Chapter Text
Quando estava dentro daquele bote, Oliver decidiu que odiava o azul. Azul era frio, era salgado, era o cheiro metálico misturado ao sangue do capitão do iate e, em seguida, ao de seu pai.
Mas, com o Mirakuru correndo em suas veias, ele voltou a gostar do azul. Porque azul era a cor dos olhos de Sara. Sara, que estava com os braços ao redor dele, sussurrando palavras que ele não conseguia ouvir, mas sabia que eram doces. Sara, que não o odiava por ter destruído a vida dela, mas o agradecia por tê-la tirado das mãos de Anatoly. Sara, que ouviu ele falar sobre Thea por horas — sobre o quanto ele amava sua irmãzinha, sobre como sua mãe e todos ao seu redor queriam que ele deixasse de ser ele mesmo, mas também sobre como seu pai sempre dizia que ele era jovem e deveria dar tempo ao tempo.
E então Sara o beijou, e ele começou a amar o azul. Azul era a cor das cortinas novas que sua mãe havia comprado para a estação. Era a cor dos olhos de Thea, de seu pai, de sua mãe, de Tommy e de Sara. Azul era casa. Azul era os lábios de Sara contra os dele. Era Thea naquele aquário cantando que ele era o melhor irmão do mundo. Era invadir a cozinha com Tommy de madrugada para comer as sobras que Raisa sempre deixava separadas para eles. Era sua mãe beijando suas bochechas e dizendo que o amava e só queria que ele fosse a melhor versão de si mesmo. Era seu pai rindo das suas travessuras e dizendo que ele estaria em apuros se sua mãe descobrisse.
Azul era casa. Azul era sua cor favorita.
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Chapter 2
Summary:
Oliver mostra suas piores partes e em troca Sara faz o mesmo com as dela.
Chapter Text
Convidar Sara para o iate foi algo impulsivo. Ele queria se distrair com uma garota bonita e ter alguém com quem pudesse desabafar sobre tudo. Sara era a combinação perfeita dos dois. Eles tinham química — na cama, no sofá, no banheiro e em qualquer lugar que se possa imaginar. Mas ela também era uma ótima ouvinte, sempre disposta a escutar e aconselhar quando necessário. Sara era a luz no fim do túnel para Oliver.
Essa impressão se confirmou naquele momento, enquanto ele contava tudo para ela. Falou sobre como Laurel queria que eles morassem juntos, como seus pais o pressionavam para pedir a namorada em casamento, e como ele se sentia encurralado. Explicou que havia tentado se libertar da pior maneira possível: traindo Laurel, não só com Sara, mas com dezenas de outras mulheres. Confessou como uma dessas mulheres havia engravidado e perdido o bebê. Revelou que ele sequer conseguia viver o luto por seu filho de forma adequada, porque isso significaria ter que contar a Laurel todas as coisas que ele tinha feito. Contar como ele havia estragado tudo, como não tinha certeza se deveriam continuar juntos e se o amor que sentia por ela era realmente o tipo de amor que fazia as pessoas se apaixonarem, ou se ele simplesmente tinha confundido tudo.
Ela não o interrompeu. Apenas deixou que ele falasse tudo, enquanto desabava em uma mistura de soluços, palavras e lágrimas. Ele a agarrava como uma tábua de salvação. Quando ele finalmente parou, Sara beijou sua testa e disse que ficaria tudo bem. Disse que as coisas que ele fez não eram imperdoáveis, que ele era um garoto e, por mais que tivesse errado, ele havia se arrependido. Ela o lembrou de que ele havia percebido seus erros e que, quando voltassem para casa, ele poderia se redimir, pedir perdão, e talvez até procurar um profissional que o ajudasse a colocar sua cabeça nos trilhos.
Então, foi a vez dela desabafar. Contou como amava a faculdade de medicina, mas estava à beira de um colapso. Disse como estar em um hospital era cansativo, como ela tinha visto coisas que ninguém deveria presenciar. Falou sobre a linda garota com um tumor que ela havia cuidado por dias, apenas para vê-la morrer em uma sala de cirurgia. Contou como seus pais pareciam não entender nada sobre ela, como ela estava sobrecarregada com tudo. Revelou que não sabia se tinha estômago para continuar. Explicou como, sempre que as pessoas olhavam para ela, só viam "a irmã mais nova da garota de ouro". Confessou que, mesmo sabendo que era errado, ainda guardava ressentimento da irmã por isso. E, por fim, admitiu que havia usado Oliver para se sentir melhor. Contou que havia sido mesquinha e decidido que a melhor forma de superar sua irmã seria roubando o que ela mais tinha orgulho: o namorado perfeito, o garoto que todas queriam, mas que Laurel acreditava ser só dela.
Então, os dois se despedaçaram. Jogaram fora tudo o que era falso e, com o que sobrou, se agarraram como se estivessem tentando juntar suas formas quebradas para construir algo novo. Seria lindo, se não fosse tão doloroso para eles. Se eles não soubessem que ninguém entenderia.
Sara sabia que enfrentaria sozinha a fúria dos pais, da irmã, e de todos. Ela tinha plena consciência de suas atitudes e das consequências delas quando decidiu tomá-las. Ela não era uma covarde. E, por mais que uma parte dela desejasse que Oliver estivesse ao seu lado, protegendo-a, também sabia que ele teria que lidar com as próprias ações. Não seria justo pedir mais do que isso a ele.
Oliver estava exausto. A única pessoa para quem ele havia falado sobre tudo aquilo era sua mãe, mas a conversa havia sido completamente diferente. Sara não tirou a culpa dos ombros dele. Ela mostrou a ele um jeito de carregá-la sem se destruir no processo. Ele queria rir. Depois de tanto tempo, finalmente via a si mesmo. Ele era o garoto mimado, arrogante e egoísta que o detetive Lance dizia que ele era desde sempre. Ele era a escória da humanidade, um parasita que não merecia nada do que tinha: nem o dinheiro, nem as garotas, nem Tommy, nem Sara, nem sua família. Ele não era bom o suficiente para nada disso. E agora ele podia ver isso com clareza.
Chapter 3
Summary:
Robert sabia que seu filho um dia iria amadurecer, só não queria que ele causasse perdas desnecessárias para si mesmo.
Chapter Text
Robert sabia que ele não era a melhor pessoa para decidir o que era certo ou errado, que ele tinha cometido erros muito piores que os do filho, mas, ainda assim, ele tinha que conversar com Oliver. Uma coisa era você trair sua namorada, outra era você fazer isso com a irmã dela. Oliver estava pondo em risco ter que terminar seu relacionamento com Laurel de uma vez por todas. Não que ele não fosse apoiar se seu filho quisesse terminar, ele simplesmente não entendia por que Oliver faria isso.
Laurel era doce, inteligente, madura e tinha um ótimo futuro pela frente como advogada. Ela era o tipo de pessoa que ele queria ao lado do futuro presidente da Corporação Queen. Não que ele não gostasse de Sara, mas a garota nunca seria um terço do que sua irmã era. Sara era linda, mas Laurel simplesmente era de tirar o fôlego. Sara era inteligente, mas Laurel estava sempre um passo à sua frente. Robert não conseguia ver o que seu garoto tinha visto naquela menina que tenha feito Oliver arriscar perder uma garota como Laurel.
Um suspiro saiu de seus lábios quando ele abriu a porta do quarto de Oliver. Ele e Sara estavam abraçados em um emaranhado de membros que fazia parecer que os dois estavam tentando se fundir em um só.
"Oliver," ele chamou seu filho, esperando que não tivesse que se aproximar mais e ver o que não queria. Mas, bem, como já havia sido ressaltado, Robert não era um bom homem, então a sorte quase nunca estava a seu favor. Ele caminhou mais alguns passos e então chamou seu filho novamente. Houve um movimento no emaranhado, mas, para sua surpresa, não era Oliver, mas Sara olhando para ele com olhos inchados e levemente avermelhados.
"Olá, senhor Queen," a garota o cumprimentou, meio sonolenta e meio envergonhada. E algo passou por sua cabeça: a imagem de Moira ainda jovem no primeiro dia em que eles dormiram juntos. Ela era tão jovem quanto Sara, só um ano mais velha.
"Oi, está tudo bem entre você e Oliver?" Ela pareceu não entender por dois segundos antes de olhar para ele com olhos azuis arregalados, parecendo prestes a se esconder debaixo dos cobertores como uma criança, antes de falar.
"Sim, sim, nada de mais, não foi nada." A garota estava fazendo parecer que muito havia acontecido, mas não queria contar a ele. E ele também não ia perguntar. Ele não tinha nenhum interesse nos problemas da garota, muito menos se tivessem sido culpa da própria garota.
"Certo, acorde Oliver para mim e peça que ele vá até o bar." A garota balançou a cabeça em afirmativo, e ele saiu do quarto sem dizer mais nada.
Tinham se passado bons vinte minutos antes que ele ouvisse os passos arrastados de seu filho e, então, mais um momento em que Oliver ficou parado na entrada, olhando para ele como se estivesse pedindo permissão para entrar. Ele estranhou: seu filho era barulhento e impulsivo, agindo primeiro e perguntando depois. Mas algo no olhar de Oliver mostrou que ele realmente precisava saber que seu pai o queria ali. E foi isso que ele fez, afinal, nunca tinha negado nada ao filho.
"Entre, meu garoto," Robert falou, observando os ombros tensos de seu filho primogênito e herdeiro. O homem que ele tinha certeza de que seria o futuro, mesmo que, às vezes, não parecesse. Afinal, ele nunca tinha negado nada a Oliver e, um dia, quando as bebidas, as mulheres e as noites deixassem de ser algo novo, seu filho buscaria algo diferente. Então, ele se voltaria para o caminho certo, destruiria qualquer outro homem de negócios, porque Robert conhecia o filho e sabia que Oliver não parava até ter tudo. Seu pequeno glutão.
Oliver sentou no bar com uma expressão cansada e abatida. Parecia que havia sido atropelado pelo menos cinco vezes por um caminhão enquanto se acomodava à frente do pai, no balcão.
"Sara falou que o senhor tinha me chamado. Está tudo bem?" Oliver não parecia alarmado ou curioso, apenas resignado.
"Queria falar com você sobre certas coisas," Robert deu de ombros, virando-se para pegar uma garrafa de vinho tinto mais antiga que seu filho. "Aceita um pouco?" Ele perguntou já pegando duas taças, mas ficou surpreso ao ver Oliver balançar a cabeça negativamente.
"Acho que vou parar de beber por um tempo," Oliver respondeu, cruzando os braços sobre o balcão e apoiando a cabeça e parte do torso neles.
Oliver olhava para o pai com uma expressão que não fazia há muito tempo, não desde os dez anos, quando sua babá se demitiu por estar grávida. Oliver tinha ficado em êxtase nos primeiros meses, mas, quando descobriu que Jolene teria que deixar de cuidar dele, ele se transformou em um fantasma por semanas. Mal comia e não falava, a não ser para pedir que a babá não fosse embora. A pobre mulher se sentiu tão culpada que falou com Moira para pedir que Oliver pudesse ir à sua casa enquanto ela estivesse afastada. Moira foi completamente contra, mas Robert conseguiu convencer a esposa a ceder.
Ele não achou que veria seu filho naquele estado de novo, depois de dizer a ele que poderia ficar o tempo que quisesse com Jolene. Mas ali estava Oliver, mais uma vez sem rumo e machucado. O coração de Robert se apertou com a visão.
"Quer começar?" Robert perguntou, sentando-se no banco à frente de Oliver.
"Eu não sei se quero falar sozinho com o senhor," Oliver foi direto. Robert se perguntou o que aquilo significava.
"Ollie, você sabe que eu sempre estive do seu lado, certo?" Ele realmente estava. Era seu filho, e ele morreria por ele.
"Sim, eu sei. Eu só não quero te decepcionar. Eu estava falando com Sara, talvez ela..." Oliver começou, mas foi interrompido pelo pai.
"Oliver, eu quero falar com meu filho, não com uma amante dele," Robert foi direto, quase cruel na visão do filho.
"Não fale assim dela! Eu e ela estamos arrependidos. Só... só somos uma bagunça. Vamos falar com Laurel assim que chegarmos," Oliver levantou-se do assento, claramente irritado e ansioso.
"Falar o quê, Oliver?"
"Tudo, pai. Das coisas que eu fiz, das coisas que eu e ela fizemos. Eu vou pedir desculpas para ela," ele respondeu, ou achou que havia respondido.
"Você acha que isso vai ser o suficiente para manter o relacionamento de vocês?" Robert perguntou, realmente curioso.
"Eu não sei se quero estar com ela," Oliver respondeu, cansado.
"Você e Sara estão realmente pensando em começar um namoro nessas circunstâncias?" Robert perguntou. Era uma péssima escolha, mas seu filho já havia feito piores.
"Eu e Sara não queremos ter esse tipo de relacionamento," o garoto loiro tentou explicar, mesmo que nem ele entendesse completamente.
"Então, o que você quer, Oliver?" Robert não acreditava naquilo. Por que trocar algo certo por nada?
"Eu não sei."
"Oliver, olhe nos meus olhos." O homem caminhou até o filho, pressionando as têmporas dele entre as mãos.
"Pai, eu não sei. Só quero que as coisas não sejam como estão agora," o garoto parecia prestes a se dissolver no aperto do pai.
"E como as coisas estão agora?"
"Sufocantes. Eu não consigo parar de pensar. Ou é Laurel sempre querendo mais, ou é a mamãe querendo que eu simplesmente amadureça do dia para a noite, me case e tenha 3,5 filhos com Laurel assim que ela terminar a faculdade," ele foi sincero, e as lágrimas que antes foram derramadas sobre sua mãe e Sara agora estavam sendo nos braços do pai.
Seu filho não respondeu mais nada, e ele também não perguntou. Então Oliver simplesmente abaixou a cabeça e o abraçou, um abraço tão apertado que teria feito homens menores tremerem. Mas aquele não era o caso de Robert, então ele abraçou o filho de volta, até que Oliver decidiu que era hora de voltar para o quarto.
Chapter 4: 4
Summary:
Sara ama esta nos braços de Oliver, mas ainda trocaria isso pra nunca mais ter que falar com Robert Queen.
Chapter Text
Oliver voltou para o quarto onde ele e Sara estavam, completamente exausto. Ele nunca estivera tão cansado, nem nas suas piores ressacas. Na verdade, parecia que estava vivendo todas elas juntas de uma vez só, mas sem a vontade de vomitar. Era uma merda. Ele só queria dormir e esquecer de tudo. Então, quando deitou na cama grande e macia, foi com um sonho: ter Sara ao seu lado. Isso foi ainda melhor. O calor do corpo dela contra o dele, as mãos dela acariciando suas costas e seu cabelo... Era como ser recompensado pelos céus depois de se arrepender.
Ele finalmente conseguia entender os cristãos. A sensação de ser recompensado por algo como a verdade parecia ser mais gratificante do que dezenas de noitadas. Não que ele fosse se converter ao cristianismo; as aulas de catequese e a maldita crisma que sua mãe o obrigou a fazer já tinham sido o suficiente. Ainda assim, ele simpatizava mais com eles agora.
Mas veja só, mais uma semelhança entre ele e os cristãos: ele sabia que aquilo era apenas a calmaria antes da tempestade. Literalmente. Os trovões estavam ecoando por todos os lados, criando um dos piores sons que ele escutaria na vida, enquanto o barco balançava como uma rede de balanço. E com isso, os braços que antes o consolavam agora se agarravam a ele com desespero. Era óbvio que ele sabia do medo de trovões de Sara, só não sabia que era tão ruim. As unhas dela estavam cravadas nas suas costas enquanto ela chorava e tremia.
Ele a segurou de volta, enrolando seus braços ao redor dela o mais apertado que conseguia. Beijou a testa dela e disse que estava tudo bem, que ele estava com ela. Então foi a vez das bochechas, e ele prometeu que cuidaria de tudo, que logo tudo voltaria ao normal. Por fim, a boca. Foi quando ele não teve certeza se era verdade e, mesmo que fosse, se ele deveria falar. Mas, ainda assim, ele disse que a amava, que a queria naquela noite.
Ela não respondeu propriamente dito, mas retribuiu o beijo com ansiedade. Ele não tinha como saber se era por ele ou por uma distração do medo dela. Bem, ele não iria perguntar. Ele a conhecia há anos, sabia que ela e ele eram parecidos nesse sentido: eles não enfrentavam seus medos e problemas, fugiam ou arrumavam uma distração. E foi isso que ele deu a ela, enquanto aprofundavam seus beijos e toques, na esperança de que ela não tivesse que temer mais nada e apenas o sentisse. Foi aí que ele se perdeu totalmente também.
Os lábios macios dela nos dele, a língua com gosto de uva explorando a dele como se não tivesse feito isso mil vezes, as coxas de porcelana fartas envolvidas na cintura dele, os seios que ele lembrava de cor pela ponta da língua, sua respiração completamente irregular enquanto buscava atrito em seu abdômen... Ele só queria poder ir para o próximo nível.
Ele não iria pressionar Sara, mas queria tanto ela que era doloroso. Ela estava bem ali, embaixo dele, deitada na cama dele, arfando por ele, mas ele ainda não podia — não sem a permissão dela. E ele não queria, ou talvez nem estivesse consciente o suficiente, para parar e pedir. Era tão bom simplesmente tê-la em seus braços, estar nos braços dela.
Então foi a vez de Sara pegar o que era dela por direito, afinal, por Deus, ela o queria há tanto tempo, desde antes de entender o que queria. E agora ele estava à disposição dela, sem mais culpa por estar usando-o ou por ter destruído algo que já estava fadado a desmoronar. Ela o virou e pressionou seu clitóris contra a ereção dele. Foi tão bom. Ela precisava tanto de mais, ela precisava de tudo dele. Então, ela pediu, em um doce "por favor, Ollie," pressionando-se contra ele com fome.
Depois disso, os dois pareciam desesperados para ter mais um do outro. Oliver estava simplesmente arrancando os últimos pedaços de tecido que os separavam, com tanta pressa e fervor que Sara pensou por um momento que ele era como um animal. Não que ela estivesse fazendo menos que isso, com seus dedos ágeis e finos focados apenas em desprender a fivela do cinto dele. Oliver sequer tinha tirado completamente a própria blusa antes que ela o colocasse dentro dela. Não teve cerimônia, mas ela estava sobre ele como uma rainha. Ele não questionou, apenas se deixou ser usado. Ele talvez não admitisse em voz alta, mas adorava ser usado assim por ela. Gostava do aperto em seu pescoço enquanto eles se beijavam, gostava até quando ela parava de se mover só porque sabia que ele estava quase. Ela fez isso três vezes, e ele pediu e choramingou até que ela finalmente deixou que ele se desmanchasse dentro dela.
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Ela estava incrivelmente disposta quando acordou. Já estava acostumada a acordar cedo, mas nunca tão revigorada. Uma risada escapou dos lábios dela. Ela e Oliver tinham feito um estrago um no outro. Sim, ela sabia que deveria estar se sentindo culpada por estar com o namorado da irmã, mas já estava deitada nessa cama de pregos há tanto tempo que eles não a incomodavam mais. Era estranho. Ela amava a irmã, morreria por ela, contudo, não se sentia culpada por isso.
Talvez ela fosse uma daquelas pessoas que não sentiam remorso. Ou talvez ela só conseguisse sentir quando visse as consequências cara a cara. Só tinha certeza de que estava com fome e de que Oliver também estaria quando acordasse. Então, ela foi até a cozinha, esperando fazer alguns sanduíches e pegar suco e leite. Só não esperava que, enquanto fritava os ovos, o senhor Queen aparecesse lá. Certo, o iate era dele, mas, contando com os hábitos de sono de Oliver, Tommy e todas as pessoas ricas que conhecia, achou que as pessoas só começariam a acordar às dez da manhã.
"Olá, senhor Queen", ela cumprimentou sem jeito. O pai de Oliver era uma daquelas pessoas que achavam que ela não era tão boa quanto a irmã e não fazia questão de esconder.
"Bom dia", ele respondeu, sentando-se em um dos assentos do balcão. "Preparando algo interessante?"
"Apenas alguns ovos e sanduíches. O senhor quer um pouco?" Ela não queria ficar perto do pai de Oliver, mas gostava de cozinhar e sabia que era o certo a fazer.
Diferente de Laurel, ela tinha passado muito tempo com os avós, e isso tinha fundado certas crenças e valores que eram antiquados na cabeça dela, como sempre mostrar respeito pelos mais velhos ou ser uma boa "dona de casa". Ela quase sempre lutava com o último, mas, às vezes, só deixar as coisas acontecerem era mais fácil.
"Talvez um pouco de suco e ovos", ele respondeu.
Ela acenou com a cabeça, colocando os ovos já prontos em um prato e tirando uma jarra da geladeira, colocando-os à frente do senhor Queen, junto a um copo e talheres.
"Obrigado", ele agradeceu, bebendo um pouco de suco. "Podemos conversar um pouco? Não se preocupe, não é sobre você, é sobre meu filho."
Sara assentiu, ficando de pé à frente dele, se perguntando o que tinha acontecido para o homem querer conversar sobre Oliver com ela.
"Você não é muito de falar na minha frente, não é? Sempre vejo você, Oliver e Tommy agindo como crianças ou fanfarrões, mas você sempre parece querer correr de mim."
"Desculpe", ela falou sem realmente se importar, mas fazendo parecer que sim.
"Não precisa disso. Eu realmente não me interesso em ouvir sua voz, mas queria saber o que está acontecendo entre você e meu filho. Não estou falando do sexo. Tentei falar com ele ontem, mas Oliver nunca foi comunicativo sobre estresse." Ele suspirou. "Não sei se vocês percebem, mas já estão envelhecendo. Eu já não sou mais o mesmo e, em pouco tempo, o Oliver vai ter que assumir o meu lugar. Ele ainda tem muito o que viver, e eu não quero privá-lo disso. Se sua irmã estiver ao lado dele, eu não terei esse problema. Você concorda comigo?" Ele parou e a encarou de cima a baixo.
Ela não respondeu. Não falou que achava ele maluco e cruel por dizer essas coisas para ela, que Oliver não era responsabilidade da irmã dela, muito menos uma criança. Sim, ele era jovem, mas estava quase se tornando um homem.
Robert interpretou o silêncio dela como o de uma garotinha que não sabia o que falar, não como o de uma mulher que tinha nojo dele e não queria que outras pessoas soubessem disso, pois sabia que isso poderia trazer desvantagens.
"Sara, quero que você entenda que Oliver está destinado a grandes coisas e que você, se quiser estar ao lado dele e ter minha aprovação, vai precisar de muito mais", ele concluiu.
"Desculpe, senhor Queen, mas eu e Oliver não queremos esse tipo de relacionamento, principalmente agora", ela esclareceu, pensando que, se o homem soubesse que ela não estava interessada na vida de futura mãe dos netos dele, isso o tiraria do pé dela.
"Talvez não seja do interesse de vocês, mas é o que vai acontecer, a menos que vocês se separem de vez. E eu acho que vocês não conseguem", ele deu de ombros, começando a comer os ovos.
Ela não ficou muito mais tempo lá, pegando os sanduíches já prontos e uma garrafa de refrigerante. Foda-se o café da manhã saudável. Ela só queria ir para longe daquele homem.
Chapter 5: 5
Summary:
Oliver é maluco, ele tem quase certeza disso.
Chapter Text
Oliver odiava estar sujo. Odiava seu corpo até mesmo minimamente suado ou grudento. Ele nunca entendeu por que era assim, mas sentia como se milhões de vermes estivessem debaixo da pele dele com qualquer tipo de sujeira. Às vezes, ele sentia isso até quando usava tecidos muito finos ou artificiais. Sua mãe e babá sempre brigavam com ele depois que saía do banho quando era mais novo. Ele sempre era muito rude com a própria pele, esfregando até ficar vermelha, até machucar ou sangrar, se estivesse em um dia ruim.
Quando começou a sair com garotas, rapidamente percebeu que isso não era algo que as pessoas simplesmente aceitavam. Tudo bem, ele sabia que não deveria fazer isso, mas sempre achou que era porque machucava, não porque era estranho. Perceber isso foi assustador. Ser diferente nunca foi algo que ele gostou, e saber que algo tão enraizado nele era diferente era uma merda.
Depois disso, ele fez o seu melhor para parar, seja tomando mais banhos, se lavando com buchas mais macias ou evitando ficar totalmente pelado na frente delas. Qualquer coisa que não fizesse elas olharem para ele como uma abominação.
Quando começou a namorar Laurel, foi ainda pior. Ela estava sempre prestando atenção aos detalhes. Em algum momento, ele foi encurralado. Ou ele contava a ela, ou sentiria aquela sensação que fazia ele querer arrancar a própria pele o tempo todo. Ele foi honesto. Uma das poucas vezes naquele relacionamento, mas foi. Ela entendeu. Bem, ela disse que entendeu, até o dia em que viu ele depois de um banho de verdade.
Ela olhou para ele com pena, e isso foi pior do que ser visto como um idiota. Mas era só isso, então ele continuou, e ela continuou a olhar para ele com aqueles olhos. Foi só em um dia que ele se sentiu realmente sujo que as coisas ficaram fora dos limites para ela.
Eles tinham ido a uma festa de Tommy, e isso, por si só, já era um problema. Merlyn e Queen juntos em uma festa significavam problema. Então, na manhã seguinte, quando Laurel acordou com o barulho do chuveiro ligado e fumaça saindo da porta, sentiu-se na obrigação de ver como ele estava. Foi uma péssima ideia. O banheiro mais parecia uma sauna de tão quente, e Oliver estava no meio dele, completamente vermelho e sangrando em pequenas partes. Mas o pior, na opinião dela, era o quão indiferente Oliver estava. Parecia que ele não estava ném sentindo dor, era como se fosse normal. Isso a fez quebrar.
Ela correu para os braços de Oliver, desligando o chuveiro o mais rápido que conseguiu, chorando e implorando para que ele nunca mais fizesse aquilo.
Oliver ficou sem reação. Foi como ouvir sua babá, porém de um jeito que o fazia se sentir culpado, errado. Era como se ele não fosse "certo", e ele odiou isso. Odiou Laurel por um tempo, mas nunca mais chegou perto de fazer aquilo novamente perto dela.
Então, ele começou com Sara. E foi errado. Ele era um idiota e nunca mais faria isso. Por Deus, ele não tinha nem desculpas para dar. Fez tudo o que fez porque era um idiota, babaca e sem noção. Sim, ele se sentiu pressionado, mas deveria ter conversado com ela, ter sido honesto. Ele não tinha motivos. Tinha acabado com o relacionamento deles e, provavelmente, com a amizade também. Ele tinha estragado tudo.
Mas, se fosse um pouco mais sem vergonha, teria que admitir que havia uma coisa da qual não se arrependia: finalmente poder tomar um bom banho. E, sendo ainda mais sem vergonha, gostava quando Sara se juntava a ele. Provavelmente por ser estudante de medicina, mas ela era muito cuidadosa com coisas relacionadas à higiene.
Ser acordado por Sara depois de uma noite de sexo e tomar café da manhã na cama era muito bom, uma das melhores coisas que Oliver já havia experimentado. Mas quando ela perguntou se ele queria ajuda com o banho... Oh, aquilo era o paraíso.
Ela era tão cuidadosa. Sabia que o cabelo dele deveria ser lavado primeiro e, depois, o resto do corpo. Sabia que a água precisava ser bem quente, mas não muito forte. Sabia que as unhas tinham que ser lixadas e esfregadas com cuidado, porque sempre pareciam acumular sujeira.
