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Sua consciência ia e vinha, o deixando cada vez mais confuso sobre o que estava acontecendo cada vez que abria os olhos. Era como se ele estivesse muito bêbado ou com algum tipo de droga correndo por seu sistema.
O tempo estava desconexo e não fazia muito sentido para ele, o que era no mínimo irônico, já que sua habilidade era justamente manipular o tempo.
Zitao podia controlar o tempo e aqueles afetados por ele como bem entendesse e de todas as formas imagináveis. Conseguia pará-lo, avançar algumas horas no futuro, até mesmo uma inteira semana até onde tinha tentado, e voltar no passado até um determinado período de dias. Pelo que sabia até o momento sobre sua capacidade, ele podia também escolher quem seria afetado por seu poder.
Antes de serem pegos, ele estava treinando durante algum tempo com Jongin para que ambos pudessem evoluir seus poderes e melhorar seu controle sobre eles não apenas individualmente, mas de uma forma que os dois se combinassem de algum jeito.
Junto com Junmyeon e os outros, eles haviam descoberto que alguns dos poderes poderiam funcionar melhor se fossem combinados, como se estivessem potencializados, e os de Zitao e Jongin eram um desses pares. Combinando a manipulação do tempo com o teleporte, poderia ser que chegassem perto de expandir a capacidade de Zitao em avançar ou retroceder mais tempo e a de Jongin de viajar fisicamente não apenas no espaço, mas também no tempo. A combinação com os poderes de Zitao talvez poderia ser uma forma de evitar que múltiplas linhas temporais fossem criadas por causa da viagem, e essa era uma das coisas em que estavam trabalhando quando tudo aconteceu.
Zitao estava em mais um dos momentos de lucidez, e àquela altura ele tinha certeza que seu estado estava sendo causado por alguma substância que haviam injetado nele. Quando abriu os olhos, o que encontrou foi apenas a escuridão causada por uma espécie de venda que cobria seus olhos. Seus ouvidos também estavam tampados por alguma coisa, então nem mesmo sons ele conseguia ouvir. Zitao estava completamente isolado, seus sentidos estavam fora de uso a não ser por seu olfato. Um cheiro forte de antisséptico invadia seu nariz e ele imaginou que talvez estava em algum lugar que pudesse parecer com um hospital ou alguma instalação clínica. Desde que haviam sido pegos, Zitao havia sido privado de sua visão, então ele não fazia a menor ideia para onde haviam sido levados.
Com o pouco de força que lhe restava, ele tentou se levantar, apenas para se dar conta de que estava preso à cama que estava deitado. Pelo jeito que seus pulsos estavam presos e com pouca mobilidade, provavelmente o haviam amarrado com alguma coisa que seria muito difícil para ele se soltar sozinho. Ele também estava preso pelo tronco e pelas pernas, ele podia sentir uma tira, que provavelmente deveria ser couro, passando por cima de seu peito e o mantendo amarrado. Seria inútil tentar se soltar, ele apenas gastaria energia a toa.
Com uma sonolência desconhecida tomando conta novamente de seu corpo, Zitao desistiu de qualquer tentativa de se soltar e se deixou levar para o inconsciente novamente.
Ele já estivera naquele lugar antes. Se é que aquilo se podia chamar de lugar. Era uma sala, ou mais apropriadamente um campo, completamente escuro e que parecia ser infinito. Não importava para onde se olhasse, o lugar não parecia ter um fim. Também era completamente deserto, nenhum objeto, parede ou construção era visível. Zitao tinha quase certeza que já tinha ido ali antes, mas não fisicamente.
Antes que ele pudesse começar a vagar sem uma direção específica em mente, ele ouviu seu nome ser chamado, e ao se virar para o lado de onde vinha a voz, ele avistou uma das coisas mais apavorantes que se lembrava de já ter visto em sua vida até o momento.
— Zitao. — Ele o chamou de novo, ainda parado no mesmo lugar de antes.
Luhan estava parado há uns bons metros de distância de onde ele se encontrava, e quanto mais Zitao o olhava, mais apavorado ficava com a visão.
