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H.A.L.A (Hearts Awakened, Live Alive)

Summary:

Jung Wooyoung era filho de um famoso aliado do Partido Justiça Sul Coreano, um suposto auto proclamado detetive obcecado por descobrir o que motivava toda a estranha movimentação pela capital Seoul. Seria mais um dia caso o motivo de tamanha investigação de seu pai não houvesse, acidentalmente, entrado no caminho de Wooyoung.

Agora, com sua vida e uma organização secreta em jogo, Wooyoung se via entre duas opções apenas: Abraçar o caos que culminava em seu redor ou morrer como um completo nada.

Chapter 1: jung wooyoung, o desistente

Summary:

Wooyoung decide ter uma noite de diversão com seu melhor amigo, mal sabendo do problema que o esperava no caminho de volta para casa.

Notes:

FIC EM PORTUGUES????????? A ESSA HORA DO DIA??????????

essa fic tá escrita já tem uns dois anos então bear with me

vou postar em inglês um dia o dia não será hoje!

vou dar uma colher de chá p vcs e dar o codinome deles pra ngm ficar confuso, se quiser printar pra olhar enquanto lê...

hj: hyeoc
sh: sooseong
yh: seokzi
ys: kronos
sn: mount
mg: blade
jh: ash

boa leitura <3

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

A noite ainda jovem não parecia ter caído para os garotos naquele apartamento, cujas risadas ecoavam pelos quartos vazios do local. Wooyoung e Changbin eram amigos desde o fundamental, era de costume se encontrarem às vezes na casa de um ou de outro para conversar, fosse uma conversa entre os dois ou um encontro com mais amigos. Naquele dia em específico, estavam apenas os dois, sentados na sala do apartamento do Seo enquanto riam e compartilhavam pizza, tteobokki e soju. Era plena sexta feira, podiam fazer o que bem entendessem. 

 

— Você ri de mim pelas pessoas que eu gostava quando a gente era mais novo, mas e aquele seu webnamoradinho que era do Canadá, ein? Acha que eu ia deixar passar? — O mais velho cutucou o amigo com o ombro, sorrindo e encostando no sofá ao seu lado, abraçando as pernas. Pelo rubor no rosto e a voz mole, era óbvio que as duas garrafas e meia de soju já haviam surtido efeito em Changbin. 

 

— Por favor, esquece disso, fazem anos. — Reclamou enquanto enfiava pelo menos metade de um pedaço de pizza na boca, deixando a mão na frente, escondendo-a enquanto mastigava. — Ok, ambos somos um desastre na vida amorosa, isso é óbvio. Eu já disse que se nada der certo, a gente casa no final. 

 

— Não ia mudar muito, eu acho. — Deu de ombros, colocando um pouco do tteobokki na tigela que estava usando, comendo. — Faz uns bons meses que a gente se viu, né? — O Jung respondeu com um murmurar, acenando positivamente com a cabeça. — Seu pai ainda tá naquela pira de investigador? 

 

— É claro que sim. E um dia ele já saiu disso? — Murmurou, desagradado. — Acha que ele um dia vai desistir disso? Changbin, é insuportável, eu juro. — Virou um copinho de soju na boca, limpando o canto da mesma com o próprio polegar. — Nem eu mesmo aguento mais, ele não vê que isso não vai dar em lugar nenhum, ele tá praticamente trabalhando sozinho contra algo genuinamente muito grande. É, tipo, o governo, sabe? Eles fazem o que querem, eles que administram o país mesmo. Eu suspeito que tem alguma coisa errada, meu pai já me contou que toda vez que ele tá perto de descobrir algo, alguém do partido dele se mete em alguma confusão e ele é desestabilizado por isso. 

 

— Claro que deve ter algo errado, é política, política é um jogo sujo. — Deu de ombros, se espreguiçando. — Mas ele tá desde sempre nessa…

 

— E ele não vai parar. — Cutucou a pizza usando os hashis que usava para comer o tteobokki , suspirando. — Tá ficando tarde, eu vou voltar de metrô pra casa, acho melhor eu ir, né? 

 

— Fica mais um pouco. — Reclamou, manhoso, caindo deitado no ombro do amigo, que sorriu como resposta, fazendo carinho entre seus cabelos. — Já sei, dorme aqui!

 

— Posso não, tem muita coisa em casa pra eu arrumar. — Tomou impulso para levantar e assim o fez, se espreguiçando. Estava mais sóbrio que ChangBin ao menos. — Quer ajuda com alguma coisa? As louças ou.. 

 

— Não, tá tudo bem, pode ir em paz. — Se levantou também, arrumando as roupas. — Quer carona pra casa? Digo, quer que eu te leve lá? 

 

— Deve ter álcool suficiente no seu sangue pra fazer a sua moto rodar, então eu realmente acredito que é mais seguro pra nós dois eu ir sozinho. — Riu, bagunçando o cabelo do baixinho. — Te mando mensagem quando chegar, viu? 

 

— Tá bom, cuidado, e se cuida. — Abraçou-o de lado numa breve despedida, o levando até a porta. 

 

Não demorou muito para o Jung tomar o caminho de casa. Os braços cruzados tentavam proteger o corpo do vento cortante que passava entre as pessoas no centro. Seoul, a cidade que nunca dormia. Eram pessoas e pessoas passando pelas calçadas, atravessando as ruas, andando rápido o suficiente para quase estarem correndo, de forma organizada, obviamente, todas com o mesmo objetivo; Chegar em seus lares o mais rápido possível para poderem descansar em paz e iniciar bem o fim de semana.

 

E Wooyoung também. Mal via a hora de mergulhar em suas cobertas, procurar algo legal para assistir e passar o final de semana inteiro maratonando compulsoriamente qualquer coisa que pudesse manter sua mente ocupada. Não era como se fosse próximo o suficiente de pessoas para ser chamado para "rolês", Wooyoung tinha poucos amigos, mas muitos colegas, fazer o quê se era, não apenas extrovertido, mas sociável também? Era o combo perfeito, as pessoas que não reconheciam isso nele! Bem, era o que ele preferia acreditar. 

 

Sentiu o queixo bater com o frio, que parecia estar agora manifestando-se de dentro para fora, como um medo estranho, o que era aquilo, afinal? Esfregou as mãos antes que procurasse uma máscara no bolso, colocando-a para proteger o rosto do frio e acelerando o passo.

 

Bem, ou pelo menos era o que pensou que faria. 

 

Sentiu duas presenças estranhas, como se estivessem o protegendo, muito pelo contrário. Seu instinto era de correr, mas assim que sentiu o metal gelado na parte baixa de suas costas, não conseguiu fazer nada a não ser se arrepiar e entrar em completo estado de choque. Suas pernas falharam, não conseguia se mexer nem se quisesse.

 

— Continua andando. — Um dos indivíduos mandou, num tom firme, porém sussurrado, sua calma contratava com a maneira que o interior de Wooyoung se retorcia pedindo por alguma piedade. Jung apenas continuou andando como o foi mandado, desesperado com a situação. Estava sendo sequestrado a plena luz da lua, com as ruas movimentadas como nunca, era patético. Wooyoung se sentia patético. Ele pensava em gritar, pedir socorro, mas seu corpo simplesmente não reagia, estava com medo, tremendo de medo, tremores muito mais intensos do que os que o frio anteriormente o causava.

 

— Você vai entrar na próxima esquina, na direção da banca de jornais. — Desta vez, quem se pronunciou foi uma voz vinda do lado oposto, era uma voz não tão firme assim. Wooyoung olhou por cima do ombro esquerdo num reflexo de uma vitrine, notando que estavam de máscaras, não conseguia ver seus rostos, porém via que a pessoa que havia falado consigo por último era menor, apesar de parecer mais forte. Provavelmente era quem carregava a arma, visto a pressão maior que sentira quando foi percebido olhando para aquela direção. — Sim ou não? — Wooyoung acenou positivamente. Não conseguia parar de pensar em fugir, porém não conseguia tentar, tinha medo demais para isso. 

 

Seu coração disparava cada vez mais conforme a esquina se aproximava. Com seu corpo latejando de tensão conforme seu coração retumbava, Jung se questionava por que seu corpo havia desistido por completo da sobrevivência. Começava a questionar a situação em seus pensamentos: O que queriam? O que iriam fazer? Por quê queriam a si, uma pessoa desinteressante e sem qualquer tipo de influência? Talvez fosse uma escolha aleatória.. Ele realmente parecia tão indefeso? Droga, deveria ter aceitado ir para a academia com Changbin quando o garoto o ofereceu.

 

Imerso na própria mente, quando percebeu, já havia virado a rua, estava completamente vazia, destoando-se da aglomeração de poucas ruas atrás. Parou em meio a calçada, bem onde ela dobrava, sem olhar para trás, abaixando a cabeça e só esperando seja lá o que fosse para vir, respirando rápido até demais, não parecia oxigenar o cérebro corretamente, sem contar o coração que batia aceleradamente como nunca vira. Fisicamente? Estava praticamente ofegante.

 

Tomou um cutucão com a arma. — À direita, segue a rua. — O garoto mais jovem mandou, Wooyoung obedeceu. — Tem um beco entre duas casas, na frente daquele carro, você vai entrar nele. — Outro aceno positivo. O garoto foi andando na frente, como se fizesse piada ao deixar Wooyoung sozinho com uma pessoa apenas em sua escolta.

 

— Ele não é relutante como nos disseram. — O mais alto começou, Wooyoung estranhou o tom terno da pessoa mesmo quando agia daquela maneira. “Nos disseram.” Realmente, Wooyoung era um alvo. Achava que aquelas coisas só aconteciam em filmes.. Mas e se não fosse? E se eles só quisessem o usar? Quis chorar com a possibilidade, era melhor que o matassem ali mesmo. Preferia ser sequestrado por anos do que ter qualquer limite seu violado.

 

— Seokzi, cala a boca, foco no que você faz.  — Ouviu por acidente, como se ouve uma música vazando pelo fone de alguém no trem. O nome não fazia sentido, era Seokzi, havia ouvido Seokzi e aquele era o problema: A fonética coreana não possuía aquele som de Z, era algo estrangeiro. Não era possível aquilo ser um nome real.

 

— Silêncio. — O menor mandou. Uma figura esperava em frente ao carro, de braços cruzados. Foi recebido por ela, que tocou seu rosto e levantou-o como se o examinasse. A luz da lua refletia em seu rosto, iluminando o cabelo loiro e as correntes na máscara preta. Olhando de relance, percebia as duas figuras que o levaram também tendo as mesmas máscaras, apenas aí seu cérebro teve tempo de associar o som do tintilar das correntes que ouvia desde que começaram a o guiar.