Ele realmente gostava de vê-la fazendo isso. Não porque não pudesse fazer sozinho, mas porque Sara parecia gostar de cuidar e fazer esse tipo de coisa. E ela era tão boa nisso que ele sentia que aquilo deveria durar para sempre. Ele tinha quase certeza de que ela sentia o mesmo.
Eles estavam quebrados. Ele era tão, tão amado que, por hábito, se tornara carente. Ela, sempre tão, tão indesejável, estava sempre disposta a dar tudo de si. Ele tinha tanto espaço, e ela tanto a oferecer. Era uma simbiose pura.
Ok, ok. Oliver sabia que tinha passado dos limites agora. Ele não deveria se sentir assim. Deveria estar com nojo de si mesmo. Já havia admitido sua culpa, mas era mais forte que ele. Estava sempre pensando em Sara. Era errado. Por Deus, ele pensava nela até enquanto estava com outras garotas, até mesmo quando estava com Laurel. De uma forma ou de outra, seus pensamentos sempre encontravam caminho de volta para Sara. Que maldito doente mental ele era.
Ele suspirou. A ideia de ir até o quarto do pai era tentadora. Seu pai já sabia de tudo, então ele poderia simplesmente ir até lá, abraçá-lo, exigir carinho e atenção, e, no fim, simplesmente agir como o garoto mimado que ele era. O problema era que, para chegar ao quarto do pai, teria que passar pelo bar. E ele se conhecia o suficiente para saber que não resistiria. Por mais incrível que parecesse, ele realmente queria ficar, pelo menos por um tempo, longe do álcool.
Ele não tinha um gosto particular por estar sóbrio, mas estava começando a ter um certo ressentimento por estar bêbado. A bebida revelava tudo o que ele mantinha na mente, como o fato de que a ex-secretária de sua mãe era uma vadia. Cara, aquele dia tinha sido um desastre. Ele começou a beber às oito da manhã e, à tarde, quando sua mãe chegou com aquela mulherzinha que dava descaradamente em cima do pai dele, simplesmente falou tudo o que tinha entalado na garganta.
Ele realmente não queria agir assim. Queria agir como seu pai, sua mãe ou até como Sara. Seu pai era um clássico homem de negócios; sua mãe, a imagem perfeita de uma esposa troféu; e Sara, que fingia ser uma garota burra e inconsequente, mas era uma desgraçada quando dava na telha. Ele queria ser assim, ter as coisas sob controle, mesmo que minimamente. E ele tinha quase certeza de que ter controle sobre seu corpo, mas principalmente sobre sua língua, ajudaria muito.
Chapter Text
Oliver nunca tinha gostado tanto do jantar como naquela noite. O dia dele tinha, na visão dele, sido muito longo. Ele tinha acordado muito cedo, porém foi por Sara que havia preparado o café da manhã, então ele não estava reclamando. O problema é que, depois disso, ele não teve mais nada para fazer; só deitou-se na cama e pensou, tomou dois ou três banhos e leu um romance gay que ele tinha certeza de que havia sido banido em pelo menos 50 países. Ele tinha a impressão de que cada minuto era o equivalente a uma hora. O tempo simplesmente não passava.
Quando Sara parou de estudar, ele sentiu que o universo finalmente tinha dado a ele uma pausa de seja lá qual fosse o castigo que ele havia recebido. Bem, motivos o universo tinha de sobra, mas foi realmente legal ficar só os dois, ele e ela, abraçados, falando sobre nada e depois tomando um banho juntos, esperando o pai dele sair do escritório para que pudessem comer juntos. Tudo estava indo bem até o universo decidir castigá-lo outra vez. Só que, em vez de colocá-lo em uma prisão de tédio absoluto com os seus pensamentos, ele estava em uma sala de jantar fechada com seu pai, que tinha esperado ele e Sara abaixarem a guarda para atacá-los com as piores perguntas possíveis no momento mais complicado e bagunçado da vida dele.
Oliver teria esperado algo assim da mãe dele, mas do pai? Seu pai não era esse tipo de homem, pelo menos não com ele. Seu pai sempre tinha sido gentil com ele, então foi óbvio que toda aquela hostilidade era direcionada a Sara. Sara, que estava sendo sonsa como só ela sabia ser, e isso não era um elogio. Ele queria gritar para que eles parassem com aquela merda; o ouvido dele não era pinico. E, por incrível que pareça, ele tinha a impressão de que estava tendo sinais de abstinência.
Ele só queria que aquilo acabasse de uma vez por todas e que todos morressem de uma vez.
Quando os trovões começaram, ele não se importou. Na verdade, deu um suspiro de alívio ao ver o corpo de Sara enrijecer. Era errado estar aliviado com o desespero dela, mas pelo menos ele possuía uma desculpa para lançar um olhar de desculpa para o pai enquanto se levantava da mesa e arrastava uma Sara quase hiperventilando com ele.
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Ele se conhecia muito bem, diga-se de passagem, então não era um hipócrita. Sua autoconsciência era quase perfeita; ele tinha cada falha e acerto anotados em um lugar sombrio, mas muito utilizado de sua mente. Ele era um dos piores homens que já pisaram na Terra, fez coisas imperdoáveis e cruéis, como destruir a vida de dezenas de pessoas que confiaram nele, e coisas ainda piores, como estar disposto a destruir ainda mais por uma ideia idiota de como o mundo deveria ser, que ele sabia, no fundo, não passar de vingança. Mas, apesar disso, foi um bom pai — um dos realmente bons — ou, pelo menos, fez tudo o que pôde para ser.
Ele daria tudo por seus dois filhos. Oliver e Thea eram tudo para ele, não importava que ela não fosse sua filha por sangue. Robert foi o primeiro a segurá-la, o primeiro a dar banho nela, o primeiro a ouvir sua primeira palavra. E oh, que lindo foi ver sua pequena estrela chamando por ele. Ele foi o homem que ela mais amou e aquele que, em cada momento, pensaria nela. O pai dela em tudo o que importava — e isso era o que interessava minimamente para ele.
E Oliver, seu primogênito, seu pequeno glutão. Sua alma e seu coração fora do corpo, tudo o que Robert já amou em um emaranhado de olhos verdes, cabelos loiros e sorrisos brincalhões. Seu lindo menino. Seu eterno garotinho. Robert não era um bom homem, mas, seja lá quem controlasse as coisas do destino, havia lhe dado os maiores tesouros do mundo. E Robert estava disposto a morrer por eles, por seus dois filhos, suas lindas crianças.
Quando o navio afundou e ele pensou que iria morrer, arrependeu-se de não ter feito ainda mais. Pensou no quanto queria ter dito mais um "eu te amo" para eles, em como deveria ter passado mais tempo com eles, em como deveria tê-los abraçado mais. Por Deus, quando achou que ia morrer, só conseguiu pensar em seus filhos, seus eternos amores, em como tudo o que fez ainda não parecia suficiente para mostrar o quanto os amava.
Então ele foi salvo. Estava tão frio, tão escuro e estranho, e ele pensou que Oliver deveria estar com tanto medo. Ele precisava ir até o filho e abraçá-lo. Foi quando percebeu que estava vivo... mas Oliver provavelmente não. Ele pensou em se jogar de volta no mar. Ele era um pai; como poderia continuar vivo sem um de seus filhos? Mas então ouviu a voz dele, e foi como se o mundo estivesse dizendo que ainda não era sua hora, que ele ainda tinha que lutar mais um pouco. E ele lutou, até que chegou o momento em que teve que escolher. E ele escolheu. Afinal, era seu filho. E o que era mais um sacrifício? Era seu dever, de qualquer forma.
Agora, com a certeza de que iria morrer, ele só desejava que seus filhos pudessem ter um ao outro. Que se amassem tanto quanto ele os amou. Que Oliver cuidasse de sua irmãzinha com cada fibra do seu ser, como ele fez, e que Thea pudesse curar tudo o que afligia seu irmão mais velho, como ele havia tentado e falhado.
No final, com o sangue de mais um homem em suas mãos já muito sujas e a certeza de que Oliver nunca mais o amaria como ele o amava, Robert só tinha um pedido enquanto pressionava sua tão familiar M1911 contra a própria têmpora:
— Oliver, cuide de Thea. Se puder. Se chegar em casa, diga à sua irmã que eu a amo mais que tudo. Que ela é minha filha, sempre e para sempre. E, Ollie, não se esqueça: eu te amo. Vocês são meu mundo.
Seu garotinho tentou convencê-lo a parar, mas ele nunca faria isso. Pela primeira vez desde que Oliver nasceu, Robert negou deliberadamente um pedido seu. Ele nem sequer considerou esperar Oliver terminar de falar. Robert já havia feito tudo o que podia. Agora, só queria que seu filho ficasse bem e que, se um deus existisse, visse seu sacrifício como uma oferenda para que seu garotinho pudesse voltar para casa são e salvo.
Oh, se Robert pudesse prever tudo o que aconteceria depois, ele mesmo derramaria o doce sangue dourado dos deuses enquanto reivindicava seus tronos, apenas para dar o melhor para seu filho. Afinal, na sua visão, seus filhos nunca mereceram menos que isso.
Notes:
O livro gay é dysfunctional, muito bom 😎👍
Joey_De on Chapter 1 Sat 21 Dec 2024 01:37PM UTC
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