I'll just let my username in case some reader wants to ask me anything: hinakedavra.tumblr.com

Have a nice reading and a wonderful new yearr!!

Chapter Text

15 de setembro de 2017

Vista Del Rey, Heywood, NC.

 

Setembro não era um mês agradável para a família Hyuga e principalmente, para Hinata.

O nono mês do ano marcava o aniversário de morte de seu pai, Hiashi Hyuga, há sete anos.

Como costume, sua mãe e sua irmã visitavam o túmulo do falecido para honrar sua memória, mas nunca eram acompanhadas por Hinata.

Apesar de falhar em todas as tentativas, a primogênita, que se tornou órfã de pai muito cedo, tentava fingir que esse dia não existia, que não tinha nada para honrar. Olhar para o calendário ou ouvir algum feriado revelando o mês que estava se iniciando a enchia de revolta. Desejava poder pular o mês inteiro, ficar em coma até que os trinta dias se fossem e acordar somente quando setembro acabasse.

A revolta em seu âmago não tinha um motivo específico aparente, ele nada mais era do que o resultado de um conjunto de sentimentos trancafiados e turbulentos que complementavam a dor que moldava Hinata. De todas as nuances de seu luto, esse era o que perpetuava em setembro, mais do que nos outros dias e para Hinata, era mais do que ela poderia lidar.

Portanto, como uma maneira de se anestesiar da sombra da morte de seu pai que nunca a deixava, ela fugia para seu mundo de substâncias ilícitas e digeria tudo que lhe era oferecido. Os finais de semana eram trocados pelos dias semanais e ela acabava ficando dias e dias fora de casa. Completamente desaparecida.

O que acabou chamando a atenção de Naruto, que percebeu sua ausência na casa Hyuuga. Ela também não apareceu em seu apartamento durante alguns dias, o que era incomum.

Não evitou que a preocupação pelo paradeiro dela o invadisse. Hera não parecia se incomodar com o fato do quarto da filha estar intocado há dias.

“Ela sempre faz isso?” Naruto a questionou durante o jantar na casa Hyuga, após Hanabi deixar a mesa. Ele estava jantando com eles há quatro dias seguidos e nem sinal de Hinata.

“Setembro é um mês complicado para ela, para todos nós, na verdade, mas Hinata, ela… sente as coisas mais intensamente, vamos colocar assim.”

Ao observar Hera ler alguns documentos pelo celular enquanto tentava jantar e falar sobre a filha, Naruto percebeu que ela deixou de se preocupar com a mais velha há muito tempo.

“Você se habituou, então.”

“Tive que me acostumar. Não é como se eu fosse capaz de impedi-la de alguma coisa a essa altura do campeonato. Você sabe como ela é difícil.”

Naruto apenas faz um pequeno movimento com a cabeça enquanto mexe o talher no prato.

“Parece que ela ainda não superou… esse mês completa quantos anos?”

“Sete anos.” Com um suspiro, Hera bloqueia a tela do celular e desliza os dedos sobre as pálpebras cansadas. “Sete anos desse comportamento rebelde e… desenfreado. Sete anos de luto, praticamente.”

Seus dedos finos tentam alinhar seu cabelo.

“Hinata parou de viver depois que perdeu o pai.” Ela explica, cabisbaixa. “Ele era tudo para ela.”

Naruto nunca perguntou sobre o falecido marido de Hera, o pai das duas Hyuga. Era um assunto delicado e ele acreditava não ser íntimo o suficiente para questionar sobre o falecido. Ninguém o mencionava naquela casa, era quase como se ele não tivesse existido. Não sabe como ele morreu, como era sua relação com as filhas, se foi um bom pai, um bom marido. Tudo que Naruto sabia era que ele morreu há sete anos e que Hinata ainda era afetada pela perda do pai.

Mas ele só percebeu isso quando o mês de seu falecimento chegou e Hinata evaporou. Ele se viu obrigado a questionar sobre o comportamento dela, pois para ele, observando de fora, não era um comportamento normal.

“E essa é a maneira que ela lida com o luto.” Hera continua com um sorriso melancólico. “Descontando suas frustrações em mim, nas pessoas, no mundo, tentando encontrar um sentido em toda essa merda. Não sei mais lidar com ela, não consigo. Ano que vem ela atinge a maioridade e então eu só perderei ainda mais o pouco controle que tenho. Ela está fora do meu alcance faz um bom tempo.”

Seus olhos encaram um ponto fixo na mesa, sem brilho.

“Isso justifica um pouco o comportamento arisco dela.” Naruto admite. “Ela era muito jovem.”

“Sim, ela era, tinha só dez anos… e ela se lembra dele, diferente de Hanabi, era muito pequena, quase não tem lembranças dele. Hinata era obcecada pelo pai, eles eram um grude, como unha e carne, inseparáveis.” Um lampejo de sorriso atravessa seu semblante aéreo, indicando que uma lembrança ressurgiu das memórias empoleiradas de seu subconsciente. “Ele era bom para ela, melhor do que eu. Não foi fácil quando ele se foi. Hinata nunca aceitou.”

Ela parece engolir alguma coisa desgostosa que atravessa sua garganta. “Até hoje eu não entendo como o luto a deixou assim. Acho que de certa forma ela me culpa…”

“Por que ela te culparia pela morte dele?”

Hera balança os ombros. “Talvez porque seja mais fácil. Ela era muito jovem e não entendeu muito bem como tudo aconteceu. Meu casamento com Hiashi não era tão fácil e Hinata era mais apegada a ele do que a mim. Ele era como um ser divino para ela e ela era a única pessoa no mundo que conseguia fazê-lo reluzir.” O estarrecido sorriso que surge em seu semblante dura menos do que um segundo, mas Naruto o captou. Havia muita história naquele sorriso cheio de saudades de um tempo que não voltaria mais.

Hinata não era a única que ainda sofria com a ausência de Hiashi Hyuga, Naruto concluiu.

“Você tinha que ver a criança feliz que ela era. Quando eles estavam juntos, parecia que eu estava assistindo a um comercial americano de família feliz. Eles se completavam. Hinata era uma criança radiante, sorridente, risonha e Hiashi era um pai incrível. Dedicado, amoroso, atencioso. Ele era o que um pai deveria ser. Foi, até certo tempo…” Ela se corrige no final da sentença, pesarosa. “E nenhuma criança merece perder um ente tão próximo assim…”

“Deve ter sido um choque e tanto, eu imagino…”

“Foi e Hinata acabou sendo a mais afetada.” O vinco que se forma em sua testa diz a Naruto que ela sofreu tanto quanto a filha. “Eu não imaginava que ela se transformaria nisso. Não mesmo. Mas quando eu vi, já era tarde demais. O que ela é hoje vai além do meu controle.”

“Está dizendo que perdeu as esperanças nela?”

O olhar de Hera cai sobre ele. “Me acha uma péssima mãe por isso?”

“Não, até porque consigo ver que você não fecha completamente os olhos para o comportamento dela. Você também sente muito. E está cansada, muito cansada. Ninguém te julgaria se desistisse dela. Mas ela é ainda é sua filha, apesar de tudo.”

“Ela nem sequer me considera mais mãe dela. Você vê a forma como ela me trata. E você não tem ideia do que a Hinata é capaz de fazer.” Seus olhos diziam a Naruto que Hinata não ia apenas além da compreensão de sua mãe, mas também da dele. Era quase como um aviso do destino para ele tomar cuidado. “Ela é astuta, manipuladora e extremamente inteligente. A sua falta de apego à vida a torna monstruosa, quase cruel. É como se ela tivesse desistido de ser humana.”

Hera suspira. “Então, acredito que eu tenha desistido dela mesmo. Mas como você disse, ainda sou mãe dela, e talvez seja isso que me impeça de parar de me preocupar totalmente. Acredite, eu queria poder fazer mais, apenas sinto que não tenho mais forças ou argumentos. Hinata dita sua própria vida e eu não tô inclusa nela há sete anos.”

Suas mãos trêmulas afastam os fios rebeldes de seu rosto e Naruto se desloca de seu lugar para envolver a mulher à sua frente em um abraço acolhedor. Hera derrama todo seu peso contra seu corpo forte e musculoso, inalando seu cheiro amadeirado e se sentindo segura naqueles braços. O afago de Naruto a diz que ela tem o apoio dele e Hera se permite acreditar em sua ação benevolente naquele momento.

Essa foi a maneira que ele encerrou o assunto. Hera não queria falar sobre a filha e definitivamente não precisava de alguém lhe julgando por ter desistido de Hinata. Naruto não tinha ideia do que ela passou ao longo desses sete anos e em respeito a ela, não voltaria a tocar no assunto.

Enquanto estivesse ali, ele poderia ser o suporte que ela desejava e precisava. Mesmo que em seu íntimo se condenasse por se deitar com a filha dela bem embaixo de seu teto.

Esse pensamento o perturba e atinge o seu senso de caráter, o fazendo repudiar suas próprias atitudes. Naruto nunca se imaginou em uma situação dessa. Seus músculos enrijecem em resposta aos seus pensamentos e Hera levanta o rosto de seu peito.

Um sorriso é enviado a ela.

“Vou deixar você descansar, está bem? Teve um dia cheio.” Sua mão grande acaricia seu cabelo.

“Não pode passar a noite comigo?” Os olhos dela ascendem com a ideia e suas mãos acariciam as laterais de Naruto. “Não estou tão cansada.” Dito isso, um bocejo involuntário escapa de seus lábios e Naruto solta uma risada. “Não é o que parece.”

“Eu prometo que tenho energias para você.” Seu sorriso cansado, porém sugestivo, é acompanhado pelo movimento de seu corpo, que se levanta para abraçá-lo. Suas costas largas são acariciadas e sua boca é recebida pela dela, em um beijo lento e cheio de vontade.

“Eu preciso trabalhar, Hera…” Naruto tenta escapar de seus avanços com um sorriso entre o beijo. “E você precisa descansar.”

“Eu preciso de você.” Hera revida o agarrando pela nunca quando ele se afasta para puxá-lo de volta em um beijo. Ela estava decidida a levá-lo para a cama.

“Por favor, não vá embora. Fique. Só hoje.” Seu pedido sai em um murmúrio enquanto ela tenta seduzi-lo. Naruto abraça sua cintura e retribui o beijo. Sua mão segura a mandíbula dela, inclinando seu rosto para a esquerda para beijá-la com mais profundidade, sobrepondo sua altura a dela. Seus olhos azuis se abrem para fitar o relógio pendurado na parede logo atrás dela. Ele pretendia procurar por Hinata, mas teria que fazê-lo outra hora. Tinha uma vaga ideia de onde encontrá-la e de como a puniria por ignorá-lo todos esses dias. Não respondendo suas mensagens ou o deixando completamente no escuro sobre seu paradeiro. Fugir de sua mãe era compreensível, mas dele? Inadmissível.

Seus olhos se fecham de novo e seus lábios carnudos esmagam os dela em um beijo mais exigente. Sua mão desce por suas curvas e pousam em sua nádega direita, a apalpando.

Suas ações incendiam o corpo da carente mulher, que acaba soltando um gemido em seus lábios, completamente sedenta por uma noite com seu namorado. Desejando ter uma noite prazerosa depois de todo estresse que tem sido seus dias, ansiosa com a ideia de apenas gozar no pau de Naruto.

A mente dele não estava acompanhando suas ações e nem focada na mulher em seus braços. Apesar de estar disposto a dar a ela o que quer, Naruto só conseguia pensar em Hinata. A ideia do futuro encontro deles o deixa irritadiço, pelo simples fato dela merecer uma bela punição. Sem perceber, ele acaba punindo Hera no lugar de Hinata, deixando suas emoções induzidas por outra pessoa falarem mais alto.

Mesmo incomodado de ter que dormir com Hera, ele a conduz até o quarto e fecha a porta. Ele a deixa despi-lo até estar completamente nu e a coloca sobre a cama, jogando seu corpo sobre o dela.

Aquele deve ter sido o sexo mais selvagem que ele a proporcionou desde que assumiram um relacionamento. E Hera não pode dizer que não gostou.

Por motivos óbvios, Naruto não era o mesmo amante para as duas mulheres distintas com quem se deitava. Enquanto com Hinata ele era agressivo, dominante e selvagem, com Hera era completamente o oposto. O sexo deles era o mais comum que se poderia esperar, pois Hera não exigia muito dele. Tudo que ela queria era alguém para venerar seu corpo e fazê-la gozar, e Naruto era muito bom nisso. Um amante sem igual. Para as duas.

Mesmo se contendo com Hera, era com Hinata que ele realmente sentia prazer, afinal, era o corpo dela que ele desejava, venerava e ansiava. Ele já admitiu para si que a perversão daquela garota o seduzia ao mesmo tempo que o perturbava, o atraindo unicamente para ela. A desinibida, dissimulada e masoquista Hinata era quem satisfazia os seus desejos mais sombrios. Ela não tinha medo de seus métodos, tampouco medo dele. Na realidade, era ela quem sempre sugeria novas brincadeiras e dentro dos limites de ambos, Naruto as acatava.

Entretanto, seu último pedido foi tão inusitado que a resposta imediata de Naruto foi um sonoro e claro “Não!”.

Hinata gostava de ser levada ao limite, mas não se importava com sua própria segurança. Sua sugestão acabou pegando Naruto de surpresa. Ele nunca havia feito isso antes e nem sequer cogitou a possibilidade. Estava fora de seus padrões e sinceramente, a ideia o incomodava um pouco.

Mas naquele momento, enquanto ponderava como a puniria por sua petulância sem fim, se perguntava se ela não merecia exatamente isso.

Atormentado por seus pensamentos se misturando com seu orgasmo se aproximando, Naruto acaba soltando um rosnado feroz enquanto impulsionava seu corpo para frente, adentrando-se mais no o interior de Hera.

O impulso violento a pega de surpresa, mas ela o aceita, gemendo descontroladamente em seu ouvido, parecendo não se importar em Hanabi ouvi-la do andar de cima.

Após fechar os olhos e apertar sua cintura, Naruto acaba se aliviando dentro da camisinha, sendo acompanhado por ela.

O clímax de Hera parece durar uma eternidade, entrando para a lista dos mais prazerosos até agora. Naruto a surpreendeu. Não era o que ela esperava naquela noite. Pensou que ele a embalaria nos braços gentis como sempre fazia e se enterraria dentro dela lenta e tortuosamente, até aumentar o ritmo e levá-la ao limite. No entanto, não estava reclamando do que lhe foi proporcionado. Não sabia que gostava de um pouco mais de selvageria até ser alvo de um homem com instintos selvagens.

Ela sente pontadas de dor em lugares específicos de seu corpo, como cintura, coxas e bunda. Os dedos de Naruto cravaram-se tão forte que acabou deixando marcas, mas ela não se importou. Simplesmente ignorou as dores e suspirou sonolenta, se aconchegando em seu peitoral para se render ao sono que a chamava. Feliz por ter um homem como ele ao seu lado.

Naruto, por outro lado, fitou o teto acima dele ao se deitar ao lado de Hera, a permitindo aconchegar-se em seu corpo para ser embalada pelo sono. Sua cabeça estava apoiada contra seu antebraço enquanto ele pensava.

Poderia tentar dormir e resolver essa questão amanhã, mas seu interior estava agitado. Algo lhe dizia que a encontraria se fosse atrás dela hoje, e perderia seu rastro se deixasse para amanhã.

Hinata era imprevisível e isso o irritava profundamente.

A respiração de Hera fica mais pesada e Naruto a observa dormir plenamente. Acabou ficando tempo demais ponderando se levantava da cama ou não, e quando procurou as horas no celular, já era quase meia-noite.

Um suspiro indicando que foi derrotado por sua inquietação escapa de seus lábios. Ligeiramente, seu corpo se move silenciosamente entre o lençol para se desvencilhar dos braços de Hera e se levantar.

Naruto toma um banho rápido antes de pegar as chaves do carro e dirigir até um local que ele não visitava há quatro meses.

 

01:30 A.M.

Aflterlife, NC.

 

Trinta minutos havia se passado desde que estacionou seu carro em frente a casa noturna mais badalada de Night City. O mesmo local onde conheceu Hinata.

Com o cotovelo apoiado na abertura da janela do carro, Naruto observava o movimento do lado de fora, ponderando se entrava para verificar o paradeiro de Hinata.

Um pressentimento o sussurrava que ela estava lá dentro neste exato momento, provavelmente chapada demais para sequer parar em pé. Era como se pudesse sentir sua presença mesmo estando alguns metros longe.

Talvez não estivesse contente com a possibilidade do que poderia encontrar ao adentrar o local tumultuado. Hinata nunca foi boa em seguir regras, portanto, ele duvidava de que estivesse seguindo as mesmas impostas por ele no início de seu relacionamento secreto e doentio.

Sem homens. Sem drogas.

Naruto não era idiota, sabia muito bem que Hinata ainda se drogava. Mas o que ele poderia fazer? Não era pai dela ou algo do tipo e Hinata não respeitava a opinião de ninguém. Sempre dando maior importância aos seus próprios interesses. Mas a questão do uso de substâncias poderia ser contornado. O que ele não perdoaria seria encontrá-la fornicando com outro homem.

O pensamento o incomoda e o impede de sair do lugar.

Como ele pode ter tais pensamentos possessivos sobre ela? Que direito ele tinha sobre ela, afinal?

Se nem sua própria mãe conseguia controlar o rompante desastroso que ela era, quem dirá Naruto?

Hinata não era confiável ou tampouco controlável. Ela era a porra de um buraco negro supermassivo que arrastava para além de seu horizonte de eventos a desordem que propagava ao redor. Não deixando sequer um mero rastro. Destruindo tudo e todos que cruzavam seu caminho. Até não sobrar mais nada. Até não ter mais volta.

E Naruto, mesmo sem ainda estar devidamente ciente desse fenômeno natural irreversível, seria impiedosamente sugado para seu núcleo, rumando ao desconhecido, perdendo tudo de si no processo. Sendo esticado, desintegrado e sugado para a singularidade de Hinata Hyuga.

Decidido a pelo menos sofrer com fatos, e não por antecedência, Naruto finalmente abre a porta do carro e se retira do automóvel. Ajeitando sua jaqueta escura de veludo, seus olhos varrem o local antes de se misturar na multidão e passar pela entrada.

A música alta incomoda seus tímpanos sensíveis, porém o que mais lhe parece aborrecer é a quantidade de pessoas presentes. Estava cheio demais para um dia no meio da semana. Como encontraria Hinata sem precisar perguntar por ela? Pois a ideia o fazia parecer um pai desesperado para surrar a filha.

Por sorte, a Afterlife não era uma boate tão grande. Comparada as de Dogtown, era menos espaçosa e não possuia segundo andar. O que facilitaria sua busca.

