Chapter 1: PARTE I:
Chapter Text
“Algum dia alguém vai te quebrar tanto que você se tornará inquebrável.”
- O piadista
Chapter 2: Mortos
Chapter Text
2 de junho de 1967, Alphard Black
Mortos. Sua irmã e seu cunhado estavam mortos e isso deixou Alphard paralisado. Sua irmã… sua irmãzinha mais nova havia morrido e isso acabou com ele por dentro. Sua mente estava um caos.
Ela era sua garotinha. A menininha no qual havia praticamente criado e hoje em dia o desprezava por ser quem é. Que matava Alphard por dentro e o fazia se sentir pequeno e sujo, mesmo assim, Walburga era sua irmãzinha.
Alphard nem sabia como eles haviam morrido. O auror que tinha dado a notícia falou que provavelmente alguém tinha entrado na casa e os atacado. A única forma de saber a verdade era através de seus sobrinhos, mas o Ministério os julgou novos demais para passar por aquilo.
O que levava Alphard ao maior questionamento de todos. O que diabos vai acontecer com Sirius e Regulus? Com quem eles vão ficar? Alphard não tinha respostas para aquilo. Parte dele tinha uma necessidade de saber se seus sobrinhos ficariam bem. Mas outra bem maior só queria afogar a dor de ter perdido uma irmã nas garrafas de bebidas.
E foi o que ele fez. Bebeu até cair, fumou até não ter mais cigarros e acabou adormecendo no chão da sua sala de estar. No dia seguinte acordou graças às bicadas que uma coruja lhe dava em seu ombro. Pegou a carta e viu que a ave só sairia levando algum agrado consigo.
Alphard nem se deu ao trabalho de levantar. Estava cansado e com muita dor de cabeça para tal ato. Ao invés disso, apenas chamou por Ninfs, seu elfo doméstico, e pediu para que ele alimentasse a coruja. E só mais tarde depois de ter tomado um bom café e comido o bolo que Ninfs havia feito, que a carta finalmente foi lida.
Caro Sr.Black,
Primeiramente, gostaria de dizer que sinto muitíssimo por sua perda. Realmente a perda de Orion e Walburga Black foi algo lastimável. Caso queira saber, Abraxas Malfoy acabou acolhendo de bom grado seus sobrinhos para que os demais parentes possam lidar com suas perdas sem o incômodo de cuidar de duas crianças pequenas.
A leitura do testamento irá ocorrer no oitavo dia deste mês às nove em ponto da manhã, sua presença é mais que aguardada no escritório de advocacia dos Lembs. Caso tenha alguma dúvida, saiba que o senhor pode abdicar de qualquer coisa que não queira para si do testamento após a leitura.
Atenciosamente, Eramacius Lembs.
Alphard amassou a carta ao lê-la. Estava chateado com o fato de Sirius e Regulus terem ido para os cuidados da família Malfoy ao invés de alguma família que realmente cuidaria dos meninos, os Weasley ou os Potter com certeza eram opções melhores.
Ele tinha até medo de saber o que teria naquele testamento, com certeza não ganharia nada, não que quisesse ou se importasse com isso. Sua única preocupação era a questão da guarda das crianças. Alphard não sabia muito de como os dois eram criados, pois não os via com tanta frequência. Não fazia ideia de como Walburga e Orion eram pais para os sobrinhos.
Mas gostava de pensar que Sirius e Regulus eram os primeiros Black a terem uma infância boa e alegre. Na sua cabeça, Walburga era o tipo de mãe que falava ‘eu te amo’ com frequência, lia para eles antes de dormir e os deixava correr e brincar pela casa. E Orion sempre os enchia de presentes, abraços e doces.
Alphard gostava de pensar que sua irmã tinha olhado para todo o abuso que sofreu durante a infância e adolescência e pensado “ meus filhos não vão passar pelo mesmo que eu, eles serão amados e bem cuidados”. Gostava da ilusão de que pelo menos sua irmã se tornou melhor que os próprios pais, que tinha quebrado o ciclo de abusado se tornando abusador que rondava sua família há tantas gerações.
O próprio Alphard havia decidido a muito tempo nunca ter filhos para estragar ou machucar. Por esses motivos, sabia que não podia ficar com eles. Não aguentaria viver sabendo que foi sua mãe ou seu pai para uma criança inocente. Quem dirá duas, seus sobrinhos.
Por isso, parte de Alphard torcia para que no testamento não houvesse nada sobre a guarda das crianças. Que Cygnus não as quisesse por já ter três e que os meninos acabassem indo para uma família com bons pais que os amariam. Alphard conhecia pouco os Potter, mas sabia que eles sempre quiseram filhos e só conseguiram um depois de muito custo.
Ou também os Lupin, embora Lyall tenha tido alguns problemas que Alphard não sabia muito sobre, ele e Hope eram pais maravilhosos para o pequeno Remus. Alphard tinha o conhecido e falado com o garoto diversas vezes, embora seja meio tinhoso, era educado e mesmo sendo novo já gostava de ler.
Alphard queria que eles fossem para uma família assim. Boa, amorosa e que não seja quebrada como os Black são. No fundo, ele torcia que a tradição do abuso tivesse sido quebrada em Sirius e Regulus. E que continuasse desse jeito para sempre.
☆
8 de junho, Alphard Black
Alphard não tinha certeza exatamente, mas já fazia meses que não usava um traje formal. Embora tivesse seus próprios negócios e tivesse que se encontrar com outras pessoas às vezes, ele não usava trajes formais.
Na verdade, sempre trabalhava em casa, no seu escritório. As reuniões eram através da lareira, então ele só colocava uma blusa formal e ficava de cueca e descalço. O passar dos anos e crescimento de seus negócios o permitiram fazer isso.
Mas tinha que confessar que no momento não tinha certeza se o estranhamento pelas roupas era a falta de uso ou porque estava prestes a ler o testamento de sua irmã e cunhado. Ainda doía saber que Walburga tinha falecido e ele nem pode se despedir. Os dois mal se falavam nos últimos tempos.