 

A nova figura pareceu tomar o controle da situação facilmente. Algemou Wooyoung e o colocou na parte de trás do carro, onde o garoto ficou entre seus sequestradores. A palavra ainda não parecia fazer sentido para si. Não conseguia os encarar, não apenas pelo medo, mas pelos chapéus que usavam escondendo parcialmente o rosto, alguns até com a ajuda de uma franja. 

 

— Vamos acabar logo com isso. — O garoto que desconhecia, sentado num dos bancos da frente, virou para si. Não conseguia enxergar ao certo pela visão turva de medo. — Celular no chão e ele apagado, vocês sabem o que fazer. — O menor ao seu lado murmurou um pedido de licença antes de apalpar seus bolsos, entregando o celular para o homem à frente. Se assustou quando um pano abafou sua boca, prendendo a respiração e ouvindo Seokzi rir, colocando mais pressão. 

 

— Tá fazendo meu trabalho mais fácil. — Disse em meio a um riso um tanto sádico. Quis gritar, mas nada saia de sua garganta, seu corpo ainda não respondia, e responderia muito menos quando Seokzi o forçou contra o encosto do banco, de maneira desconfortável. Os sentidos ficavam cada vez mais distante sem o oxigênio necessário para funcionarem, seu corpo amolecia cada vez mais e seus olhos ficavam pesados, tentava lutar contra o inevitável. Em uma tentativa desesperada de não se asfixiar, seu corpo buscou por oxigênio, inalando a substância praticamente forçada no seu sistema como se fosse o mais puro ar. Não demorou muito até que a consciência de Wooyoung se perdesse no completo vazio. Tudo era escuro agora.

 

_________________________



— Por que Sani não voltou do carro ainda? — Jongho indagou, batendo com a colher no sorvete restante ao fundo do pote que tinha em mãos. Um grunhido irritado saiu entre os lábios do mais novo do recinto quando o colega deu-lhe um tapa na nuca. — Qual foi?

 

— San vai acabar com a tua raça se te ouvir chamando ele pelo nome perto de um estranho. — Yunho tirou o bucket hat e máscara, suspirando cansado por terem chegado há pouco tempo.

 

— Chega, não quero mais conversa inapropriada aqui, vocês tão achando que isso aqui é brincadeira? — O capitão impôs, calando os dois. — Ash, de volta pros computadores, não sei o que você vai fazer, vai lá jogar, sei lá, só some daqui. Seokzi, você fica. Se Mount voltar e pegar qualquer um de vocês rodeando o estranho assim, vocês vão pagar, e vocês sabe que não vai ser barato, entendidos? — Murmuraram algo, o que se tornou incompreensível. — Eu falei, entendidos? — Um coro de "Sim, capitão" se fez presente. — Sooseong, eu quero você aqui. — Não veria, mas os garotos compartilharam um olhar no mínimo esquisito quando requisitou a presença de Sooseong.

 

Hongjoong, ou melhor, Hyeoc, para os estranhos, era o capitão dali. Costumava dizer que era o único com neurônios o suficiente para não se render ao caos, por mais que soubesse que era tão caótico quanto qualquer um dos outros seis, nas vezes que sua sanidade se esvaia. O capitão correu as mãos pelo cabelo num suspiro profundo, agora rodeando o garoto preso numa cadeira qualquer. Tinha um cigarro aceso entre os lábios, Sooseong já havia perdido a conta de quantos cigarros ele havia fumado naquele meio tempo. A convivência o fazia ver através de Hyeoc, era claro o tamanho estresse do capitão, mas por que?

 

Hyeoc abaixou-se para olhar o rosto do jovem em sua frente. Jovem . Aquela frase não caia certo em seus pensamentos, aquilo parecia errado, haviam feito algo errado. Céus, San iria matar Yunho e Jongho com suas próprias mãos. Como era habitual, assim que levantou, de uma vez só, deu de cara com Yeosang, parado em sua frente, o encarando de forma neutra, talvez pela proximidade que encarava o estranho. 

 

— Perdeu o que aqui? — Perguntou, um pouco irritado pelo susto. San costumava chamar Yeosang de ratazana devido ao garoto ser tão sorrateiro a ponto de viver assustando a todos daquela maneira. Não era nada demais para alguém que dançava por uma vida toda.

 

— Você tava tão próximo do estranho, eu achei incomum. — Deu de ombros, se espreguiçando. — Quer conversar? 

 

— Não, eu tô legal, obrigado. — Acenou com a cabeça, procurando pelo celular nos bolsos, procurando por uma foto em específico, tinha que estar ali em algum lugar.

 

— Tem certeza? Você tá agindo, não sei, estranho ..

 

— Eu já disse que tô legal, Kang Ye-

 

— Kronos. — A voz do outro lado da sala corrigiu, era San, nem um pouco contente. — Preciso falar com o Hyeoc sozinho, se me dá licença, Kronos. Os outros dois ficam. — Espantou-o com a mão, se aproximando de ambos, e da cadeira com o estranho, obviamente. — O que a gente já conversou sobre nomes perto de estranhos? — Kim ouviu uma risada travessa vindo de um dos quartos ao lado, com certeza era JongHo, aquele moleque..

 

— Foi um escape, eu tô.. Não sei, Mount, não sei. — Suspirou, passando a mão entre os cabelos. O maior retribuiu o olhar com a mesma preocupação, Hongjoong sabia o que ele estava pensando.

 

— Acho que pegamos a pessoa errada. — O Choi sussurrou, quase inaudivelmente, ouvindo um longo suspiro carregado num misto de decepção, confusão e um fundo de puro desespero.

 

— Eu tenho certeza. — Tragou o cigarro novamente, rodeando a cadeira onde o garoto estava amarrado. Sooseong conseguia ver um círculo de cinzas se formando no chão, ou o esboço disso. Estavam ambos líder e capitão completamente agoniados com a situação. — A gente não pode devolver ele, quem garante que ele não vai abrir a boca?

 

— A gente pode simplesmente matar ele. — Deu de ombros, simples. Hongjoong quase se engasgou com o próprio ar. Não soube dizer se foi pela fala do líder ou pelos grunhidos vindos da pessoa na cadeira. Ok, ele estava a muito pouco de acordar. 

 

Correram para frente do garoto e colocaram rapidamente suas máscaras. Choi arrumou a postura, segurando a arma que portava no coldre. Pronta para puxá-la quando fosse necessário. Os outros dois fechavam a entrada da sala como uma barreira, mesmo a porta já estando fechada.

 

Wooyoung se sentiu tonto, um pouco estranho, seu corpo parecia mais pesado, a ponto de sentir que iria tombar para uma de suas laterais, visto que não tinha apoio nenhum ali. Grunhiu mais uma vez, como se estivesse acabando de acordar num final de semana de manhã, seu corpo parecia preguiçoso quando, na verdade, estava apenas voltando ao seu funcionamento habitual.

 

Suspirou, tentando afastar o cabelo do rosto, foi quando percebeu que estava amarrado. Suas mãos estavam presas, suas pernas estavam presas.. Tentou se debater procurando se soltar daquilo até finalmente levantar a cabeça, quase dando um pulo de susto, bem, se pudesse.

 

Duas figuras que não conhecia, com chapéu e máscara com correntes, um tinha os olhos bem estreitos e estava segurando uma arma ainda estava guardada no coldre, provavelmente; Outro tinha um olhar indecifrável, mas era possível ver mechas de seu cabelo metade branco, metade preto. Os dois o encaravam pesadamente, Wooyoung se sentiu minúsculo. 

 

— Quem é você? — O garoto de olhos de tigre questionou. Wooyoung tinha certeza que ele estava caçando.

 

— Jung Wooyoung. — Como uma boa caça, Wooyoung respondeu sem pensar duas vezes. 

 

— O que você faz?

 

— Nada. — respondeu de supetão, logo se contradizendo. — Eu estudo relações internacionais. — Respondeu tremulamente, com a respiração acelerando. 

 

— Olha nos meus olhos. — Ordenou. Com dificuldade, Wooyoung o fez, encarando seu sequestrador. "Sequestrador", era tão difícil e estranho entender aquilo.

 

— Quem são seus pais, garoto? — Foi a vez do, até então, desconhecido falar.

 

— S-São…

 

— Rápido! — Choi acelerou, Wooyoung se encolheu como uma criança prestes a chorar, Hongjoong apertou o ombro de San como um aviso para pegar leve.

 

— Jung Woohyeop e Lim Sunkyu. — Disse num tom trêmulo, hiperventilando praticamente. 

 

"Jung Woohyeop"

 

Bingo .

 

Ex-Militar alinhado ao Partido Justiça da Coreia, o polar oposto do atual governo, possui uma estranha obsessão com investigações envolvendo o governo e tudo que desfruta de sua existência. Incluindo a organização H.A.L.A, mesmo que essa não se alinhasse com o mesmo.

 

Eram incontáveis vezes que o homem havia chegado perto de descobrir algo relacionado ao grupo, sempre sendo impedido, interrompido, o que fosse, ele apenas não poderia descobrir, de forma alguma, e os integrantes fariam qualquer coisa para evitar que fossem expostos.

 

O que poderia ser realmente qualquer coisa. 

 

E foi nesta linha de raciocínio que resolveram colocar de vez um fim nessa perseguição, nem que custasse a vida de alguém. Apenas não esperavam que, sabe raios como, pegariam a pessoa errada.

 

Hyeoc mentalmente se reafirmou; San realmente mataria Ash e Blade com suas próprias mãos. 

 

— Quem foram os- 

 

— Ash e Blade. — Hyeoc respondeu, acendendo outro cigarro.

 

— Ok, quer saber? Pra mim, já deu- — O líder sacou a arma no coldre, apontando-a em direção a Wooyoung, que fechou os olhos instantaneamente, se perdendo num choro que quase o dava dó, sendo impedido pelo capitão, que segurou em seu ombro. 

 

— Não mata ele. — Uma nova voz se fez presente. Era Kronos, também usando sua máscara. Ele tinha o sangue gelado, se metia onde queria quando bem entendia, sem se importar com consequências como tomar uma surra de Mount. — Ele pode nos servir de algo, vai saber quanta informação útil esse garoto pode carregar? — Caminhou até aproximar-se de ambos e a cadeira, cruzando os braços 

 

— Não sei se deveria- Para de chorar, engole esse choro, agora. — Mount ordenou agressivamente, batendo na cadeira. Wooyoung pareceu desesperado para conseguir cessar o choro, falhando. Sooseong e Hyeoc se entreolharam, anotando mentalmente considerar uma re-avaliação sobre a agressividade constante e crescente de Mount.