Seus olhos azuis-claro se dirigem até o bar, mas nada encontram. Caminhando lentamente, desviando de corpos suados, dançantes e eufóricos, sua busca continua procurando também por rostos conhecidos do círculo social de Hinata. Um nome surge em sua mente.

Kiba Inuzuka.

Amigo de Hinata, mas que certamente já foi mais do que isso. Era mais fácil encontrar ele se estivessem juntos. Era falante, barulhento e sempre usava a mesma jaqueta de couro com espinhos. Tinha uma marca de nascença na bochecha, uma mancha vermelha desbotada que se estendia desde a maçã do rosto até seu maxilar. E um sorriso que parecia ter garras defeituosamente longas.

Naruto o achava esquisito, mas sabia que ele nunca saia do lado de Hinata. Exatamente como um cãozinho leal.

Se o encontrasse ali, também a encontraria.

Com duas descrições para diferenciar da multidão, sua busca continuou até que se dirigiu a um canto esquerdo, mais reservado, onde se encontrava apenas uma mesa de sinuca e estofados posicionados em L recostados na parede. Uma certa agitação o atraiu para o local.

Uma pequena multidão estava reunida em volta de algum espetáculo.

Naruto se aproximou a ponto de conseguir enxergar a mesa de sinuca, mas sem as peças necessárias para jogarem. Em cima dela estava sobreposta uma garota, ocupando todo o espaço. Seu cabelo estava espalhado e todos a acompanhavam com risadas enquanto o rapaz, em pé ao seu lado, tentava inalar a fileira de cocaína que haviam depositado no abdômen liso e pálido dela. Sua regata com estampa da SAMURAI estava levantada o suficiente para sua barriga ficar inteiramente exposta e servir como base para o conteúdo que o rapaz tentava inalar.

Ele agarra em seus quadris para impedi-la de se mover e afunda o rosto em sua barriga, lhe causando cócegas. O conteúdo se espalha por sua pele e suja o rosto dele, que inala quase nada.

Ela acha graça e tem uma crise de risos, o que a faz jogar a cabeça para trás e seu pescoço ficar pendurado na borda da mesa de sinuca. Seus olhos, um tanto enevoados pela bebida, a fazem enxergar em um angulo inverso, uma silhueta semelhante a de seu padrasto.

Os ombros largos evidenciando seu porte físico, mesmo cobertos pela grossa jaqueta de lã, são reconhecidos por ela. Seu olhar acompanha o final da silhueta e cabelos loiros completam a imagem, juntamente de olhos azuis que ela conhece tanto.

Por um momento pensou que estava se confundindo, pois pareciam ter dois do mesmo homem. Mas quando os dois se fundiram em um só e ela focou sua atenção em seu rosto, as marcas na bochecha de Naruto clarearam sua mente e Hinata deu um salto, tentando desesperadamente se virar e levantar da mesa. Seus movimentos descoordenados a fizeram cair no sofá ao lado. Atordoada e enjoada pelo giro que seu corpo deu, ela o avista novamente e desta vez tem certeza.

“Naruto?!”

Os olhos dele a julgavam de todas as formas possíveis, o que a deixou estranhamente sóbria.

“O qu-que você está… está fazendo aqui?” Hinata cambaleia até ele e sente seu braço ser agarrado por sua mão forte. Sendo arrastada por ele, seus pés tropeçam pelo caminho e ela resmunga para ele ir mais devagar. Assim que sentiu o som da música abafado o suficiente, ele a soltou.

“Que porra você tá fazendo?”

Hinata tem que se escorar na parede para não cair.

“O que tá fazendo aqui?” Ela devolve com os olhos arregalados, estupidamente surpresa por ter o encontrado.

“Está assustada porque eu te encontrei?”

“Não. É que... eu não esperava que você viesse atrás de mim… não esperava te encontrar aqui.”

“Que porra você está fazendo, Hinata?”

“Nada! Eu não estava fazendo nada de mais… eu juro! Só vim me divertir um pouco.”

“Certamente. Oferecer seu corpo para cheirador de pó não é nada.”

“N-Não! Era só uma brincadeira… estávamos revezando na mesa-”

“Você está chapada.”

“Não, claro que não-

“Eu não estou perguntando.”

Ela o encara em silêncio. Estava difícil focar totalmente em seu bonito rosto, mas sua expressão severa era intimidadora. Hinata sente seu estômago embrulhar enquanto tentava arrumar uma maneira de se desculpar.

“Eu posso ter bebido um pouco… passei um pouco do limite. Mas eu não usei na-” Sua sentença é interrompida pelo dedo de Naruto colado em seus lábios, os impedindo de proferir sua próxima lorota.

“Nem pense em mentir para mim. Você acha que eu sou idiota? Você está fedendo a álcool e pó, Hinata.”

Ele se afasta e sua náusea aumenta. “Me desculpe…” Ela murmura, cabisbaixa. “Eu usei, sim, mas não foi mui-

Sua mão tampa-lhe a boca numa tentativa automática de impedir que algo além de meras palavras saia por ela.

“Foi só um pouco, eu juro… eu cheguei faz po-pouco tempo…” Mais uma vez ela tampa a boca, sentindo seu estomago revirar.

Naruto parecia alheio, pois tinha lhe dado as costas. Frustrado, ele bagunçava o cabelo.

“Você é uma viciada do caralho mesmo.” Ele a acusa, a fulminando com os olhos. “Por onde você andou esses quatro dias? Andou dormindo na rua que nem uma noiada ? Porque parece que nem banho você tomou.”

“Não, eu passei uns dias na casa do Kiba.”

“Kiba, hein?”

“Mas eu não dormi com ele! Eu ia ficar na Ino, mas ela foi viajar com os pais, então só sobrou ele. Eu juro que não fizemos nada.”

“Como você espera que eu acredite em qualquer merda que saia da sua boca?” Naruto a encara. “Olha o seu estado, Hinata. Já se olhou no espelho hoje? A impressão é que você não saiu desse lugar esse tempo todo. Tá parecendo uma maltrapilha que vai cair em cima do próprio vômito a qualquer momento.”

Hinata admitia que tinha perdido a noção do tempo. A ideia era voltar para sua casa a noite e sair durante a manhã. Ela fez isso nos dois primeiros dias, mas depois acabou decidindo dormir em Kiba mesmo. Eles de fato não haviam dormido juntos. Essa parte do acordo se mantinha intacta. Ela estava somente com ele, mas quanto ao seu vício… esse era mais difícil de desapegar. Principalmente em setembro.

Pode não parecer, mas Hinata se esforçava para não cair no limbo durante esse período. Por mais que ultrapassasse alguns limites, ela tentava não se perder inteiramente. Mas às vezes falhava, como nessa semana. Não pretendia ficar tantos dias fora. Mas Naruto esteve ocupado com a semana de provas que tivera que dedicar aos seus alunos e mal tinha tempo para ela. Então ela resolveu cuidar de seu estado deplorável sozinha. O que nunca, em hipótese alguma, é uma boa ideia.

Não queria ficar ao lado de sua mãe e não queria arriscar que Hanabi a visse em seu pior momento do ano. Então, se afastou.

Nunca imaginou que Naruto pudesse buscar por ela. Para ela, ele estava feliz de ter se livrado dela por um tempo. Não a tendo enroscada em seu calcanhar como uma cadela no cio querendo que ele a fodesse o tempo todo. Sempre implorando pela sua atenção.

Ninguém a procurava quando ela sumia. Sua mãe estava acostumada.

Então ver Naruto a julgando com os olhos, não foi tão ruim quanto sentir o pequeno e singelo aperto no peito por ele ter se preocupado com ela. Ele estava bravo e com razão. Mas acontece que ninguém o avisou da imprevisibilidade que era Hinata. Ninguém o disse que ele poderia tê-la por uma semana inteira, e igualmente ser descartado por ela na seguinte.

A luta de Hinata contra seus demônios era diária, contínua, incessante e cansativa. Era tudo que ela tinha. Tudo que ela conhecia. E muitas vezes, a batalha era perdida.

Setembro era definitivamente o seu mês de derrotas consecutivas. Pois todo maldito dia, Hinata perdia.

Era muito mais fácil se entorpecer e enganar seus sentidos, perder a noção do tempo do que encarar a realidade.

A realidade que lhe dizia que seu pai morreu e que ela não seria mais sua pequena e adorada pearl.

Hinata não queria lidar com isso. Há sete anos ela tenta arduamente não lidar com isso.

Ela sabia que era uma covarde, mas sinceramente, não se importava.

Estava morta por dentro. Não fazia a menor diferença.

Se eventualmente não retornasse para a casa em um de seus acessos de luto infinito, sua mãe levaria mais dias do que necessário para a declarar como desaparecida.

Era o sentimento que ela conhecia.

Ela não valia a pena.

O que Naruto demonstrava nesse momento, mesmo em um misto de repugnância por suas atitudes imprudentes e inconsequentes, era preocupação genuína. E Hinata não sabia como lidar com isso.

“Por que não veio ao meu apartamento?” A voz dele sai esganiçada, orgulhosa. “Se não queria ficar com sua mãe, poderia ter passado os dias em meu apartamento.”

“Não quis te atrapalhar. Você estava cheio de trabalho.”

“Até parece que você se importa quando estou atolado de trabalho. Você decidiu sumir por quatro dias, Hinata. Porra! Eu te mandei mensagens, sabia? Você ignorou todas.”

“Não imaginei que realmente estivesse se importando.”

Naruto a encara e ela dá de ombros. “Eu vivo enchendo a porra do seu saco. Achei que ficaria feliz em ficar longe de mim. Até eu se pudesse ficaria longe de mim…”

“Você enche a porra da minha paciência, mas você sabe o que eu penso sobre isso.” Ele gesticula para ela, se referindo ao seu estado deplorável. “Você mente para mim o tempo todo.”

“Naruto, é difícil! Não dá para simplesmente parar de um dia para o outro.”

“Então por que não se esforça mais?”

“Eu estou tentando!”

“Você não quer parar. Admita! É sua válvula de escape, não é? É o que você sente que precisa. Que vai te ajudar a amortecer toda a sua dor ou qualquer merda que você esteja sentindo. Você gosta de ser toda ferrada. Gosta de lamber o chão do fundo do poço e às vezes parece que se pudesse cavaria ainda mais.”

Hinata apenas o encara, incapacitada de revidar as palavras rudes.

“É, eu adoro ser essa porra fodida.” Sua voz sai murmurada, derrotada e Naruto a olha. “Adoro não ser a garotinha do papai.”

“Não venha se fazer de coitada agora…”

“Sim, você está certo. Eu amo ser essa viciada fodida do caralho que chuparia qualquer pau nessa esquina nojenta por um punhado de pó só porque isso aliviaria qualquer merda que eu tô sentindo.” Sua expressão endurece e seu enjôo que parecia ter dissipado, retorna.

“Você é um babaca do caralho, Naruto!”

Quando ele enxerga o lampejo de dor que atravessa de forma muito perspicaz as pérolas que Hinata possuia em seus globos oculares, Naruto se arrepende do que disse.

Sua raiva por a encontrar naquele lugar, se drogando e se embebedando, se colocando em uma clara situação de risco o irritou tão profundamente, que acabou descontando sua frustração nela. Que embora não parecesse, era a maior vítima daquela vida miserável.

Naruto pensou nas palavras de Hera e no motivo de Hinata ter se ausentado, até mesmo dele. Naruto acreditava que Hinata gostava dele. Mas não importa o que ela realmente sinta por ele, ainda não era maior do que a escuridão que, dia após dia, se apossava cada vez mais do coração dela.

Hinata sofria mais do que ele imaginava e sua dor era constantemente imaculada, mas nunca dissipada.

O vislumbre de sua verdadeira dor se foi na mesma velocidade que veio, e o semblante endurecido de Hinata o trouxe de volta a versão que ele mais conhecia. O que trouxe ao seu consciente as palavras de Hera.

“E você não tem ideia do que a Hinata é capaz de fazer. A sua falta de apego à vida a torna monstruosa, quase cruel. É como se ela tivesse desistido de ser humana.”

A olhando naquele instante, Naruto não conseguiu acreditar que Hinata tivesse deixado de ser humana. Ela apenas se defendia muito bem.

Mas Naruto não poderia descartar que o lado malevolente de Hinata não existisse. Afinal, ele o descobriria mais tarde.

Tomando conhecimento da faceta que ela mais lutava para esconder, Naruto relaxa sua postura.

“Me desculpe. Isso foi… desnecessário. Não quis colocar dessa forma. Não foi o que eu quis dizer.”

“Sei exatamente o que quis dizer.”

Naruto suspira, tentando não perder o pouco que resta de sua paciência.

“Me desculpe, tá legal? Agora chega. Vou te levar para casa.”

Hinata puxa o pulso de seu aperto. “Eu não vou a lugar nenhum com você.”

“Hinata…”

“Você vem até aqui para me insultar e o caralho a quatro e espera que eu volte com você? Pensei que estivesse preocupado-

“E eu estava, mas agora eu estou mesmo é irritado. Para de bancar a mimada porque isso não funciona comigo.”

“Eu não vou! Me deixa, caralho!” Ela o empurra no peito e o encara, furiosa. Naruto respira fundo antes de se virar, lhe dando as costas.

“Que se foda então.”

Ele desistiu muito rápido, pensou Hinata, com o desespero nos olhos quando ele estava se dirigindo até seu carro usando a saída dos fundos.

Talvez ela precisasse dele. Ela sempre precisava dele.

“N-Naruto, espera! Naruto!” Ele a ignora e ela o chama mais algumas vezes.

Naruto para no meio do caminho e levanta os braços em um sinal claro de impaciência, gritando de volta:

“O que é agora, porra?”

Mas sua raiva logo é substituída por preocupação ao ver Hinata debruçada no chão, jorrando para fora de seu organismo todo o álcool que ingeriu.

Naruto imediatamente corre até ela para afastar seus cabelos do rosto e ver se ela não estava sufocando. Pacientemente, a espera terminar de expelir o conteúdo pegajoso e a ajuda a se levantar.

“D-Desculpe…” Hinata esfrega a manga de seu moletom na boca e fita Naruto, envergonhada e ainda enjoada.

Derrotado, Naruto passa o braço por seus ombros, a conduzindo até o carro.

“Vou te levar para casa.”

“Para casa da minha mãe não, por favor…”

“Para a minha casa.” Ele explica e Hinata se acalma.

Ele a deposita no banco de trás para poder se deitar, mas somente depois dela jurar que não sujaria seu carpete.

Quando Naruto liga o motor do carro e dá a primeira marcha para deixar o estacionamento, não percebe pares de olhos castanhos o observando partir, intrigados com o fato do padrasto de Hinata tê-la arrastado consigo.

 

___________

 

5 de abril de 2031.

 

“Setembro era o aniversário de morte de seu pai?”

“Sim, ele faleceu no dia 7. Foi quando o encontrei.” Uma mecha de cabelo é depositada atrás da orelha. “Cada ano que se passava era mais difícil digerir. Um ano acrescentado. Mais um número. Mais 365 dias sem meu pai e eu na mesma situação, decaindo cada vez mais e sem me dar conta disso.”

Sua terapeuta anota algo em sua ficha.

“Você escolhia se isolar para sofrer seu luto. Nunca pensou em compartilhá-lo com sua mãe e irmã?”

“Não. A companhia de minha mãe era insuportável. Sempre amei minha irmã, mas não queria conversar com ela sobre nosso pai. Muito menos deixá-la se aproximar o suficiente para entender o que acontecia comigo. Eu tentava manter Hanabi segura de mim mesma. Longe. Era minha forma de amá-la. A protegendo da irmã tóxica que ela tinha.”

“Você conseguiu a manter longe por muito tempo?”

“Não muito.”

“E como o Naruto acabou se envolvendo nessa sua fase?”

Hinata suspirou e se recostou na poltrona.

“Quando ele foi me buscar naquele dia, algo que eu definitivamente não estava esperando, ele estava diferente. Eu havia feito o pedido do cilício para ele já fazia um tempo, mas ele já tinha dito que não faria. Nesse dia, no entanto, ele pareceu querer atender o meu pedido. Além dele ter cuidado de mim, ele me olhou como se tivesse enxergado algo além da garota rebelde na frente dele.”

Seus olhos fitam um ponto na pequena mesa a sua frente ao se recordar de como Naruto a tratou naquele dia. Ela sabia que, pela primeira vez, aquele homem havia a enxergado em sua verdadeira forma. Reconhecendo toda dor que a habitava. Naruto se compadeceu com seu sofrimento e isso a assustou, pois não era o que ela queria dele.

“Eu não precisava da pena dele. Não era o que eu queria. Ele era a minha distração, uma delas e eu precisava que continuasse assim. Naruto era como uma droga e eu precisava das doses dele. Tentei não permitir que ele me enxergasse, mas ele viu. De alguma forma ele viu, e por ter visto, ele cedeu.”

A terapeuta retribui seu olhar.

“E talvez por pensar que estava me ajudando, ele me deu exatamente o que eu queria. O problema era que, quanto mais Naruto me dava o que eu queria, mais ele se odiava.”

 

___________

 

15 de setembro de 2017

Mesma noite, apartamento no Glen, Heywood, NC.

 

Naruto subiu pelo elevador com Hinata jogada em seu peitoral. Ao entrar em seu apartamento, a conduziu até o banheiro, onde deixou a água quente enchendo a banheira enquanto a ajudava a se despir. Sentada na beirada da banheira, ele inspeciona seu corpo juvenil. Alguns hematomas aparecem perto do cotovelo e joelhos. A ponta das unhas estavam escuras. Hinata puxou a mão, envergonhada pelas evidências de seus atos.

“Se sente enjoada?” A cabeça dela é agarrada e seu cabelo removido do rosto.

“Hum… acho que não. Tô melhor.”

“Está com fome?” Ela acena com a cabeça enquanto o mais velho prende seus fios negros e lisos no alto. Ao checar a temperatura da água, Naruto passa o braço por baixo das pernas da jovem e a deposita na banheira.

“Desligue a água daqui a uns 5 minutos. Vou preparar algo para você comer.”

Hinata acena e se acomoda na água quente que parece relaxar todos os músculos de seu corpo.

Na cozinha, Naruto abre a geladeira e procura pelo patê de atum que comprou dois dias atrás e mais alguns ingredientes. Usando algumas fatias de pão de forma, ele prepara dois lanches para Hinata enquanto pondera sobre o encontro.

Descobrir mais sobre o passado de Hinata causou certo desconforto no mais velho. Era impossível não vê-la com outros olhos ao saber que Hinata ainda estava de luto por uma perda. Isso explicava todo seu comportamento agressivo e revolto. Uma criança na idade dela tendo que crescer sem um pai tende a desenvolver problemas que podem se tornar maiores do que ela. E Naruto sabia que Hinata estava perdida há algum tempo.

Às vezes era fácil se esquecer de sua real maturidade. A relação dos dois era baseada em apenas sexo. Hinata não o procurava para conversar ou desabafar. Tudo que ela exigia dele eram surras e noites de prazer. E Naruto dava a ela tudo que ela queria, pois isso o satisfazia. De certa forma, eles se completavam. Mas, por outro lado, não serviam um para o outro.

Seu lado emocional aflorava dentro de si, buscando compreender a dor agressiva que assombrava a garota em seu banheiro. Mas a verdade era que Naruto não pretendia e nem deveria se envolver tanto nos problemas de Hinata. Ele já tinha os seus próprios e que estava, desesperadamente, tentando resolver.

Enquanto a relação deles fosse apenas carnal, tudo estaria certo. Não deviam nada um ao outro e assim que Naruto terminasse seu curso, deixaria Heywood. Assim como deixaria Hinata para trás. Tudo não passaria de uma aventura que logo ele se esqueceria. Sua verdadeira vida não estava em Heywood. Ele só estava de passagem.

Se envolver na vida de Hinata significava deixar seus próprios conflitos de lado e isso era algo que não poderia acontecer. Afinal, sua ida a Heywood tinha um propósito e Naruto estava tentando a todo custo não se perder.

Hinata já estava dificultando seu caminho o suficiente. Era melhor que as coisas entre eles não se aprofundassem. Quanto mais superficial fosse esse envolvimento, melhor seria para ambos. Naruto não precisava se envolver na escuridão que habitava Hinata, por mais que em seu íntimo, quisesse de alguma forma ajudá-la.

Sem mencionar a própria escuridão que habitava seu coração destroçado.

Dissipou os pensamentos ao finalizar a pequena refeição que preparou para ela. Ao retornar para o banheiro, ela estava se ensaboando. Naruto arrastou um pequeno banco para se sentar ao lado da banheira e pegou o chuveirinho que ficava pendurado na parede.

“Vou lavar seu cabelo.” Ele avisa e puxa Hinata para perto, desfazendo o pequeno coque e molhando seus fios sedosos.

“Eu posso fazer isso.”

“Já estou fazendo.”

Um pouco de shampoo é depositado na palma de sua mão e Naruto se encarrega de o espalhar pelo couro cabeludo de Hinata. Ela aprecia o ato em silêncio, gostando da massagem. Ao finalizar, ela se vira de frente e apoia os braços na borda da banheira para fitá-lo. Seus cílios molhados piscam para ele e seus lábios igualmente úmidos beijam os seus, pegos de surpresa. A água pingando de Hinata acaba molhando as vestes de Naruto quando ela se inclina, mas ele não parece se incomodar. Segurando em ambas bochechas, ele a beija de volta.

“Por que não entra aqui comigo?”

“Já tomei banho.”

Ela sorri para sua resposta. Seus olhos piscam para ele. Sua cabeça é acolhida pelas mãos grandes e Naruto acaricia sua bochecha molhada. Hinata inclina contra a palma de sua mão, esfregando a pele contra ela. O olhar de Naruto desliza por sua face e ela sabe o que ele esta prestes a perguntar.

“Você est-

“Preciso de você hoje.”

“Para quê?”

“Você sabe.”

O lampejo de condescendência em seus olhos se dissipam ao que ele solta seu rosto. Hinata se sente satisfeita.

“Talvez outro dia. Você deve estar mais cansada do que imagina.”

“Eu preciso de você, Naruto.”

Seu tom tem um leve toque de súplica que ele reconheceu em conjunto de seu olhar, penetrando no dele.

“Eu não te busquei para isso. Outro dia, Hinata…”

“Por favor.” Ela pega a mão dele e a coloca em seu próprio pescoço novamente. “Por favor. Eu preciso disso.”

Encarando aquelas pérolas por baixo daqueles cílios úmidos, Naruto sabe do que ela realmente precisa. Ela não estava pedindo, à sua maneira, estava suplicando. Ele a tirou de seu estado de entorpecimento e agora precisava compensá-la de outra maneira. Afinal, ainda era setembro.

Talvez essa fosse a forma mais doentia de oferecer ajuda para alguém. Dando a ela exatamente a dose tóxica que ela deseja. Infelizmente, essa era a única maneira de ajudar Hinata, dando a ela o que desejava. Mesmo que isso fosse contra seus princípios, Naruto acreditava que de certa forma estava fazendo algo. Mesmo que em termos distorcidos.

Com um suspiro, ele acena.

“Tudo bem.”

Os olhos dela brilham em ansiedade.

“Termine seu banho e coma um pouco. Você sabe onde encontrar escovas de dente novas no armário abaixo da pia. Após terminar, venha para a cama.”

Hinata sorri e trata de finalizar seu banho assim que Naruto a deixa sozinha novamente.

Ele caminha até seu quarto e remove a roupa molhada, ficando apenas com a peça íntima. Ao se sentar na cama, desliza os longos dedos pelos fios rebeldes de sua cabeleira loira e pondera sobre o que fazer. Seu olhar é atraído para seu closet, onde ele guardava dentro de uma pequena caixa o instrumento de autopunição que havia adquirido.

Ele não pretendia usar, ainda sim, o comprou.

Talvez gostasse de mentir para si mesmo.

Ao sair do banheiro, Hinata veste uma camiseta de Naruto que ele havia deixado para ela. Secou o cabelo da melhor maneira que conseguiu e foi correndo devorar os lanches na cozinha. Estava mesmo faminta. Após terminar sua higiene bucal, procurou no bolso de seu jeans o pequeno pacote que guardava. Se certificando de que Naruto não estava nos arredores, consumiu o conteúdo rapidamente. Limpou o nariz no espelho e descartou o pedaço de plástico no vaso sanitário.

A experiência ficava melhor quando sua euforia estava alta.

A passos de gato, se encaminhou até o quarto e o viu ainda sentado na beirada da cama. Com as costas curvadas, mãos dobradas e cotovelos apoiados nas coxas. Se aproximou e o surpreendeu ao puxar suas mãos e sentar-se em seu colo. Naruto passou os braços ao seu redor e deixou que Hinata o beijasse avidamente.

Acabou caindo de costas na cama quando ela segurou em seu rosto para adentrar a língua em sua boca. Seus lábios macios esmagavam os dele em um beijo sedento, luxurioso. As línguas se enroscavam e deslizavam uma pela outra, os dentes mordiscavam os lábios os deixando inchados e toda ação sensual contribuia para ascender o desejo em Naruto. Não era preciso muito quando se tratava de Hinata. Ela estava em cima dele, devorando sua boca e esfregando seus lábios vaginais contra o volume na boxer dele, já que ela se encontrava sem calcinha.

A saudade do corpo dela o acometeu e se antes ele estava relutante, agora seu desejo falava mais alto. Tamanha era o efeito que aquela garota tinha sobre ele. Talvez fosse a forma desinibida que ela o beijava e o tocava. A insinuação em seus toques e movimentos, sempre o seduzindo, se entregando para ele. A sua falta de pudor em gemer seu nome, implorar para ser fodida por seu pau, ou sua fome insaciável por transar com ele.

Ela sempre ficava tão molhada quando estava com ele. O simples ato de beijá-lo a deixava úmida. Exatamente como agora.

Um giro na cama e Naruto a coloca sobre o colchão, ficando por cima.

Seu corpo é rodeado pelas longas e pálidas pernas da Hyuuga, que sentindo seu membro duro entre as pernas, se certifica de não perder o contato. A boca aveludada de Naruto troca de alvo, abandonando os lábios da garota e atacando seu maxilar. Um caminho é trilhado até seu pescoço e Hinata sente seus pelos se arrepiarem com o chupão que o mais velho deixa em sua pele. A mão esquerda de Naruto invade o tecido que a cobria e aperta seu seio, arrancando mais reações de Hinata.

As bocas voltam a se beijar descompassadamente, preenchendo o ambiente com o som de lábios sendo chupados, mordidos, devorados. Gemidos e suspiros de prazer.

A sensação era tão boa que Hinata sentia como se estivesse tendo sua primeira vez com Naruto novamente. Estava tão excitada que sua vagina pulsava em antecipação. Desejando os dedos dele, a língua, a boca, o pênis. Tudo!

A tensão sexual estava tão dilacerante que acabou ofuscando a mente de ambos. Tanto Hinata quanto Naruto estavam completamente alheios do quanto sentiam falta do corpo um do outro. Até que decidiram se reunir novamente.

Seu membro latejava e sua glande avermelhada vazava o líquido lubrificante enquanto se esfregava contra Hinata, desejando desesperadamente se enterrar dentro dela e gozar a noite inteira. O cheiro da sua pele recém-lavada, o calor que irradiava dela, a tez macia e sedosa que queimava ao tocar a sua. Naruto não podia negar a incontestável atração que sentia por ela. Seu corpo se moldava tão perfeitamente ao dele. E ela implorava tanto por ele, por cada parte dele. Assim como queria saciar seu desejo, também queria conceder o dela.

Sua mão grande faz seu caminho por entre as pernas de Hinata até chegarem no destino desejado. Seu longo dedo logo é melecado ao deslizar pela fenda pulsante e molhada da garota. A ponta do dedo é deslizada pelo clitóris inchado, o massageando e Hinata se contorce abaixo dele, involuntariamente abrindo mais as pernas.

Naruto agarra um punhado de cabelo da nuca de Hinata quando introduz dois dedos em sua abertura. O calor do interior dela o acolhe e logo seus movimentos se iniciam, a fazendo se agarrar em seus ombros largos.

“Oh! Naruto…”

Hinata fecha os olhos para se deleitar de prazer. A língua quente e molhada de seu amante desliza por seu pescoço exposto e esticado, enquanto sua entrada era invadida por seus dedos. Naruto iniciou um movimento com a ponta dos dedos, os introduzindo a fundo e estimulando os nervos do clitóris de Hinata por dentro de sua cavidade. Ela conseguia senti-lo pulsando sem estar de fato o tocando.

“Oh! Oh! Isso!”

Os dentes dele mordiscam sua orelha e seu polegar estimula seu ponto sensível pelo lado de fora. Hinata convulsiona.

“Ah! Naruto! Assim eu vou-Oh! Assim eu vou…”

A tremedeira toma conta de suas pernas e Hinata ofega ao sentir o orgasmo se aproximando. No entanto, antes que ela possa gozar contra os dedos de Naruto, seu interior esvazia quando ele puxa a mão.

“Você não vai gozar agora.”

Ele se ajoelha na cama e remove a camiseta que ainda a cobria. Usando o mesmo tecido, Naruto puxa os pulsos da garota para poder amarrá-los. Ele deixa os braços unidos de Hinata acima de sua cabeça e desliza as mãos, lentamente, pela lateral de seu corpo. Sua boca cobre a mama direita dela e a chupa com avidez. Sua mão esquerda acaricia o bico de seu mamilo livre e o belisca ao mesmo tempo que seus dentes mordem o mamilo em sua boca. Um gemido esganiçado escapa dos lábios da garota, que sente prazer mediante a dor. Naruto desce com a boca por seu abdômen liso e espalha mordidas pelo caminho. Puxando um bocado de pele com mais força vez ou outra.

Ao se afastar, Naruto remove a boxer e seu mastro ereto e repleto de veias saltadas pula contra seu abdômen. Com a glande brilhando, úmida. A visão faz Hinata salivar, sedenta para senti-lo a rasgando ao meio, seja em qual buraco ele decida enfiar.

Antes de se dirigir ao closet, seu rosto paira sobre o de Hinata. “Você tem certeza disso?” Ele precisava se certificar uma última vez.

A expressão ansiosa no rosto dela, juntamente de seus olhos brilhando já respondem sua pergunta, mas ela sorri mesmo assim.

“Sim, por favor.”

Decidido a dar a ela o que quer, ele se levanta e caminha até o closet. Em expectativa, os olhos de Hinata o acompanham abrir a porta e puxar uma pequena caixa para fora. Naruto a deposita ao seu lado na cama antes de abri-la e tirar de dentro a ferramenta que sua amante havia pedido para que ele usasse nela.

O peito de Hinata incha e seu coração fica descompassado ao ver o material reluzindo nas mãos dele. Sua expectativa apenas aumenta e sua vagina umedece ainda mais.

O cinto cilício que Naruto adquiriu era feito de metal, um dos modelos mais intensos que continham pontas espinhosas alojadas que entrando em contato com a pele, proporcionava dor e desconforto. O material rústico tinha cerca de 5cm de largura e poderia ser ajustado.

Seu joelho afunda no colchão ao subir na cama. Escolhendo seu alvo, Naruto dobra o joelho de Hinata e desliza o material metálico ao redor de sua coxa, perto da virilha. O contato com o metal frio a causa arrepios e com os olhos atentos, ela acompanha vários pontos de sua pele afundarem sob os espinhos a medida que o cinto é ajustado.

Naruto levanta o olhar.

“Você vai me dizer quando parar.”

O aperto vai aumentando lentamente. Hinata consegue sentir as pontas espinhosas perfurando sua pele, lhe causando o incômodo. Um pouco de tecido da pele se sobressai pelos espaçamentos do cinto e Naruto aperta mais, observando a careta de dor no rosto da menor.

“Hinata.”

“Mais um pouco, só mais um pouco. Pode apertar.”

“Sabe o que acontece se eu apertar demais.”

“Eu sei. É isso que eu quero.”

“Hinata…”

“Por favor, Naruto. Estou bem. Aperte!”

Observando o amontoado de pele que se forma entre os pequenos espaços do cinto, Naruto continua o apertando. Hinata prende a respiração quando a ponta afiada perfura sua pele.

“Está bom!”

Naruto o prende e se afasta. Observando o corpo impecável da jovem rendida na cama, ele decide aumentar a experiência. Se era dor que Hinata queria, era dor que ela teria.

Mais uma vez ele se dirige ao armário e vasculha uma pequena gaveta com alguns brinquedos. Os olhos de Hinata observam outra corrente cintilando nas mãos dele ao se virar.

A princípio ela pensou se tratar de uma coleira, mas ao ver os pequenos prendedores nas duas pontas, Hinata entendeu.

“Isso são…”

“Sim.”

Naruto se aproxima da cama novamente. Ajoelhado em cima de Hinata, ele acaricia seus seios com certa força, como se estivesse os preparando para receber o pequeno objeto. Seu polegar e seu dedo indicado beliscam o mamilo sensível, arrancando um gemido de dor de Hinata.

“Não é disso que você precisa?” Ele pergunta em baixo tom enquanto aproxima os lábios do mamilo. Sua língua o contorna e seus dentes o mordem. Naruto o suga com avidez e solta o seio em um estalo.

“E-Eu aguento!” Hinata geme, manhosa.

Com o bico do seio umedecido pela língua de Naruto, Hinata o observa posicionar o pequeno prendedor em volta do mesmo e prendê-lo. A sensação a pega de surpresa. Não era tão apertado, mas doía do mesmo jeito.

“Esse não vai pressionar tanto. Não se preocupe.”

Ele faz o mesmo ritual com a boca antes de posicionar o segundo bico entre o prendedor. Hinata ofegou ao sentir a dor igualada em ambos os mamilos.

“Não vou te prender na cama. Ficará apenas com os pulsos amarrados. Se em algum momento você preferir parar, sabe o que fazer.”

Hinata acena e repete a palavra de segurança que escolheu há um tempo. “SAMURAI.”

Naruto sorri, ainda achando a palavra engraçada.

“Sua palavra de segurança é incomum.”

“Eu gosto dela. E da banda.”

“Johnny Silverhand ficaria orgulhoso, eu imagino.” Ele murmura ao espalhar beijos pelo vale de seus seios, distribuindo carícias com as mãos pelo corpo dela.

“Com certeza…”

Hinata observa Naruto descer por seu abdômen, deixando um rastro molhado de beijos até alcançar a virilha. Agarrando a coxa desnuda, seus dentes cravam contra a pele enquanto sua língua saboreia do sabor de Hinata. Pelo canto do olho ele consegue ver a secreção lubrificante escorrendo pela pequena fenda de Hinata. Só de estar sendo acariciada por ele, sua vagina pulsa em antecipação. Com as pernas abertas e dobradas, ela sente a língua dele contornar os lábios maiores em clara provocação. A ponta da língua desliza por seu clitóris antes de ser sugado. Hinata tenta se conter na cama.

“Sua boceta tá vazando e eu mal te toquei, Hinata.” Enquanto ele fala, o hálito quente sopra contra a abertura dela.

“Eu preciso de você, Naruto!”

A súplica manhosa que sai dos lábios dela faz Naruto sorrir. Sem mais demora, seu padrasto desliza a ponta da língua de ponta a ponta em sua vagina antes de segurar o pequeno ponto sensível no topo. Naruto sente o gosto do néctar de Hinata na língua e trata de buscar por mais. Sua boca, sempre sedenta por ela, beija os lábios vaginais dela. Sua própria saliva se mistura com os fluidos dela e sua língua se encarrega de cobrir cada parte daquela boceta que tanto o ansiava.

Os mamilos presos entre os grampos enviam pontadas de dor. Sua coxa esquerda presa ao cilício lhe dá arrepios toda vez que move a perna. Os espinhos a perfuram enquanto sua vagina, completamente aberta, é devorada pela boca sedenta de seu padrasto. Hinata segura na base da cama já que está com os pulsos amarrados para não sair do lugar.

O braço de Naruto desliza por baixo de sua perna para alcançar seu mamilo. Apalpando a carne macia ao redor, ele afunda os dedos enquanto a chupa com ferocidade, enviando ondas de calor para o corpo inteiro de sua enteada.

Hinata solta um grito sôfrego quando Naruto pressiona os grampos em seu mamilo e estimula seu clitóris ao mesmo tempo. Um espasmo invade o corpo da jovem, que ao se mexer, sente a pele pinicada pelo cinto. Incapaz de se conter, ela impulsiona o quadril para cima, servindo sua boceta encharcada e pulsante como refeição para Naruto. O som da boca dele chupando, beijando e devorando sua vagina preenche o ambiente. O mel que era liberado da pequena fenda escorre pelos cantos da boca de Naruto. Que em momento algum deixa de trabalhar. Seu próprio membro lateja ao sentir o gosto de sua enteada. Que entre um gemido e outro, esfrega a própria boceta contra seus lábios, desesperada para gozar na boca dele.