Suas roupas brancas estavam rasgadas em alguns lugares e o casaco e blusa estavam quase completamente manchados de vermelho escuro. Sangue. Aquilo com certeza era sangue.
Mas o que mais assustou Zitao foi o resto.
— Zitao. — Luhan se aproximou alguns passos e pelo jeito que ele se locomovia... parecia o jeito que um cadáver andaria.
Os olhos de Luhan estavam vazios e quase completamente brancos, como se a cor de suas íris tivesse sido drenada, dando um aspecto bizarro para seu rosto que sempre fora tão gentil. Quase toda a pele do lado direito de seu rosto, e pelo que ele podia ver de seu pescoço e o resto do mesmo lado de seu corpo, estava coberta por uma cor roxa escura, quase preto e com algumas manchas esbranquiçadas como se ele estivesse... congelado.
— Zitao...
Antes que ele pudesse se dar conta do que estava acontecendo, Luhan já estava em sua frente e com as mãos gélidas e cobertas por sangue seco segurando dos dois lados de seu rosto com uma força que ele não poderia se soltar e lhe causando dor, o obrigando a olhar naqueles olhos frios e vazios que um dia pertenceram a seu amigo.
— Corre. — A palavra foi sussurrada em seu rosto com aquele ar gelado como o mais frio dos invernos soprado em sua direção.
Zitao acordou com um sobressalto como acontecia naquelas vezes que estamos sonhando que estamos caindo de algum lugar alto. Ele respirava com dificuldade, tentava ao máximo fazer com que seus pulmões acomodassem a maior quantidade possível de oxigênio, pois ele se sentia como se tivesse acabado de estar no fundo do mar por um longo período de tempo sem poder respirar e com uma grande pressão ao redor de sua caixa torácica.
- Tao!
Ele ainda podia sentir o fantasma das mãos firmes de Luhan em seu rosto e sua voz urgente em seus ouvidos o chamando e dizendo-lhe para correr.
Mas para onde ele deveria correr?
Zitao ainda estava tão afetado pelo que tinha acabado de ver , que não tinha se dado conta de que algumas coisas tinham mudado ao seu redor.
Agora ele conseguia ouvir . O som alto de uma sirene ecoava pelo lugar repetidamente, fazendo sua cabeça latejar pela dor que o barulho insistentemente lhe causava. Ao longe ele continuava ouvindo alguém lhe chamando.
Ele abriu os olhos pela primeira vez depois de muito tempo, e com a visão sensível e borrada pela falta de uso, ele tentou ver onde estava: a sala não estava tão iluminada quanto ele imaginaria que estivesse, mas ainda assim ele conseguia distinguir a forma de várias coisas ao seu redor enquanto sua visão lentamente voltava ao normal; ao lado de sua cama, ele ainda estava deitado, vários aparelhos e monitores desligados indicavam que por algum motivo ele estava sendo monitorado; ele também não estava mais amarrado, seus pulsos, pernas e torso agora livres.
– Você acordou! Meu deus, eu achei que... – A voz familiar vindo do seu lado direito fez com que ele se assustasse, tinha passado tanto tempo sem vê-los ou sequer ter contato com outras pessoas que não estava mais acostumado.
— Jongin? — Sua voz era tão fraca e rouca pela falta de uso que nem parecia pertencer a ele. Seus olhos ainda não estavam 100% acostumados com a claridade e ainda estavam um pouco embaçados, mas ele definitivamente reconhecia aqueles cabelos platinados. — O que tá acontecendo?
— Algum dos outros conseguiu se soltar e a gente aproveitou que eles estariam distraídos pra sair também. Tá um caos lá fora. — Jongin explicou enquanto ajudava Zitao a se sentar.
Jongin rapidamente o atualizou sobre toda a situação, já que Zitao estava completamente por fora de tudo por ter sido o primeiro a ser pego algum tempo antes dos outros. O loiro contou para ele como haviam conseguido sair e como ele teve que se separar de Yixing, até que o encontrou por acaso naquela sala.