 

— Ele tá assustado, deixa ele. — A voz de Kronos soava como um sussurro macio, calmo, era estranho. — Enfim, deixemos ele aqui, não tem como ele ser localizado. — Suspirou, caminhando até a cadeira onde o Jung se encontrava e andando em volta do mesmo. 

 

— Venda ele de novo então, deixa ele aí até a gente decidir o que fazer com ele. E para de chorar, ou eu te dou um motivo pra chorar de verdade. — O líder ameaçou novamente, fazendo tanto Hyeoc como Kronos revirarem os olhos ao perceber a vítima ainda chorando. 

 

— Explica a situação pros outros, eu e Kronos ficamos com ele aqui, vendo se ele para de chorar ou sei lá. — Espantou-o com a mão, o deixando um pouco chocado com a audácia. Só deixaria aquilo passar porque, afinal, Hyeoc também era um líder ali. — Só vai logo. — Ordenou. Mount o olhou de cima a baixo antes de sair, provavelmente isso renderia uma breve discussão mais tarde.

 

— Seokzi, atrás de mim. Rápido. — O líder demandou, saindo da sala e sendo seguido por Seokzi.

 

Kronos encostou no sofá em frente à cadeira onde o estranho se encontrava, enquanto o líder não moveu um músculo, parado em sua frente, apenas dando poucos passos para trás sem conseguir desviar o olhar da direção do mesmo garoto. Ele não havia parado de soluçar ainda.

 

Hyeoc não costumava ter tanta piedade com estranhos, mas sabendo das circunstâncias, era um pouco difícil.

 

— Você é um desistente, não é? Seokzi comentou que você foi uma das pessoas mais fáceis que eles já conseguiram pegar, você não relutou ou coisa assim. — Se esticou para próximo de Wooyoung e sorriu de canto, acariciando o queixo de Wooyoung como se fosse um bichinho ou algo do tipo. Wooyoung percebia os olhos do mascarado; Kronos? sorrindo e sentiu seu estômago revirar com aquilo, sem saber se era por medo, culpa, nervosismo.. — Deve ter sido fácil mesmo, você é tão pequenininho. 

 

— Você reclamou do Mount que tava deixando ele ruim, você tá fazendo pior. — Empurrou o ombro do Kang, suspirando. Ele levantou os braços como se acabasse de ser rendido, se recostando no sofá. Hyeoc se aproximou e procurou pela bandana que carregava nos bolsos, dobrando-a propriamente para fazer uma venda. 

 

Se aproximou em passos leves, segurando a vítima pelo queixo e levantando seu rosto, o encarando com expressão nenhuma. Aquele olhar era indecifrável, parecia quase como um vazio? Jung não conseguia descrever, e nem tentaria, estava ocupado demais orando mentalmente para que nenhum daqueles olhares desconhecidos fossem a última visão que teria. 

 

Amarrou a bandana com força suficiente para a manter ali mesmo caso ele viesse a se agitar ou similares, encarando o garoto enquanto pensava, correndo a mão entre os cabelos num suspiro pesado. 

 

Não fazia ideia do que fariam, mas esperava que não desse tudo errado, simplesmente não poderia dar nada errado.

 

_________________________



— Jongho e Mingi. — Por mais que tivesse chamado apenas dois deles, os presentes na pequena sala de computadores praticamente pularam de susto, todos voltando-se para o Choi que acabara de entrar com Yunho, exceto o próprio Jongho, que o encarava pelo reflexo do monitor desligado.

 

Mingi sabia que San era o último a chamá-los pelos próprios nomes quando estavam com algum estranho em sua base. 

 

— Que foi? — Respondeu, num olhar desinteressado.

 

— Olhos em mim, pirralho. Sooseong, some daqui. — Seonghwa levantou calmamente, já sabendo o que esperar, deixou um tapinha no ombro de Yunho e outro mais delicado em Mingi antes de sair e foi embora. Já Mingi, que não havia sido avisado de nada? Tremia como um filhote de pardal recém caído do ninho. Apesar de estar praticamente sussurrando, o tom agressivo de San impactava-os tanto como gritos. 

 

San fechou a porta assim que Seonghwa fora embora, ficando sozinho com os outros. 

 

Jongho lentamente virou-se para a direção do outro Choi, desviando o olhar para Yunho, que não retribuiu o olhar, apenas se manteve firme encarando o líder; e então Mingi, que parecia estar muito mais desesperado que todos ali.

 

— Quê é? — Jongho perguntou, como se não notasse a irritação no olhar do líder. 

 

— Qual de vocês três é dislexo? — Questionou, num sussurro. Nenhum deles pareceu entender muito. 

 

— Quê? — Jongho retrucou.

 

— “Quê?”, Jongho? Vocês deram informações erradas! Agora a gente tem um inocente preso com a gente e um investigador maluco pelo mundo atrás da gente! 

 

— É só um inocente, o que exatamente de mal ele poderia fazer? — Se espreguiçou, suspirando. Yunho conteve a vontade de revirar os olhos. Mingi parecia prestes a explodir.

 

— Ele é filho do investigador, Jongho, filho dele! Filho-dele! — Silabou, tentando fazê-lo entender a dimensão da situação. 

 

JongHo ficou quieto por um instante, o problema era muito pior do que havia entendido. — C-Como? Apenas. Como foi que isso… Como?! — Exclamou, indignado. Com o tom da sua voz aumentando com a tensão, coube a San se aproximar e apertar seu braço numa forma de repreensão. — Ai, ai, ai, eu falo baixo, me solta! 

 

— Vocês conseguiram confundir Woohyeop com Wooyoung, parabéns vocês dois, viu? A gente coloca Mingi e Jongho pra trabalharem juntos e evitar problemas, e vocês nos causam problemas! — A tensão na voz do Choi mais velho não parecia sequer oscilar por nada naquele mundo. — Eu vou ter que perder meu tempo e fazer dois times de táctico e tecnologia? 

 

— Nós não somos perfeitos, estamos sujeitos a erros. — Jongho retrucou, voltando a postura relaxada de antes. Tentou se defender de alguma forma, fazendo Yunho mentalmente se questionar por que raios haviam permitido que Jongho crescesse e se tornasse um Choi San em miniatura? 

 

— Não, vocês não estão-

 

— O que a gente faz agora? — O tom grave da voz de Mingi se fez presente, estranhamente fazendo os dois se calarem, talvez por ser a primeira vez que falara naquele momento. — Devolvemos ele? — Sua voz era trêmula, assustada.

 

— Não podemos arriscar, não dá pra confiar nele, vai que a gente devolve ele e ele conta tudo pro pai dele? O que nos garante que ele não vai fazer isso? Por mais que ele não saiba nossos nomes, ou onde a gente tá, tudo nas mãos daquele velho é um perigo. — Mount suspirou, arrumando seus cabelos. 

 

— Então a gente… Fica com ele? — Jongho arqueou a sobrancelha, cruzando os braços. A última pessoa que havia entrado na organização havia sido Mingi e já fazia um bom tempo. 

 

— Acho que até segunda instância, vai ter que ser. — Deu de ombros, os outros três acenaram positivamente, sem saber se daria certo ou não. Bem, certo era a última coisa que poderia dar. — Vamos, a gente vai voltar mais cedo. 

 

— O garoto vai junto? — Jongho questionou, dobrando a cadeira de rodas de MinGi para que pudessem levar de volta, indo ajudar o mesmo a levantar pouco depois. Song estava num dia bom o suficiente para não precisar daquilo. Jongho recebeu um carinho nos cabelos vermelhos, sorrindo feito um gatinho sendo acariciado.

 

— Sim, deixar ele sozinho é perigoso, só preciso de roupas suas emprestadas, por precaução. 

 

— Minhas?!

 

— É o mínimo que você pode fazer depois dessa confusão toda, Choi Jongho. — Revirou os olhos, dando um tapa na nuca do mais novo, que reclamou baixinho com isso. Era mais fácil dizer sobre o que Jongho não reclamava. 

 

Demoraram pouco mais de uma hora depois que San, numa decisão sem muito fundamento, decidiu que o refém deveria ir com outras roupas para casa, queimando sem pensar duas vezes as outras. Naquela altura, Wooyoung já havia perdido completamente a noção do tempo passado. Assim que entraram no carro, lhe foi retirado o último dos sentidos que ainda sobrara quando colocaram tampões em seus ouvidos, estava completamente alheio ao mundo. Já havia pensado tanta coisa que não conseguia mais sequer processar a situação, não sabia se era um pesadelo e ele acordaria em breve, não sabia se estava fantasiando a situação, não sabia se era o álcool que havia ingerido mais cedo, apenas não fazia sentido, nada fazia sentido. Não era lá a pessoa mais religiosa do mundo, mas as antigas orações de proteção que sua mãe lhe ensinara quando era criança estavam caindo bem naquele momento. 

 

Desejava apenas sair vivo daquela situação inteira.

 

Em algum ponto, sentiu-se ser colocado, provavelmente, no ombro de alguém, sendo carregado ainda petrificado de medo para outro lugar desconhecido, o que seria mais um naquela noite? 

 

Quando finalmente teve certeza que estava sentado em outro lugar novamente, lhe foram retirados os tampões, ok, conseguia ouvir, se é que ali havia algo para ouvir, ainda sentia estar num silêncio severo. 

 

Decidiu que era melhor que estivesse ficado naquele silêncio. 

 

Ouviu o som de uma arma sendo engatilhada, se encolhendo e engolindo seco novamente, contendo a vontade de chorar novamente. 

 

— Wooyoung, me ouvindo? — Era o garoto dos olhos de tigre, de novo? — Me ouvindo? — Reforçou a pergunta, agressivamente. 

 

— Sim. — Respondeu, alto e audivelmente, despistando o medo que sentia. Só aí percebeu que também estava sem o que haviam amarrado em sua boca.

 

— Acho bom. — Wooyoung suspirou, aliviado, de certa forma? — Você só vai tirar essa venda quando ouvir a porta fechar, entendido? 

 

— Sim. — Repetiu, no mesmo tom. 

 

— Também não precisa ser alto assim. — Murmurou uma voz desconhecida por si, ou conhecida? Já nem lembrava mais.

 

— Quieto. — Ordenou o líder. — Ok, solta ele. — Foi uma questão de segundos até seus tornozelos serem desamarrados, em seguida de seus pulsos. Wooyoung mentalmente agradeceu por aquilo. — Agora, quando a porta fechar, apenas e somente quando a porta fechar, sim? 

 

— Sim. — Respondeu em tom audível, não mais tão alto. 

 

— Bom, então. — E silêncio, novamente. 

 

Até finalmente a porta se fechar. 

 

Wooyoung ainda esperou mais tempo do que lhe fora mandado para que, finalmente, retirasse a venda, se permitindo olhar em volta do ambiente em que fora deixado. 

 

A luz, mesmo que fraca, parecia queimar seus olhos. Era um quarto espaçoso, porém vazio, com nada além da cama onde estava sentado e uma porta onde conseguia enxergar ser um banheiro, nada mais. 

 

Esfregou o rosto ainda desacreditado da situação, levantando e andando em volta tentando se achar naquele vazio, terminando por voltar a sentar na cama onde fora deixado, ainda assustado em proporções inimagináveis. 

 

Estava sozinho, num lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas e sem nem mesmo saber o que lhe aconteceria no dia de amanhã. 

 

Fechou os olhos novamente e caiu deitado na cama, escondendo o rosto entre as mãos. 

 

Se aquilo fosse um pesadelo, que, por favor, acordasse naquele exato momento.

Notes:

ah eu tava com TANTA saudade de escrever em português..

essa fic tava escrita faz, tipo, 2/3 anos, eu acho... enfim, tô feliz que consegui postar ela.

essa obra tem uma leve talvez grande influência de robocop pan de kanashicherry, postada lá na bíblia laranja. amo essa fic pqp LEIAM; e de Farthest Stars, da @cybermeats daqui mesmo

enfim, espero que tenham gostado, espero não demorar nisso

dedico essa fic pros meus bichinhos @5facets que me ajudaram e tão ainda me ajudando nessa fic!! amo cada um dos meus bichinhos!

se cuidem, fiquem bem, bebam água, obrigado pelo apoio <3

Chapter 2: A responsabilidade oculta entre minhoquinhas de gelatina

Summary:

Ash tenta conversar com o Estranho para que o mesmo não se sentisse tão sozinho; Mount não parece gostar muito da situação.

edit 26/04/25: vou deixar aqui os nominhos deles de novo quantas vezes for necessário até a gente não usar mais (um dia irá acontecer)

hj: hyeoc
sh: sooseong
yh: seokzi
ys: kronos
sn: mount
mg: blade
jh: ash

Notes:

o autor ficou com birra porque não ganhou biscoito e sumiu

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

Wooyoung havia passado a se segurar na ideia de que "poderia ser pior" numa tentativa de parecer minimamente esperançoso, mas pensar aquilo não amenizava tamanha gravidade da situação, aquilo continuava sendo um sequestro, ele continuava preso, sem contato com ninguém, sem sequer saber o que acontecia fora daquele quarto. E não era uma televisão apenas com um aplicativo de streaming para que pudesse ao menos se entreter e alguns jogos de videogame e o básico que tinha consigo que podia compensar.

 

Ele queria apenas voltar pra casa, pro conforto de seu lar, pros braços de seu pai e para a segurança garantida que tinha antes, não sempre ver-se jogado às incertezas e dúvidas que o faziam questionar se ao menos estaria ali no dia seguinte novamente.

 

"Dia seguinte".

 

Tinha noção de que alguns dias haviam se passado devido a quantidade de episódios de programas aleatórios que havia visto e suas durações, mas parecia sempre viver eternamente no mesmo dia, um dia que não parecia acabar, o "dia seguinte" que tanto esperava não chegava nunca, e aquilo o destruía lentamente.

 

Ele só queria que tudo aquilo acabasse, de uma forma boa, ao menos.

 

E, coincidentemente, foi naquele momento em que ouviu a tranca da porta sendo destrancada, praticamente pulando para sentar-se na cama o mais rápido que podia. Olhos abertos como se estivesse assustado, o que realmente estava, na verdade. Encarando fixamente na direção esperando a pessoa que poderia a qualquer momento entrar naquela sala. Por favor, que não fosse um daqueles que eram rudes consigo...

 

O pedido de Wooyoung pareceu se concretizar quando um garoto de cabelos vermelhos vividos, baixinho e forte apareceu, empurrando a porta com o joelho para que pudesse entrar, já que segurava uma bandeja em suas mãos. O garoto suspirou e trancou a porta assim que entrou, indo até o Jung, que se encolheu na cama por puro instinto. Diferente dos outros que já apareceram ali em algum momento para tentar conversar consigo ou lhe trazer algo para comer, os que sempre trajavam preto, com as máscaras e tudo, como havia visto no primeiro dia, o garoto vinha apenas com uma camisa larga, uma bermuda e uma simples máscara preta, o fazendo questionar um pouco sobre o motivo de sua postura parecer tão diferente da dos outros. O garoto acendeu as luzes e se sentou numa ponta da cama. Wooyoung deslizou até a ponta oposta.

 

Colocou a bandeja entre os dois, puxando a blusa e "arrumando" sua postura, que de ereta não tinha absolutamente nada. — Você não vai falar pra eles que eu vim aqui, né? — Um silêncio amedrontador reinou entre ambos. Wooyoung reconheceu aquela voz, era a única voz alta o suficiente para que ouvisse de seu quarto e a voz do garoto que havia participado em seu sequestro. — Enfim, quem cala consente. — Deu de ombros, puxando a roupa novamente. — Eu sou o Ash. — Esticou a mão num cumprimento, sorrindo com os olhos, já que o sorriso verdadeiro era escondido pela máscara. Wooyoung também não respondeu. — Você não é muito de falar, né?

 

Ash suspirou, tentando se aproximar mais do garoto, mas parando assim que percebeu que, se fosse mais para trás, Wooyoung provavelmente cairia da cama. Era óbvio que ele estava assustado, era óbvio que ele não ia reagir de maneira diferente, por sinal, tinha que agradecer por ele não ser alguém hostil. Na verdade, Wooyoung era a pessoa mais calma que a H.A.L.A já havia sequestrado, ou pelo menos a pessoa mais calma que Ash já havia visto em seus 4 anos na organização.

 

— Você tem razão de estar assustado, tipo, faz sentido, sabe? Imagina você estar de boa e uns caras chegam e te sequestram, te tacam numa casa onde você não faz ideia de onde seja, não te deixam sair de um quarto... Deve ser uma barra muito pesada, você tem razão de reagir assim. — Cruzou os braços, descruzando quase no mesmo momento, pigarreando. Ele era estranho, e parecia ser novinho, no mínimo um adolescente... O que ele estava fazendo ali? — Só quero que você saiba que, por mais que eu esteja envolvido, eu não sou igual eles, igual o Mount, principalmente.. Eu não estaria conversando com você se eu fosse igual a ele. — E, novamente, aquele pensamento: Poderia ser pior. — Eu quero só falar com você, deve ser difícil estar no seu lugar, então eu quero... Talvez eu não consiga te ajudar, mas eu quero pelo menos amenizar um pouco, eu sei que eu não vou conseguir, mas eu tô tentando, ok? Ok. — Acenou positivamente como uma resposta a si mesmo, pegando uma bala de goma e colocando por baixo da máscara. Aquela era a primeira refeição do dia, por que haviam balas de goma ali...? — Não conta que eu te dei isso, elas são minhas, mas podem ser suas agora. — Piscou, sorrindo para Wooyoung. Ok, ele era com certeza um adolescente.. Wow, ele era bem forte para um adolescente. — Então, você quer dizer algo, Estranho?

 

Após um longo silêncio, Jung se esticou para pegar uma bala de goma, colocando-a na boca para enfim pensar em falar algo. Não sabia se teria uma oportunidade daquelas novamente. — Tem alguém me procurando?

 

— Ei! Você fala! Que legal! — O garoto riu, pegando outra bala de goma. — Pode repetir?

 

— Tem alguém me procurando? — Perguntou, em alto e bom tom desta vez, por mais que houvesse sim soado compreensível da primeira vez.

 

— Tem, mas eles tão chegando em becos sem saída, nós sabemos o que fazemos. — Deu de ombros. — Seu pai é um político, né? Tem gente pra caramba atrás de você por isso..

 

— Por que eu? — Questionou, levantando o olhar para que pudesse encarar no fundo os olhos do tal Ash.

 

— Foi um acidente. — Murmurou, pegando novamente uma bala. — Por que você é tão passivo? Você nunca resiste a nada.

 

— Meu corpo... Não vai. — Murmurou, abaixando os olhares novamente.

 

— Eu imagino, às vezes os outro me protegem de algo quando eu não tenho reação ao perigo, acho que é normal nosso corpo travar. — Deu de ombros, novamente. É, ele com certeza era o mais novo deles.

 

— Eu vou sair daqui um dia? — Perguntou, quase sem esperança nenhuma.

 

— Quando pelo menos três deles tiverem sua confiança, sim; Mount, Hyeoc e Sooseong. — Contou nos dedos. — Mas a gente não vai prender você pra sempre, nem te matar, fica tranquilo, a gente não mata pessoas inocentes.

 

— Vocês matam gente? — Questionou, fazendo o mais novo parecer meio desconcertado.

 

— Apenas quem merece, e você não é uma dessas pessoas, caso encerrado. — Acenou positivamente, arrumando a camiseta. De novo?

 

— Então quem merece? Não deixam de ser vidas-

 

— Pessoas ruins. — Ele interrompeu, o mais sério que pode soar durante aquela conversa. O tom quase alegre que usava deu espaço para uma seriedade fora de si, até assustando Jung. — Pessoas que não tem salvação, que nasceram doentias o suficiente pra estragar a vida de várias outras que definitivamente não mereciam qualquer coisa assim. Pessoas assim não merecem nada o que não seja o pior.

 

— Então vocês são justiceiros?

 

— Infelizmente não. — Revirou os olhos, suspirando. — Seria bom se fossemos, mas temos que ter controle em algumas coisas. — Wooyoung acenou positivamente.

 

— O que é isso aqui, afinal? — Questionou, tentando tomar coragem o suficiente para conduzir a conversa. — Vocês são alguma máfia? Facção? Sei lá, qualquer coisa assim..

 

— Somos um experimento do governo pra saber até onde a crueldade humana pode ir, e eu sou a falha deles. — Sorriu, apenas os olhos, novamente. — Brincadeira, somos uma organização.

 

— E sobre o que isso se trata? — Questionou. Queria joga-lo na parede e o fazer confessar tudo, mas ele parecia ser bem mais forte.

 

— Equilíbrio. Nós procuramos sempre prezar a qualidade de vida das pessoas que vieram do lugar onde a gente nasceu, assim as pessoas, principalmente os pequenos, vão ter mais chances e esperança de que as coisas pra eles não vão acabar como acabou pra gente. — Deu de ombros. O tom sério da explicação fazia parecer que era outra pessoa ali.

 

— Isso não anula o fato de vocês matarem pessoas que são tão humanas quanto vocês, ainda são vidas, ainda são pessoas como vocês, elas ainda têm família como vocês-

 

— Eu nunca disse que tinha família fora eles. — Prendeu o riso, afagando o cabelo do Jung, que congelou ao vê-lo se aproximar, apenas fazendo uma expressão confusa ao ter seus cabelos bagunçados. Foi a primeira vez que sentiu medo de um toque que, definitivamente, não tinha más intenções.

 

— Você entendeu o que eu quis dizer, isso é tão errado quanto o que eles fazem-

 

— Existe uma questão chamada sobrevivência, conhece? — Ambos se encararam, com o mesmo medo no olhar. Finalmente acharam algo em comum: O pavor compartilhado do dono daquela voz. — Ash, eu preciso que você venha comigo. — O líder chamou. O mais novo revirou o olhar, internamente esperando muito para que o outro não visse. — Eu não vou te chamar de novo.

 

— Eu já tô indo, já tô indo. — Levantou, arrumando as roupas. Wooyoung já começava a ficar incomodado com a postura daquele garoto, ele provavelmente ia ter problemas bem sérios com isso mais tarde. — Come direitinho, estranho, até qualquer hora dessas!

 

— Ash, eu disse 'agora'.

 

— E eu disse que já tô indo! Não entendeu? — Respondeu alto, com certa arrogância, revirando os olhos na frente do líder desta vez, fazendo Wooyoung estranhar quando o outro não reagiu.. Bem.. Do modo em que provavelmente esperaria vindo dele.

Ash enfiou as mãos no bolso da bermuda e saiu, contra a própria vontade. Não entendia porque aquilo estava acontecendo. Eles queriam manter Wooyoung ali, não queriam? Uma hora eles teriam que o tirar dali, então por que não começar a tentar fazer isso de uma maneira amigável do que ser bruto como San e os outros eram?

 

Foi conduzido até a sala, onde praticamente se jogou no sofá, largado. Sooseong o olhou de cima a baixo, recebendo um sorriso do menor e revirando os olhos, cutucando sua coxa numa tentativa muda de o mandar fechar as pernas e largar de ser espaçoso daquele jeito. Ele não estava sozinho naquele sofá.

 

O lugar que viviam era uma casa não muito diferente do que esperariam de qualquer casa de classe média, num bairro seguro, apesar de tudo. Bem, não que a "base" também não fosse um tipo de casa, mas aquela era a casa que realmente chamavam de lar. Era onde dormiam, onde passavam o tempo que tinham juntos.. Tinham outros locais para chamar de casa, era fato, mas lar? Apenas aquele.

 

— Tá bravo por que, maninho? — Sorriu de canto, encarando Mount. Os privilégios de ser o irmão mais novo e o favorito do irmão mais velho, até porque, era o único que tinha..

 

— Eu vou te dar um minuto pra explicar o que você tava fazendo lá dentro conversando com o Wooyoung. — Cruzou os braços, encarando o garoto mais novo. — Anda, guri, não tenho o dia todo.

 

— Ai, Mount, o menino tá aqui, tá preso, quase sem nada pra fazer, sem conversar com ninguém, sem tomar um sol, isso não é justo! Principalmente se você quer convencer ele a ficar aqui com a gente.

 

— Não é uma opção, ele vai ficar. Você e Blade de olho nele, mas ele vai ficar. — Deu de ombros, vendo o Choi mais novo cruzar os braços e o olhar de cima a baixo com um certo desdém.

 

— Você esquece que às vezes até eu tenho que cuidar do Blade, né? — Perguntou, num tom sarcástico. Céus, Mount só queria coragem o suficiente para dar-lhe um tapa, só um, não pediria mais nada. Apesar disso, Sooseong o fez, beliscando o braço de Ash, que gritou. Um dia ele ainda deixaria alguém surdo com seus gritos.

 

— Eu não ligo, vocês dois vão cuidar dele, afinal, foi vocês que fizeram essa confusão toda, agora sejam homens e assumam a responsabilidade. — Caminhou para outra direção enquanto falava, indo até a cozinha que era basicamente atrás de onde estavam, apenas separada por um balcão. Ash se esticou, "sentando" no sofá como se estivesse de cabeça para baixo, olhando o irmão mexendo nos armários da cozinha.

 

— Você fala assim e eu sinto como se eu tivesse tido um filho, a responsabilidade que você tá jogando em mim tá sendo nesse nível, sabia? — Fez bico, tentando amolecer o coração do líder de uma forma ou outra.

 

— Claro que sabia. Agora se vira, quem fez confusão foi vocês, resolver são vocês.

 

— Então, se é pra resolver, posso trazer ele pra fora, né? — Arrumou-se o mais rápido possível, olhando para o irmão com os olhinhos cintilantes.

 

— Não, não pode. — E o mais novo suspirou descontente, cruzando os braços como a criança birrenta que era. — Birra não vai adiantar de nada, guri, acorda. — Deu um tapa fraco na nuca do menor, que reclamou baixinho, voltando para a sala de reunião com uma xícara transparente com algo que parecia ser café gelado.

 

Ash não tinha mais xingamentos para proferir mentalmente contra o irmão, por que Mount sempre mandava-o fazer das maneiras mais difíceis? Aliás, por que Mount era tão difícil daquele jeito? Haviam 4 anos desde que se conheceram, e nestes 4 anos, nunca houve uma vez que o mais velho não parecia sempre escolher o lado mais difícil da situação. Ash era adepto a facilidade, mas seu irmão parecia ser o completo oposto.

 

Ouviu o garoto ao lado estalando a língua no céu da boca em sons de descontentamento, negando com a cabeça, julgando-o de cima a baixo como resposta, revirando os olhos.

 

— O que foi? — Ash perguntou, cruzando os braços novamente. Sooseong cutucou as costas do mais novo numa tentativa de o fazer corrigir aquela postura, uma tentativa falha.

 

— Se você quer isso, vai ter que passar por cima das palavras do seu irmão, como você sempre faz. — Sooseong deu de ombros, falsamente desinteressado. — Agora a real questão é: Como você vai fazer isso, sem que ele descubra, claro.. O que não deve ser tão difícil, né? É você, no fim das contas. Você nunca obedece ele mesmo..

 

— Nunca é um termo muito forte, eu obedeço ele sim! Às vezes. — Murmurou, cruzando as pernas em cima do sofá, puxando o celular e colocando em qualquer jogo que achasse. — Mas, você tem razão. — Deu um risinho travesso, se arrumando em cima do sofá. — Sou eu, no final de tudo, e eu sei o que eu faço.

 

— Se soubesse mesmo, nem esse problema com um estranho preso aqui a gente tinha.

 

— Dá pra você parar de jogar isso na minha cara?! 

 

 

 

Notes:

lembrava desse cap ser mais longo mas acho que era só isso mesmo

E AI GALERINHA COMO VOCÊS ESTÃO? espero que bem, pra compensar o autor aqui que tá só pela misericórdia divina 🕴🏻

deveria dar mais atenção a essa fic tadinha gosto tanto dela e fico deixando ela mofar nos meus docs... prometo aparecer aqui mais vezes ok

dito isso estarei vazando por motivos de estou cansadinho zzz, obrigado por lerem, obrigado pelo carinho também, se cuidem e fiquem bem, prometo tentar não demorar mais assim <3

Chapter 3: o abrir de uma porta e 1001 oportunidades

Summary:

Ash decide que é o momento certo para deixar que o Estranho saia do quarto em que é mantido desde que chegara, o problema é quando apenas ele concorda com sua própria decisão.

Notes:

gente eu to a dias DIAS enrolando p postar essa bomba

gente eu to hiperfocado nessa fic vcs nao tem noção desde quinta passada que eu to escrevendo SEM PARAR e eu to me divertindo mt espero nao parar nunca !!!!

vou deixar os nomes aqui de novo

hj: hyeoc
sh: sooseong
yh: seokzi
ys: kronos
sn: mount
mg: blade
jh: ash

boa leitura !!!

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

— Não achei que você ia passar essa fase de primeira, sabia? Eu mesmo não passei, Blade teve que me ajudar, e a gente ainda demorou um tempão pra conseguir, você é bom nisso. — O garoto sorriu antes de voltar a atenção para a tela do videogame, se concentrando no que fazia novamente. Wooyoung não esboçou reação alguma, eram raras as vezes que ele reagia a algo, na verdade.

 

Faziam no mínimo duas semanas desde que Wooyoung chegara, e eram duas semanas desde que Ash tentava de qualquer forma possível alguma aproximação com o garoto. Não sabia dizer se estava dando certo ou não, mas pelo menos conseguia interagir com ele na maioria do tempo quando estavam sozinhos. Tentava se aproximar fazendo o mínimo, indo levar comida para ele, conversar, jogar, assistir alguma coisa, sempre procurando deixá-lo o mais confortável que conseguia na medida que tentava se aproximar, não precisava nem ser uma amizade ou ter sua confiança de verdade, ele só queria o fazer sentir um pouco mais seguro, ou menos entediado, o que acontecesse primeiro.

 

Estavam sozinhos naquela tarde, quer dizer, sozinhos em partes, já que Blade também estava em casa, mas não era lá muita diferença, o que importava era: A maioria estava fora de casa. Alguns trabalhando, outros na verdadeira base, outros apenas fazendo algo por aí, o ponto era que não estavam presentes, e provavelmente demorariam a estar, então era uma ótima chance para Ash colocar em plano o que já pensava fazia um bom tempo.

 

— Ei, Wooyoung. — Chamou num sussurro, pausando o jogo e só aí obtendo a atenção de Jung, que o olhou ainda sem demonstrar nada, no mínimo uma leve confusão apenas. — Se eu fizer algo, você promete pra mim que não fala pra ninguém? — Estendeu o mindinho em direção ao mais velho, que minimamente positivou com a cabeça. — Ótimo, vem. — O segurou por sua mão, correndo até a porta.

 

O coração de Jung pulou algumas batidas ao o ver correndo para a porta, abrindo ali sem ensaio algum, puxando-o para fora daquele quarto. Pela primeira vez em muito tempo, podia respirar um ar diferente daquele quarto estranho.

 

Se encontrou numa casa simples, pareciam ser quatro ou três quartos fora o que estava, juntos de uma sala de estar, que era separada da cozinha e lavanderia apenas por um balcão americano. Era um lugar humilde, na verdade, o acabamento era péssimo, mas ainda sim era algo diferente. 

 

— Esse aqui é o lugar que a gente mora. — Sorriu, soltando de sua mão e correndo para sua frente. — Você ia ter que ver isso uma hora ou outra, então é melhor que seja eu a te mostrar, né? Os outros são meio brutos e tudo, quem se dá melhor aqui com você sou eu. — Sorriu, não sendo retribuído de forma alguma, suspirando profundamente e revirando os olhos. — Eu, na verdade, adoraria se você me respondesse uma vez na vida, sabia? Tô dando minha vida pra tentar te fazer confortável e tudo que você faz é me olhar com essa cara de nada, é sério? — Perguntou num tom sóbrio, parecendo maduro até demais comparado com o que Wooyoung já havia se acostumado. Era esquisito. 

 

— Por que? — Se conteve a perguntar apenas isso. "Por que eles ainda continuavam naquilo? Não fazia diferença alguma estar ou não estar ali."

 

— Porque uma hora ou outra você ia sair de lá, agora vem cá. — Segurou em sua mão, o puxando até a sala, parecendo animado com isso. Novamente, estava ali o Ash de sempre. — Aqui é a sala, e ali atrás a cozinha, a gente não faz muita coisa aqui, na verdade, só às vezes, mas quando a gente faz é legal! Olha, olha, tem uma lavanderia ali, e aquela porta é o quintal, tá fechada, mas uma hora eu posso te levar lá se você quiser. — Jogou os cabelos vermelhos para trás, numa tentativa de tirá-los do rosto, arrumando a camiseta em seguida. Wooyoung ainda não havia entendido a cisma de Ash com todas as suas camisetas, sem exceção, parecia mais até uma mania ficar puxando a camiseta daquela maneira. — Ah, olha, perto do quarto que você.. Ahm, seu quarto, tem o quarto dos líderes, às vezes eu e Sooseong dormimos lá, mas o meu quarto mesmo mesmo é o que eu durmo com o Blade, lá é legal, mas é o menor quarto, acho que a gente ficou com o que sobrou.. O maior quarto dormem Sooseong, quando ele quer, claro; Seokzi e Kronos. Acredita que lá não tem três camas? Tem uma beliche, como sempre, e uma rede. Geralmente Sooseong e SeokZ dormem na beliche e Kronos dorme num rede, sei lá, ele gosta de dormir na rede, ele diz que lembra quando ele era pequeno, acho que ele é um dos únicos que gosta de lembrar da própria infância aqui, ele e SeokZ. — Deu de ombros, apertando um dos pulsos com as unhas, por algum motivo. 

 

— Vocês querem muito parecer heróis, não querem? — Wooyoung questionou, sem olhar diretamente nos olhos do garoto.

 

— Com licença? — Arqueou uma das sobrancelhas, sem entender ao certo o que raios havia sido aquela pergunta.

 

— Os nomes, todas essas coisas estranhas, vocês querem tanto parecer heróis que chegam a parecer crianças brincando de faz de conta, mas isso aqui é vida real, sabe? As ações de vocês tem consequências. — Levantou o olhar, encarando-o diretamente. Ash engoliu seco, havia acabado de descobrir que não gostava de ver Wooyoung falando tão sério daquele jeito. O medo não durou muito, pareceu se tornar.. Raiva? Pela maneira que era encarado. Wooyoung cogitou correr, afinal, nem com muita sorte ganharia numa briga com um garoto forte como Ash.

 

— Ash, você tem, tipo, três segundos pra me explicar o que tá acontecendo. — Ash revirou o olhar, se virando para o garoto que saia de um dos quartos, parado em sua cadeira de rodas em meio ao corredor, de máscara, como sempre. Jung estranhou não ter visto, ou percebido que alguma pessoa que usava cadeira de rodas entre eles. — E cadê sua máscara? 

 

— O que tem pra explicar? É o que você tá vendo mesmo, não tem nada pra explicar. — Deu de ombros, parecendo ainda irritado.

 

— Tinha que ser o irmão do Mount. — Revirou os olhos, dando impulso e se aproximando de ambos, parando em frente ao Estranho. Era possível ver que, mesmo sentado, ele era alto. — Não tinha te visto de perto.

 

— E eu não sei nem quem é você. — Respondeu quase que instantaneamente, num tom afiado como um chicote.

 

— Me disseram que você era inofensivo, você tem um tom bem valente pra alguém inofensivo..

 

— Ele só tá em guarda a vida toda, também, como não ficar? — Deu de ombros, respirando fundo. A raiva ia lentamente se esvaindo de seu tom. — Wooyoung, esse é o Blade. Blade, esse é o Wooyoung. Pronto, estão devidamente apresentados, agora você poderia voltar pra seja lá o que você estivesse fazendo no quarto e me deixar em paz com o Wooy? — 'Wooy”? De onde havia vindo aquela intimidade?

 

— Não? Ele não deveria estar fora, mas, olha, ele tá! E sabe pra quem isso vai sobrar? Isso mesmo, pra mim, porque eu que deveria cuidar de você!

 

— Você não cuida nem de você mesmo. — Respondeu num riso debochado, ácido, novamente naquele tom maduro demais para Ash. 

 

— Você não tá ajudando! — Repreendeu, ameaçando bater no amigo. 

 

— Uma hora ou outra isso vai acontecer, ele não vai ficar preso pra sempre, ele vai ter que conhecer aqui fora, e quem melhor pra fazer isso do que eu, que tô cuidando dele sempre? 

 

— Eu acho que cuidar é uma palavra muito forte..

 

— Você entendeu o que eu quis dizer, idiota! — Ameaçou um falso soco. Blade revirou os olhos e Wooyoung fez o mesmo, não lembrava de adolescentes serem tão chatos assim. — A gente vai deixar ele com a gente e o Mount não vai fazer nada, você já viu ele fazer alguma coisa comigo alguma vez na vida? Exatamente, não! Então pronto, caso encerrado.

 

— Os privilégios de irmão mais novo. — Blade negou com a cabeça, virando-se em direção a cozinha e para lá indo. — Tem irmão mais novo, Wooyoung?

 

— Não, minha mãe morreu cedo e meu pai não arrumou outra pessoa pra ele. — Explicou, sentando no sofá sendo guiado por Ash, se encolhendo num canto dali.

 

— Posso falar a verdade? Seu pai não é uma boa pessoa. — O mais novo sentou no lado oposto de Jung, abraçando as pernas em cima do sofá. Seu tom lentamente flutuando de volta para o tom que Wooyoung estava acostumado. 

 

— Ele é sim, só é meio ocupado demais, e às vezes é rígido, mas ele é uma pessoa legal. — "Eu acho." Completou mentalmente, desconfortável com aquele assunto.

 

— Tem certeza? — Questionou, novamente.

 

— Por que eu não teria? Ele é meu pai, eu conheço ele. — "Eu acho." 

 

— Você não acha que, assim, ele já teria te encontrado? Sei lá, ele é policial, ele já não teria dado um jeito ou-

 

— Ash, não acha que tá falando um pouco demais não? — Repreendeu o mais novo, se aproximando com um prato em seu colo, contendo um sanduiche pré-preparado. — Desculpa, Estranho, ele pensa pouco pra falar.

 

— Você não precisa assumir as coisas que eu faço, sabia? Eu posso responder-

 

— Ele é assim sempre? — Perguntou, cortando a discussão antes que se iniciasse novamente. Ash deu um breve chilique, saindo da cozinha pisando firme, voltando para seu quarto.

 

— Na maioria do tempo. — Deu de ombros, comendo seu sanduiche por baixo da máscara. — É assim mesmo. 

 

— Perdi o jeito de lidar com adolescentes, mas ele parece ser alguém de coração bom ao menos, foi o que menos fez maldade comigo nesse tempo. — O Jung deu de ombros, encostando no sofá.

 

Jogou mais um pouco de conversa fora com Blade até finalmente cansar, caindo no sono novamente em pouco tempo, no próprio sofá. Provavelmente o sono mais perturbador que já tivera. Não conseguia descansar sua mente, por que Ash havia perguntado aquilo tão repentinamente? Ok, poderia ser apenas ele sendo um "aborrecente" mas por que aquilo estava perturbando tanto seus pensamentos? Por que a situação toda parecia ter sido tão estranha? A forma que o garoto foi interrompido por Blade, o que raios eles sabiam que Wooyoung não sabia? 

 

A pior hipótese de todas era que eles pudessem ser parte das pessoas que seu pai procurava durante toda sua vida.

 

Isso é; Seu pai provavelmente sabia mais sobre qualquer um deles e aquela organização idiota do que sobre o próprio filho. 

 

Pensar isso fazia seu estômago revirar e as paredes da sala parecerem menores, o ar faltava em seus pulmões a ponto de pensar que deveria ter aceitado quando aquela médica o receitou ansiolíticos a alguns meses atrás. 

 

Acordou com vozes que pareciam distantes, mas aos poucos foram ficando mais e mais altas a ponto de doerem sua cabeça. O que pareciam ser murmuros desconexos viravam frases inteiras, mas que ainda não tinham muito sentido. Quando começou a entender, soube que havia acordado por completo. 

 

Esfregou os olhos para conseguir se trazer de volta ao próprio corpo, se deparando com Ash a sua frente, encarando no fundo dos olhos de Mount com a mesma raiva de mais cedo no olhar. Olhou ao redor e encontrou o outro líder, seu nome era Hyeoc? Não conseguia lembrar, mas ele estava ao lado de Mount, enquanto Blade parecia espiar a situação escondido do corredor a distância.

 

Por mais que seu turbilhão de pensamentos fosse ruim, provavelmente estar ali era pior ainda.

 

— Não basta vocês dois terem estragado o plano inteiro, agora você ainda trata o Estranho como um amigo, acha que isso aqui é o que? Você deu sorte, guri, queria ver se a gente estivesse lidando com outra pessoa, a gente estaria perdido faz muito tempo e você sabe que seria sua culpa. — O líder falava numa proximidade quase sufocante ao rosto do garoto, apontando enquanto falava. Todos ao seu redor, exceto Ash, estavam de máscaras. 

 

— Eu sei o que eu tô fazendo, Mount, e se ele tá aqui, se eu trouxe ele pra fora, eu sei o que eu tô fazendo. — Respondeu, com seu tom flutuando novamente entre o Ash adulto e o aborrecente. — Nós estamos lidando com o Wooyoung, não com outra pessoa, ou melhor, eu tô lidando com ele, porque vocês só sabem deixar ele num canto e ficar colocando medo nele como se fosse ele quem tivesse cometido um crime! — O ruivo retrucou, batendo o pé no chão novamente, mantendo o olhar firmemente aos olhos do irmão.

 

— Você tá muito desaforado pro meu gosto, Ash, de onde você acha que tem tanto moral assim, guri? 

 

— Mount, vamos ser honestos e claros aqui: — Uma nova voz chegou a conversa. O garoto loiro carregava um pequeno saquinho de arroz consigo por algum motivo. Se lembrava de sua voz, era o homem que havia o chamado de 'Desistente' em seu primeiro dia.  — Você mimou ele assim, e você criou ele, praticamente. O Ash é uma segunda versão de você, por isso ele acha que põe moral assim. Fora que você sempre abaixa a cabeça pra tudo que ele fala e faz, então…

 

— A conversa tá entre nós dois, Kronos, não vem se meter onde não tem ninguém te chamando. Volta pras suas compras ou seja lá o que for produtivo. — Espantou-o com a mão. O garoto deu de ombros, voltando para a cozinha. 

 

— Mount, me escuta, uma hora ou outra, ele tinha que sair de lá e, olha, ele pode ajudar a gente, a gente só precisa achar o que ele sabe fazer de melhor e usar isso a nosso favor! — Pediu, apontando com a cabeça para o Jung, que observava a situação em silêncio. Nem se quisesse falar, seu corpo parecia não responder, novamente.

 

— Ele mal consegue se defender, você acha que ele pode ser útil em algo, guri?

 

— Ele parece um saco de batatas, Ash, pelo amor! — Kronos retrucou. Wooyoung se sentiu ofendido.

 

— Eu já não falei que a conversa não chegou em você ainda? — Virou-se para o loiro, que apenas gargalhou com a situação.

 

— Mount, dá uma chance pra ele, por favor.. Talvez ele precise de uma ajudinha ou outra, mas ele definitivamente vai ser útil pra gente, eu te garanto. — Afirmou, recebendo um olhar desinteressado dos dois líderes. — Vai, maninho, por favor! — Insistiu, apelando pra qualquer coisa possível que fosse o ajudar.

 

O Choi mais velho tentou não ter reação alguma com a birra do irmão, mas acabou apenas respirando fundo e negando com a cabeça levemente. Hyeoc revirou os olhos, sabia que era causa perdida a partir dali. Realmente, Ash era um garotinho muito, mas muito mimado pelo irmão mais velho.

 

— Você que vai ficar com ele então. E se algo acontecer com ele, já sabe. 

 

— Tudo bem, tudo bem, eu vou cuidar dele, sem problema algum. — Sorriu, empolgado. — Ele pode ser membro honorário da organização?

 

— Você já tá querendo demais, sossega, guri.

Notes:

reescrevi esse cap quase todo agora na hr de postar. tava escrito desde 2021 e nada contra! só achei um lixo! principalmente a personalidade do blade que tava TODA errada essa BOMBA, blade de 2021 eu te ODEIO te DETESTO nao tem nada a ver com meu queridinho ok.

por sinal morys, aconselho lerem os outros 2 caps de novo pq eu editei uma pa de coisa neles pq alguem nao leu antes de postar e postou com o CU sou obrigado a ter empatia?

enfim, obrigado por lerem, obrigado pelo apoio, vcs são uns amores <3

e obrigado pro nosso namorado tbm que tá quase virando co-autor de hala a essa altura <3

Chapter 4: procure até achar, ou algo bem perto disso.

Summary:

Kronos permite Wooyoung a usar seu celular, e as respostas encontradas por Wooyoung não são como nada que havia esperado antes.

Notes:

eu ACHO que esse é o ultimo cap que foi escrito em 2022/2021 VAMOSSSS to animado

⚠️ aviso rápido pra conversa sobre corpo? desconforto com o próprio corpo, mas é algo rápido, passa rapidinho. ⚠️

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

Wooyoung não fazia ideia de quanto tempo havia passado sem ver a luz do sol propriamente. Sentia que sua pele só não estava queimando ao entrar em contato com os raios solares por muito pouco. 

 

Estava sentado no degrau único que separava o piso de dentro de casa do piso do quintal, onde Ash, Blade e Kronos estavam. Blade, como o usual, na cadeira de rodas, jogando alguma coisa no celular; Kronos, encostado no enquadro da porta e Ash, treinando alguma coisa socando um enorme saco de areia que havia ali no quintal. 

 

Pelo menos ele parecia saber o que estava fazendo.

 

— Por que não coloca uma regata, carinha? — O loiro questionou, com aquele sorriso sarcástico de sempre. — Essas roupas tão grandes parecem te deixar com mais calor, e menor também.

 

— A gente tem cinco centímetros de diferença, vê se me erra. — Reclamou o mais novo, acertando alguns golpes no saco de pancadas. — Eu tô bem, linguarudo.

 

— Todo molhado de suor, tsc, olha o calor que tá fazendo! Por que não tira a camisa ou coisa assim? 

 

— Porque eu não gosto do meu corpo e você sabe disso! — Gritou, irritado, chutando um pouco de areia no mais velho, que riu, recebendo um punhado de areia no rosto e repentinamente parecendo desesperado enquanto Ash apenas ria, com gosto.

 

— Eles são sempre assim, não se assusta. — O garoto murmurou, ainda focado no jogo em seu celular. 

 

— Acho que tô quase acostumado. — Respondeu no mesmo tom, observando a discussão dos dois. Ora prestava atenção no que ambos faziam, ora prestava atenção numa das partidas do jogo do garoto ao seu lado, sempre tentando ocupar a cabeça com algo, por mais que os pensamentos ainda entrassem em espiral da mesma maneira desde aquela discussão: O que raios eles sabiam sobre seu pai que ele mesmo não sabia? — Blade. — Chamou, cruzando os braços.

 

— Hm? Oi? — Levantou a cabeça, ainda sim clicando na tela, no automático. 

 

— Aquele dia, quando o Ash disse que meu pai não era uma pessoa boa, por que ele disse aquilo?

 

— Você ainda liga mesmo pro que o Ash diz? Wooyo, ele é só um adolescente, recém fez 19 anos, ele não sabe o que diz. — Explicou, terminando a partida num suspiro cansado, porém, com um sorriso vitorioso no rosto. 

 

— Acho tão engraçado a intimidade que vocês criaram com ele. — Ouviu Kronos comentar, usando uma mangueira no canto do quintal para jogar em seus cabelos e rosto, deixando secar naturalmente enquanto sacudia as mãos ao lado do corpo, parecendo ainda desesperado. 

 

— Para de falar besteira, a gente só quer fazer ele se sentir confortável! Desculpa, Wooy, ignora ele, às vezes é o melhor a se fazer. — O mais novo aconselhou, enxugando o suor com as costas das mãos. Os cabelos encharcados de suor estavam colados em sua testa naquele ponto, assim como a blusa preta começava a fazer o mesmo em algumas partes de seu corpo. 

 

— Enfim.. Eu vou entrar, vou trocar de roupa e fazer algo pra gente comer, imagino que não queiram vir junto… — Kronos anunciou, num tom robótico.

 

— Eu posso ajudar? — Para sua surpresa, foi o estranho que se pronunciou, se levantando tanto como tímido. — Eu costumava cozinhar em casa, e cozinhar é um tanto terapêutico, então-

 

— Talvez possa te ajudar, né, Garotinho? — Deu um sorriso ladino e falso, era quase assustador. Espera, “Garotinho?” Kronos havia entrado antes que Wooyoung pudesse pensar em questioná-lo sobre qualquer coisa.

 

— Não se preocupa, ele me chama assim também às vezes. — O mais novo explicou, encostando na parede e encarando os dois propriamente agora.

 

— Ele tava bem? Ele parecia.. Sei lá, sobrecarregado? — O Estranho perguntou. Estava preocupado? O que exatamente era aquilo?

 

— Ele tem problemas com texturas, a areia não ajudou muito. — Blade respondeu, encarando Ash estreitamente. O garoto repentinamente mudou de postura, irritado. 

 

— Eu fiz isso porque ele mereceu, o que você tá insinuando olhando pra mim assim, Blade?!

 

Wooyoung decidiu entrar antes que Ash, novamente, arrumasse uma briga com alguém. Esperou na sala até que Kronos aparecesse, seguindo-o e se encostando silenciosamente na parede da cozinha. Assistiu-o andando pra lá e pra cá, tirando potes do armário, da geladeira, pegando alguns condimentos e outras coisas ali e aqui, separando tudo organizadamente em cima do balcão, num padrão que Jung não conseguia decifrar, mas era óbvio que existia. Wooyoung hesitou por um longo tempo até tomar alguma atitude, dando um passo à frente, finalmente.

 

— Kronos? — Chamou, observando-o grelhar um generoso pedaço de salmão. — Eu posso usar a internet?

 

— Como? — Questionou, curioso com a atitude repentina. 

 

— Posso procurar uma coisa na internet? Pode ser no seu celular, vai ser rápido. — Pediu, num fio de voz, quase inaudivelmente. 

 

— Claro, toma. — Entregou o celular desbloqueado em sua mão, pouco se importando. — Só não me chame a polícia, tá ouvindo? Não queira arrumar encrenca sozinho, você tem sete homens na sua cola, e, acima de tudo, você ia quebrar o coração do Ash acabando a confiança dele desse jeito, nunca vi o pequeninho gostando tanto de um estranho quanto você. 

 

— Achei que ele fosse assim com todos. — Murmurou, entrando no navegador e recuando alguns passos, voltando para a sala e se sentando no sofá, segurando o celular com força em mãos antes de abrir numa aba anônima no navegador. 

 

"Jung Wooyeop". Foi a primeira pesquisa que fez, recebendo a esperada avalanche de respostas, eram manchetes por todos os lugares, em uma ordem decrescente.

 

"Filho de ex militar, Jung Wooyeop, é dado como desaparecido."

 

"Caso Wooyoung: Tudo o que sabemos sobre o desaparecimento do filho de ex militar, Jung Wooyeop."

 

"Afinal, quem é Jung Wooyeop?" 

 

"Jung Wooyeop contra o governo: Um breve resumo sobre o desaparecimento do estudante de 22 anos, Jung Wooyoung."

 

Mudou a seleção de resultados, escolhendo pelos mais recentes agora, definitivamente não contando com aquilo que receberia. 

 

"Caso Wooyoung: Após pedido judicial de Jung Wooyeop, buscas são encerradas." 

 

Piscou algumas vezes, desacreditado com a manchete, clicando sem ao menos pensar duas vezes. 

 

"Nesta segunda feira, o tribunal judiciário de Seoul acatou o pedido do ex militar Jung Wooyeop, 59, para que dessem-se encerradas as buscas pelo estudante Jung Wooyoung, 22, desaparecido há um mês. Segundo a última testemunha a vê-lo, Wooyoung teria saído para visitar a casa de um amigo e teria desaparecido na volta para casa. O ex-militar afirma que o desaparecimento do filho está ligado por algo bem maior do que a própria polícia pode investigar, se denominando a pessoa correta para tal função. As buscas foram encerradas sem que sequer encontrassem pistas sobre o paradeiro do garoto."

 

Então, era aquilo? 

 

A vida de seu único filho poderia estar em risco, e era aquela a decisão que tomaria?

 

Wooyoung poderia não estar mais vivo, e era aquela a decisão que tomaria? Impedir que pessoas aptas para a situação ajudassem a encontrá-lo apenas para continuar com aquela idiotisse de organização contra sabe-se-Deus-lá-o-que e tudo mais? No final de tudo, suas ambições ainda sim eram maiores que qualquer coisa.

 

Maiores que o amor que sentia pelo seu filho.

 

O que não era lá muita novidade, na verdade. Honestamente? Era sempre assim. Lembrava-se das coisas serem de tal maneira desde que se entendera por gente. Apresentações e reuniões na escola? Eram sempre empregadas ou babás que iriam o prestigiar. O primeiro dente a cair? A primeira namorada? As conversas sobre sexualidade, puberdade, sobre seu futuro, sobre sua mãe.. Era sempre com pessoas que sequer eram relacionadas consigo por sangue, sempre estranhos, nunca quem mais deveria estar ali para lhe dar apoio.

 

Por que seria diferente dessa vez? Quando seria diferente? 

 

No final do dia, sempre seria a mesma coisa, trabalho acima de tudo, inclusive do seu próprio filho.

 

Percebeu a visão ficar turva com as lágrimas e suspirou, largando o celular em cima do sofá e se levantando, correndo novamente para fora em busca de esfriar um pouco a cabeça. Talvez oxigenar o cérebro com ar fresco fosse algo bom, certo? Era o que pensava, mas sequer chegou a fazer, mal conseguindo correr até lá antes de praticamente se jogar ao chão, sentando encostado num dos muros e debruçando sobre os joelhos e chorando copiosamente como evitara fazer a dias.

 

— Pra que isso do nada? — Kronos murmurou, sentando ao seu lado, hesitando em tocá-lo, sem jeito algum, encostando em seu antebraço fazendo carinho ali, de uma maneira tão desconfortável que parecia ser abrasiva para si mesmo. — O que aconteceu? 

 

— Ele não liga pra mim, Kronos. O Ash tem razão, se ele quisesse, ele já teria me encontrado. — Soluçou, se encolhendo cada vez mais. — Ele pediu que parassem as buscas, se convenceu de que ele mesmo podia fazer aquilo. — Soluçou, sentindo o loiro o abraçar de lado. — Disse que provavelmente as coisas estão ligadas por algo maior e que ele seria mais apto que a polícia pra resolver isso, ele nunca achou vocês, por que ele acharia agora? Ele jogou qualquer chance que tinha de me encontrar fora, Kronos, encontrar o próprio filho dele, você tem noção? Ele preferiu continuar com essa coisa idiota toda a encontrar a verdade sobre o único filho dele.

 

— Yeosang. — Foi a única coisa que disse, recebendo um olhar confuso do Estranho. — Kang Yeosang, é meu nome, se te faz mais confortável, você sabe, ter alguma direção de quem você tá falando, esses apelidos são ridículos, por sinal, e olha que o meu é o melhor. — Revirou os olhos, dando de ombros. — E, olha, eu sinto muito pelo babaca do seu pai, ou sei lá… Você merecia coisa melhor, esse lance todo de trabalho acima de você parece ter sido exaustivo. — Afagou o ombro alheio agora, da mesma maneira. Era estranho como Yeosang falava quase sem variar o tom da própria voz, como se estivesse programado a dizer aquilo. — Olha, por que você não coloca o que tá sentindo pra fora aqui? — Se levantou, encostando no mesmo saco de pancadas de mais cedo.

 

— Você quer que eu…? — Levantou, limpando o rosto com as mãos e se aproximando tanto de Kang como do saco de pancadas. 

 

— Não vai te matar tentar uma vez. É terapêutico, mais do que cozinhar, às vezes. — Deu alguns passos para trás, encostando no enquadro da porta novamente.

 

O Estranho encarou o saco avermelhado a sua frente, atingindo-o inicialmente sem força alguma, começando a proferir outros golpes mais e mais intensos, perdendo completamente a noção do tempo que ficara ali, fazendo até que suas mãos doessem e que a vontade de chorar voltasse. A decepção que tentava tomar conta de si era impedida à medida que descontava tudo e mais um pouco que estava sentindo no saco de pancadas em sua frente. 

 

— O que vocês tão fazendo? — Reconheceu a voz de Mount, vendo-o aparecer ao seu lado pouco depois. 

 

— Ele não tava se sentindo bem, eu trouxe ele pra espairecer um pouco. — Kronos virou na direção do líder com um sorrisinho. Mount sequer expressou reação.

 

— Não viu que ele tá fazendo errado? Ele ia se machucar. — Repreendeu, suspirando. — Kronos, fora, me deixa conversar com ele.

 

— Você quem manda. — Deu de ombros. — Wooyoung, quando terminar, venha comer, ok? Você já tá faz um bom tempo sem comer nada. — Pediu, entrando sem contestar o líder. 

 

O ambiente tomou-se por um silêncio mórbido por momentos até Mount resolver se aproximar, parando na frente do Jung, que apenas abaixou a cabeça, com medo.

 

— Posso encostar em você? — Perguntou, levantando certa curiosidade em Wooyoung. Como?

 

— Pode? — Respondeu, sem jeito, vendo-o acenar com a cabeça, se aproximando por trás e segurando em um de seus pulsos, passando o outro braço pela sua cintura. Hm, ok, reação interessante. 

 

— Sua postura precisa estar firme, o peso bem balanceado, seus pulsos precisam estar firmes, se você tentar um golpe contra qualquer coisa com o pulso solto, vai acabar torcendo ou se machucando mais grave. — Ensinou enquanto indicava, praticamente sussurrando num dos ouvidos do Jung, o fazendo arrepiar com a proximidade. — Coloca isso na sua cabeça e continua, quero ver você fazendo certo.

 

O Jung acenou positivamente com a cabeça, respirando fundo. Foram três socos em sequência, parando e voltando o olhar para o líder, que esboçou um sorriso, num certo orgulho, o incentivando a continuar. Wooyoung sorriu de volta, arrumando a postura e respirando fundo novamente, continuando as sequências de golpes ali. Sequer havia pensado que aquela havia sido sua primeira vez sorrindo após tanto tempo.

 

"Ele aprende as coisas rápido." O líder pensou consigo mesmo. — Deve estar em guarda sempre com o braço livre, usando o antebraço na altura da cabeça, protegendo seu rosto. — Indicou, encostando na parede ao lado, vendo-o se corrigir quase que imediatamente.

 

— Entendido. — Respondeu, minimamente, voltando a atenção ao que fazia e continuando, continuando até seu limite se aproximar. Sol quente e estômago vazio com certeza não eram uma boa combinação. Enxugou o suor com o pulso, fechando os olhos um pouco tentando procurar foco o suficiente para que não desequilibrasse naquele momento, a tontura que sentia era horrível. Sem conseguir evitar, sentiu seu corpo amolecer e, seguida, alguém passando um dos braços pela sua cintura novamente, o sustentando.

 

— Bom trabalho, Estranho. — Sorriu, o trazendo para perto num apertão pela cintura. Wooyoung queimou de vergonha. — Agora você precisa comer alguma coisa, anda, a comida do Kronos nem é tão ruim assim. — O trouxe mais para perto, guiando-o casa adentro. Aquele era mesmo o mesmo cara que queria o matar a pouquíssimo tempo atrás? 

 

Deixou o garoto sentado na mesa da cozinha, acompanhado por Kronos que fez questão de o servir momentos depois. 

 

— Sem encher o saco dele, guri, ele precisa comer primeiro. — Puxou Ash para perto, o abraçando e afagando seu cabelo a seguir. Wooyoung se questionava o porquê do carinho repentino, digo, eram irmãos, mas assim do nada? Quer dizer, sequer podia julgar, afinal, era filho único. Enquanto isso, percebia Hyeoc encostado num canto da cozinha, de braços cruzados, encarando Mount.

 

— Como foi? — Yeosang questionou.

 

— Ele foi bem. — Mount respondeu, parecendo evitar Kronos ali.

 

— Boa! Bom garotinho! — Sorriu, bagunçando o cabelo de Wooyoung em seguida. Mount apenas revirou os olhos. 

 

— Psiu. — Chamou Mount, encostando do lado de Hyeoc e sussurrando enquanto os outros dois conversavam. — Ele tem potencial, podemos ver o que fazer com ele. — Sussurrou, sem desviar o olhar da direção do Jung. 

 

— Você diz que ele tem potencial e Kronos me disse que ele tá magoado com o pai dele, é uma ótima deixa pra colocar ele de vez entre a gente. — Hyeoc sussurrou, encarando ambos. — Odeio quando você tem razão, mas esse garoto realmente pode ser nossa mina de ouro..

Notes:

meus leitores tão comendo bem hoje atualizamos duas fics yesss

daqui pra frente a fic fica boa /j

de qualquer forma, como vocês tão? espero que todos bem! ansiosos pro cb? eu to, quero ver o que a KiosQue preparou pra gente, se bem que eu confio no hongjoong então só vai ter banger

off: espero q a gente volte pro mundo Z o mundo A é uma merda

ENFIM! vou me ficando por aqui, obrigado pelo apoio, vcs são demais <3 pfv se cuidem se hidratem comam comidinhas gostosas se aqueçam se tiver frio e tomem mais água se tiver calor beijinhos vcs são incriveis <3

- hugo-arthur