O sabor de Hinata inebriava todos os sentidos de Naruto. O néctar levemente amarescente, porém deliciosamente quente e convidativo, escorria por sua língua. Afastando um pouco a boca, seus dedos abrem os pequenos lábios vaginais e a visão o deixa perturbado de prazer. A visão, composta por lábios finos e enrugados, com uma coloração mais escurecida em contraste com o interior, banhado por um rosa que brilhava por conta da lubrificação natural, enviava ao corpo inteiro de Naruto ondas e ondas de excitação. Um dedo é afundado na pequena abertura e o abrasamento do interior dela o acomete de tal maneira que sua vontade é de penetrá-la com seu pênis pulsante no mesmo instante e fodê-la até a preencher de porra.

Sua boca volta a devorar o pequeno clitóris inchado e Hinata convulsiona novamente. Ela era enviada para outra dimensão quando Naruto lhe fazia sexo oral. Seu orgasmo durava tanto que seus sentidos se perdiam e por um momento ela deixava de pertencer a este plano.

Mas claro que ele não lhe daria este prazer nesta noite. Ele gostava de provocá-la.

Quando ele percebe os movimentos desesperados dos quadris de Hinata, afundando e esfregando a boceta em seu dedo e sua boca, com uma mordida cruel no interior da coxa perto da bunda, ele se afasta.

Hinata resmunga, eufórica e dolorida.

Naruto passa a língua pela boca lambuzada antes de subir na cama. Seus joelhos afundam ao lado dos braços levantados de Hinata e a visão que ela tem é de seu pênis pairando sobre seu rosto. Ele está o segurando pela base, deslizando a mão fechada até a glande que pingava. Sem dizer uma palavra, ele agarra o couro cabeludo da jovem e esfrega a glande inchada e avermelhada contra os lábios dela antes de afundá-la em sua boca.

Hinata solta um gemido em deleite ao sentir o gosto amargoso tocar-lhe a língua. A mesma, sedenta pelo pênis enrijecido de seu padrasto, desliza pela glande inchada antes de chupá-la. Ela conhece Naruto o suficiente para saber que nessa posição ele não costumava ser gentil. Ela prepara a garganta para o que está por vir e quase não tem tempo para tal quando ele empurra o quadril e afunda o próprio pau no interior da boca dela.

Quando ele puxa, ela o chupa. Quando empurra, ela o engole. A espessura desliza para dentro de sua pequena boca, que luta para receber seu comprimento todo. Hinata tenta se lembrar o tempo todo de respirar pelo nariz para não se engasgar, mas Naruto era grande. O suficiente para fazer seus olhos lacrimejarem quando empurrava mais fundo, a fazendo ficar sem ar.

Sua garganta involuntariamente tenta expeli-lo, mas ele não deixa. Ele puxa o pênis por um segundo antes de enterrá-lo novamente, obrigando sua enteada a chupá-lo em seus termos.

Ele diminui o ritmo e volta a torturar Hinata apertando os grampos em seu mamilo. Ela geme contra sua glande, mas sem deixar de sugá-lo. Como a boa garota que é, sua boca trata de dar ao seu padrasto o que ele deseja. O fitando nos olhos, ela movimenta o pescoço para poder criar a fricção prazerosa para ele. Murchando as bochechas o máximo que conseguia para poder chupá-lo feito um pirulito.

Naruto parece satisfeito, pois simplesmente a deixa conduzir o boquete. O interior da boca dela aquece suas bolas. Faz sua glande pulsar e lubrificar a língua dela. Ele queria tanto gozar na garganta dela. Lambuzar aquele rostinho de esperma e ver Hinata lambendo os próprios lábios, satisfeita como sempre fazia.

No entanto, hoje, ele iria lambuzar a boceta dela que ainda piscava com vontade dele.

Ele afasta o quadril levemente e esfrega a cabecinha do pau nos lábios inchados dela antes de se afastar completamente.

Hinata recria a imagem que ele acabou de visualizar e sorri para ele.

“Você sabe mesmo como se comportar feito uma puta.”

O sorriso dela se alarga.

“Porque eu sei que você gosta.”

Ela sente a mão dele deslizar por sua entrada que ainda vazava. Naruto dá uns tapas em seu clitóris antes de estimulá-lo e Hinata geme alto.

“Eu vou te foder agora.” Ele anuncia segurando a bochecha dela. A expressão em seu rosto é chorosa por conta da mão dele a provocando.

“Por favor, sim.”

Naruto paira com o rosto em cima do dela.

“Você quer que eu te foda?” Ele pressiona a palma da mão, cobrindo o meio das pernas dela antes de afundar um dedo.

“Sim, sim. Eu quero. Por favor, me foda!”

“Eu vou te foder e gozar na sua bocetinha apertada.” Ele sussurra contra o ouvido dela e desce para o pescoço. “Quero ver ela vazando com a minha porra.”

O timbre da voz sedutora dele envia calafrios que atravessam a alma de Hinata. Sua vagina umedece contra o dedo dele.

“Eu quero. Eu quero tanto que você me preencha. Por favor, eu sou sua. Me fode!”

Naruto se afasta até ficar ao pé da cama. Ele passa os olhos pelo cinto e percebe que a pele de Hinata já se encontra castigada. Suas mãos a agarram pelo tornozelo e a puxa até a beirada da cama.

Naruto a vira de bruços rapidamente. Ele puxa as duas pernas até Hinata ficar debruçada sobre elas. Sua bunda fica empinada para fora da cama, os joelhos dobrados e o rosto contra o colchão.

A posição que Naruto escolheu fez a carne de sua coxa se sobressair pelo cinto, o que a causou extrema dor. Hinata ofegou quando sentiu os espinhos perfurarem sua pele e a machucarem. Ela tem certeza de que a carne rasgou, mas não queria parar. Não ainda.

Ela poderia pedir para Naruto afrouxar o cinto, mas estava disposta a testar o próprio limite. Com o peso em cima da perna dobrada, o cinto a machucava ainda mais, mas a dor também a enviava prazer.

Com a bochecha afundando no colchão e os pulsos unidos contra o peito, ela sente a ponta do pênis de Naruto esfregar na sua entrada. Ele não estava disposto a provocá-la mais. Estava com tanto tesão que se não se contivesse poderia gozar logo nas primeiras estocadas.

Essa posição era uma de suas favoritas. Não existia nada mais alucinante do que ver seu pau abrindo Hinata a todo instante enquanto podia ver seu traseiro empinado para ele. Aquele traseiro branco e liso que ele adorava encher de tapas até ficar vermelho e com hematomas de sua mão pesada.

Ele afunda a cabeça inchada do seu pau dentro da cavidade úmida dela e sente o quanto ela está lubrificada. Seu pau é acolhido e Naruto não contém que um gemido satisfatório escape de sua garganta ao finalmente estar dentro dela.

Agarrando na cintura dela, ele começa a empurrar sem cerimônias ou hesitações. Naruto enterra seu pau até o fundo antes de puxá-lo de novo e repetir o processo. A bunda de Hinata bate contra suas coxas mediante a intensidade de suas estocadas que já se iniciam brutas.

Hinata agarra no lençol para ter algum apoio enquanto sente sua vagina ser bruscamente invadida pelo pau exigente de Naruto. Suas investidas a impulsionam na cama, mas ela não sai do lugar porque as mãos de Naruto a puxam de volta.

O deleite em estar finalmente sendo fodida pelo seu padrasto a invade e o prazer nubla sua mente. Mesclar a dor com o prazer era algo que seu corpo já estava habituado a fazer. Os dois unidos em um só levavam Hinata ao extremo. Mesmo sentindo as infinitas pontadas na coxa, a dor cortante contra a carne, sua vagina ainda pulsava em regozijo ao estar sendo preenchida pelo pau de Naruto. Sempre tão duro, tão grande, tão sedento e bruto. Os mamilos presos pelos grampos já se encontravam doloridos e agora, fazendo contato com o lençol, causavam ainda mais dor.

Ela sente o membro duro e latejante de seu padrasto a penetrá-la a fundo e urra em prazer. Nessa posição, com o bumbum inclinado para o alto, a glande do pênis inchado dele estimulava os nervos interiores de seu clitóris, a causando sensações devastadoras, maiores do que ela. Suas pernas se encontravam bambas e seu corpo tremia. Sua garganta não se aquietava, sempre soltando gemidos altos e incontidos. E a cada gemido que preenchia o quarto, mais a líbido de Naruto aumentava. Sua fome devoradora aflora e ele se concentrava apenas na visão da qual se deleitava. Seu pau, brilhando e deslizando pela entrada apertada, quente e úmida de Hinata, sua enteada.

A boceta dela, toda lisa e rosada, estava inchada e vermelha. A cada estocada, um grito da garota.

A dor dilacerada do cilício faz Hinata engasgar. Ela sente algo morno deslizar por sua coxa, mas ignora. Seu corpo é impulsionado para frente e usando os punhos presos, ela se apoia nos braços e tenta ficar de quatro.

Seu corpo esquenta de tal maneira que a sensibilidade se esvai. A consciência a abandona e Hinata é tomada por um tipo de prazer jamais sentido. Sem perceber que sua carne está sendo dilacerada, ela flexiona as pernas. O interior de sua vagina arde em chamas e seu clitóris pulsa. Ela sente em todo seu ser que está prestes a gozar. O gemido que escapa do fundo da sua garganta alerta Naruto.

Igualmente inebriado, ele vira Hinata de barriga para cima e não tarda em penetrá-la novamente, sem querer perder tempo. Ele também estava perto.

Com movimentos frenéticos e intensos, um rosnado escapa de sua boca ao sentir o familiar formigamento percorrer seu corpo. Os olhos azuis se abriram quando cravou os dedos na cintura fina de Hinata para intensificar suas investidas. O orgasmo estava prestes a ser compartilhado e quase se consagrando como o melhor que já tiveram. Mas Naruto não estava preparado para o que viria a seguir.

Ele não entendeu quando a sua perversão se transformou em algo além da compreensão.

Talvez fosse o efeito que Hinata causava em si.

Aflorando uma insanidade sem precedentes e recém descobertas que nem mesmo Naruto sabia que existia dentro dele.

O efeito tóxico que ela tinha sobre ele de alguma maneira distorceu seus sentidos e inebriou sua mente de tal forma, que seu bom senso foi perigosamente negligenciado.

A imersão naquele mundo de prazer doentio afogava Hinata e arrastava Naruto para as sombras junto dela.

Ela era a noiva do demônio. Seu corpo esculpido dominado pela dor cravada em seus ossos, carne e alma. Em deleite, ela sorria, ela gritava, ela implorava por mais. Enquanto sua carne era dilacerada, seu corpo queimava em puro êxtase, a permitindo sentir pela primeira vez em sua vida qual era o seu limite, e percebendo em meio ao caos, que não havia limite algum. E o demônio que a possuia, era ele.

Seu corpo se contorcia abaixo do dele, seus pulsos amarrados envolveram seu pescoço e ele a penetrou mais fundo, mais forte. Ela levantou a perna sangrando, não se importando com a dor, somente com o prazer.

Ela gritou para ele não parar e quando a mão dele agarrou sua coxa, a palma ficou avermelhada. Naruto abaixou os olhos e viu a pele dela banhada em sangue. O cinto a perfurando e a rasgando. Sua mente entrou em colapso com seu corpo, que banhado de euforia pelo momento, não quis parar, não quis desacelerar. Ele sentiu o próprio membro latejar dentro dela enquanto seus dedos afundavam contra a carne castigada. Ele deveria parar. Ele deveria se preocupar com o bem-estar dela, era o que sua mente gritava, mas, ao mesmo tempo, seu corpo investia cada vez mais, se impulsionando para dentro dela, sedento para fazê-la dele.

Naquele momento, Naruto soube que seu sadismo ia além do que ele imaginava, além do que ele aceitava. Talvez por isso se refreava tanto. Não se permitia tais jogos. Sabia que poderia ir para um caminho sombrio e não era o que desejava.

No entanto, naquele momento, nada disso o importou.

As unhas de Hinata arranharam-lhe a nuca e seu pequeno corpo convulsionou abaixo dele. Os dedos ensanguentados de Naruto pressionaram o cinto e o grito de Hinata o excitou. Ele a fodeu com mais força, com toda brutalidade que possuia. Seus olhos fissurados observam o sangue deslizar por cada canto da coxa dela, as pontas de seus próprios dedos acariciam a pele maltratada, saboreando o sangue escorregando por entre os dedos enquanto fodia a boceta deliciosa de sua enteada sem pudor algum. Seu rosto se contorce e o interior dela parece mais apertado quando ele finalmente se libera. Seu orgasmo vem em ondas enquanto seu membro expele dentro dela, ainda em investidas grosseiras.

A onda avassaladora de prazer os atingiu ao mesmo tempo. Corpos unidos e conectados em um ato sexual profundo regozijam do êxtase que alcançaram. O som gutural que sai de Naruto preenche o ambiente ao finalmente se liberar dentro da cavidade úmida de Hinata. A jovem sente seu corpo flutuar e pequenas convulsões a atingem enquanto o intenso orgasmo a acomete. Não existia mais picadas de dor em sua coxa ou mamilos doloridos. Existia apenas o prazer infinito a levando para tão longe que Hinata se perdeu.

Sua consciência parece se separar de seu corpo, onde tudo que ela pode sentir é o puro deleite do prazer.

Após o que pareceu uma eternidade, os olhos de Hinata se abrem lentamente após sentir a palma de Naruto pousar em seu abdômen.

Seus olhos pousam nos dele, completamente perturbados. Com a sensibilidade retornando, uma careta de dor assume sua expressão quando inúmeras pontas afiadas parecem ter se cravado em sua pele.

Hinata desce o olhar para o cinto banhado em sangue. A mão de Naruto pousada sobre ele, igualmente suja.

Ele esperava pânico partindo dela, mas tudo que ela fez foi sorrir, plenamente satisfeita pela experiência única que acabou de ter.

“Por que não usou a palavra?”

Hinata o olha, atordoada.

“Eu não precisei.”

A expressão de Naruto era indecifrável. Parecia haver culpa, repulsa e arrependimento, mas também satisfação.

Ele odiou ter gostado da experiência.

“Hinata…” Sua voz sai esganiçada, cheia de dor. Ele não consegue se mover.

Hinata entendeu que eles passaram de todos os limites e que talvez para Naruto, não tenha sido uma boa ideia.

“Naruto, está tudo bem.”

“Não, não está.”

Para tentar acalmá-lo, ela acaricia seu cabelo.

“Foi uma experiência incrível. Eu nunca vou me esquecer do que senti hoje.”

“Olha o seu estado…”

Ela sorri. “Valeu a pena.”

Naruto ainda a olha incrédulo, não querendo aceitar de bom grado o que fez.

“Naruto, por favor, não faz assim…”

“Hinata… não.”

“Foi maravilhoso! Foi incrível! Foi único!”

“Hinata…”

“Eu não me arrependo.”

Ele suspira, derrotado. É claro que para ela foi o paraíso na terra. Hinata nunca entendia a gravidade da situação.

Ela puxa o rosto dele e o beija.

“Está tudo bem, eu juro.” Naruto apenas a encara. “Fui eu que pedi por isso, Naruto. Está tudo bem.”

“Você desperta o pior lado de mim.” Naruto sussurra contra a boca dela, pesaroso. “Você não se importa em se deitar com o demônio.”

Os dedos dela acariciam seu belo rosto conturbado.

“Desde que meu demônio seja você, eu aniquilaria minha alma infinitas vezes para ir ao inferno e te encontrar. Você pode comê-la e depois vomitá-la. Eu não me importo. Do céu ao inferno, eu sou sua.”

 

———————

 

5 de abril de 2031.

 

“O estrago foi grande, no mínimo. O cilício me cortou e foi difícil remover. Mas o pior de tudo é que eu não me importava. Eu havia gostado, mais do que imaginava.“

Ela sorri minimamente.

“Até hoje eu não entendo muito bem o que de fato aconteceu. Foi como se eu tivesse sido arrastada para outra dimensão e levado horas para sair de lá. Tudo ao meu redor sumiu. Perdeu o sentido, a forma. Minha mente gritava apenas o nome dele e meu corpo era consciente apenas do dele. Foi uma experiência incrivelmente única. Mas também assustadora.”

Hinata suspira.

“Naruto ficou desolado. Quase como se tivesse cometido um crime. Ele custou a admitir que também gostou. Ficou em negação porque ele viu o sangue e não parou. Na verdade, parece que isso apenas o atiçou e ele se culpou por isso. Que tipo de pessoa continua fodendo outra com tanto sangue vazando?

“Parece que seu companheiro na época tinha dificuldades em assumir as responsabilidades dos próprios atos. Por mais que a ideia tenha partido de você, ele era o responsável pela sua segurança justamente por ser o dominante. No entanto, a situação que saiu do controle pareceu o agradar. Isso não deveria ter lhe enviado um alerta sobre o tipo de homem com quem estava se relacionando?”

Hinata balança os ombros.

“Acho que sim, mas Naruto sempre foi muito consciente dos seus atos, por mais perturbadores e doentios que fossem. Era um lado dele que ele tentava manter na jaula. E ele teria mantido assim, se eu não tivesse aparecido. Ele estava certo, eu despertava o pior dele e o pior de mim atraía ele. Minha perversão desenfreada era o alimento que faltava para que seu lado sádico despertasse e quando isso acontecia eu tirava toda a vantagem que podia. Eu só queria me divertir. Não queria me preocupar. Não me importava com as consequências. Eu só queria mais e mais dele.”

“Ele continuou com os joguinhos então, eu imagino.”

“Sim, continuamos, mas nunca mais usamos o cilício. Me machucou de verdade e Naruto se sentiu culpado. Ele pegou leve comigo por um tempo antes de retomarmos o ritmo que eu gostava. De certa forma, ele cuidava de mim. E naquele dia ele percebeu que me dar o que eu desejava nem sempre era uma boa ideia.”

“Engraçado você o colocar como um sádico consciente. Você o defende muito. Até agora eu não a vi responsabilizar ele pelos próprios atos. Nem tudo que aconteceu foi culpa sua, Hinata. Não se esqueça que Naruto, sendo o mais velho da relação, tinha mais consciência do que você de como toda a situação era distorcida e maléfica. Para ambos.”

Hinata se lembra dos olhos azuis de Naruto e de toda emoção que emergia deles. Os visualizar em sua memória era como encará-los de volta. Ela nunca esqueceu a tonalidade daqueles olhos. Bordas escurecidas como o Coração do Oceano com uma pigmentação cristalina perto das pupilas. A noite a escuridão o dominava, o azul do mar se tornava negro e sombrio. Durante o dia, águas rasas e cristalinas predominavam.

Naruto falava através dos olhos e Hinata sabia ler suas emoções. Naquela noite em especial, ela viu o tormento no fundo de sua alma. O arrependimento e a preocupação. A repulsa que sentiu de si mesmo por ter permitido que a situação fosse longe demais. Sobrepondo o prazer à razão.

Diferente de Hinata, ele se importava com as consequências. Talvez por justamente ser um adulto funcional, mais maduro do que ela. Mas além da preocupação com ela, havia a preocupação consigo mesmo.

Hinata conseguia enxergar o monstro dentro de Naruto quando estavam juntos. O monstro que ela desesperadamente desejava que a devorasse.

Despertar o pior das pessoas era sua especialidade e com Naruto não seria diferente. Ele era apenas mais uma vítima em seus jogos perversos e cheios de manipulação. Para Hinata, era um prêmio ver que ele passava dos limites. Uma vitória em saber que à sua maneira ela também o dominava.

E por saber ler aqueles olhos azuis tão transparentes que ela entendia a dor de Naruto. Ela sabia ler o arrependimento genuíno e a culpa que o consumia. Depois de um tempo ela entendeu que era isso que Naruto fazia. Ele se culpava. A todo instante e a todo momento. Ele sempre se culpava.

Por mais que Hinata tenha o pressionado para tais eventos, e saísse plenamente satisfeita com os resultados, Naruto nunca aceitava de bom grado.

Em algum momento ela entendeu que a culpa naqueles olhos eram por seus erros contínuos. Naruto errava dia após dia ao estar naquela relação, mas não se livrava dela.

Apesar de enxergar, ela não sabia que para Naruto, seus erros tinham um peso maior do que ela imaginava.

“Não é que eu o defenda ou o deixe isento. É só que… ele era mais consciente do que eu. Eu conseguia ver o arrependimento nos olhos dele todas às vezes. Ele gostava de se torturar. E se tem uma coisa que eu jamais quero fazer é me isentar . Não interessa minha idade na época. O meu comportamento sempre foi intolerável e eu não me importava em machucar ninguém. Naruto se considerava um monstro quando estava comigo, mas ele só se sentia assim porque estava ao lado de um.”

Ela desvia o olhar por um instante antes de continuar.

“A minha mãe tinha razão. A minha falta de apego pela vida muitas vezes me tornava monstruosa. Eu machucava as pessoas e não me arrependia. Eu cometia… atos que… deveriam causar algum efeito, mas não faziam. Eu não percebia que estava deixando a minha humanidade morrer. Eu me deleitava com o Naruto sofrendo por estar comigo e só me importava em manter ele por perto. Por isso eu digo que tive mais culpa do que ele. Isso não diminui as coisas, mas eu sei o que fiz e do que era capaz de fazer. Jamais quero me isentar disso. Naruto ainda se arrependia. Eu não.”

Hinata fita as mãos unidas, se sentindo incomodada ao confessar seus lados sombrios e desumanos. Ela se lamenta de suas ações, principalmente aquelas que atingiram pessoas que ela mais tentou proteger.

“Quando eu digo que não quero diminuir minha parcela de culpa, é porque não quero esquecer das coisas que fiz. Quando falo dele, preciso falar da pessoa que eu também era. Eu não vou negar que arrastei Naruto para a escuridão onde vivia. Mas nesse caminho, nesse processo, as coisas começaram a fugir do controle. Minha dependência pelo Naruto só aumentava e com ela o vício em drogas também. Foi aí que tudo começou a desmoronar.”

Sua terapeuta anota algo antes de perguntar.

“Você entrou na fase do declínio?”

“Sim. Foi a partir desse momento que minha humanidade de fato morreu.” Uma expressão melancólica surge em seu rosto. “Eu fiquei tão perturbada que acabei atingindo a única preciosidade da minha vida. Hanabi acabou sendo atingida pela minha onda irrefreável de amargura. Eu atingi a única pessoa que tentava proteger.”

Hinata se lamenta ao se recordar.

“No meio do caos que me engolia e levava tudo que restava de mim, eu fui capaz de atacar a minha própria irmã.”

Chapter 5: IV.

Chapter Text

18 de outubro de 2017.

Vista Del Rey, Heywood, NC.

 

“Tem algo aí pra mim?”

O sussurro no ouvido de Kiba o sobressalta. Ao se virar, se depara com uma Hinata sorridente e cheia de segundas intenções.

“O que tá fazendo aqui?”

“O que eu tô fazendo aqui? Eu estudo aqui, babaca!”

“Não é o que parece já que mais falta do que comparece.”

“É o jeito dele de dizer que está com saudades.” Shino se pronuncia e Hinata solta uma risada.

“Ele sempre foi esse cão grudento. Tem novidades, Shino?”

Averiguando os arredores, Shino enfia as mãos no bolso para compartilhar com Hinata um pacote de pílulas. Porém, ao esticar o braço, o mesmo é barrado por um Kiba levemente irritado.

Hinata o encara, confusa.

“Tá reservado.”

O olhar dela intercala entre os garotos.

“É seu?”

“Pode ser.”

“Qual foi, Kiba?” Shino não entende a atitude do amigo.

“Você some por vários dias e quando aparece está sempre atrás de alguma coisa. Fomos reduzidos a apenas seus fornecedores?”

“Para de ser marica!”

“Não me trate desse jeito, Hinata.”

“Qual é o seu problema? Sabe que as coisas em casa não são fáceis. Nem sempre tenho cabeça para ficar nesse inferno de escola também.”

“Se precisa de alívio sabe que pode contar conosco. Somos seus amigos.”

“E não é isso que eu estou fazendo?”

“Não veio procurar por nós.”

“Kiba, para de ser implicante, cara.” Shino intervém, mas Kiba persiste.

“Se não tivéssemos os doces que ela gosta, eu duvido que ela lembraria que existimos.”

Um suspiro irritado escapa dos lábios de Hinata.

“O que foi? Acabou o seu estoque e veio abastecer?”

“É, caralho!”

Kiba a encara.

“É muito cedo, não é possível que você tenha usado tudo.”

“Vai ficar me regulando agora só porque você esta sem uma boceta pra comer? Que porra, Kiba?!”

“Eu me preocupo com você, Hinata. Mesmo que você mesma não se importe com absolutamente nada.”

“E tá preocupado com o que, porra?”

Os olhos de Kiba pousam em Shino.

“Não dê nada para ela.”

A pouca paciência de Hinata acaba se esgotando.

“Quem você pensa que é?”

“Você aumentou o consumo. Eu reparei.”

“E isso por acaso é da sua conta?”

“Hinata-

“Cuida da sua própria vida!” O peito de Kiba é empurrado por uma Hinata enraivecida.

“Chega disso, vocês dois, caralho!” Shino se coloca entre eles. “A gente ainda tá na escola, esqueceu?”

“Eu não tô com tempo pra isso. Você tem algo pra mim ou não, Shino?”

Shino lhe entrega os pacotes, recebendo de Kiba um olhar acusador. Antes que pudessem confrontar Hinata sobre qualquer coisa, tudo que podem ver são suas costas quando ela se vira, deixando o esconderijo deles rapidamente.

“Por que você deu pra ela, caralho?”

“Até parece que da pra frear ela. Ela iria me infernizar até entregar. Qual foi a sua?”

Kiba empurra as mãos de Shino de sua blusa e se afasta, segurando os próprios cabelos.

“Cara, você tem que parar com essa obsessão pela Hinata.”

“Não é isso.”

Shino se encosta novamente contra a madeira e acende outro cigarro.

“O que foi então? Vai ficar regulando a garota de graça agora?”

Kiba encara a saída por onde Hinata saiu.

“Ela ta passando dos limites.”

“Deve ser impressão sua. Hinata sabe se cuidar.”

“Mas não é só isso.” Ele se vira lentamente, ponderando sobre o que viu mês passado. “Eu… se lembra quando Hinata ficou uns dias em casa no mês passado? Te disse que fomos à Afterlife.”

“Lembro.”

“Eu voltei pra casa sozinho naquela noite. E depois daquele dia eu não vi mais ela.”

Shino o espera continuar.

“Eu achei esquisito, mas vi a Hinata saindo da boate com o padrasto dela.”

“Ele foi buscar ela?”

“Sim, foi o que pareceu.”

“E o que tem?”

Kiba suspira. “Eu não sei, cara. Achei estranho o modo como eles… estavam próximos, muito próximos.”

“Defina próximos .”

“Hinata parecia estar passando mal e eu vi ele a acolhendo. Ele tava a levando pro carro dele e ela se agarrava nele.”

Shino deixa de tragar por um momento.

“Se agarrando?”

“É.”

“Como assim se agarrando?”

“Porra, Shino! Você entendeu, caralho! Ela abraçava ele como se ele fosse mais do que um padrasto. Eu achei esquisito.”

“Você tá querendo chegar aonde?” Shino o encara. “Por que sinto que você ta insinuando algo?”

“Eu tô, mas posso tá errado também.”

“E tome cuidado com o que você esta insinuando.”

Kiba solta uma risada nasalada. “É sério? É da Hinata que estamos falando, a mesma garota que fez o professor de Biologia se demitir por ter transado com ele. Eu não duvido de nada vindo dela.”

“Mas presumir que ela estaria dormindo com o próprio padrasto seria demais, até para ela.”

“Eu não acho.”

“Que porra, Kiba…”

“Você costuma defender uma imagem que não existe da Hinata.” Kiba o encara ao se aproximar. “Projeta uma versão irreal. Eu sei o que vi e não queria estar criando teorias, mas eu estou. Não é só ela. Ele a tocava como se… como se fossem íntimos. E por que ele foi buscar ela às 1h na Afterlife?”

“Ela pode ter ligado pra ele.”

“Não ligou. Ela não queria voltar pra casa, deixou isso bem claro. Sabe como ela fica no mês de aniversário de morte do pai. Ele que veio atrás dela e a levou embora.”

“Você devia tá tao chapado quanto ela. Pode ter interpretado errado.”

“Shino, mas que merda?”

“Esquece essa merda, Kiba. Tô te falando. Esquece a Hinata também ou você vai ficar doido. Ela é imprevisível e você não saberia lidar com ela.”

Dito isso, Shino apaga seu cigarro e agarra a mochila para retornar para a aula, chamando o amigo. Porém, Kiba fica estático no lugar, ponderando mais uma vez.

Ele não estava tão bêbado a ponto de confundir alguma coisa. Ele chegou no momento que Hinata terminou de vomitar e viu Naruto debruçado sobre ela. Ele afastou o cabelo do rosto dela e Hinata o agarrou ao se levantar, abraçando a cintura do homem mais alto. Kiba os observou caminhar até o carro e reparou na mão de Naruto na curva da cintura dela. Um ato fora do comum entre padrasto e enteada, ainda mais no caso deles. Hinata dizia que não eram próximos e que mal se falavam.

Ele a colocou no banco de trás, deitada. Por algum motivo, Kiba desconfiava de que Hinata não foi para a casa naquela noite.

Ele gostaria de esquecer. De não acreditar no que aquela imagem insinuava. No entanto, conhecendo Hinata como ele conhece, o que o machucava era saber que partindo dela, poderia esperar qualquer coisa.

E se conhecendo mais ainda, sabia que não iria esquecer a cena tao cedo.

 

___________

 

Ao chegar em casa, uma Hinata agitada atravessou a porta feito um furacão e adentrou seu quarto, trancando a porta logo em seguida.

Shino havia lhe dado três pacotes e sua abstinência estava a consumindo naquele exato momento. Sua irritação apenas aumentou com a intromissão de Kiba. Sempre bancando o namorado protetor e cuidadoso. Sendo tão podre quanto ela.

Para Hinata, o pequeno aumento no consumo não era preocupante. Até onde sabia, conseguia se controlar. Sabia quais drogas não poderia tocar e quais poderia suportar. Sempre teve tudo sob controle. Sempre soube seus limites.

No entanto, encarando o pequeno pacote no colo, em seu íntimo, tinha de admitir que talvez estivesse passando um pouco dos limites. Suas alterações de humor lhe diziam algo, mas preferia colocar a culpa em outro sentimento que não fosse sua dependência química claramente aumentando.

Sentia falta de Naruto. O tempo todo.

Desde o episódio em seu apartamento, onde Hinata foi levada ao subspace , sentia que sua relação com Naruto se fortaleceu.

Sem perceber, passou a desejá-lo cada vez mais.

Entendia essa diferença, pois no início, seus planos eram apenas o seduzir para se vingar da mãe. Dormir com Naruto não passava de um plano maléfico e imoral para satisfazer suas próprias perversões referentes ao ódio que nutria pela própria genitora.

Hinata sabia do seu poder de sedução. Sabia que conseguiria tê-lo.

Mas após meses nesse caso proibido e pecaminoso, percebeu que há um tempo não se resumia mais a apenas um plano vingativo. Estava apegada a Naruto.

Mais do que deveria.

Mais do que pretendia.

Acabou virando refém de sua própria armadilha.

Quando pensou que o teria na palma da mão, percebeu que quem a obtinha, era ele.

Geralmente, gostava de pensar no desprazer da mãe se um dia viesse a flagrá-los juntos na cama. Gostava de abrir as pernas para ele se enterrar dentro dela com a presença de sua mãe ainda na casa. Ficava fodidamente molhada ao gemer o nome de seu padrasto, tendo plena consciência de que estava o tirando da mãe. Se deliciava com o pensamento de que, após gozar dentro dela, seu padrasto ia se deitar com sua mãe, como se fosse o namorado perfeito.

Como adorava cavalgar no colo dele no escritório da biblioteca. Ouvindo o ronco do carro de Hera estacionar e as chaves adentrarem a fechadura da porta de entrada. Seus olhos imediatamente se voltavam para a porta trancada do escritório, visualizando os passos da mãe, a ouvindo chamar por Naruto, sem sequer saber que no presente momento ele estava ali, embaixo de Hinata, enteada dele, filha dela, gemendo contra o pescoço dela enquanto sua boceta apertada e escorregadia deslizava pelo pau inchado dele, o levando ao delírio.

Naruto sempre ficava tenso, temendo serem pegos, mas Hinata sorria de forma lasciva em seu colo, agarrando seu rosto e o obrigando a olhá-la. Ela esfregava os seios no rosto dele até a língua molhada rodear seu mamilo e seus dentes a morderem. Contraía sua vagina ao redor do pênis endurecido dentro dela e rebolava em seu colo com mais vigor, para entorpecê-lo. Se sua mãe viesse a flagrá-los, gostaria que a cena estivesse muito bem construída. Gostaria que ela visse na expressão do namorado o prazer que sentia ao foder a enteada, ao arrombar sua boceta, ao gemer o nome dela. Que ela visse no rosto de Naruto o quanto ele amava foder a filha mais velha dela.

Agora, entretanto, o prazer de Hinata estava resumido a apenas Naruto e com isso, a onda de ciúmes apenas crescia.

Tantas noites e dias compartilhados com ele, Hinata percebeu que ele era mais ideal para ela do que para sua mãe.

Naruto era mais autêntico nos braços de Hinata. Sem fingimentos, sem rótulos, sem sombras para esconder seus desejos mais promíscuos. Com Hinata, ele poderia ser quem ele realmente era.

E Naruto abraçava justamente a versão mais perversa dela. Ele sabia o quanto ela era dissimulada e inapropriada. Tinha plena consciência do prazer que Hinata tinha em ser dele, principalmente embaixo do nariz da mãe. Ele conhecia seu pior lado e a desejava mesmo assim.

Foram atraídos pelas facetas mais sujas que possuíam um no outro, foram unidos pela falta de moral e bons costumes. A indecência que os rodeava tornava tudo ainda mais interessante. Ambos não prestavam. Ambos eram imorais e indisciplinados, compartilhando juntos um segredo imundo que, se descoberto, desencadearia um turbilhão de eventos.

Ele, um homem de 31 anos, dormindo embaixo do mesmo teto que a atual namorada e intercalando noites entre ela e a enteada. E ela, 17 anos, se deitando com o próprio padrasto. Traindo a própria mãe.

A satisfação de toda situação apenas a excitava, mas sua vingança já estava de bom grado.

Infelizmente, Hera não sofreria ao saber da relação proibida deles, porque esse fato jamais seria descoberto. Hinata teria que se contentar em saber que o homem que a mãe estava amando não a amava de volta, não a queria, não a desejava. Ele nunca foi dela. E agora, mais do que nunca, Naruto pertencia a Hinata.

Eles eram mais compatíveis. Se entendiam como ninguém.

Uma relação sem facetas hipócritas e mentirosas. Eles se conectavam através do pecado que compartilhavam, dos desejos sujos que os consumiam e assim, a relação se tornava perfeita.

Pelo menos aos olhos de Hinata.

Diferente de Naruto, ela não tinha muito a perder.

Gostaria de convencer o padrasto a terminar o relacionamento com a mãe, para assim ser somente dela.

Não precisava mais disso. Precisava apenas de Naruto.

Já havia o tirado de sua mãe de diversas maneiras, só faltava dar o veredito final e ela ser trocada pela filha, de uma vez por todas.

Voltou a fitar os pacotes esquecidos no colo. Especialmente hoje, se sentia estranha.

A inquietude em sua perna direita, que nunca parava de se mexer a dizia algo.

A ansiedade crescendo no peito a deixava irritada. Sua mente fervilhava e se sentia tão cansada. Apenas por pensar em excesso.

Pensava em tudo e em nada ao mesmo tempo.

As palavras de Kiba ecoavam, mas ela se recusava a aceitá-las.

Esta tudo bem. Você esta bem. Como sempre esteve. Esta tudo sob controle.

Sua perna tremia involuntariamente num ritmo frenético. Suas pequenas unhas arranhavam o tecido do jeans por cima da pele.

Respirou fundo antes de abrir o primeiro pacote e digerir uma pílula.

Guardou um no bolso do jeans e escondeu os outros dois em sua penteadeira.

Deitaria por hora. Seu coração estava acelerado, precisava se acalmar.

Quando fechou os olhos, não demorou muito para se teletransportar para outra dimensão. Seus sentidos foram dominados e sua mente apagada.

A perna frenética parou. Os braços caíram, esparramados pela cama.

O efeito foi rápido e assim como almejado, Hinata foi levada ao mundo do entorpecimento. Que para o seu desprazer, não duraria tempo o suficiente para satisfazê-la por completo. 

Nunca duraria .

Após o efeito passar, a sensação da abstinência era como sentir a seca em sua garganta em um deserto estarrecedor. A água que lhe é oferecida cintila sob o sol e a sede arranha-lhe a garganta com a pouca saliva. 

Nada se iguala à primeira vez que bebes desta água naquele solo seco e infértil. Saciando uma sede incontrolável que se sabia que se não fosse saciada, poderia lhe tirar a vida. O líquido desce por sua garganta necessitada e lhe acalenta a sede por meros segundos. Seu corpo se satisfaz, você está bebendo a água . Ela está o nutrindo. Ela invadiu seu sistema e saciou-lhe completamente. É uma sensação única.

Mas ao abrir os olhos, você percebe que ainda está no deserto. O líquido da vida pinga pelas beiradas de seus beiços rachados, e seu cantil está vazio.

A sede retorna, tao visceral quanto da primeira vez. Somente de olhar aquele cantil vazio, sua garganta seca de novo. Toda a ilusão que seu corpo sofreu ao beber aquela água é tudo que lhe resta, pois está desnutrido de novo.

Precisa de mais.

Então você vaga pelo deserto, procurando mais algum cantil perdido pela areia, morrendo de sede. Suas mãos começam a tremer, suas pernas enfraquecem. Seu coração dispara e sua ansiedade o domina.

Você engole em seco, desejando sentir o líquido lhe satisfazer novamente, exatamente como da primeira vez.

É tudo que você precisa.

Sentir apenas mais uma vez.

Você finalmente encontra mais um, quase soterrado completamente na areia. Com mãos desesperadas, você o destampa e se enche de alegria ao encontrá-lo cheio. Geladinho e cristalino.

Seu corpo grita por isso e você imediatamente o dá o que ele quer. Fecha os olhos e se delicia com a água mais uma vez. No entanto, a sede lhe é saciada apenas no primeiro gole. O restante não desce por sua garganta.

Você olha para o cantil e percebe que este vazio novamente.

Mas como esvaziou tao rápido? Você tem certeza de que não consumiu tudo.

Você consumiu tudo, no entanto, não foi a mesma experiência como da primeira vez, onde você saboreou cada gota que lhe tocou a língua, cada cascata que lhe desceu pela garganta. Onde sua sede foi plenamente satisfeita.

A sensação durou muito pouco. A sede continua, desta vez pior, mais dilacerante, quase sufocante. Você engole em seco, se lembrando da primeira experiência. Desta vez não foi o suficiente, você precisa de mais.

O cantil está vazio. Hora de procurar outro. Pois ao abrir os olhos, você ainda está no deserto.

E assim, a sua busca incessante por um alívio que você nunca mais vai sentir da mesma maneira, continua. O seu corpo grita. Ele clama e você obedece. Não tendo consciência de que a cada novo cantil que encontra, sua sede apenas aumenta.

Você vai vagar por muito tempo. Sempre com sede. Sempre buscando. Sempre insatisfeito. Se tornando dependente de uma mísera gota d’água que vai te trazer a ilusão da primeira bebida, da primeira experiência, mas reduzida cada vez mais.

Você vira refém da própria sede e assim, seu corpo padece, juntamente de sua mente, por ansiar algo que nunca mais vai ter.

Porque afinal de contas, você ainda está no deserto. Sem ter a menor ideia de como sair dele.

 

________

 

Naruto esteve ausente.

Hinata não conseguia encontrá-lo em casa. Por vezes, ele se ocupava com o trabalho como professor. Se isolava em seu apartamento para corrigir trabalhos, julgar as notas dos alunos e planejar suas aulas. E durante esse período, Hinata ficava longe. Ele a dizia que quando sobrasse tempo a traria para o apartamento, mas que não era para ela ir até ele por conta própria.

E nas vezes que dormia na casa de Hera, era porque estava estudando para seu mestrado. Era comum o encontrar na biblioteca, concentrado e com o belo rosto enfiado em uma montanha de livros. Fazendo anotações e com um vinco formado por entre as sobrancelhas.

Quando retornou para a casa no sábado, ouviu de Hera que ele havia passado por lá apenas para a dar um beijo e compartilhar o desjejum. Não ficou muito tempo.

Hinata não gostou de saber que ele preferiu estar em sua casa na sua ausência. Desfrutando da companhia insuportável de sua mãe.

Ele estava a evitando?

“Por acaso seu namorado vem jantar aqui hoje?” Jogou a pergunta no ar com desdém enquanto abria a porta da geladeira.

Sua mãe estava sentada à mesa, mexendo em um laptop.

“Eu o chamei. Espero que venha. Ele anda muito ocupado.” ela respondeu meramente distraída.

Hinata nada respondeu.

Retirou o celular do bolso e enviou uma mensagem de texto, querendo que ele aparecesse hoje a noite. Precisava dele.

Caminhando da cozinha para o corredor, ainda com a atenção voltada ao telefone celular, viu um vulto passar rente à porta do seu quarto.

Demorou para virar o pescoço e conferir apropriadamente, mas teve a sensação de ter visto a irmã.

Foi distraída quando seu celular vibrou com uma nova notificação.

Desapontada, nem se deu ao trabalho de responder Kiba.

Naruto não prestava para responder nem a droga de uma mensagem.

Bufou alto e bateu os pés para o quarto. Bateu a porta, o que fez o sermão de Hera sair abafado.

A coceira familiar havia retornado há um tempo e logo, suas unhas estavam afiadas, lhe arranhando a pele, tentando controlar a ansiedade crescente no seu organismo.

Já estava irritadiça com a abstinência de Naruto. Agora, teria que lidar com sua segunda crise.

O conteúdo que carregava consigo no bolso do jeans se esgotou. Rosnou para o pacote vazio removido do bolso.

Seus olhos vagaram pelo quarto.

Onde eu os enfiei, mesmo?

Começou a procurar pelo quarto. Embaixo do travesseiro, do colchão. Vasculhou as gavetas e a penteadeira.

Sua expressão estava estrangulada.

Onde caralhos escondeu o pacote?

Abriu todos os potes em cima do móvel, jogando todo o conteúdo para fora. Não estava encontrando.

Sua memória lhe informando que havia deixado exatamente ali, naquele pote, em cima da penteadeira.

Como poderia ter sumido?

Ela consumiu apenas um pacote de pílulas. Tinha certeza disso.

Voltou a procurar sem diminuir o desespero das mãos que começaram a tremer.

“Merda!”

Chutou o conjunto de gavetas, frustrada por não encontrar a única coisa que poderia acalmar a tempestade que se aproximava em seu interior.

Sentou-se na cama e puxou os próprios cabelos.

Como ela poderia ter perdido? Não se lembra de ter os retirado do lugar…

Então, de repente, uma recente memória surge em sua mente.

Um vulto na porta de seu quarto.

Naruto não estava em casa. Hera estava na cozinha e Hanabi… Hanabi?

Hanabi teria entrado no seu quarto? Teria mexido nas suas coisas?

Quantas vezes havia lhe dito para não entrar em seu maldito quarto?

O pensamento que atravessa Hinata parece ilógico em todos os níveis.

Hanabi era 5 anos mais nova do que ela. Apenas com 12 anos, não era possível que suas motivações fossem da mesma natureza que sua irmã mais velha.

Mas a mente de Hinata não estava atuando de forma racional e apropriada. Seu estado de abstinência lhe roubava a racionalidade, sobrando apenas a vontade gritante de confrontar o que sua irmã havia pegado de seu quarto.

A fazendo acreditar que a garota havia roubado seus pacotes para entregá-los para a mãe.

“Hanabi!”

Seu grito ecoou, mas a porta estava fechada. Deixando a bagunça do quarto para trás, Hinata parte para a cozinha ao enxergar a cabeleireira castanha da irmã.

“Hanabi! Mas que porra?”

Os olhos da caçula se arregalam ao ser chamada. O pedaço de massa que mastigava quase ficou preso na garganta ao tentar engoli-lo apressadamente.

“Hinata, o que foi?”

O som de sua palma batendo contra a mesa bem ao lado de seu prato a assusta.

“O que você pegou do meu quarto?”

“O-O quê?”

“Fala! O que você pegou do meu quarto?”

Hanabi se levanta para se afastar. Não gostando do tom agressivo da irmã.

“O que eu peguei? N-Nada!”

“Você entrou na porra do meu quarto e mexeu nas minhas coisas!”

“N-Não! Eu não mexi. E-Eu não peguei nada!”

“ME DEVOLVE!”

Hanabi se sobressalta com o grito repentino. Completamente confusa.

“Devolver o quê? Eu não peguei nada, Hinata!”

“Se você não me devolver agora mesmo o que você pegou, eu juro por Deus que eu vou-

“Eu não peguei nada! Eu juro!”

“PARA DE ME FAZER DE IDIOTA E ME DEVOLVE ESSA MERDA!”

“Mãe!”

Hanabi olha para os lados, procurando pela mãe. O tom de Hinata estava a amedrontando.

Ela tentou passar por Hinata para procurar pela mãe, mas seu braço é firmemente agarrado.

“Nem pense em ir entregar para ela. Me devolve agora, sua pirralha maldita!”

“Eu não sei do que você ta falando!”

“Sabe sim! Me devolva agora o que você pegou! ANDA!”

Assustada o suficiente, os olhos dela marejaram. Pela primeira vez, estava sentindo medo da irmã. Enquanto encarava aqueles olhos carregados pela fúria dos deuses do submundo, Hanabi não estava reconhecendo a própria irmã. Sua mão estava a machucando e seu tom a magoando.

“Hi-Hinata, por favor. E-Eu não peguei nada, por favor, pare com isso…”

“ME DEVOLVE A MERDA QUE VOCÊ PEGOU, HANABI!”

“Hinata… por favor…”

“Anda, porra!”

Hanabi puxa o braço e consegue escapar do aperto da mais velha. Chamando por sua mãe novamente, seus pés correm para as escadas, tentando alcançar seu quarto.

“Volta aqui!”

Com Hinata em seu encalço, Hanabi escorrega nas escadas enquanto tenta fugir do estado de descontrole da irmã.

“MÃE!”

“HANABI!”

Sendo mais rápida, ela consegue entrar no quarto e fechar a porta, mas antes que consiga trancá-la, os ombros de Hinata colidem contra a madeira, tentando a impedir de se esconder.

“MÃE, POR FAVOR! MÃE!”

“ABRE ESSA PORRA!”

Com muito custo, ela consegue trancar a porta e cai ao chão ao concluir a ação.

“HANABI! ABRE ESSA PORRA! SUA MALDITA!”

O coração da jovem Hanabi batia frenético no peito. Absurdamente assustada com o comportamento da irmã mais velha. Os berros de Hinata atravessavam as frestas da porta. O som de seus chutes e pontapés balançavam a madeira, amedrontando mais Hanabi, que temia que a porta fosse derrubada pela fúria incessante de sua irmã.

A maçaneta treme e um baque surge do outro lado. Hanabi grita pela mãe, se arrastando pelo chão até bater as costas contra a cama.

Nunca em sua vida viu Hinata em um estado de descontrole como esse.

Suas bochechas se encontravam úmidas e a vontade de chorar apenas aumentava enquanto ouvia os gritos da irmã, acompanhados pelos golpes contra sua porta.

“Hinata!”

A primogênita ignora o grito da mãe, que subia as escadas.

“O que tá fazendo?”

“MANDA A HANABI ABRIR ESSA PORTA!”

Hera percebe o estado de fúria da filha e se adianta em afastá-la.

“Que droga você ta fazendo, garota? Para com isso!”

“Ela entrou no meu quarto e mexeu nas minhas coisas. ABRE ESSA MALDITA PORTA HANABI!”

“Para com isso. Você deve estar assustando ela, Hinata!”

“ME SOLTA!”

Hinata empurra a mãe quando a mesma tenta a afastar da porta. As duas entram em uma luta, onde Hera tenta segurar os braços da filha, mas sem sucesso. Hinata se debate, jogando as pernas para o alto e se apoiando na porta, o que faz seu peso ser jogado contra a mãe, que cai no chão.

Atordoada por bater a cabeça, Hera se afasta para verificar se não adquiriu algum corte.

Com os olhos desacreditados, ela observa a filha mais velha empurrar a porta com os ombros e pés, tentando desesperadamente invadir o quarto da irmã.

“Hinata, pare com isso! PARE AGORA MESMO!”

“SAI DE PERTO DE MIM!”

A raiva direcionada à mãe a surpreende. Estagnada no lugar, Hera não tem tempo de reação quando a porta é finalmente aberta.

“NÃO!”

Ao se arrastar pelo chão, caindo enquanto tenta se levantar, Hera invade o quarto e encontra Hinata em cima da irmã.

As cordas vocais de Hanabi nunca arderam tanto devido ao grito que soltou quando seus olhos viram a porta ser escancarada diante de si.

Ela não conseguiu reagir quando as mãos da irmã voaram para cima dela.

“Onde você os colocou? Me devolve agora, sua pirralha! NÃO MEXA NAS MINHAS COISAS!”

“Hinata, saia de perto dela! Saia agora!”

A confusão presente representava o pior lado de Hinata. A pequena parte que aos poucos, ia se deteriorando dentro dela, seja devido ao aumento no consumo das drogas, ou dos traumas que ela se recusava a enfrentar.

Pouco a pouco, ela ia se perdendo na escuridão a qual se entregava lentamente. Se afundando num poço de miséria sem fim, que não teria um caminho de volta.

A luz no fim do túnel ia diminuindo cada vez mais, a afastando de qualquer chance de redenção, de recomeço.

O pouco que sobrava da humanidade de Hinata estava guardado com Hanabi, sua irmã caçula, a única pessoa com quem genuinamente se importava. A humanidade que ela acabou de assassinar. Quando deixou que sua crise de abstinência a cegasse a ponto de acreditar que sua irmã roubara suas pílulas. A ponto de coagi-la e agredi-la como se ela merecesse um castigo por invadir seu quarto.

Uma situação completamente absurda.

Sensatez não era o que rondava sua mente. Muito menos a lógica. Seus sentidos gritavam por alívio e a seca que a consumia dominava cada célula do seu corpo.

Ela gritava com Hanabi, que chorava em pavor abaixo dela, usando as mãos para tentar afastar a irmã que puxava suas roupas tentando procurar o que não estava lá.

Hera não conseguia separar as duas. Hinata parecia possuir uma força descomunal, ignorando toda maldição que causava.

Ela se desvincilhava da mãe e continuava procurando pelas vestes de Hanabi o conteúdo que necessitava.

O apelo desesperado de Hera ecoava, junto do choro de sua caçula.

“ESTÁ MACHUCANDO ELA, SUA CRETINA! SOLTE SUA IRMÃ AGORA MESMO! SOLTE, HINATA!”

No momento que Hera puxava o torso de Hinata, sentiu seu próprio braço ser agarrado e ser afastada das duas.

Seus olhos confusos notaram um corpo masculino em cima de Hinata, braços a rodearam exatamente como ela estava fazendo, mas com o devido sucesso, conseguindo a tirar de cima da caçula.

Hinata foi puxada e, suspensa no ar, se debatia.

Naruto nada disse enquanto a arrastava para fora do quarto, para longe da irmã.

Hera o chama, mas ele apenas sai com Hinata, que contestava em seus braços.

A arrastando pelo corredor, ele vira para direita para sair do campo de visão de Hera. Hinata é depositada no chão, mas antes que possa se levantar, o corpo masculino paira sobre o dela. As mãos de Naruto agarram seus cabelos da nuca e agarra suas bochechas.

Hinata o encara pela primeira vez, eufórica e neutralizada.

“Que porra deu em você?” A voz dele era controlada pela raiva. Seus olhos azuis a fulminavam enquanto analisavam o estado deplorável dela. “Por que esta atacando sua própria irmã? Perdeu completamente o juízo?”

“Ela… meu quarto! Ela mexeu no meu quarto e pegou-

“Pegou o quê?”

“Ela pegou o que não devia! Ela entrou no meu quarto e pegou-

“Pegou as porcarias que você usa?” Naruto a corta, tentando não gritar. “Você enlouqueceu?”

Hinata sente seu cabelo ser cruelmente puxado, machucando seu couro cabeludo.

“Eu vi ela saindo do meu quarto e não está mais lá. Ela pegou para me dedurar-

“Fui eu que peguei, Hinata! Eu que peguei!”

A confusão estampada dura pouco na expressão dela, que logo é substituída por raiva.

“Por que você-

“Porque você é uma viciada do caralho e eu estou apenas tentando diminuir os danos. Fui eu que entrei no seu quarto e os encontrei. Eu os peguei. Não foi Hanabi! Como você pode pensar que ela faria isso?”

“Que direito você tem de pegar o que é meu? Você não manda em mim. Você não é meu pai, porra! Por que você fez isso?”

“Cale essa boca e se controla!”

“Você não tem direito NENHUM sobre mim!” Ela grita, o contrariando. “Você não tinha o direito de mexer nas minhas coisas. Seu maldito!”

Para fazê-la diminuir o tom ou se calar de vez, Naruto bate a cabeça dela contra o assoalho, usando força moderada o suficiente.

“Fecha essa maldita boca! Olha o vexame que você esta causando por um bocado de pílulas! Você estava atacando a sua própria irmã. Você tem noção disso? Você sequer tem noção disso?”

Hinata funga, longe de estar controlada.

“Me devolve! Naruto, me devolve! Você não tem esse direito, você não manda em mim. VOCÊ NÃO É MEU PAI!”

“Se você não calar essa maldita boca agora, eu juro que convenço sua mãe a te internar amanhã mesmo. Você está me entendendo?”

A ameaça pareceu fazer efeito. Hinata vacilou.

“Se você não se recompor agora mesmo, eu enfio você no carro e te deixo no primeiro centro de reabilitação que eu ver.”

“Você não faria isso…”

“Faria. Você pode acreditar que eu faria.”

“Se fizer isso, eu conto tudo para Hera!”

Naruto ri com desdém.

“Experimente. Se você contar para sua mãe, eu nego tudo e você ainda vai sair como louca. É a minha palavra contra a de uma drogada. Em quem você acha que sua mãe acreditaria?”

Ela sente o ar diminuir em seus pulmões. A mão de Naruto em seu pescoço ficou sufocante.

“Naruto, por fav-

“Fecha essa maldita boca e VÊ SE APRENDE A SE COMPORTAR FEITO GENTE!” Ele grita contra seu rosto pequeno.

O turbilhão que resume Hinata decide revidar.

“Quem você pensa que é, Naruto? Só porque você fode a minha mãe se acha no direito de mandar nas filhas delas?”

“Cala a boca, Hinata.”

“Vai bancar o paizão agora? O bonzão? Quer impressionar minha mãe? Porque não conta para ela que você adora enfiar seu pau em mim também-

“Eu to te avisando, Hinata. Cala essa boca!”

“Hinata!”

Naruto se afasta da enteada ao ouvir Hera, se levantando do chão.

“Como você teve coragem de agredir a sua própria irmã?”

Hera tinha o rosto banhado em lágrimas e raiva nos olhos. Ela se aproximou de Hinata que se levantava.

“Sua maldita! Eu nunca vou te perdoar por isso! Onde você estava com a cabeça? Ela é só uma criança!”

Hinata fica de pé e apenas a observa na ponta do corredor. Tudo que ela solta é um pouco de fôlego para tirar a franja longa do rosto. Impassível.

“Você vai pagar por isso, sua cretina!”

A passos largos, Hera passa por Naruto para desferir um tapa contra a bochecha esquerda de Hinata.

“Hera!” Naruto se adianta para puxá-la pelo braço e afastá-la.

“Você NUNCA MAIS encoste na sua irmã, ouviu bem? Sua maluca! Você nunca mais se aproxime dela, vagabunda! Se a machucar de novo, eu juro por Deus que te dou uma surra que você nunca mais vai esquecer.”

Ao contrário da reação que esperava, com a mão na bochecha ferida, Hinata acha irônico a ameaça e acaba deixando uma risada escapar.

Seu olhar passa rapidamente por Naruto antes de soltar. “Acho que essa abordagem não faria tanto efeito.”

Incrédula pela falta de arrependimento, Hera avança na filha novamente, mas é impedida por Naruto.

“Hera, por favor. Não faz isso. Você precisa se acalmar. Vocês duas!”

“Como você consegue ser tao podre, garota? O que aconteceu com você para ter se tornado isso? Eu não entendo onde foi que eu tanto errei para ter conseguido uma filha ordinária feito você!”

“Ah, você não sabe? Por que não pergunta para o papai?”

Hera apenas a encara.

“Pois é, ele teria a resposta se tivesse aqui, vendo a mãe de merda que você é. Vendo o quão incompetente você é para cuidar das filhas na ausência de uma figura paterna. Se eu sou essa porra, a culpa é toda sua.”

“Eu não criei uma vagabunda cretina que nem você.”

“Não criou, foi o que você conseguiu na ausência como mãe.” Hinata a responde. “Foi o resultado da sua negligência, da sua incompetência, da sua falta de tato com suas filhas.”

“É tao fácil me culpar pelas suas merdas, não é, Hinata? Tao fácil fazer tudo que bem entender e jogar as consequências nos ombros alheios. Se isentando de toda merda que você faz. Pelo menos assuma a podridão que você é. Seja mulher o suficiente para admitir o ser humano podre que você é!”

“Sou filha da minha mãe.” Ela sorri amplamente. “Cretina e uma vagabunda imunda exatamente como ela.”

“Sua maldita!” Hera tenta sair do aperto de Naruto e Hinata aproxima o rosto do dela.

“Sou mesmo! Sou mesmo e você também é. Você merece tudo de ruim que acontece com você, Hera. Tudo!” Um sorriso malicioso surge nos lábios de Hinata antes de continuar. “Ah, como eu queria poder esfregar umas coisas na sua cara…”

Seu olhar passa novamente por Naruto, que sente a tensão lhe invadir. Ele sabe as intenções dela, sempre soube. E o momento estava perfeitamente propício para ela se revelar para a mãe, expondo sua relação com Naruto também.

Ele tenta chamar sua atenção.

“Hinata…”

“Como eu queria que você soubesse o quanto a sua filha é uma vadia dissimulada. Uma cretina safada e sem escrúpulos. Queria que você soubesse o que eu sou capaz de fazer só para você pagar por tudo que você NÃO prestou para fazer durante todos esses anos.”

“Hinata, pare!”

“Como eu iria adorar ver a sua cara se soubesse o que eu apronto bem debaixo do seu nariz…”

“HINATA, JÁ CHEGA!”

Naruto afasta Hera a soltando para ir até a enteada. Em tom de ameaça, ele levanta o dedo contra o rosto dela.

“Você está passando dos limites. Se você abrir essa boca mais uma vez, você vai se arrepender!”

Ao se virar, ele tem que barrar Hera novamente.

“SUA CRETINA! Você merecia mesmo uma bela surra para ver se aprende a ser gente!”

“Me bate! Vem aqui me bater! Eu adoro levar uns tapas! Tem alguém aqui que sabe muito bem disso.”

“CALE A BOCA, HINATA!” Naruto grita pela última vez e se vira para Hera.

“O que foi que você disse?”

“Hera! Me escuta! Saia daqui, tire Hanabi daqui. Entendeu?” Os olhos dela vacilam para Naruto. Tentando tirar sua atenção de Hinata. “Esquece ela, Hera. Olha para mim. Hanabi precisa de você agora. Ela não precisa de outra briga. Tira ela daqui. Leva ela para um lugar tranquilo e acalme ela.”

Hinata se movimentava logo atrás, inquieta. Hora encarando a mãe.

“Olhe para mim.” Naruto puxa seu rosto. “Tire Hanabi daqui. Ela tá assustada e precisa da mãe. Faz o que eu tô pedindo, por favor. Cuide dela.”

Naruto tenta a todo custo desviar a atenção de Hera para Hanabi, temendo que Hinata acabe falando mais do que devia.

Confusa e com a mente fervilhando, Hera decide pensar na caçula. A mais afetada por toda essa situação.

“Vai!” Naruto a conduz, a afastando de Hinata. “Tire ela daqui, leve ela e converse com ela.”

Relutante, Hera acena. Seu olhar endurece para Hinata antes de se virar.

“Você vai pagar por isso, Hinata.”

A jovem se sente irritada, afrontada. Ela se aproxima quando a mãe some de sua vista, proferindo gritos contra os ouvidos de Naruto que a impediam de sair do lugar.

“Eu não tenho medo de você! Você nunca prestou para nada, acha mesmo que consegue bater de frente comigo?”

Naruto agarra o pescoço de Hinata e a pressiona contra a parede.

“Você já torrou a minha paciência. Chega, Hinata!”

Assim que escuta a porta de entrada bater, a arrastando pela nuca, Naruto desce as escadas com Hinata.

Tentando se soltar dele, ela tenta estancar no lugar.

“O que tá fazendo? Me solta!”

Com um puxão de cabelo que a faz gritar, ela volta a andar, enraivecida por estar nas posses de Naruto.

“Você já aprontou demais por hoje. Chega dessa merda.”

“O que você ta fazendo? Me solta, Naruto!”

Ele somente a solta quando a joga contra o sofá.

“Você estava pensando em abrir o bico para sua mãe?”

Não havia absolutamente nada de engraçado acontecendo, mas Hinata não segurou o ímpeto de rir naquele momento.

“Ficou com medinho, foi? De ser descoberto pela mamãe? Imagina só se a sua querida Hera descobre que você chifra ela comigo!”

“Você não brinque comigo, Hinata! Está ficando maluca, porra? O que caralhos deu em você?”

“Eu só queria provocar ela.” Ela continua ruindo, mesmo Naruto a segurando pelos braços no sofá, a balançando mediante ao nervosismo e irritação. “Eu não ia dizer nada, só estava nervosa.”

“Não era o que parecia!”

“Eu não ia falar nada, eu só tava a provocando.”

“E você acha que isso não levantaria suspeitas nela? Você realmente está brincando comigo, Hinata.”

“Me desculpa! Eu fiquei irritada, ela me tira do sério. Eu não iria falar nada, eu só estava brincando.”

“Você passa dos limites muitas vezes se se importar com o que vai causar ao redor. Na sua cabeça você sempre vai sair impune, não é?”

“Naruto, eu não ia falar nada, eu juro!”

“Você assustou Hanabi, discutiu com sua mãe e quase contou sobre nós. Tudo isso porque está morrendo de vontade de ficar chapada de novo. Tudo isso por causa daquelas porras de pacotes.”

“Que se você não tivesse tirado de mim, nada disso teria acontecido!”

Naruto a observa, cansado. Diante de uma situação onde tudo poderia ruir, Hinata se preocupava apenas com seu próprio vício. Ela era exatamente como uma bomba relógio, pronta para explodir a qualquer momento. Causando danos que seriam irreversíveis na vida de todos ao redor, principalmente Naruto.

Exasperado das atitudes egoístas dela, ele decide puni-la.

“Chega. Vem aqui.”

O braço dela é agarrado e Hinata luta para não ser arrastada de novo.

“Não, Naruto. Espera! Eu já te disse que não ia falar nada, por favor!”

Usando a força que possuia, ao abrir a porta do quarto de Hinata, a mesma é jogada contra o chão. Hinata percebe Naruto remover a chave do lado de dentro e a encarar com uma expressão que não lhe agrada.

“O que vai fazer? Naruto!”

“Já que você gosta de agir como uma criança imprudente e delinquente, você vai ser tratada como uma.” Ele encaixa a chave do lado de fora. “Use esse tempo para pensar no que você causou hoje e no que poderia ter causado se tivesse aberto essa maldita boca por mais alguns segundos! Se você pensa que pode me fazer de idiota, você ta muito enganada, Hinata! Você vai aprender a ficar pianinho quando eu mandar!”

A porta é fechada em seguida e instantaneamente trancada.

“Não! Naruto!” Hinata tenta abrir a porta em vão. Não suportando a ideia de ficar trancada sozinha com seus próprios pensamentos e receios.

“Não faz isso, espera! Me desculpa! Me desculpa! Eu não ia falar nada! Eu juro! Não me deixa aqui Naruto por favor! Não faz isso!”

“Quem sabe assim você não cala essa porra de boca.”

Ele diz do outro lado. Hinata entra em desespero.

“Não faz isso comigo! VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! Abre essa porta! Naruto! Não faz isso! Não me tranca aqui dentro! Por favor!”

“Você que pediu por isso, Hinata.”

“NÃO! Mas que…”

Hinata começa ter a sensação de que o quarto não tinha ar o suficiente para ela respirar. A vertigem a atinge e tudo parece rodar. O fato da porta estar trancada a assombra e o desespero lhe toma conta.

Ela conhece essa sensação. Sabe o que é capaz de fazer com ela.

Sentada ao lado da porta, ela grita de novo. Seus punhos agridem o material, mas nada parece adiantar.

Ela fecha os olhos tentando se recompor, mas é tarde demais para isso. Ela acabou de ser jogada no limbo e sabia que dali não sairia.

Uma angústia cresce passando por sua bile. A imagem de um pequeno objeto brilhante surge em sua mente. Ela o viu de relance enquanto procurava os pacotes.

Um soluço escapa.

Não percebeu quando a raiva, transformada em dor, se apresentou em lágrimas.

“Não, não, não!”

Ela se recusa a mover a cabeça, descansando a testa na porta. Os punhos fechados fortemente fazem as unhas machucarem sua pele.

“NARUTO!”

Ela chama de novo, em um tom desesperado, de súplica, de ajuda.

O medo a percorre porque as paredes parecem diminuir e o ar fica cada vez mais escasso. Ela bate na porta quando a imagem do objeto retorna.

“NARUTO! Você… você não pode me deixar aqui. Por favor, não faz isso. Me tira daqui. Tem… tem… alguma coisa…”

Ela balança a cabeça.

“Naruto, por favor. Não me deixa aqui sozinha. Deixa eu sair. Eu não posso ficar aqui. não assim…”

Ela bate na porta e suspira alto. Sua mente parece estar ligada na mais alta voltagem, e com isso seu corpo parece prestes a sucumbir.

“Naruto!” Ela tenta de novo. “Tem… tem… escondidas. Estão escondidas, mas eu sei… onde estão. Eu não posso… por favor, NÃO ME DEIXA AQUI!”

Ela se afasta da porta para chutá-la, mas no segundo seguinte o vulto da figura masculina invade o quarto e logo ela esta sob os domínios de seu padrasto de novo.

Seus olhos azuis a fitam com ferocidade.

“Eu só vou dizer uma vez.” Ele avisa, entredentes, a pressionando contra o chão. “Se eu ver uma gota de sangue ou qualquer corte em você. Eu sumo da sua vida e nunca mais apareço.”

Os olhos dela ficam embaçados, pois acreditava nas palavras dele. A presença dele estava supressora, ameaçadora. E ela não queria que ele fosse embora, queria que ele a salvasse .

“Naruto, por favor-

“Um único corte que eu encontrar, nós dois, você e eu, acabou, entendeu?”

“Você não faria isso comigo-

“É isso que você quer?”

“Não! Não! Por favor, não faz isso…”

“Então, cale essa boca e me obedeça! Essa é a sua chance de provar algo para mim. Eu sumo antes que você possa abrir a boca para sua mãe.” As bochechas dela são esmagadas pelos dedos raivosos dele. “Então trate de ser a porra de uma boa garota!”

E dito isso, a porta se fecha novamente. Ele a tranca e a sombra de sua silhueta se afasta da porta.

A garganta de Hinata começa a doer devido ao choro que ameaça invadir.

Um bico trêmulo e involuntário surge em seus lábios ao passo que o canto de seus olhos se desmancham em lágrimas.

Toda raiva, frustração, abstinência estavam dando lugar a novos sentimentos. Ou melhor, se misturando a eles. Medo, ansiedade, angustia crescente e pavor.

Ela não queria perder Naruto. Não podia perdê-lo.

Mas Hinata sabia que seus demônios sempre foram maiores do que ela. Sempre venciam suas batalhas.

Em qualquer oportunidade onde a fragilidade e vulnerabilidade a atingisse, ela perderia. Há tempos que não tinha mais forças para lutar. Estava cansada de ser consumida pelas trevas, mas não queria mais lutar.

Talvez ali ela pertencesse. Talvez esse fosse seu destino.

Viver para quê?

Se sua vida era miserável e vazia. Sem um propósito ou almejos.

A coceira retornou e logo estava suando frio novamente. Como o esperado, o quarto diminuiu de tamanho. As paredes estavam se unindo, se aproximando dela cada vez mais.

O arfar de um peito eufórico parecia não ser o suficiente para inalar mais ar. O oxigênio não entrava.

As pontas dos dedos gélidos formigavam. Sua pele inteira coçava. Hinata se encolheu no chão, se deitando de lado contra o carpete e juntando os joelhos ao peito. Fechou firmemente os olhos. Estava sentindo se aproximar cada vez mais.

Ela cansou de gritar para Naruto, de clamar por ele.

Ninguém a salvaria de si mesma.

Aquela sensação sufocante que parecia lhe apertar a garganta.

Prendeu os dedos firmemente ao redor das pernas, cravando as unhas na pele. Se controlando.

Não abra os olhos. Não abra os olhos.

Já vai passar. Apenas espere. Não se mexa.

A imagem do objeto cortante retorna para sua mente inquieta. Ela choraminga. Sabia onde estava.

Não abra os olhos. Não abra os olhos.

Eu vou morrer aqui. Não consigo respirar.

Quando vai passar? Quando vai acabar?

Você não é forte. Sabe disso.

As unhas curtas inconsistentemente lhe arranham o pulso. A dor a distrai e ela abre os olhos.

A primeira coisa que entra em seu campo de visão é o objeto metálico materializado há alguns metros à frente.

Jogado embaixo da cama. Brilhando.

O olhar dela se demora sobre ele, mas antes que ela possa o alcançar, outra coisa reluz bem ao lado. Lentamente, os dois pequenos pontos de luz embaixo da cama criam forma e Hinata se pega encarando o que pareciam ser dois olhos. Que friamente a fitavam de volta.

Olhos sem pupilas, como os seus.

Uma lembrança renasce dos confins de sua memória deturpada e Hinata volta no tempo. Para uma noite especifica, onde ela, aos seus 5 anos, se escondera embaixo daquela mesma cama, porque acreditou ter visto o bicho-papão pela primeira vez.

 

Seu corpo pequeno e frágil, com pés descalços, corria pelos corredores mesmo sob os protestos da mãe. O cabelo da sua boneca voava e o efeito a agradava tanto, porque sincronizava com a capa que amarrou em seu pescoço. Suas risadas preenchiam o ambiente enquanto tentava fazer a ilusão de que sua boneca era uma super-heroína que estava voando sobre um céu limpo. Aproveitando o pequeno momento de paz sem precisar atender algum pedido de socorro vindo da cidade do crime logo abaixo, a mesma que ela deixou sobre o carpete da sala. Montado com os inúmeros legos espalhados pelo chão.

“Hinata, pare de correr, querida! Suas peças estão todas espalhadas. Pode tropeçar e se machucar!”

Hera suspira ao chamar a atenção dela pela quinta vez. A dor nas costas parece aumentar a medida que sua barriga só cresce.

“Hiashi, por favor!”

“Estou indo!”

Com um sorriso no rosto, ele bloqueia o corredor com os braços abertos. Hinata corre em direção ao pai e se joga nos braços dele.

“Te peguei, danadinha!”

A risada infantil aquece o coração de seu pai, que a puxa para o sofá.

“Quando a mamãe te pede para parar de correr, você tem que obedecer, meu amor.”

“Desculpa, mamãe! Olha papai, a Vanessa é a heroína da cidade. Ela tava só passeando.”

“Claro, meu bem. Ela é linda. Você cuida muito bem das suas bonecas.”

Da cozinha, Hera avisa que o jantar está pronto. Após desfrutarem de um jantar em família, Hiashi diz à Hinata que estava na hora de dormir.

Com protestos, ela pede para ficar na sala mais um pouco.

“Eu prometo que vou ficar quietinha! Quero ver se a Hanabi vai chutar hoje!”

Hera lhe envia um sorriso e acaricia a franja. “Tudo bem, querida.”

O casal vai para o sofá e Hinata se deita sobre eles. A cabeça no colo da mãe e as pernas no do pai. Seu ouvidinho cola na barriga de Hera na expectativa de sentir os movimentos da irmã.

“Ela esteve muito quietinha hoje.” Hera lhe diz, acariciando os fios curtos de Hinata.

“Ela gosta de música!” Hinata a lembra. Hanabi sempre se mexia quando alguma música estava tocando.

“Gosta mesmo.”

“Podemos colocar um pouco.” Hiashi apanha o controle da TV e coloca em um canal de entretenimento musical.

Hinata se agita, ansiosa para acordar a irmã na pequena bolha que a guardava.

“Não deixe muito alto.”

“Esse volume está bom.”

O afago da mãe em seus cabelos acabou a deixando sonolenta. Quando Hanabi deu o primeiro chute, a irmã mais velha já cochilava no colo dos pais.

Acomodados no sofá, o casal decidiu assistir algo antes de se deitar. Em certo momento, a pequena Hinata se remexeu no colo, virando o torso para a TV. Um comercial de filme de terror passava no momento que ela abriu brevemente os olhos. Assustada, pediu para o pai a levar para a cama.

No ombro de Hiashi descansava a bochecha rechonchuda da filha. Suas pequenas pálpebras pesavam sobre seus olhos perolados, o maior orgulho de Hinata, pois a fazia muito parecida com o pai.

Por isso ele a chamava de pearl.

Ela era a sua pequena e doce pearl.

Bocejando, ela sente o edredom ser puxado sobre seu corpo e o beijo de boa noite do pai descansar em sua têmpora. Os longos dedos dele acariciam o couro cabeludo dela por um tempo antes de deixar o quarto.

Era pra ter sido uma boa noite de sono como qualquer outra. Mas os sonhos da pequena Hinata foram invadidos pela imagem que vira na televisão. Acordou assustada, arregalando os olhos na escuridão.

A imagem insistia em lhe assombrar e por isso, o medo a invadiu quando a penumbra do quarto pareceu a coagir.

Enfiada embaixo do edredom, ela se recusa a se mover. As duas perolas que representavam seus olhos se moviam pelo quarto, incomodados com as sombras dos móveis que pareciam se mover devido à pequena luz da lua que invadia a janela.

Ela se encolhe com medo quando escuta um barulho. Seu pescoço se estica para fitar o pé da cama. Outro barulho invade seus ouvidos e Hinata se senta.

Ela pisca com olhos assustados para o escuro, não sabendo exatamente se deveria estar procurando a origem do som.

Seus dedos se agarram na borda do edredom e seu corpo sobressalta quando algo cai de cima da cômoda recostada na parede.

Ela chama pelo pai e se enfia embaixo da cama. Foi no primeiro refúgio que pensou.

Ficaria protegida do monstro que estava a assustando até seu salvador chegar.

Sentindo vontade de chorar, sua atenção é atraída para algo cintilando no chão do quarto, mais ao pé da cama.

Sua curiosidade a impede de desviar os olhos e quando se dá conta, outro objeto parece reluzir igualmente, bem próximo ao primeiro.

Hinata não percebe que o que cintilava eram os olhos da boneca que caiu. Sua silhueta mal cria forma devido à baixa luminosidade, mas seus olhos brilham imensamente, encarando Hinata de volta. A fazendo acreditar que o bicho-papão estava em seu quarto.

Ela grita pelo seu pai novamente e começa a chorar ao mesmo tempo que seu corpo começa a tremer, em pavor.

Sua garganta dói ao gritar por ele e agora seu choro pode ser ouvido do corredor.

O monstro nunca deixava de a encarar, a assustando, a amedrontando.

Quando a porta é aberta, a luz do corredor ilumina a boneca caída ao chão.

“Hinata?”

A criança apavorada se arrasta pelo chão e sai debaixo da cama. Ela observa seu salvador parado na porta. Com bochechas vermelhas e olhos marejados, ela abre os braços esperando que ele a apanhe.

Seu salvador se ajoelha diante dela e logo ela é amparada por seus braços protetores.

Tudo que a envolve é o conforto de finalmente estar nos braços dele, finalmente protegida, finalmente salva.

Seu rosto afunda contra o peito dele e suas mãos agarram ferozmente sua camisa.

“Não me deixa sozinha!” Ela suplica, soluçando.

 

Quando a mão dele envolve sua nuca, ela sabe que tudo ficará bem.

A mão grande e hesitante de Naruto afaga os cabelos dela. Seu corpo é esmagado pelos braços dela, enquanto o choro nunca parece cessar.

Atordoado, ele apenas a abraça de volta, sentindo um gosto amargo subir pela sua garganta enquanto ouvia as súplicas de Hinata para não deixá-la.

Era impossível sentir qualquer sentimento rancoroso dela, pois ele nunca a viu tão vulnerável antes. Nunca a viu chorar.

Ele engole em seco, sentindo o gosto amargo do arrependimento por ter sido tão frio. Seu coração afunda no peito e sua expressão fica estrangulada. Havia alguma coisa muito errada naquela relação e Naruto sabia disso.

Ela o abraçava feito uma criança assustada. Chorava como uma. Se agarrava nele como se ele tivesse a salvado de algo terrível.

Ele sussurra palavras de conforto e tenta acalmá-la, antes de poder processar a turbulência de sentimentos que o invadiam diante daquela cena.

Nos braços dele, resumida há anos traumáticos que levaram boa parte do que ela tinha de bom, Hinata busca compreender o bicho-papão que a assombrou anos atrás.

Se afogando em seu próprio mar repleto de falhas, onde as ondas a engoliam uma após a outra, ondas que representavam suas inseguranças, seus medos obscuros, seus anseios e traumas, enquanto deixava a água a engolir, Hinata retornava aos seus 5 anos ingênuos. Num momento em que sua inocência era o que a protegia, era o que a resumia, como aquela pobre e inocente garotinha poderia imaginar que o bicho-papão que a atormentava, era uma sombra do que ela se tornaria. Do seu futuro sombrio e melancólico. Ditado antes mesmo de seu nascimento. Como Hinata poderia imaginar, que o monstro que a amedrontava, era ela mesma.

 

__________

 

22 de abril de 2031.

 

Hinata se envergonha ao recordar do episódio lamentável que protagonizou na vida de sua irmã. Ela nunca se perdoou pelo que fez.

“Hanabi ficou com medo de mim depois disso. Ela mal me olhava nos olhos. Me evitava a todo custo. Era como se eu fosse o pior dos monstros. O que não era mentira. Foi difícil conseguir o perdão dela. Ele demorou a vir e eu demorei a pedir. Foi um caminho até entender o que fiz.”

O rosto da irmã aos 12 anos surge em sua mente e Hinata engole o choro.

“Eu me tornei a pior coisa na vida dela e ela era tudo que eu mais amava, a única coisa que eu amava. Do meu jeito torto e irresponsável, eu tentava a proteger do mundo e de mim mesma. Falhei em tudo.” O arrependimento cresce dentro dela. “Eu nunca esqueci o olhar de pavor dela.”

“Hanabi entendia o que estava acontecendo com você?”

“Mais ou menos. Acho que minha mãe a alertava sobre mim. Pedia para ela manter distância. Mas não queria dizer com todas as letras que a irmã era uma viciada. Ela era muito nova, não precisava se meter nisso tudo, mas morávamos na mesma casa e ela não era boba. Ela me observava.”

“E como sua mãe lidou com você após esse episódio?”

“Ela acabou não lidando, como sempre. Decidiu não o fazer. Ela apenas me ameaçou. Disse que se eu me aproximasse de Hanabi novamente, ela me internaria. A mesma conversa de sempre. Ela me puniu, é claro. Não fazia janta para mais de duas pessoas ou três quando Naruto estava. Deixava minhas roupas fora da máquina de lavar e retirou as chaves reservas que eu tinha. Se eu chegasse em casa após as 22h, ficava do lado de fora.”

“Vocês não conversaram?”

“Não existia dialogo entre nós. Ela me evitava e eu evitava ela. Era assim que funcionava. Ela não queria lidar comigo porque o embate a cansava. Eu era muito rebelde. Muito persistente na minha palavra e ela considerava minhas ameaças. Eu dizia que fugiria da clínica, que me jogaria de uma ponte, que a denunciaria para o instituto de menores para que ela perdesse Hanabi.”

Hinata nega com a cabeça.

“Ela acreditava em tudo. Não queria pagar para ver, então ela me evitava. E pediu que Hanabi fizesse o mesmo.”

“Ela chegou a suspeitar de seu relacionamento com Naruto?”

“Acho que não. Perguntei a ele se ela chegou a questioná-lo sobre algo, mas ele disse que não. Ou ela esqueceu, ou fingiu que não ouviu.”

“E você ia mesmo contar a ela?”

“Não, eu não ia. Foram palavras imprudentes, expelidas na hora da raiva. Eu queria mesmo que ela soubesse, queria que aquilo a destruísse, mas eu não ia contar. Contar significava perder Naruto e não era isso que eu queria. Precisava que ele a abandonasse para ficar somente comigo.”

“Você ele continuaram juntos, então? Mesmo após o tratamento que ele lhe deu em um momento que a deixou extremamente fragilizada.”

Hinata suspira e encolhe os ombros.

“Sim… continuamos. Como eu disse, eu estava muito apegada a ele, emocionalmente. Não deixava ele se afastar nem se ele quisesse. Sinceramente, eu não sei dizer por que Naruto ainda ficava comigo. Eu o afrontava, o insultava, provocava. Depois me desculpava e o seduzia. Ele perdia a paciência às vezes, mas de alguma maneira sempre acabávamos juntos na cama. Eu sei que ele resistia, mas era tão fraco quanto eu.”

“Como era a relação dele com sua mãe?” Ela se prepara para anotar.

“Ela o via como um príncipe, é claro. Ele era atencioso, um homem calmo. Inteligente. Sabia lidar com Hanabi e nunca discutiam sobre nada. Olhando de longe, Naruto era o par ideal. O cara perfeito. Ela pedia com jeito para ele ficar e ele ficava. Se ela estava cansada, ele acariciava os cabelos dela e a envolvia em um abraço de urso. Ele sorria e dizia palavras gentis. Ela se derretia por ele. Ela gostava dele.”

Hinata fica pensativa.

“Era como encarar duas pessoas diferentes, mas não que de fato fossem diferentes. Naruto era realmente carinhoso e gentil. Ele era para minha mãe o companheiro que ela precisava e para mim, o amante que eu precisava.”

Ela ri, sem humor.

“Como eu disse, o par ideal.”

Ela balança o rosto, com as sobrancelhas unidas de novo.

“Acho que se eu não tivesse me envolvido entre eles, minha mãe teria uma chance real de ser feliz com ele. Era o que ela queria. Ser feliz.” O pensamento já lhe ocorreu várias vezes.

“Mas e Naruto? Acredita que ele gostava de sua mãe de forma honesta?”

Hinata a encara.

“Bom, levando em consideração tudo que aconteceu, eu diria que não. Quer dizer, talvez ele tivesse gostado dela mais do que pretendia se eu não fosse a filha repugnante que o seduziu. Talvez ele pudesse realmente amá-la… eu não sei.”

Um minuto de silêncio se faz presente enquanto a mulher a sua frente adiciona notas em seu caderno. Ela cruza as pernas as trocando de posição antes de prosseguir.

“Voltando ao episódio que você acabou de relatar, eu diria que esse momento deveria ter sido o fim para vocês. Me surpreende sua mãe não ter tomado uma atitude drástica após te ver atacando a própria irmã e que você não tenha se afastado do homem que não lhe apoiou em seu momento de fragilidade. Você queria que ele fosse, mas ele não era seu salvador. A única pessoa que poderia te salvar, Hinata, era você mesma.”

“Tudo que eu tinha me bastava, eu acreditava que merecia tudo aquilo, aquele relacionamento, aquele homem. Eu… eu precisava do Naruto. Eu não tinha nada, nem a mim mesma. Não poderia perdê-lo.”

“Já se perguntou por que você precisava dele?” Os olhos dela parecem analisar Hinata.

Hinata deu de ombros.

“Eu era carente de atenção. Ele era a única coisa que de certa forma eu tinha nas mãos. Não queria perder isso.”

“Você já parou para refletir no quanto a ausência do seu pai afetou a sua percepção de seus relacionamentos?”

Os olhos confusos de Hinata se voltam para ela.

“A perda precoce de seu pai. A maneira como aconteceu, sendo você a encontrá-lo, sabendo que a ida foi escolha dele. Tudo isso contribuiu para que o seu inconsciente buscasse a figura paterna que tanto amou em um novo homem, em Naruto.”

“Como assim?”

“A ausência ou a falta de amor por parte dos pais, no seu caso de forma física que foi a perda, pode deixar lacunas emocionais significativas que marcam a pessoa ao longo da vida. Essas lacunas não são apenas "sentimentos de saudade" ou "vazio", mas aspectos psíquicos profundos que afetam como nos relacionamos com o mundo e com os outros.”

“Em termos psicanalíticos, essa perda precoce pode resultar em uma falta emocional que a pessoa tenta preencher de maneiras diversas, sendo uma delas a busca por relações que, paradoxalmente, poderiam replicar a dinâmica de uma ausência ou de um relacionamento difícil. Ao se submeter a relacionamentos abusivos, pode haver uma tentativa inconsciente de reviver, dominar ou resolver a falta de uma figura paterna, em uma tentativa de "reparação" ou "substituição" do pai perdido.”

O som da caneta dela anotando algo a mais na ficha interrompe seu monólogo antes de continuar.

“Analisando o seu caso, baseado nas informações que me apresentou sobre Naruto até agora, seja na forma como ele tratava tanto você quanto sua mãe, eu diria que estaríamos sob a ótica de dois conceitos: falta e substituição. E também o desejo de reparação, uma resolução do passado.”

“E o que isso significa?”

“No conceito de falta e substituição, a perda do pai pode gerar uma sensação de "falta" que a pessoa tenta preencher de diversas formas, incluindo em relacionamentos amorosos. Muitas vezes, a busca por um parceiro que reproduza características da ausência, como abuso emocional ou negligência, pode ser uma maneira inconsciente de lidar com a dor da perda. A pessoa pode estar, inconscientemente, tentando "substituir" o pai com uma figura que é carente e até abusiva, porque, de alguma forma, isso ainda se conecta ao que foi vivido na infância, mesmo que de maneira destrutiva.”

“Agora, sob a perspectiva do relacionamento destrutivo que você tinha com Naruto, eu diria que existe o desejo de reparação. Em seus momentos de vulnerabilidade era ele quem você buscava. O que você chamou de seu salvador. Lugar que antes era ocupado por seu pai. Às vezes, a pessoa pode inconscientemente desejar criar uma relação em que, desta vez, consiga o afeto e o reconhecimento que não obteve na ausência dos pais. Isso pode levar a comportamentos de sacrifício ou de subordinação, na esperança de que, ao agradar ao parceiro, ela consiga, de alguma forma, reparar o vínculo parental não satisfeito, já que o seu foi brutalmente arrancado de você. A ideia de perder Naruto a machucava, porque você já havia perdido seu pai. Então você se submetia às vontades e ameaças dele para poder tê-lo por perto e suprimir esse vazio deixado em seu peito.”

A análise de seu relacionamento com Naruto não a agradou. Ela esperava ouvir algo do tipo, mas isso apenas tornou o relacionamento pior do que já era.

“Mas isso quer dizer… basicamente, está dizendo que eu procurava me deitar… com meu pai enquanto estava com Naruto?”

“Em Naruto, inconscientemente, você buscava uma maneira de suprimir a falta que seu pai fazia. De certa forma, por ele ser seu padrasto, ele acabou também se encaixando em uma figura paterna. Por mais que você se recusasse a enxergá-lo dessa maneira. Em suas palavras, ele era bom para sua mãe, um parceiro carinhoso, educado, paciente e envolvido. Era bom com sua irmã, a auxiliava quando necessário. Hanabi confiava nele. Ele era parecido com seu pai. Dentro daquela casa, ele ocupava o lugar que foi de seu pai. Isso pode também ter contribuído para sua sede de vingança, no desejo de tirá-lo de Hera.”

“Você a culpava pela perda do pai, então aos seus olhos, ela não merecia amar outra pessoa. Se ela foi capaz de arrancar seu pai de você, cabia a você fazer o mesmo. E nessa tentativa distorcida de interesses, ao tirar Naruto dos braços de sua mãe, você também acreditava estar salvando seu pai da mesma. Algo que sente que poderia ter feito. Ou seja, uma reparação do seu passado.”

O estômago de Hinata se embrulha e sua expressão era de repulsa. Nunca imaginou que sua relação com Naruto estava interligada ao amor que teve pelo pai. À falta que ele fazia. A perspectiva dessa situação a enojava, principalmente porque fazia sentido.

“Você não precisa se culpar por isso, Hinata. Isso funciona exatamente como um mecanismo de defesa e acontece de forma completamente inconsciente. Isso é gerado desde o berço de nosso nascimento, quando os primeiros vínculos são formados nos primeiros anos de vida, seja com nossos pais ou cuidadores. Esse vínculo serve de base para todos os relacionamentos futuros. Eles são fundamentais para o desenvolvimento emocional, afetivo e psicológico. Eu entendo que pode não lhe agradar ao ver desta maneira, mas acredite, é algo enraizado em todos nós.”

Hinata acena ao limpar as lágrimas que desceram por seu rosto. O reboliço que formou em seu estômago parecia perdurar. Não conseguiria dar continuidade na sessão de hoje, mesmo que ainda restasse vinte minutos de terapia.

Talvez as informações precisassem ser devidamente digeridas antes dela continuar os relatos da fase precária de sua vida. Sua terapeuta nem ao menos sabia da história completa, mas já enxergava a situação em sua totalidade. Ela estava certa.

“Podemos encerrar por hoje?” Sua voz sai em trêmula. Hoje teria uma noite difícil. Não dormiria sem os remédios.

“Tem certeza? Ainda restam 20 minutos.”

“Acho que não conseguirei continuar. Desculpe doutora.”

“Está tudo bem, Hinata. Mas por favor, não quero que se sinta culpada por nada que foi relatado.”

“Eu entendo. Eu só… preciso digerir.”

A doutora a observa por um tempo. Os olhos de Hinata se perdem em seu colo. Não estava mais confortável para conversar.

“Tudo bem, querida. Retomaremos quando se sentir melhor. Mas por favor, não deixe de comparecer nas sessões futuras, Hinata. Posso lhe dar uma folga de uma ou duas semanas, mas não desejo que passe disso. Não quero que deixe de vir.”

Hinata lhe envia um sorriso ameno.

“Não desistirei da terapia, doutora. Eu prometo. Tem sido muito bom, acredite. Está sendo libertador colocar tudo para fora pela primeira vez em muito tempo. Só é estranho ser analisada. Mas é bom entender, mesmo que tardiamente.”

“Nunca é tarde para se reencontrar. Se reorientar e recomeçar. Você guardou isso por tanto tempo e estou profundamente orgulhosa de seu progresso. Nem sempre é fácil abrir feridas passadas, mas é sempre necessário. Você tem que se livrar de todo fardo que a prende em seu passado, Hinata. Seja com seu pai ou com Naruto. E tem feito um excelente trabalho até aqui. Quero que saiba disso.”

O próximo sorriso de Hinata é verdadeiro. Ela também estava orgulhosa de si mesma.

“Obrigada, por enquanto. Eu voltarei.” Ela diz ao se levantar e apanhar sua bolsa, mas ao se dirigir até a porta, seu corpo para ao tocar na maçaneta.

“Sabe… foi um batom.”

Sua voz atraí a atenção da doutora, que levanta os olhos da ficha para ela.

“Perdão?”

Hinata vira o rosto minimamente e com um sorriso triste, ela explica antes de deixar a sala.

“Hanabi. Foi isso que ela pegou do meu quarto naquele dia. Um batom.”

 


"E o rico, gritando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim e ao menos mande Lázaro molhar a ponta de seu dedo na água e refrescar a minha língua, porque eu estou atormentado nestas chamas."

Lucas 16:24