Ao terminar de se arrumar, foi rumo à lareira, usou o pó de flu, para ir até um apartamento seu que era em Londres, onde o escritório ficava. Alphard achou melhor não aparatar, principalmente depois de todo o álcool bebido na noite passada. Foi necessário dois feitiços para parecer decente e sem resquícios de ressaca.
Quando chegou no corredor da sala onde seria lido o testamento, a primeira coisa que Alphard avistou foram dois garotinhos com quase o mesmo tamanho. Cabelos pretos e curtos, como se tivesse sido raspado a menos de um mês. Um deles lia um livro enorme e o outro o abraçava de forma protetora. Eram seus sobrinhos.
Assim que se aproximou, Sirius olhou para ele com aqueles olhos azuis tão claros e brilhantes que pareciam cristais. Regulus apenas olhou de relance e voltou a sua leitura. Alphard se ajoelhou e olhou um pouco para as duas crianças sentadas até finalmente dizer algo.
- Oi.
- Oi... – Sirius diz, com sua voz doce de criança, parecendo meio incerto.
- Sei que nunca fui muito presente, mas espero que se lembrem de mim.
- Você é o tio Alphard. O tio mais rico e alegre e que sempre manda bons presentes no Natal. – Regulus diz, ainda focado em sua leitura.
- Nós lembramos de você tio Alphard.
- Fico grato, principalmente pela descrição que recebo.
Alphard sorri para os dois e Sirius logo retribui o gesto. Regulus demora alguns segundos até finalmente largar o livro e sorrir para o tio. Mas antes que possam falar mais alguma coisa, Abraxas Malfoy aparece em seu campo de visão.
- Alphard, meu caro, como vai?
- Bem, no possível em que pode estar bem em uma situação dessas, e o senhor?
- Maravilhosamente ótimo! Principalmente agora que posso entregar essas crianças de volta para a família. - Abraxas diz, parecendo arrependido do dia em que aceitou ficar com Sirius e Regulus.
- Já que está tão feliz com isso, pode ir embora se quiser e eu fico com os dois até a leitura. Imagino que nessa hora a secretaria dos Lembs vá cuidar dos dois.
- Ah não! Tenho tido algumas conversas com Cygnus ultimamente e por isso decidi ficar até o fim fazendo companhia para toda a família.
- Maravilha. – Responde tentando não demonstrar o quanto detestou tudo aquilo. Alphard nunca gostou muito de Abraxas.
Não demorou muito até Cygnus e Druella chegarem, junto de Narcissa o que deixou Alphard curioso, a sobrinha era nova demais para participar de uma leitura de testamento.
- Olá irmão. – Cygnus o cumprimentou.
- Olá, pequena Cissa, vejo que decidiu acompanhar seus pais, como está a minha bela sobrinha? – Alphard diz sorrindo logo arrancando uma feição alegre de Narcissa.
- Estou bem, tio Alphard. – Responde Narcissa sorrindo educadamente como sempre. – Vim para ficar com Sirius e Regulus durante a leitura.
- Trouxe uma criança de 10 anos para cuidar de duas outras crianças? – Questionou olhando para Cygnus.
- Ah, por favor Alphard! – Cygnus o olha com tédio. Nos últimos tempos os dois estavam se distanciando cada vez mais. – Ela vai ficar com eles e com o marido de nossa prima, ele não se importa em perder a leitura e cuidar de três crianças.
A prima deles era Lucretia, irmã de Orion, e Ignatius Prewett era seu marido que ficaria com as crianças. Além deles, Arcturus e Melania, avôs paternos de Sirius e Regulus, Pollux e Irma, seus pais e Cassiopeia, Dórea e Charlus, seus tios, viriam para a leitura.
Assim que todos chegaram, as crianças junto de Ignatius foram para uma sala onde ficariam durante toda a leitura. Alphard e os outros foram acompanhados pela até o escritório onde dois advogados da família e um duende do banco Gringotes os esperavam. Alphard sentou ao lado de seu irmão e de seu tio Charlus. E logo todos se acomodaram em algum assento.
- Bom dia senhoras e senhores. - Um dos advogados fala com um sorriso no rosto, ninguém sorri de volta. - Antes de começarmos a leitura, algum de vocês aceita uma água? Ou um café?
Ninguém responde nada, apenas se sentam nas cadeiras espalhadas pelo local. Alphard sempre achou rude a forma como os Black tratavam as outras pessoas como se fossem seres insignificantes. Ele nunca fazia isso, bom, exceto quando estava junto a eles. Alphard já era a ovelha negra, sempre recebendo olhares e comentários, por isso, não tinha menor vontade de fazer algo que só aumentaria a opinião deles sobre o próprio. Conforme você se torna adulto, percebe que às vezes é melhor ficar quieto e evitar estresse, e depois beber uma quantidade absurda de álcool e reclamar da família para completos estranhos.
Veja bem, os Black não são amorosos, não gostam de continuar sendo capacho dos pais ou tios depois de adultos e definitivamente não são uma família unida que demonstra se importar com os outros membros. Sempre tem alguém brigando um com o outro ou se importando apenas consigo mesmo. Mas isso não significa que estivessem levando aquela situação de um jeito apenas democrático.
É óbvio que a maioria ali se importa com o dinheiro. Druella era uma que apenas via isso e esquecia das perdas tidas. Mas Arcturus e Melania tinham perdido o filho, Lucretia, o irmão mais novo. Cassiopeia, Dórea e Charlus a sobrinha e Alphard e Cygnus nunca mais veriam a irmã mais nova. Pollux e Irmã, embora péssimos pais, perderam a única filha deles.
Todos estavam de luto à sua maneira. E todos iriam discutir, xingar e ameaçar uns aos outros. Era assim que a família agia. E mesmo odiando a forma horrível como foi criado, a falta de afeto que teve dos parentes e a forma como teve que ver seus irmãos se tornarem como seus tios e pais. Alphard não conseguia deixar de amar pelo menos um pouco cada um deles.
Não importa o quão ruim seus pais, irmãos, tios, primos ou avós sejam. Uma parte sua, mesmo que pequena, sempre irá amá-los e se importar com eles. Essa era a parte que impedia Alphard de escapar e gritar para o mundo tudo o que estava entalado dentro dele. Ele odiava essa parte de si.
- Vamos ler o testamento que tal? – O outro advogado sugere.
- Tanto Walburga como Orion escreveram testamentos próprios. – O advogado começou a falar chamando a atenção de todos enquanto apontava para os dois documentos em cima da mesa. – Os senhores têm alguma preferência de por qual devemos começar a ler?
Alphard nunca admitiria isso a alguém. Mas não fazia ideia de qual era o nome desses homens. O que piorava a situação era que os conhecia desde criança pois eles sempre iam à sua casa para reuniões com seu pai. Mas imaginava que um deles fosse Eramacius Lembs, o homem que havia mandado a carta comunicando da leitura do testamento.
- Leia a do meu filho primeiro. – Arcturus exigiu.
Ninguém o contestou então logo um dos advogados tinha um papel em mãos e começou a lê-lo.
- “Quando me encontrar com a morte quero que a chave do meu cofre particular vá para minha irmã mais velha, e a chave do meu cofre com minha esposa deve ser entregue aos meus filhos para dividir da forma que bem entenderem. Caso ainda sejam de menor ela deve ficar guardada até a maioridade de ambos. Todos os livros do meu escritório vão para meu mais novo, Regulus.
Meu jogo de xadrez bruxo, minha varinha e toda a porcelana do meu casamento irão para os meus filhos. Meus cachimbos iram para meu cunhado que sei que fará bom uso, Alphard Black. E para meu outro cunhado, Cygnus Black, lhe dou todo e qualquer contrato de negócios que estava trabalhando antes de minha morte.
O resto de minhas coisas dou permissão a minha irmã caso minha esposa não esteja mais entre nós, para fazer o que bem entender.”
Surto total é o que aconteceu com Arcturus e Melania que foram tirados do testamento. Alphard não está surpreso. Os dois passaram anos usando imperius em Orion, esperar que recebessem algo com sua morte era estupidez.
Alphard se impressiona ao perceber a enorme quantidade de objetos das trevas presente no testamento. Magia das trevas, diferente da comum, não sai do nada, a não que queira se tornar uma carcaça feia. Se não, é necessário utilizar objetos já impregnados com ela para que assim tire a magia de algum lugar. E acontece que Orion, assim como Alphard, era um entusiasta desse tipo de objeto.
Objetos no cofre particular no Gringotes e a do cofre com Walburga, vários livros do escritório, peças do xadrez, esse provavelmente só Alphard sabia já que ele que havia encontrado e dado as peças a Orion como presente de casamento. A porcelana também tinha alguns objetos encantados com a magia das Trevas.
Levou quase vinte minutos até Arcturius parar de reclamar sobre não ter ganhado nada e desistir de exigir a chave do cofre que Lucretia tinha ganhado. Melania ainda chorava tentando convencer a filha. Aquilo era ridículo levando em conta que o casal assim como todos os Black tinham muito dinheiro e a chave de Orion não faria falta alguma a eles.
- Podemos ler o de Walburga ou mais alguém quer contestar algo no testamento? – Um dos advogados perguntou.
- O que vai acontecer com a guarda de Sirius e Regulus? – Charlus perguntou.
- Caso no testamento de Walburga não tenha nada dizendo sobre a guarda, vai automaticamente para o parente mais próximo. No caso, os tios. – Responde direcionando seu olhar para Alphard, Cygnus e Lucretia.
E Alphard não gostou nem um pouco de como Lucretia e Druella pareciam interessadas naquilo. Era óbvio que elas queriam pôr a mão nos últimos herdeiros homens da família.
- Então leia logo o testamento! – Druella ordenou.
O advogado escondeu bem o desgosto, então Alphard decidiu jogar sujo para saber o que ele realmente havia achado daquilo.
Mulherzinha irritante que se acha superior só por causa de um sobrenome, vá para o raio que parta Druella Black antes Rosier. Cara de fuinha! Foi necessário usar todas as suas forças para não rir dos pensamentos daquele pobre homem.
- “Ao morrer, quero que minha chave de meu cofre particular no Gringotes assim como a minha chave e de meu marido do nosso cofre particular vá para meus dois filhos. Dou a Regulus e Sirius a permissão de pegar quantos livros quiserem na biblioteca do Grimmauld e qualquer outro objeto meu ou de meu marido que algum deles quiserem. Qualquer um daquela casa sem exceção!
Caso eles não queiram, meu irmão Cygnus ou meu irmão Alphard podem pegar o que quiserem. Principalmente as coisas que antes eram de nossos pais.
Qualquer outra posse minha vai para meus irmãos decidirem da forma que quiserem o que cada coisa vá para cada um. Caso eles não estejam mais em vida, isso será passado para minhas três sobrinhas. NENHUMA DE MINHAS COISAS PODEM IR PARA DRUELLA!
E por fim. Caso Regulus e Sirius ainda sejam de menor. A guarda deles deve ser entregue a um dos meus irmãos. E definitivamente, não pode ir de forma alguma a minha cunhada, Lucretia, nem meus sogros e tios.”
Lucretia quase pulou em cima do advogado que lia o testamento. Druella parecia incrédula ao saber que Walburga não queria que nada fosse para ela. E dessa vez, Alphard não se segurou, riu tanto que quase caiu da cadeira.
Tinha que admitir que ainda estava um pouco incrédulo por estar no testamento tanto de sua irmã quanto de Orion. Afinal, já fazia uns bons anos que não era mais tão próximo de nenhum parente.
A única explicação era aquele testamento ter sido feito anos atrás, o que fazia total sentido levando em conta a crença estúpida que os dois tinham de que viveriam décadas e décadas. Já Alphard, toda vez que tinha posse de algo novo atualizava o testamento, não sabia quando a morte o visitaria e não queria seus parentes mexendo no que não devia.
A briga dessa vez estava maior a ponto de tirar Alphard totalmente de seus devaneios. Walburga tinha sido vaga e específica ao mesmo tempo. Ela não pareceu ligar para o que iria para cada um quando escreveu aquilo, apenas se importou em deixar claro quem poderia ganhar ou não.
Todos se mostraram surpresos e descontentes ao saber que Alphard ganhava alguma coisa mesmo não sendo mais tão próximo da família como os outros ou como antes. Na verdade, tudo naqueles testamentos era surpreendente. Tirando o fato que Regulus e Sirius ganharam a maioria das coisas o que é normal já que eles são os herdeiros de Walburga e Orion.
O que levava Alphard ao surto que estava controlando para não ter. Walburga tinha dito claramente que a guarda era dele ou de Cygnus. E surpreendentemente, parte dele queria aquilo mas uma parte maior tinha medo de que poderia acontecer se caso se tornasse responsável por aquelas crianças.
As brigas duram o resto da manhã e parte da tarde. Imaginava se seus sobrinhos que estavam com Ignatius tinham almoçado ou não. Ele esperava genuinamente que a resposta fosse sim.
As contestações e reclamações sobre ambos os testamentos só pararam quando o duende do Gringotes revelou que exceto a chave que iria para Lucretia e as coisas de Orion e Walburga deixaram para Alphard e Cygnus, as demais já estava muito bem guardadas esperando a maioridade de Sirius e Regulus. Embora o que tinha dentro da casa já pudesse ser retirado no momento em que os meninos tivessem um guardião definido e assim quisessem.
Também foi necessário que os advogados dissessem mais de uma vez que era impossível contestar os testamentos pois eles foram escritos por Walburga e Orion juntos a eles, a alguns anos e aquilo tinha sido decidido e era uma definitivo. Ninguém poderia mudar o que estava escrito.
- Podemos ir embora? – Arcturus indaga parecendo furioso com tudo aquilo.
- Sim, todos podem ir, exceto os senhores Alphard e Cygnus Black.
Todos foram embora, e Alphard já imaginava do que se tratava. A guarda de seus sobrinhos. Druella também resolveu ficar embora um dos advogados tenha deixado claro que não era necessário. O mesmo que tinha a chamado de “cara de fuinha” por pensamento. Alphard passou a gostar dele naquele dia.
- Ainda tem uma coisa que não foi discutida senhores. Qual de vocês irá ficar com os filhos de sua irmã?
- Eu vou!
Alphard afirma rapidamente que é preciso conter o choque que tem ao dizer aquelas palavras. O plano não era sair daquela sala com a guarda de duas crianças, realmente e genuinamente não era.
- Bom, se meu irmão quer a guarda, eu realmente não vou lutar por ela. Já tenho três filhas, não preciso de mais crianças na minha casa.
- Como é que é? – Druella o questiona com fogo nos olhos.
Mas antes que ela diga mais alguma coisa Cygnus e tira de lá após dar um curto tchau ao irmão. Alphard ainda está processando o fato de que agora é o tutor legal dos sobrinhos quando os advogados começam a lhe dar toda a papelada.
Ainda está meio incerto com o que fez quando saí da sala. Como ele vai cuidar daqueles dois é algo que ainda não descobriu. O medo de estragar tudo é ferrar seus sobrinhos é tão grande que Alphard chega a cogitar mudar de ideia.
Mas não o faz, e nem fará. Porque ele não vai deixar Sirius e Regulus na mão de Druella, muito menos arriscar que Lucretia tente burlar o testamento para que consiga a guarda. Alphard está decidido a ser o melhor tutor/tio que pode ser quando vai em direção a sala onde os sobrinhos estão.
Chapter 3: Heranças
Chapter Text
8 de junho, Alphard Black
Alphard chega a perder um pouco de fôlego duas vezes a caminho da sala para buscar os sobrinhos. Não sabe dizer se é o nervosismo ou o excesso de cigarros que causam a falta de ar.
Assim que chega demora alguns minutos até abrir a porta. Narcissa não está mais lá. O que não surpreende Alphard já que provavelmente só vieram por causa de Cygnus e Abraxas. Não é segredo algum que os dois estão fazendo negócios e é provável que aconteça algum casamento entre as famílias.
O que surpreende Alphard é a presença de Lucretia. E ela não parece muito feliz. Por sorte, não é necessário dizer nada pois ela e seu marido passam pela porta assim que ele entra no cômodo.
Alphard se aproxima de Sirius e Regulus que estão sentados em um sofá com um livro no colo de Regulus e Sirius segura um gole de quadribol. Ambos parecem nervosos quando Alphard se aproxima.
- Oi.
Nenhum deles responde.
- Aconteceu alguma coisa? Estão chateados comigo?
Sem resposta novamente.
- Lucretia disse algo não foi? – Alphard questiona e percebe ter acertado pelo jeito que Sirius o olha. – O que ela disse?
- É verdade que a tia Lucretia queria ficar com a gente, mas você impediu e disse que vai nos trancar em uma masmorra e nunca mais vamos comer em um prato apenas no chão? – Regulus fala rapidamente a ponto de assustar Alphard não só pelo conteúdo que falou mais pela dicção. Ele tem apenas 5 anos.
- Nossa, ah... primeiro de tudo a guarda de vocês foi dada para mim e meu irmão desde o início. E eu aceitei ficar com ela, segundo, nunca vou trancar vocês em lugar algum e tirar seus direitos a pratos.
Os dois garotos se olharam por um tempo até que voltam sem olhar para Alphard e concordam com a cabeça.
- O que é guarda? – Regulus questiona inocentemente.
- Eu tenho a guarda de vocês, isso significa que sou o responsável por cuidar dos dois a partir de agora.
- Vai... cuidar da gente? – Sirius o olha confuso.
- Sim…
- Porque?
- Ahm... bom eu…
- Tio Alphard?
- Sim, Sirius?
- Cadê a mãe e o pai? Ninguém fala deles…
Alphard sente seu coração cair ao ouvir aquilo. Como ninguém havia explicado para aquelas duas crianças que seus pais estavam mortos? Isso era o básico a se fazer com eles estando ou não na casa quando tudo aconteceu.
- Sirius... Regulus... seus pais, eles... não estão mais entre nós.
- Foram embora? – Regulus questiona.
- De certa forma sim, eles foram embora desse mundo, sabe? Agora além de nomes de estrelas eles são uma também. – Alphard os explica com lágrimas nos olhos.
Regulus arregala os olhos quando entende e Sirius pula em cima dele o mandando ficar quieto quando tenta dizer algo a Alphard. Aquilo o assustou um pouco e o deixou curioso. Mas não tenta descobrir, eles são só crianças pequenas que acabaram de perder os pais, ter uma reação dessa deve ser normal.
- Estão com fome? Vamos comer alguma coisa que tal?
Os dois parecem concordar então Alphard os leva para sua casa. Já faz uns bons anos que ele tem morado em uma espécie de castelo na Escócia. É muito comum que passe algum tempo em casas e apartamentos que tem em outros lugares pelo mundo, mas é lá que está o seu lar de verdade. E para o azar de Lucretia, não tem nenhuma masmorra.
Alphard não sabe o que fazer, dizer ou sentir em relação a tudo aquilo. E sinceramente o medo de estragar tudo era gritante. Aqueles dois garotos tinham acabado de perder os pais e precisavam de um bom lar. Alphard tinha receio de não conseguir lhes dar o que mereciam.
- O que querem comer? – Alphard pergunta assim que passam pela porta de casa.
- Já passou o almoço e ainda não é hora do jantar. Não podemos comer. – Sirius respondeu distraidamente enquanto observava tudo junto de Regulus.
Alphard os olha confuso.
- Não tem problema vamos comer mesmo assim, o que querem?
- Podemos mesmo escolher?
- Sim Sirius, podem.
- Mas a mãe não deixava a gente escolher.
- Eu deixo. – Respondeu em um sopro de voz.
Ouvir que Walburga não os deixava comer o que escolhessem ou fora do horário o alarmou. O pensamento de que ela era uma boa mãe era apenas isso, um pensamento. Alphard tinha medo de descobrir que estava errado. Mesmo assim, se recusava a acreditar que sua irmã poderia ter se tornado uma versão de seus pais quando ainda viva.
- Já decidiram o que querem?
- Bolo? – Perguntou Sirius incerto, quase tremendo com o que poderia lhe ocorrer.
- Claro! Eu amo bolo, querem de quê?
- Do que você quer Reggie? – Sirius olhou para Regulus que apenas retribuiu o olhar. Então o sobrinho mais velho voltou a atenção para Alphard. – Ele quer bolo de cenoura.
- Nossa, vocês tem uma conexão entre irmãos impressionante.
As duas crianças se olham, mas não falam nada.
Enquanto Ninfs fazia o bolo, Alphard apresentou a Sirius e Regulus o novo lar deles. Os levou até o quarto de cada um e deixou suas coisas neles. Quando o bolo ficou pronto todos foram em direção a sala de jantar.
Ninfs conhecia bem Alphard e seus gostos, por isso na mesa também tinha a opção de chá, café e suco de abóbora que eram as três únicas bebidas não alcoólicas que tomava.
Sirius ajudou Regulus a se sentar na mesa e os dois esperaram até Alphard se sentar para começar a comer. E Alphard se surpreendeu ao ver as duas crianças agindo como perfeitos lordes. Eles usavam os modos na mesa de forma que nem Alphard que já era um homem adulto conseguia replicar. Já que havia deixado esses costumes tempos atrás quando saiu de casa.
Por pouco não perguntou se eles realmente tinham sete e cinco anos. Assim que os dois terminaram de comer continuaram na mesa e Alphard notou como ainda olhavam para o bolo.
- Querem mais um pouco?
- Não podemos repetir, tio Alphard.
- Por que não Sirius?
- Mamãe não deixa, é comida demais.
Alphard tem que se segurar para não xingar a irmã falecida. Na sua cabeça o desafio de cuidar dos dois garotos seria por não saber o que fazer e ter medo de machucá-los, não por estar descobrindo que Walburga não era a mãe que ele pensava ser.
- Sirius, Regulus... a mãe de vocês não está mais aqui, e infelizmente ela não vai voltar. Não precisam mais seguir as ordens dela, okay?
Os dois concordaram com a cabeça e Sirius pegou mais bolo para ele e o irmão.
Assim que todos já estavam satisfeitos, Alphard os levou até um dos jardins para mostrar um balanço de pneu trouxa. Ele veio com o castelo e nunca foi tirado apenas reforçado com um feitiço.
- O que é isso? – Sirius olha curioso para o balanço.
- É um balanço de pneu, é trouxa.
- O que é um balanço? – Sirius agora olhava totalmente para Alphard que também tinha entrado de vez na conversa.
- É tipo um brinquedo. Você sobe nele e balança de um lado para o outro, sente o vento no rosto, dá uma leve sensação de liberdade. Eu adoro ele.
- Mas é um brinquedo. Você é adulto.
- Adultos podem brincar também Sirius, só não fazem porque a maioria deles são chatos.
Sirius ri com a fala de Alphard.
- Podemos mesmo brincar nele?
Antes de responder qualquer coisa, os dois ouvem um barulho. Aparentemente Regulus tinha decidido subir no balanço e pouco tempo depois caiu dele. Sirius correu até o irmão e Alphard se desesperou com medo do mais novo estar machucado.
- Está tudo bem Reggie! Estou aqui agora, meu irmão está aqui.
Antes que Alphard consiga se abaixar para cuidar de Regulus, Sirius se coloca na frente dele.
- NÃO TOCA NELE! NÃO TOCA NELE!
- Sirius, eu só tenho que ver se ele se machucou.
- NÃO! Você vai machucá-lo! Não machuca ele, a culpa é minha! É minha!
Alphard engole em seco sem saber o que fazer. Então... então era isso… Walburga realmente machucava os filhos e Sirius fazia de tudo para proteger o irmão mais novo. Assim como Alphard fez por ela e seu irmão a muito tempo atrás.
- Regulus, está machucado? – Alphard questiona olhando diretamente para o sobrinho mais novo.
- Não! Ele não está, apenas caiu, nada demais. – Sirius respondeu no lugar do irmão, ainda na sua frente de forma protetora.
- Escutem só os dois, eu nunca, de forma alguma, vou machucar qualquer um dos dois, entenderam?
Sirius concordou com a cabeça mas Regulus apenas olhou para baixo.
- Ótimo! Olha, está ficando escuro então vamos entrar, tomar um banho quente e deixar a aventura no balanço para outro dia.
Alphard os guiou para dentro e mandou Ninfs ajudá-los no banho e que os ajudasse sempre que precisassem ou pedissem. E então ele foi em direção ao próprio quarto lançado um feitiço silenciador no cômodo e se permitindo surtar finalmente.
Dizer que chorou seria minimizar o surto que teve. Alphard em um curto período de tempo berrou, chorou, xingou, chutou e esperneou. Nunca tinha feito aquilo na vida e naquele momento sentiu que ainda faria muito aquilo agora que era responsável por Sirius e Regulus.
Era como se toda a dor de sua infância estivesse o revisitando ao ver que tudo que havia idealizado sobre os sobrinhos era mentira. Aquelas duas crianças não estavam crescendo em um lar feliz e amoroso e isso quebrava Alphard pedacinho por pedacinho.
Naquela noite Ninfs foi encarregado de terminar de cuidar dos garotos por que Alphard não estava mais em condições para isso. Ele dormiu mal, cheio de álcool em seu organismo e lágrimas em seus olhos. Parecia que o peso do mundo estava caindo sobre suas costas pouco a pouco.
☆
25 de junho, Alphard Black
Alphard estava destruído. Qualquer amor que tinha por sua irmã morreu assim como o respeito que tinha por seu cunhado. A cada dia que passava ele descobria um novo tipo de abuso ou violência que Sirius e Regulus passavam dentro de casa. Ele até tinha feito uma lista mental de cada uma para destruí-las uma a uma.
1: Eles não podiam escolher o que comer
2: Era proibido repetir a comida não importa o quão faminto está
3: Se desobedecer apanha
4: Caso se machuque apanha
5: Se for visto brincando apanha
6: Se falar sem ter permissão não janta
7: Não pode chorar se não fica preso dentro de um armário por horas
8:Tem que ser perfeito nas aulas particulares ou apanha
9: A roupa tem que estar sempre impecável, se não fica pelado o resto do dia
10: Se falar de boca cheia não fala mais durante um mês
11: Se ficar doente, quando melhorar apanha
12: Se atrapalhar Walburga ou Orion enquanto falam, ficam amarrados por cordas pinicantes a madrugada inteira.
Essas eram apenas as que descobriu durante os 17 dias que seus sobrinhos estavam com ele. E durante todo esse tempo Alphard os lembrava constantemente que nenhuma dessas regras valiam e que os dois podiam brincar, correr, gritar e comer o quanto quiserem. Mas até agora eles não tinham feito nada disso.
Passavam seus dias quietos no quarto de Sirius ou na biblioteca. Regulus era extremamente tímido e quieto a maior parte do tempo e Sirius se recusava a sair de perto do irmão. Alphard não sabia o que fazer, estava totalmente perdido.
E agora, já havia passado tempo demais e eles teriam que voltar para o Largo Grimmauld para pegar as heranças na casa, além do resto de suas coisas. Alphard tinha medo das reações dos dois ao voltarem lá.
- Sirius? Regulus? Estão prontos?
- Porque temos que ir? - Sirius questiona enquanto Regulus se agarra cada vez mais forte no irmão.
- Meninos, quando seus pais morreram, eles deixaram suas posses para alguns familiares, inclusive vocês. Por isso iremos lá e vocês escolheram se querem ou não o que herdaram e também para pegar o resto de suas coisas.
- Então, podemos escolher não ficar com as coisas?
- Claro!
- Eu não quero nada, muito menos ir para lá.
- Mas eu quero. - Regulus murmura e Sirius parece rapidamente mudar de ideia.
Eles aparatam para a antiga casa. Alphard tem péssimas lembranças daquele lugar, assim como seus sobrinhos. Além deles, Cygnus e aqueles dois advogados do testamento estão no local. Seu irmão os comprimenta rapidamente e entrega a Alphard os cachimbos que seu cunhado havia lhe dado.
Alphard deixa os meninos caminharem pela casa escolhendo o que querem ou não levar consigo. Enquanto isso, ele finge escutar tudo o que os advogados e seu irmão falam.
- Você entendeu.
- Claro! - Mente na cara dura sem nenhum remorso, a conversa estava muito entediante.
- Alphard isso é sério, precisamos decidir o que vai acontecer com os cofres e o resto das coisas dessa casa.
- Cygnus, os cofres vão ficar com as chaves guardadas até os meninos completarem a maioridade e as coisas dessa casa, os que eles e nós não quisermos deixamos aqui e pronto.
Cygnus concorda relutantemente, como se quisesse algo a mais, porém não diz nada. Eles passam um bom tempo vagando por aí em busca de algo que os agrade. Alphard decide pegar de volta todos os objetos de Artes das Trevas que havia dado a Walburga e Orion. Ele também pega diversas fotos e álbuns que haviam encontrado para o caso de Regulus ou Sirius um dia quisessem e não terem que voltar até o Grimmauld para pegá-los.
Leva quase uma hora até achar todas as fotos e objetos que queria. Então, ele vai em busca de seus sobrinhos e os acha facilmente dentro da biblioteca junto de Monstro. Sirius está sentado na poltrona enquanto assiste Regulus apontar para os livros e Monstro os pegando com magia.
- Já pegaram tudo o que queriam?
- Reg ainda está escolhendo os livros.
- E você? Escolheu algo?
- Talvez eu pegue a vitrola, mas ela não tem nenhum disco legal.
- Eu tenho uma vitrola em casa e diversos tipos de discos com músicas de todos os gêneros.
Sirius se vira em sua direção com seus olhos brilhando e Alphard se sente vitorioso nesse momento por ter conseguido a atenção do sobrinho.
- Que tal assim, você me ajuda a pegar as roupas e pertences suas e de seu irmão enquanto ele termina de escolher os livros, e quando chegarmos em casa eu coloco a vitrola em seu quarto e deixo escolher quantos discos quiser.
- Sério? - Sirius olha maravilhado mas Alphard que se sente nas nuvens ao finalmente estar conseguindo tirar sorrisos de seu sobrinho.
- Claro! E semana que vem podemos sair e comprar mais discos se quiser.
Sirius pula em sua direção e o abraça. Os dois sobem para o segundo andar onde estão os quartos para pegar as coisas dos meninos. Alphard fica espantado ao descobrir que nenhum dos dois tem brinquedos e decide que vai enchê-lo deles quando voltarem para casa.
Rapidamente as malas são feitas. Ele decide só levar os pijamas, cuecas e meias, pois as roupas normais eram muito formais para duas crianças ao seu ver. Alphard também chega a achar engraçado o fato de que o quarto de Regulus era cheio de livros e descobre por Sirius que o menor vivia os pegando da biblioteca da casa e os levando consigo.
- Seu irmão vai querer esses livros?
- Acho que ele só não leva a biblioteca toda daqui porque ainda tem alguns livros que são muito difíceis de entender.
- Aposto que até ano que vem ele estará lendo sobre Aritmancia ou Arte das Trevas. - Bufou irritado, não gostava da ideia de seu sobrinho tão novo lendo assuntos tão maduros.
- Arte das Trevas é a que corrói a alma se for burro e não souber usar?
- Quem te disse isso?
- Mamãe.
Alphard sente sua bile na garganta e tem vontade de vomitar. Sua irmã com certeza ensinaria sobre Artes das Trevas da pior forma possível. Sem se importar com isso.
- Sirius, ignore tudo o que sua mãe já ensinou. E, se um dia se interessar por Artes das Trevas eu o ensinarei do jeito certo, sem corroer a alma nem nada do tipo.
- E se eu não quiser aprender? Muito menos seguir com os planos de herdeiro perfeito que mamãe e papai criaram?
- Meu sobrinho, eu só quero que você seja feliz e viva sua vida da forma que desejar.
- Obrigado tio Alphard.
Ele sorri para o sobrinho, mas seu coração dói ao ver como ele se parece consigo quando criança. Um menininho desesperado para ter o amor da mamãe . A diferença é que Alphard fará com que ele e o irmão cresçam felizes sem o peso de anos de história e pressão em seus ombros.
Chapter 4: Infância
Chapter Text
1 de julho, Alphard Black
- O que é ‘Os Beatles’? - Sirius o questiona segurando um dos discos da banda.
Alphard havia trazido Regulus e Sirius para uma tarde de compras na Londres trouxa. Embora estranhassem bastante tudo ao seu redor, eles finalmente estavam começando a gostar. Tinham comprado algumas roupas e sapatos e agora estavam em uma loja de discos para Sirius escolher alguns para a vitrola que havia ganhado. Seu plano era depois levá-los para uma livraria e por fim a uma loja de brinquedos.
Ele queria que os dois fossem crianças, que brincassem e se divertissem sem a sombra que pairava sobre os dois, Orion e Walburga.
- Os Beatles são simplesmente maravilhosos, vai adorá-los quando ouvir.
- Posso levar então?
- Claro, escolha quantos quiser enquanto isso vou ver se Regulus achou algo interessante.
Seu sobrinho mais novo estava alguns metros atrás dele. Regulus escolhia um disco e lia cada palavra que havia na capa e contracapa. Alphard achava isso interessante, até mesmo um pouco fofo. Um menino de 5 anos segurando um disco que nele ficava enorme.
- Quer levar esse?
- Não, obrigado.
- Podemos ir em uma livraria depois, vai poder levar quantos livros quiser.
- Sério? Os livros trouxa são diferentes dos bruxos?
- Bom, eles são sim, mas isso não significa algo ruim. Eu deixo você escolher quantos quiser mais com uma condição.
- Qual? - Regulus o olha com desconfiança, quase que com medo no olhar. Alphard se sente incomodado com isso, porém, decide ignorar pelo menos por enquanto.
- Quero que escolha alguns livros infantis também. Uma criança precisa ler livros de criança.
- Certo, podemos ir agora?
Alphard ri da sua pressa por ter novos livros. Os que haviam pegado no Grimmauld estavam empilhados por todo o chão do quarto de Regulus. Por isso pensava em ceder um dos diversos cômodos vazios para Regulus ter sua biblioteca particular, pois a biblioteca de Alphard não era muito própria para uma criança. Só precisava pensar no que daria a Sirius, não queria fazer distinção entre os irmãos.
- Vou ver se seu irmão já pegou tudo o que queria.
Ao se aproximar de Sirius percebe que o sobrinho havia feito uma pilha ao seu lado e olhava mais discos.
- Já escolheu tudo?
- Ainda não olhei todos os da loja, tio.
- Sirius, que tal fazermos assim, levamos esses que já escolheu e amanhã a gente volta para que você termine de olhar todos.
- Promete?
- Claro, não tem problemas passar a tarde escolhendo discos, mas hoje ainda temos outros planos, então é melhor deixar o resto da loja para amanhã.
Sirius aceita de bom grado e vai atrás do irmão, enquanto isso, Alphard pega toda a pilha e vai em direção ao caixa para pagar. E é lá que descobre que o sobrinho havia escolhido mais de vinte discos e não havia terminado de escolher. Não queria nem saber quantos seriam no dia seguinte, mas o sobrinho estava feliz e era isso que importava.
Nesse momento Alphard teve uma ideia, e se dê-se para seu sobrinho mais velho uma sala de música? Talvez ele não gostasse só de ouvir mas tocar também.
- Vamos para a livraria, meninos?
- Cadê meus discos?
- Já estão na bolsa expansiva.
Os três vão até uma livraria onde conseguem passar mais tempo do que na loja de discos. Regulus apenas passava calmamente entre as estantes e ia apontando para os livros que queria que Alphard pegasse. Depois de um tempo, passou a ter a teoria que o menino escolhia apenas pela capa pois não era possível um toquinho de 5 anos ler tão rápido.
- Regulus, já foram uns 30 livros.
- Não posso pegar mais nenhum? - Regulus olha para ele com uma cara triste e olhos brilhando ainda mais. Tinha que admitir, o garoto sabia jogar.
- Vamos pegar alguns infantis agora, que tal?
Eles vão em direção a área infantil e Alphard pede a um dos funcionários para ir levando os livros para o caixa, chega a ser engraçado o susto do pobre coitado.
- Tio Alphard, posso levar esse sobre música?
- Claro que pode, Sirius.
Leva mais de meia hora até saírem de lá. Regulus fica relutantemente no início mas logo acaba se apaixonando pelos livros infantis. No fim, acaba sendo um desafio colocar todos os livros na bolsa que expande mas por sorte eles conseguem.
- Vamos para a casa agora, tio? - Sirius o questiona enquanto junto de Regulus lhe dão a mão para atravessar a rua.
- Na verdade, tem mais um lugar que gostaria de levá-los.
Assim que chegam em uma grande loja de brinquedos a reação das duas crianças é de completo choque. Alphard antes achava que eles nunca estiveram perto de tantos brinquedos. Agora sua dúvida era se eles já tinham visto ou sabiam o que era brinquedos.
- O que é isso? - Regulus o olha com curiosidade no olhar e uma expressão feliz no rosto.
- São brinquedos, para vocês brincarem. Escolham o que quiserem e quanto quiserem.
Os meninos caminham juntos lado a lado pela loja enquanto Alphard os segue. Ele quase se assusta quando Regulus simplesmente estaca no chão olhando maravilhado para uma prateleira cheia de ursos de pelúcia.
- Gostou dele?
- Sim.
- E você, Sirius?
- Não quero esses animais de mentira. - Fez uma careta.
- Então, que tal assim, você vai olhando o resto da loja enquanto ajudo seu irmão a escolher os que quer e depois nós te achamos.
Sirius concorda e rapidamente começa a olhar o resto da loja. Enquanto isso, Alphard começa a pegar cada ursinho que Regulus aponta. Depois do décimo terceiro ele para de contar e decide só aceitar a nova obsessão do sobrinho, pelo menos era por uma coisa saudável.
Quando Regulus finalmente escolhe todos os que queria, eles começam a procurar por Sirius. Alphard se sente confuso e até meio desconfortável quando acha o sobrinho. Sirius estava em um corredor só de bonecas e brinquedos femininos.
Nessa hora, se lembrou de quando era criança uma vez e tentou passar o batom da mãe, era uma brincadeira, curiosidade de criança. Que resultou em uma surra de crusius que o deixou de cama por mais de uma semana . Ele não iria ser assim com Sirius, não iria nem mesmo demonstrar que achava isso estranho. Afinal, aquilo era um problema dele, e não da criança de 7 anos.
- Gostou delas?
Sirius fica em completo silêncio com uma expressão de apavorado no rosto.
- Tudo bem se gostou, escolhe qual você quer e podemos levar.
- Não está bravo?
- Eu quero que você seja feliz, Sirius. Escolha quantas bonecas quiser.
No fim, ele pega meia dúzia de bonecas e um kit de fazer pulseiras com miçangas que gritava coisa de trouxa ao seu ver. E novamente se torna um desafio colocar tudo na bolsa sem ninguém ver. Mas a felicidade no rosto dos sobrinhos definitivamente fez valer todo o esforço e dinheiro gasto aos olhos de Alphard.
☆
Quando chegam em casa, vão direto para a cozinha. Ninfs termina de servir a mesa do jantar junto de Monstro. No dia em que foram ao Grimmauld, quando Alphard e Sirius foram atrás de Regulus para irem embora, o mais novo disse que queria levar Monstro. E Alphard não querendo dizer não ao sobrinho apenas concordou. Por isso, agora tinham dois elfos domésticos.
Com o passar dos dias os meninos começaram a entender cada vez mais que não estavam mais no Grimmauld e que aqui podiam comer e correr o quanto quisessem. Alphard se sentia um pouco mais alegre toda a vez que os via repetindo um prato ou ouvia os passos dos dois correndo pelos corredores. A cada dia que passava Sirius e Regulus se sentiam um pouco mais confortáveis e menos em estado de alerta agora sobre seus cuidados.
- Tio Alphard, tem bolo de cenoura? - Regulus o questiona e Alphard se segura para não rir da bochecha suja de abóbora do garoto.
- Tem torta de abóbora. - Que é muito melhor que bolo de cenoura, pensa alegre.
- Bolo é muito melhor que torta tio, você está errado. - Regulus responde enquanto se concentra em colocar o máximo possível de comida em seu garfo.
Alphard paralisa na hora que escuta o menino. Seu sobrinho tinha lhe respondido como se pudesse ler sua mente. Alphard era um excelente legilimente, e um oclumente melhor ainda. Embora nem se esforçasse em proteger sua mente quando estava com seus sobrinhos pois nem imaginava que um deles pudesse ter essa habilidade.
Sabia que o dom passava de geração em geração em que apenas um membro tinha a habilidade da legilimência de forma natural e poderosa. Mas não esperava que Regulus tivesse o dom tão cedo, muito menos um grande controle sobre ele.
- Regulus… você consegue ler os pensamentos das outras pessoas?
- ISSO NÃO É DA SUA CONTA! - Sirius grita e Regulus rapidamente se afasta da mesa olhando com receio em direção a Alphard.
Parecia que toda a vez que dava um passo em frente seus sobrinhos se assustavam e dava dois passos para trás. Sentir que estava os ajudando a melhorar não significava que os dois estavam livres de seus traumas. Alphard conhecia bem isso, o medo aterrorizante que os pais podiam causar aos filhos mesmo não estando mais em suas vidas.
- Sirius, calma. Porque seria um problema eu saber sobre isso?
- Não tem o que saber! