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Hétero em crise

Summary:

Naruto Uzumaki sempre se considerou um homem heterossexual — até a noite em que conheceu Sasuke Uchiha em uma balada. Uma dança, um olhar, um beijo roubado. E, antes que a sobriedade pudesse intervir, os dois se envolvem em uma noite de paixão ardente.

O que era para ser uma noite, vira então uma constância que levará os dois a questionarem a si mesmos e, também, como ficará o status desse relacionamento.

Notes:

(See the end of the work for notes.)

Chapter 1: Antes de mais nada

Chapter Text

Caros(as) leitores e leitoras!
Apesar da imagem fofinha, quero que saibam, antes da leitura, que essa fic pode conter gatilhos para algumas pessoas. Nela vocês vão encontrar:

- Violência física

- Violência verbal

- Violência sexual

- Abuso psicológico

- Relacionamento tóxico

Peço que, caso um desses temas for sensível para você, evite essa fic. Vou alertar em cada capítulo os temas que podem ser sensíveis.

Espero que gostem!

Chapter 2: Prepara!

Notes:

Peço que, antes de seguirem para o capítulo de fato, leiam o que publiquei antes, ok?

Essa fic surgiu depois de uma conversa sobre "homens escrotos" no grupo NaruSasuNaru. Fiquei pensando: por que não? kkkk
Sobrou para o Naruto, coitado. Mas, enfim. Seguimos. Espero que gostem.

Vocês vão ver MUITOS termos do vale LGBTQIA+ por aqui. Esclarecendo dois:
Bofe escândalo: homem bonito e hétero
Boy magia: homem bonito, não necessariamente hétero

Vamos lá?
Enjoy :3

Chapter Text

- E então? - Naruto perguntou ao chegar no local e horário marcados com os amigos. - Estou vestido de acordo?

Kiba e Neji se entreolharam e começaram a rir em uníssono.

- O que foi? - Ele questionou em tom dramático. - Não sabia que tinha roupa específica para isso.

Depois de muita insistência, Naruto havia concordado em acompanhar os amigos a uma balada LGBTQIA+. Era o aniversário de Kiba, seu melhor amigo. Tentara convencê-lo a comemorar em outro lugar, mas a ideia foi descartada quando Neji soltou o argumento: "Nada como arrastar a raba no chão e bater cabelo quando se chega aos 20". Ambos estavam imersos no universo colorido por se identificarem como bissexuais, embora o aniversariante gritasse aos quatro ventos que estava numa fase mais "enviadada".

O problema ia além da orientação sexual de Naruto, que se identificava como hétero. Se algum homem se aproximasse, ele não se importaria, desde que o deixassem em paz. As verdadeiras questões eram: ele não sabia dançar, não conhecia o universo das divas pop e, aparentemente, não sabia se vestir para esse tipo de rolê.

O loiro vestia uma camisa laranja de manga curta, que deixava seus músculos bronzeados em evidência, completando o visual com uma calça preta e um tênis Vans do mesmo tom.

- Você está com cara de hétero top, como sempre. Ou vão te achar um perdido, ou as bichas vão cair matando - Kiba explicou, rindo.

- Loiro, olhos azuis, alto, bronzeado e, com o perdão da palavra, gostoso. Vão cair de boca - Neji falou, tentando manter a seriedade, mas os outros dois não conseguiram conter o riso.

- Cara, não entendi o problema da minha roupa. Vocês nem estão tão diferentes assim - ele protestou.

- Naru, olha meu shorts. Isso aqui é roupa de hétero? E, bom, o Neji já tem cara de bicha, então...

- Acho que vocês esqueceram do pequeno detalhe de que eu sou hétero - Naruto retrucou, observando a fila de entrada da Rainbow Proud. - É, bem diferente do público que costumo frequentar.

Ali havia definitivamente de tudo: cabelos coloridos com cortes variados, roupas incomuns (pelo menos para ele), homens usando peças consideradas "femininas" e vice-versa. Por comparação, Naruto era de fato o mais diferente - provavelmente muito "simples" ou "normal demais". Talvez esse fosse um dos motivos por estar atraindo tantos olhares.

- Claro que é diferente, você não tem bom gosto - Kiba disse. - Vamos para a fila logo, podemos? - Agarrou o loiro com um braço e Neji com o outro. - Certeza de que o chão lá dentro já está pegando fogo. Estou morta para dançar!

 A música estava alta e, com certeza, o dono do local gostava de luzes. MUITAS LUZES. As paredes apresentavam listras neon nas cores roxo, pink, verde-limão e azul. Luzes blacklight faziam as roupas brancas brilharem, e algumas bolas de espelho desciam do teto em correntes prateadas. Como toque final, lasers light de várias cores cortavam o ar.

A primeira coisa que Naruto pensou ao pisar ali foi que aquele, com toda certeza, não era um lugar para um epilético. Mal deram alguns passos, e Kiba correu para a pista de dança, fazendo sinal para ele e Neji irem pegar drinks. Era uma noite especial, com músicas das "grandes rainhas do pop internacional". O loiro sabia nomear uma ou duas, mas, quando o assunto era música, não se recordava de nenhum nome. Talvez conhecesse uma coisa ou outra por conta das festas da faculdade, mas estava longe de ser um fanático.

Neji indicou o bar, e rumaram até lá. O local estava cheio, e era difícil andar entre as pessoas.

- Deixa que eu pego. Acho que chego no balcão mais fácil. Você quer o quê? - o loiro perguntou, quase sussurrando no ouvido do amigo.

- Qualquer coisa colorida pra mim e pra gay dançarina! - Neji gritou, fazendo um gesto de que iria acompanhar Kiba.

Ao observar um pouco o ambiente, Naruto percebeu mais olhares sobre ele. Riu por dentro, imaginando uma "heterofobia" ali (como se isso fosse possível) ou se era apenas alvo de tentativas de paquera. Pensou que, depois de pegar as bebidas, iria prestar mais atenção nisso. Afinal, mulheres bissexuais também existiam, e ele estava solteiro.

Após finalmente pegar os drinks, foi em direção à pista de dança. Não foi difícil achar os "alvos", pois estavam exatamente no meio, em algo que lembrava uma batalha de dança. Tentou chamar a atenção deles mostrando as bebidas, mas foi completamente ignorado.

Ótimo.

Os poucos lugares disponíveis para se sentar estavam ocupados, então apoiou os copos em uma das mesinhas circulares espalhadas pelo local. Começou a bebericar sua vodca sem perder os amigos de vista. Ficou ali assistindo ao "show" de passos ritmados até que, finalmente, foram ao seu encontro.

- Viu como se dança, loira do tchan? - Kiba perguntou, gritando, e pegou um dos drinks.

Naruto suspirou e apenas assentiu com a cabeça. As músicas realmente eram divertidas, mas deviam ser melhores para quem estava dançando. Aproveitou que os meninos tinham voltado e que estavam focados em uma conversa sobre a música que tocava para sair perambulando. Tinha uma missão naquele momento: achar uma mulher que, no mínimo, quisesse beijá-lo.

Apesar de, muitas vezes, ser chamado de tapado, Naruto sabia entender sinais sociais e entrelinhas quando estava interessado. Enquanto andava, percebeu que, além de olhares masculinos, havia femininos que encontravam os seus. Fez um pequeno "reconhecimento" dos grupos e dos cantos mais interessantes, pegou outra vodca e voltou à procura.

Em uma de suas voltas, Kiba e Neji o arrastaram para a pista de dança, onde encontrou mais do que buscava: uma moça ruiva que, aparentemente, havia se interessado bastante por ele. Mais do que depressa, terminou de beber a vodca e foi em direção a ela.

- Lá vai ele. - Neji disse, rindo, e o aniversariante apenas riu.

Naruto estava certo. O interesse ali realmente existia - e era mútuo. Uma conversa aqui, outra ali, e já estava se atracando com a ruiva em um canto. Se isso também fosse comum em baladas LGBTQIA+, não se importaria em continuar acompanhando os amigos.

Tudo estava indo bem até que ela veio com a proposta de sexo a três, com ela e outro homem.

- Não vai rolar. - Ele disse, próximo ao ouvido da moça.

- Poxa, mas o Sai achou você lindo. - Ela indicou um rapaz com a cabeça, o qual estava praticamente o devorando com os olhos.

- É... - Naruto coçou a nuca, sem graça. - Fica pra outro dia?

- Que pena. - Ela sussurrou, com a boca praticamente colada na dele.

Tentou puxá-la para outro beijo, mas a ruiva simplesmente se soltou sorrindo e saiu acenando.

Que merda, hein.

Entre voltas e idas ao bar, Naruto beijou mais três mulheres. Quando a terceira o dispensou para ir ao banheiro, teve a brilhante ideia de ir até o fumódromo. Deu uma olhada nos amigos e viu que eles estavam se enturmando com outras pessoas. Como não queria ficar conversando aos berros, seguiu até seu objetivo. Para sua decepção, as poucas pessoas que estavam ali estavam mais interessadas em fumar e conversar. Apenas isso.

Encostou-se na grade e começou a perceber os efeitos da vodca em seu corpo. Não estava completamente bêbado, mas seus passos já vacilavam. Fechou os olhos e deu um longo suspiro - o que não foi uma boa ideia, pois a fumaça do local invadiu suas narinas. Imediatamente, começou a tossir.

- Tá tudo bem aí? - O acompanhante da ruiva estava ao seu lado, com uma sobrancelha arqueada.

- Está. - Naruto tentou se recuperar. - Não foi nada.

Apesar do som alto da balada, dava para ouvir claramente as pessoas ali fora.

- Então, você recusou meu convite e o da Karin. - O rapaz cruzou os braços. - Posso saber o motivo?

- Cara... - Ele ia dar uma desculpa qualquer, mas decidiu cortar o assunto de vez. - Eu não curto homens.

- E está em uma balada gay por quê? - O rapaz pareceu surpreso. - Ou é um hétero curioso? - Deu um passo à frente.

- Eu estou falando sério. - Naruto se afastou um pouco. - Estou acompanhando dois amigos. É aniversário de um deles.

- Sei. - O outro se aproximou novamente, sem desistir. - E por que não vejo seus amigos?

O loiro tentou se afastar de novo, mas as pernas fraquejaram. Com receio de soar preconceituoso, fez o que lhe pareceu mais lógico: tentou voltar para dentro do local. Já quase alcançava a porta quando sentiu uma mão puxando seu pulso - era o cara insistente.

Porra, mermão.

- Cara, na boa, me deixa quieto. - Tentou uma última vez. Agora entendia como as mulheres se sentiam quando homens chatos não saíam de perto.

Estava prestes a empurrá-lo quando outra figura surgiu ao lado do rapaz.

- Vai ralando, poc.

O dono da voz era um moço de aproximadamente sua idade. Não era tão alto quanto Naruto, mas tinha postura suficiente para intimidar o inconveniente. Vestia-se de forma discreta - todo de preto, o que contrastava com sua pele pálida, cabelo e olhos escuros. Algo que definitivamente não combinava com o ambiente colorido.

- Como é que é? - O chato revirou os olhos.

- Quer tomar um coió, é? O boy tá comigo. - O "gótico suave" se aproximou de Naruto.

- Desculpa aí. - A ruiva apareceu do nada e arrastou o amigo para dentro. - Ele já estava indo embora. Vamos, Sai.

Sai saiu batendo o pé e torcendo o nariz.

- Cara, eu não gosto de... - Naruto começaria seu discurso sobre ser hétero novamente, mas foi interrompido.

- Você não é gay. Dá pra perceber só de olhar. Relaxa.

O queixo de Naruto caiu. Kiba tinha razão ao chamá-lo de "hétero top".

- Obrigado. - Ele riu. - Eu estava mesmo sem jeito.

- Claro que estava. - O outro também riu. - Quer se juntar a mim e às minhas amigas? - Apontou para o canto do fumódromo, onde duas moças observavam a cena.

Uma tinha cabelo rosa; a outra, loiro até a bunda. Lindas de morrer, mas claramente um casal, pela proximidade.

- Topo. E topo um cigarro, se tiver.

- Claro. - Sasuke tirou um maço de mentolado do bolso. Naruto pegou um, acendeu e seguiu com ele até as meninas.

- O cara estava te enchendo, né? - A de cabelo rosa perguntou.

- Meio que sim. - Naruto riu sem graça. - Mas seu amigo me salvou.

- Nós pedimos pra ele te ajudar. - A loira deu uma risadinha.

- Agradeça a elas. Se dependesse de mim, teria deixado você lá. Gosto de ver o oco. - Sasuke tragou o cigarro lentamente. - Hétero tem que se foder.

- Obrigado pela parte que me toca. - Naruto ergueu as sobrancelhas. - E eu tenho tanta cara de hétero assim?

- Tem. - Os três responderam em uníssono. Ele riu, lembrando dos comentários de Kiba e Neji.

- Tá fazendo o que perdido aqui? Buscando ménage? - A loira franziu os lábios. - Ah, sou Ino.

- Não. - Ele esboçou um sorriso. - É aniversário do meu melhor amigo, mas ele me abandonou na pista. Prazer, Naruto.

- Melhor a pista do que ficar perto de um hétero. - A rosada olhou-o de cima a baixo. - Sou Sakura.

- Se não fosse absurdo falar em 'heterofobia', eu diria que estou sendo vítima. - Naruto tragou o cigarro. - E nem vem dizer que o Sasuke não é óbvio também. Olha essa roupa gótica. Nada a ver com o rolê.

- Viado, você não viu ele dançando. - Ino puxou Sasuke pela manga. - A bicha arrasa.

- Que bom que sabe que heterofobia não existe, bofe escândalo. – Sasuke tragou o cigarro e soprou a fumaça no rosto do loiro.

- Bofe escândalo? - Naruto perguntou, abanando a fumaça.

- E nem sabe vocabulário bichês. - O Uchiha revirou os olhos. – Bofe escândalo é um cara bonito, mas hétero.

- Entendi. - Ele riu. - E você seria um boy magia?

- Ele entende da coisa. - Sakura sorriu. - E me surpreende não estar aqui atrás de ménage. Hétero só aparece nesses lugares quando quer pegar bi que topa tudo.

 - Se eu quisesse esse tipo de coisa, iria para outro lugar. Seria sacanagem ser escroto aqui. - Deu de ombros e quase caiu para trás. O álcool realmente tinha subido.

- Hétero consciente… e bêbada. - Ino riu. - Te desafio a dançar, já que o álcool subiu.

- Nem fodendo. Eu tenho dois pés esquerdos. E sim, acho que estou bêbado… E talvez esteja na hora de ir embora.

- Não antes de ver o Sasuke dançar. - Sakura segurou o braço de Naruto. - Tá tocando Lady Gaga, e agora é a vez dele de dominar a pista. Quem sabe assim você não aprende uns passos para não ser identificado como hétero de cara?

- Sakura, não tô afim. - Sasuke protestou. - Deixa eu fumar em paz e solta o hétero. Se ele piorar, sobra pra gente cuidar.

- Cara, você realmente pegou ranço de mim, hein? - O loiro fingiu drama. - Poxa, o que eu fiz?

- Nasceu.

- Sasuke heterofóbica. - Ino puxou-o para a pista. - Vamos, viado, tá na hora de brilhar. Depois a gente deixa nosso hétero de estimação ir.

- Eu ouvi isso! - Naruto cambaleou, sendo arrastado pela rosada.

As luzes o atingiram em cheio nos olhos. Estava quase alcoolizado o suficiente para considerar dançar, mas já seria demais. Seria ainda mais humilhante do que já estava sendo.

Neji e Kiba ainda dançavam. Porra, como aguentam tanto? Os dois viram Naruto com as meninas e fizeram cara de interrogação, mas o loiro apenas gesticulou um "explico depois". Sasuke foi para o meio da pista quando Born This Way, da Lady Gaga, começou a tocar. Ele ergueu as mãos, imitando um gato, e ficou parado até a batida começar.

 

Just put your paws up

'Cause you were born this way, baby

 

- Presta atenção. - Ino apontou para o amigo, claramente se divertindo.

A música começou, e o Uchiha deslizou até o chão, engatinhou de modo sensual e, num pulo, levantou-se. As pessoas na pista abriram espaço, dando ainda mais destaque à Gaga gótica que estava ali entregando tudo.

- Se eu tentasse fazer isso, cairia de cara no chão. - O loiro riu, e as meninas acompanharam. - Só acredito porque estou vendo. Ele não tem cara de quem decora danças de clipe e sai dançando assim.

- Naruto, ele é um viado de classe. Qualquer bicha que se preze tem que saber pelo menos uma coreografia. - Sakura falou, como se estivesse explicando para uma criança.

- Justo. - Ele assentiu.

Naruto conhecia a música, mas nunca tinha visto o clipe e muito menos sabia qualquer detalhe da coreografia. Ficou ali assistindo e percebeu que, além de risos, aquilo estava provocando algo estranho nele. Sasuke dançava com paixão, completamente entregue, como se o resto da balada não existisse. Mas isso não era o mais impressionante… O que realmente chamava atenção era como ele parecia flexível e como aquelas reboladas o deixavam… pegável?

- Comível. - Soltou um pouco alto. Sakura não ouviu direito, mas Ino, atenta, soltou uma gargalhada.

- Ora ora, o hétero de Taubaté. - A loira deu-lhe um soquinho no braço.

- O quê? - Sakura perguntou.

- Ele quer comer o Sasuke. - A loira quase berrou. - Depois vem falar que é hétero. Hétero é minha rola.

- Dançando assim, porra. Como não considerar? - Naruto já não estava falando nada com nada. - Como é que vocês falam? Eu faria.

Sakura e Ino se entreolharam e saíram de fininho. O loiro estava tão vidrado no Uchiha que nem percebeu. Ficou ali babando até a música acabar e Sasuke se aproximar.

- Cadê as duas fanchas? - Ele perguntou, olhando rapidamente ao redor.

- Ué. - Naruto também olhou. - Estavam aqui agora há pouco.

- Viu como se dança, foi? - Sasuke riu. - Bom, pode ficar aí babando nos outros viados. Vou fumar um cigarro. - E seguiu em direção ao fumódromo.

O loiro aproveitou que o álcool tinha tomado seu corpo por completo e foi atrás dele. Sim, queria fumar um cigarro também, mas queria admirar o "dançarino" mais um pouco. Estava vidrado e, ao mesmo tempo em que aquilo lhe parecia muito estranho, já não pensava direito. Pelo menos não com a cabeça de cima.

Sasuke estava ali parado, fumando como se cada tragada fosse sagrada. Naruto estendeu a mão, fazendo sinal para que lhe desse um cigarro.

- Ok, só mais um. A partir do próximo, vou cobrar. - Entregou-lhe o maço e o isqueiro.

- Vale pagar com o corpo? - O loiro perguntou num tom malicioso. Acendeu o cigarro e estendeu o maço de volta, mas guardou o isqueiro no bolso traseiro da calça.

- O quê? - O Uchiha riu. - O álcool dissolveu o hétero aí dentro, é? - De repente, fez uma expressão séria. - Devolve meu isqueiro se não quiser morrer.

- Ohhh, vai me matar como? - Naruto provocou. - Se quiser de volta, vem pegar. - Piscou.

E, definitivamente, orientação sexual era o de menos ali. Estava realmente atraído pelo boy magia, e a vodca em seu sangue gritava que seria uma boa ideia investir. Nem que fosse para tomar um belo tapa, queria ver até onde aquilo ia chegar.

- Olha, Naruto. Se está considerando ter uma experiência gay, tem um monte de bicha aí que te pegaria. Não estou a fim de iniciar hétero nenhum no vale. - O Uchiha se aproximou. - Agora, pode ir devolvendo meu isqueiro.

- Sinto cheiro de medo? - O loiro continuou provocando. - Pode pegar. - Levantou os braços. - Tá no bolso de trás.

- Bêbados. - Sasuke revirou os olhos e chegou mais perto. Perto o suficiente para sentir a respiração do "hétero duvidoso" e o cheiro inebriante do perfume cítrico que ele usava. Infelizmente - ou não? -, perto também para notar o corpo bem definido, as marquinhas marotas nas bochechas e os olhos azuis que o encaravam intensamente.

- Pode pegar, já disse. - Naruto continuou de braços erguidos, rindo, claramente se divertindo.

O Uchiha jogou o cigarro fora e avançou. Conseguiu enfiar a mão no bolso, mas, assim que agarrou o isqueiro, sentiu a cintura ser puxada e seu corpo colidir contra o do outro. Ergueu o rosto, surpreso. Ia protestar, mas as bocas já estavam muito próximas. Tão próximas que, simplesmente, fechou os olhos e se deixou levar.

Não demorou para sentir os lábios de Naruto colarem nos seus e, de um modo urgente e faminto, a boca pediu passagem para a língua. Sasuke cedeu e sentiu-se indo do inferno ao céu em segundos. Sua cabeça pedia que se afastasse e desse um supapo no hétero atrevido, mas não conseguia fazer nada além de retribuir o beijo. Seu coração batia rápido, sua respiração estava ofegante, e seu corpo começou a tremer por completo.

Era tarde demais. As portas do vale LGBTQIA+ se abriram para Naruto se aventurar, mas, para ele, uma jornada carregada de emoções e frustrações havia começado.

Estava ferrado.

Chapter 3: Padam Padam

Notes:

Estou arriscando limões mais... ousados nas minhas fics. Espero que gostem desse capítulo que é PRATICAMENTE UMA LIMONADA TODA! Então,

"""ALERTA HOT NARUSASU"""

Espero que gostem do capítulo!

Enjoy :3

Chapter Text

Sasuke continuava imerso em sentimentos conflitantes quando o beijo se intensificou. Naruto segurou firme em sua cintura e o puxou para perto, colando um corpo no outro. As mãos ousadas começaram a deslizar por baixo da camisa preta, numa demonstração sedenta de desejo. Num lapso de consciência, o moreno conseguiu enfrentar as sensações que o dominavam e interrompeu o beijo, afastando-se.

- O que caralhos foi isso? - Perguntou ao suposto hétero. - Por que me beijou assim?

- Porque senti vontade, ué. Você é gostoso pra caralho. - O loiro deu de ombros.

- Por acaso é algum fetiche? Porque, se for, não tô nem um pouco afim. Já falei, tem tanta bicha por aqui, vá caçar uma delas. - O Uchiha começou a arrumar a camisa, agora completamente amassada.

O problema - o grande problema - era que ele havia gostado. Naruto não só era atraente como beijava muito bem. Isso sem mencionar a pegada firme. Já fazia um bom tempo desde a última vez que algo assim acontecera.

- Eu não quero mais ninguém aqui além de você. – O Uzumaki piscou. - E não é nenhum tipo de fetiche, é só… curiosidade e tesão.

- Tesão? – Sasuke gargalhou. - Você está bêbado e não está falando coisa com coisa. Eu sou homem, Naruto. Homem. Não vou perder meu tempo com um cara que nem sabe se gosta de alguém do mesmo gênero. - Fez uma pausa. - Vai lá procurar seus amigos e me deixe em paz.

O loiro se aproximou, parando a poucos centímetros de Sasuke.

- Eu vou. Vou se você falar, olhando nos meus olhos, que não gostou do beijo e que abomina a ideia de continuar isso em outro lugar.

- Vá se ferrar. – O moreno virou de costas e rumou até a entrada da balada. Respirava rápido com os lábios ainda úmidos do beijo. O contato fora breve, mas intenso o suficiente para deixar sua pele em brasa.

- Espera. - Naruto segurou seu pulso antes que ele adentrasse o local. A pressão dos dedos era firme, mas não violenta - apenas o suficiente para mantê-lo ali.

Sasuke não olhou para trás. Sentiu a garganta secar quando foi puxado de volta, aproximando-se o bastante para que o calor dos corpos se misturasse.

- Fala pra mim que não gostou. – O Uzumaki desafiou, quase num sussurro. - Diz que foi um erro, e eu te deixo ir.

O Uchiha cerrou os punhos. Tentou racionalizar e afastar aquele turbilhão de desejo que o corroía por dentro. Mas, ao se virar, seus olhos negros encontraram os de Naruto - azuis como o céu antes da tempestade, ardentes de desafio.

- Você quer mesmo ouvir isso? - Ele retrucou com a voz mais baixa que o habitual

Naruto não recuou. Inclinou-se para frente, e o sopro quente de seu hálito tocou a linha do maxilar de Sasuke, que agora estava completamente desconcertado.

- Sim. Quero.

Um silêncio pesado pairou entre eles. O moreno sentiu o coração acelerar e o corpo trair sua fachada de frieza. Então, sem conseguir mentir, deixou escapar:

- Não foi um erro.

A confissão saiu quase inaudível, mas o Uzuamki ouviu. Um sorriso maroto surgiu em seus lábios antes que ele fechasse a distância novamente, desta vez com o moreno iniciando o beijo - lento, deliberado e muito mais intenso que o primeiro.

A mão que antes segurava seu pulso subiu até seu pescoço e seus dedos se perderam nos cabelos escuros enquanto o mundo ao redor parecia desaparecer. Dessa vez, não havia pressa para se separar, mas sim para continuar, de forma mais lasciva e carnal, o que fora iniciado. Estavam aos amassos praticamente na entrada do fumódromo, e, de lá, era possível ouvir a música que preenchia o local.

 

"This place is crowdin' up (Esse lugar está muito cheio)

I think it's time for you to take me out this club (Eu acho que é hora de você me tirar desse clube)

And we don't need to use our words (E não precisamos usar palavras)

Wanna see what's underneath that T-shirt (Quero ver o que está por baixo desta camiseta)"

 

- Quer ver o que tem debaixo da minha camiseta? - Naruto perguntou, interrompendo o beijo com um sorriso maroto. - E concordo com a música: tem muita gente aqui, e a gente podia ir pra outro lugar.

- Você é um safado do caralho. - O Uchiha massageou as têmporas. - Você tá bêbado, e eu também não estou sóbrio. Outra coisa: transar com um cara pra mim é algo normal, mas pra você? Vai chegar na hora e amarelar, afinal, é “hétero”. - Riu.

Enquanto seus pensamentos insistiam que aquilo podia ser uma piada de mau gosto, Sasuke considerava sair dali e ver não apenas o que havia debaixo da camiseta de Naruto, mas também o que a calça escondia.

- Eu sou muita coisa, Sasuke – O loiro responde com a voz mais grave que o habitual. - Mas não sou mentiroso. Quer que eu prove que estou falando sério?

- E como você faria isso?

O ar entre eles parecia carregado de eletricidade. Naruto se aproximou e colou seus corpos novamente, agarrando o Uchiha pela cintura de um modo que não deixava margem para dúvidas. Sasuke sentiu antes de ver: o calor, a pressão firme contra sua coxa, a maneira como Naruto, mesmo hesitante, não se afastou. Pelo contrário, roçou-se contra ele, quase involuntariamente, como se seu corpo já tivesse decidido por si só.

- Você… - O Uchiha começou, mas sua voz quase sumiu ao constatar a situação.

Naruto soltou um suspiro rouco e agarrou os quadris de Sasuke com uma firmeza que lhe arrancou um arrepio.

- Tá sentindo agora, né? - O loiro murmurou no ouvido do outro. - Não tem como fingir isso.

Sasuke prendeu a respiração quando Naruto apertou-o contra si, deixando-o sentir todo o peso do seu desejo – estava duro. Era tarde demais... Aquilo só fazia com que uma voz dentro de si gritasse: PEGA O HÉTERO.

 

"Padam, padam, I hear it and I know (eu ouço e eu sei)

Padam, padam, I know you wanna take me home (eu sei que você quer me levar para casa)"

 

Não foi só o coração que fez "padam", querida.

A balada ainda pulsava com música e luzes coloridas quando Naruto e Sasuke saíram do fumódromo, tentando parecer só mais dois amigos bêbados indo embora. Seguiram até o caixa, desviando dos caminhos mais cheios para que conseguissem despistar Kiba, Neji, Sakura e Ino. Felizmente, a fila para o pagamento estava pequena, e, tão logo acertaram o que haviam consumido em suas comandas, deixaram a Rainbow Proud.

- E então? - Naruto perguntou. - Vamos continuar aqui mesmo? - Riu.

- Claro que não, idiota. Eu moro a três quarteirões daqui, se tiver tudo bem pra você. Vou me amaldiçoar pelo resto da vida por ter levado um hétero em crise lá, mas estou curioso para ver até onde você vai. - Agora, quem carregava um sorriso malicioso era ele.

- Hóóóó, vamos ver então. Pensa que não senti você duro também, Sasuke? - Piscou. - Tudo bem, vamos para sua casa.

- Vai ser choque de monstro então, meu bem. - Sasuke comentou, sem esperar que o loiro reconhecesse o clássico meme gay.

Os dois seguiram, e o caminho todo foi um jogo de provocações.

- Você tá se arrastando de propósito. - Naruto rosnou quando o moreno diminuiu o passo, fazendo com que seu quadril colasse nele a cada movimento.

- Tô só admirando a arquitetura. - O Uchiha mentiu. Seus olhos negros faiscavam sob a luz do poste, e um sorriso provocativo estampava seu rosto.

Naruto cerrou os punhos e, quando achou que estava prestes a perder o controle, o moreno "tropeçou" num buraco, fazendo com que ele instintivamente o segurasse pela cintura.

- Olha onde pisa, idiota - Naruto resmungou. - Está fazendo de propósito só porque estou ficando dolorido "aqui embaixo".

- Quem diria que o hétero é tão preocupado… Ou só tá desesperado pra me tocar de novo?

E, então, o loiro perdeu o controle de vez. Precisava MUITO do alívio do sexo, e o desgraçado estava atrasando “o rolê” de propósito. Agarrou Sasuke por trás, jogando-o contra a parede de tijolos de um beco mal iluminado.

- Chega de joguinhos. – Sussurrou com seus dentes roçando a orelha pálida do outro. - Você quer provocar? Eu mostro o que acontece com espertinhos.

O Uchiha arqueou as costas num movimento calculado, esfregando-se contra ele com um suspiro exagerado:

- Ótimo, assim não preciso te levar para minha casa.

A mão de Naruto fechou no seu quadril com força suficiente para deixar marca, mas foi Sasuke quem ditou o próximo movimento, agarrando-o pelo pescoço de modo que seu quadril se encaixasse perfeitamente na pélvis do Uzumaki. Rebolou um pouco e só parou quando ouviu gemidos e suspiros vindos do outro. Quando se separaram, ambos estavam ofegantes.

- Agora anda, antes que eu mude de ideia e te foda aqui mesmo. - O loiro ameaçou.

Sasuke sorriu, vitorioso, antes de se desvencilhar e começar a andar lentamente, sabendo muito bem que Naruto o seguiria, implorando por cada passo.

 

______________________________

 

Para o alívio de Naruto, após dois quarteirões de tortura, chegaram ao prédio onde Sasuke morava. Passaram como relâmpagos pela entrada e seguiram direto para o elevador. Infelizmente, o Uchiha morava no oitavo andar. Apesar de esse trajeto normalmente não demorar, para duas pessoas completamente entregues àquela tensão, cada segundo extra parecia uma eternidade.

O elevador mal havia fechado quando Naruto empurrou o moreno contra a parede espelhada, fazendo seus corpos colarem com um impacto que fez o metal tremer. O beijo era desesperado: Sasuke agarrava os cabelos loiros enquanto a língua do outro invadia sua boca, roubando-lhe o ar e qualquer resquício de sobriedade.

- Puta que pariu! - O Uchiha gemeu entre os lábios do loiro quando este mordeu seu queixo, descendo para seu pescoço. - A gente nem chegou ainda...

- Reclama não - Naruto falou, esfregando a coxa entre as pernas do moreno, fazendo-o arquear-se com um grunhido.

ding do elevador mal soou quando o loiro agarrou o Uchiha pela cintura e o jogou contra a parede do corredor, esmagando seus lábios contra os dele em um beijo molhado e impaciente. Seus quadris já se moviam sozinhos, esfregando-se contra o moreno com uma urgência que o fazia arquejar.

- Abre logo a porra da porta. - Naruto rosnou, distribuindo mordidas no pescoço do pálido enquanto as mãos dele procuravam as chaves.

Sasuke riu, baixo e deliberadamente lento, mesmo com o corpo quente do loiro pressionando-o com força.

- Tão ansioso assim? - Ele deixou as chaves escorregarem dos dedos de propósito, fazendo o Uzumaki xingar de frustração.

- Você me paga por toda essa provocação.

- Quero ver até onde você aguenta. - Piscou.

Naruto fechou a cara, abaixou-se e pegou as chaves. Quase quebrou a maçaneta ao girar a chave na fechadura, e quando a porta finalmente abriu, ele não esperou - empurrou o moreno para dentro e o levantou no ar, envolvendo suas pernas em volta da própria cintura. Com o pé, empurrou a porta que fechou numa batida abafada.

- Você fala demais. - O loiro disse andando instintivamente em direção ao quarto enquanto Sasuke tentava se desvencilhar.

- Devagar, idiota. - O moreno ordenou, mas Naruto já o jogava na cama, descendo sobre ele como um animal faminto.

- Não – dá - pra - ser - devagar. – Ele disse fazendo pausas entre as palavras. Arrancou a camisa de Sasuke com um puxão e seus dentes cravaram-se no pescoço exposto. - A culpa é sua por isso.

O Uzumaki não perdeu tempo: enfiou a mão entre eles e desabotoou o jeans do moreno com dedos ágeis. Arrancou um gemido áspero do moreno quando sua mão deslizou por dentro da boxer e se fechou em torno de seu membro.

- Vai reclamar agora também? - O loiro provocou, esfregando o polegar na cabeça já úmida, sentindo o corpo do outro tremer sob ele.

- S-Só porque você... aah! - Acha que sabe o que está fazendo... não significa que manda em... - A voz de Sasuke quebrou quando o outro apertou mais forte, deixando os lábios encontrarem o pescoço pálido com mordidas possessivas.

- Parece que eu mando, sim. - Naruto sussurrou, roçando os lábios na orelha dele antes de empurrá-lo mais fundo no colchão. - Seu corpo obedece melhor que sua boca... E ele me diz que eu sei o que tô fazendo.

O Uchiha tentou revidar, erguendo os quadris num movimento brusco para virá-lo. Mas o loiro apenas riu, num som rouco e vitorioso, prendendo seus pulsos na cama com uma mão só.

- Tá tentando o quê, hein? – O Uzumaki sussurrou. - Você já tá todo molhado por mim.

- C-Cala a boca, hétero de araque! - Sasuke arfou, mas a frase se perdeu num grunhido quando Naruto começou a mover a mão com firmeza, pressionando exatamente onde ele mais precisava com o polegar.

- Não ouvi, fala de novo. - O loiro desafiou, inclinando-se para morder o peitoral exposto, sentindo o coração acelerado do moreno batendo contra seus lábios.

O Uchiha tentou responder, mas tudo o que saiu foi um gemido rouco quando o outro aumentou o ritmo.

- Eu disse que seu corpo respondia melhor. - Naruto riu, baixo e triunfante, antes de soltar os pulsos do outro e descer pelo corpo pálido em um movimento fluido.

Diante daquilo, uma onda de prazer misturada com fúria envolveu o corpo do moreno. O desgraçado estava tirando sarro dele em sua própria casa e, ainda por cima, querendo ser "o fodão" em sua "suposta primeira vez com um cara". Ah, não ia deixar barato. Antes que Naruto pudesse chegar aonde queria, o Uchiha aproveitou para agir rápido e inverter a situação. Enganchou as pernas nas costas do Uzumaki e, num movimento ágil, virou as posições.

- Quem disse que você manda aqui, hétero de araque? - Sasuke sussurrou enquanto suas mãos desciam, desabotoando a camisa do loiro.

Naruto tentou se levantar, mas o Uchiha prendeu seus quadris com os joelhos, mantendo-o no lugar.

- Tá achando que pode só me usar e sair ileso? - O moreno rosnou, descendo os dedos e abrindo o botão da calça de Naruto com lentidão deliberada.

- Maldito...

- Calma. - O Uchiha cortou sua fala, puxando o zíper com os dentes e mantendo os olhos nas íris azuis. - Vai ter que aprender a esperar.

Naruto gemeu quando Sasuke finalmente - finalmente - puxou sua boxer para baixo, libertando sua ereção já latejante. Passou o polegar lentamente pela cabeça, coletando o fluido que já escorria, e o loiro quase se levantou da cama.

- Porra, Sasuke...

- Tão impaciente... - O moreno murmurou, antes de, finalmente, inclinar-se e envolver os lábios em volta dele, sugando com uma pressão perfeita.

Naruto gemeu alto e enterrou os dedos nos lençóis. O Uchiha não tinha piedade: movia a boca com um ritmo torturante, às vezes rápido, às vezes devagar demais, sempre parando quando o loiro estava perto do limite.

- Eu vou- ah! - Te matar se você parar de novo. - O Uzumaki ameaçou entre gemidos, com o corpo tremendo músculo por músculo.

Sasuke riu, e a vibração fez o loiro estremecer. Estava em deleite por fazer aquilo com um "hétero" que, agora, estava completamente entregue. Então, só então, afundou até o fim, engolindo Naruto por completo enquanto seus dedos apertavam a base.

E dessa vez, não parou.

O loiro se derramou entre gemidos e suspiros. Suas costas arqueavam enquanto Sasuke bebia cada onda de prazer, só soltando quando o outro desabou na cama, ofegante e completamente destruído. Limpou os lábios com o dorso da mão, e um sorriso vitorioso brotou em seus lábios. Naruto respirava fundo, ainda recuperando o fôlego, mas os olhos azuis brilhavam com uma mistura de satisfação e desafio. Ele sentiu o sorriso de superioridade do moreno, e algo em seu interior estremeceu: não, ele não ia deixar o Uchiha ter a última palavra.

Com um movimento rápido e surpreendente para alguém que havia acabado de gozar, inverteu suas posições novamente, rolando Sasuke de costas e prendendo seus pulsos acima da cabeça com apenas uma mão.

- Achou que tinha acabado e que estava no controle, é? – O Uzumaki rosnou, pressionando seus quadris aos de Sasuke com força, fazendo o moreno arquear as costas involuntariamente. - Você tá duro pra mim até agora... Vamos resolver isso.

O moreno tentou disfarçar, mas um gemido escapou quando Naruto esfregou-se contra ele. O loiro riu, baixo e rouco, e então deslizou a mão livre entre os dois e puxou a calça junto da boxer para baixo.

- Toda vez que eu toco, você treme. - Disse, pressionando a glande pulsante. - Quando eu aperto... assim...

- De-desgraçado... Ahhh...

- Quando eu paro... - Naruto soltou subitamente, ignorando o gemido frustrado do outro. - Seu corpo implora pra que eu continue.

Sasuke tentou se libertar, mas o loiro usou o peso do corpo para imobilizá-lo. Não adiantava - além de mais alto e mais forte, ainda era MUITO bom sentir aquele corpo definido sobre o seu.

- Vai dizer que não quer? - O loiro provocou, roçando os lábios na orelha dele. - Que não tá louco pra me sentir dentro de você?

Sasuke cerrou os dentes, mas seu corpo o traiu. Seus quadris ergueram-se sozinhos, buscando o contato que Naruto negava.

- Duvido você fazer isso, hétero. Não deve nem saber como preparar antes e...

- Sei o suficiente pra fazer você calar a boca e gemer alto, quer ver? - Naruto provocou. - É só me mostrar onde tem camisinha e lubrificante.

- Primeira gaveta da mesinha aí do lado. - O Uchiha respondeu. - Eu quero só ver você fazendo isso sem broxar. - Falou num tom irônico.

- Vamos ver, então. - O loiro o soltou e pegou o que estava procurando. - Vou fazer você engolir cada palavra.

- Quero só ver. - Sasuke aproveitou para se virar e encarar Naruto. - Tá falando que nem uma matraca, me provocando, mas agora quero só ver se é só papo.

Naruto sorriu, maroto. Estava gostando daquele "joguinho de dominação" e achando extremamente engraçado e excitante o Uchiha achar que poderia "vencer" aquilo. Além do "joguinho", tinha que admitir: Sasuke era extremamente atraente. Atraente a ponto de ele colocar o rótulo de "heterossexual" em xeque e de fazer com que ficasse duro de novo. Aquilo o intrigou, não apenas pelo fato de ser mais difícil manter uma ereção bêbado, mas por estar sentindo um tesão absurdo. Havia algo em naquele gótico suave... Estava completamente atraído por ele e maluco para vê-lo gemendo e se entregando.

- Vou te fazer sentir cada segundo. – O loiro disse antes de descer e envolver os lábios em um beijo urgente e cheio de desejo.

Dessa vez, o moreno não demonstrou resistência. Aquilo não era só sobre testar a sexualidade alheia, mas sobre aproveitar cada toque, cada sensação e cada segundo com um gostoso daquele. Naruto, com uma mão, segurou firme na cintura de Sasuke. Com a outra, deslizava os dedos sobre o peitoral pálido. Desceu devagar até chegar ao membro duro, envolvendo-o com as mãos e fazendo movimentos de vai e vem.

- Nh-! Narut- - O Uchiha arqueou, enterrando os dedos nos cabelos loiros, mas o outro recuou antes que ele pudesse buscar mais.

- Ah não, você não manda aqui. - O Uzumaki sorriu. Pegou o pacote de lubrificante e o abriu. Vestiu a camisinha e espalhou um pouco do lubrificante nos dedos e o restante no próprio pau.

- S-seu maldito. - Sasuke disse, arfando. - Se me machucar, eu...

A fala foi interrompida quando o dedo de Naruto pressionou suavemente contra sua, fazendo-o estremecer e se contrair involuntariamente.

- Relaxa. - Naruto ordenou, massageando devagar enquanto observava cada microexpressão no rosto do outro. - Tô só começando.

Quando o primeiro dedo deslizou para dentro, Sasuke prendeu a respiração. O Uzumaki sentiu a tensão, mas não parou. Atacou o pescoço pálido, roçando seus lábios e distribuindo leves mordidas na região. Quando sentiu o orifício relaxado o suficiente, começou a mover o dedo em círculo lá dentro.

- F-Filho da...! - O Uchiha gemeu alto.

Naruto acelerou o ritmo, adicionando um segundo dedo sem aviso. O moreno agarrou os lençóis enquanto os dedos ágeis se moviam precisamente dentro dele, encontrando o ponto que o fazia perder a fala.

- Se já tá assim só com dois dedos, imagina quando eu tiver te fodendo. – O Uzumaki sussurrou.

O terceiro dedo entrou, provocando um gemido rouco em Sasuke. As estocadas seguiam mais fundas e ferozes, fazendo com que ele mordesse o próprio braço para não gritar e acordar o prédio todo. Aquele maldito, aquele loiro desgraçado era realmente bom e sabia SIM o que estava fazendo.

- Chega de brincadeira. - Naruto retirou os dedos e, num movimento brusco, virou Sasuke de bruços, levantando seus quadris com um puxão brutal.

O moreno tentou se apoiar nos cotovelos, mas seu corpo foi coberto pelo do outro, alinhando-se em uma pressão insuportavelmente maravilhosa. - Olha pra mim. - O loiro ordenou, puxando os fios negros para trás.

Quando seus olhos se encontraram, o Uchiha teve um vislumbre do olhar que parecia sério e impassível, mas o sorriso... Ah, o sorriso transbordava malícia. Foi então que Naruto, completamente entregue ao desejo, empurrou fundo até o fim.

- NA-NARUTO! - Foi tudo o que Sasuke conseguiu falar, ou melhor, gritar.

Apesar do som ter sido alto e, muito provavelmente, ter acordado um vizinho ou outro, Naruto não esperou. Começou a se mover com força, sendo cada embate calculado para continuar arrancando sons do moreno.

- Isso é por ter me feito esperar tanto. - Puxou o Uchiha para trás, contra seu peito, para sentir cada tremor.

Naruto mantinha o moreno firmemente pressionado contra seu corpo, fazendo-o arquear as costas e enterrar os dedos no lençol para buscar um ponto de apoio. Naquele momento, por mais que quisesse proferir insultos, o Sasuke não conseguiu. Estava em deleite e surpreso por estar sentindo aquilo tudo vindo de um "suposto hétero" que agora o dominava. O desgraçado estava acertando seus pontos mais sensíveis de um jeito que nunca haviam feito antes.

O loiro inclinou-se para frente e roçou seus lábios na nuca do Uchiha, arrancando-lhe arrepios. As respirações estavam aceleradas e mais curtas, e ambos soltavam gemidos involuntários. Não havia mais espaço para palavras, pois estavam conectados de um jeito que nada da esfera racional poderia explicar.

As estocadas começaram a ficar irregulares à medida que a tensão crescia no corpo de Naruto. O moreno, tomado pelo tesão, começou a se tocar com movimentos rápidos. De repente, o loiro segurou-o com força e enterrou-se até o fim. Soltou um grunhido, e Sasuke sentiu os espasmos tomando o corpo bronzeado. Por um instante, achou que ele seria idiota o suficiente para parar e ignorar seu momento, mas percebeu que estava errado quando vieram estocadas exatamente em seu ponto de prazer.

Não demorou muito para o Uchiha sentir uma corrente de prazer tomar seu corpo por completo. Com um gemido alto e intenso, seu corpo arqueou e se derramou no lençol, enquanto Naruto o segurava e mantinha seus corpos colados. Naquele momento, tudo parecia ter ficado imóvel. O quarto era preenchido apenas pelo som das respirações ofegantes e o calor dos corpos suados.

- Você não é hétero, porra nenhuma. - Sasuke falou, arfando e se jogando para o lado.

- O que importa é que você gostou. - O Uzumaki se jogou para o outro lado. - E eu também. - Riu. - Você é um idiota que fala demais, mas é gostoso pra caralho.

As bochechas do moreno coraram levemente. Antes que o hétero fake pudesse ver, levantou-se e pegou lençóis novos.

- Vai, levanta daí que preciso trocar isso.

- Poxa, me dá cinco minutos só.

- Levanta ou eu chuto você pra fora.

- Nem vem, você nem é violento assim. Já te mostrei quem manda. - O loiro piscou. Mesmo assim, levantou e deu espaço para o "senhor irritadinho" trocar os lençóis.

- Idiota. - O Uchiha jogou os lençóis nele. - Você troca, então. Vou buscar água porque não quero ficar com dor de cabeça amanhã... E vou pegar pra ti também, você tá cheirando a álcool.

- E a você. - Naruto mandou um beijo no ar.

Sasuke se limitou a mostrar o dedo do meio e ir até a cozinha. Pegou duas garrafas de água e, enquanto retornava ao quarto, seu corpo voltava a relaxar e sua mente voltava para o eixo. Começou a pensar nas consequências que aquilo teria, se o Uzumaki continuaria falando com ele e se transariam de novo. Tinha gostado da experiência de ter aquele corpo bronzeado perfeitamente definido para si – mesmo que por um breve momento. Hétero ou não, ele era um safado gostoso.

Quando chegou no quarto, viu Naruto virado de lado e coberto. Aproximou-se e notou que ele dormia profundamente e, só para ajudar, estava nu. Pensou em dormir no sofá para evitar aquela tentação ao seu lado, mas estava muito cansado para levar suas coisas para lá. Limitou-se a beber água e a voltar para a cama. Ia ser difícil, mas optou por dormir despido também. Queria ver a cara do loiro quando ele acordasse com um homem pelado ao seu lado.

Tão logo o moreno se deitou, Naruto se virou e o abraçou, puxando-o para perto de si.

Gay. - Sasuke riu. Não obteve resposta, afinal o outro dormia pesadamente. - Completamente gay.

Chapter 4: I kissed a boy (I liked it)

Chapter Text

O primeiro raio de sol atravessou a cortina, atingindo os olhos semiabertos de Naruto. Uma dor latejante na cabeça o fez fechar as pálpebras novamente, enquanto a boca estava seca e o estômago embrulhava.

Merda, eu bebi demais.

Naquele instante, entendeu que algo - ou alguém -, estava pesando em cima de si. Era estranho, era quente, era bom. Então, com os olhos completamente abertos e com o espírito retornando ao corpo, pôde ver e sentir: mãos envolvendo sua cintura, pernas entrelaçadas às suas, e a suave pressão de um rosto repousado em seu peito.

O loiro arregalou os olhos e, vendo a cena, sentiu-se petrificar.

Que porra…?

Fechou os olhos novamente e começou a evocar as memórias da noite anterior:

Balada. Drinks. Muitos drinks. Kiba e Neji zoando sua roupa. Ele rodando o local buscando alguma moça interessada em homens.

E continuou...

Uma moça querendo um trisal com outro cara. Um cara pálido vestido todo de preto lhe “salvando da situação”. Ele puxando o rapaz para um beijo enquanto escondia seu isqueiro. Um beijo que deixou seu cérebro derretido.

Merda.

O Uzumaki olhou de novo para o rapaz dormindo em cima dele. Bonito pra caralho, mesmo de perfil meio escondido. Pele pálida, cabelos escuros bagunçados, cílios longos e um ar de arrogante que transbordava até mesmo enquanto dormia.

E, então, os flashes vieram.

O trajeto até o apartamento. A pegação no corredor. O caminho até o quarto e a “briga” por dominância... Um gemido...não, vários gemidos. O som da própria voz falando coisas que ele nunca imaginou dizer PARA UM CARA.

Para completar, só para colocar logo a cereja em cima do bolo, percebeu que estava COMPLETAMENTE NU. O desespero o envolveu enquanto tentava se lembrar com mais clareza, principalmente do...

Sexo?

Seu rosto queimava, e uma onda de pânico misturada com algo indefinível tomou conta de seu corpo. Sempre achou que não gostava de homens, que isso era algo impossível, mas estava ali, sem roupas, na casa de um estranho com quem havia não apenas se atracado nos beijos.

Não. Não, não, não.

Tentou juntar forças para sair dali, porém seu corpo simplesmente não respondia. A respiração calma do “estranho” contra seu peito provocava uma ambivalência entre o desejo de sumir e de permanecer exatamente onde estava.

Mas, por que CARALHOS ficar?

E, pior ainda…

Por que diabos ele estava duro?!

- Merda. - Murmurou.

O Uzumaki travou o maxilar, tentando controlar a própria reação física. Porém, quanto mais tentava desviar seus pensamentos, pior aquilo ficava. O outro estava muito perto, e cada movimento sutil dele - um suspiro, um ajuste inconsciente das pernas - provocava-lhe a sensação de borboletas no estômago. Em uma dessas tentativas frustradas de se retornar ao eixo, moveu-se de uma forma um pouco brusca, fazendo com que o moreno reagisse e o apertasse ainda mais, enterrando seu rosto no pescoço de Naruto.

- Gay… - O “estranho” resmungou, sonolento, como se estivesse sonhando com a própria piada interna.

Naruto ficou vermelho como um pimentão e, como se o universo estivesse rindo de sua situação, o moreno abriu os olhos devagar. Sua expressão, apesar de sonolenta, continha um toque de malícia e de satisfação. Os dois ficaram parados, em silêncio, até que os olhos escuros se direcionaram para baixo do lençol, se deparando com o a “causa do volume” que se fazia presente. Voltou a encarar o loiro e sorriu maliciosamente.

- Bom dia, gay.

O loiro engoliu seco.

Naruto engoliu.

- Eu não… Eu nunca…

- Então, por que continua agarrado em mim? Isso sem falar que tá todo duro aí.

- Homens acordam assim, porra! - Ele respondeu afastando o rapaz de leve.

- Relaxa. Não vou contar pra sua namorada, Naruto. - O moreno deu de ombros e se levantou, completamente à vontade na própria nudez. Parecia um pouco desorientado e, muito provavelmente, estava de ressaca também. Apesar disso, soltava risinhos baixos.

É lindo até de costas, puta merda.

- Você sabe meu nome, ok... E não, não tenho namorada. - Confessou.

Porra... Não devia ter falado, agora ele realmente vai pensar que sou gay.

- Sim, eu sei seu nome. Bêbado do jeito que estava, não parava de falar... e de gemer meu nome. - O dono da casa falou. - Bom, se não tem namorada, reforça minha teoria de que só faltava alguém abrir a porta do armário pra você sair. - Riu.

Naruto engasgou.

- Seu… nome? E, porra, como assim armário...

O moreno olhou pra ele, lento, e então um sorriso perverso apareceu nos seus lábios.

- Sasuke. Sasuke Uchiha.

- Sasuke… Naruto repetiu, tentando forçar a memória.

Eis que TUDO voltou.

As provocações. Sua impaciência. O sexo em si... E ele transando com um cara de um jeito como se já fizesse isso há anos.

- Porra...

Sasuke levantou uma sobrancelha.

- Lembrou?

O loiro ficou paralisado. Percebeu seu rosto queimar enquanto o corpo ainda estava dolorido por conta dos chupões, arranhões e mordidas.

- Eu…

Gay? - O Uchiha completou, sarcástico. - Tá vendo o porquê de eu ter falado do armário? Abriu a porta e você caiu.

Naruto engoliu seco novamente, sentindo o suor escorrer pela nuca. Ele não era gay. Não podia ser. Era só... um deslize. Uma noite de bebedeira.

Todo mundo tinha uma história assim, certo?

- Olha, Sasuke, foi só... uma coisa aleatória. A gente tava bêbado, eu nem lembro direito como começou. - Tentou justificar, mas foi logo cortado pelo moreno.

- Você começou a me cantar e me beijou quando fui pegar meu isqueiro no bolso da sua calça. - Sorriu, ladino. – Até questionei se era uma boa ideia, mas você me encoxou deixando claro que estava duro e que queria...

- PARA! - Naruto tapou os ouvidos, corando até as orelhas. - Cara, porra, isso não significa nada! Foi só... calor do momento!

O Uchiha cruzou os braços enquanto observava Naruto se contorcer.

- Calor do momento. - Repetiu, sarcástico. - Então você sempre sai beijando e fodendo caras por aí no “calor do momento”? Porque, tipo, você soube até como me preparar para me fod...

- NÃO! - O loiro gritou. - Eu sei sobre as coisas por causa dos meninos. Eu... puta que pariu... Foi só... um engano...

Sasuke apenas levantou uma sobrancelha.

- Tsch, engano? Não parecia quando você disse que eu não mandava aqui e enfiava os dedos em mim até....

- EU JÁ ENTENDI, PORRA! - Naruto enterrou o rosto nas mãos.

Sasuke se aproximou e parou na beirada da cama, inclinando-se sobre ele com um olhar que fazia seu estômago revirar.

- Por que não prova, então, que é hétero e que a noite passada foi só um surto?

O Uzumaki franziu o cenho e encarou o moreno nos olhos. O olhar era tão provocante que não conseguiu sustentar aquilo por muito tempo.

- Como assim provar? - Finalmente conseguiu falar.

- Me beija agora. Só pra testar. – O Uchiha desafiou, aproximando mais o seu rosto. - Se você realmente não sente nada... vai ser fácil, né?

O loiro ficou paralisado.

Merda.

O problema? A PORRA DO PROBLEMA? Mesmo dando aquele monte de justificativas, ele olhava para o Uchiha e tinha vontade de beijá-lo. E, não só isso, queria até mesmo repetir a noite anterior - sóbrio agora - para lembrar com detalhe cada momento.

Eu tô fodido.

Sasuke viu a hesitação e riu, baixinho.

- Bem-vindo ao vale LGBTQIA+, Naruto.

Antes que o loiro pudesse responder, ele fechou a distância entre eles e o beijou. O loiro tentou recuar e apoiou as mãos no peito do moreno para empurrá-lo. Mas, como a vida é uma caixinha de surpresas, os flashbacks começaram a vir em sua consciência.

O calor do corpo de Sasuke contra o dele naquela mesma cama horas antes. Seus dentes mordiscando os lábios do moreno. As mãos frias do outro percorrendo seu torso como se ele fosse um mapa a ser descoberto.

O Uzumaki soltou um gemido baixo agora, no presente, e sentiu Sasuke sorrir contra sua boca.

- P...Para... - Ele pediu, mas seu corpo dizia o contrário enquanto puxava o Uchiha para mais perto.

Eis que, outro flash.

O moreno deitado, totalmente entregue, enquanto ele descia a mão pelo seu peitoral até chegar no membro duro e começar a masturbá-lo, arrancando um gemido do moreno que o excitou por inteiro.

Diante de todas essas memórias EXTREMAMENTE recentes, nem o racional e muito menos o emocional de Naruto conseguiram se conter: correspondeu ao beijo de forma intensa, urgente e lasciva.

Era uma armadilha. E ele estava pulando de cabeça.

 

_______________________________

 

O clima pesado do quarto foi abruptamente quebrado pelo toque estridente do celular de Naruto. O som insistente ficou ali por um bom tempo e o loiro se desvencilhou de Sasuke para atender.

- Porra, sério?! - Sasuke rosnou, ainda com a voz rouca de desejo.

- É o Kiba, o amigo que estava comigo ontem - Naruto respirou fundo, tentando recuperar o fôlego enquanto procurava o celular no chão, entre roupas espalhadas.

Merda, ele deve estar louco.

Atendeu, ainda ofegante.

- Fala, Kiba...

- NARUTO, SEU DESGRAÇADO! - A voz do amigo vinha em um volume tão alto que até Sasuke ouviu e revirou os olhos. - Onde caralhos você tá?! A gente te procurou a noite toda, pensei que tinham te sequestrado ou algo assim!

O Uzumaki esfregou o rosto, sentindo a realidade bater como um soco no estômago.

- Eu… tô bem, cara. Só… acabei indo pra casa de alguém.

Um silêncio pesado do outro lado da linha.

- …Alguém. - Kiba repetiu, lento. - Alguém… como em… alguém que você pegou na balada?

O loiro sentiu o rosto pegar fogo. Sasuke, malicioso, aproveitou a distração para morder suavemente seu ombro, fazendo-lhe engasgar.

- N-NÃO! Quer dizer… sim, mas...

- NARUTO, VOCÊ TÁ MENTINDO PRA MIM? - Kiba gritou, agora com um tom de "eu sabia" na voz. - Puta merda, você finalmente comeu alguém e tá aí com vergonha de admitir?!

- EU NÃO TÔ COM VERGONHA! - Naruto protestou.

Mentira do caralho.

O Uchiha, claramente se divertindo com a situação, decidiu piorar as coisas.

- Querido, tá frio aqui… vem cá me esquentar de novo. - Ele disse, propositalmente alto o suficiente para que Kiba ouvisse.

Silêncio mortal.

- …Naruto. – O amigo falou, agora em um tom totalmente diferente. Você tá com um CARA?

O Uzumaki fechou os olhos, imaginando sua vida desmoronando em câmera lenta.

- Cara, eu…

- MEU DEUS, VOCÊ TÁ COM UM HOMEM! - Kiba berrou, agora com um misto de choque e euforia. NEJI, VEM CÁ! O NARUTO TÁ TRANSANDO COM UM CARA!

O loiro quase morreu ali mesmo.

- CALA A BOCA, PORRA! - Ele gritou, mas era tarde demais. Dava para ouvir Neji ao fundo, dizendo "Finalmente" com um suspiro dramático.

Sasuke, seu filho da puta.

- Naruto, migo.... – O amigo continuou, agora em um tom solene. - Eu sempre achei que você tava querendo sair do armário, mas nunca imaginei que...

- NÃO É O QUE PARECE! Naruto gritou, desesperado.

- Ah, não? Então quem é o sortudo? - Kiba pressionou, curiosidade evidente na voz.

Naruto olhou para o Uchiha, que agora estava deitado de costas, com as mãos atrás da cabeça, um sorriso insuportavelmente satisfeito no rosto.

- É… é só um cara que eu conheci ontem. - Naruto resmungou, evitando dar detalhes.

- Só um cara, hein? - O amigo repetiu, claramente não convencido. - E ele é gostoso pelo menos?

O loiro engasgou.

- Puta que pariu, Kiba!

Sasuke riu, alto o suficiente para o celular pegar.

- Diz pra ele que sim. - O moreno provocou, com um olhar devorador.

O Uzumaki desligou o celular com força e jogou o aparelho na cama, cobrindo o rosto com as mãos.

- Eu odeio vocês todos.

O moreno o puxou pelos pulsos, expondo seu rosto vermelho.

- Mentiroso. - Ele murmurou, antes de puxar Naruto para outro beijo.

O beijo começou devagar, mas rapidamente se tornou algo mais intenso. O Uchiha subiu em seu colo de forma que seus corpos se encaixassem perfeitamente. Mordeu o lábio inferior do loiro, provocando um gemido abafado.

- Você é tão ruim mentindo quanto é bom nisso. - Sasuke murmurou entre um beijo e outro. Suas mãos deslizavam pelo peitoral e o abdômen bronzeado, explorando cada gominho como se já os conhecesse de cor.

Naruto não respondeu. Não podia responder, não quando o moreno apertou seus quadris, fazendo-os roçar de um jeito que deixou claro que nenhum dos dois estava disposto a parar tão cedo. Porém, novamente, como o universo é ingrato, o celular de Sasuke começou a tocar.

- Ah, vá se foder. - O moreno rosnou, mas Naruto já estava puxando-o de volta, enterrando os dedos em seus cabelos escuros.

- Ignora. – O loiro pediu, ou pelo menos tentou, entre beijos roucos e mordidas desesperadas.

Sasuke riu contra sua boca, mas o toque insistente do aparelho continuou. Com um suspiro exasperado, ele esticou o braço e pegou o celular, mantendo Naruto preso contra seu corpo com a outra mão.

- Fala. – O Uchiha atendeu com a voz rouca e claramente irritada.

- SASUKE, ONDE VOCÊ TÁ? - A voz aguda de Sakura ecoou pelo quarto, tão alta que Naruto ouviu perfeitamente. - A gente te procurou a noite toda! Você some com um cara aleatório e nem avisa?

Naruto congelou.

Ela sabe.

O moreno, no entanto, pareceu se divertir com a situação.

- Tô ocupado - Ele respondeu, olhando Naruto nos olhos com um sorriso malicioso. - Com o "suposto hétero".

- PERAÍ. - Sakura falou, e dava para ouvir Ino ao fundo soltando um "eu sabia!" estridente. - Você tá com aquele loiro gostoso que tava na balada? Aquele que você foi ajudar e depois ficou com a gente no fumódromo?

O Uzumaki corou quando ouviu o “gostoso”. Sasuke riu enquanto seus dedos traçavam círculos na cintura do loiro.

- Ele não só fumou comigo. O moreno respondeu, devagar. - Como também mentiu pra todo mundo dizendo que era hétero. Até ontem.

- SASUKE, SEU FILHO DA...- Naruto tentou arrancar o celular, mas O Uchiha segurou seu pulso com facilidade, prendendo-o no lugar.

- Ele tá puto agora. - Sasuke continuou, como se estivesse descrevendo o clima. Mas cinco minutos atrás tava implorando...

Naruto finalmente conseguiu tapar a boca do moreno com a mão, mas era tarde demais.

- MEU DEUS! Sakura e Ino gritaram em uníssono do outro lado da linha. - LOIRÃO, VOCÊ É UM HOMEM DE SORTE!

- EU NÃO...- Naruto começou, mas Sasuke mordeu sua mão, fazendo-o soltar um grunhido.

- Vamos ter que continuar isso depois. – O Uchiha moreno disse para as garotas, antes de desligar e jogar o celular longe.

Ele olhou para Naruto, que estava entre o horror e a excitação, e puxou-o para mais um beijo.

- Elas vão te caçar nas redes sociais. - Sasuke avisou, roçando os lábios nos do loiro.

- Eu odeio você, Naruto resmungou, mas já estava se rendendo novamente.

- Mentiroso. – O outro riu.

E, dessa vez, nenhum celular os interrompeu.

 

_______________________________

 

A água quente do banho havia levado embora parte da tensão, mas não todas as perguntas que rodopiavam na cabeça de Naruto. Ele se secou, observando Sasuke pela porta entreaberta do banheiro enquanto o moreno, envolto apenas em um roupão folgado, rumava para a cozinha. A cena era estranhamente doméstica para algo que deveria ter sido só uma noite de bebedeira e loucura.

O loiro vestiu suas roupas do dia anterior, ainda desgrenhadas, e encostou na porta da cozinha, hesitante.

- Ei... Sasuke.

O moreno virou-se, erguendo uma xícara com um ar questionador.

- Café?

- Ah... sim, obrigado. - Naruto aceitou a xícara, evitando o olhar dele por um segundo antes de respirar fundo. - Olha, eu... preciso te pedir uma coisa.

O Uchiha inclinou a cabeça, esperando o que viria. Já podia imaginar alguma desculpa esfarrapada ou pedido de sigilo.

- O que aconteceu... acho que é melhor a gente não espalhar. - O Uzumaki franziu a testa, tentando parecer mais seguro do que se sentia.

Sasuke tomou um gole do café e fixou o olhar em Naruto. Como era fácil ler esses “héteros”.

- Então é isso? - Ele inclinou-se contra a bancada. Seu roupão, entreaberto, mostrava parte das marcas de mordidas, jogando na cara do loiro o que havia acontecido na noite anterior. - Vai sair daqui fingindo que nada aconteceu ontem e hoje?

- Eu não tô fingindo porra nenhuma! - O Uzumaki rosnou, mas a voz falhou no final. - Só... preciso de tempo pra entender.

- Entender o quê? Que gosta de homem? A mão do moreno fechou em torno do pulso de Naruto, puxando-o para perto. - Porque você gosta. E muito.

O loiro engoliu em seco. A proximidade com Sasuke fazia seus joelhos amolecerem.

- Não é tão simples assim. - Ele protestou, mas já sentia o calor subir por sua nuca.

- É sim. - O Uchiha soltou-o com um empurrão suave. - Você só tem medo do que os outros vão pensar.... e de perder essa pose de hétero top.

O loiro olhou para o chão. O pior era: Sasuke estava certo - em partes. Ele queria repetir. Queria aquelas mãos, aquela boca, e aquele corpo todo para si. Mas, também queria poder acordar no dia seguinte e dizer "foi só uma loucura de bêbado" sem que ninguém duvidasse de sua sexualidade - a qual não sabia mais de estava em xeque ou não.

- Mantém isso só entre a gente. - Ele pediu novamente. – E, claro, pede pras suas amigas deixarem baixo também.

O Uchiha estudou-o por um longo momento antes de assentir.

- Tudo bem...Só que.... - A voz dele estava calma, mas havia algo por trás, como um desafio. - Não venha me procurar de novo se não tiver coragem de assumir o que quer.

O Uzumaki sentiu um frio percorrer sua espinha. Sasuke sabia. Sabia que ele viraria as costas em público, mas que, nas sombras, voltaria da mesma forma que se voltava para um vício.

- Eu não...- Ele começou, mas o moreno interrompeu com um olhar.

- Só avisando.

Naruto ficou em silêncio. Não prometeu nada. Não podia. Mas, quando saiu do apartamento do Uchiha, minutos depois, já sabia que ia voltar. Talvez, nas escondidas, de noite, bêbado, quando ninguém visse. Afinal, hétero ou não, não conseguia considerar a opção de nunca mais ser envolto por aquela sensação tão... estranhamente gostosa.

 

_______________________________

 

A porta do apartamento se fechou com um clique suave, deixando Sasuke sozinho na cozinha com a xícara de café já fria entre seus dedos. Seus olhos escuros fixaram-se na maçaneta, como se pudessem ver através da madeira o loiro hesitante do outro lado.

Ele sabia. Sabia que Naruto voltaria.

Talvez não hoje, ou amanhã, mas em alguma madrugada de copos cheios e coragem líquida, quando a solidão e o desejo falassem mais alto que o medo. Tocaria a campainha com aqueles dedos inquietos, cheirando a álcool e mentiras mal contadas, e Sasuke...

Bem.

Levou o café aos lábios e o gosto amargo espalhou-se em sua língua.

Talvez abrisse a porta. Talvez deixasse Naruto congelar no corredor, aprendendo na pele o preço da covardia. Ou, talvez, quando os passos vacilantes finalmente parassem em sua soleira, quando os olhos azuis implorassem sem palavras, ele poderia puxar o loiro para dentro pelo colarinho, ensinando-lhe, entre gemidos e suspiros, que alguns segredos valem a pena ser queimados.

O moreno deixou a xícara no fundo da pia. O café frio podia esperar, assim como Naruto.

Até a próxima vez... Se houver uma próxima vez.

 

Chapter 5: You drive me crazy

Chapter Text

O ar da tarde ainda grudava na pele do Uzumaki quando ele finalmente cruzou a porta de seu apartamento. O silêncio do lugar, tão diferente do barulho ensurdecedor da balada e dos gemidos abafados no quarto de Sasuke, parecia amplificar cada batida acelerada do seu coração. Ele trancou a porta com um clique seco, e seus dedos ainda estavam hesitantes, como se ainda não acreditasse que tinha bebido demais, cedido demais e feito "tudo aquilo".

O suor e o cheiro de álcool misturados ao perfume amadeirado do moreno ainda impregnavam sua camisa. Naruto arrancou-a com um movimento brusco, jogando-a no chão sem cerimônia, como se pudesse se livrar do peso da noite junto com a roupa. Quando passou pelo corredor, o espelho dali jogou a verdade em sua cara: cabelo loiro despenteado, olhos vermelhos de cansaço, olheiras e... arranhões, chupões e afins.

Merda.

Foi marchando até o banheiro, se despindo no caminho, sem mesmo ousar vasculhar por marcas no restante do corpo. A água do chuveiro caiu quente, quase escaldante, mas ele nem sequer reclamou. Deixou que queimasse, que lavasse e que - tentasse - apagar a experiência da noite anterior. Fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás. Sentiu os músculos tensionarem enquanto as memórias invadiam sem pedir licença: Sasuke o provocando ao longo do caminho até seu apartamento, os corpos se encostando, as línguas se entrelaçando, a respiração ofegante contra seu pescoço antes que ele começasse a...

Naruto abriu os olhos de repente, engolindo seco.

Porra.

Esfregou o rosto com força, como se pudesse apagar a imagem. Porém, seu corpo traidor ainda respondia ao eco do toque do Uchiha, à lembrança daquela voz rouca gemendo seu nome enquanto ele...

Não. Para.

Desligou o chuveiro com um golpe, ofegante. O vapor embaçava o espelho, e ele nem sequer tentou enxergar seu próprio rosto ali. Enrolou uma toalha na cintura e arrastou os pés até a cozinha, onde a cafeteira o esperava para tirá-lo daquele "surto". Enquanto o café gotejava, seu celular piscava na mesa com notificações de mensagens e chamadas perdidas. Chouji, Shikamaru e Lee, todos querendo marcar um jogo ou qualquer outra coisa.

Naruto pegou o telefone com os dedos tensos.

E se eles ficassem sabendo?

A pergunta veio como um soco. Chouji, sempre o mais brincalhão, riria? Ficaria desconfortável? Shikamaru olharia para ele com aquele olhar calculista, como se já esperasse? E Lee, com aquele jeito exagerado, diria algo sobre "juventude ardente" e abraçaria a situação como um desafio?

Ou...

Ou será que tudo mudaria?

O café transbordou um pouco, queimando sua mão distraída. Naruto soltou um palavrão baixo, sacudindo os dedos. Olhou para a janela como se buscasse respostas, mas apenas o silêncio pairava ali. E então, sem querer, sua mente trazia de volta o sorriso de canto de boca de Sasuke, aquele que ele só dera depois, quando Naruto estava se vestindo às pressas, como se soubesse que aquilo ia ficar martelando em sua cabeça.

Cretino.

O estômago embrulhou de um jeito que o fez deixar o café de lado. Rumou para a sala e se afundou no sofá. O celular, que ainda vibrava, foi "cuidadosamente" arremessado num canto. Sabia que precisava de água, mas com certeza ia botar tudo para fora na situação em que estava. Por isso, resolveu simplesmente ignorar a existência do mundo lá fora e se permitir ter algumas horas - FINALMENTE - de sono.

 

______________________________

 

Duas horas. Esse foi o tempo que Naruto ficou no sofá tentando descansar. O sono veio, mas foi agitado. Acordou com a cabeça estourando de dor, como se fosse rachar ao meio, e a boca mais seca que um deserto. Rumou para a cozinha enquanto amaldiçoava a si mesmo por não ter priorizado se hidratar antes de cochilar, à procura de água e um remédio qualquer que pudesse pelo menos amenizar aquilo. Estava se preparando para voltar a dormir quando ouviu o interfone tocar.

- Porra, quem é?

Atendeu o aparelho com o menor ânimo possível e, do outro lado, ouviu praticamente um berro que ecoou até atingir sua alma.

- ABRE AQUI, NARU!

Era Kiba.

- Caralho, não precisa gritar assim. O que você quer?

- O que eu quero? - O Inuzuka perguntou, rindo. - Eu e Neji viemos na missão interrogatório. Abre logo ou vou ficar apertando essa merda até você descer.

- Vocês são uns desgraçados fofoqueiros. - O loiro suspirou. - Aguenta aí.

Naruto sentiu um frio na espinha. Os amigos iam com certeza encher o saco até ele falar pelo menos um punhado de sacanagens. Aquilo era definitivamente o que não queria naquele momento. Conhecia Kiba e Neji o suficiente para saber que eram boas pessoas, mas até que ponto eles poderiam segurar a informação para eles mesmos? Ou, pior, e se dessem com a língua nos dentes se ele não falasse nada da “fofoca”? A mente humana é criativa para pegar fatos e distorcê-los, então, era melhor falar logo, mesmo que omitindo - claro - a maior parte do que acontecera.

O Uzumaki entrou no elevador e foi praticamente rezando para que os amigos fossem discretos. Neji era mais contido, mas Kiba... Kiba podia simplesmente fazer um circo berrando em seu apartamento detalhes constrangedores para entreter os vizinhos. Passou pelo hall do prédio e, quando se aproximou do portão, o Inuzuka sacou um leque com as cores da bandeira LGBTQIA+ e bateu com força.

- NHAIM NOVO MEMBRO DO VALE. - Ele gritou.

Neji começou a gargalhar e, alguns moradores que estavam ali por perto, começaram a olhar a cena bizarra e a soltar bochichos.

- Cara, eu vou matar você... - Naruto quase sussurrou. - Para de fazer escândalo. - Abriu o portão.

- Nunca vi uma gay que não gosta de escândalo. - O Hyuuga disse entrando. - Muito menos uma que não gosta do VRÁ de um leque.

- Eu não sou gay. - O loiro fechou o portão e começou a empurrar os amigos, apressando-os para o elevador para que a cena cessasse. - E eu não consigo abrir um leque com essa agilidade.

- Por enquanto. - Kiba piscou.

Os rapazes entraram no elevador e Naruto pressionou o número cinco. Pararam na porta do apartamento 504 e, antes mesmo de entrarem, Neji soltou um comentário, decepcionado:

- Que capacho feio é esse, viado? Star Wars? Vamos por um de unicórnio aqui pra ONTEM.

- Vão querer mandar na porra da minha casa agora? - O Uzumaki os empurrou para dentro. - Vão, desembuchem logo o que querem falar porque eu ainda tô de ressaca e com um mau humor do caralho.

- Calma, mona. - O Inuzuka se jogou no sofá. - Bebeu água de chuca, foi?

- Mano... - Naruto disse enquanto fechava a porta. - Por que caralhos eu fui mesmo no seu aniversário? Puta que pariu.

- Pra pegar um cara. - Neji piscou. - E parar com essa merda de heterossexualidade.

- Eu já falei que não sou gay. - O loiro se jogou em um puff. - Que porra de insistência chata.

B do LGBTQIA+ é o que? Bolacha? Alooooou. - Kiba disse, estalando os dedos na cara do amigo.

- Fala logo o que vocês querem, vai. - Naruto resmungou.

- Vou deixar o Kiba perguntar e eu vou ser o comentarista, ok? - Neji fez um gesto no ar como se estivesse escrevendo em um bloco de notas.

- Escreve aí que mandei vocês pro inferno. - O loiro bufou.

- E que derrubamos a porta do armário dele, Neji. - Kiba riu.

- Você tem cinco segundos pra começar antes que eu chute vocês dois daqui. - O Uzumaki estava num misto de raiva, impaciência e tensão.

- Vamos lá, então. - O Inuzuka se ajeitou no sofá. - Foi passivo ou ativo?

- Ativo.

- Tem foto dele?

- Não.

- Tava sozinho lá na balada?

- Com duas amigas. Acho que eram um casal.

- E vocês foram pra casa dele tipo, do neida?

Silêncio.

- Eu sugeri que a gente saísse dali e... bom... a casa dele era bem perto. Só isso. - Naruto disse, por fim.

- Se não fosse, tu ia ter feito o que? Comido ele na rua?

- Porra, mano. - O loiro se levantou. - Neji, anota aí que o Kiba é um desgraçado.

- Só se você falar o nome da bicha pra gente avaliar a fachada. - O Hyuuga rebateu. - Vai. Não tem foto, mas com certeza tem rede social, ainda mais se for bonito.

- Nem fodendo. - Naruto negou com a cabeça. - Gente, eu tava bêbado, tava maluco da cara de álcool, apareceu a oportunidade... pronto. Só isso, ok?

- Calma lá. - Neji se levantou e apontou o dedo no rosto do loiro. - Apareceu a oportunidade? A gente tá falando de um homem, se esqueceu?

- Por que caralhos vocês estão tão interessados e empolgados com isso? Posso saber?

- Porque, meu caro... - Kiba começou. - Se você soubesse o tanto de viado que baba por você... e se você me fala que vai comer ao invés de dar, vai chover cu na sua cara.

Naruto fechou os olhos e começou a massagear as têmporas. Aquilo só podia ser castigo divino.

- Eu já falei e vou repetir: não curto homens. Já falei que tava trêbado. Sasuke foi exceção.

- O NOME DA BICHA É SASUKE? - O Inuzuka berrou.

Puta que pariu.

- Sasuke Uchiha? - Neji perguntou. Seu tom de voz, anteriormente brincalhão, ficou sério.

- Algum problema com ele? - O Uzumaki perguntou, levantando uma sobrancelha.

- ALA, CAIU CERTIINHO. Procura aí, Kiba. Sasuke Uchiha no Instagram. A mona é belíssima.

- Você fez isso só pra eu responder o que queria, né, filho da puta? - O loiro cerrou os dentes.

- Cara... Ele SÓ faz parte de uma família que tem um escritório enorme de advocacia na área penal. SÓ. Deve ser estudante de Direito... e ryca.

Naruto engoliu seco. Na Universidade de Konoha, Direito e Administração, seu curso, ficavam no mesmo prédio. Isso sem mencionar que os centros acadêmicos dos dois cursos ficavam lado a lado. Se fosse mesmo estudante de Direito e da mesma universidade, os dois com certeza iam acabar se trombando em algum momento.

Eu estou MUITO ferrado.

- UAAAAAAAAU. - Kiba falou surpreso, assoviando logo em seguida. - Pena que o perfil é fechado, mas já dá pra ver que ó... Muito bom gosto, hein, Naru.

- Apresenta ele pra mim se não for investir? - O Hyuuga pediu, fingindo manha.

- Vocês estão começando a me irritar, sério. - O loiro fechou a cara.

- E por que você tá tão grilado com isso, migo? - O Inuzuka perguntou. - Ficou com um cara. E daí? Mesmo que não queira entrar pra letra B e continuar achando que é hétero top, tá tudo bem.

- O que importa é: foi bom pra você? - Dessa vez, Neji se pronunciou.

Naruto abriu a boca, mas logo fechou. Não conseguia falar simplesmente um “A”.

- Tá vendo? - Kiba fez um gesto exagerado com as mãos. - Transou com um cara, gostou e é isso... foda-se o resto. - Fez uma pausa. - Apesar de ser bem coisa de bi pra mim, mas ok.

- Isso se não pular pro G. - Neji completou.

- Podem ficar aí na sala falando merda, eu vou dormir. - Naruto fez menção de ir para o quarto, mas os amigos o impediram.

- Migo, relaxa. A gente não vai comentar com ninguém. E outra, a gente só quer que você tenha experiências boas, uai. Se for com homens, melhor ainda... Assim você entra pro clube dos bis aqui.

- Prometo que tem até bolo. - Neji falou. - E um manual de como ser simplesmente fa-bu-lo-sa.

- Dispenso. - O loiro murmurou. - Vocês prometem que não vão falar nada... Mesmo?

Os outros dois negaram prontamente.

- Eu preciso processar tudo isso. De verdade. Então, por favor... Fiquem de baixo, ok? - Naruto pediu.

Kiba e Neji assentiram. A questão era que: os amigos já previam mais ou menos onde essa história ia dar. O loiro não fazia ideia, pelo menos, não conscientemente.

 

______________________________

 

Após a sessão de interrogatório, Naruto se deparou com um turbilhão de sensações. Enquanto os amigos perguntavam sobre a noite passada, a memória de Sasuke e do que fizeram se projetava em sua mente. Precisou usar todo o seu autocontrole para mexer minimamente sua expressão facial, porque senão Kiba ia bater o leque de arco-íris toda vez que o visse.

E isso seria o mínimo que ele faria.

Jogou-se na cama, passou a mão por trás da cabeça e começou a fitar o teto. O corpo parecia relaxado, mas a verdade é que estava completamente tenso e inquieto por dentro. Pegou o celular para se distrair e, tão logo abriu o Instagram, lembrou-se que Kiba havia encontrado o perfil de Sasuke. Os pensamentos intrusivos, então, começaram a o bombardear sem dó e só pararam quando se viu ali, de olho no perfil do Uchiha.

Fechado.

Claro que era fechado. Óbvio. Porém, a foto mostrava claramente seu rosto: sério, misterioso e, ao mesmo tempo, convidativo.

Lindo.

- Porra, cabeça de merda que não para de pensar... - Disse para si mesmo.

Naruto fechou os olhos e a imagem de Sasuke reapareceu, agora mais viva. A forma como se beijaram na balada, a pegação no elevador, o momento em que entraram no apartamento... Sentiu uma onda quente subir pelas costas e o corpo todo formigar. O pior - ou não - de tudo é que não eram sensações ruins, mas sim algo forte que tomava todo o seu ser. Com isso, suas mãos foram descendo quase por instinto, como se buscassem reviver o momento que insistia em não abandonar sua mente. Antes mesmo que pudesse racionalizar algo, seu corpo já havia respondido: a ereção estava ali, mostrando e esfregando em sua cara como, mesmo tentando negar, tinha gostado de ter tido o Uchiha por uma noite.

Que merda é essa, Naruto?

Tentou se recompor. Respirou fundo e buscou, entre seus amigos do Instagram, a foto de uma garota qualquer que considerava atraente. Focou na imagem e tentou forçar os pensamentos a criarem uma cena de sexo com aquela garota. Chegou até a iniciar algo, alguns toques, mas simplesmente não conseguiu.

A imagem de Sasuke voltou com mais força e invadiu cada canto de sua mente. O cheiro dele, o jeito que gemia seu nome... Tudo aquilo lhe causava arrepios que vinham de baixo para cima, o que sinalizou que não adiantava negar o desejo que estava sentindo. Seu corpo o traía sem piedade e, além disso, queria entender o que diabos estava acontecendo consigo. Sendo assim, jogou o celular de lado e resolveu deixar-se levar.

As memórias vieram fortes: o moreno o puxando pela nuca, os lábios quentes pressionando os seus, o jeito que seus corpos se encaixavam... O calor começou a subir por seu corpo, e seu lado racional havia simplesmente ido para o quinto dos infernos.

Começou a deslizar as mãos pelo próprio abdômen, arrepiando-se com o toque e contraindo os músculos levemente sob a própria carícia. Seus olhos se fecharam, e seu corpo começou a simplesmente guiá-lo sem resistência. Foi lembrando dos momentos que o álcool não havia apagado e sentiu seu corpo pulsar. Quando a mão chegou ao membro rígido, percebeu que estava extremamente lubrificado pelo pré-gozo. Envolveu-o e começou com movimentos lentos e ritmados, precisando morder o próprio lábio para suprimir os gemidos que, agora, queriam vir mais fortes e altos.

Cada toque acendia mais o desejo dentro de si, chegando até mesmo a provocar gemidos baixos e involuntários. A lembrança do rosto de Sasuke o encarando, ofegante, com os músculos tensos enquanto o fodia, o levou a tocar-se com mais intensidade, como se tudo aquilo que estava dentro de si, o confundia, urgisse em sair. Quando a memória do momento em que penetrou fundo no Uchiha veio à mente, foi o estopim. Naruto estremeceu, e seu corpo todo se contraiu, deixando sua respiração e batimentos cardíacos descompassados. O prazer explodiu dentro de si como uma onda avassaladora, atravessando seu corpo com força.

Só voltou um pouco a si quando percebeu o estrago que havia feito em seu lençol. E, bem... Em si próprio. A vergonha veio em cheio, carregando consigo o nojo e a raiva de si mesmo. O problema não era exatamente o que havia acabado de fazer, mas sim o quanto tinha GOSTADO.

- Droga, Sasuke... - Sussurrou, com um misto de culpa e desejo queimando no peito.

Ficou tão absorto, perdido e confuso, que não perceber o celular acusar a notificação de um novo seguidor no Instagram.

Chapter 6: You're on my radar

Chapter Text

O apartamento estava silencioso, exceto pelo barulho da chuva que começava a cair, batendo levemente contra a janela. Naruto estava sentado no chão da sala, cercado por meias sujas e livros espalhados, tentando se distrair, tentando não pensar no que havia acontecido nas últimas 24 horas.

Mas era inútil.

Cada vez que fechava os olhos, via ele: Sasuke.

O jeito que o moreno o encarava naquela noite, como se soubesse exatamente o que estava fazendo com ele. O calor dos dedos dele sob seu peito, a respiração quente contra seu pescoço, a voz rouca sussurrando coisas que fizeram seu corpo tremer...

Merda.

Naruto apertou os punhos e cerrou os dentes. Não só havia beijado e transado com um cara, mas o desgraçado não saía de sua cabeça... A ponto de ter se masturbado pensando nele e, não bastasse uma vez, tinha feito novamente. Duas vezes era demais... errado demais.

A primeira, olhando a foto do Uchiha mesmo na PORRA DE UM PERFIL DE REDE SOCIAL FECHADO. Reviveu cada momento, cada suspiro e cada sensação. A segunda, praticamente em seguida, quando foi recolher suas roupas e sentiu o cheiro do outro impregnado ali.

Eu não sou assim. Não é pra mim.

Nas duas vezes, sentiu um prazer absurdo. Nas duas, se odiou. Odiou o corpo que o traía e abominou a mente que insistia em reviver o momento. Detestou o fato de que, mesmo agora, só de pensar em Sasuke, já sentia um calor perigoso se espalhando.

Com um rosnado, pegou o controle e ligou a TV em um volume alto, buscando qualquer coisa para desviar os pensamentos. Parou em um canal em que passava um jogo de futebol qualquer. Gostava do esporte, mas, naquele momento, focar a atenção ali era impossível.

Preciso esquecer. Preciso parar com essa merda.

Pegou o celular na esperança de criar mais uma distração. Ia buscar por um vídeo aleatório ou uma série de memes que pudesse fazê-lo rir. Foi nesse momento que percebeu que havia uma notificação do Instagram. Ele hesitou, como se o aparelho queimasse, como se já soubesse o que estava por vir. Pegou o celular devagar e sentiu os dedos tremerem enquanto checava o que era.

E, então, viu.

uchiha.sas tinha pedido para lhe seguir.

Seu coração parou e, num instante, tudo voltou: a excitação, o medo, a culpa, a vontade.

Por que ele fez isso?

Ele tá me provocando?

Ele sabe o que fez comigo?

Os dedos tremularam sobre a tela. Uma parte dele queria negar, bloquear, deletar, fugir. Outra, queria aceitar a solicitação para abrir o perfil, ver cada foto, cada detalhe, cada prova de que aquilo tinha sido real. E a pior parte?

Ele queria que o moreno soubesse. Que ele visse. Que ele sentisse o mesmo.

Com um gemido abafado, Naruto jogou o celular no sofá e enterrou o rosto nas mãos.

Eu tô fodido.

Ficou ali por um tempo, pensando no que faria. O jogo de futebol continuava na TV como um ruído. O celular, que era para ser outra distração, havia se tornado algo aversivo de imediato... Aliás, não apenas aversivo, mas um objeto que evocava ansiedade e até mesmo expectativas.

Eu não posso...

A questão era que não via problema nenhum no fato de alguém gostar e de se relacionar com outro do mesmo gênero. Convivia com pessoas assim e acreditava que amor era amor, independentemente de com quem se envolve... Nunca vira diferença entre um casal hétero e um homossexual. Além disso, admirava a coragem de quem saía do armário em um mundo completamente LGBTQIA+fóbico e hipócrita. Mas ele... ele não podia ser assim. Não porque era o alecrim dourado ou algo do tipo, mas porque seu pai...

Minato Namikaze era um homem rígido e tradicional, e a homossexualidade, para ele, era uma vergonha inaceitável. Se descobrisse que o filho tinha se envolvido com um homem, não hesitaria em cortar a mesada que mantinha Naruto na faculdade. E, sem isso, ele teria que trancar o curso, abandonar o sonho de se formar e de construir uma vida independente.

E tinha os amigos.

Não sabia ao certo como eles reagiriam. Não queria zoações para o seu lado e até mesmo questionamentos de que ele não seria “homem de verdade” por se relacionar com outro cara. Não queria ser abandonado e muito menos excluído dos rolês, dos games, do futebol e afins.

E tinha o curso.

Ele era visto como um bom aluno. Não apenas na sala de aula, mas era o melhor no time de futebol da atlética. Não perdia um jogo sequer, nenhum campeonato, nenhum desafio. Os jogos interatléticos eram sua paixão. Não via aquilo como apenas uma oportunidade para farra, mas sim para competir e mostrar seu talento nato para o esporte. No time, infelizmente, havia uma patota de homofóbicos que chamavam uns aos outros de “viadinho” de forma pejorativa. Não queria ser o “viadinho” de verdade naquele espaço.

E tinha as garotas.

Naruto era conhecido como “Apolo” entre elas, uma alusão ao deus grego que normalmente é representado com cabelos loiros. Havia uma competição entre as alunas do curso de Administração e até mesmo das de Contabilidade e Economia para ver quem ganhava sua atenção nos corredores e, principalmente, nas festas universitárias em que a sacanagem rolava solta. Ele era o tipo de pessoa que se deixava levar completamente pela bagunça, chegando até a ser um pouco inconsequente a ponto de ficar com várias moças e esquecer o rosto e o nome de mais da metade delas.

Mas Sasuke... Lembrava-se bem daquele nome, daquele rosto e até mesmo de detalhes que estava se esforçando para tentar esquecer. Por um instante, fechou os olhos e, considerando todo aquele peso dos contras de estar atraído por outro homem, sentiu uma angústia sufocante. Não era justo. Por que algo tão simples - um momento, um desejo - tinha que virar uma condenação? Por que ele tinha que escolher entre ser honesto consigo mesmo e entre ter uma imagem que precisava manter diante das pessoas?

Inferno.

Finalmente, criou coragem e pegou o celular. Pensou novamente em excluir a solicitação, mas considerou que aceitar e tê-lo ali na lista de amigos não era algo tããão absurdo. Não seria de todo ruim e muito menos algo que entregaria o ocorrido para as outras pessoas, não é mesmo?

Aceitou. E, imediatamente, apertou o “seguir de volta” sem mesmo racionalizar. Tão logo fez isso, veio a aceitação.

Cacete, ele tá online.

E estava mesmo, mas nem OUSOU enviar uma mensagem. O problema foi que seu dedo começou a deslizar quase que involuntariamente pela tela do celular, percorrendo cada foto, cada postagem, cada detalhe do perfil do moreno. Havia algo hipnótico naquilo - como se, ao vasculhar aquelas imagens, ele pudesse decifrar o enigma que Sasuke representava.

Primeiro, as fotos em que estava sozinho. O Uchiha em preto e branco, olhar distante, quase desafiador, como se encarasse a câmera com a mesma intensidade com que encarara Naruto naquela noite. Depois, outras com pessoas que pareciam importantes: um homem que era praticamente a sua cara e um pouco mais velho (seu irmão?), fotos com as garotas com quem ele estava no dia fatídico (amigas, certo?), fotos em viagens, paisagens bonitas e... porra, pera lá.

Fotos no campus da Universidade de Konoha.

Seu coração deu um salto quando reconheceu os prédios, a biblioteca central, o jardim das cerejeiras, o estacionamento lotado de bicicletas. Tudo tão familiar, tão comum... até que viu a legenda de uma das fotos: "Estudando para a prova de Direito Romano. Sobrevivendo."

Direito. As salas do curso de Direito ficavam EXATAMENTE no mesmo prédio que o de Administração.

Fo-deu.

Neji havia comentado algo sobre aquilo, sobre a possibilidade de Sasuke estar no curso por conta da família ou algo do tipo. Tudo bem que estava ainda no primeiro trimestre das aulas, mas Naruto estava no segundo ano do curso. Como CARALHOS, então, ainda não haviam se encontrado por ali? Ou, na verdade, podia até ter visto de longe ou passado por perto, mas com certeza não se lembrava. Ou o Uchiha era aluno transferido, ou definitivamente não compartilhavam um interesse sequer em comum para não terem se esbarrado em festas, eventos e em jogos das atléticas antes.

Parando para pensar, o moreno realmente não tinha jeito de quem apreciava os rolês de - como Kiba havia mencionado - hétero top. Se fosse da atlética, não estaria no time de futebol. Se fosse para festas divulgadas no campus, dificilmente estaria em uma cervejada que era o antro do bando de heterossexuais. Também não devia ser o tipo de pessoa que se juntava com amigos idiotas para jogar Call of Duty ou Counter Strike.

Não mesmo.

Bom, a se considerar que, até ontem, ele não prestava atenção em homens, Sasuke realmente poderia ter passado despercebido naquele contexto.

Até ontem...

Uma parte sua queria rir da ironia. A outra queria jogar o celular longe. Agora, o Uchiha não era só um rosto em um perfil e um fantasma de uma noite que tentava enterrar. Ele era real, estava ali, no mesmo lugar, todos os dias. E pior: ele poderia aparecer a qualquer momento. Na cantina. Na biblioteca. No banheiro do térreo que sempre ficava lotado depois das aulas.

E, agora, o bonito tinha acesso ao seu perfil também. Ia descobrir, eventualmente, que o Uzumaki era aluno da Universidade de Konoha. Ia saber de seu convívio ali, com quem interagia, os lugares ligados ao curso que frequentava, os eventos da atlética... E a porra dos comentários de pura babação de ovo em suas fotos das garotas que seguiam seu perfil. Isso lhe trouxe à memória uma fala do moreno:

Por que não prova, então, que é hétero e que a noite passada foi só um surto?

Me beija agora. Só pra testar.

E ele beijou. E percebeu que a porra do teste de "hétero" tinha falhado miseravelmente. Não só havia beijado, como transado com o outro mais uma vez.

Respirou fundo... E a paranoia começou.

E se Sasuke começasse a comentar em suas fotos chamando-o de gay? E se ele começasse a responder os comentários das garotas dizendo que Naruto gostava de foder com homens também? E se...

Naquela noite, mal conseguiu dormir. Ficava checando o celular feito louco para ver se alguma notificação sobre algo do tipo viria. Percebeu que, além disso, também havia a esperança de que uma mensagem do moreno chegaria, mesmo que fosse para zoação ou algo do tipo, mas que demonstrasse que queria manter o contato.

Nada.

Por que inferno eu tô querendo isso?

Não sabia. Aliás, estava jogando tão forte aquilo tudo “debaixo do tapete” que estava confuso com as reações do próprio corpo confrontando suas crenças de que não poderia, jamais, se interessar e se relacionar com alguém do mesmo gênero. O problema era que: uma hora, o tapete se levantaria. Não fazia ideia de como lidaria com isso quando o momento chegasse.

 

_______________________________

 

O sol da manhã batia forte no campus da Universidade de Konoha, iluminando os caminhos de pedra onde estudantes conversavam e riam, indo e vindo entre as aulas. Naruto caminhava com passos pesados, com as mãos enfiadas nos bolsos do moletom e o olhar fixo no chão. Cada passo parecia arrastar junto o peso do fim de semana.

Porra, por que eu não consigo parar de pensar nisso?

Sábado tinha sido uma loucura de dia. Domingo? Bom, domingo tinha sido pior. Não só tinha ficado checando o celular como um idiota para evitar comentários indesejados em suas fotos, como tinha ficado que nem um adolescente besta esperando mensagem do crush ou uma curtida em post ou story sequer.

Nada. Absolutamente NADA. Por que caralhos, então, Sasuke tinha seguido ele no Instagram?

O pior era que... Bom, ele tinha batido mais uma punheta pensando nele, principalmente porque naquele momento tinha mais material de inspiração além das memórias. Era um inferno... A imagem do outro invadia sua mente sem pedir licença: o cheiro de álcool e cigarro da balada, o toque gelado dos dedos dele na sua nuca, o sabor amargo daquela bebida misturado com o gosto da boca do Uchiha...

Fechou os olhos por um segundo, tentando se concentrar no barulho dos pássaros, no vento batendo nas árvores e em qualquer coisa que não fosse aquilo. Mas era inútil. Quanto mais tentava esquecer, mais vívido ficava o calor daqueles momentos, principalmente o jeito com que Sasuke o tinha encarado depois, como se soubesse exatamente o que estava fazendo com sua cabeça.

Bem-vindo ao vale LGBTQIA+, Naruto. - Ele tinha dito.

O Uzumaki suspirou. Apressou os passos e não ousou olhar para os lados. Seguiu feito um raio até o prédio do curso de Administração e entrou na sala de aula tão rápido que chegou a assustar alguns dos colegas que estavam próximos à porta. O primeiro a se manifestar foi Shikamaru.

- Caralho, Naruto. Tá fugindo da polícia ou só resolveu fazer cardio de última hora?

O loiro engoliu seco e os dedos apertaram as alças da mochila com mais força do que o necessário.

- Tô atrasado, só isso. - Respondeu, jogando a mochila na primeira carteira vazia do fundo da sala com um baque que fez Chouji, duas fileiras à frente, virar o rosto.

- Até parece. - O Nara encostou na cadeira, observando o suor na nuca do amigo. - Você não chega atrasado nem quando tá com ressaca daqueles rolês da atlética. E muito menos entra aqui parecendo que o demônio tá te seguindo.

- Vai ver tão perseguindo ele mesmo. - Chouji disse, rindo.

- Que nada! - A risada que saiu de Naruto foi estridente demais para ser convincente. - É só... calor. Vim correndo e tô de moletom, então... Né.

Shikamaru olhou para a janela, onde as árvores balançavam sob um céu nublado de início de outono.

- Claro. Um calor de rachar, sem dúvida. - O sarcasmo era claro em sua voz.

O loiro ignorou o comentário, afundando-se na cadeira e puxando o celular como se fosse um escudo. A tela continuava cruelmente vazia: nenhuma notificação, nenhuma mensagem, nenhum sinal do Uchiha.

- Vai dizer que não é mulher? - O Nara insistiu, agora com meio sorriso.

- Tá me interrogando por que, Shika? Arruma um hobby. - Naruto rosnou enquanto seus dedos checavam as notificações do Instagram para ver se havia alguma novidade ali que pudesse condená-lo.

Shikamaru levantou as mãos em rendição, mas o olhar perspicaz não se dissipou.

- Mano, se for caso de briga ou dívida de aposta, eu conheço um cara que... - Chouji começou, mas foi interrompido.

- Não é nada disso! - O loiro cortou, mais abrupto do que pretendia. Respirou fundo, tentando se recompor. - É... a porra do projeto de Marketing. Tô atrasado com a merda do slide de custos, e o professor já falou que vai chamar pra apresentar hoje.

A mentira escorregou fácil demais da língua. Shikamaru franziu o nariz e Chouji acenou com a cabeça. Os dois claramente não compraram a história, mas antes que pudessem questionar, a porta da sala se abriu com um estrondo. Naruto quase pulou no lugar, mas era só Hinata, entrando com uma pilha de livros e um sorriso tímido. Seu coração, que por um segundo acelerara como se fosse explodir, voltou a bater em ritmo normal - só para acelerar de novo quando o celular vibrou em sua mão.

Uma notificação.

uchiha.sas curtiu sua foto.

O corpo de Naruto se arrepiou. Sentiu como se tivesse levado um choque. Os dedos formigaram, e um calor repentino subiu pelo seu pescoço, queimando até as pontas das orelhas.

Por que caralhos ele curtiu minha foto AGORA?

A mente rodopiou em contradições: Sasuke não tinha mandado mensagem, não tinha dado sinal de vida o fim de semana inteiro, mas agora, no meio da puta de uma manhã de segunda-feira, decidia aparecer? E pior: qual foto ele tinha curtido?

Naruto abriu o perfil com os dedos trêmulos, quase sem fôlego. Era uma foto de três semanas atrás em que segurava o troféu da última interatlética, sorrindo como um idiota e com a camiseta do time suada e colada ao peito. Nada demais. Nada comprometedor. Mas o simples fato de o Uchiha ter visto, ter clicado naquela merda, feito questão de deixar um rastro digital...

Isso significa o quê?

Ou será que ele só estava... zoando? Provocando? Marcando território?

- Uzumaki. - A voz arrastada de Shikamaru cortou seus pensamentos. - Ou você tá tendo um AVC ou acabou de receber nudes. Qual é? Vai, conta pra gente.

Naruto fechou o celular com um clique seco, engolindo em seco.

- N-Nada. Só... uma galera enchendo meu saco.

Chouji, que havia puxado um pacote de biscoitos, inclinou-se para frente com um sorriso maroto.

- Ahã. "Enchendo o saco". - Fez aspas com os dedos. - A última vez que você ficou assim foi quando o namorado da TenTen te pegou dando em cima dela.

- Não "tô assim"! - Naruto esbravejou, fazendo aspas também.

- Claro que não. - O Nara cruzou os braços. - Só tá vermelho que nem pimenta, suando que nem porco e olhando pro celular como se ele fosse explodir. - Inclinou-se para o lado, tentando espiar a tela. - Aposto que é mulher. Alguém que você comeu e agora tá te cobrando.

- Ou pior - Chouji deu uma risadinha, jogando um biscoito pra cima e pegando com a boca – Uma cocota falando que tá grávida de ti.

- CALA A BOCA, PORRA! - Naruto quase pulou da cadeira, e alguns alunos viraram para olhar.

Shikamaru soltou um suspiro, mas os olhos estreitos denunciavam a diversão.

- Relaxa, cara. Se for caso de pensão, a gente faz vaquinha.

O loiro ia responder com outro berro quando a porta da sala se abriu abruptamente.

O professor de Marketing, um homem alto e de óculos quadrados, entrou com passos firmes, jogando uma pasta em cima da mesa.

- Bom dia, futuros desempregados. Quem não entregar o slide de custos até o fim da aula pode ir se preparando pro exame.

O silêncio caiu sobre a sala, e Naruto, ainda com o rosto em brasa, afundou na cadeira, aliviado pela interrupção. Porém, o celular continuava sendo uma preocupação.

Por que você fez isso, Sasuke?

E, mais importante: o que você quer de mim?

 

_______________________________

 

O fim da aula de Marketing finalmente chegara e Naruto enfiou o celular no bolso às pressas, tentando disfarçar a agitação que ainda fervilhava em seu peito. Shikamaru e Chouji já estavam de pé, alongando-se com aquela preguiça clássica de quem preferia estar em qualquer lugar menos na sala de aula.

- Vamos, Uzumaki. Lee já deve tá no centro acadêmico, cheio daquela energia insuportável de sempre - O Nara resmungou, puxando a mochila com um braço só.

- Tá bom, tá bom - Naruto murmurou, seguindo os dois com passos arrastados.

O centro acadêmico de Administração ficava a poucos metros dali. O local era um retrato perfeito do caos típico de estudantes entre aulas e festas. As paredes ainda ostentavam o azul institucional, mas agora marcado por posters desbotados de eventos passados e fotos antigas de formandos com molduras arranhadas. Um mural cheio de recados escritos à mão e adesivos meio soltos completavam o visual nostálgico. No centro, uma mesa de madeira cheia de riscos - testemunha de incontáveis reuniões e trabalhos em grupo - era cercada por cadeiras modernas ergonômicas, ainda em bom estado, mas já com alguns ajustes improvisados (como aquela com um pé reforçado por fita adesiva).

O canto do entretenimento era uma mistura de eras:

• Um PlayStation 4 em cima de uma TV LED nova, mas com os controles mostrando sinais de uso intenso

• Puffs modernos em couro sintético, alguns já com pequenas marcas de desgaste

• Uma geladeira compacta novinha, mas cheia de ímãs de cerveja e adesivos de piadas internas

Os armários eram os mesmos de sempre - metálicos e resistentes, mas com arranhões e cadeados enferrujados - guardando desde materiais de escritório até estoques não-oficiais de café e salgadinhos. O cheiro? Café fresco da máquina nova misturado com o aroma característico de livros velhos e um leve vestígio de desinfetante. Era ali, entre o passado e o presente, que os meninos se reuniam com Lee, veterano do terceiro ano, para discutirem tanto assuntos sérios quanto bobagens.

Naruto estava tão concentrado no celular que não se atentou para algo que já sabia: o centro acadêmico deles era separado do de Direito apenas por um pequeno jardim e uma faixa de pedestres. Enquanto Shikamaru e Chouji adentraram o espaço, O Uzumaki ficou para trás, encostado em uma das colunas do prédio.

Sua cabeça começou a divagar novamente.

Por que aquela foto? Por que agora?

Abriu o Instagram de novo, como se a resposta pudesse ter aparecido magicamente nos últimos cinco minutos. Nada. Apenas a curtida ali, pairando como uma prova de que Sasuke sabia o que estava fazendo com ele.

- Esperando alguma coisa?

A voz surgiu de repente, tão próxima que Naruto sentiu o ar escapulir de seus pulmões. Ergueu os olhos num salto - e lá estava o Uchiha, em carne e osso, a menos de meio metro de distância. Ele estava de braços cruzados com um leve ar de desafio no olhar, como se já soubesse exatamente o turbilhão que seu simples ato tinha causado.

Naruto engasgou. O moreno estava lindo. Atraente. Gostoso.

- O quê? Não, eu-

- Gostou? - Sasuke interrompeu, inclinando-se um pouco para frente. Sua voz era baixa, quase íntima, mas carregada de provocação.

- Gostou do quê? - O loiro conseguiu articular a pergunta depois de alguns segundos em silêncio. Estava difícil, MUITO difícil, ser funcional com aquele ser ali ao seu lado.

- Da curtida. - O moreno encostou o ombro na coluna ao seu lado, estudando cada microexpressão sua. - Você ficou me stalkeando o fim de semana inteiro. Achei que devia retribuir.

Naruto sentiu o rosto pegar fogo.

- Eu NÃO fiquei te stalkeando! - Resmungou, mas a voz saiu mais aguda do que pretendia.

O Uchiha ergueu uma sobrancelha e seus lábios curvaram-se num quase-sorriso.

- Sério? Então por que você olhou stories meus durante o fim de semana todo.

Merda. Merda. MERDA.

Tinha esquecido de ligar o modo avião para ocultar as visualizações dos stories.

- Foi... acidente. - O Uzumaki mentiu, desviando o olhar.

- Claro. - Sasuke se afastou da coluna, fechando a distância entre eles. Agora, o loiro podia sentir o cheiro discreto do seu perfume, algo amadeirado, fresco... O mesmo perfume que havia lhe engatilhado perversões. - Só um acidente, igual a gente se esbarrar de novo hoje.

Naruto engoliu em seco.

- Você... sabia que eu estudo aqui?

- Óbvio. - O Uchiha encostou a mão no bolso, casual demais para a bomba que soltou em seguida:

- Assim como você sabia que eu tô no primeiro ano de Direito.

Antes que o Uzumaki pudesse responder, a porta do centro acadêmico de Administração bateu num estrondo.

- NARUTO, MEU AMIGO! - Lee apareceu como um furacão, com Shikamaru e Chouji atrás, que estavam com expressões suspeitas ao avistarem Sasuke ali. - O TREINO COMEÇA EM.. Oh. - Ele parou de repente, olhando entre os dois. - Vocês estão... ocupados?

 

O moreno recuou um passo, mas o olhar não saiu de Naruto.

- A gente continua isso depois. - Murmurou, baixo o suficiente para só ele ouvir. E, antes que alguém pudesse reagir, virou-se e começou a caminhar em direção ao centro acadêmico de seu curso.

- Uzumaki... - O Nara chegou ao seu lado com um olhar estreito. - Esse não é o cara do-

- Foda-se quem ele é. - Naruto cortou, girando nos calcanhares e marchando para dentro do centro acadêmico antes que pudessem fazer mais perguntas.

O loiro se jogou em um puff e começou a tirar as anotações sobre os próximos jogos da atlética da mochila. Os amigos se entreolharam, sem entender o que diabos havia acontecido ali.

Inferno.

E, para ajudar, SÓ PARA AJUDAR, o que aquele cretino havia dito "a gente continua isso depois", não parava de martelar em sua cabeça.

O que diabos ele queria dizer com isso? Continua como?

E a resposta, escondida nas profundezas de sua mente onde só o álcool tinha acesso, era perigosamente simples: Continua exatamente onde pararam no sábado.

Esmagou as folhas entre os dedos, olhou para os amigos que estavam agora se ajeitando na mesa e perguntou num tom de voz que beirava o desespero.

- Alguém aí lembra em que bar tem happy hour hoje?

- Por quê? – Lee perguntou, levantando uma sobrancelha.

Porque sim.

Porque ele precisava beber. Muito.

Só assim, DEFINITIVAMENTE só assim, para admitir o que de fato queria continuar com Sasuke.

Chapter 7: You're yes, then you're no

Chapter Text

 - Mate em três. - Sasuke disse olhando o tabuleiro de xadrez de relance. - Pretas vencem.

- Você não tem mais o que fazer não? - Suigetsu disse fechando a cara. - Porra, deixa a gente fingir que sabe jogar.

- Juugo sabe jogar. Você só finge mesmo. - O Uchiha voltou o rosto para seu livro que, definitivamente, não estava tão interessante.

- Claro que não. Ele consegue perder fácil de brancas. - Juugo soltou um riso sincero, mostrando o xeque-mate que Sasuke havia apontado.

- Quem foi que chamou o Sasuke pra nossa atlética mesmo? - O Hozuki ralhou.

- Bom, ele pelo menos tem chances de trazer uma medalha no xadrez. Já você, não faz mais do que um cone no time de futebol. - Juugo comentou e Suigetsu mostrou o dedo do meio. - Aliás, Sasuke. Você conhece o capitão do time da ADM?

- Hãn? - O Uchiha perguntou, sem tirar os olhos do livro.

- O Naruto. - Juugo lhe encarou. - Ele é uma pedra no sapato pra gente... Vi vocês conversando e tal.

O moreno fechou o livro. Queria soltar ali na roda que sim e que o tal loiro geladeira Electrolux, terror das calouras, carinha de hétero filhinho da mamãe, era um belíssimo candidato a príncipe arco-íris. Precisou conter o riso juntando toda a sua força de vontade, afinal, não ia querer que o "heterozinho" viesse encher o saco depois.

- Eu descobri que ele tá com um livro da biblioteca que estou precisando e, aparentemente, tá enrolando pra devolver. - Opa, a mentira foi boa. - Fui só pedir que fizesse a gentileza de parar de ser um estúpido e que devolvesse logo.

- Uoooooou. - Suigetsu arregalou os olhos. - Que intimidador. Eu teria medo de chegar dando de dedo naquele cara assim.

- As aparências enganam. - Sasuke piscou. - Ele pode ser alto e forte, mas por dentro deve ser uma flor.

- Falando em flor... - Juugo começou a falar, mas foi interrompido.

- BOM DIA MEUS VIADOS MARAVILHOSOS. - Sakura entrou no centro acadêmico e se jogou em um puff.

O centro acadêmico (CA) de Direito era conhecido como o “espaço dos coxinhas” por ser um local organizado e completamente cheio de frescuras. Além de acolhedor e bem cuidado, contava com sofás confortáveis e puffes, iluminação aconchegante e uma TV com um PlayStation 5, o que entregava a quantidade de “burgueses safados” no curso. Além disso, era possível de se observar livros jurídicos bem dispostos, medalhas e troféus da atlética expostos com orgulho e, para finalizar, um frigobar vintage com uma quantidade exorbitante de latinhas de energético.

- Eu acho engraçado o como sou colocado na classe "viado" só por ser amigo de vocês. - Suigetsu suspirou.

- Você não tem voz aqui não, hétero. - Sakura lhe apontou o dedo.

- Ain, heterofobica. - O Hozuki riu. - Vai, fala pra gente que o time de vôlei tá completo.

- Claro que tá. - Ela piscou. - Tanto o feminino como o masculino, tudo graças ao Juugo que joga todos os esportes.

- Fazer o que se gosto? - O ruivo disse, olhando Sasuke de soslaio. Um sorrizinho quase imperceptível brotou em seus lábios e, obviamente, Sakura não perdoou.

- E essa cara heim, Juugo? - A rosada ergueu uma sobrancelha. - Tá querendo flertar com o Sasuke?

Juugo quase caiu da cadeira e o Uchiha corou. Ele já havia percebido um sinal aqui e outro ali, mas tinha achado que era coisa de sua cabeça.

- Eu shippo, heim. - Ela completou, terminando de soltar a bomba.

- Deixa os dois, boca de caçapa. Se ficar tacando na cara é pior. - Dessa vez, Suigetsu foi quem se manifestou.

- Ora ora, temos dois Sherlock Holmes aqui. - Juugo tentou desviar o assunto. Estava visivelmente sem graça.

Sasuke riu. Sem escrúpulos, mediu Juugo de cima a baixo e, realmente: MUITO GOSTOSO. Além de alto e de ter um porte atlético, era um aluno exemplar. Mal havia começado o segundo ano de Direito e já estava envolvido em um projeto de pesquisa de Filosofia do Direito. Queria mais o que?

EEEEEEE

Também não parecia ser o tipo de cara que precisava beber para ficar com ele e dar uma boa foda. Definitivamente, não ia querer lidar com caras iguais a Naruto. Sem paciência para a palhaçada de "manter no sigilo".

MAAAAAAS

Tinha que confessar que ganhou o dia vendo-o pilhado olhando para o telefone naquela manhã. Ficou imaginando a expressão que tomou conta daquele rostinho maravilhoso quando pedira para lhe seguir. Por um instante, tinha achado que ele recusaria, mas não só aceitou como o segui de volta. E STALKEOU SEUS STORIES TODOS.

Hétero. Aham. Mentiroso.

- Cuida da sua vida, fancha. - Disse finalmente para a amiga, mostrando a língua.

 

_____________________

 

Naruto estava jogado no sofá acompanhado de uma latinha de cerveja. Porra, era segunda-feira, óbvio que os amigos não iam querer sair para encher a cara. Bom, já que era assim, ia fazer isso em casa, mesmo que sozinho.

Por um instante, pensou em mandar mensagem para Kiba ou Neji para poder dar uma desabafada, mas, naquele momento, não ia querer ninguém falando na sua cabeça sobre "expandir horizontes". Já bastava sua mente lhe torturando, imagina mais uma voz ali falando sem parar? Além disso, Shikamaru havia passado um bom tempo lhe perguntando se conhecia Sasuke. Precisou tirar uma mentira do cu naquela hora, pois não ia simplesmente falar: ah, é o cara que comi no fim de semana.

Suspirou.

Não sabia que o desgraçado era do time de xadrez. Isso significava que iam se cruzar nos jogos inter-atléticas. E A PORRA DO CENTRO ACADÊMICO DE DIREITO ERA NA FRENTE DO DE ADM. Que inferno de ironia do universo, heim?

A terceira latinha estava no fim quando sua mão escorregou quase que automaticamente na direção do celular. Foi andando até a cozinha para abrir a quarta lata enquanto rolava o feed do “desgraçado” que não parava de ocupar seus pensamentos. E, puta que pariu, como ele era bonito.

Fechou os olhos, como se aquele simples gesto pudesse apagar tudo de sua cabeça. Impossível, não é? Então, ia beber até que tivesse um pouco de paz, pelo menos naquela segunda-feira. Sabia que ainda assim ia ser atormentado por aquelas memórias nos dias seguintes, mas, bom, esse era um problema para o Naruto do futuro.

Naquele momento, queria apenas ficar... de boa. Terça-feira era dia de aula de uma matéria cujos créditos já havia cumprido, então, foda-se. Abriu o spotify em uma música qualquer, abriu a latinha e voltou para o sofá. Despretensiosamente, tirou uma foto da lata e postou um story:

"Jeito saudável de lidar com a tarde de uma segunda".

Jogou o celular de canto. Fechou os olhos e, por um instante, prestou atenção na música que até então era apenas um ruído no fundo.

 

So you say it's not okay to be gay, well, I think you're just evil (Então você diz que não é ok ser gay, bom, acho que você só é malvado)

 

Porra, mermão.

Eis que, uma notificação. Bastou isso para seu coração bater como uma britadeira. Pensou em ignorar, afinal, o álcool já estava subindo e para falar alguma merda desnecessária eram dois palitos.

Mas a curiosidade matou o gato, não é mesmo?

Pegou o aparelho, desbloqueou a tela e olhou. E, inferno, era Sasuke.

"Diluindo a heterossexualidade, é?". - Ele enviou no Instagram.

Desgraçado.

 

You say that I'm messing with your head, boy (Você diz que estou mexendo com sua cabeça, garoto)

I like messing in your bed (Eu gosto de bagunçar na sua cama)

 

Música do CARALHO.

Ficou PUTO. Aliás, não só isso. Estava ansioso, tenso e... esperançoso?

Não, não, não, olha a merda, mano. Chega dessa palhaçada.

 

Naruto diz:

Cara, que inferno. Vai ficar com essa palhaçada pra cima de mim agora?

Sasuke diz:

Corre que o hétero tá puto kkkk

Calma. Só mandei mensagem porque queria pedir o contato do Nara. Ele tá no time de xadrez da atlética de vocês e precisamos falar com ele.

Bufou.

Naruto diz:

E por que não falou com ele direto hoje?

Sasuke diz:

Ele disse que era um saco preencher papelada dos jogos e que faria isso depois... e sumiu. Não responde no Instagram também. Então, fofo, poderia fazer a gentileza de enviar o contato dele? É com ele que quero falar, tá? Não se acha não.

Filho da puta.

Naruto diz:

(Contato Shikamaru)

Sasuke diz:

Obrigado.

Tic-tac. Tic-tac.

 

Naruto diz:

ei

Merda merda merda merda.

Sasuke diz:

?

Naruto diz:

Podemos conversar... sobre o fim de semana?

Sasuke diz:

Ora ora. Achei que não tinha nada a declarar, mas, já que é assim... pode falar.

....

Naruto diz:

Pessoalmente? Pode ser?

 

Cacete cacete cacete cacete.

Sasuke diz:

Só se você morar perto do centro e se for agora. Estou por aqui e me recuso a fazer uma Odisseia pra encontrar vossa senhoria.

 

Naruto diz:

(Manda localização)

Sasuke diz:

Estou a 3 quarteirões daí. Que mágico, não?

Naruto diz:

Vem ou não, engraçadinho?

Sasuke diz:

10 minutos e pode descer. Estou indo.

 

Naruto jogou o celular no sofá. Porra, no que estava pensando? Já estava meio alto de álcool, como ia conversar sobre o que acontecera entre os dois? No momento estava mal ligando o lé com cré... Mas precisava, precisava entender e apenas sentir que botou um ponto final. E pedir, puta merda, pedir que Sasuke o evitasse em qualquer lugar que estivessem. Prometeu a si mesmo que, depois disso, ia deixar de segui-lo e o excluir da lista de amigos no Instagram.

Aquilo estava indo longe demais por conta de apenas um fim de semana. Nunca tinha acontecido algo assim antes, afinal, era sair, se divertir e transar - muito. Apenas isso, só isso. Ninguém ficava em seus pensamentos desse jeito, afinal, estava passando longe de relacionamento sério. Com isso, “levantou uma parede dentro de si” para evitar sentimentos confusos.

Não que ele pensasse em algo do tipo com o Uchiha. Longe disso. Porém, a sensação física, as memórias, o tesão... tudo aquilo estava sendo um inferno. Tentou concatenar ideias sobre o que falaria. Não precisava de rodeios, seria sucinto e objetivo: chega e suma. Só. Viva sua vida, eu vivo a minha, foda-se esse negócio de querer questionar a minha sexualidade e pronto.

Não demorou muito para o barulho do interfone invadir o apartamento. Levantou do sofá num pulo e sentiu o corpo tremer de leve enquanto se dirigia para atender. As pernas vacilaram um pouco, mas a cabeça estava a mil.

- Quem é? - Já sabia quem era, óbvio.

- Oficial de justiça do Vale Homossexual. Vim te intimar. - A voz respondeu irônica do outro lado.

- Tsch, seu idiota.

- Tem um pessoal entrando aqui, vou aproveitar e ir junto. Qual o apartamento? - Sasuke disse rindo.

- 404.

- Ótimo. Subindo.

Pronto. Agora não tinha mais volta.

 

___________________

 

Por um instante, Sasuke se questionou o porquê de estar ali. Estava engajado em sua rotina da tarde, tomando um ótimo chá com limão em uma livraria, quando se lembrou de que precisava falar com Shikamaru Nara. Não fazia ideia de como achar o filho da mãe que não respondia em redes sociais, então, por conta da urgência em resolver burocracias, resolveu mandar uma mensagem para o loiro padrãozinho.

Obviamente que ele ia surtar. E, obviamente que já se matava de rir imaginando a cara dele quando visse que recebeu um direct do cara que ameaçava sua heterossexualidade frágil. A vontade de seguir provocando e fazer inferninho era enorme, mas não tinha tempo para isso. E muito menos paciência para lidar com gente mal resolvida.

Mandou a mensagem e, claro, a resposta veio na defensiva total. Até aí, nada fora do esperado. Entretanto, como a vida era uma caixinha de surpresas, recebeu um convite inesperado para conversar sobre o fim de semana. Achou engraçado.

Já imaginava o que ia ouvir: toda uma ladainha de negação. Com certeza o idiota ia pedir para ele não falar sobre o que acontecera com ninguém e que evitassem qualquer tipo de interação.

Tão previsível.

Mas, a curiosidade de ver a cena deprimente fora o suficiente para lhe arrancar de seu ritual vespertino. Como estava ali perto, perguntou-se: por que não? Uma dose de diversão naquela segunda-feira parecia ótimo.

Caminhou até lá ouvindo a diva Demi Lovato. Pura ironia.

You want to play, you want to stay (Você quer brincar, você quer ficar)

You want to have it all (Você quer tudo)

You started messing with my head (Você começou a mexer com minha cabeça)

Until I hit a wall (Até eu acertar uma parede)

Maybe I shoulda known, maybe I shoulda known (Talvez eu devesse saber)

That you would walk, you would walk out the door, hey (Que você sairia pela porta - iria embora)

 

O problema, o grande problema, foi quando o desgraçado abriu a porta. Mesmo vestido de forma simples, de calça de moletom e uma camiseta da atlética do curso, estava uma delícia. Naquele momento, lembrou-se do porquê de ter levado o imbecil até sua casa.

E de ter sentado nele.

- Boa tarde, Naruto. - Disse após dar uma bela olhada no "material".

O loiro não disse nada. Segurou seu punho e o arrastou apartamento adentro. Olhou ao seu redor e percebeu que, para um hétero que supostamente morava sozinho, o lugar estava limpo e em ordem. Ele se jogou em um puff e apontou o sofá para Sasuke. Parecia ansioso para conversar, o que ligou o modo “filho da puta” no moreno que tirou o sapato bem devagar antes de se dirigir até lá.

- Você vai ficar enrolando de propósito, né? - O Uzumaki finalmente falou algo, franzindo o cenho.

- Vou. - Sasuke se sentou. - Assim como fiz contigo no beco. - Piscou.

- Desgraçado. - Apesar da expressão estar séria, um sorriso surgiu no canto de sua boca.

AHÁ.

- Você está cheirando a álcool. Quer mesmo fazer isso agora?

 Ok, agora estava perguntando sério.

- Sim... - O loiro suspirou. - Quer uma cerveja? - Desviou da pergunta. - Infelizmente, não tem chá aqui. Frescura do caralho tomar chá.

- Que rude. - O moreno fingiu estar indignado. - Eu aceito sim a cerveja.

Naruto se levantou e foi para a cozinha como um tiro. Sasuke riu daquilo. O cara estava desesperado, com certeza. Sim, ia ganhar a tarde com toda aquela comoção, ainda mais porque o senhor gostoso provavelmente já devia estar um pouco alterado. E a vontade de filmar e mandar para as amigas? Chegava a dar comichão.

O loiro voltou com duas latas e lhe deu uma. Pelo menos, bom gosto para cerveja ele tinha: trigo. Era sua favorita.

- Fala. - O Uchiha abriu a latinha e deu um gole longo.

- Vou ser breve. - Ele voltou a se jogar no puff. - Quero que esqueça o que aconteceu, que me trate como um desconhecido e que me exclua do Instagram.

- Só? - Sasuke riu. - O único problema é que esquecer não dá, né? Me diz aí se você não pensou em nada daquilo ontem e hoje.

Naruto corou.

Bingo.

- Tá vendo? - Continuou. - Mas, ok, considere o restante feito.

- Ótimo.

- Bom, a não ser que queira me oferecer mais uma cerveja, vou embora.

Ele vai me segurar aqui. Está me comendo com olhos.

O conflito interno de Naruto era quase palpável. O Uchiha, obviamente, estava adorando - com certeza ele ia oferecer mais uma cerveja. Bom, e quem sabe, o corpo também? Para falar a verdade, não seria nada mal uma foda bem dada antes de dizer "tchau, gay enrustida".

- Pode beber mais se quiser. - O loiro respondeu, por fim. Parecia hesitante, mas ainda assim, fez sua escolha. Provavelmente havia considerado mais a cabeça de baixo do que a de cima para tomar essa atitude.

- Pois eu aceito. Só porque é de trigo.

Silêncio.

- Você é do time de xadrez? -  Depois de alguns minutos, o Uzumaki perguntou. Parecia sem jeito.

Agora vai puxar assunto é?

- Entrei faz pouco tempo. Fiquei sabendo que vocês têm um excelente jogador, o Nara.

Sasuke resolveu dar corda. Queria ver até onde o hétero de araque iria antes de começar a se enrolar e se enforcar de vez.

- O CA nosso está cheio de medalhas de xadrez por conta dele. - O loiro comentou.

- E você joga xadrez?

- Não. Meu cérebro é pequeno demais pra isso. - Riu.

- Acho que concordo.

- Isso foi ofensivo.

- Era pra ser.

Silêncio.

Ok, minha vez.

- Naruto. - Começou, num tom calmo. - Podemos simplesmente começar de novo, o que acha? Querendo ou não, vamos nos encontrar por aí por conta das atléticas.

- O que você quer dizer com isso? - Os olhos azuis lhe encararam. Já estavam baixos, provavelmente por conta do álcool.

- Sei lá. - Deu de ombros. - O que acha de me falar um pouco de ti? A gente não precisa ser best friends forever... Só... colegas?

- Não sei... - O loiro pareceu relutante.

- Vergonha de ter um amigo gay, é? - O Uchiha perguntou, arqueando uma sobrancelha.

 

- Eu posso ser idiota, mas não escroto. - Ele coçou a nuca. - Tenho amigos bissexuais e homossexuais, e são amigos que gosto muito.

- Então, qual seria o problema?

Silêncio de novo.

- Porra, Sasuke... Sério? Esqueceu que a gente transou? Eu nunca...

- Fodeu com um amigo?

- É. - O Uzumaki bufou.

- E com uma amiga? Porque tipo, seria a mesma coisa.

- Não é bem assim. - Naruto se levantou para buscar mais cerveja. - Você sabe que não é simples assim.

-  Seria problemático se você quisesse repetir aquela noite. - O loiro não viu, mas o Uchiha tinha um sorriso ladino nos lábios. - Não seria o caso, né?

- Não. - O Uzumaki voltou e lhe entregou mais uma latinha.

Aham.

- Ótimo. Então podemos conversar numa boa, certo?

Naruto parou em sua frente e lhe encarou. Franziu o cenho como se estivesse refletindo e escolhendo as palavras que viriam a seguir. O corpo parecia rígido, mas o que realmente chamava a atenção de Sasuke era que o desgraçado, bêbado, puto, ou seja lá o que, era um convite à promiscuidade.

A verdade, infelizmente, era que o dito cujo não saíra de sua cabeça o fim de semana todo. Hétero ou não, tinha que admitir que a química fora incrível e que poderia sentar nele mais umas quinhentas vezes. E, a julgar pelo teor da conversa, ele não fora o único que ficou mexido ali.

- Você fez de propósito? - O loiro perguntou. Sua expressão era séria, mas algo a mais estava ali.

Desejo? Tesão reprimido?

- Não sei do que está falando. - O Uchiha mentiu.

- Você me mandou a porra de uma solicitação no Instagram, Sasuke. Por que fez isso?

- Ué? É algum tipo de crime?

E lá vamos nós...

- Não, mas porra... Eu não queria... Foi errado, eu...

- Não era isso que parecia. - O moreno riu. - Eu te segui por curiosidade, só isso.

- Aham. - Ele se jogou no puff. - Curiosidade o caralho.

- Você que pediu para me seguir de volta, idiota. Podia ter ignorado.

- Foi sem querer.

- Claro que foi. - Sasuke disse, irônico. - Fuçar meus stories também foi sem querer?

- Foi pra provar pra mim mesmo que aquilo não foi nada! - Naruto esfregou as mãos no rosto, impaciente. - Eu PRECISAVA olhar pra ti e não sentir meu corpo reagir. Entende?

O moreno se levantou. Pousou a latinha no braço do sofá e caminhou até o outro. Parou em sua frente e se ajoelhou, de modo que ficassem na mesma altura e ele pudesse encarar o loiro diretamente nos olhos. Viu o maxilar travar, a mão apertar mais a lata e o punho cerrar. Mesmo assim, ele não recuou.

- E então? Conseguiu? - O Uchiha perguntou. Seu tom de voz era baixo, calmo e um tanto provocativo. Aquele definitivamente era o momento de puxar a corda em que Naruto havia se enrolado.

- Falhei... E tô falhando miseravelmente agora também. - Ele admitiu, fechando os olhos.

Xeque-mate.

 

___________________

 

Foi só a porcaria do álcool entrar para o senhor sincericídio tomar o controle de Naruto quase que completamente. Era o que? A sexta, sétima, oitava latinha de cerveja? Já não sabia. Achou que poderia manter minimamente a razão e ter uma conversa breve, esclarecedora e só. Tchau. Porém, a coisa saíra completamente do eixo quando abriu a porta e o viu lá, parado, com aquela expressão sarcástica e desafiadora.

Céus... Precisou juntar toda a porra de seu autocontrole para não o agarrar ali mesmo. Era automático, instintivo, irracional... O corpo simplesmente reagia e sua cabeça o bombardeava com todo o tipo de sacanagem possível. Diante disso, tomou as atitudes mais imbecis possíveis: bebeu mais, puxou assunto e ainda ofereceu cerveja.

Parabéns, estúpido.

Tentou, mais de uma vez, respirar, limpar a mente e pedir para que Sasuke fosse embora. Não conseguiu... Era pensar em falar que seu corpo o traía, pedindo que o segurasse ali para poder observar melhor cada traço, cada detalhe... Cada pedacinho dele. E quem sabe...

Inferno, NÃO!

Na medida em que o álcool subia, sentia seu juízo desaparecer, suas crenças se dissolverem e o modo inconsequente do foda-se prestes a ser ligado. Foi o Uchiha parar de frente para si, bem próximo e de joelhos, que resolveu jogar a toalha.

- Falhei... E tô falhando miseravelmente agora também.

Bom, foda-se.

E o que desgraçado fez? Riu. Soltou uma bela de uma gargalhada antes de encará-lo novamente.

- Eu falhei quando você abriu a porta. Estamos quites, então? - Ele disse por fim.

Foda-se mesmo, não dá mais.

Bastou isso para as travas da consciência sumirem. Naquele momento, qualquer coisa sobre sexualidade e afins simplesmente foram para a puta que pariu.

O moreno fez menção de se levantar, mas Naruto o puxou pelo cós da calça, derrubando-o em cima de si.

- O-o que você tá fazendo? - Ele perguntou, surpreso.

- Vai correr? - Provocou.

Os rostos estavam praticamente colados e sentiu o cheiro amadeirado que havia impregnado em suas roupas no fim de semana. Aquilo fora o suficiente para sentir o corpo todo vacilar e esquecer do real motivo do “príncipe gótico” estar na sua sala. Seu coração batia como um tambor descompassado, ecoando nos ouvidos enquanto um calor se espalhava por todo o seu corpo. Bom, ele não era o único “desconsertado ali”. Era possível de se perceber a respiração irregular do moreno, quente contra seus lábios.

E Naruto não resistiu.

Apertou a cintura estreita do Uchiha com mais força, puxando-o até haver MEIO CENTÍMETRO os separando.

- Falhou também, foi? - Naruto sussurrou com a voz rouca, enquanto seus dedos exploravam a curva das costas de Sasuke.

O atrito entre seus corpos era eletrizante. Santo álcool, não? Cada movimento, mesmo o mais sutil, fazia seu sangue ferver. O moreno estava tenso, mas não o suficiente para disfarçar o tremor que percorreu seu corpo quando a parte de trás de sua coxa foi agarrada com firmeza.

- Idiota… - O Uchiha rosnou, mas a voz saiu mais como um suspiro quando Naruto arqueou os quadris para cima, esfregando-se contra ele de um jeito que fez os dois perderem o fôlego.

Modo foda-se ligado. Modo FODER completamente ligado.

O Uzumaki sorriu, malicioso, sentindo a tensão entre eles se transformar em algo pesado, quente e inescapável. Naquele momento, não conseguia mais pensar em nada além de como aquela boca orgulhosa estaria ainda mais vermelha se ele a mordesse devagar…

- Seu corpo diz que sim. - Ele desafiou.

Sasuke ficou em silêncio. Por um instante, achou que ele recuaria, mas a mente do Uchiha, aparentemente, também estava sendo traída por seu corpo, que agora cedia aos puxões e pela busca por contato. Num ato de pura provocação, Naruto fechou o espaço que restava selando seus lábios nos dele.

E o moreno retribuiu.

O beijo era puro fogo e ânsia, com as línguas se encontrando num ritmo que deixava Naruto sem ar - mas ele não queria respirar, não se isso significasse interromper aquele mundaréu de sensações. Suas mãos, antes firmes na cintura de Sasuke, agora deslizavam sob a camiseta preta, explorando cada centímetro da pele alva e quente que encontrava pelo caminho.

A cada toque, os músculos do moreno contraíam e deixam ali um sinal de arrepio. Naruto não resistiu e arranhou levemente as costas, ouvindo um gemido abafado contra seus lábios.

- Tão sensível… - Ele murmurou, quebrando o beijo só para roçar os lábios na linha da mandíbula do Uchiha, descendo em direção ao pescoço.

Seus dedos continuaram com a “tortura”, até que finalmente encontrou o alvo: deu um beliscão firme no mamilo, torcendo levemente. O resultado foi imediato.

- Nh-! - Sasuke arqueou as costas.

- Gosta? - Provocou, roçando os lábios na orelha do moreno enquanto repetia o movimento, mais devagar agora.

O Uchiha não respondeu, mas a respiração acelerada e os dedos que se enterravam em seus ombros diziam tudo. O loiro sorriu, malicioso, e aproveitou para morder o pescoço exposto, sugando a pele até deixar uma marca vermelha e úmida.

- Naruto… - Sasuke rosnou, mas o tom saiu mais como um gemido.

- Isso, geme meu nome. - E seguiu com as mordiscadas.

A mão livre desceu para agarrar a coxa do moreno, puxando-o ainda mais para perto, até que seus corpos se encaixassem perfeitamente. O atrito era deliciosamente cruel, e Naruto podia sentir cada tremor, cada suspiro e cada batida acelerada do coração do outro. Ele queria mais - precisava de mais - e, pelo olhar embaçado do Uchiha, sabia que era recíproco.

 

_____________________

 

O ar escapou dos pulmões de Sasuke quando Naruto, com movimentos impacientes, puxou sua camiseta para cima, arrancando-a de uma vez e deixando sua pele exposta ao seu olhar carregado de malícia. Ele não teve tempo de processar a sensação antes que suas próprias mãos agissem por instinto: os dedos agarraram o tecido da camiseta do outro e a puxaram para cima, revelando o torso bronzeado e esculpido de Naruto.

Maldito seja.

O corpo do loiro era definido, forte e um belo de um pedaço de mal caminho. O abdômen tenso, as curvas do peitoral, a linha que descia até o cós da calça... tudo nele parecia feito para atrair Sasuke e fazê-lo perder o pouco de sanidade que ainda tentava manter. Seus dedos tremeram levemente quando tocaram a pele quente, sentindo o coração acelerado dele pulsar sob suas mãos.

- Você… - O Uchiha tentou falar, mas a voz sumiu quando o Uzumaki sorriu, selvagem, e puxou-o com força, colando seus corpos novamente.

Os lábios do loiro encontraram seu pescoço, fazendo com que todo o seu fôlego sumisse de repente. Naruto não beijou - ele devorou. Cada toque de língua, cada mordida calculada, cada roçar de dentes fazia o sangue de Sasuke ferver.

- Ah, ahn! - Um gemido escapou quando o maldito encontrou aquele ponto logo abaixo de sua orelha, sugando com força suficiente para deixar uma marca... Mais uma.

- Gosto assim... - O Uzumaki rosnou contra sua pele.

Eis que.. Uma “mão boba” desceu até seu quadril e o apertou com possessividade fazendo-o estremecer. Porra, aquilo estava bom. Bom até demais.

Sasuke sabia que TINHA parar aquilo. Sabia que era perigoso, que estava perdendo o controle - mas enquanto tentava juntar forças para isso, Naruto mordeu sua clavícula.

- Não podemos... – Ele tentou se afastar, mas seus esforços eram em vão.

O loiro parou. Os olhos azuis, cheios de desejo o encararam por um instante.

- Por quê?

- Porque você, idiota, vai ficar pilhado depois. – Finalmente conseguiu se desvencilhar e rolar para o lado. Precisava se distanciar, se não, não teria mais como parar.

- É só ficar entre a gente... Ninguém mais precisa saber. – O Uzumaki tentou se aproximar novamente, mas o moreno o afastou com as mãos.

- Vai me tratar como algo grotesco que precisa ser escondido, é? – Seu tom de voz era sério. – Como um brinquedo sexual que você tem vergonha de mostrar?

- Não, porra! Não é bem assim.

- É assim SIM. – O Uchiha berrou. O desejo, agora, se misturava com raiva, frustração e indignação. Era muita audácia sugerir uma coisa dessas.

Naruto girou o corpo e parou em cima de Sasuke. As mãos, posicionadas uma em cada lado de seu rosto, o impediam de sair dali. E, mais uma vez, as malditas safiras o encaravam e as marquinhas nas bochechas deixavam aquele sorriso mais lindo e sapeca. Como manter-se racional assim? Era simplesmente impossível.

- Olha nos meus olhos e diz que não quer nada. – O loiro se aproximou, deixando o rosto poucos centímetros dos seus. – Só fala e eu paro.

Pronto. Autocontrole disse adeus. Céus... Sabia que ia se arrepender tanto depois, se culpar e até mesmo querer amaldiçoar aquele corpo delicioso. Ia simplesmente agir contra todas as suas regras, contra o fato de não ter paciência para lidar com curiosos e muito se sujeitar às babaquices de coisas no sigilo. Porém, como recuar com a oitava maravilha ali, sobre si, tomado completamente pelo tesão?

Que se dane tudo.

Seus dedos se enrolaram nos cabelos loiros e os puxaram com força. Deixou-se se entregar, afinal, seu corpo ansiava por mais. Sabia que aquilo seria como gasolina jogada em brasas que queriam - precisavam - se apagar. Mas, naquele momento, tudo o que queria, era aquele maldito para si.

- Já entendi… - Naruto murmurou entre os beijos, enquanto uma das mãos deslizava pelo seu abdômen tenso, com os dedos traçando os contornos como se estivesse explorando um território novo.

Sasuke prendeu a respiração quando os lábios quentes finalmente tocaram sua pele, logo abaixo do umbigo.

- Naruto… - Ele tentou alertar, mas a voz saiu mais como um suspiro quebrado quando o movimento foi repetido. Dessa vez mais devagar, mais intencional, descendo em direção ao osso do quadril.

E então, como se não bastasse toda aquela tortura, a mão ligeira deslizou sobre sua ereção, pressionando com a palma através do tecido da calça. Um choque de prazer percorreu seu corpo inteiro, fazendo-o arquear as costas involuntariamente.

- Tá durinho pra mim, huh? – O Uzumaki provocou e seus dedos apertaram levemente a região, aumentando a pressão apenas o suficiente para fazer Sasuke estremecer.

O moreno cerrou os punhos e enterrou o lábio inferior para conter os sons que insistiam em escapar. Mas, aquele desgraçado estava atento a qualquer movimento seu e não ia deixar nada passar.

- Quero ouvir você gemer... - O loiro ordenou, antes de morder suavemente a curva de seu quadril, ao mesmo tempo que sua mão começava a esfregar com mais firmeza, criando um atrito perfeito, torturante.

O Uchiha sentiu as pernas tremerem e o calor se espalhando como lava em suas veias. Tentou fechar os olhos, mas Naruto parou de repente, fazendo-o abri-los novamente, só para se deparar com aquele olhar predatório.

- Não… não para. - Sasuke rosnou, como se implorasse por aquilo.

Naruto sorriu, satisfeito, e inclinou-se para frente com os lábios quase tocando os dele quando sussurrou:

- Então pede direito.

Maldito seja. Maldito idiota loiro e essa porra de sorriso de superioridade.

 

                                           _____________________

 

Os pensamentos de reprovação simplesmente haviam sumido da cabeça de Naruto. Naquele momento, havia apenas Sasuke, apenas aquele corpo maravilhoso que parecia ter sido esculpido pelos deuses. A razão tentava vir à consciência, mas o desejo e o tesão simplesmente suprimiam qualquer tentativa de interromper aquele momento. Queria provocar, torturar e devorar cada pedaço do moreno. Queria vê-lo pedir por mais, gemer seu nome e implorar para que o fodesse. Queria ver aquela pose de arrogância quebrada e mostrar que, quem mandava ali e ditava as regras, era ele.

Estava pressionando a ereção do Uchiha quando ele moveu seus quadris, buscando mais atrito. Bom, ele havia dito para pedir direito, o que não havia acontecido. Então...

Naruto afastou sua mão.

- Impaciente, hein? – Zombou.

Sasuke quase rosnou de frustração, o que deixava aquilo ainda mais excitante.

- Vai pedir ou não?

- C-continua. – O moreno cedeu.

Bom garoto.

- Vamos deixar isso aqui mais interessante então. – Provocou.

Com movimentos deliberadamente lentos, seus dedos desceram até o cós da calça do Uchiha, desabotoando-a com uma paciência que beirava o tormento. A boxer preta logo seguiu o mesmo destino, e, de repente, o membro estava exposto, latejante, com a ponta já umedecida.

- Todo molhado.... - Naruto murmurou, enquanto os olhos percorriam cada detalhe como se estivesse admirando uma obra de arte.

Sasuke corou. Tentou virar o rosto, mas o loiro curvou-se para frente e roçou seus lábios levemente na parte interna da coxa.

- N-Naruto… - O nome escapou como um pedido, um aviso, uma súplica.

O loiro sorriu contra a pele alva.

- Tá gostando, é? Porque eu ainda nem comecei.

Bom... Se fosse dizer por ele, estava gostando pra caralho. Puta que pariu, como estava. Estava completamente entregue e desesperadamente ansioso para mais, mas ia juntar o máximo de si para se conter e ir devagar. Afinal, queria apreciar cada momento e arrancar o máximo de pedidos e gemidos possíveis do outro.

O loiro cuspiu na própria mão e envolveu os dedos em torno do membro pulsante e apertou, começando com movimentos lentos e torturantes. O Uchiha se contorceu diante de seu toque e soltava gemidos abafados. Aquilo definitivamente era uma visão incrível.

De repente, os olhos escuros o encaram. Eram desafiantes, provocantes e desejosos.

- Você não teria coragem de ir até o fim, hétero. - Sasuke debochou. Sua voz estava rouca, mas ainda sustenta uma pitada de orgulho.

 

O loiro parou por um segundo com os dedos ainda envoltos no membro, e então... sorriu.

- Tadinho. Vai achar que tá no controle, né? - Rosnou, antes de mergulhar o rosto entre as pernas do moreno sem aviso.

Primeiro, veio a tortura.

Seus dentes fecharam leve, mas firmemente no interior da coxa de Sasuke, mordiscando a pele sensível, fazendo-o arquear as costas com um gemido rouco.

- Nh! Caralho...

Mas o moreno não conseguiu terminar. Naruto lambeu o mesmo lugar que acabara de morder, depois subiu, devagar, até o osso do quadril.

E então, mostrou quem mandava ali.

Envolveu os lábios em volta da ponta do pau do Uchiha, sugando com uma pressão perfeita, antes de descer lento até quase engolir por completo.

- F-Filho da put...! - O moreno gemeu e seus dedos se enterraram nos cabelos loiros.

Naruto não tinha pressa. Ele levantou os olhos, mantendo contato visual enquanto sugava com vontade. Com a mão que sobrava, apertou a base, torcendo levemente no movimento de subida.

- Desgraçado, para de me tortu... Ah!

O protesto se transformou em um grito abafado quando apertou as bolas, ao mesmo tempo que aumentava o ritmo. Quando viu que Sasuke estava completamente fora de si, interrompeu o movimento.

- Não foi você que disse que eu não teria coragem? - Provocou.

O moreno quase o xingou, mas então ele mergulhou novamente, dessa vez mais rápido e selvagem.

Queria ver o Uchiha quebrar e implorar por ele não apenas ali, mas onde quer que fosse. Ia fodê-lo com tanto gosto que, depois disso, o desgraçado arrogante iria passar dias o desejando. Seria ele o paranoico por mensagens. Seria Sasuke que se masturbaria pensando nele. Seria ele que perderia a sanidade.

E Naruto... Ele estaria ali para brincar. Se o moreno o deixava daquele jeito, por que não se divertir de vez em quando? Não precisava por sua sexualidade em xeque e muito menos pirar com o que diriam – pois tudo seria feito às sombras. Desde que ficasse no controle da situação, tudo ficaria bem e ele teria ótimas fodas casuais.

Eu mando aqui. Eu tô no controle... Sasuke não é nada além de um corpo gostoso que vai me satisfazer.

Chapter 8: That boy is a monster

Chapter Text

O ar escapou dos pulmões do Uchiha em um gemido rouco quando Naruto mergulhou de volta e, dessa, vez sem piedade. A língua quente e hábil do loiro explorava cada centímetro do seu membro como se fosse dele, como se tivesse nascido para isso e ele - Sasuke - era quem se contorcia, impotente, sob aquela boca maldita.

Seus dedos se enterraram mais fundo nos cabelos dourados, puxando com força contraditória, como se quisesse empurrar e, ao mesmo tempo, puxar para perto, sendo incapaz de decidir se aquilo era um castigo ou uma dádiva.

- Ah-ahmm! - O som escapou entre seus dentes cerrados quando Naruto afundou até o fim e a garganta quente roçava contra a cabeça do seu membro. O calor, a pressão, a ousadia daquele otário... era tudo uma ambivalência maldita.

E o pior? Ele sabia.

Sabia que o Uzumaki estava fazendo questão de provar um ponto, de mostrar que, mesmo bêbado, mesmo se escondendo atrás da desculpa de "hétero", ele tinha Sasuke completamente nas mãos.

- Vai… vai se foder - O moreno rosnou, mas a voz falhou quando Naruto soltou um leve hum vibrante contra ele, como se estivesse rindo. Como se duvidasse.

E então...

O loiro apertou.

A mão que estava na base do seu membro torceu levemente no movimento de subida, enquanto a outra continuou a massagear suas bolas com uma pressão calculada. Aquilo era completamente uma tortura deliberada e sádica.

- N-Naruto…! - Seu corpo arqueou quando a língua pressionou exatamente onde ele mais precisava, rápido demais, lento demais...

Ele estava perdendo o controle. E o desgraçado sabia.

O Uzumaki olhou para cima, com os olhos azuis brilhando com pura arrogância, e Sasuke sentiu algo dentro de si arder.

- Para de… fazer essa cara… e faz direito, seu merd...

A frase se dissolveu em um gemido alto quando Naruto, finalmente, finalmente, começou a mover-se com um ritmo implacável, sugando com força, mordiscando, dominando. Sasuke jogou a cabeça para trás e os músculos do abdômen tremeram. Ele não ia aguentar, não assim. Aquele maldito, definitivamente, não era hétero porra nenhuma. Ele sabia como fazer, como provocar, como fazê-lo pedir por mais.

E o pior?

Naruto nem ia deixá-lo pedir.

O Uchiha estava tão perto. O calor da boca de Naruto, a pressão perfeita daquela língua maldita, os dedos que sabiam exatamente onde apertar... Ele podia sentir o orgasmo se aproximando, uma tensão ardente nos músculos da barriga, nas coxas, na ponta dos dedos que ainda estavam enterrados nos cabelos loiros...

E então, Naruto parou.

De repente, o calor desapareceu. O toque sumiu. Sasuke arqueou as costas, ofegante, e seus olhos escuros se abriram em puro desespero quando viu o outro se afastando com um sorriso de canalha.

- Naruto-! - A voz saiu rouca, quase quebrada.

- Ah, tadinho - O loiro lambeu os lábios. Seus olhos estavam meio embaçados de álcool, mas mantinham-se completamente focados. - Quase chegou lá, né?

Sasuke engoliu seco enquanto o corpo ainda tremia de frustração. Queria simplesmente socar aquele desgraçado até ele ficar sóbrio.

 - Você… seu filho da puta… - Rosnou.

Naruto riu, baixo, e então inclinou-se para frente, apoiando as mãos em cada lado do corpo de Sasuke. Seu hálito quente bateu no rosto do Uchiha, e murmurou, provocante:

- Se você quer tanto assim… vai ter que se preparar primeiro.

Sasuke sentiu o sangue ferver.

- Tá brincando comigo? - Ele rosnou.

- Nada disso. - O Uzumaki recuou, sentando-se nos calcanhares com um ar de superioridade que deixou o moreno enlouquecido. - Se quer ser fodido, vai ter que fazer o que tô mandando.

Por um segundo, o Uchiha ficou paralisado. 

Ele não tá falando sério.

Mas o loiro apenas cruzou os braços e lhe lançou um olhar desafiador.

E então...Sasuke decidiu jogar o jogo dele.

Com um movimento fluido, ele se levantou, empurrou Naruto para trás e subiu no colo dele com as pernas abertas de cada lado de seus quadris.

- Tá achando que eu não faço? - O Uchiha murmurou, com os olhos escuros queimando de desejo.

Naruto pareceu surpreso por um segundo, mas o moreno não deu tempo para ele reagir.

Ele pegou a mão do loiro, levou os dedos à própria boca e lambeu um por um, devagar, mantendo contato visual. A língua enrolou em volta do indicador, depois do médio, molhando-os completamente.

- Feliz? - Sasuke provocou.

Naruto ficou estático, com os olhos fixos nos dedos molhados.

E então, sem quebrar o olhar, Sasuke alcançou por trás, levando os dedos até sua própria entrada e pressionou devagar.

- A-ah... - Gemeu.

Ele prendeu o ar. Os músculos se contraíram no primeiro toque, mas não parou.

- E então, hétero? - O moreno respirou fundo. Os dedos afundaram mais um pouco, e um gemido escapou quando ele se moveu.

Naruto estava olhando com um sorriso malicioso. Os olhos azuis estavam escuros e sua respiração estava acelerada.

- Você… tá me provocando. - O loiro rosnou.

- Óbvio. -  O Uchiha sorriu, cruel. - Mas você ainda não tem coragem de fazer algo a respeito.

E então.

Naruto avançou.

A mão dele agarrou o pulso de Sasuke, puxando os dedos para fora com um som molhado, e antes que pudesse reagir, se virou e empurrou o moreno de costas no puff.

- Você queria brincar? - O loiro encostou os dedos novamente na entrada já relaxada, entrando com dois de uma vez. - Então agora você aguenta.

O Uchiha arqueou as costas, e cerrou os dentes.

- Nh-! Seu… desgraçado…

Naruto sorriu.

- Bom, né?

E então, ele moveu os dedos, e Sasuke perdeu o controle.

 

 

___________________________________________

 

 

Naruto simplesmente estava em deleite. Estava gostando MUITO de ver Sasuke assim: com a respiração ofegante, o rosto corado, os olhos escuros implorando mesmo quando a boca só soltava xingamentos. Ele sentia um calor percorrer o corpo todo só de ver o Uchiha se contorcendo sob seus dedos, com os músculos do estômago tremendo, as coxas tensas...

E tudo isso por causa dele.

- Você tá gostando, né? - O Uzumaki provocou, enfiando o terceiro dedo de uma vez, sem aviso, e sentindo o corpo de Sasuke se contrair violentamente em volta dele.

- C-Cala a boca…! - O moreno gemeu.

Naruto riu, baixo, e então curvou os dedos, achando aquele ponto.

- Nnh-! - Sasuke arqueou as costas e seus olhos se fecharam por um segundo. 

Perfeito.

Ele podia ficar horas fazendo isso. Vendo Sasuke perder o controle, ouvindo os gemidos que ele tentava engolir, sentindo o corpo quente e apertado se moldando aos seus dedos.

Mas…

Ele queria mais.

Naruto tirou os dedos de uma vez, ignorando o gemido frustrado do Uchiha, e então finalmente se livrou da própria calça. Seu pau já estava latejando, duro, com a cabeça pingando de vontade.

- Mochila...perto... do sofá. - Foi tudo o que Sasuke conseguiu dizer naquele momento.

Naruto sorriu, ladino e provocante. Foi até a mochila e já sabia o que procurar. Achou, entre cadernos e livros, camisinha e lubrificante. Achou aquilo ótimo e engraçado ao mesmo tempo. Aquele safado já andava preparado para trepadas eventuais.

Pegou os pacotes e foi até o moreno, que estava arfando e lhe encarando como se pedisse por mais. Em um movimento rápido, o pegou no colo e foi até o sofá. Mesmo estando faminto para se aliviar, fez isso bem devagar apenas para provocar.

- Você é um desgraçado. - O Uchiha bufou enquanto era deitado ali, delicadamente.

- Vai reclamar agora? - Naruto murmurou, abrindo o pacote da camisinha. Colocou ela e abriu o pacote de lubrificante, espalhando o conteúdo no próprio membro.

Sasuke olhou para ele. Seus olhos estavam meio desfocados, mas ainda desafiadores.

- Tá enrolando porque tá com medo de ir até o fim, é?

Naruto sorriu. 

Esse desgraçado.

Ele se posicionou na entrada já relaxada e empurrou, devagar, com apenas a cabeça entrando, e sentiu o corpo de Sasuke tremer.

- Nh…!

O loiro mordeu o lábio enquanto os músculos do abdômen se contraíam de prazer. 

Porra, ele é apertado.

Começou a mover só a cabeça, para frente e para trás, devagar, sentindo o outro se acostumar e os músculos relaxarem mais um pouco.

- Tá… tá achando que eu não aguento? - Sasuke respirou fundo e agarrou os dedos nos ombros bronzeados.

E, claro, ele novamente riu. Aproveitou o desafio e enfiou tudo de uma vez.

- CARALHO!! - O moreno gritou. Seu se contraiu violentamente e suas unhas cravaram mais ainda nos ombros do loiro

Naruto gemeu, jogando a cabeça para trás. Naquela hora, não havia dúvidas e muito menos questionamentos. Havia prazer, desejo e luxúria. Era isso, e apenas isso. 

Porra, porra, porra.

Ele não esperou. Começou a se movimentar com força, rápido, sem piedade. Cada estocada fazia o outro gemer mais alto e aquilo era fodidamente excitante.

- N-Naruto. - O Uchiha estava perdendo o controle. Era nítido, afinal, seu corpo estava tremendo e sua voz saía quebrada.

O Uzumaki sabia que ele estava perto. E então, para ser novamente um sádico filho da puta, parou.

- NÃO! -  Sasuke quase chorou de frustração e seu corpo deu uma sacodida com a interrupção dos movimentos.

Naruto estava ofegante, mas o sorriso em seu rosto era pura malícia.

- Quer mais? - Ele perguntou, se levantando. Sentou-se no sofá e puxou Sasuke com ele.

O moreno, agora sentado em seu colo, estava perplexo, mas Naruto não deu tempo para ele pensar.

- Se você quer… então senta. - O Uzumaki murmurou com as mãos firmes segurando nos quadris de Sasuke.

Os olhos negros o fitaram, queimando. Ali havia desafio, mas também uma rendição e até mesmo, possivelmente, um gosto pela dominância. Diante disso, Sasuke simplesmente obedeceu.

O loiro segurou o próprio membro, alinhando, e o Uchiha afundou nele devagar, na medida em que cada centímetro que entrava, seus lábios separavam em um gemido rouco.

- Ah-ah…!

Naruto arqueou as costas e apertou com mais força os quadris do outro. Aquilo estava ótimo, maravilhoso e muito interessante para a porcaria de uma segunda-feira. Fechou os olhos e se concentrou apenas na sensação que toda aquela experiência estava lhe proporcionando.

 Porra, ele tá quente.

- Vai… me deixar fazer tudo sozinho? - Sasuke provocou, mas sua voz estava trêmula. Já era de se esperar, afinal, o loiro o provocara absurdamente e ainda não havia lhe dado o orgasmo que desejava tanto.

- Claro que não. - O Uzumaki sorriu.

E então, ele apertou os quadris do moreno e o puxou para baixo, enfiando o pau todo de uma vez.

- F-Filho da-! - O Uchiha gritou e apertou com força os ombros bronzeados.

Naruto riu, selvagem.

- Agora… me usa.

E, bom... Sasuke entendeu. Tanto que, não precisou de mais provocações.

Com um rosnado baixo, ele agarrou o pescoço do loiro e enterrou os dentes na carne, mordendo com força suficiente para deixar marcas.

- Nh-! - Naruto gemeu, mas não de dor - de prazer.

Para deixar claro quem mandava ali, ele obviamente revidou na mesma moeda, inclinando a cabeça e mordendo o pálido, enquanto sentia o corpo do outro estremecer.

- V-Vai… se foder - O Uchiha rosnou, mas o gemido que seguiu foi pura contradição.

O loiro riu contra a pele dele, enquanto suas mãos guiavam os movimentos.

- Então senta direito.

E Sasuke obedeceu.

Começou a cavalgar com um ritmo selvagem, subindo e descendo com força, com cada movimento fazendo Naruto grunhir de prazer. O calor, o aperto, a vontade com que o moreno se jogava nele era demais.

- C-Caralho… Sasuke - O Uzumaki apertou os olhos, cravando os dedos na cintura do moreno.

- N-Naruto… - O nome dele saiu como um gemido. Os dois estavam tão perto...

Precisava daquilo logo ou enlouqueceria. Então, ajudou nos movimentos, puxando o moreno para baixo em cada estocada enquanto os quadris se chocavam com força.

- Goza. - Naruto ordenou com a voz rouca. - Eu quero te ver perdendo o controle.

E Sasuke quebrou.

Com um gemido alto, o corpo dele arqueou, os músculos se contraíram violentamente enquanto ele se derramava entre os dois, sujando o abdômen do loiro com sêmen quente.

A visão foi o suficiente.

Naruto enterrou os dedos na carne de Sasuke e afundou seu membro até o fim, se derramando dentro dele com um rosnado baixo.

- F-Filho da puta…   - O moreno gemeu, enquanto seu corpo ainda se contorcia com os espasmos.

Naruto riu, ofegante, e então puxou o outro contra o peito. Os dois estavam suados, marcados e completamente arruinados.

- Ainda acha que não tenho coragem? O loiro provocou, sussurrando.

 

 

______________________________

 

 

O peso do corpo de Sasuke ainda estava relaxado sobre o peito de Naruto. Sentia a respiração do loiro subindo e descendo lentamente sob ele enquanto o suor grudava a pele dos dois.

Foi bom. Demais.

O Uchiha fechou os olhos por um instante, sentindo o calor residual do orgasmo ainda pulsando nas veias. Nunca tinha sido assim com ninguém. Nunca tinha perdido o controle tão fácil, nunca tinha gemido tão alto, nunca tinha deixado alguém dominá-lo daquele jeito.

E o pior? Foi com Naruto.

O mesmo idiota que se escondia atrás de um "sou hétero”, mas que demonstrava desejo por ele e se entregava completamente no sexo. Apesar de ter sido apenas a segunda vez com aquele maldito, estava incomodado não só com o nhémnhénhém de não assumir bissexualidade, mas com o fato de ter transado com ele apenas sob efeito de álcool.

Bom, era fato que o álcool desinibia qualquer um e inflava desejos que as pessoas tentavam esconder. Mas, até que ponto aquilo se manifestaria com ele sóbrio? Ele havia demonstrado interesse futricando seu Instagram no fim de semana e parecia desesperado quando havia se aproximado dele no campus. Então, o que caralhos estava sendo aquilo tudo?

Sasuke abriu os olhos de novo, fitando o rosto relaxado do Uzumaki. Ele parecia satisfeito e seus lábios se curvavam em um sorriso. Aparentemente, o álcool estava batendo pesadamente, porque ele parecia sonolento e sua respiração começou a ficar mais pesada.

Desgraçado.

Era só isso ali, no fim das contas. Tesão. Química. Uma vontade que os dois tinham de se destruir, transando até não aguentar mais.

Não tinha qualquer possibilidade de sentimento.

Não podia ter.

O Uchiha sabia que, se aquela porra de sexo casual continuasse, Naruto nunca o assumiria. Nunca diria "é ele" para ninguém. Nunca o olharia na frente dos outros do mesmo jeito que olhava quando estavam sozinhos, quando ninguém podia ver o desejo cru em seus olhos azuis.

E por que isso importa?

Ele se irritou consigo mesmo. O Uzumaki era só mais um hétero enrustido, daqueles que, aparentemente, usavam álcool como desculpa para fazer merda e depois faziam a pêssega, fingindo que não se importavam ou não se lembravam.

Como se tivesse sido um erro. Um erro que jamais faria sóbrio.

Bom...Não importava.

O loiro não era dele. Nunca seria. E mesmo que quisesse, ele não ia se humilhar correndo atrás de um cara que só queria foder e apenas quando estava bêbado o suficiente pra ignorar o próprio preconceito.

Naruto o segurou pela cintura, saiu de dentro dele e se deitou, puxando-o para perto e o envolvendo com os braços. Resmungou algo incoerente, como se, mesmo inconsciente, ele não quisesse deixá-lo ir.

Patético.

Sasuke se levantou em um movimento brusco, ignorando a dor latejante entre as pernas. Sentiu raiva, repulsa e até nojo de si mesmo.

- Indo embora? Naruto murmurou com a voz embargada.

- Não é como se a gente tivesse combinado de dormir juntos. - O moreno cuspiu as palavras, pegando suas roupas no chão. - E, cacete, eu tô sujo de porra e você ainda quer me abraçar?

O Uzumaki abriu um olho, meio confuso, mas nem tentou argumentar.

Claro que não.

Porque depois, ele acordaria como se nada tivesse acontecido. E Sasuke faria o mesmo, afinal, era mais fácil odiar Naruto do que admitir qualquer outra coisa.

Foi até o banheiro e limpou rapidamente o estrago que fora feito. Se vestiu rápido... Queria sair dali o quanto antes. Mas, antes de fechar a porta, olhou pela última vez para o loiro e sentiu algo apertar no peito.

Merda.

E então, saiu antes que aquela maldita sensação tivesse nome.

 

___________________________

 

A luz do fim da tarde já invadia a sala quando Naruto finalmente abriu os olhos, com a cabeça latejando como se alguém tivesse batido um tambor dentro do seu crânio. A boca estava seca e o gosto de álcool tomava conta de sua boca. Mas, o que chamava a atenção era o cheiro do perfume amadeirado impregnado em sua pele. Ele tentou se levantar do sofá e sentiu o corpo pesado, seus músculos estavam relaxados de um orgasmo bom, mas a mente já começava a se encher de justificativas.

Que inferno.

A memória veio em flashes: os gemidos roucos de Sasuke, a pele quente sob seus dedos, o jeito que o moreno se dobrava, como se fosse feito para ser dominado por ele. Seu corpo reagiu instantaneamente ao lembrar e o sangue esquentou como se estivesse pronto para outra rodada.

Fechou os olhos por um segundo, engolindo seco.

Calma. Isso não é nada.

Só sexo. Só tesão. O Uchiha era alguém que ele poderia, se surgisse a oportunidade, transar de novo...quem sabe? Não precisava ficar pirando sobre o ocorrido, sobre o fato de ter gostado e até mesmo de desejar por mais. Aquilo não dizia nada sobre sua pessoa, nada sobre suas preferências e até mesmo nada sobre como ele deveria se portar dali em diante.

Naruto se levantou, esticando os músculos doloridos e olhou em volta. A sala estava um caos e cheirava a sexo. Piscou os olhos e viu que estava sozinho... nenhum sinal de Sasuke.

Claro que ele tinha ido embora.

Era assim que deveria ser. Sem carinho depois, sem conversinha fiada, sem nada que pudesse dar a entender que aquilo era mais do que dois caras de contextos completamente diferentes transando como se o mundo fosse acabar.

Foi até a cozinha, pegou uma garrafa de água e deu um longo gole. Sua mente, traíra, jogava imagens do sexo que fazia seu corpo arrepiar. Até mais cedo, ou até mesmo no final de semana, ficaria COMPLETAMENTE doido com aquilo. Porém, agora conseguia ver mais claramente:  não era como se ele gostasse de homens. Sasuke não significava nada. Era só um rosto bonito, um corpo quente, um jeito de foder que o deixava maluco. Nada mais.

Foi até o banheiro. Ele definitivamente precisa de um banho. Olhou no espelho e, mesmo com os olhos ainda embaçados pela bebedeira, conseguiu ver o pescoço e os ombros marcados pelas mordidas do Uchiha.

Ninguém precisa saber de quem foi esse feito.

Era só isso. Um segredo. Talvez, um vício, mas que poderia controlar e deixar quando quisesse.

O Uzumaki sorriu para si mesmo, seguro na sua própria mentira.

Não ero dengo. Não era chamego.

Era só putaria.

E isso nunca ia mudar.

 

_______________________________

 



O chuveiro estava quase escaldante, mas Sasuke deixou a água quente bater nas costas por mais tempo do que o necessário, como se pudesse lavar não só o suor e o cheiro de Naruto, mas também a lembrança daquela tarde. Quando finalmente saiu, envolto apenas em uma toalha na cintura, pegou o celular e viu as notificações ignoradas.

Sem pensar muito, abriu a conversa com Sakura e digitou:

 

Sasu~:  Fiz merda

 

 

Três pontinhos apareceram quase imediatamente.

 

Saki: explique-se!

 

Sasuke respirou fundo antes de responder.

 

Sasu~: encontrei o hétero hoje, o que peguei no fds. Ele queria conversar e vir com uma desculpinha esfarrapada de “não foi nada, esquece”.

 

 

Saki: eeeeeeeee?

Sasu~:  miga, era pra ter sido só uma conversa... mas transei com o desgraçado dnv. E sabe o que é uma merda? É que fou bom pra caralho =(

 

 

Dessa vez, a resposta demorou alguns segundos a mais.

 

 

Saki:  SASUKE UCHIHA. Você tá brincando comigo, né? Aquele bi enrustido te forçou ou algo do tipo?

 

Ele revirou os olhos, mas os dedos responderam rápido.

 

 

Sasu~:  não... ele provocou e eu caí que nem um patinho

 

Saki:  vc sabe que tem que cortar ele IMEDIATAMENTE, né? Porra, bicha. Tanto viado lindo querendo vc e tu vai lá foder com o loiro “machão”

 

 

Sasuke cerrou os dentes. Ela tinha um ponto. Um ponto que doía.

 

 

Sasu~:  Eu sei

 

Os três pontinhos ficaram piscando por um tempo, como se Sakura estivesse hesitando.

 

 

Saki : migo, pelo amor da deusa Madonna, promete que não vai mais dar trela pra esse imbecil. Esse cara não vale a pena... ele só vai te machucar... e vc é uma gay emocionada, sabe disso

 

O Uchiha olhou para a mensagem e os dedos tensionaram em volta do celular. Era verdade... Mesmo sendo a porra do signo de Leão, estava na bordinha de ser um canceriano sentimental.

 

Sasu~:  Não é tão simples

 

Saki:  POR QUÊ??

 

Ele hesitou. Depois, digitou devagar:

 

 

Sasu~:  pq dessa vez... percebi que não era só ele que tava me usando

 

 

Os pontinhos pararam.

 

 

Saki:  explique

 

Sasuke soltou um ar frustrado.

 

 

Sasu~:  pq eu usei aquele corpo gostoso tb, miga. E usei com gosto.
Mas... achava que era eu quem tava no controle, que eu tava quebrando a heterossexualidade frágil dele. Só que hj... foi diferente. A química foi boa demais. O tesão foi além do físico... e eu fico PUTO com esse preconceito imbecil dele

 

Dessa vez, a resposta da rosada veio instantânea.

 

Saki:  merda, Sas... vc tá considerando cenários em que ele te assumiria como um date, ficante... sei lá

 

 

Sasuke quase jogou o celular longe. Respirou fundo e pegou novamente.

 

Sasu~:  Não tô

 

Saki:  TÁ SIM, VIADO

 

Sasu~:  porra, fancha! É só raiva... e tesão.

 

Saki:  Aham... e eu sou hétero.

 

Ele não respondeu. Porque no fundo, sabia que ela tinha razão. E isso era a pior parte: ele tendia a ser um emocionado do caralho que sempre tentava tocar o terror com corações alheios. Porém, quando a red flag se levantava, insistia e sempre se machucava depois.

Sakura mandou mais uma mensagem, dessa vez mais suave.

 

Saki:  Sasuke... se cuida, tá? Esse tipo de cara só sabe destruir... não merece nada que venha de ti e não ser RANÇO

 

Ele olhou para a tela e a fitou por alguns segundos.

Eu sei.

E desligou o celular.

Porque não adiantava discutir.

Naruto nunca iria assumi-lo.

E ele? Ele não queria... E jamais iria admitir que, desde aquele sábado maldito, quando a voz da razão descansava em sua cabeça, seu coração batia mais forte quando aquele demônio loiro ocupava seus pensamentos.

Monstro desgraçado.

Chapter 9: Can't remember to forget you

Chapter Text

Naruto estava extasiado. Era sexta-feira e isso significava: dia de diversão. Havia acabado de almoçar com os amigos no restaurante universitário e, para continuar com fôlego para o restante do dia, dirigiu-se até seu carro para tirar um cochilo. Normalmente, fazia isso no centro acadêmico, mas todo cuidado era pouco agora que sabia que poderia encontrar Sasuke a qualquer momento por ali.

Após mais um... mais a PORRA de um dia em que havia transado com aquele... ser, sua cabeça quis manter o movimento de deixá-lo louco novamente. Porém, quando lembranças do que havia ocorrido tentavam invadir sua mente, ele logo as mandava para o canto mais fundo de seu inconsciente.

Deixou de seguir o Uchiha no Instagram e o tirou de seus seguidores também. Prometeu a si mesmo que, caso a coisa ficasse insustentável, poderia comê-lo novamente exatamente como fora antes: sigilosamente, em um local em que ninguém veria e, óbvio, sob efeito de álcool para não ficar completamente pirado depois. Se tivesse feito sóbrio, do jeito selvagem e carnal que fizeram e completamente tomado pelo tesão, aí sim teria algo com que realmente se preocupar. Mas, enquanto sóbrio, ele achava Sasuke um rosto bonito e até mesmo desejável. Bêbado, aquele corpo virava um pedaço de carne da qual ele NECESSITAVA provar e, depois, descartar,

Era isso, então: evitar álcool na presença dele, parar com paranoias, agir como se nada tivesse acontecido e transar o máximo possível com garotas até aquele rostinho se tornar algo completamente indiferente. Não podia negar que alguns "e se" e outros "queria que" brotassem em sua cabeça, mas sabia, aliás, não podia nem mesmo cogitar em alimentar esse tipo de coisa. E, bom, quanto mais demonstrasse insegurança, mais daria brechas para o desgraçado fazer joguinhos com ele.

Acomodou-se no banco de trás do carro e colocou o boné em cima do rosto para diminuir a influência da luz. O estacionamento estava silencioso para o horário do meio-dia e isso era ótimo. Cochichou ali por quase quarenta minutos até se dirigir para o vestiário do centro de ciências do esporte. Era dia de treino do time de futebol da atlética e os jogos estavam se aproximando. E, se tinha uma coisa que ele realmente gostava na vida era isso: esportes.

Quando chegou lá, alguns colegas da atlética da ADM já estavam por ali fazendo piadas e até mesmo escolhendo quem ficaria no time principal e quem ficaria no banco naquele dia. Bastou jogar a mochila em um canto e começar a se despir que a zoeira começou.

- Senhoras e senhores, a estrela do nosso time chegou. Deem olá para a loira do Tchan. - Lee anunciou e os demais garotos caíram na risada.

- Você não perdoa mesmo, Lee. - Shino deu um soquinho de leve no braço do amigo.

- Se ele jogasse com a mesma graça que faz essas piadas, seria ótimo. - O Uzumaki piscou e um UUUUUUUUOOOOUUU geral se fez presente ali.

- Isso foi ofensivo. Continua. - Shikamaru botou lenha na fogueira.

- Você nem tá no time, Nara. Veio fazer o que aqui? - Lee protestou.

- Ver vocês idiotas correndo atrás de uma bola, suados e proferindo palavrões sem sentido. Só. - Shikamaru suspirou. - Não sei a graça que tem nessa porcaria.

- Ah é. Graça tem no xadrez. -  Lee rebateu.

- Tem, é só você ter cérebro pra jogar que fica interessante.

E, novamente: UUUUUUOOOU.

- Galera, vamos pro campo antes que o Lee vire alvo de mais um coice. - Naruto riu enquanto amarrava as chuteiras.  - E, cá entre nós, há uma arquibancada toda de garotas ali esperando pra ver nosso treino. - Piscou.

Bastou a frase para todos que estavam ali começarem um empurra empurra geral para correrem em direção à quadra.

 

______________________

 

Bastou o time entrar em quadra que o local se encheu de gritinhos. Todos ali tinham suas tietes, mas Naruto... Ah, Naruto tinhaum enxame todo ali só para ele. Chegava a ser injusto com os outros garotos até, porque além de um loiro alto, bronzeado e dono de olhos azuis hipnotizantes, seu corpo definido era completamente realçado com o design do uniforme do time. Isso gerava até uma piada pela parte de Shikamaru quando ele assistia aos jogos: o Nara contava quantas vezes as garotas mencionavam o tamanho da bunda do Uzumaki. No último jogo, havia contado vinte e cinco.

Naquela sexta-feira, em especial, tinham até animadoras de torcida com pompoms. Como, onde ensaiavam e quem realmente eram, Naruto não fazia ideia. Entretanto, nada como jogar com plateia, não é mesmo? Principalmente com ela ali, a que sempre estava presente e que o comia com os olhos todas as vezes: Shion. E, claro, questões a parte, a coisa não ficava apenas nos olhares. Sempre que se encontravam, principalmente em festas, aquilo COM CERTEZA ia além de olhares famintos.

- Uzumaki? Para de olhar pras ruas fãs e foco aqui. Você vai jogar de centroavante como sempre, ok? – Shino o puxou de lado. – E, como sempre também, vai ser o capitão do time, beleza?

- Sim senhor. - Ele respondeu sorrindo. Virou para a arquibancada e piscou para as garotas, arrancando suspiros e gritinhos emocionados.

- Que berreiro desnecessário. - Shikamaru balançou a cabeça da arquibancada. Estava pronto para começar a contar os comentários sobre o tamanho da bunda do amigo. Ele havia apostado vinte. Naruto, vinte e três e, Lee, dezessete. Quem chegasse mais perto ia ganhar um fardo de cerveja dos outros dois.

O jogo correu como sempre: corrida, xingamentos, machucados e beijinhos para a torcida. Gols foram feitos, 4x2, sendo três de Naruto no time vencedor. Os garotos saíram com ele carregado, exaltando-o como o herói do jogo.

Quando passaram pela arquibancada, novamente os gritinhos que fizeram Shikamaru tapar os ouvidos e, como quem queria mais daquela sexta-feira, o Uzumaki deu uma boa piscada para Shion, carregada de significados e que a convidava para uma comemoração mais VIP para a tarde.

Bastou o time entrar no vestiário para as piadas começarem.

"Naruto vai comer o prato principal agora".

"Naruto sortudo do caralho"

"Naruto não perdoa".

E ele? Ele ria. Ria muito daquilo porque era verdade. Despiu o uniforme e se jogou no chuveiro porque a tarde ainda estava apenas começando. E, para variar, havia ganhado a aposta da cerveja... Era só pegar o fardo, levar Shion para seu apartamento e, bom, que começasse o abate.

 

_______________________

 

 

- Xeque-mate. - Sasuke riu enquanto via a frustração no olhar de Juugo.

- A bicha é destruidora, viu, viado? - Sakura abraçou o amigo, fazendo-o quase perder o fôlego de tanto que o apertou.

- Tá me sufocando, fancha. - Ele protestou enquanto tentava afastá-la.

- Amigo, para, vai. Você me ama e sabe que se fossemos héteros, estaríamos num relacionamento.

- De jeito nenhum. - Ele finalmente conseguiu se soltar. - Ia ser o relacionamento mais Chernobyl possível.

- Só se fosse por sua causa, emo malvado. - Ela riu, jogando-se em um dos puffes do centro acadêmico de Direito.

- E aí, gente boa? O que temos pra hoje? - Suigetsu adentrou o local e começou a distribuir energéticos para todos. - Sinuca? Boardgames? Comida na casa do Juugo?

- Calma, deixa ele respirar, acabou de tomar uma sova no xadrez. - O Uchiha disse pegando a latinha.

- Vocês são uns folgados do caralho querendo abusar da minha boa vontade. - O ruivo protestou. - E porra, Sas, não dá pra ganhar de ti. Você é nosso melhor jogador.

- Então faz um agrado pra ele, migo. Que tal cozinhar pro nosso emo, só vocês dois, heim? - A Haruno perguntou, maliciosa.

Juugo virou o rosto, fingindo que não era com ele, e Sasuke quase cuspiu o conteúdo do energético em cima do tabuleiro.

- Isso porque eles são seus amigos. - Suigetsu comentou, rindo. - Imagina se fossem inimigos.

- Eu tô tentando juntar um casal aqui, ok? - A rosada continuou. - Inclusive, Sui, lembrei que temos um compromisso, vem comigo, vem. - Ela saiu arrastando o amigo pelo braço.

Silêncio no CA.

Sasuke não sabia se corria, se fazia a pêssega ou se comentava algo sobre o que acabara de acontecer. A verdade, a BEM verdade, é que achava Juugo um pedaço de tentação, além de aluno exemplar. Ele queria mais ou que, não é? Ficar com o "hétero" na cabeça?

Aquela semana não fora lá tão fácil. Por mais que saira do apartamento de Naruto com a raiva lhe consumindo, o sexo havia sido bom PARA UM CARALHO. O desgraçado sabia como transar com homens SIM e aquele papinho de nunca ter feito isso com certeza era balela.

Enfim.

- Eles são uns desgraçados. - Juugo disse, por fim. - Mas... - Ele se aproximou um pouco mais de Sasuke. - O que acha de tomarmos um café? Tem uma cantina fora do campus, perto do estacionamento, que o café é bom, sem "chafé" e com pães de queijo que não custam um rim.

- Eu aceito. - O Uchiha disse se levantando e pegando a mochila. - Eu estou morto de sono depois daquela porra de aula de filosofia.

O ruivo soltou uma gargalhada enquanto se dirigia até a porta.

- Juro que o problema não é a disciplina, mas aquele professor merda. - Fez uma pausa. - Posso te ajudar com a matéria se quiser. - Ele deu um meio sorriso.

É isso, ISSO!

- Vou me lembrar disso. - Ele sorriu. - Bom, vamos.

Os dois seguiram pelo caminho conversando coisas saudáveis de universitários: oportunidades de estágio, de pesquisa, xingar professores e até mesmo sobre os jogos interatléticas que viriam. Ao chegar ao destino, sentaram-se de frente para o estacionamento. A cena era clássica: dois estudantes tomando café extremamente escuro, sem açúcar e com o Vade Mecum sobre as mesas.

Juugo foi o primeiro a puxar a assunto:

- Sakura é sua amiga tem tempo, né? Vocês parecem se dar muito bem.

- Seis anos. - O moreno respondeu após uma bela golada no café. - Somos tão sincronizados que saímos do armário juntos. Até então, achavam que éramos namorados.

- Definitivamente não. - O ruivo riu. - O jeito dela de sapatão entrega demais.

- E eu transpiro purpurina, então... - O Uchiha fez um gesto exagerado como se estivesse jogando o pó colorido no ar.

Juugo riu, mas não disse nada. Fico ali por um tempo, admirando os traços delicados de Sasuke, o que o fez corar. Aquilo era bom, definitivamente BOM DEMAIS. Nada como massagear o ego logo pela manhã, não? Ainda mais com o olhar daquele gostoso sobre si e apenas para si.

MAS.

O mundo, meus caros, é uma caixinha de surpresas. Um carro Honda fit preto parou no estacionamento do estabelecimento. Dele, um loiro um tanto quanto familiar, desceu. Ele saiu mexendo na carteira e não percebeu quem estava sentado ali, mas Sasuke... Ah, ele congelou na hora, a ponto de até Juugo perceber seu desconforto.

- Você conhece ele? - O ruivo perguntou, acompanhando Naruto com os olhos.

O ar dos pulmões do moreno sumiu. Ele cerrou os punhos e travou o maxilar, já deixando evidente que algo ali não estava certo e nada bom. De repente, todo aquele conflito de indignação, raiva e tesão veio à tona.

Desgraçado.

Respirou beeeeem devagar, se recompôs e trouxe à tona seu lado diva blasé.

- Não é o centroavante do time de futebol da ADM? - Ele perguntou tentando manter o tom o mais natural possível. - Me falaram que ele dá uma dor de cabeça danada para o time de futebol da nossa atlética.

-Ah... - Juugo franziu o cenho. - Esse cara é um problema mesmo, mas não se preocupe. Minha maior função nos jogos vai ser atrapalhar esse playboy e virar o jogo a nosso favor.

- Acho é pouco. - O Uchiha riu, tomando mais um gole de café.

E, como quem "não quer nada", repousou as mãos nas do ruivo, o que chamou a atenção dele na hora, provocando risinhos. A princípio, não soube dizer se fora de propósito ou por simplesmente querer fazer aquilo, mas bastou isso para que algo ali surtisse efeito: Naruto viu.

O loiro saiu do local com um fardo de cerveja, sorrindo feito um idiota enquanto Shion acenava para ele se apressar. Porém, quando passou pelas mesas, viu Sasuke acompanhado e seus olhos foram direto para as mãos entrelaçadas com as de Juugo. Ele olhou de soslaio, mas a travada no maxilar, sutil, fora perceptível e mais do que o suficiente para criar aquele clima de "eu sei o que você fez no verão passado".

O Uzumaki tratou de se apressar e arrancar com o carro, torando uma música qualquer, clássica dos héteros top e provocando gritinhos na moça que o acompanhava.

O moreno suspirou. Não de ciúmes, não de apego e muito menos de desejo (será?), mas sim de pena. Dó de uma pessoa que precisava vestir uma máscara e, por um instante, perguntou-se se ele transava tão bem com garotas assim como fez com ele.

Bom, isso não é da minha conta. E, sinceramente? Quero que se lasque.

 

__________________________

O motor do Honda Fit roncava enquanto Naruto acelerava. Seus dedos batiam no volante no ritmo da música alta que ele mesmo não prestava atenção. Shion riu de algo, falou alguma coisa, mas as palavras dela se perderam no turbilhão de sua cabeça.

Sasuke.

A imagem do moreno sentado naquela mesa, com suas mãos entrelaçadas com as do cara ruivo (Juugo, era esse o nome?) ficava grudada atrás dos olhos dele como um filme em loop.

Que porra é essa?

Apertou os dedos no volante, sentindo o couro gelado sob a pele. Não era ciúmes. Claro que não. Era só... irritação. Sim, irritação. Porque Sasuke tinha aquele jeito de olhar para ele como se soubesse algo que ninguém mais sabia. Como se tivesse um trunfo escondido.

E ele tinha.

Aquela noite não significou nada.

Era só bebida. Só calor. Só...

-Naruto! Você tá me ouvindo? - Shion cutucou seu braço, rindo. - Parece que tá no mundo da lua.

- Ah, é? Tô só pensando no jogo. - Ele mentiu, forçando um sorriso que doía na cara.

Era mais fácil fingir. Ninguém precisava saber. Ninguém precisava lembrar.

Mas Sasuke lembrava.

E o pior? Naruto também.

Acelerou mais um pouco, como se pudesse deixar os pensamentos para trás.

Desgraçado.

Por que caralhos aquele Uchiha tinha que ter aparecido? Por que ele não podia só sumir, como fez depois daquela noite, como se nada tivesse acontecido?

Como se eu não tivesse...

Naruto cortou o pensamento pela raiz.

Não. Não de novo.

Ele não era assim. Ele não era.

Shion riu de novo, puxando-o de volta para o presente, e ele riu junto, mais alto do que o necessário, como se pudesse afogar a própria mente no barulho. Mas, no fundo, no silêncio que só ele ouvia, uma parte sua ainda se perguntava:

Será que ele pensa nisso tanto quanto eu?

E imediatamente, ele odiou si mesmo por ter pensado nisso.

- Vamos logo, que eu tô com sede! - Ele falou, aumentando o volume do som, como se as vozes da música pudessem apagar tudo o resto.

______________________

 

O apartamento estava silencioso. Latinhas de cerveja estavam espalhadas e, de repente, o som de corpos que se buscavam com desejo começou a ser fazer presente. Naruto mal conseguia controlar a urgência que queimava dentro dele: uma mistura de desejo, confusão e uma necessidade quase desesperada de se convencer: não há nada de errado comigo.

Shion sorriu, jogando os cabelos para trás, sem perceber a tempestade que se agitava por trás daqueles olhos azuis. Ela era bonita, cheirosa, feminina… tudo o que ele supostamente deveria querer. 

É isso… é só isso que eu preciso.

Naruto puxou-a com mais força do que pretendia, esmagando os lábios contra os dela. O beijo era áspero, quase mecânico, mas ele insistia, como se cada toque pudesse apagar a memória de outros lábios, outro corpo, outro nome que teimava em ecoar na sua mente. 

Sasuke.

Seus dedos tremiam enquanto desabotoava o vestido dela e a pele macia de Shion iam ficando exposta ao toque. Ele tentava se concentrar naquela sensação, no calor dela, na forma como ela suspirava quando suas mãos exploravam seu corpo. Mas, no fundo, algo não se encaixava. 

Por que não tá pegando?

Mesmo nesse turbilhão de sensações, continuou. Enterrou o rosto no decote dela, abocanhando um dos seios enquanto os dedos apertavam o outro mamilo, torcendo-o levemente. Shion arqueou as costas, soltando um gemido abafado, e Naruto forçou-se a continuar, mesmo sem aquele fogo que ele sabia que deveria estar sentindo. 

Seus lábios desceram pelo pescoço, pela clavícula, até o abdômen tenso dela. Cada beijo era metódico, como se ele estivesse seguindo um roteiro. Bom, isso era o que homens héteros faziam, certo?  Mas sua mente não parava de vagar. 

Sasuke só me olhava e eu já ficava...

Cortou o pensamento, cerrando os dentes. Não. Ele não ia deixar aquela obsessão estragar mais isso. 

Ajoelhando-se, ele puxou a calcinha de Shion para o lado, expondo-a completamente. Ela estava molhada, e ele sabia que deveria sentir algo - nojo, desejo, qualquer coisa - mas só sentia um vazio inquieto. 

Vai. Faz. Prova que você consegue.

Ele inclinou a cabeça e começou. Sua língua pressionava o clitóris e começou uma série de movimentos que já conhecia por estar acostumado com outras garotas. Shion soltou suspiros e enterrou os dedos nos fios loiros. Estava se contorcendo, com as pernas tremendo e gemendo seu nome. Aquilo, normalmente, o deixava louco. Porém, naquele momento, só conseguia perceber o como não o afetava: nenhum orgulho, nenhum prazer, só um frio na barriga e uma voz insistente na sua cabeça: 

Você não quer ela.

Ele continuou até que ela chegou ao clímax, gritando seu nome. Quando ela caiu de volta no sofá, ofegante, Naruto se levantou, limpou a boca com o dorso da mão e sentou-se ao lado dela.

- Você é incrível… - ela murmurou, sorrindo. 

Naruto forçou um sorriso de volta, e encostou-se no sofá. Sua respiração era ofegante e seus pensamentos começaram a se embaralhar novamente. A mistura das memórias, do álcool, de toda a porra que havia acontecido....

Que inferno.

Shion se levantou sorrindo e começou a deslizar os dedos pela barriga de Naruto até a cintura da calça. Ele sentiu o toque, mas como se estivesse distante, como se seu corpo não pertencesse mais a ele.

- Minha vez. - Ela murmurou, empurrando-o contra o sofá.

Naruto não resistiu. Deixou-se cair no couro com os músculos tensos, enquanto ela desabotoava seu jeans com movimentos ágeis. Seu coração batia forte, mas não de tesão: era puro pânico.

Porra, porra, porra.

Ela puxou a calça e a boxer para baixo, libertando seu membro já meio ereto. Ele olhou para baixo, aliviado por pelo menos isso estar funcionando, mas sabia que era só uma resposta mecânica, não desejo real.

Shion não percebeu. Inclinando-se, passou a língua pela ponta, devagar, e ele cerrou os punhos.

- Isso… - Ela sussurrou, antes de envolver os lábios em volta dele.

Naruto fechou os olhos, tentando se concentrar no calor da boca dela, na pressão suave da língua. Por um momento, funcionou: ele endureceu completamente, e Shion soltou um gemido de satisfação, acelerando o ritmo. Mas então, como um raio cortando a escuridão, a imagem invadiu sua mente:

O boquete em Sasuke que o fez quase perder o controle e pedir por mais.

Naruto engoliu em seco, sentindo o corpo trair sua vontade.

- Shion, espera... – Ele disse entre suspiros.

Ela não parou. Achou que ele estava perto, e começou a sugar com mais força enquanto as mãos apertando suas coxas.

Mas já era tarde.

Seu pau, que antes estava duro, começou a perder a rigidez. Sua mente dele travou, e o pânico tomou conta de si.

Merda. MERDA.

Shion percebeu. Parou, olhando para ele com uma expressão confusa.

- Tá tudo bem? - Ela perguntou.

Naruto respirou fundo, os dedos enterrados no sofá.

- É… só não vai rolar hoje.

Ela franziu a testa, mas não desistiu.

- Posso tentar de novo, se você quiser… - A mão dela desceu novamente, mas ele a segurou pelo pulso, gentilmente.

- Não. - A voz saiu mais áspera do que ele pretendia. - Não é você. Acho que é o álcool.

Shion ficou em silêncio por um segundo, os olhos escaneando o rosto dele como se buscasse uma resposta. Então, lentamente, sentou-se ao seu lado, puxando o vestido para cobrir as pernas.

- É realmente SÓ o álcool?

Naruto riu, um som seco e vazio.

- Que? Claro que sim. E eu fico tenso com os jogos se aproximando, você sabe.

Ela não acreditou. Ele sabia. Mas, para seu alívio, ela não pressionou.

- Tá. - Shion se levantou, ajustando as roupas. - Se você mudar de ideia…

- Eu te ligo.

Ela sorriu, mas era um sorriso triste, como se já soubesse que ele não faria isso tão cedo.

Quando a porta se fechou atrás dela, Naruto deixou a cabeça cair nas mãos.

Eu tô fodido.

Esperou um tempo até se recompor e discou o número da única pessoa que podia ajuda-lo naquele momento.

- Fala, cachorra. – A voz do outro lado disse, rindo.

- Vá se foder, vá. – Naruto respondeu.

- Que voz é essa, migo?

- Você pode vir aqui, Kiba? E, por favor, se puder, traga o Neji. Preciso de vocês... agora... o mais rápido possível.

Silêncio.

- E sobre o Uchiha, né?

Silêncio.

- Estamos indo, ok? E, por favor, sem beber, ok?

- Certo,

E então, para testar, para apenas se torturar mais um pouco, Naruto foi até seu quarto. Aproveitou que as calças estavam praticamente frouxas, deitou-se na cama e começou a trazer para a consciência as imagens de Sasuke. O resultado? A ereção veio na hora, dura, latejante e já o lubrificando.

Eu REALMENTE tô ferrado.

Chapter 10: Man Down!

Chapter Text

- E é isso. - Naruto disse esfregando as mãos no rosto após ter contado toda a saga "Uchiha" para Neji e Kiba.

Neji estava com a mão no queixo e Kiba com o cenho franzido. Eles se entreolharam e caíram na risada. O loiro ficou sem entender bulhufas e começou a questionar o porquê daquilo.

- Mano. Na boa? O cara não sai da sua cabeça. Na verdade, tá aí nos teus pensamentos que nem um chiclete. Para de ir contra isso, porra. - Kiba falou. - E outra, não era só sexo no sigilo? E qual seria o problema então?

- Eu ter BROXADO? PORRA! Tu não me ouviu não?

- Claro que ouvi! - o Inuzuka abriu o leque da bandeira LGBTQIA+ e se abanou. - Só acho que não vai resolver essa questão até transar com ele mais alguma vezes. E detalhe: sóbrio.

- Concordo. - Neji pontuou. - Ficar aí transando com os outros em estado alcoólico duvidoso sempre dá nisso. - Fez uma pausa. - Cê tava bêbado quando tentou transar com a Shion também, então...

- Então o que, caralho? - Já estava impaciente.

- Comer a galera enquanto tiver sóbrio? E, quando digo galera, é homem também! - O Hyuuga disse, rindo.

- Não. Não vai rolar. - O Uzumaki se levantou e começou a andar de um lado para o outro. - Cara... eu não... não dá...

- Naru. Você já participou de orgia que eu sei. - Kiba se levantou, junto. - Como foi?

- Louco?

- E viu homem transando lá, né?

- Hum... Vi.

- Não é à toa que tá sabendo comer caras também. - Neji continuou rindo.

- Para de rir, caralho. - Naruto parou, apontando para o amigo. - Eu tô uma pilha, isso não é brincadeira.

- Então! - Kiba bateu nele com o leque. - Não é brincadeira! Você já é adepto da putaria faz tempo, por que não estender um pouco mais isso?

De fato, ele era. Se tinha uma coisa que gostava nessa vida, além de um bom futebol e uma cerveja, era sair pegando geral. PORÉM... Ver homens fazendo sexo era uma coisa... Ele próprio fazer com um, era outra.

A repulsa voltou forte naquele momento, junto com a autocrítica por não ter conseguido seguir com o sexo com uma mulher - uma bem bonita, diga-se de passagem. O desgraçado do Uchiha estava encalacrado em sua cabeça e não conseguia simplesmente parar de pensar nele. Infelizmente, não era apenas a porra da cabeça de cima que reagia, mas a de baixo também. Era só falar nele que seu corpo já se esquentava e as cenas dos momentos com o desgraçado vinham em sua mente.

- Então eu devo apenas virar pro cara e falar: oi, preciso transar sóbrio contigo. Bora? - Perguntou em tom de ironia. - Kiba, e você sabe... Você sabe o porquê de eu não estender isso.

- Que foi? - O Inuzuka botou a mão na cintura. - Tá com medo de perder a pose, Apolo? Apolo é retratado como bissexual, sabia?

Silêncio.

- Você não sabia? - O Hyuuga, agora, se acabou de rir. - Isso é castigo divino, cara.

- Neji, eu vou te jogar dessa janela, mano. - Naruto já estava PUTO. - Eu preciso de ajuda e vocês tão piorando a situação.

- Você precisa sair do armário. - Outra "lecada" veio de Kiba. - E não vem meter o Minato no meio da coisa, ele nem tá aqui pra começo de conversa.

- Mas ele...

- Ele o que, heim viado? Vai vir aqui fiscalizar quem você come ou deixa de comer?

- Né. – O perolado finalmente parou de rir. - E eu tenho CERTEZA que se tu chegar no Sasuke e mandar essa ele toparia.

- Concordo. - O Inuzuka fechou o leque. - Quer que eu dê uma de cupido?

- Eu vou é dar na sua cara. - O loiro bufou.

- Vai falar que não quer? - O Hyuuga estreitou os olhos.

Silêncio.

- Tá vendo? Ganhei.

E, porra. Queria. Ah, como queria. Queria tirar a merda da prova que tudo não havia passado de um engano, de um erro e de álcool no sangue. O foda? É que mesmo agora com a substância já baixa no corpo, ainda desejava aquele maldito. Inacreditável como tesão pode ser algo tão forte e que ferra com sua vida, não é mesmo?

- Acho que eu preciso de um tempo. - Concluiu.

- Do que? De pessoas? - O Inuzuka estava incrédulo. - Para com isso.

- O que acha de ir na Proud com a gente de novo? - Neji perguntou com um ar pensativo. - Assim você pode ficar sóbrio e ver como se sente lá e, quem sabe... vai que...

- Vai que...? - O Uzumaki perguntou desconfiado.

- Vai que tu fica com outro cara e desencana. - O perolado sugeriu.

Não era má ideia. Na verdade, era uma ideia excelente. Lógico que não estava nem um pouco a fim de considerar a ideia de beijar ou até mesmo de fazer algo além com outro homem, mas talvez, só talvez, ir para onde tudo começou poderia ajudar a encerrar aquela desgraça de situação.

E, de fato, seu pai não estava ali. Mas, não era apenas isso que estava em jogo. Lógico que a fama entre os amigos e as garotas contava, mas e ele? Como ficaria sua cabeça e seu psicológico se continuasse assim, heim? Uma semana e parecia que tinha vivido um inferno dentro de si por conta de tudo aquilo.

- Vamos. - Disse, por fim. - E eu vou dirigindo, para garantir que não vou beber.

- Arrasou. - Os amigos disseram, em uníssono.

- Onze horas, tá bom? Onze horas o senhor nos encontra na fila. E se não aparecer lá, tá ferrado. - Kiba ameaçou.

- Eu não vou furar.

- Vai furar alguém, né? Neji o cutucou e, diante da ameaça de um soco, correu para a porta.

Ótimo. Vai acabar... Tudo isso vai acabar.

 

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21h - Apartamento de Sasuke Uchiha

 

- Viado, para. Vamos, vai. Sai dessa porra de sofá. - Sakura tentava puxar o amigo pelo braço, mas ele não se mexia.

- Me deixa, fancha. - Sasuke respondeu em tom monótono. - Hoje eu só quero ficar em casa.

- Você tá precisando é rebolar essa raba. - Ino disse se sentando. - Não tô entendendo por que você tá xoxo assim no fim de semana.

- Eu tô cansado.

- Não, você tá é de rosca. Recusou até um convite do Juugo pra sair! - A rosada parecia indignada. - Amigo, você tá doente? Sério, o que tá acontecendo?

- É o hetero? – A Yamanaka perguntou com um sorriso ladino. - Depois que viu ele com a menina lá já ficou até diferente no Whats.

Sasuke fuzilou a amiga com os olhos e fez um bico do tamanho do mundo. Odiava qualquer menção daquele idiota e vê-lo tinha sido uma merda. Ciúmes? Não, não era ciúmes. Era lidar com a hipocrisia escancarada em sua cara. E o pior? Aquilo mexia com ele. Não entendia o porquê, afinal, ele e Naruto não tinham vínculo nenhum.

Por que diabos então...?

- Eu disse. - Ino falou, triunfante.

- Não é. - O moreno teimou.

- Sasuke Uchiha. Se você insistir naquele cara e dispensar o Juugo, eu juro que... - A Haruno começou a falar, mas foi cortada.

- Que merda vocês duas! Eu só não tô a fim de sair hoje, cacete.

- E se formos lá, você sente a vibe e, se quiser, a gente volta? É praticamente aqui do lado, então não vai te deixar mais ainda de mau humor. - A loira sugeriu. - O que acha?

Sasuke franziu o cenho. Bom, talvez não fosse uma má ideia. Alguns drinks, cigarros e bater cabelo um pouco até que não era uma má ideia, certo? E, além disso, a possibilidade de ver Naruto ali era praticamente nula. O que um imbecil daqueles ia fazer em noite de divas pop numa balada cheia de viados?

Testar a "heterossexualidade" de novo?

- Só se for para levar uma bengala e dançar Abracadabra. - Ele riu.

- Se for assim, vai ter que ir de vermelho! - Sakura disse batendo palmas, animada.

- De jeito nenhum.

- Porra, sai do preto um pouco, migo. - Ino amarrou o cabelo. - Só vou soltar lá.

- Um pouco, tá? Vou tomar banho. - O Uchiha correu para o banheiro.

- Ele animou. - A rosada comentou, se jogando no sofá novamente. - Estou preocupada com ele.

- Ele parece muado. - A loira sentou-se ao lado da namorada. - Será que é por causa do fofo lá que tá no armário?

- Eu acho que deve ter dedo dele sim. Eles transaram de novo.

- QUE?

- SHHHHHHHH. Ele me fez prometer não falar pra ninguém.

- Boca de caçapa.

- Só você fingir que eu não disse nada. - A Haruno piscou. - Agora, vamos esperar uma eternidade até a bicha ficar pronta.

 

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23:10h - Fila da Rainbow Proud

 

- Tá atrasado, porra. - Kiba disse dando de dedo na cara do Uzumaki. - Eu disse onze horas, ONZE HORAS!

- DEZ MINUTOS, PORRA! - O loiro protestou. - Tem noção do como é difícil achar vaga pra estacionar aqui?

- Foda-se. Tinha que ter calculado isso também. - O Inuzuka continua brigando enquanto Neji ria. – E você tá com uma roupa pior ainda, migo.

- Tá. - O Hyuuga olhou de canto. - Tá parecendo que pegou a primeira roupa que viu na frente.

- E foi isso mesmo. - Naruto fez bico.

Estava vestido com uma calça cargo preta, all-star amarelo e uma camiseta branca. Básico, simples demais quando comparado com o resto das pessoas na fila e com os próprios amigos.

- Eu não tenho culpa se vocês gostam de parecer pavões. - Ele continuou protestando. - E vocês sabem que vim pra cá praticamente arrastado.

- Pode parar, viado. - O perolado levantou o indicador. - Veio porque quis e dirigindo ainda por cima.

- Vá tomar no cu, Neji. - O Uzumaki xingou. Pegou um maço de cigarros do bolso e puxou o primeiro. - Ah, esqueci. É isso que você quer hoje. - Acendeu e deu uma longa tragada.

- Deus abençoe que sim. - O Hyuuga riu.

- Ele veio até com as madeixas soltas, respeita. Vai acertar cabelada em todo mundo. - Kiba riu. - Que inveja.

- Vocês são dois idiotas. - O loiro balançou a cabeça negativamente. - Vão ficar na porra da pista de dança e eu vou ser esquecido num canto feito trouxa.

- É só vir dançar com a gente. Eu sei que você já fez parte de grupo de dança de rua. - Kiba falou. - E nem vem falar que não que já vi você dançando Hip-Hop.

- Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. - O loiro tragou novamente e soltou a fumaça na cara do amigo. - Prefiro ficar quieto no meu canto.

- Faz isso de novo que faço você fumar essa merda pelo cu. - O Inuzuka abriu o leque e bateu. - Seu puto desgraçado.

- Vamos parar? Abriu a porta do vale, monas. Só vamos. - Neji foi seguindo o fluxo. - Ou vou deixar as gatas pra trás.

O Uzumaki suspirou. Por que caralhos estava ali mesmo? Ah é, para sua cabeça e seu corpo pararem de reagir a um certo desgraçado que não saía de seus pensamentos. Toda aquela porcaria havia ido longe demais e, o pior, é que ele não sabia o porquê diabos de Sasuke ter mexido tanto com ele. Porra, era só mais uma pessoa, que inferno. Um cara, ok? Mas o que tinha de especial tanto assim? E por que, POR QUE queria tanto ele de novo? Isso tinha acontecido uma vez ou outra com uma garota, mas daquele jeito agora estava quase uma obsessão. Já conseguia não procurar mais nada a respeito do moreno, mas a os pensamentos e as malditas lembranças não paravam. Estava ficando louco... Aliás, já estava a um passo da loucura.

O empurra-empurra começou. Jogou o cigarro fora e seguiu o fluxo até adentrar a Rainbow Proud.

Seja o que o universo quiser.

 

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23:40 - Apartamento de Sasuke Uchiha.

 

- Que tal? - Sasuke apareceu na sala. Estava vestido com uma calça preta skinny, um vans vermelho e uma camiseta justa vermelha escrito em branco "comunista safada". O cabelo estava rebelde como sempre, mas dessa vez a parte de trás estava presa em um coque pequeno com um lenço vermelho de cetim.

- Arrasou, companheiro. - Sakura mandou um beijo. - Tô sentindo o perfume daqui, quer deixar rastro é?

- Quero é bater em você com uma foice e na Ino com um martelo. - Ele foi até a porta. - Não eram as fanchas que estavam apressadas? Podemos ir?

- Calma, viado - Ino se levantou. - A música boa nem deve ter começado ainda.

- Eu tô preocupado é com os drinks. - O moreno girou a chave.

- Sasuke Uchiha. Se você der PT hoje... - A Haruno ameaçou.

- Quem queima a largada, não dança, mana. - Finalmente abriu a porta. - E, hoje, quero dançar. - Foi chamando o elevador.

- Miniiiiina. Tá animada mesmo. - A loira foi indo atrás. - Vamos, linda?

- Vamos. - A rosada se levantou. - Espero que isso seja fogo pra dançar mesmo, não tô a fim de cuidar de bicha bêbada.

Como a balada ficava apenas algumas quadras dali, o grupo colorido não demorou a chegar. A fila já estava menor, mas já dava para ouvir o som alto de "Man Down" tocando lá dentro. O Uchiha abriu um sorriso imaginando um certo homem tomando uns tapas na cara bem forte e um pontapé bem no meio das costas.

 

Oh, mama, mama, mama (Oh, mamãe, mamãe)

I just shot a man down (Eu atirei num homem)

 

- Alô, Rihanna. Sasuke quer encomendar o assassinato de um homem. - Sakura fingiu estar falando no celular. - Isso, gata, é um bi festinha.

- Para, fancha. - O moreno a empurrou de leve. - Tá louca?

- Migo, você tá com cara de quem MUITO FARIA ISSO.

- Eu? - Ele ficou indignado. - Eu só imagino, porque não compensa perder meu réu primário com aquele cara.

- Então era nele que estava pensando, né? - A rosada perguntou num tom malicioso. - Migo, desencana, pela Deusa.

- Você vai prometer pra gente que vai sair com o Juugo algum dia desses. - Ino foi puxando os dois conforme a fila andava. - Se eu fosse hétero... olha...

- Ele é bonito, né? - A Haruno cutucou o amigo.

- E alto. – A loira completou.

- E gostoso

- E deve ter um...

- Podem calar a boca? - O moreno botou a mão nas orelhas. - Só vamos entrar logo, pode ser?

 

Said, I'd never thought I'd do it (Eu disse que nunca pensei que faria isso)

Never thought I'd do it, never thought I'd do it (Nunca pensei que faria isso, nunca pensei que faria isso)

Oh gosh, what ever happened to me? (Oh Deus, o que aconteceu comigo?)

Ever happened to me, ever happened to me? (Por que aconteceu comigo, por que aconteceu comigo?)

Why did I pull di trigger, pull di trigger, pull di trigger? Boom (Por que eu puxei o gatilho, puxei o gatilho? Boom)

 

_____________________

 

Naruto já havia perdido a noção do tempo e não se atrevia a olhar para o maço de cigarros e contar quantos já fumara. Bebera apenas duas cervejas, mas fumado? Estava como uma caipora no fumódromo. Os amigos haviam ficado próximos por um tempo, mas Neji tinha arrumado alguém para se atracar e Kiba havia ido pro meio dançar o que ele chamou de "Hino dos viados". Não fazia ideia de que música era aquela e, bom, nem queria saber. Pelo menos tinha pouca gente no local e ele podia fumar em paz.

A oportunidade para ficar com algumas garotas surgiu, mas não quis. Homens? Nem se diga. Chegou a considerar, mas a gay estava cheia de glitter. Para tirar aquilo da roupa e de si mesmo depois seria um inferno.

Talvez, aquela era a deixa para ir embora. Não estava ruim para dirigir e não queria estourar os pulmões ali - podia fazer isso em casa. A missão de tirar Sasuke de sua cabeça tinha falhado miseravelmente. Chegou a se pegar olhando para a porta do fumódromo esperando-o surgir, então...

A coisa só tá piorando, porra.

Jogou o fim do cigarro na bituqueira e se dirigiu até e porta do fumódromo. Estava decidido que ia embora e já estava pegando a carteira e a chave do carro quando alguém segurou seu braço.

- Mas que loiro lindo, meu Deus! - Um rapaz aleatório o parou ali e o impediu de continuar.

Merda.

- Cara... não. Tô indo embora. - Foi tudo o que conseguiu falar.

Estava PUTO. A coisa havia chegado num nível em que música, luzes e pessoas o estavam irritando. E, agora, para por a cereja no bolo, estavam lhe atrasando de sair.

- Poxa, fica, vai. - O outro insistiu. - Tá cedo pra ir embora. Duas da manhã ainda.

- Exatamente por isso tô indo. - O loiro se soltou, mas foi agarrado pela cintura.

- Que teimoso, gente. - O rapaz falou para os amigos e eles riram.

Como caralhos vou sair daqui sem xingar, heim?

- Tsc tsc tsc. - Uma voz atrás de si reprovou a situação. - Vou precisar te salvar de novo, Naruto?

Sasuke.

- Vai dando a Elza, trem de prata - Sasuke empurrou o rapaz de leve, de modo que se soltasse do Uzumaki.

- Tá louca, Jacira? - O garoto empurrou o moreno de volta.

- Quer tomar um coió? A Barbie tá acompanhada. - O Uchiha começou a puxar Naruto pelo braço.

- Mentira que ele disse que tava indo embora. - O cara insistiu.

- Comigo, bicha. Agora volta pros teus amigos se não quer tomar uma gongada.

O loiro, percebendo o clima esquentar ali, segurou Sasuke pelo cós da calça e começou a levá-lo para dentro até que estivessem longe de uma possível confusão.

- Sasuke. - Ele disse com um sorriso de canto. - Er... valeu?

- O que você tá fazendo aqui? - O moreno perguntou, reto, objetivo e um pouco agressivo. Estava visivelmente alterado por alguma substância pois seu olhar estava baixo e a voz um pouco mole.

- Nada. Já tava indo embora.

- Ótimo. Só vai. - O Uchiha falou, virando-se para voltar para o fumódromo.

- Sasuke. - Naruto o segurou. - Não volta lá sozinho, vai que encanam contigo.

- Tá preocupado comigo por quê? - Sasuke fez força e se soltou. - Já te ajudei e não tô pedindo proteção pra ti.

- Teimoso do caralho. - O loiro revirou os olhos. - Só espera um pouco então.

- Vai me impedir de fumar meu cigarro? Vá se foder, Naruto. - O moreno se apressou

rumo ao fumódromo. - Pega teu rumo e some daqui.

Desgraçado.

Naruto balançou a cabeça negativamente e foi atrás. Infelizmente, estava difícil alcançar o senhor estressadinho porque havia uma galera na frente. Quando finalmente conseguiu chegar lá, viu uma rodinha de garotos cercando Sasuke e o tal "trem de prata" (o que diabos significa isso mesmo?) xingando escandalosamente. Nesse momento, sem pensar racionalmente, ligou o modo "trator" e saiu empurrando quem ficasse pela frente, inclusive aqueles que estavam na rodinha até conseguir chegar no "alvo".

- Eu falei pra você esperar, porra! - O Uzumaki segurou o outro pela cintura e começou a puxá-lo de lá.

- Me solta, seu bi festinha.

- Pode parar que ele não terminou de ouvir ainda, loiro. - O "aleatório" falou botando as mãos na cintura. - Essa mona não sai daqui até tomar um coió.

- Um o que?

- Ele quer me bater. – O moreno finalmente falou. - Vem, poc, vai ser choque de monstro. - Provocou.

- Sasuke, deixa pra lá. - O Uzumaki insistiu. - Vamos sair daqui que você tá bêbado.

- Eu não pedi sua ajuda, mas que saco.

- Não tão juntos, é? Tá querendo causar então, viado? - o "trem de prata" continuou a cutucar.

Pronto. O que era para ser um mal-entendido ou coisa do tipo havia virado um completo pandemônio. O Uchiha quis ir para cima, mas Naruto o impediu. Os demais, por outro lado, queriam briga e empurravam de todos os lados. A coisa foi ficando séria, até que um segurança finalmente interveio.

- Mas que merda tá acontecendo aqui?

Naruto até tentou explicar, mas enquanto o fazia, levou uma arranhada na bochecha e, por reflexo, virou um pontapé.

- JÁ CHEGA. - O segurança separou todo mundo e destravou a grade do fumódromo. - Se quiserem continuar essa briga, vai ser lá fora.

A lamentação começou. O Uzumaki aproveitou a cena para puxar Sasuke de canto e se afastar o mais rápido possível. Naquele momento, dava para perceber que ele estava REALMENTE bêbado porque começou a trançar as pernas.

- PORRA, ME DEIXA - O moreno protestou. - Você não CANSA de atrapalhar minha vida?

- Cala a boca, vamos sair daqui. - Continuou puxando.

- Você ARRUINOU minha noite, seu desgraçado.

- Eu tava te livrando de uma coça, seu ingrato! - Naruto parou. - Você que tava causando lá.

- POR CULPA SUA! - O Uchiha se soltou. - CULPA TODA SUA.

- EU NÃO PEDI SUA AJUDA! - O loiro ficou PUTO. - E tô TENTANDO te afastar de mais confusão e você não DEIXA.

- Então se afasta de MIM. - Sasuke o empurrou com mais força.

- TÁ MALUCO?

- Só SOME da minha frente. Agora que a noite foi pra merda, vou embora.

- Não vou te deixar ir sozinho... é perto, mas você tá quase caindo aí.

- Se quiser apanhar, é só me seguir. - O moreno virou as costas e deu os primeiros passos com dificuldade. - Seu bi festinha do caralho.

- Porra, para de me chamar assim. - O loiro começou a ir atrás, mesmo que relutante.

- E não é? Se tranca numa armadura de heterossexualidade, mas se relaciona com homens quando tá bêbado.

O Uzumaki parou. Aquilo não era verdade, não mesmo. Nunca tinha acontecido antes, nunca passara pela sua cabeça a atração pelo mesmo gênero, nunca...

- É só com você. - Ele praticamente murmurou.

Sasuke deu mais alguns passos tortos e parou. Continuou de costas, mas parecia estar prestando atenção em cada palavra e movimento.

- Você foi e é o único homem que eu...

- Mentira. Você sabia EXATAMENTE o que fazer.

- Observação ajuda.

- Você só pode estar de brincadeira. - Ele se virou e encarou Naruto. Tinha um sorriso ladino no rosto.

- É verdade. - O loiro abaixou a cabeça. - E isso tá uma merda porque você...

- Eu o que? - Sasuke começou a se aproximar.

- Não sai dos meus pensamentos? Isso tá virando um INFERNO dentro de mim.

Mas que CARALHO? CALA A BOCA, NARUTO.

- Repete. - O Uchiha estreitou os olhos. - Não ouvi direito.

- Vá a merda. Você ouviu sim.

- Ouvi. - Ele riu. - Mas quero que fale de novo.

- Vá se foder.

Silêncio. Cri. Cri. Cri.

- Vamos. Vou contigo até sua casa, depois vou embora. Meu carro tá na direção oposta. - O loiro falou, por fim, tentando desviar do climão.

- Tá bom.

- Mesmo?

- Mesmo.

Ótimo.

 

__________________

 

 

Sasuke estava bravo. O plano de dançar até se arrebentar todo fora pro espaço, tinha encontrado o desgraçado que queria esquecer e ainda quase havia perdido o réu primário. Sabia que estava bêbado e um pouco além do ponto. Talvez, precisasse mesmo ir para casa.

Porém, contudo, entretanto, todavia.

O idiota estava insistindo em lhe acompanhar. E O MELHOR. Estava admitindo que a sua pessoa ali mexia com ele. Queria pegar, gravar aquilo e espalhar aos sete ventos. Mas, podia fazer pior... ou melhor.

- Eu preciso de sua ajuda. - Falou para o loiro, que levantou uma sobrancelha desconfiado.

- Como assim?

- Porra, não tô conseguindo andar direito. Se não quiser ajudar, só some daqui de vez.

- Mas que inferno, para de me dar coices. - Naruto se aproximou. - O que vossa alteza deseja?

Sem dizer nada, O Uchiha jogou um braço nos ombros do outro e começou a fazer força para andar. Percebeu que ele simplesmente travou ali por um tempo, até finalmente segurar em sua cintura e continuar andando.

Ótimo HAHAHAHAHA.

 

Ele estava se demonstrando vulnerável, mas estava rindo por dentro. Aquele desgraçado tinha acabado com sua noite, com sua semana e fodido com sua cabeça. Lembrou-se do último encontro, do idiota lhe torturando no sexo e dormindo depois. E, mesmo com toda essa palhaçada, ia falar agora que estava pensando nele?

Vai tomar no cu. Agora é minha vez.

Foram andando até sua casa em silêncio, mas os corpos falavam. Ele mantinha a postura mole – e estava mesmo - e o loiro bi festinha parecia tenso. Também, depois do que havia falado, com certeza estava alerta. Ao chegar no meio do caminho, lá estava o beco. “ Se continuar assim, vou te comer aqui mesmo" ele havia dito naquele dia.

Hora de cutucar.

- Lembra desse beco? - Ele falou num tom malicioso.

O Uzumaki parou. Seu corpo parecia tremer e o viu engolir seco.

- Só continua andando. - Naruto tentou continuar.

- Medo, né? - O moreno provocou.

- Porra. Vai começar?

- Começar? Você que deu uma de safado aqui. - O Uchiha diminuiu a velocidade do passo. - Falou que eu não saio de sua cabeça e vai amarelar agora?

- Sasuke, você tá bêbado e eu tô tentando ficar de boa aqui. - O loiro bufou. - Que inferno.

Tá putinho.

- Tô sóbrio o suficiente pra rir dessa sua cara de gatinho medroso. - Riu.

O Uzumaki o soltou e o fitou. Aproveitou a situação para apontar para a própria camiseta e ressaltar o "safada" ali. Sim, ele estava querendo provocar e ir além. Ia se arrepender? Óbvio. Porém, a oportunidade de ser um babaca como vingança estava logo ali.... E isso já era o suficiente para agir como um sádico filho da puta.

- Para com isso e vamos logo, ok? - O loiro falou com a voz praticamente falhando.

O Uchiha se aproximou e praticamente colou o rosto no do outro, perto o suficiente para ouvir e sentir sua respiração. Os lábios estavam perigosamente perto e os olhares praticamente soltando faíscas quando se encontravam.

- Eu quero que fale com todas as letras que não quer me beijar agora.

Naruto pasmou. Abriu a boca para falar algo, mas a fechou logo em seguida. Os orbes azuis que até então miravam os olhos do moreno desceram lentamente até sua boca.

- Fala. Estou esperando. - Sasuke provocou.

- Você tá bêbado. - Ele praticamente murmurou.

- E você quer.

- Só para com isso, por favor.

- Fala logo que quer. - O Uchiha se aproximou ainda mais, quase colando os lábios. - É só falar.

O loiro fechou os olhos e, em um movimento leve e devagar, fechou a distância entre os dois e lhe dei um selinho. Tão logo percebeu o que realmente estava fazendo, deu alguns passos para trás. Essa fora a deixa perfeita: Sasuke o segurou pela camiseta e o puxou para um beijo. A princípio, Naruto resistiu. Mas, bastou o moreno pressionar mais as bocas que ele se deixou levar... tanto que se permitiu ser arrastado até o beco.

EEEEEEEEEEEEEEEE, ali, a vingança se iniciava, o jogo virava e a "Terra plana" que capotava.

 

Rom-pom-pom-pom

Rom-pom-pom-pom

Rom-pom-pom-pom

Man down (Homem abatido/no chão)

Chapter 11: Wanna play with magic?

Chapter Text

Foi chegarem na parte mais escura do beco que Sasuke empurrou Naruto contra a parede. Estava bêbado, mas conseguiu calcular bem a força: fez com que o loiro se chocasse contra o cimento de modo que quase perdesse o equilíbrio. Sim, ia fazer aquele desgraçado sofrer de todas as formas possíveis. Apesar de estar REALMENTE a fim e tomado pelo desejo, também queria ver o desgraçado na palma de sua mão e ainda fazê-lo sofrer um pouco - e quem sabe, de todas as formas possíveis.

- Porra, minha camiseta é branca e...

- Você fala demais. - O moreno fechou a distância entre os dois e capturou os lábios do outro em um beijo urgente, quente e possessivo.

O Uzumaki arregalou os olhos. Parecia estar processando tudo o que estava acontecendo - e até mesmo o que ia acontecer.  Sasuke pressionou mais ainda seus lábios contra os dele e, com isso, deixou-se levar. A camiseta? Bom, já não tinha mais o que fazer a respeito disso.

Não demorou muito para Naruto inverter as posições. Agarrou o Uchiha pela cintura e o virou contra a parede em um movimento rápido. Era como se estivesse dando “o troco” pelo encontrão com a parede e, também, passar ali a mensagem de quem mandava e estava no comando - ou que pelo menos queria e imaginava estar.

Tão previsível.

Sasuke sabia que isso ia acontecer. Já tinha sacado essa vontade do loiro de controlar a situação e de se colocar em uma postura dominadora. “Quando você está inseguro com algo, tenta controlar o maior número de coisas possíveis para não se perder”, certo? A melhor coisa, então, seria dar corda... Dar corda o suficiente para depois puxar com força e deixar aquele maldito se enforcar.

Naruto selou os lábios de volta e continuou com o ritmo frenético por mais. Fechou o máximo que podia da distância entre os dois, impedindo o moreno de fazer qualquer movimento brusco ou até mínimo que fosse. E isso era maravilhoso.

O Uchiha sabia que tinha vantagem. Não porque estava bêbado o suficiente para deixar a arrogância de lado, mas porque Naruto estava sóbrio. E mesmo assim, ali estava ele, lhe beijando como se não houvesse amanhã e como se ele - Sasuke - fosse sumir a qualquer momento. Sentiu a mão do loiro subir um pouco junto com a sua camiseta. Abriu os olhos e viu que os dedos do outro tremulavam e pareciam hesitantes, ao mesmo tempo que queriam acelerar a “diversão”. Cada toque era uma confissão e a respiração de ambos começava a se tornar mais acelerada.

O moreno aproveitou o momento para morder o lábio inferior do “hétero” um pouco mais forte do que o necessário, só para ouvir aquele ruído abafado que ele já começava a curtir. Naruto protestou, mas não recuou - pelo contrário, apertou-o com mais força, como se quisesse fundi-los ali mesmo, naquela parede suja de beco.

- Já disse que você fala demais? - O Uchiha murmurou contra a boca do outro, deslizando a língua no mesmo ritmo que seus quadris pressionavam para frente, esfregando-se de um jeito que fez os dois gemearem ao mesmo tempo. - Mas não tá conseguindo negar agora, né?

O Uzumaki respondeu puxando-o pelo cinto, desabotoando sua calça com movimentos impacientes. Sasuke sentiu um triunfo perverso queimar em seu peito. Era ele quem fazia o grande bonitão do curso de ADM tremer na base. Ele quem deixava aquele idiota com os olhos vidrados, as maçãs coradas, os dentes cerrados em frustração e com o desejo transbordando em cada atitude.

Quando a mão de Naruto finalmente deslizou para dentro de sua calça, prendeu o ar, mas não por surpresa - e sim pelo prazer de ver como o loiro hesitou por uma fração de segundos, como se ainda lutasse contra si mesmo.

- Vai fugir agora? -  Provocou, ofegante, enquanto mordiscava a linha da mandíbula do Uzumaki.

A resposta veio em um movimento brusco - Naruto agarrou-o pelos quadris, o puxou para frente e depois o empurrou novamente contra a parede, como se estivesse reafirmando sua dominância e tentando - e falhando miseravelmente - deixar-se não se influenciar pelas falas do moreno.

- Cala a boca. - Naruto rosnou, e então finalmente - finalmente - fez o que Sasuke queria: começou a “esticar a corda” do “deixar-se levar”. Envolveu o membro do moreno com uma das mãos e começou com movimentos lentos, como se estivesse entrando em contato com o desconhecido - mas que já CONHECIA MUITO BEM.

O Uchiha precisou respirar fundo para não sair soltando gemidos ao léu. Aproveitou para se distrair com o comportamento relutante de Naruto que, mesmo cujos movimentos pareciam estar gritando o quanto o desgraçado queria aquilo, ainda parecia estar preso em sua cabeça nas crenças idiotas de heterossexualidade e de todo aquele blábláblá idiota. Bom, a fogueira já estava com fagulhas, por que não, então, atiçar o fogo?

- Medo de ir até o fim? - Sasuke “jogou a gasolina”.

E foi o suficiente.

O loiro o encarou diretamente nos olhos. Mesmo com a iluminação praticamente ausente, conseguiu observar o impacto de sua frase quando os orbes azuis adiram de desejo. Havia soado como um desafio, um teste, uma provocação. Mesmo com o pouco tempo que havia passado com aquele idiota - e sempre transando, - já sabia que esse tipo de coisa o enlouquecia. E, obviamente, funcionou. A mão começou a acelerar os movimentos e um sorriso ladino surgiu naquele rosto malditamente lindo.

Ponto para a “comunista safada”.

 

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Era injusto. Injusto como Sasuke causava aquelas coisas nele, como seu corpo se encaixava perfeitamente contra o dele, como cada gemido baixo que escapava daquela boca maldita fizia seu sangue ferver ainda mais. Ele odiava isso. Odiava como o Uchiha sabia exatamente o efeito que tinha sobre ele.

Mas não ia deixar o desgraçado ganhar.

Naruto enterrou os dentes no pescoço alvo, sentindo o pulso acelerado sob a pele. O moreno arqueou-se contra ele com um suspiro rouco, e isso - essa reação - era o que queria. Queria ver aquele arrogante perdendo o controle, mesmo que isso significasse se afundar ainda mais naquela merda toda.

- Você… é insuportável. - Naruto rosnou, mordiscando a orelha do outro, sentindo o corpo aquele desgraçado ceder.

A mão que estava entre eles acelerou ainda mais, envolvendo Sasuke com firmeza. Ele prendeu o ar e seus dedos cravaram nos ombros do loiro como garras.

- Ah, então é assim? - O moreno respondeu com a voz saindo entrecortada, mas ainda com aquele tom de superioridade que fazia o Uzumaki querer esmagá-lo.

- Cala. A. Boca. - Naruto falou pausadamente e começando a fazer movimentos circulares na glande. Seus dedos aproveitavam a lubrificação natural e seu polegar movimentava com uma pressão calculada - não rápido demais, não devagar demais, só o suficiente para deixar aquele maldito louco.

Aproveitou para deixar aquilo mais instigante e deslizou com a outra mão por baixo da camiseta do moreno, até os dedos encontrarem um mamilo já endurecido. Ele beliscou, e ah, que som perfeito veio num gemido daquela boca atrevida.

- Tá gostando, é? - O loiro murmurou contra a pele do outro, sentindo o próprio pulso acelerar quando Sasuke tentou - e falhou - em abafar outro gemido.

O Uchiha estava tremendo agora, a respiração ofegante e seus olhos pareciam até mais escuros. E Naruto sabia - ou achava? - que o tinha nas mãos, literalmente.

Mas o pior?

Ele adorava isso.

odiava que adorava.

- Vai admitir? -  Pressionou a glande novamente enquanto provocava com os lábios grudados na jugular do moreno, sentindo o pulso acelerado.

Sasuke riu baixo e rouco. E, mesmo com a voz falhando, disse:

- Você… precisa... praticar mais... hétero.

Naruto rosnou e apertou mais forte.

- Desgraçado.

E então, porque não aguentava mais, porque odiava que aquele arrogante ainda conseguia falar, o beijou de novo - violento, desesperado, dominador - enquanto as mãos faziam o resto do trabalho.

 

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A mão de Naruto era quente - excessivamente quente, certeira em cada movimento, e isso quase o fazia perder a sanidade. Mas Sasuke não era um covarde, e muito menos alguém que se deixaria dominar tão facilmente - mas fingir... Ah, fingir IRIA SIM. Com um movimento rápido, agarrou o pulso do loiro e arrancou sua mão do próprio mamilo, criando um espaço mínimo entre seus corpos o suficiente para que o outro franzisse a testa em frustração.

- Tão impaciente...- Murmurou com os lábios curvando-se em um sorriso provocador.

Antes que o Uzumaki pudesse reagir, deslizou a mão para a frente e seus dedos encontraram o cós da calça do loiro, abrindo-a com um movimento hábil. A pele quente contra sua palma fez seu próprio corpo tremer de antecipação, mas não deixou transparecer. Em vez disso, envolveu o membro de Naruto com a mesma firmeza e mesma intensidade com que estava sendo tocado.

O loiro praticamente perdeu o ar.

- Filho da puta... - O “bi festinha” rosnou, mas o tremor na voz traía o efeito que Sasuke tinha sobre ele.

- Problema? - O Uchiha retrucou. Seus dedos deslizavam com uma pressão calculada, sentindo o corpo do outro se contorcer levemente contra o dele. Era delicioso ver aquele idiota, tão teimoso, perdendo-se em suas mãos. E, para deixar claro que não estava disposto a ser o único a gemer, acelerou o ritmo enquanto mantinha os olhos fixos nos orbes azuis, num gesto completamente desafiador.

- Você... não... me vence assim...  - O Uzumaki tentou falar, mas as palavras saíram entrecortadas, quase num gemido.

Sasuke riu, baixo e ladino.

- Já estou vencendo.

E então, para provar seu ponto, inclinou-se para frente e mordeu o lábio inferior do loiro, sentindo o grito abafado que vibrou entre seus corpos. Isso deixou o ar pesado, carregado de desejo e da tensão de quem se recusava a ceder. Cada movimento, cada toque, era uma provocação calculada. Naruto estava tenso contra ele, com os músculos rígidos e a respiração acelerada demais.

Foi então que o moreno viu sua chance. Aproximou os lábios da orelha do outro, sentindo sua pele contra seu rosto, e sussurrou com a voz rouca e intencionalmente arrastada:

- O que acha de eu usar a boca e não a mão?

O Uzumaki estremeceu visivelmente e sua mão congelou, parando subitamente com os movimentos de vai e vem.

- Aqui não - Ele respondeu. Tentou parecer firme, porém a voz falhou no meio, traindo o quanto aquilo o afetara. - Alguém pode...

- Então me leva pra outro lugar. - Sasuke cortou, desafiador, com sua mão ainda trabalhando lentamente sobre o loiro, sentindo-o pulsar contra sua mão. - A menos que você queira parar.

Naruto lhe fuzilou com os olhos, com uma mistura de fúria, frustração e desejo puro. Era novamente a feição de quem estava sendo desafiado e de que não seria vencido tão facilmente.

- Seu apartamento. - Ele falou, finalmente. - Fica a dois quarteirões.

O Uchiha sorriu vitorioso.

- Tão gentil da sua parte se lembrar de lá. - Murmurou, soltando-o de propósito com um movimento deliberadamente lento, sentindo o tremor abafado que percorreu seu corpo.

O loiro engoliu seco, mas seus olhos faiscavam.

- Você vai pagar por isso. - Ele prometeu, em um tom que faria qualquer um reconsiderar suas escolhas.

Mas Sasuke não estava nem aí. E, pelo jeito que seu sangue acelerou com a ameaça, ele sabia que Naruto também não estava.

- Vou adorar ver você tentar- Respondeu, antes de se afastar completamente, ajustando a própria roupa com uma calma que sabia que deixaria o outro ainda mais irritado.

Naruto olhou para ele por um segundo, como se estivesse considerando jogá-lo contra a parede de novo e acabar com isso ali mesmo. Porém, em vez disso, respirou fundo e deu um passo atrás.

- Dois quarteirões. - Repetiu como um aviso. - E não me faça me arrepender.

O Uchiha apenas ergueu as sobrancelhas, divertido, antes de começar a andar - devagar, propositalmente, sentindo o olhar de Naruto queimando suas costas.

Era só o começo. E ele não podia esperar para ver até onde isso iria.

 

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A porta do apartamento mal tinha batido quando Sasuke empurrou Naruto contra a parede, e seus lábios colaram-se aos dele com uma urgência que fez seu sangue ferver. O loiro tentou manter o controle, tentou lembrar-se de que aquilo era uma má ideia, mas as mãos do Uchiha já estavam puxando sua camiseta para cima com os dedos queimando sua pele como brasas.

- Você fala demais - O moreno murmurou contra sua boca antes de arrancar a peça de vez, jogando-a em algum canto da sala.

O Uzumaki engoliu seco. O toque dos lábios do outro descendo pelo seu pescoço era malditamente bom, suficiente para fazer seus músculos se contraírem e seus dedos se enterrarem nos ombros do outro. Cada beijo, cada mordida leve, era como se o desgraçado estivesse marcando território, e a parte mais irritante era que estava funcionando.

- P-Para com essa merda - Naruto rosnou, mas sua voz saiu mais fraca do que gostaria, especialmente quando a língua de Sasuke traçou um caminho lento pelo seu peito, parando para morder um mamilo.

Merda.

Ele arqueou as costas sem querer e cerrou os dentes. O Uchiha riu baixo, e aquele som arrogante e provocador fez o loiro querer esmurrá-lo. Ou puxá-lo de volta para um beijo. Ou ambas as coisas.

Antes que pudesse decidir, o moreno já continuava descendo, com os lábios passando pelo seu abdômen até chegarem no cós da sua calça, a qual fora aberta de forma lenta e hábil. Isso fez com que Naruto prendesse a respiração e, o pior, havia transparecido isso.

- Tá nervoso? - Sasuke olhou para cima, desafiador.

- Cala a boca e faz o que você veio fazer. - O loiro cuspiu as palavras, mas o pulso acelerado e a pele queimando traíam ele.

O Uchiha sorriu - aquele sorriso de merda - e então, finalmente, puxou a calça e a boxer para baixo, libertando seu membro de uma vez. O ar gelado do apartamento contra sua pele exposta o fez estremecer, mas nada comparado ao que veio depois.

A língua do moreno passou lenta pela base, subindo até a cabeça, e porra, era tão bom que teve que segurar um gemido.

- Vai… se apressar…? - Tentou provocar, mas a voz novamente falhou quando o moreno deu uma sugada leve na ponta e os dedos massagearam o frênulo ao mesmo tempo.

Maldito seja.

O corpo de Naruto reagiu antes que seu cérebro pudesse processar.  Empurro os quadris para frente e sentiu os músculos da coxa tremerem. Ele odiava isso. Odiava como o desgraçado sabia exatamente o que fazer, odiava como cada toque dele era como gasolina no fogo que já queimava dentro de si.

Mas o pior?

Ele não queria que parasse.

- Sasuke - O nome saiu como um aviso, um pedido, uma maldição.

O Uchiha olhou para cima de novo, com os lábios ainda envoltos em torno dele, e sugou mais forte, mais profundo, e o loiro sentiu as pernas amolecerem.

Merda. Merda. Merda.

Ele estava perdendo. E o pior de tudo?

Sasuke sabia.

Sasuke estava insuportavelmente safado.

Insuportavelmente lhe levando à loucura.

 

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Cada movimento da língua era lento, calculado, como se Sasuke soubesse exatamente o quanto isso lhe deixaria à beira da loucura. Os olhos escuros fitavam os azuis com uma provocação silenciosa - "você não aguenta" - e isso, mais do que qualquer outra coisa, fazia o loiro ficar PUTO.

- Você tá achando que isso é brincadeira? - O Uzumaki rosnou.

Seus dedos se agarraram no coque do moreno e o puxou com força suficiente para fazê-lo arquear. Mas o desgraçado riu - aquele sorriso de canto de boca que fazia Naruto querer esmagá-lo contra o chão.

Tá com pressa? - Sasuke provocou com a voz rouca, e os lábios ainda molhados e escarlates. - Ou só não consegue segurar?

O loiro sentiu o sangue borbulhar.

- Cala. A. Boca.

E então, sem dar chance para resposta, puxou o moreno de volta para cima e enterrou o pau naquela boca quente, estocando com rapidez. O Uchiha se engasgou por um segundo - finalmente perdendo o ar de superioridade - mas não recuou. Pelo contrário: suas mãos se prenderam aos seus quadris e os dedos cravaram na pele como se dissessem "vai, seu desesperado".

E foi.

Cada estocada era mais forte que a anterior, cada gemido abafado do moreno só alimentava o fogo que queimava em suas veias. Ele estava perdendo o controle e, para falar a verdade, não se importava mais.

-  Isso... porra... - Naruto arfou. Seus músculos estavam tensos e o calor no abdômen começou a se acumular rápido demais.

Sasuke olhou para cima e foi possível de ser ver os olhos escuros lacrimejando e a boca inchada - mas ainda com aquele olhar de "você tá feito, idiota".

E isso quebrou o loiro de vez.

- Engole. Engole tudo. - Ele gemeu.

Seus dedos apertaram os fios escuros enquanto o prazer explodia, violento e incontrolável. O moreno não fechou os olhos e não recuou. Engoliu cada gota como se fosse um desafio e, quando acabou, limpou os lábios com o dorso da mão. Ainda estava ajoelhado quando soltou:

- Tá satisfeito agora?

O Uzumaki respirou fundo. Seu corpo ainda tremia e a raiva e o prazer se misturavam numa confusão que só Sasuke lhe causava.

- Nem comece. - Ele resmungou. -  Só cala a boca.

Por quê? Isso não tinha acabado.

E os dois sabiam que não.

 

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Sasuke se levantou e sentiu o sorriso se formar em seus lábios assim que virou as costas para Naruto. Sabia exatamente o efeito que aquilo teria - o loiro ficaria irritado, impaciente, querendo recuperar o controle que insistentemente era roubado de si.

- Onde você pensa que vai?  - A voz do Uzumaki veio carregada de frustração, e o moreno quase riu.

- Quarto. - Ele nem se virou, continuando a andar com passos deliberadamente lentos. -Você não vem?

A provocação estava lá, sutil, mas intencional. E, como sempre, Naruto mordeu a isca. Ouviu os passos pesados do loiro se aproximando, e antes que pudesse reagir, o braço forte envolveu sua cintura, o girou e o jogou sobre os ombros como se não pesasse nada.

- Seu maldito. - Sasuke rosnou, mas não lutou. Deixou-se carregar, enquanto os dedos se agarravam levemente às costas do outro, sentindo os músculos tensos sob sua pele.

Naruto não falou uma palavra. Apenas segurou-o com firmeza, como se quisesse deixar claro quem estava no comando agora - mas o moreno sabia. Sabia que, por trás daquela fachada de irritação, Naruto estava tão preso nisso quanto ele.

Quando chegaram ao quarto, foi jogado na cama sem cerimônia. O Uchiha caiu sobre os lençóis e fez de tudo para manter contato visual. Não queria perder cada detalhe de como o outro estava reagindo e como estava completamente entregue ao momento. Os orbes azuis estavam ardentes e fixos nele, o que fazia com que um calafrio percorresse seu corpo.

- Tira a camiseta. - Naruto ordenou.

O moreno manteve o contato visual enquanto obedecia - devagar, maldosamente devagar-puxando o tecido para cima centímetro por centímetro, revelando sua pele aos poucos. Via a mandíbula do outro se tensionar e seus punhos se fecharem e abrirem. Quando finalmente estava sem a peça, deixou-a cair no chão sem pressa e seus lábios curvaram-se em um sorriso satisfeito.

- Feliz? - Provocou.

O Uzumaki respirou fundo, como se estivesse lutando contra si mesmo - será? Por um momento, achou que ele ia gritar, ou talvez sair andando, mas então seus olhos se encontraram novamente, e algo mudou.

O loiro caiu sobre ele num movimento brusco e seu corpo quente e pesado pressionou Sasuke contra o colchão.

- Quantas vezes vou ter que falar pra calar a boca? - Naruto rosnou, antes de enterrar o rosto no pescoço alvo e seus dentes mordiscarem ali como se quisesse marcar, possuir.

O Uchiha deixou escapar um gemido baixo e suas mãos subiram para agarrar os ombros do “bi festinha”. Fechou os olhos e começou a prestar atenção em cada sensação que, por conta do álcool, pareciam mais intensas. O calor do corpo de Naruto sobre o dele era quase sufocante, mas de um jeito que não queria que acabasse. Ainda assim, precisava de espaço, só o suficiente para tirar o que ainda os separava. Com um movimento calculado, deslizou as mãos entre os corpos e seus dedos encontraram os botões de sua própria calça.

O Uzumaki percebeu na hora.

- O que você...

- Relaxa. - Sasuke cortou. Sua voz saiu num sussurro provocador enquanto desabotoava um botão, depois outro. - Só vou deixar as coisas mais interessantes.

Quando finalmente abriu a calça, aproveitou que a de Naruto já estava praticamente desfeita e empurrou o tecido para baixo, o suficiente para que ambos ficassem expostos. O loiro prendeu o ar quando os membros foram envolvidos em uma só mão, ambos se tocando, quentes e já sensíveis.

- Porra. - Naruto gemeu e seus quadris estremeceram.

O moreno sorriu. Sabia que o outro tinha acabado de gozar e que ainda devia estar sensível, mas também sabia que, com o estímulo certo, isso não duraria muito. Começou devagar, uma pressão leve, quase torturante, sentindo o Uzumaki endurecer contra ele aos poucos.

- Você fica duro tão fácil. - Sasuke murmurou contra os lábios do loiro antes de morder o queixo dele. - É patético.

Naruto fechou a cara, mas não negou. Segurou o queixo do Uchiha e o apertou com força calculada.

- Você é um desgraçado. - Ele respondeu, antes de beijá-lo quase que violentamente.

O ritmo da mão do moreno acelerou. Os corpos se moviam juntos, com cada movimento mais urgente que o último. Ele podia sentir a pulsação do loiro contra sua palma e o jeito que ele estava ficando mais duro, mais pesado, como se não conseguisse evitar.

- Você não consegue negar, né? -  Sasuke provocou, cortando o beijo. Seus lábios percorreram a orelha de Naruto antes de sussurrar: - Não nega o quanto quer isso.

O Uzumaki estremeceu e seus músculos se contraíram.

- Cala a boca e continua, seu desgraçado. - Ele ordenou, mas a voz fraquejou, saindo quebrada.

O moreno riu baixo e apertou mais forte, com dedos se deslizando com precisão cruel.

-Tá pedindo tão bonito agora. - Provocou.

E então, porque não aguentava mais esperar, porque ele também estava à beira do ápice, O Uchiha aumentou o ritmo de vez. Os corpos estavam cada vez mais colados, os gemidos seguiam misturados, até que nem ele soubesse mais quem estava no controle.

E, no fim, talvez não importasse - por enquanto.

 

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A semana inteira. A semana inteira ele tinha ficado duro pensando naquele desgraçado. Sonhando com aquela pele, aqueles gemidos roucos, a boca maldita que sabia provocar melhor do que qualquer um. Até broxou com Shion porque imaginou aqueles olhos escuros e seu sorriso de superioridade. E agora, finalmente, ia foder Sasuke até esquecer seu próprio nome.

Mas o filho da puta não facilitava.

A mão do maldito estava quente e firme em volta de seu pau, acelerando o ritmo até sentir o calor subindo pela espinha.

E então, subitamente, O Uchiha parou.

- Só vou deixar você gozar se for dentro de mim. - O moreno provocou.

Naruto quase o estrangulou ali mesmo.

- Onde tá a porra do lubrificante e da camisinha? - Ele disse perguntou com a voz transbordando frustração e raiva.

Sasuke sorriu e se esticou para pegar os itens na gaveta da mesinha ao lado da cama.

- Vai precisar de mais do que foi na primeira vez. -  Ele provocou, jogando as coisas no peito de Naruto. - Até você admitir que o “b” de LGBTQIA+ não é de “bolacha”.

- Vai pro inferno - Naruto ralhou, mas já estava tirando as roupas de baixo, libertando completamente o membro latejando de necessidade.

Abriu os pacotes com o dente, com urgência, tomado pelo tesão. Colocou a camisinha o mais rápido que podia e, quando começou a espalhar o lubrificante, olhou para a cama e sentiu o sangue correr mais rápido com a cena que estava presenciando.

Sasuke estava todo exposto e suas pernas estavam abertas. Ele estava massageando e pressionando a própria entrada com os dedos. Os olhos estavam entreabertos e, conforme se movimentava, soltava gemidos abafados

- Tá esperando o quê, Uzumaki? - Ele suspirou, arqueando as costas.

Naruto engoliu seco. 

Puta que pariu.

A cena era... malditamente excitante. Decidiu aproveitar um pouco o que aquilo lhe causava. Sentou-se na beirada da cama e começou a se masturbar devagar, com os olhos fixos nos dedos de Sasuke se movendo. O moreno gemeu mais alto e seus quadris se empinaram...

E Naruto sentiu um calafrio de satisfação.

- Gosta de se exibir, é? - Ele provocou, finalmente se aproximando.

Antes que o Uchiha respondesse, agarrou seu queixo e o beijou com fúria, posse e dominação. Sasuke gemeu contra sua boca e agarrou-se aos lençóis com a mão livre.

- Safado do caralho. - O loiro murmurou, antes de enfiar dois dedos naquela maldita boca que só soltava frases para lhe deixar mais puto e excitado. - Lambe. Agora. - Ordenou.

O Uchiha obedeceu. A língua quente envolveu seus dedos com uma devoção que fez Naruto ficar ainda mais duro. Quando os dedos estavam úmidos o suficiente, puxou os braços do moreno para cima e segurou seus pulsos com apenas uma mão. Com a outra, e com os dedos molhados, levou-os até a entrada já pulsante. Resolveu começar uma pequena tortura - roçando, massageando, mas sem introduzir.

- Naruto... - Sasuke arfou, com os quadris tentando se mover contra a mão que lhe manipulava - fisicamente e até mesmo mentalmente.

- Quer algo? - O loiro provocou, com os dedos ainda só quase lá.

O moreno prendeu o ar e seus olhos - faiscando -  lhe encararam.

- Só enfia, seu idiota.

Naruto riu, baixo e rouco.

Tô só começando.

 

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Patético.

Era a única palavra que vinha à mente de Sasuke enquanto observava Naruto tentando bancar o dominador. O loiro estava transbordando desejo. Seus músculos estavam tensos, a respiração acelerada, o corpo respondendo a cada provocação sua... Porém, ainda insistia naquela pose ridícula de "eu mando aqui".

O Uchiha deixou.

Deixou porque era divertido.

Deixou porque sabia que, no fundo, o loiro já estava perdido.

- Já que tava fazendo com dois... que tal três? - O Uzumaki disse com a voz arrastada.

O moreno não teve tempo de reagir, pois os dedos vieram rápido - três de uma vez - fazendo suas costas arquearem e sua boca soltar um gemido rouco.

Merda.

Naruto sorriu - aquele sorriso de cão caçador - e começou a mover os dedos com uma precisão irritante. Até que...

Ah-! - Sasuke engasgou quando os dedos acertaram exatamente onde ele mais precisava.

- Achei. - Naruto murmurou. Um sorriso ladino brotou em seu rosto e seus olhos brilharam de satisfação.

O Uchiha cerrou os dentes. Não ia dar ao loiro o prazer de ouvi-lo gemer de novo tão fácil. Mas então Naruto acelerou e seus dedos batiam naquele ponto sem piedade. Suas pernas começaram a tremer e, assim, não aguentaria segurar o ápice por muito tempo.

- P-Para. - Quase gritou - Mentindo descaradamente como se não quisesse aquilo.

O Uzumaki riu e, curiosamente, obedeceu.

- Tá certo. - Respondeu, sacando os dedos devagar, só para vê-lo estremecer.

Sasuke quase o xingou, mas as palavras morreram na garganta quando Naruto soltou seus braços e se posicionou entre suas pernas. Não penetrou de imediato. Aparentemente, queria continuar com o jogo de afronta: espalhou o conteúdo do lubrificante em toda a extensão de seu membro e começou a roçar com a cabeça em sua entrada, provocando-lhe arrepios.

- O quanto você quer isso, hm? - O desgraçado perguntou.

O moreno respirou fundo. Podia continuar o jogo, podia provocar e negar... Mas a verdade era que queria. E queria agora.

- Quero que você me foda - Ele admitiu com os olhos fixos nos de Naruto. - Forte. Fundo. E sem pena.

O loiro prendeu o ar, os músculos se tencionaram e, finalmente, empurrou.

Sasuke arqueou, os dedos se agarram nos lençóis, mas não fechou os olhos. Queria ver tudo: a expressão de Naruto, o jeito que seus lábios se separavam levemente, como se ele estivesse sentindo algo além de apenas prazer físico.

- Se toca. - O Uzumaki ordenou, com as palavras saindo entre os dentes cerrados. - Quero ver já que você é um exibido.

Sasuke sorriu - lento e desafiador -, e levou a mão ao próprio membro. Começou devagar, com os dedos deslizando com uma provocação calculada só para ver o efeito no “bi festinha”.

E funcionou.

O loiro estremeceu e seus quadris deram uma estocada involuntária. Fora possível até mesmo de ouvir um gemido escapando de seus lábios.

- Isso... você é um desgraçado. -  Naruto rosnou. Seu corpo respondeu de imediato à provocação, deixando o ritmo das estocadas mais forte, mais desesperado.

O Uchiha riu, baixo e rouco. Apertou o próprio pau com mais força e os gemidos começaram a sair mais altos e mais obscenos.

Porque sim, ele estava entregue.

Mas Naruto?

Naruto estava ferrado.

E isso era vitória.

 

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Sasuke tinha que admitir que cada estocada de Naruto era perfeita - profunda, calculada, atingindo exatamente seu “ponto mágico”. O calor se espalhava pelo seu corpo como líquido, e cada músculo tremia sob a pele enquanto o prazer se acumulava em ondas insuportáveis. Tentou controlar a respiração, manter algum resquício de razão, mas era impossível.

Aquele desgraçado sabia demais. Sabia como inclinar os quadris para acertar onde o fazia ver estrelas. Sabia como segurar suas coxas com força suficiente para deixar marcas roxas - marcas de posse. E, o pior de tudo, sabia como lhe fitar com aqueles olhos azuis intensos, como se estivesse vendo cada pedaço dele se despedaçar.

- Fala. - O loiro ordenou, com a voz rouca e quebrada. - Fala o quanto você gosta disso.

O Uchiha enterrou mais ainda os dedos nos lençóis. Seu corpo arqueava involuntariamente e falhava miseravelmente em controlar os gemidos.

- Gosto... - Um gemido escapou quando Naruto bateu lá de novo. - Muito... Só... continua.

Naruto riu satisfeito. Seus quadris se aceleraram e cada movimento era mais brutal que o anterior.  Puxou o moreno pelas pernas de modo que os quadris se aproximassem mais, encaixando-os num ângulo ainda mais profundo. 

Sasuke acelerou a masturbação, de modo que os movimentos ficassem em sincronia com as estocadas do loiro.

- Tá gostando da vista, Uzumaki? - Ele provocou, ofegante. - Gosta de me ver gemendo por você?

Naruto não respondeu - pelo menos não com palavras. Em vez disso, atacou com os quadris batendo contra os de Sasuke com uma força que fez a cama tremer. Cada movimento era uma afirmação, cada gemido, uma revelação do quanto estava fora do controle que achava ter.

O Uchiha sentiu o orgasmo se aproximando, rápido e inevitável, mas resistiu - queria ver o loiro “cair” primeiro.

- Continua. - Ele exigiu com a voz em um sussurro rouco. - Continua me fodendo e prova que quer isso tanto quanto eu.

E Naruto - maldito seja - obedeceu.

Seu ritmo ficou descontrolado, os músculos tremiam e os olhos azuis brilhavam como tempestade. Sasuke viu o momento exato em que ele se perdeu, quando a boca se abriu em um gemido rouco e o calor se espalhou dentro si.

Foi o suficiente.

Seu próprio corpo explodiu, com o prazer varrendo cada nervo, cada pensamento, até só restar Naruto: o peso dele, o calor, o jeito que seus lábios se moveram sem formar palavras quando o orgasmo o atingiu. Os espasmos tomaram conta de si, em ondas, de modo que até mesmo respirar havia ficado difícil.

Quando finalmente conseguiu retomar o controle do próprio corpo, o Uchiha sorriu. Um sorriso de satisfação, de deboche e de vitória. Porque, no fim, não importava quem tinha começado aquilo tudo.

Havia provado seu ponto: O “bi festinha” o desejava mesmo sóbrio. Mesmo com a pose idiota de heterossexualidade, não conseguia resistir a ele. Podia se fazer de dominador ou qualquer porra que fosse, ele se entregava e seu corpo respondia mais forte do que qualquer crença em relação à sua orientação sexual. Sasuke estava seguro da sua, mas Naruto? Estava confuso, perdido e ferrado.

E, de algum jeito, isso era gratificante de se presenciar.

 

________________________

 

 

O chão do banheiro estava frio sob seus pés, mas Naruto mal conseguia sentir. Seu corpo ainda tremia e o sangue zumbia nos ouvidos como um enxame de abelhas enlouquecidas. Olhou no espelho e viu um estranho: olhos escuros, pele ruborizada e lábios inchados de tanto mordê-los para conter os gemidos.

O que caralhos eu tô fazendo?

A pergunta ecoou em sua cabeça, mas a resposta veio imediatamente, acompanhada do cheiro de Sasuke ainda impregnado em sua pele:

Você tá se fodendo. Aliás, fodendo... e literalmente.

E era bom. Tão bom que doía. Tão bom que assustava.

Jogou a camisinha no lixo com mais força que o necessário, como se pudesse se livrar da culpa junto. Mas quando a água gelada bateu em seu rosto, só conseguiu lembrar do calor do corpo do moreno, do jeito que se entregava e gemia por causa dele.

Merda.

Levou mais um tempo ali, se limpando e pronto para se vestir. Seria a hora de ir embora? Sumir e resgatar o pouco de sanidade que ainda lhe restava? Ou, já que estava ali mesmo, continuar a “matar a sede” do que estava lhe perturbando desde aquela maldita noite do aniversário de Kiba?

Enfim.

Quando voltou pro quarto, o Uchiha estava lá: deitado como um gato satisfeito. Havia organizado toda a bagunça - como conseguira ser tão rápido com álcool no sangue? Seus olhos estavam entreabertos, mas apontava para um pacote de camisinha e sachês de lubrificante ao lado, como um convite maldito.

- Ainda não acabou. - Ele disse. - Você ainda não se perdeu o suficiente... E eu ainda quero mais.

Naruto sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

- Espera um pouco, seu demônio do sexo. - Ele resmungou. Suas pernas estavam um pouco fracas, o que fazia com que cambaleasse um pouco.

O moreno ergueu uma sobrancelha e seus os lábios curvaram-se num sorriso perverso.

- Problema de performance, Uzumaki?

"SEU DESGRAÇADO E...

Não terminou a frase. Em vez disso, atravessou o quarto ignorando como suas pernas ameaçavam ceder. Caiu pesadamente na cama, encostando-se na cabeceira enquanto arfava tentando recuperar o fôlego.

Mas Sasuke não ia deixá-lo descansar.

Antes que Naruto pudesse se recompor, o Uchiha já estava em seu colo. As pernas envolveram sua cintura e os braços enroscaram-se em seu pescoço. E então, o maldito o beijou.

Não era um beijo. Era uma possessão.

Os lábios do moreno eram quentes, insistentes, e a língua invadia sua boca como se pertencesse lá. Naruto gemeu contra a boca dele e suas mãos, quase que involuntariamente, subiram para agarrar os quadris do Uchiha.

Merda, ele tá tão quente, tão perfeito.

- Você. - O loiro tentou falar, mas o outro mordeu seu lábio inferior, roubando as palavras.

- Eu o quê? -  Sasuke sussurrou enquanto os dedos brincavam com os cabelos loiros de sua nuca. - Fala.

Naruto não respondeu. Em vez disso, fechou os olhos tentando afastar - ou mergulhar de vez - o quanto queria continuar com aquele jogo de perdição, de domínio, de prazer. E, novamente, não teve sequer um pequeno tempo para pensar. O Uchiha tirou o lenço vermelho que prendia seu coque, soltou o cabelo - porra, como ficava lindo assim - e começou a amarrar a peça em torno de seus olhos, de modo que o vendasse e roubasse sua visão da cena.

- O que você tá...

- Shh.... - O moreno encostou o indicador em seus lábios. - Fica quieto e me deixa fazer o resto.

O Uzumaki, por um instante, pensou em recuar -  afinal, ficar sem a visão ali perdia boa parte do controle. Queria desamarrar o lenço, se levantar e, talvez, só talvez, correr para se vestir e voltar para a casa. Sua sanidade já tinha ido para os caralhos e seus pensamentos gritavam dizendo que ele não tinha mais salvação. Seu corpo, por outro lado, ardia, pedia e queria ver até onde aquilo ia dar.

E ele decidiu “pagar para ver”.

Eu tô ferrado.

 

________________________

 

Perfeito.

Era a única palavra que ecoava na mente de Sasuke enquanto observava Naruto vendado, com os lábios entreabertos, o peito subindo e descendo em respirações rápidas. O lenço vermelho contrastava com a pele corada, realçando cada expressão de prazer e conflito que cruzava seu rosto.

Sasuke sorriu, lento e satisfeito. O idiota estava completamente entregue.

Isso era visível no jeito que os dedos de Naruto se enterravam nos lençóis, como se precisasse se agarrar a algo para não desmoronar. Completamente audível no gemido rouco que escapou quando o moreno deslizou do seu colo, deixando o calor do corpo dele ser substituído pelo ar frio do quarto.

- Relaxa. - O Uchiha murmurou enquanto seus dedos traçavam uma linha torturante pela coxa de Naruto antes de envolver seu membro.

O Uzumaki estremeceu e os músculos do abdômen se contraíram.

- Sas...

- Shhh. - O Uchiha interrompeu, apertando levemente a base, sentindo o pulso acelerado sob sua pele. - Só sente.

Ele tirou a camisinha do pacote com os dentes - teatral, deliberado - e deslizou o látex no pau de Naruto com uma lentidão que fez o outro arquear as costas.

- Porra, você.. -

- Eu o quê? - O moreno provocou, espalhando o lubrificante com os dedos, massageando até o outro soltar um gemido abafado.

Virou-se de costas, posicionando-se sobre Naruto com uma precisão calculada. Sentiu a cabeça do membro que já estava duro - patético - pressionando contra sua entrada e, devagar, deixou-se cair.

- Ah...! - O Uzumaki arqueou. Seus dedos agarraram o lençol com mais força, de modo que a mão já estava praticamente branca.

Sasuke soltou um suspiro rouco enquanto os músculos se ajustavam ao tamanho do loiro, e então começou a se mover.

Lentamente. Torturantemente devagar e propositalmente.

Cada sentada era uma provocação, cada rebolada, uma promessa. Inclinou-se para trás, capturando os lábios de Naruto em um beijo profundo, roubando seu ar, seu controle, sua sanidade.

Você tá gostando? -  Sussurrou contra a boca do loiro enquanto os quadris giravam em um movimento que fazia o outro morder os lábios para segurar os gemidos.

O Uzumaki não respondeu. Não conseguia... apenas enterrou os dedos na cintura do moreno, puxando-o para baixo com uma força que quase doía.

E o Uchiha riu, baixo e triunfante. Estava adorando cada segundo.

Cada movimento era uma mistura de prazer e provocação, mas Naruto - aquele idiota teimoso - não ia deixá-lo ter o controle tão fácil assim. As mãos grandes e bronzeadas apertaram sua cintura com força, guiando o ritmo, impondo movimentos mais brutos, mais profundos. Sasuke sentiu os músculos do abdômen queimarem, mas não parou. Não podia parar.

Tão previsível. Mas... tão bom.

E então - maldito seja -  o loiro subiu com uma das mãos explorando seu peito, até que os dedos encontraram um mamilo, beliscando com uma pressão que o fez arquear as costas instantaneamente e um gemido escapar de seus lábios antes que pudesse conter.

- Ah! Porra, seu...

O Uzumaki não deu trégua. Ele enterrou os dentes em seu ombro, mordendo a pele ali de modo que a dor se misturasse ao prazer. Sasuke sentiu as pernas tremendo... O orgasmo estava se aproximando rápido demais.

Merda.

Ele queria que Naruto se perdesse primeiro, queria vê-lo implorando, gemendo, quebrado - mas seu próprio corpo estava lhe traindo. As estocadas estavam exatamente onde ele mais precisava e cada uma vinha mais intensa que a outra.

- N-Não... - O Uchiha tentou resistir, mas sua mão já estava no próprio membro, se masturbando no mesmo ritmo frenético em que se sentava.

As coxas doíam. A posição estava desconfortável. Mas ele estava tão perto.

- Vai... vai gozar pra mim, Sasuke? - O loiro sussurrou. Sua voz era rouca e provocativa, e o tom dominador ainda se mantinha mesmo estando vendado.

O moreno não respondeu. Não conseguiu.

Em vez disso, acelerou a mão. Os dedos se moviam rápido demais e o prazer se acumulava brutalmente - até que, com um gemido rouco, “caiu no abismo”. Seu corpo tremia e o orgasmo varria cada pedaço seu.

E então - o desgraçado - Naruto riu.

Um riso baixo, triunfante, enquanto sentia o Uchiha se derramando, lhe apertando, se entregando aos espasmos.

- O feitiço virou contra o feiticeiro, hein? - O loiro provocou. As duas mãos agora agarravam firmemente a cintura de Sasuke e o movimenta levemente para frente e para trás.

O moreno respirou fundo. Seu corpo ainda pulsava de prazer, mas não ia deixar o “bi festinha “ter a última palavra. Inclinou-se para trás até os lábios encontrarem a orelha do outro.

- Ainda não acabou. - Ele sussurrou. - Você ainda tá duro e eu ainda não me cansei.

Antes que Naruto pudesse responder, ele sentou de novo - devagar - e sentiu o outro estremecer sob ele.

Ok, ele havia “perdido”. Porém, o Uzumaki ainda não estava quebrado o suficiente - não para ele. O estado de consciência alterada que o álcool havia proporcionado já estava lhe deixando, mas a vontade de ver o idiota se contradizendo era muito maior. Os cacos estavam ali, já visíveis. Agora, o que lhe restava era sapatear em cima para fazer aquilo virar pó.

 

________________________

 

O tecido da venda escorregou fácil quando Naruto a puxou, revelando a cena diante dele: Sasuke com a pele ruborizada, respiração acelerada e lábios entreabertos - todo dele.

E ele sorriu. Triunfante.

- Agora é minha vez. - Falou com um sorriso malicioso estampado no rosto.

As mãos pressionaram ainda mais firme a cintura do Uchiha e tirou-o do seu colo num movimento fluido. O moreno não resistiu, mas também não facilitou: seu corpo arqueou como um gato desafiador quando foi empurrado contra a cama, de bruços, com os quadris empinados. O Uzumaki ajoelhou-se atrás dele, com as mãos firmes na cintura estreita, levantando-o ainda mais.

- Vou deixar mais fácil pra ti na minha vez. - Ele provocou, alinhando-se na entrada já relaxada. - Já que eu tô duro, temos que continuar, né?

E então, devagar, ele entrou.

- A-Ah... - Sasuke enterrou os dedos nos lençóis, mas não se dobrou. - Tá... lento demais... Não consegue continuar, Uzumaki?"

Filho da puta.

Naruto desferiu um tapa firme na nádega esquerda, fazendo a carne tremer sob sua mão.

- Enquanto você não calar a boca. - Ele respondeu, continuando no mesmo ritmo lento e torturante - Vou fazer do meu jeito.

O Uchiha riu, rouco e provocador.

- Eu gosto de tapas, idiota.

Naruto não hesitou. Outro tapa, mais forte, mais marcante, e a pele alva ficou vermelha sob sua palma.

- Ah-h! Porra! - O moreno gemeu alto e seu corpo contraiu involuntariamente.

E isso foi o estopim.

Os quadris do loiro bateram contra os do outro com força, com estocadas rápidas, fundas e sem piedade - como pedido anteriormente. O som dos corpos se chocando encheu o quarto, misturado aos gemidos roucos de Sasuke, que agora também mordia os lençóis como se fosse a única coisa que o mantinha no lugar.

- Tá gostando, é? - Naruto rosnou. Suas mãos estavam cravadas nos quadris do outro, puxando-o para trás a cada investida. - Quer mais?

O Uchiha não respondeu - ou não conseguiu - apenas arqueou as costas. Outro tapa veio e um gemido longo e quebrado saiu de sua garganta.

Era excitante.

Era demais.

O prazer queimou como lava nas veias de Naruto, subindo, apertando, até que não conseguiu mais segurar.

- Ah-Ahhh!

Ele caiu por cima do moreno, com o corpo tremendo e o orgasmo varrendo cada pedaço seu enquanto se esvaziava dentro da camisinha. Por um momento, só existiu silêncio - o som da respiração ofegante, e a visão dos corpos quentes e suados colados.

Até que Sasuke - maldito seja - riu baixo.

- Achei que você ia durar mais.

Naruto mordeu o ombro dele em retaliação.

- Cala a boca, ou a gente vai pra terceira rodada.

O Uchiha só sorriu.

E, bem... Eles foram.

 

________________________

 

A madrugada já avançava, as horas escorrendo entre dedos enlaçados e pele suada, mas a noite ainda era uma criança. E, embora cada movimento, cada provocação, cada gemido abafado soasse como uma competição - quem dominava, quem se perdia primeiro, quem saía vitorioso -, a verdade era mais simples e mais crua do que qualquer jogo:

Eles só queriam um ao outro.

O desejo queimava sob a desculpa frágil de controle, de ver o outro "ferrado", de fingir que isso era só mais uma transa qualquer.

Mas não era.

Era a mão de Naruto marcando a cintura de Sasuke como se pertencesse ali.

Era o corpo do Uchiha se curvando sob o loiro, mesmo insistindo em provoca-lo.

Era o jeito que os olhos se encontravam, mesmo quando tentavam evitar.

Nenhum dos dois queria admitir, mas não importava. Porque, naquela noite - e nas que viriam depois (será?) -, eles já estavam quebrados, confusos e perdidos.

E, no fundo - talvez, só talvez-, nenhum dos dois queria ser encontrado.

E, pouco distante dali, a balada na Raibow Proud seguia tocando:

 

I knew you were, you were gonna come to me (eu sabia, que você viria até mim)

And here you are, but you better choose carefully (e está você, mas é bom escolher com cuidado)

'Cause I, I'm capable of anything (porque eu sou capaz de qualquer coisa)

Of anything, and everything (de qualquer coisa, e de tudo)

Chapter 12: Boy, you're an alien

Chapter Text

A dor de cabeça estava um inferno. Dipirona 1grama e nem café resolveram aquela merda. Agora, Sasuke estava na cozinha, comendo doces para ver se aquele inferno de mal-estar ia embora. Estava puto por ter bebido demais? Bravo por ter ido pra cima do "bi festinha"? Sim. Descaralhado da cara por estar recebendo sermões de Sakura por causa disso? Completamente.  Mas...

Lá estava ele, o garanhão da ADM, na porta da cozinha se espreguiçando como um gato. Estava sem camiseta - delícia - e com uma samba-canção laranja de sapinhos.

Agora, vamos para o contexto daquilo. Na madrugada, após o show de sexo que tiveram, Naruto estava pronto para ir embora quando ele, Sasuke, havia dado um SENHOR PITI dizendo que acordaria o prédio se ele fosse. E o idiota? Obedeceu feito um pau mandado.

Até agora não sabia como o acompanhara até o carro. Como o loiro havia dito, estava realmente estacionado na PUTA QUE O PARIU. Obviamente, fora o caminho todo provocando, questionando a sexualidade dele e lhe prometendo uma carteirinha do vale LGBTQIA+.

Quando retornaram para o apartamento, finalmente com a porra do carro, já tinha quase dormido no acento do passageiro. Porém, havia acordado na hora quando foram para o chuveiro juntos - por que será?

Depois da noitada, estavam ambos exaustos. Agora, o porquê de o Uzumaki ter uma mochila com trocas de roupas estranhas e a porra de uma samba-canção de sapos, era um mistério.

Enfim.

O que importava, naquele momento, era o colírio de mais de 1.80m, com um físico de matar, parado ali. O loiro parecia confuso e até mesmo sem graça. Óbvio, né. Havia falhado - mais uma vez - miseravelmente em suas afirmações idiotas e hipócritas.

- Bom dia, hétero de araque. - A dor de cabeça não lhe impediu de fazer a piada.

Naruto o fuzilou com os olhos, mas ia falar o que? Negar tudo o que acontecera? Não era nem louco.

- Dor de cabeça? - Ele perguntou, tentando mudar o foco da conversa.

- Não só de cabeça. - O Uchiha disse, lançando um olhar perigosamente malicioso que desconcertou o outro de vez.

- Você fala demais.

- Você também. E jogamos isso um na cara do outro ontem, se lembra?

- Eu não bebi feito louco, esqueceu? - O Uzumaki bufou. - É claro que eu lembro.

- E isso deixa as coisas ainda mais interessantes, Naruto. Você tava sóbrio - O moreno se levantou e se aproximou. - O tem-po to-do. - Falou baixinho, bem próximo, só para provocar.

Naruto congelou. Ficou ali, parado como uma estátua, representando fielmente a imagem do deus bissexual com quem o comparavam: Apolo. Lindo a ponto de arrancar suspiros, fatalmente gostoso e muito, muito contraditório.

Para falar a verdade, Sasuke não estava se arrependendo era de nada. Ficara puto naquele dia no apartamento do loiro? Extremamente. Mas, quem tinha algo para esconder ali era aquele imbecil e não ele. Era muito seguro de si, de sua sexualidade e, graças à deusa, era bem viado mesmo. O problema é que estava pegando um gosto absurdo por ver Naruto sem jeito, ver o corpo o traindo e sua boca confessando o quanto gostava daqueles momentos estranhos - e do mais maravilhoso sexo - que tinham juntos.

- Que foi? Tá com medo do meu pó de fada homossexualizador? - O Uchiha fingiu jogar algo na cabeça do outro.

- Você é um desgraçado. - Naruto segurou seu punho.

- Você gosta de me chamar assim. - Sasuke se aproximou ainda mais, mas o outro recuou. - Olha lá, tá com medo mesmo.

- Não tô com medo. - O Uzumaki o soltou e franziu o cenho. - Eu só...

- Só...?

- Porra, não sei. - Ele esfregou o rosto com as mãos.

- Vai. Toma um café, respira, repete o seu mantra de "eu não gosto de homens" e volte pra a realidade. - O moreno apontou a cafeteira. - Tem canecas no armário.

- Você gosta de me provocar. - Naruto o empurrou contra o batente da porta. Colocou a mão em cima de sua cabeça e fechou a distância entre os corpos, ficando à poucos centímetros de seu rosto. - Matraca.

- Se está reclamando tanto, por que não cala minha boca? - Sasuke desafiou.

Por um instante, o loiro travou. Parecia estar pesando no que fazer e, com certeza, no que aquilo implicaria. E, obviamente, surpreendendo um total de 0 pessoas, se afastou.

- Vou pegar café. - Ele foi até a cafeteira.

- À vontade. - Sasuke riu, debochado. - Tem canecas no armário.

Acompanhou Naruto com um olhar de predador - ou melhor, presa que estava pedindo para ser predada. Como não olhar para aquelas costas largas bronzeadas? Puta que pariu, como o maldito sabia ser gostoso. E, com certeza, também um idiota: pegara uma caneca escrita "gay fabulous".

- Amei a caneca. – O moreno riu. - Sua cara.

O Uzumaki olhou para a caneca e fez uma careta. Achou que ele fosse devolvê-la só por ter aquilo escrito, mas ele simplesmente ignorou e começou a beber o líquido.

- Fabuloso. - Provocou novamente.

O loiro se limitou a mostrar o dedo do meio e continuou com seu café. Aquela definitivamente era uma cena bizarra e, neste momento, o Uchiha se tocou que era a primeira vez que estavam interagindo ambos sóbrios, fora do contexto universitário.

- Você tá sóbrio. - Comentou.

- Óbvio que tô. Quem queimou largada ontem foi você. - Naruto fez movimentos circulares com a caneca e terminou o conteúdo dela. - Tá se sentindo melhor depois de ficar falando groselhas pra mim?

- Preciso falar mais um pouco pra ficar tudo bem.

- Desgraçado. - Naruto riu. - Você é um maldito.

- Você também é. - O Uchiha também riu.

Eis que se estabeleceu o silêncio. Sasuke não deixou de continuar medindo Naruto de cima à baixo, mas o outro parecia deveras incomodado com isso. Desviava o olhar, tamborilava os dedos na caneca e a perna estava inquieta. Depois de longos segundos assim, decidiu falar:

- Eu não mordo, tá? Também não vou fazer escândalo se for embora. - O moreno continuou rindo. - Pode ir se quiser.

O Uzumaki o encarou, desconfiado. Sasuke sustentou o olhar buscando afirmar que, sim, estava tudo bem que fosse. Queria que Naruto ficasse? Talvez. Sexo novamente não seria de todo o mal. Porém, não seria ele que forçaria nada, não agora.

- Se tiver tudo bem, quero ficar um pouco. - Ele falou, relutante.

- Olha só! Fui surpreendido agora. Pode ficar.

- Estamos sóbrios.

- E? - O Uchiha perguntou diante da constatação óbvia.

- Queria, hum, conversar? - O loiro puxou um dos banquinhos do balcão da cozinha e se sentou.

- Prazer, Naruto. Meu nome é Sasuke Uchiha, estou no primeiro ano de Direito na Universidade de Konoha. Tenho 18 anos e meu signo é Leão.

- Que porra é essa? - O outro levantou uma sobrancelha.

- Acho que não nos apresentamos formalmente antes de transar. - O moreno riu. - Conhecemos BEM o corpo um do outro e só.

- Você tem um ponto.

- Agora, se apresente. - Sasuke foi até a cafeteira e se serviu de mais café.

- Meu nome é Naruto Uzumaki. Tenho 19 anos, estou no segundo ano de administração na mesma universidade e... pra que falar a porcaria do signo? Eu nem acredito nessa porra.

- Só fala, vai. Tô curioso. - Realmente, ele estava.

- Libra.

E o moreno gargalhou alto. Chegou a botar a mão na barriga de tanto rir e lágrimas brotaram de seus olhos.

- Qual a graça disso? - Sim, o loiro estava confuso. Precisava aprender bastante para ser um bissexual de carteirinha. Ou, gay mesmo.

- Indeciso, evita conflitos... E vive no mundo da imaginação. Por isso fica imaginando que é hétero e acredita piamente nisso.

- E você acha que a posição em que as estrelas estavam quando eu nasci definem minha personalidade? Que simplista... - Naruto balançou a cabeça em um gesto negativo.

- Fala que é mentira, então.

- É... em partes. - O Uzumaki admitiu. - Eu vou procurar depois, mas aposto que teu signo então tá relacionado à arrogância e teimosia.

- Acertou, guru. - Sasuke riu. Finalizou o café, deixou a caneca na pia e puxou um banquinho, sentando-se ao lado de Naruto. - O que mais quer conversar?

- Isso aqui. - Ele apontou para si e para o moreno. - Não vai rolar. Não vai sair disso.

- Eu sei que não. - O moreno deu de ombros. - Mas, por "sair disso" você quer dizer que vamos continuar transando? - Deu um sorriso malicioso.

- Talvez. - O loiro lhe fitou. Seus olhos faiscavam, com um brilho que chegava a dar arrepios.

- Vai assumir a bissexualidade então? - Sasuke se aproximou. Não ia se deixar intimidar por aquele olhar.

- Sou bissexual se me atraio assim apenas por você? - O Uzumaki se aproximou também, de modo que os joelhos dos dois se tocaram.

- Vai ver é Sasukessexual. - O Uchiha piscou.

- Eu gosto de mulheres também.

- Por enquanto.

- Tá sugerindo que vou me apaixonar por você? - Naruto riu. - Nem vem.

- A recíproca é verdadeira, idiota. - Pelo menos era o que queria acreditar.

Apesar de ser uma pessoa completamente racional e já ter entendido qual era a do loiro, tinha que admitir: o desgraçado mexia com ele. Muito. Naruto ficava paranoico em sua presença, mas ele... Ele gostava de admirar aquele corpo e já sentia algo remexer dentro de si só de olhar. Talvez, só talvez, se ele não fosse um teimoso dos infernos, poderia...

Dar certo?

Não, definitivamente não. Conhecia aquele tipinho. O tal hétero flex, que tem experiências com homens, mas que "continuam héteros". A maior babaquice que já inventaram. Ia ter mais uma letra no LGBTQIA+ para abarcar esses idiotas?

- Mas, gosta do meu corpo. - O Uzumaki deu um meio sorriso.

- A recíproca continua sendo verdadeira. - Sasuke debochou. - De qualquer forma, quer continuar com essa boiolisse? Ou isso afeta seu ego?

- Se você me disser que vai ficar só entre nós, que tal? - Ele se levantou e parou na frente do moreno. - Ou isso afetaria seu namoro?

- Namoro? Do que você tá falando, dobe?

- Vai me xingar, teme? - Naruto fechou a cara. - O ruivo que tava contigo.

- Devolveu o xingamento, dobe? - Sasuke riu. - Juugo não é meu namorado. Quem namora aqui é você. A loira.

- Shion, teme? Ela não é minha namorada... É só, sei lá, um lance?

- Que porra é essa de lance? - Riu mais ainda.

- Algo que se repete e não tem nada de sério? - O loiro colocou o dedo no queixo. - E que não tô a fim que evolua.

- Eu sou um lance pra ti também, então? - O Uchiha começou a deslizar os dedos no peitoral de Naruto, rindo ao vê-lo se contorcer a arrepiar.

- Você... - O Uzumaki cerrou os dentes.

- Quer? - O moreno apertou de leve um dos mamilos do outro, arrancando-lhe um gemido baixinho.

Naruto não disse nada. Simplesmente avançou.

 

_________________________

 

Sasuke era um completo desgraçado. Como um homem podia mexer tanto assim com ele? E não era sobre orientação sexual e algo do tipo, mas sim o fato de ser ele e apenas ele que lhe provocava isso. Seria o moreno realmente um demônio do sexo? Só podia. Para lhe causar essas sensações, só era plausível uma explicação fora da realidade.

Ele queria continuar a conversa, mas era impossível. Impossível olhar para aqueles olhos, o corpo, a cintura fina... Porra, tudo nele era intrigante. O jeito que o cabelo estava bagunçado, a pele alva destacada com o rubor dos lábios, pedindo por mais um round de safadeza. Como iria resistir?

Cada neurônio de seu cérebro gritava, um coro desesperado de uma heterossexualidade abalada, de confusão e até mesmo de medo. Ele deveria hesitarDeveria afastar aquela mão, dar uma risada nervosa, dizer qualquer bobagem para quebrar a tensão que eletrificava o ar entre eles.

Mas não hesitou.

Seu corpo moveu-se antes que sua mente pudesse processar qualquer comando racional. Suas mãos, que tremiam de puro desejo – e de hesitação ao mesmo tempo -, agarraram Sasuke pelos ombros. O Uchiha era leve e, para ouvi-lo xingar maaaais uma vez, levantou-o do banquinho com um movimento brusco, e ouviu um suspiro surpreso escapando dos lábios de Sasuke - seguido, obviamente, por um palavrão.

- Filho da puta! Você não cansa de fazer isso?

- Não. - Naruto rumou com ele para o quarto. Curiosamente, estava rindo agora. Era engraçado pilhar aquele marrento.

O quarto ainda na penumbra, com as cortinas fechadas. Não houve cerimônia, ele simplesmente jogou de leve o moreno na cama, fazendo-o quicar sobre o colchão. Seus olhos escuros se arregalaram por uma fração de segundo, antes de se fixarem em Naruto com uma chama intensa e desafiadora.

O Uzumaki mal deu tempo para o outro se ajeitar, para encontrar uma posição confortável. A atração era uma coisa física, latejante, puxando-o para Sasuke. Ele atirou-se sobre o corpo do Uchiha, afundando-o ainda mais no colchão. Seus corpos pressionaram-se um contra o outro, do peito aos joelhos, firmando uma linha de calor perfeita e contínua que fez o ar fugir de seus pulmões.

E então, sem paciência para qualquer comentário sarcástico ou provocação que pudesse fazê-lo duvidar novamente do que queria, capturou os lábios do moreno.

E foi estranho.

A pequena voz no fundo da mente de Naruto que gritava "homem, homem, homem" foi abafada pelo som dos risos no meio do beijo. Tanto ele quanto Sasuke estavam, de alguma forma, vendo graça na situação. E não era de um jeito debochado e nem mesmo para tirar sarro um da cara do outro. Estava, apenas, divertido.

- Tá rindo do que, dobe? - O moreno perguntou, rindo também.

- A cara que você faz e o quão puto fica quando te pego que nem um saco de arroz, é impagável. - Apertou o nariz dele, ganhando uma careta em troca.

- É porque você é um desgraçado que fica se aproveitando dessa força de rinoceronte. – O Uchiha empurrou seu peito, mas Naruto se enrijeceu e mal se moveu do lugar. - Tá vendo? Pra que isso?

- É pra te comer melhor. - O loiro piscou e levou um peteleco na testa. - Ai, porra. Doeu...

- Era pra ter doído mesmo, otário! - E levou outro.

Por reflexo, segurou a mão do mais novo. Ficou ali, por um instante, admirando suas feições. O safado de alguns minutos atrás, de ontem e até mesmo da semana passada estava, agora, diferente. Birrento, arrogante, prepotente, provocante... Mas, algo naqueles olhos lhe paralisaram a ponto de retomar no que havia pensado em alguns dias: é apenas mais um corpo, mais uma transa e está tudo bem usá-lo para isso.

- Tá me olhando assim por que, dobe? Vai ficar arregar agora? - Sasuke provocou.

Aquele tipo de fala fazia o sangue de Naruto ferver e desejar mais ainda partir para cima. E ele foi, arrancou suspiros do outro em mais um beijo.

E foi estranho novamente.

Foi mais calmo, leve, suave. Como se cada segundo fosse realmente aproveitado e não apenas domado pela ânsia enorme do que viria depois. Estava duro? Claro que estava e, com certeza, uma parte de sua cabeça o xingava por não estar continuando com as ações. Mas, seu outro lado hesitava. E agora não vinha mais apenas o questionamento de sua sexualidade. Vinha também a pergunta: está mesmo tudo bem isso aqui para ele? É certo eu vê-lo apenas como um sex toy?

Sim, já havia dito que algo além não ia rolar. Já tinha deixado claro que seria apenas entre eles e em momentos de necessidade. Já havia - quase - se conformado que o moreno era apenas "mais um pedaço de carne". Então, que porra estava acontecendo?

O beijo finalizou e Sasuke continuou lhe encarando, esperando por uma resposta. Abriu a boca e tentou dizer algo, mas não saiu nenhum som. Fora, na verdade, salvo por outro barulho: o celular.

-Tsch. - Naruto se levantou e foi até o aparelho que ligara antes de ir para a cozinha, deixando um Uchiha confuso para trás.

Era Kiba.

Lá vem...

- Fala. - Atendeu com certa impaciência.

- Seu DESGRAÇADO. - O amigo berrou do outro lado. - ONDE VOCÊ TA? Eu e Neji ficamos que nem DOIDOS te procurando e você NÃO TÁ EM CASA. Nem OUSE mentir.

- Calma, jovem. – O loiro riu, de leve.

O som devia estar alto para um cacete porque, ao olhar para o lado, viu que Sasuke estava praticamente gargalhando.

- Você tá acompanhado, né? SAFADO. E a gente AQUI PREOCUPADO. - O Inuzuka estava possesso. E era para tanto sim, afinal, era a segunda vez que fazia isso com ele.

- Foi mal. - Foi tudo o que o Uzumaki conseguiu dizer antes de cair no riso também.

- Naruto, mano. Eu vou te matar. EU TO PUTO E VOCÊ TÁ RINDO. - Kiba bufou.

- BATE NELE! - O moreno gritou e Naruto soltou o "SHHHH" quase que por reflexo.

- É o Uchiha, senhor Uzumaki? - O tom do Inuzuka mudou na hora. - Tá seguindo meu conselho de se jogar no vale, é?

- Vá a merda, Kiba. - Naruto continuou fazendo gestos para Sasuke fica quieto.

- Se tivesse falado antes, eu não taria tão puto e nem teria ligado, viado.

- Viado? - O loiro franziu o cenho.

- BI FESTINHA. - O moreno gritou. Todos caíram na risada, menos o Uzumaki, obviamente.

- Vocês são uns desgraçados. - Ele falou, balançando a cabeça.

- Ô SASUKE. - Kiba berrou tão alto que Naruto precisou afastar o telefone do ouvido. - DÁ UM JEITO NESSE MENINO.

- TÔ TENTANDO. - O Uchiha respondeu. Começou a gargalhar sem parar, a ponto de levar as mãos na barriga.

- Tchau, Kiba. - Naruto desligou e jogou o celular de canto. - Você é um maldito também. - Disse se virando para o outro.

- Você pede, dobe. - Sasuke se apoiou nos cotovelos e o encarou. - Então, seus amigos sabem sobre mim.

- Dois deles. - O loiro se aproximou e se sentou na cama. - Os que me arrastaram pra balada.

- Você foi a segunda vez porque quis que eu sei.

- Era pra tirar você da minha cabeça.

Porra. Falei.

O moreno levantou uma sobrancelha. Parecia surpreso com a fala e, por um instante, viu o ar de arrogância em seu rosto sumir. Nem parecia o cara emburrado e debochado que estava tomando café naquela manhã.

- Cara, você se contradiz demais. - Sasuke voltou a se deitar e começou a massagear as têmporas. - Não tô entendendo mais porra nenhuma.

- Como assim, teme?

A verdade era que nem ele estava entendendo mais nada.

 

_________________________

 

Naruto não podia ser tão burro como estava demonstrando ser naquele momento. Primeiro: ele vinha até Sasuke apenas quando estava bêbado, com exceção daquela noite. Segundo: mesmo assim, com suas atitudes e até mesmo palavras, aquilo ali não passava de conexão carnal. Terceiro: ele parecia não estar disposto a sair do "pedestal de comedor das cocotas" para assumir qualquer traço de bissexualidade. Quarto: havia, mesmo que hesitando um pouco - de novo - o levado para o quarto no seu maior estilo predador. Então, o que caralhos ele estava fazendo agora...

Rindo?

Com beijo suave?

Entrando na brincadeira?

Que porra era aquela?

E ainda estava perguntando "como assim?".

- Você desligou a chave de "sedento por sexo" e ligou qual? Não tô entendendo.

- Isso por que eu disse que tava tentando te esquecer? - O loiro perguntou. Dessa vez, não havia hesitação. Seu olhar estava firme, brilhante e intenso.

Sasuke engoliu em seco. Não entendeu o porquê, mas aquilo lhe intimidou. MUITO.

Lembrou-se da noite anterior em que estava complemente desanimado. Vontade 0 de sair e 10 de ficar em casa largado no sofá. A teoria de Sakura era a de que estava assim por conta do loiro. Sinceramente, aquilo não era completamente mentira. Ele odiava o como Naruto parecia ter poder sobre ele. Odiava aquela pose idiota e o jeito de hétero top. Porém, o universo, deusa, ou seja, quem ou quê, era de uma ironia absurda.

Na noite anterior, queria ver o oco, Naruto no chão e implorando pela sua presença: ele não implorou, mas, mesmo sóbrio, deixou suas crenças idiotas de lado e passara a noite ali - ok, mesmo sob ameaça. Não bastasse isso, verbalizara que queria ficar e agora estava falando sobre não estar conseguindo esquecê-lo.

Aquilo era alguma piadinha de mal gosto? Porque, se fosse, já queria que parasse. Mesmo sendo leonino, estava ali com um pézinho no signo de câncer, no sentimentalismo e na pura emoção. Odiava isso, mas tinha que admitir que tinha esse lado, não era à toa que o chamavam de emo.

- Exatamente. Tá até parecendo um bissexual de verdade. - O moreno forçou um riso.

- Já disse que essa... coisa...acontece só contigo. E isso me intriga pra caralho. - Naruto coçou o queixo.

- Já aconteceu com alguma garota antes? - Sim, agora a curiosidade estava lhe corroendo.

- Não que eu me lembre. - O loiro suspirou. - E olha que foram muitas.

 - Com certeza foram. Você é todo padrãozinho. Deve fazer sucesso.

- Sim... - O Uzumaki desviou o olhar e abaixou a cabeça. - E é algo que não tô a fim de perder.

Ok, aquilo atingiu Sasuke mais do que gostaria. Não que sentisse algo por aquele idiota, longe disso. Mas era como se tivesse levado um "fora" e, de quebra, um "você não presta nem para ser assumido por mim". Aquilo feriu seu ego, só que, tão logo percebeu, afastou os pensamentos de insuficiência. Afinal, quem era Naruto para ele? Ninguém. Apenas isso, ninguém.

- É por isso que não quero papo contigo, Uzumaki. - Sasuke se levantou e sentou-se ao lado do loiro. - Nós não temos futuro nenhum. Você usa meu corpo, eu uso o seu. Pronto, acabou.

- Eu preciso beber. - Naruto esfregou o rosto com as mãos. - Esse papo me deixa maluco.

- Você que começou, idiota. - O moreno bufou. - E beber pra que? É alcoólatra por acaso?

- É assim que lido com meus problemas.

- E eu sou um problema pra ti? - O Uchiha levantou uma sobrancelha.

- Você, não. Eu curtir você, sim. - Naruto confessou.

- Ok, já que tá insistindo. Vamos conversar. - Sasuke se levantou e se sentou ao lado do loiro. - Você sair com um cara não exclui tua fama de loirão gostoso.

- Mas afeta, acho. - O Uzumaki ergueu as sobrancelhas.

- Que masculinidade frágil, heim. - Debochou. - Isso abre as possibilidades pra você passar o rodo nos homens também. Tenho certeza de que um bando de viado morreria pra te pegar. - Sasuke riu imaginando a cena. Iam revirar o grindr que nem malucos pelo perfil de Naruto.

- Eu não sinto atração por outros homens, já falei. A coisa é contigo. -  O loiro lhe fitou.

- Devo levar como elogio? - O uchiha se aproximou e lhe deu uma mordida na bochecha. - Ou me preocupar?

- Não sei. - Naruto se aproximou e começou a deslizar os dedos sobre seu rosto. - Você é muito bonito e seu corpo me atrai. - Fez uma pausa. - Muito. Coisa que não acontece com outros caras.

- Vai ver era porque tava bêbado. - Sasuke deu de ombros.

- Eu tava sóbrio ontem e tô agora. E isso não me tira a vontade de te jogar nessa cama e te comer de novo.

E lá veio ele: o rubor em sua face. Algo que só acontecia quando ficava realmente envergonhado, sem jeito e prestes a ter um colapso mental. Acontecia também quando estava próximo de alguém por quem estava interessado, e isso não apenas de uma forma física, mas de algo que ia além.

Perigoso.

Era tudo o que sua cabeça gritava agora.

Saí daí.

Corre.

- E o que você gosta de fazer além de ficar alcoolizado, Naruto? - Sasuke perguntou desviando completamente do assunto.

- Eu gosto muito de esportes. E gosto de ler também. Pasme, gosto de filosofia. - O loiro abriu um sorriso largo.

- Sério? - O Uchiha semicerrou os olhos. - Que escola?

- Eu sou adepto do absurdismo, do completo foda-se e de mim próprio dar significado nesse mundo que não faz sentido.

- Caralho! - Sim, estava completamente surpreso. - O hétero top não tem um grão de arroz no lugar do cérebro. Tô impressionado.

- Vá a merda. - Naruto riu. - E você, além de xadrez, gosta do que?

- Pode me chamar de estoico. Só consigo me imaginar tendo paz interior se tiver autodisciplina e for através da razão.

- Gosta de filosofia também, então... E que merda heim. - O Uzumaki continuou rindo. - Sua cara o estoicismo, senhor controlador, superiorzinho e marrento. - Fez uma careta.

- Merda é esse teu estilo de vida de noitadas em festas, passando o rodo, enchendo a cara e querendo ser o fodão. - O moreno mostrou o dedo do meio.

- E eu tô na graduação pra fazer o que além de estudar? E não vem não que você tora o pau em álcool também, só que em lugares diferentes dos que eu costumo ir. - Naruto lhe apontou o dedo.

- Vá se foder. - Sasuke apontou o dedo de volta. - É melhor dançar com divas pop do que ouvir sertanejo universitário.

- E quem disse que eu gosto dessa porra? - Naruto fez um gesto dramático, como se estivesse ofendido. - Eu gosto é do fervo, mas em casa escuto heavy metal.

O Uchiha ficou incrédulo. Por de trás daquela máscara de homem hétero cis branco e burro, estava alguém até que interessante. Tudo bem que não era adepto do absurdismo, mas admirava o fato do outro conhecer escolas filosóficas. Aparentemente, aquele idiota não estava apenas esquentando uma cadeira na sala de aula. Mas, não, não conseguia imaginar aquele padrãozinho bronzeado em um show de heavy metal.

- Eu gosto de heavy metal. - Sasuke comentou. - E até mesmo power metal.

- Metal fadinha? Claro que sim. - O Uzumaki imitou asas com os braços. - Quer ser um cavaleiro herói que salva princesas de dragões, teme?

- Não, dobe. Eu sou a princesa. - Ele jogou os cabelos fingindo tecer uma trança. - Sou uma bicha clássica.

- Percebi.

- Vai me salvar do dragão, senhor cavaleiro? - O moreno botou a mão no peito, fingindo estar em perigo.

- Só se eu puder usar minha espada. - Naruto lhe lançou um sorriso malicioso.

- Deve, dobe. - Sasuke sorriu de volta, tão maliciosamente quanto.

Ambos caíram na gargalhada. Aquele momento de descontração estava além do que o Uchiha poderia imaginar. Quando se tratava de Naruto, a conversa era com os corpos, no mais puro instinto carnal e na urgência por estarem colados e rolando em um sexo selvagem. Mas, agora, estava vendo o outro lado da moeda e estava deveras curioso.

O loiro, aparentemente, não tinha nada de burro. Seu gosto musical era interessante e, bom, sabia que seu desempenho nos esportes era admirável. Não era à toa que o time de futebol da administração acumulava vários troféus.

- Isso me faz pensar que você deve ler aquelas fanfics de dark romance, além de ouvir Rhapsody of Fire claro.

- É claro que eu escuto Rhapsody! - O Uchiha deu um tapa no ombro do loiro. - E, porra, você sabe o que é uma fanfic.

- Sei, ué. Uma amiga minha de classe é viciada nessas porcarias. Principalmente dark romance. - Deu de ombros.

- Eu não leio fanfics, tá? - Sakura é viciada. Eu prefiro literatura de terror mesmo.

- Sua cara, gótico suave. - Naruto balançou a cabeça em gesto negativo. - Eu prefiro literatura fantástica.

- Senhor dos anéis?

- Exatamente.

- Sabia que o Blind Guardian, banda de power metal, tem um álbum dedicado só pra Senhor dos anéis? - O moreno agora estava empolgado.

- NÃO CREIO! - O Uzumaki deu um pulo da cama. - Me mostra, agora!

- Mostro. - Sasuke sorriu. Pegou o celular, abriu o Spotify e deu play no álbum Nightfall at the Middle Earth do Blind Guardian. - Se você leu O Silmarillion, vai pegar as referências.

- Óbvio que li. Sou um dos poucos fortes que conseguiram. - Naruto se aproximou prestando atenção na melodia e na letra.

- Eu também sou. - Sasuke riu. - Você que é um idiota por não saber da existência desse álbum.

- Sou mesmo. MUITO FODA isso aqui! - Os olhos azuis brilhavam e aquilo fez algo se remexer dentro do moreno.

Um alerta parecia estar se ligando em sua cabeça. Algo que havia pensado naquele dia ao sair da casa do Uzumaki... Algo que vinha pensando durante a semana, mas que queria deixar baixo com todas as suas forças: e se o loiro fosse um cara legal, apesar de não aparentar? E se, além de cheiroso, gostoso e bom de sexo ele fosse realmente agradável? Mesmo que sim, não podia cogitar... Não podia SEQUER pensar na possibilidade de estreitaram um vínculo que nem mesmo existia.

Ainda.

- Ei, ei! - Naruto disse puxando o moreno pela camiseta, enquanto olhava para a tela de seu celular. - Vai ter show deles em Konoha daqui a quatro meses. Bora?

Que?

Que?

Que?

- Tá maluco, dobe? Vão te ver comigo. Como vai manter a pose sua aí de macho escroto? - Foi sarcástico.

Na superfície, era exatamente isso que pensava. E, na verdade, seu ingresso já estava garantido. Porém, ia sozinho. Não dava para contar com nenhum de seus amigos quando se tratava em companhia de show em power metal.

- Porra, é só um show.

- Exatamente, você que disse que isso não ia rolar. - Apontou para ele para si mesmo. - O que tá dando na sua cabeça agora?

- Amigos? - O loiro perguntou, coçando a nuca e rindo com nervosismo.

- Amigos que se pegam? Que transam às escondidas porque você não tanka a opinião alheia?

O Uzumaki murchou na hora.

- Pegou pesado. - Ele respirou fundo.

- E eu tô mentindo? - O moreno perguntou, visivelmente puto. - Transa comigo, fala que não vai evoluir, insiste em esconder qualquer vestígio da minha presença na sua vida e agora quer ir num show comigo? Vá se foder, Naruto.

- Eu tô... confuso, acho. - O Uzumaki escondeu o rosto com as mãos. - Preciso beber.

- Vá, vá beber então, mas longe daqui. - Sasuke o empurrou com o pé. - Assim minha presença volta a ficar interessante pra ti.

- Já é, porra! - O Uzumaki se levantou. Estava puto também.

- Não parece. - Debochou com acidez.

- Não mostrei ontem, caralho? Eu estava sóbrio! Continuo sóbrio!

- Então mostra de novo. - O moreno o desafiou.

 

_________________________

 

Independentemente do que Naruto poderia estar pensando, aquela atitude com certeza lhe tirou dos devaneios e até mesmo fez sua vontade de beber passar na hora. Ele empurrou o Uchiha novamente no colchão e, antes que o moreno pudesse protestar, ficou por cima, pressionando seu corpo sobre o dele e lhe beijando para calar aquela maldita boca.

Seus lábios moviam-se com urgência sobre a pele alva, da boca ao pescoço, descendo até a clavícula, como se isso fosse abafar o tambor que batia em seu peito e a confusão que estava em sua cabeça. Se o moreno fosse uma mulher, seria perfeito. Fácil. Socialmente aceitável. Ninguém, especialmente seu pai, com seus comentários homofóbicos, precisaria saber. Sua reputação no curso de Administração continuaria intacta e eles poderiam ir tranquilamente em qualquer show juntos.

Maaaaaas.

Sasuke não era uma mulher. Era Sasuke. E aquela simples verdade era um monstro que engolia todas as suas certezas.

Essa hesitação, porém, durava apenas poucos segundos. O cheiro da pele sob a sua, o som da respiração do moreno que se tornava mais ofegante, a sensação do corpo sob seus lábios... era uma atração perfeita e perigosa. Ele se sentia um merda por não conseguir se controlar, um refém de um desejo que mal entendia e, ao mesmo tempo, não queria que acabasse.

Era isso. A relação entre os dois se resumia – e se resumiria - à sexo, desejo carnal e luxúria. Não tinha espaço para conversa fiada e muito menos contato fora de um contexto em que não fossem transar. Sem tempo para ouvir músicas juntos, irem a shows, ou até mesmo conversarem sobre filosofia. Era sexo. Ponto.

E isso... Ah, isso era um jogo perigoso que ambos estavam dispostos a jogar. Mas, aparentemente, nenhum dos dois estava ciente das consequências catastróficas que poderia gerar - se não estivesse gerando.

Chapter 13: Baby, bye bye bye

Chapter Text

Sasuke estava sentado em uma das mesas da biblioteca do campus. Estava basicamente com seu “kit de ataque” completo: óculos, colírio para olhos secos e o remédio da rinite que em breve atacaria por estar próximo daquele monte de livros velhos. Além disso, seu caderno de 20 matérias da Monster High, presente de Sakura, estava ali sendo preenchido com rascunhos sobre a escola de Frankfurt. Podiam falar o que fosse de filosofia e sociologia... Ele amava e se deleitava em estudar aquele bando de malucos.

Era sexta-feira. Tinha focado tanto no estudo que não tinha se tocado que a hora do almoço se aproximava, até ser lembrado por um ser de cabeleira rosa que estava acabando com o silêncio sepulcral da biblioteca.

- Biiiiiiicha. - Sakura veio ao seu encontro, saltitante igual uma gazela e com um sorriso estampado no rosto.

- Fala baixo, idiota. - A repreendeu, olhando por cima dos óculos.

- Fecha esse caralho de caderno e bora almoçar. Hoje tem lasanha no restaurante universitário. - Ela disse animada.

Sasuke suspirou. Seu momento de paz havia terminado. Se negasse, a Haruno ia ficar enchendo o saco até ceder. Ou seja, não adiantava discutir... Adorno e Horkheimer ficariam para depois.

Juntou suas coisas, enfiou tudo na mochila e seguiu com a amiga rumo ao restaurante universitário (RU). Ela tagarelava sobre o time de vôlei da atlética do curso de Direito, mas, naquele momento, sua cabeça havia saído do mundo de Frankfurt e pulado para um assunto perigoso: Naruto.

Praticamente uma semana havia se passado desde a última vez em que ficaram juntos. Uma madrugada de sexta para sábado regada à sexo e um sábado praticamente todo seguindo o mesmo script. E, infelizmente, tinha que admitir que o desgraçado era bom, longe de um "confortável" e de um "fode fofo". E estava sóbrio. Sim, o maldito estava admitindo para si que gostava de se atracar com ele - Sasuke - e ponto.

Ou não?

Naquele sábado, Naruto foi embora após estabelecerem o seguinte combinado:

- Contato meramente por educação no campus;

- Sexo? Sim. Mas, teria que ser algo na surdina, no sigilo, entre eles;

- Poderiam até conversar sobre outras coisas, mas nada de ficarem juntos se a finalidade principal não fosse sexo;

Resumidamente, havia ganhado um "P.A misterioso". O termo soava tão ridículo que ele deixou uma risada escapar, não passado despercebido por Sakura.

- Tá rindo o que, hein? - Ela perguntou, curiosa.

- Nada. Pensando em lances de xadrez e nas burrices alheias. - Mentiu. E funcionou.

A rosada tinha ficado EXTREMAMENTE PUTA por conta do fim de semana passado. Não apenas por ter desaparecido e dado notícias apenas no dia seguinte, mas por estar acompanhado justamente do "bi festinha". Segundo a amiga, aquilo era uma perda de tempo das mais absurdas, e o tarot dizia que ficar próximo de Naruto resultaria em uma merda gigantesca.

A questão é que ele não acreditava nessas baboseiras. Deveria?

- Sas, você prestou atenção no que eu disse? Porque tava com uma cara de cu absurda e depois começou a rir aí pensando nessa porcaria de jogo.

- Não fale assim de xadrez. É uma arte. - Fez uma pausa. - Não, amiga, eu estava em Nárnia. Repete.

- Hoje tem uma festa dos times de vôlei das atléticas.

- E?

- E você não tá no time masculino, viado?

- Sim, mas olha pra minha cara de quem quer ir nessa festa. - O moreno fez uma careta.

- Juugo vai estar lá. - A Haruno sorriu maliciosa.

- E?

- Você tá insuportável hoje, bicha. - Sakura lhe deu um tapa no ombro. - Não vai investir?

- Miga, na boa? Quero passar o fim de semana olhando pro teto, tomando vinho e estudando filosofia. - Estava falando a verdade.

- Para de ser nerd um pouco, por favor?

- Então me dê um bom motivo pra ir. E não vale citar o Juugo.

- Talvez o teu mais novo p.a vai estar lá. -  A rosada olhou de soslaio com um sorriso ladino.

- Passo. - Sasuke se limitou a responder. Ver Naruto seria interessante? Sim. Mas, não mais do que ter sua paz do fim de semana roubada.

- Te falar, Sas... Fico feliz que ele não é um motivo pra tu ir.

- Você está sendo contraditória agora.

- Eu sei. - Ela sorriu. - Mas é que eu não quero ver meu amigo machucado, sabe? Você é uma vagabunda? Sim. Só que é uma vagabunda emocionada.

Estava pronto para rebater quando sentiu seu ombro ser puxado para trás.

- Sa-su-keeee. - A voz irritante era inconfundível. Suigetsu.

Olhou para trás e viu o amigo acompanhado de Ino e, claro, Juugo. Quando encarou o ruivo, pôde jurar que viu as maçãs do rosto dele ruborizando. Ele abaixou o olhar de leve e acenou, enquanto os outros dois pareciam mímicos em um show de tantos gestos que faziam.

- Vocês estão indo almoçar? - A loira perguntou se aproximando da namorada.

- Sim, minha flor. - Sakura lhe deu um selinho.

- E não iam chamam a gente por quê? - O platinado fez bico.

- Para de drama. - Sasuke bufou. - Íamos nos encontrar lá de qualquer jeito.

- Tá de mal humor, princesa? - O amigo o cutucou. - O que vossa majestade precisa pra ficar mais calma, heim? - Suigetsu olhou dele para Juugo e de Juugo para ele.

Desgraçado.

- Algumas gotas de rivotril caíriam bem. - Respondeu rápido, desviando o olhar.

- Ou, uma festa dos times de vôlei, que tal? - Juugo se pronunciou.

Silêncio geral. Todos os rostos, ao mesmo tempo, voltaram-se para o moreno. Queria morrer, ou que abrisse um buraco ali mesmo para se enfiar.

- Ele tá fazendo cu doce pra ir, Juugo. - A Haruno balançou a cabeça. - Quer passar o fim de semana estudando.

- Sério? - O ruivo riu de canto.

- Se eu for, vocês vão parar de encher a porra do meu saco? - Sasuke massageou as têmporas. Para que inimigos se tinha seus amigos?

- Sim. - Todos, com exceção de Juugo, responderam em uníssono.

Ótimo, a rotina que havia preparado para si na sexta-feira fora completamente arruinada. Mas, fazer o que?

Chegaram no RU e a fila estava absurda. Era assim toda sexta-feira, o dia em que a comida ali era um pouco diferente da dos demais. Estava tudo pacífico até claro, o universo dar seu primeiro sopro de ironia e ele avistar Naruto e os amigos no fim da fila.

- Eu vou embora. - Sasuke disse, parando abruptamente.

- Tá tudo bem? - Juugo perguntou.

- Tem muita gente e, bom, hoje eu preciso ir até o escritório do meu pai. - Respondeu rapidamente. Não era de todo mentira, afinal, tinha que pegar alguns livros que havia deixado lá. E, outra, ter que ficar perto do loiro até entrarem no RU não seria agradável.

Sakura já ia abrindo o bocão para falar algo, mas o giro que deu nos calcanhares fora mais rápido. Saiu quase correndo e foi até o estacionamento do centro de ciências sociais aplicadas pegar o carro.

Inferno.

Durante a semana toda estivera hipervigilante no campus. Apesar do "acordo" de socializar por educação, estava evitando aquele ser como o diabo evita a cruz. E não sabia exatamente o motivo, apenas não queria ter que encará-lo nos olhos.

Aquele maldito par de olhos azuis...

Só de imaginar, já sentia calafrios. E saber que poderia ter que lidar com isso à noite não era nem um pouco confortável. Estaria acompanhado dos amigos e isso era bom, ia ser impedido de fazer merda. Ou podia simplesmente inventar uma desculpa esfarrapada e não ir. O problema é que Sakura ficaria lhe enchendo o saco a semana seguinte inteira depois por isso.

Suspirou.

Pegou a chave, desalarmou o carro, entrou e apoiou a cabeça no volante. Aquele seria um dia longo. Estava para dar partida quando ouviu batidas no vidro, o que o tirou de seus devaneios na hora.

- Porra!

A coisa ficou pior quando olhou para o lado e viu os malditos, sim, os malditos olhos azuis lhe fitando. Não podia ser... Estava maluco? Desceu o vidro e, realmente, não era uma miragem. Era Naruto Uzumaki.

- Bom dia! - Ele disse animado.

- Que tipo de PIADA é essa? Endoidou foi? - Estava puto. Não era possível que aquele ser fosse tão sem noção assim.

- Ué, como assim?

Sim, ele era sem noção.

- Estamos no campus, seu idiota. Você repetiu 50 vezes e concordamos 50 vezes em como nos comportaríamos aqui um com o outro. - Inspirou fundo e soltou. - E você vem aqui bater no vidro do meu carro! Que porra é essa?

- Calma, pô. Só vim entregar isso. - O Uzumaki puxou a mochila de lado e retirou um livro de lá. - Pra você. - Entregou-lhe "O mito de Sísifo - Albert Camus".

- O que é isso? - Levantou uma sobrancelha. Ele realmente o seguiu do RU até ali para lhe entregar um livro?

- É pra você deixar de lado o estoicismo e se juntar ao lado absurdo da força. - O loiro piscou.

- Eu não tô acreditando que você tá fazendo isso, dobe.

Não, não estava. Onde estavam as câmeras da pegadinha?

- Eu só... Sei lá, Sasuke. Quis te dar esse livro. Não te vi a semana toda e ele ficou na minha mochila. Agora que te achei, taí. Pronto. - Fez uma pausa. - Se não quiser, tá tudo bem.

- É lógico que eu quero, seu imbecil. - Pegou o livro. - Mas não é sobre isso e nem sobre absurdismo. É sobre interagimos e nos aproximarmos pra coisas além de...

- Sexo. - Naruto completou. Ele abaixou a cabeça e desviou o olhar. Parecia triste, mas por quê? Por algo óbvio? Por algo que ele mesmo havia insistido por conta da heterossexualidade frágil?

- Então, você deixou a fila do RU, dia em que aquilo lota pra caralho pra vir até mim?

- Sasuke. - O Uzumaki levantou um pouco o tom de voz. - Só aceita, tá? Entreguei teu livro, vou pra casa, como um lámen e pronto. Voltamos para nossa rotina normal.

- Você tá indo pra casa? - O moreno perguntou.

Vou fazer uma cagada, uma GRANDE cagada.

- Sim, por quê?

- Entra no carro. Te dou uma carona.

Sasuke idiota, Sasuke idiota.

- Hãn? - Naruto arqueou uma sobrancelha.

- Vou para o escritório do meu pai, fica perto da sua casa.

- Agora quem tá sendo contraditório é você! - O loiro colocou a mão no queixo.

- Se não quer, ótimo então. - Começou a levantar o vidro, mas Naruto o segurou.

- Pera. Eu vou aceitar, tô sem carro hoje. - Ele deu a volta, abriu a porta do passageiro e entrou.

- Põem o cinto. - Sasuke o alertou. Já estava sendo um completo trouxa incoerente mesmo, pelo menos podia ser um sem tomar multa e pontos na carteira de motorista.

- Sim, senhor. - O Uzumaki obedeceu.

Sim, ele definitivamente havia perdido todo resquício de sanidade que ainda lhe restava. Evitara ao máximo alguns lugares para não correr o risco de encontrar aquele desgraçado e, de repente, ele foi quem veio atrás.

E o pior? Agora Naruto estava dentro do SEU carro porque ELE PRÓPRIO havia oferecido carona.

Nota mental: buscar por um psicólogo, urgente.

Nota mental 2: um psiquiatra também.

 

No meio de toda essa confusão, Sasuke e provavelmente muito menos o loiro perceberam: Shion encarava a cena de longe com cara de poucos amigos.

 

 

__________________________

 

 

Naruto, o senhor dos rolês esquisitos e improváveis, estava agora em uma situação mais estranha do que qualquer festa mocada com bebidas de origem duvidosa. Até agora não conseguia entender o porquê de seu corpo ter reagido rápido diante do simples avistamento de Sasuke. Saiu feito louco da fila do RU, deixando seus amigos completamente sem entender nada e até ele mesmo sem saber o que caralhos tinha na cabeça.

Passara a semana tentando topar com o moreno em algum lugar discreto, com pouca gente e principalmente sem conhecidos por perto. Havia encafifado que precisava entregar O Mito de Sísifo para Sasuke pelo simples fato de que ele poderia gostar da leitura.

Porra, mas por que se importava? Só porque havia mencionado algo vago sobre filosofia? Ou por que tinham até mesmo falado um pouco sobre gostos literários e musicais? Independente, não fazia sentindo ter se dado o trabalho de pegar o livro, deixar em sua mochila e caçar o Uchiha pelo campus para lhe entregar.

Que inferno.

Ele se comportava assim, de forma atenciosa, com Kiba, Neji e até mesmo Shikamaru, mas a PORRA DA DIFERENÇA É QUE NÃO TINHA TRANSADO COM ELES - ressaltando aqui: mais de uma vez... E tinha gostado. MUITO.

Sua sorte era a de que, apesar de indignado e puto, Sasuke não partira para a violência. O moreno estava sendo sensato, como haviam combinado, mas ele? Porra, o que estava acontecendo?

A verdade é que a situação estava descaralhando de vez, mas ele não podia demonstrar isso para ninguém. Não podia sequer mencionar e cogitar a admitir para si mesmo: queria conhecer Sasuke melhor. Amigos, talvez? Ia ter alguém com conversar sobre interesses em comum e que não ficasse na mesmice de sempre. Porém, ia conseguir segurar o pau dentro da calça? Óbvio que não.

E a situação não estava ajudando.

Sasuke estava de óculos e era impossível não olhar para a expressão marrenta que ele tinha estampada no rosto. O interior do carro tinha seu cheiro: amadeirado e suave. Era inebriante, um teste para sua sanidade.

- Eu vou por música e você não vai dar um pio... Se não, te chuto desse carro.

- Que violência. - Respondeu, saindo de seus pensamentos. - Solta o play aí então, senhor Uchiha.

- Vá se foder.

Viu o moreno buscar por uma playlist no Spotify chamada “gay nostálgica” e riu com os títulos das outras que apareceram em sua biblioteca: gay gótica, gay metaleira, gay corna.... Quanta criatividade. Não demorou muito para Bye bye bye do N’sync começar a tocar.

- Essa você desenterrou, teme.

- Algum problema? - Sasuke o olhou de soslaio.

- Nenhum. - Balançou a cabeça negativamente. - Eu dancei essa música várias vezes quando fazia aulas de dança hip-hop. E ela voltou a tocar bastante por conta do filme do Dead Pool.

- Você dança? - O moreno parecia surpreso.

- Não é minha atividade preferida, mas sim, danço. Por quê?

- Queria ver a cena. - Sasuke riu. - Será que tem o ziriguidum?

- Pode apostar que sim. - Piscou. Era um dos melhores alunos da turma, é claro que sabia dançar bem.

- Vai dançar hoje, então?

Aquilo era uma armadilha? Ou ele estava falando sério? O que aquela pergunta poderia estar sugerindo? Jogar o verde para colher maduro? Sabia que Sasuke era do time masculino de vôlei do curso de Direito. Estaria ele sondando se ele compareceria na festa?

- Não sei, você vai? - Resolveu devolver a pergunta.

Toma, desgraçado.

- Estou buscando uma desculpa convincente para não ir nessa palhaçada de festa. - O Uchiha cedeu e jogou a toalha.

- Eu não vou conseguir convencer Kiba e Neji a me deixarem quieto, então já me conformei que vou nessa merda.

- Ué? Cadê o Uzumaki festeiro pronto para passar o rodo nas cocotas nas festas universitárias? - O tom irônico era BEM evidente ali.

- Obrigado, Sasuke. Acabei de lembrar de quem realmente sou e vou lá para comer geral. - Respondeu com todo o sarcasmo do mundo. - Satisfeito?

- Sim. - O moreno riu. - Agora sim.

Para falar a verdade, o real motivo de estar evitando essa festa era Shion. A loira passara a semana toda em seu pé, chamando-o para sair e até se oferecendo na caruda para ir até sua casa. Isso não era um problema... Na verdade, era a solução. Precisava voltar a se relacionar com mulheres o quanto antes e jogar o Uchiha para o escanteio de vez. O problema? E se ele broxasse? Simplesmente não funcionasse? Ia ficar com que cara e que FAMA?

“Naruto, o broxa”.

Porra, seria cruel demais.

Engraçado que, agora sabendo que existia a possibilidade de Sasuke estar por lá, um comichão começou a percorrer seu corpo. Era uma ansiedade misturada de cautela, receio com uma pitada de anseio e expectativa. Porém... Expectativa do que, cacete? Ia simplesmente grudar o moreno ali no meio de todo mundo e levá-lo para um canto para se atracarem? Não, né.

- Como faremos? - Naruto estava realmente perdido. Naquela festa, especificamente, estariam pessoas que ambos conheciam e que nem imaginavam o que havia ocorrido entre eles.

- Sorrir e acenar? - O Uchiha sugeriu. - Até porque eu pretendo ficar pouco. Vou dirigindo justamente por isso... É encher o saco e pronto, adeus.

- Sensato. - Riu.

- É esquisito... - O moreno começou a dizer, mas ficou alguns segundos em silêncio antes de continuar. - Interagir com você assim, sem estar com meu corpo colado no seu.... É estranho.

- Muito. - Concordou.

Para falar a verdade, queria mesmo era pedir uma parada para darem uns amassos. Mas, se fizesse isso e Sasuke aceitasse, seria mais uma vitória de seu corpo sobre sua mente. Além disso, estaria levando algo de um contexto específico para outros e isso seria completamente perigoso.

Porém...

Falar era fácil. Ver o moreno concentrado, com a expressão rabugenta e cantando partes da música que tocava era um convite à tentação. Além da força de vontade, teria algo que poderia fazer para tirá-lo de sua cabeça? Nem que fosse uma simpatia ridícula de revistinhas estranhas, estava aceitando qualquer ajuda.

- Você ficou sem almoço também? - Perguntou. Lá ia ele fazer besteira.

- Sim. Vou deixar você e pegar alguma coisa pra comer antes de entrar no mundinho do rei Uchiha.

- Como assim? - Começou a rir.

- Meu pai é um teimoso, egoísta e quer que tudo seja exatamente o jeito dele. Vou até o escritório dele pegar alguns livros e tenho certeza de que ele vai me pilhar dizendo que quer que eu fique mais dias por lá, estagiando, vulgo ouvindo ele falar merda para eu garantir que ele continue me mantendo longe daquela pose ridícula de família tradicional brasileira.

- Tenso, mas compreensível. É por isso que fiz questão de vir estudar longe do meu pai. - O loiro comentou. 

- Você sabe como é, então. Mas, por que me perguntou sobre o almoço?

- Quer almoçar um lámen duvidoso comigo? - Pronto, por que não dificultar mais ainda a coisa para si, não é mesmo?

Sasuke ficou em silêncio. Conferiu a hora no painel do carro, encarou Naruto e voltou-se para o trânsito novamente.

- Não vou comprometer sua integridade hétero, dobe? - O moreno riu. - Discrição não era tudo?

- Sim, mas é só...

- E não vai ter sexo. Se é o que está esperando, esquece.

- É só... Compensação por ter atrapalhado seu almoço, acho. - Deu um sorriso sem jeito, enquanto coçava a nuca.

- Lámen duvidoso, hm? - Ele colocou a mão no queixo enquanto mantinha a outra no volante. - Aceito.

O coração de Naruto errou uma batida. Estava feliz e, porra, queria abrir um sorriso do tamanho do mundo. Só que... E o combinado? Não só o que fizera com Sasuke, mas sobretudo o que tinha feito consigo mesmo de minimizar o máximo possível a interação entre eles.

Passara a semana toda pensando nisso. Mas era aquilo: a cabeça de baixo eventualmente pensaria mais alto e voltaria a reforçar toda aquele enrosco do qual precisava sair - e estava falhando miseravelmente.

O problema é que, malandramente, outra variável estava querendo entrar no jogo: não era mais apenas a briga entre sexo e razão. O coração estava querendo se intrometer com toda aquela babaquice de querer mais tempo próximo que não fosse apenas transando.

Perigoso.

Perigoso demais.

Precisava de uma simpatia urgente. Ou do alinhamento dos planetas, o tal do mercúrio na puta que o pariu. Precisava de ajuda. Ele mesmo, sozinho, já não podia mais confiar em suas próprias atitudes: estava fazendo tudo ao contrário do que propora. E o pior? Estava começando a pegar apreço por isso.

 

 

____________________

 

 

Naruto agradeceu mentalmente por suas coisas não estarem espalhadas pela sala. Estava em semana de provas e aquilo significava caos em seu ambiente físico. Porém, antes de ter um treco com a bagunça absurda em que a casa estava, tirou a quinta-feira à tarde para organizar tudo - e se esquivar do estudo da prova de economia.

Quando adentraram o apartamento, lembrou-se da última vez em que Sasuke estivera ali. Estava bêbado e, obviamente, o que era para ser um "basta", virou sexo. Bom, agora ambos estavam sóbrios e ele estava repetindo o mantra em sua cabeça de que iriam "apenas almoçar".

- Eu vou por a água pra esquentar. Tomate, carne ou frango? - Tirou o tênis e deixou a mochila de canto.

- Tomate. - O moreno respondeu fazendo o mesmo.

- E eu PRECISO de um café. Aceita?

- Pode apostar que sim. - O Uchiha se jogou no pufe da sala.

- Porra, que folgado do caralho. - Balançou a cabeça enquanto o moreno fechava a cara emburrado.

- Você me convidou pra almoçar, idiota. Vá lá cumprir com sua função e me deixa em paz.

- Não está mais aqui quem falou. - Foi rindo até a cozinha.

Maldito rabugento.

Colocou água na chaleira, o suficiente para os lámens e pelo menos um litro de café. Deixou separado o de galinha e o de tomate e deixou o café pronto para ser passado. Retornou para a sala e viu o Uchiha de olhos fechados. Aquilo acordou o demônio que morava em sua cabeça e disputava com seu "anjo", dizendo para simplesmente ir até lá e se jogar por cima. Óbvio que não faria isso.

Queria.

Mas não faria.

Era um almoço, certo? Almoço, café, Sasuke iria embora. Pronto.

E a festa... porra, a maldita festa.  A vontade de dar um fake qualquer e não aparecer naquele evento era gigante. Bem que a chuva que estava ameaçando a se formar no céu podia vir e cair sem dó, assim teria um ótimo motivo para ficar em casa e evitar qualquer tipo de cagada que envolvesse um certo Uchiha.

- Dá pra ouvir sua cabeça entrando em curto daqui. - O moreno abriu os olhos e começou a rir.

- Você é um desgraçado. - Naruto se jogou no sofá, de frente para o outro.

- Você também é. E mesmo assim te enfiei no meu carro e estou aqui em sua casa. Que merda.

- Confesso que tô surpreso com isso, seria mais sensato você ter me batido.

- Pois é. Você merece mais um soco do que uma carona e minha companhia. - Sasuke se levantou e o encarou. - Você é uma contradição ambulante, Naruto.

E ele estava errado? Não estava. Ia começar com a explicação, como diria Kiba, a "ladainha da heterossexualidade", quando a chaleira começou a apitar. Levantou-se em um salto e correu até a cozinha. Colocou a água fervente nos copos de lámen e no coador de café, e ficou ali parado olhando o líquido escuro descer pela garrafa.

Passou as mãos pelo cabelo e esfregou o rosto. Vai ver, estava enlouquecendo, só podia. Estava brincando com fogo, rindo na cara do perigo. Sabia disso, mas era ver aquele maldito que não conseguia evitar. O Uchiha lhe causava... coisas... que não sabia explicar. E eram coisas boas. Boas até demais.

- Fala. - A voz do moreno se fez presente no cômodo e ele pulou de susto.

- Porra, Sasuke! Nem ouvi você se aproximando. Quer me matar de susto, porra?

- Isso significa que você tá preso demais na sua cabeça. - Ele riu. Parou de frente para si e o encarou nos olhos. - Fala.

- Falar o que? - Deu um passo para trás.

- Que você é uma contradição ambulante. - O Uchiha repetiu a frase. Ela soara até mesmo mais assustadora agora com ele a falando com uma expressão séria.

- Eu sou uma contradição ambulante. - Fez uma pausa e fez questão de encarar o outro bem fundo nos olhos. - Que quer você por perto, mesmo sabendo o quanto isso é perigoso.

- Medo de gamar, Uzumaki? - Sasuke se aproximou mais ainda, mas, dessa vez, Naruto não recuou.

- Tarde demais, Uchiha. - Lançou um sorriso amarelo. - Acho que cavei minha própria cova quando te beijei a primeira vez. Eu quero me afastar, quero que você suma e que eu volte pra minha vida medíocre de sempre. O problema? Você ficou em minha cabeça a semana toda... E não foi por conta do livro, você sabe que não.

- O que deu em você? Tá confessando, é? - O moreno riu, mas logo ficou sério quando percebeu que ele não ria. - Naruto, que porra é essa que você tá falando?

Nem eu sei, idiota. Nem eu sei.

- É difícil ficar perto de ti e não querer partir pra cima, sabe? - Se aproximou do outro e tocou de leve o seu rosto. - Eu fico me perguntando o que caralhos deu em mim naquele dia e o que diabos tem em você que mexe tanto comigo. Não ter a resposta me deixa puto.

Ok, só podia estar possuído. Não sabia como tudo aquilo estava saindo de sua boca. Para quem queria manter Sasuke por perto, apenas como um sex toy ou coisa do tipo, parar na frente dele e falar tudo aquilo era a última coisa que deveria estar fazendo. Porém, algo dentro de si urgia para dar explicações ao moreno, com a intenção de mostrar que ele não era um completo babaca e que tinha um motivo concreto para não se envolver com ele. E, esse “algo”, estava saindo agora e quebrando completamente com sua pose “garanhão alfa”.

Merda.

- Eu não tenho a resposta. - O moreno disse fechando os olhos. - Mas posso dizer que você é um imbecil por querer fingir que isso não existe.

- Sasuke, olha pra mim. - O Uzumaki aguardou o mais novo abrir os olhos e, então, continuou a falar. - Eu tenho um pai completamente homofóbico... E ele é a pessoa que me mantém aqui financeiramente. Se eu pisar fora da linha que ele coloca pra mim, eu com certeza vou precisar voltar pra Suna e ter que abandonar os estudos.

O Uchiha o encarou por alguns segundos. Aquela era a primeira vez que ele citava o motivo “Minato”.

- Entendo... - O moreno comentou. - Mas, o que você tá querendo me dizer com isso? Que não se relaciona comigo por conta do seu pai?

- Você quer um relacionamento comigo? - O Uzumaki ergueu as sobrancelhas.

- Não, idiota. - Sasuke virou o rosto rapidamente. - O gamado aqui é você. - Ele riu.

- Ok, agora olha nos meus olhos e fala que não é recíproco.

Duvido que não seja.

- Pirou, foi? - O outro o encarou.

- Fala que não pensou em mim durante a semana... E que não quer nenhuma aproximação comigo além de sexo.

Silêncio.

- Eu sabia. - Sorriu de canto. Virou-se de costas, tirou o coador de café da garrafa e a fechou. - Nós somos dois idiotas, isso sim.

- O que você acha... de, hm, uma última vez? - Sasuke perguntou baixinho.

- Que? - Naruto virou-se, surpreso.

- Presta atenção, dobe. - O moreno fechou a cara. - Nós, hm... Podemos ficar juntos hoje e mudarmos o combinado para “nunca mais” ao invés de “eventualmente na surdina”. O que acha?

Seria possível isso? Bom, teria que ser... Afinal, teria outro jeito?

- Sem festa para nós hoje, então? - Riu de leve, fechando a distância entre os dois.

- Sem festa. - Sasuke envolveu os braços ao redor de seu pescoço. - Só hoje. E acabou.

- Só hoje. - O loiro repetiu enquanto aproximava os rostos. - E acabou. - Disse as últimas palavras enquanto roçava os lábios nos do outro.

- Acabou. - O Uchiha segurou sua nuca e o puxou para um beijo.

 

(...)

And now I really come to see (agora eu consigo ver)

That life would be much better (que a vida seria muito melhor)

Once you're gone (quando você fosse embora)

I know that I can't take no more (eu sei que não consigo mais aguentar)

It ain't no lie (isso não é mentira)

I want to see you out that door (eu quero ver você para fora daquela porta)

Baby, bye, bye, bye (Baby, tchau, tchau, tchau)

Chapter 14: Only boy in the world

Chapter Text

Sasuke abriu os olhos devagar. A claridade que passava da fresta da cortina, mesmo que pouca, denunciava que aquele não era o teto de seu quarto. Piscou algumas vezes e foi se lembrando do dia anterior: era para ser apenas um almoço nada nutritivo na casa do Uzumaki, mas, para o choque de zero pessoas, os dois acabaram se pegando novamente. Uma, duas, três... É, algumas vezes.

O curioso veio depois: descobriu que aquele idiota, mesmo aparentando ter apenas dois neurônios na cabeça, era na verdade muito inteligente. E, para pasmá-lo de vez, Naruto era um amante de filosofia e sociologia. Aquilo definitivamente só piorava a situação.

O que era para ser uma festa do time de vôlei, virou uma noite no apartamento do hétero de Taubaté regado à base de discussões existencialistas, vinho e... obviamente: sexo. Felizmente, não tinha exagerado no álcool a ponto de precisar de doses cavalares de glicose e cafeína.

Piscou algumas vezes e, quando sua alma começou a voltar para o corpo, percebeu que sua cabeça não estava repousando em um travesseiro, mas sim naquele maldito peito largo, bronzeado e tonificado. E, para ficar ainda mais passado da cara, percebeu que o bíceps invejável o envolvia em um abraço, repousando em sua cintura.

Cretino.

E o que fez? Fechou os olhos e resolveu fingir que estava dormindo. Queria ver a reação de Naruto quando ele acordasse, pois seria no mínimo engraçada. Porém, não podia negar que se sentia bem ali, com aquele ser delicioso ao seu lado. O cheiro de perfume cítrico, o físico que convidava para o pecado, a tranquilidade com que o peito subia e descia enquanto ainda dormia.

PAROU, SASUKE. PAROU.

Infelizmente, sua cabeça o traía imaginando vários cenários. A fala do loiro no dia anterior, de que “passara a semana toda pensando nele”, o havia pegado de jeito. O pior? A recíproca era verdadeira, e isso era uma grande merda.

Por um instante, pensou que poderiam sim manter os encontros na "surdina", até que chegar ao ponto em que Naruto simplesmente não aguentaria mais e interagiria consigo como um ficante - ou coisa do tipo - publicamente. Mas, parando para pensar, por que iria querer isso? Eles não tinham nada, nenhum vínculo afetivo, sequer uma amizade direito. Seria por pura diversão, perversidade ou... queria ser assumido pelo Uzumaki?

Sasuke, pelo amor da deusa...

- Hum? - Naruto resmungou. Fechou mais ainda os olhos e depois os abriu. Tão logo o fez, percebeu que não estava sozinho e que alguém estava ali: repousando em seu peito.

- Bom dia, gay. - O Uchiha apoiou o queixo no ombro do outro e lhe deu um beijo na bochecha. Dormiu bem?

Esperou que o loiro se afastasse, gritasse e até mesmo desse um sobressalto.

Porém, o que se seguiu foi a cena mais inusitada possível: o loiro virou de lado, ficando se frente para si. O abraçou bem apertado até o ar escapar de seus pulmões e precisar xingar para que parasse.

- Bom dia, seu desgraçado. - Lhe deu um beijo no topo da cabeça e o soltou. - Tô com uma dor de cabeça do caralho. Exagerei no vinho.

- Bem-feito. - Sasuke falou, ainda surpreso com aquele comportamento.

- Seu maldito. - O Uzumaki riu. - Vou esperar a tontura passar um pouco e já faço café, tudo bem?

- Quer que eu faça? - O moreno se ofereceu. - Você tem cara de quem faz café fraco.

- Pois você está completamente enganado, meu caro. Gosto de meu café amargo, assim como a vida.

- Que pessimismo logo pela manhã. - Sasuke riu e se afastou. - Sério deixa que eu faço.

- Já que insiste... É só fuçar nos armários que você vai achar o pó. A cafeteira está na pia.

- Certo. - O Uchiha disse se levantando.

Com isso, percebeu que estava apenas com sua boxer e uma camiseta laranja, grande o suficiente para quase parecer um vestido. Bom, com certeza era de Naruto - não apenas por conta do tamanho, mas por conta da cor horrorosa.

Foi até o banheiro, jogou uma água no rosto e fez um bochecho. Quando olhou no espelho, ouviu seu "anjinho e seu diabinho interior" começarem a brigar em sua cabeça. O primeiro, dizia que a noite tinha sido agradável e que, por conta disso, Naruto poderia repensar até mesmo em parar com a palhaçada de insistir que é hetero. O segundo, por outro lado, dizia para ele parar de graça e fazer o desgraçado senti na pele que iria desejá-lo, mas não o ter... Provocar dor, incitar sofrimento. Bom, a segunda opção não parecia uma má ideia.

Passou pela sala e lá estavam os vestígios da noite passada: não tinha dado tempo de retirar as garrafas, pois o loiro o havia carregado para o quarto - nas costas - como tinha o costume idiota de fazer. E, obviamente, transaram. Muito.

Imbecil.

Apesar da bagunça recente, tinha que admitir que, mesmo sendo a moradia de um "homem hétero", o local era limpo e aconchegante.  Isso era completamente fora do usual de um macho padrãozinho - até mesmo das gays com que saía eventualmente -, o que era deveras interessante. A cozinha também era de uma organização impecável - não fora difícil de encontrar o pó de café. Pegou o que precisava - o suficiente para beber café até a alma dizer chega - e deixou a cafeteira ali, fazendo o seu trabalho.

Quando se virou para retornar para o quarto, viu aquele pedaço de mal caminho parado na porta. Estava apenas com uma samba-canção laranja com sapinhos estampados - que porra era aquilo? - se espreguiçando. Naquele momento, o "demônio" voltou a falar em seu ouvido: vá, comece o seu "joguinho".

E ele deu ouvidos.

- Temos tempo até o café passar. - Ele se aproximou, cruzou os braços atrás das costas e se inclinou para frente. - Quer fazer algo antes? - Levantou uma sobrancelha com um sorriso "angelical" no rosto.

- Calma que tô acordando ainda. - Naruto se espreguiçou novamente e bocejou. - Ou o Incubus* já baixou aí?

- Não estava falando de sexo, seu safado. - O moreno deu um leve sorriso.

- Mas estava pensando. - O Uzumaki estreitou os olhos. - Posso não ser próximo seu, mas já entendi como você "joga" - Fez aspas com as mãos.

- A é? - Sasuke se aproximou ainda mais. - E como eu jogo, novo habitante do vale colorido?

- Eu não sou gay. - O loiro enrijeceu a postura.

- Bissexuais também contam, viu? - O Uchiha não se arredou. Sim, ele iria repetir aquilo até aquele cabeça dura parar de afirmar o contrário.

- Não acho que eu seja... - Naruto coçou a nuca, sorrindo sem graça. - Eu só, tipo, só...

- Transou comigo de homem?

- É.

- É Sasukessexual então?

- Quanta prepotência. - Dessa vez, o loiro quem se aproximou. - O que te faz pensar que é especial assim?

- Ora ora. - O Uchiha levou as mãos no peito, em uma postura dramática. - Você vem, me beija numa festa, transa comigo MAIS DE UMA VEZ, vem atrás de mim... E me chama de prepotente? Vá se foder.

- Não é isso... É só que... Que...

- O que, Naruto Uzumaki? O que? - O moreno fechou o resto de distância que havia entre eles, de modo que as últimas palavras saíram quase num sussurro de uma boca contra a outra.

- Você é diferente. - O “hétero” deu um passo para trás. - Eu nunca... Nunca senti isso por outra cara, nunca me atraí assim, nunca senti esse...

- Tesão? Pira? Tara?

- Sim! - O Uzumaki respondeu irritado. - Por que você faz isso, Sasuke? Quer que eu diga o que? Que você é o príncipe que me tirou do armário? Que por me fazer me sentir assim, vou ficar contigo e ignorar todo o resto? Para de viajar.

E aquilo bateu. As palavras não golpearam forte apenas a sua cabeça, mas também seu peito, seu ser e até mesmo sua alma. E o "diabinho", ah, meus caros, se remexeu ali dentro.

- Então podemos parar com essa palhaçada de café juntos e já seguirmos o combinado de "nunca mais", o que acha, bi festinha? - O Uchiha tentou passar pela "geladeira inox" que estava ali parada na porta da cozinha e seguir para o quarto para pegar suas coisas.

Porém...

Naruto estendeu o braço e o impediu. Sasuke tentou fazer força para empurrá-lo, mas o desgraçado mal se moveu.

- Que porra é essa? - Perguntou, PUTO. Já não estava entendendo mais nada.

- Sasuke. - O loiro o segurou nos braços e o forçou a encará-lo. - É difícil pra mim. - Ele desviou o olhar. - É... foda, sabe? É tão intenso que chega a ser assustador.

- E o bonitão da ADM tá com medo, é? - O Uchiha debochou.

- Sim. - Ele admitiu. - Tenho por conta do meu pai que é uma pessoa difícil. Tenho por conta das pessoas ao meu redor..., mas, o mais difícil, é aceitar pra mim mesmo que gosto da sua companhia. - Fez uma pausa. - E GOSTO MUITO de transar contigo.

- E vai ter que fazer isso mais quantas vezes pra entrar nessa sua cabeça teimosa que você não é hétero porra nenhuma? - Tentou se soltar, mas fora em vão. - Me solta.

- Não.

- Então me deixa tomar uma ducha para pensar, me acalmar e não enfiar um tapa na sua cara.

Naruto o soltou e se afastou.

- Quer que eu coloque suas roupas pra lavar e secar?

- Seu playboy de merda. - Sasuke disse antes de sumir pelo corredor com o dedo do meio erguido. - Faça como quiser.

 

____________________________

 

 

Aquela definitivamente era uma situação tensa. Uma batalha entre desejo e razão (e que razão - sua ou dos outros?) que estava sendo difícil de travar e, sobretudo, de vencer.

O loiro balançou a cabeça em um gesto negativo e riu. Riu de frustração, de confusão e de medo. Esperou ouvir o barulho do chuveiro e foi até o quarto. Deu dois toques na porta e disse para o Uchiha que ele encontraria o que precisasse no armário abaixo da pia. Esperou ouvir um xingamento novamente, mas tudo o que se fizera presente foi o som da água caindo.

Pegou as roupas que estavam no chão, inclusive a camiseta laranjada que o moreno estava usando até a pouco. Apertou a peça contra seu rosto e o cheiro do perfume amadeirado, aquele cheiro inebriante que apenas Sasuke tinha, fez com que fosse até o céu e voltasse.

Desgraçado.

Passou pela cozinha, foi até a área de serviço e jogou as peças na máquina. Enquanto ela trabalhava, resolveu se servir de meia caneca de café, líquido que acreditava que ia acalmar sua cabeça um pouco.

Na verdade, ia porra nenhuma.

Marchou até a sala com a caneca na mão, sem se importar se estava derrubando café no chão, e pegou seu maço de cigarros. Foi até a pequena sacada, sentou em uma banqueta, acendeu um dos cigarros e tragou como se toda a porcaria contida ali fosse lhe levar para outro mundo, fazê-lo desaparecer de modo que não precisasse lidar mais com toda aquela merda. A cada dois goles no café, era um trago. Nicotina parecia uma boa ideia naquele momento, mas a verdade é que queria enfiar o maço todo na boca e acender.

Enquanto Sasuke estava no banho, ficou pensando em como seria se eles andassem juntos abertamente no campus. Seus amigos achariam estranho e provavelmente iam querer saber de onde caralhos viera aquela aproximação. E, quanto aos amigos do moreno? Bom, alguns deles provavelmente já deveriam saber da presepada toda. Explicações seriam desnecessárias.

Mas falariam. Com certeza julgariam

Sasuke o demonizaria caso não assumisse nada se o “lance” entre eles continuasse. E, bom, teria coragem para escancarar que tinha um "rolo" com outro cara? Se dependesse apenas dele... sim - ou talvez? Mas, e o contexto fodido que o rodeava? E Minato?

Inferno de situação.

Puxou outro cigarro e ficou ali, reflexivo. Tantas garotas, tantas transas... E nenhuma, nenhuma sequer havia passado perto do que sentia com Sasuke na cama. E o pior? O maldito tinha um gosto FODA para literatura filosófica, o que rendeu uma conversa e tanto no meio da madrugada. Com quem mais ele conversaria sobre Kafka? Camus? Dostoievski? Seria com Shion? Ela provavelmente o mandaria calar a boca e lhe foder logo. E, com certeza, ela seria a primeira a julgar se chegasse a se envolver com o Uchiha. A considerar a última vez em que se viram, com uma dessas iria chamá-lo de broxa, viadinho e daí pra baixo.

- Merda.

- A cabeça tá fritando, é?

Naruto olhou de soslaio e lá estava o filho da puta que vinha ocupando seus pensamentos. Estava com uma toalha amarrada na cintura, com o peitoral alvo à mostra e os cabelos bagunçados caindo pelo rosto. Incrivelmente lindo. Perigosamente convidativo. Tanto que quase engoliu o cigarro e começou a tossir.

Aquilo fez o outro rir. Gargalhar. Sasuke nem se preocupou com o fato de estar praticamente nu e se sentou na outra baqueta, puxando um cigarro para si.

- Gostando da vista? - O moreno provocou.

- Vou tomar banho. - O Uzumaki se levantou antes de tomar uma atitude impulsiva e arrastar aquele desgraçado para dentro, soltando-o apenas quando estivesse gemendo por seu nome e pedindo por mais.

Maldito.

 

________________________

 

Enquanto Sasuke fumava, na pose mais intelectual possível - e pouco se lixando para o fato de a toalha estar quase escorregando - o Incubus, o demônio do sexo, estava ali em sua orelha: falando, incitando, atormentando. Sim, queria pegar suas roupas e ir embora, mas, não antes de deixar o hétero de araque com gostinho de "quero mais".

Sabia que, ao ouvir o tal demônio, estaria se enfiando em uma armadilha para si próprio. Porém, estava tão convicto de que deixaria Naruto comendo na palma de sua mão, que deixou de lado seu “anjinho” e mandou a sua capacidade de avaliar as consequências disso para o quinto dos infernos.

Finalizou o cigarro e foi até o quarto. Manteve a toalha só para fingir que era um ser inocente e que não queria nada demais, a não ser apreciar a vista do corpo bronzeado que apareceria quando a porta do banheiro abrisse. Sentou-se na cama e ali ficou, esperando com calma, como se o mundo todo estivesse apaziguado. E, depois de ter dissociado da realidade pelo menos algumas vezes, lá estava o bi festinha, definitivamente como imaginara: cabelos bagunçados com alguns fios pingando água, peitoral e abdômen definidos - de causar inveja e tesão em MUITA GENTE -, e toalha amarrada na cintura, exatamente de um jeito que mostrava a curvinha da entrada que descia até uma parte muito interessante de seu corpo.

- Achei que tivesse ido embora. - Ele disse, bagunçado ainda mais os cabelos.

- Esqueceu das minhas roupas, idiota? Tô esperando.  O Uchiha se levantou. Percorreu o corpo do loiro lentamente com o olhar, deixando MUITO claro o que estava fazendo e pensando. Quando os olhos se encontraram, mordeu o lábio inferior.

E aquilo surtiu efeito.

O Uzumaki deu um sorriso maroto. Mas, de repente, ficou sério. Levou uma das mãos no queixo e parecia pensativo.

- Vai soltar alguma pérola sobre seu preconceito idiota? - O moreno debochou.

Naruto respirou fundo e lhe encarou. Os olhos azuis brilhavam como nunca, mas não de euforia ou coisa do tipo. Ali parecia haver tristeza, confusão e até mesmo dor. Deu um passo à frente, parou perto de Sasuke, pigarreou e então falou:

 

Querer não é poder.

Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder.

Quem quer nunca há de poder, porque se perde em querer.

 

 

- Olha eleeeeee. Conhece Fernando Pessoa. - Sasuke riu e depois franziu o cenho. - Já que é assim:

 

Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre.

Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida. (entendam aqui como “fugir da vida”, “fugir de como as coisas devem ser”).

 

- O Fernando Pessoa era foda. E o livro Desassossego é simplesmente maravilhoso. - Naruto sorriu, apesar da resposta do moreno, dada “no mesmo tom”, ter sido um cutucão.

- Sim. - O Uchiha concordou. - Agora, me diga. Vai furtar à vida, Naruto Uzumaki? - Sasuke fechou o espaço entre eles, ficando a poucos centímetros de colar as bocas.

- Eu acho. - O loiro lhe deu um selinho e mordeu seu lábio inferior. - Que podemos esquecer da vida e focar no agora.

- E fazer o que? - O moreno devolveu a mordida.

- Te foder gostoso e, quem sabe depois, podemos pensar em Desassossego.

 

E assim, a vitória do Incubus se concretizou.

 

________________________

 

 

Naruto simplesmente desistiu de vencer a batalha interna para manter o autocontrole. O desejo, primitivo e incontestável, falou primeiro. E muito, MUITO mais alto. Agarrou os ombros estreitos de Sasuke de forma possessiva e até mesmo punitiva - aquele desgraçado sabia o que estava fazendo, sabia como mexia consigo. Seus lábios colidiram com os do moreno num beijo feroz e a toalha que o envolvia cedeu, revelando a pele pálida e o corpo esguio que ele reconhecia como sua perdição. Com um movimento impaciente, livrou-se da própria toalha, e então não havia mais barreiras.

Ótimo.

Os corpos se chocaram e o contato de pele com pele fez com que o loiro se arrepiasse por inteiro. As ereções, duras e pulsantes, se encontraram no pequeno espaço que se formou entre os dois. Um gemido abafado escapou da boca do Uchiha, e o som foi como uma corrente elétrica percorrendo a espinha de Naruto. Ele queria mais, muito mais.

Afinal, o maldito estava provocando, não? Então, lhe daria o que estava pedindo.

Começou a roçar sua própria excitação entre as pernas de Sasuke, num movimento lento e ritmado por pura provocação. Aquilo lhe fazia querer ir logo para os “finalmentes”, mas a vontade de fazer aquele desgraçado pedir por mais era mais forte.

- Na... Naruto... - O moreno gemeu quando as bocas se separaram.

Aproveitou o momento de vulnerabilidade do outro e abocanhou-lhe o pescoço, provocando mais uma vez o seu nome ser dito em um gemido tão...tão...

Excitante.

- É isso.... Quero te ouvir gemendo meu nome até não aguentar mais. - Sussurrou entre mordiscadas no pescoço alvo, que agora começava a demonstrar marcas arroxeadas.

O Uchiha fez menção de falar algo, mas o loiro foi mais rápido e o empurrou para trás, em direção à cama. Sasuke caiu sobre os lençóis desarrumados, ofegante e com os olhos escuros carregados de surpresa - ou satisfação? Antes que ele pudesse abrir aquela boca afiada, Naruto esticou o braço até a cômoda e pegou o frasco de lubrificante e um pacote de camisinha. Com um sorriso maroto estampado nos lábios, jogou os itens ao lado do quadril do moreno.

- O que você vai fazer, Naruto? - Sasuke perguntou. Sua voz carregava um tom de desafio, mas, ao mesmo tempo... drama? Submissão?

Ótimo.

- Cala a boca. -  O Uzumaki disse se ajoelhando entre as pernas do outro. - É hora de aproveitar o momento e não furtar à vida, não é?

- Mas o que...

Ignorando completamente a fala do moreno, Naruto inclinou-se para frente e, com a mão, envolveu a ereção do outro em um movimento firme e dominador. Seus olhos azuis, agora escurecidos pelo desejo, percorreram o corpo exposto como um desafio - o qual iria vencer e fazer com que aquele teimoso parasse de gracinhas.

Sasuke arqueou as costas, como um gato, e um gemido escapou de seus lábios. Essa era a deixa: em um movimento rápido, baixou a cabeça e envolveu o membro do moreno com a boca.

- Na-na Naruto!!! - E outro chamado, surpreso e carregado de desejo, veio.

Começou a alternar entre sucção forte e movimentos circulares na cabeça sensível. Sua mão continuava com a masturbação na base, sincronizada com o trabalho da língua.

O Uchiha cravou os dedos nos lençóis e tentou travar a mandíbula para não emitir mais sons. Porém, estava falhando miseravelmente: os gemidos se tornaram mais frequentes, mais altos, mais convidativos.

- Por favor... mais... - Ele pediu abrindo um pouco mais as pernas.

Para ser um belo de um filho da puta, Naruto soltou-o com um estalido úmido. Antes mesmo que o moreno pudesse protestar, pegou o lubrificante e espalhou o conteúdo em dois dedos. Sem perder o contato visual, levou o primeiro até a entrada já pulsante e, mais uma vez - SIM, YES, ISSO, - Sasuke chamou pelo seu nome.

- Tá gemendo tão gostoso. - Falou enquanto começava a movimentar o dedo, beeem lentamente.

- Seu desgraçado, você é um bi fes.... Ah!

O Uchiha simplesmente parou a frase no meio quando o segundo dígito entrou, alongando, preparando e provocando. Enquanto os dedos se moviam, o Uzumaki voltou a envolver com a boca a ereção do outro, levando-o a se agarrar mais ainda na roupa de cama e a se contorcer por inteiro.

- Eu sou o que? - Naruto parou e perguntou. E, ao perceber o mínimo de movimento possível do outro, voltou com a sucção.

- S-s-seu, se-seu...

Foi então que seus dedos encontraram o “ponto mágico”, pois notou a expressão de Sasuke mudar completamente. Então, deu uma leve estocada ali, só para ver o que viria a seguir.

E a resposta fora rápida. Rápida no arquear do corpo, ligeira no chamado pelo seu nome, na tremedeira que tomou conta das coxas alvas, e no despencar da postura de quem queria estar no controle da situação.

Ponto, Uzumaki.

 

 

_______________________

 

 

A onda de prazer que invadiu o corpo de Sasuke era quase insuportável. Cada movimento dos dedos de Naruto, cada sucção, era como uma corrente elétrica que fritava seus últimos resquícios de sanidade. Estava se perdendo, afundando num mar de sensações onde acreditava estar prestes a se afogar. E parte sua - uma parte profunda e obscura - ansiava por essa submissão, por se entregar completamente ao prazer e à luxúria.

Mas...

Outra parte, o “diabinho”, o Incubus, ou seja lá o que fosse, se rebelou. Enquanto o loiro massageava seu ponto mais sensível de uma maneira quase cruel, um lapso de razão lhe tomou conta e um pensamento veio-lhe à mente: eu não posso me entregar tanto e ser a passivona aqui. Ele precisa entender quem manda aqui e, depois, implorar por mais... e, deusa, COMO ELE VAI.

A decisão foi instantânea.

- Para. - Sasuke soltou os lençóis e se inclinou. A voz saiu mais rouca do que queria, mas ainda assim transmitia a sensação de comando. - Para, Naruto.

Para sua surpresa, o loiro parou imediatamente.

Ora ora, respeitoso, não?

Ele recuou, ainda ofegante, com uma expressão confusa e um olhar questionador. Foi a deixa que precisava. Com um movimento súbito, o Uchiha empurrou o peito do outro com a ponta dos pés, fazendo-o cambalear para trás e cair sentado no chão, com um xingamento de surpresa.

- Que porra é essa? - O Uzumaki perguntou, confuso e com a respiração ainda acelerada.

O moreno não respondeu. Mesmo com o corpo ainda tremendo, levantou-se da cama e começou a andar em direção a Naruto, que, instintivamente, foi indo para trás até suas costas encontrarem a parede.

Sasuke fechou a distância final, encostando novamente os corpos e capturando os lábios do outro num beijo lascivo. Sentiu as mãos do loiro envolverem sua cintura e o puxar para mais perto ainda - como se fosse possível dois corpos ocuparem o mesmo lugar ao mesmo tempo -, mas, logo se afastou um pouco para que sua mão tivesse espaço para “devolver o agrado” que havia recebido. Deslizou lentamente os dedos pelo peitoral bronzeado até chegar aonde queria: o sonho de toda gay passiva, meus caros - um pau grande e grosso.

Envolveu o membro pulsante e sentiu o Uzumaki se contrair levemente. Interrompeu o beijo o encarou: queria ver e registrar cada reação do outro entregue - literalmente - em suas mãos.  Começou a masturbá-lo, alternando entre movimentos longos e firmes - da base até a cabeça - e entre uma pressão sutil, quase torturante, no frênulo e na glande com seu polegar.

- Porra, Sasuke... - Naruto gemeu, fechando os olhos. Sua cabeça recuou e seus quadris começaram a se mover de forma involuntária, demonstrando claramente que a postura de “dominação” estava caindo por terra.

O som dos gemidos - sim, foram vários-, provocou no Uchiha uma sensação de poder intoxicante. Enquanto sentia o corpo bronzeado tremer sob seu toque, viu, nos olhos azuis, a vontade de ser “o fodão” se dissolver.

Então, subitamente, parou e se afastou, deixando o loiro suspirar de frustração. Ele fez menção de falar algo, mas parou quando viu o que estava por vir: Sasuke se abaixou, pegou o pacote de camisinha que havia caído no chão, abriu-o com os dentes e, com movimentos propositalmente lentos, rolou a proteção no membro ereto do “hétero de Taubaté”. Depois, se aproximou novamente e, com os lábios quase tocando a orelha de Naruto, ussurrou em tom de desafio:

- Agora me joga na parede e faz aquela sua gracinha estúpida. Me pega no colo.

Um sorriso ligeiro e malicioso se formou no rosto do Uzumaki, fazendo com que o brilho predatório e sádico retornasse para seus olhos.

- Então agarra em mim, seu desgraçado. - Ele ordenou com um rosnado baixo.

Assim que os braços do moreno envolveram o pescoço de Naruto, ele se agachou, agarrou as coxas de Sasuke e, em um movimento rápido, levantando-o como se não pesasse nada.

O Uchiha sentiu um arrepio generalizado percorrer seu corpo quando a pele encontrou a parede fria. Mas, tal sensação simplesmente desapareceu quando se sentiu prensado contra a parede, suspenso no ar, e completamente à mercê do teimoso que queria “continuar no armário”.

- Tão impaciente. - Naruto provocou, roçando a cabeça do seu membro na entrada já lubrificada.

E o desgraçado, o infeliz, o MALDITO, fez isso repetidas vezes: um vai e vem lento e lascivo que o fazia gemer e se contorcer naqueles braços fortes e torneados.

- Fala o que você quer. Quero ouvir. - O loiro continuou com a provocação.

Com uma das mãos, Sasuke cravou as unhas no ombro bronzeado. Com a outra, enterrou os dedos nos fios loiros. Sem dizer nada, capturou os lábios do outro com urgência, movimentando-se o pouco que conseguia para baixo deixando exatamente claro o que queria.

- Não entendeu ainda? - Ele disse interrompendo o beijo.

- Só vou fazer quando você pedir, Sa-su-ke. - O Uzumaki acelerou o ritmo das roçadas. E, para ser mais filho da puta ainda, enfiou parte da cabeça do pau em sua entrada, mas logo tirou. - E então?

- Me fode então, porra. Forte. E gostoso. - Finalmente respondeu, alternando cada palavra com mordidas na mandíbula do loiro.

Naruto sorriu, triunfante. Num movimento rápido e fluido, enterrou-se completamente no interior do moreno, preenchendo-o de uma vez. Com isso, precisou juntar todo o seu autocontrole para não gritar ali mesmo, de tanto era o tesão, o desejo, a excitação e o alívio que estava sentindo.

E o “anjinho” quis falar de novo - mas aquele DEFINITIVAMENTE não era o momento para ser ouvido. E o “diabinho” ... bem, ele baixou a voz e deixou-se ser dominado pelo único ser que o desequilibrava por completo: loiro, alto, de olhos azuis, corpo bronzeado e invejável, inteligente e um maldito de um teimoso que insistia em furtar à vida.

Naruto Uzumaki.

Notes:

Agora, vamos à fic!