No dia em que foram derrotados e capturados, foram levados para esse lugar em que estavam. Jongin não tinha certeza, mas era uma espécie de laboratório que estava sendo usado por eles para fazer testes com seus poderes. Sem detalhar demais, ele descreveu algumas das coisas que foram feitas a ele e mesmo ouvindo tudo superficialmente e sem detalhes, Zitao não podia deixar de sentir um tremor lhe percorrer o corpo. Em seus poucos momentos de lucidez, ele achava que estava no inferno, mas ele mal sabia que seus companheiros estavam passando por coisas muito piores do que ele.
Ele apenas ouviu em silêncio o que o melhor amigo dizia, imaginando todos os tipos de tortura e coisas horríveis que seus amigos tiveram que sofrer. Então, a imagem de Luhan, andando como um cadáver em sua direção piscou na frente de seus olhos. Ele olhou para Jongin com dor e medo estampando seu rosto.
— O Luhan morreu. — Ele sussurrou como se estivesse com medo que mais alguém além de Jongin pudesse ouví-lo. Imediatamente a confusão tomou conta do semblante do outro.
— Não, Tao. Ele tá vivo, ele conseguiu sair antes da gente. — Jongin afirmava com um gesto de cabeça enquanto falava. — Ele deve tá em algum lugar, talvez achou algué—...
— Eu vi. — Zitao interrompeu e olhou diretamente nos olhos de Jongin, o desespero em fazer o amigo acreditar nele começando a surgir. — Eu vi ele, Jongin. Ele apareceu pra mim e tava... morto. — O rapaz engoliu em seco e olhou para as próprias mãos, como se elas tivessem feito aquilo com Luhan. — Tinha muito sangue e ele parecia, não sei, ele parecia congelado. Eu sei que vi ele. O Luhan morreu.
Jongin ficou em silêncio por um momento, tentando absorver tudo aquilo. Ele não podia acreditar que uma coisa tão terrível daquelas poderia ter acontecido, mas sabia que Zitao nunca inventaria uma coisa assim ou afirmaria que aquilo era verdade se tivesse sido apenas um sonho. E por ser justo Luhan... as possibilidades dele ter tentado se comunicar com algum deles enquanto estava morrendo...
— Vem, a gente tem que sair daqui. —Jongin, que estava agachado ao lado da cama, se levantou apressadamente, sua voz vacilante como se estivesse segurando lágrimas. — A gente precisa encontrar o Junmyeon, ele vai saber se aconteceu alguma coisa. — Ele ajudou Zitao a se levantar, passando um de seus braços sobre seu ombro e mantendo seu próprio braço firme ao redor do tronco do outro. — Consegue andar? Ok.
Com cuidado e fazendo muita atenção ao seu redor, os dois finalmente abandonaram a sala que serviu de cela para Zitao. A sirene ainda ressoava pelos corredores junto com uma luz vermelha que piscava contra as paredes brancas, a combinação fazendo a cabeça de Zitao doer.
— Queria conseguir teleportar a gente pra fora daqui, mas eu não sei o que eles botaram em mim que eu não consigo. — Jongin reclamou frustrado após alguns minutos andando. — Você consegue usar seu poder?
— Não sei, mas provavelmente não. Devem ter dado algum inibidor pra gente, e pra mim, pra você e pro Yixing deve ter sido pior.
As habilidades de todos eram extremamente importantes para o grupo pois cada um contribuia de alguma forma para que as coisas funcionassem, mas as de Yixing, Zitao e Jongin eram as mais vitais para eles. Era de se imaginar que os três sofreriam consequências piores.
Os dois continuaram o caminho até chegarem no lugar onde Jongin se lembrava de ter se separado de Yixing e obviamente ali não tinha nenhum sinal dele.
Desde que saíram da sala, Zitao tinha a sensação de que estava sendo observado. Ele podia sentir que tinham olhos sobre ele e acompanhando cada passo que ele dava, lhe causando um arrepio na espinha, mas ele tinha certeza que não tinha ninguém ali além dele e Jongin.
Jongin então os guiou para dentro de uma das muitas salas que existiam ali naquele lugar estranho. — Não é seguro ficar aqui fora. — Ele explicou. — Acho que é melhor a gente esperar por eles aqui dentro, pode ser que alguém passe por aqui.
Zitao apenas concordou com um movimento de cabeça, se deixando ser ajudado até uma das camas ali presentes.
A sala era tão estranha quanto àquela que ele tinha acordado momentos mais cedo, mas ao contrário da mesma, essa era maior e possuía cinco camas dispostas contra as paredes ao invés de apenas uma. Até mesmo seu formato era diferente, as paredes formando um bizarro padrão hexagonal. Em todas elas, menos na que se encontrava a porta, tinham grandes espelhos que simulavam janelas, que o rapaz tinha certeza que eram do tipo falso e usado para alguém observar o que acontecia ali sem ser notado. Quanto mais ele tentava entender aquele lugar mais confuso ele ficava.
Por um momento ele pensou em sugerir que Jongin tentasse procurar pelos outros, mas ele não sabia se o encontraria de novo se o amigo saísse por aquela porta. Ele já tinha entendido que aquele lugar era um labirinto e o próprio Jongin disse que não era seguro. Ele não sabia o que estava esperando por eles e caçando seus amigos naqueles corredores infinitos.
Jongin se sentou na beira de outra cama oposta a de Zitao e suspirou fechando os olhos. Ele estava claramente esgotado de tudo aquilo.
A sensação de estar sendo observado estava ficando cada vez pior e Zitao jurava que podia sentir uma presença atrás de si, quase respirando em sua nuca, mas quando se virou para olhar por cima de seu ombro ele apenas deu de cara com um espaço vazio.
— Tá sentindo esse cheiro? — Jongin indagou com uma expressão retorcida após mais alguns minutos terem se passado.
— Nã–... — Antes que ele pudesse terminar, o cheiro de queimado invadiu seu nariz. Não era um cheiro de queimado comum, era como se fosse o cheiro de carvão misturado com… carne podre. O cheiro era tão pungente e nauseante que Zitao precisou se concentrar para não vomitar. Quando olhou para Jongin para dizer que deveriam sair dali, ele viu uma espécie de fumaça vermelho-escuro atrás do amigo, e no meio das sombras da sala semi-escura ele conseguiu distinguir uma silhueta envolvida pela fumaça. — JONGIN!
— CUIDADO!
Os dois gritaram ao mesmo tempo e se lançaram na direção do outro. Mas antes que Zitao conseguisse de fato se levantar, ele sentiu uma mão vindo de trás de suas costas o segurar pelo pescoço ao mesmo tempo em que via a sombra se materializar na frente de Jongin. Quando a fumaça vermelha se dissipou após poucos segundos, ele viu o horror estampado no rosto do amigo. Aquela era a primeira vez que ele via Jongin com medo.
Tudo acontecia muito rápido. Ao mesmo tempo que via Jongin paralisado a poucos metros de distância, Zitao tentava desesperadamente se soltar da garra de ferro que cada vez mais constringia seu pescoço. Antes que ele pudesse pensar em alguma coisa, a sala girou vertiginosamente e o deixou confuso por alguns segundos antes que ele pudesse perceber que na realidade era ele que estava se movendo. Suas costas e cabeça se chocaram com uma força brutal contra a parede que antes estava atrás da cama que ele se sentava. Ele podia sentir os azulejos da parede se quebrando contra seus ombros.
Já estava ficando difícil respirar, a mão em seu pescoço apertava cada vez mais forte mas ele ainda conseguia fazer algum ar chegar aos seus pulmões.
Sua visão finalmente entrou em foco novamente e ele procurou por Jongin mais uma vez, ignorando quem quer que tivesse ali em sua frente. Ainda a poucos metros de distância, seu amigo agora estava no chão e rastejando para longe da pessoa que se aproximava lentamente dele. Jongin tinha o rosto e a parte da frente das roupas brancas manchados com o próprio sangue. Naquele momento ele olhou diretamente para Zitao, fazendo a pessoa que o perseguia seguir seu olhar para o mesmo lugar.
Quando Zitao de fato viu a pessoa, ele finalmente entendeu o motivo de Jongin ter ficado tão apavorado a ponto de não conseguir se mexer.
Jongin tinha visto ele mesmo ali na sua frente. Aquela… coisa era a cópia exata dele. Seu rosto, corpo, tudo nele era idêntico à Jongin a não ser pelos olhos e pelo cabelo.
Quando a coisa encontrou os olhos de Zitao, um sorriso beirando uma expressão insana se formou em seu rosto.
Agora ele entendia a fumaça escura e o cheiro de queimado. Aquela criatura era o oposto de Jongin, como se fosse uma sua versão feita de antimatéria, exatamente igual e com a mesma habilidade. Enquanto os resquícios do teleporte de Jongin eram uma nuvem branca e cinza e um leve cheiro de enxofre, os da criatura eram a fumaça vermelha, quase preta, e o cheiro de carne queimada.
Toda aquela troca demorou apenas poucos segundos, e antes que ele pudesse pensar em fazer alguma coisa para ajudar Jongin, a criatura agiu mais rápido e levando seu amigo, se teleportou dali deixando para trás apenas o seu rastro vermelho.
Zitao então olhou para a pessoa que o segurava e instantaneamente desejou não ter feito aquilo. Olhando de volta para ele estava o par de olhos mais assustador que ele já vira em toda a sua vida. Ele estava olhando diretamente para um abismo, um lugar sem fim onde a única coisa que se podia descrever era o vazio e o desespero esmagador do desconhecido.
Não eram apenas aqueles olhos sem alma que o aterrorizavam daquele jeito. O fato deles pertencerem à Kyungsoo fazia daquilo muito pior.
Assim como a criatura que mimetizava a aparência de Jongin, esta era uma cópia quase perfeita de Kyungsoo a não ser, novamente, por aqueles olhos completamente pretos e com a íris vermelho sangue. Ele não era Kyungsoo, ele era o fim. Ele era a morte.
Inteiramente tomado pelo pânico, Zitao se debateu tentando se soltar da mão que ainda estava ao redor de seu pescoço, mas resultando apenas em fazer tal mão se fechar ainda mais, cortando seu oxigênio quase por completo. Ele podia sentir os dedos quase entrando em sua pele. Reunindo toda a força que tinha lhe sobrado, ele fechou sua mão em um punho e desferiu um golpe, ou tentou, na direção da coisa . No instante que fez contato com o rosto alheio, ele sentiu um choque percorrer todo seu braço seguido por uma dor intensa em sua mão que o fez gritar. Se não estivesse ouvindo um apito alto em seus ouvidos, com certeza ele teria ouvido o som de seus próprios ossos se quebrando.
A criatura aproximou o rosto do dele e com uma expressão neutra e impassível, disse:
— Ninguém pode te salvar.
A voz era tão gutural e grotesca que ele tinha quase certeza que na verdade a tinha escutado dentro da própria cabeça, ela havia ecoado em cada célula de seu cérebro com o objetivo de ficar gravada ali para sempre.
A última coisa que Zitao viu antes de ser condenado à escuridão foi o rosto de um de seus melhores amigos, distorcido pela personificação do mal.
A criatura perfurou o peito de sua presa com o punho livre, instantaneamente fazendo sangue sair por sua boca e respingar em seu rosto, e quando os dedos se fecharam ao redor do órgão vital, ele já estava morto.
Quando a coisa puxou a própria mão para fora do corpo ainda segurando o coração alheio, este continuou a bater involuntariamente por alguns segundos contra seus dedos ensanguentados. Mais sangue foi despejado em seu braço e suas roupas; o corpo sem vida de sua presa tombou flácido contra a parede e ele o soltou, deixando-o cair aos seus pés.
Deixando o corpo que rapidamente esfriava para trás, a criatura saiu da sala carregando consigo o coração de sua primeira presa.
Sobraram nove.
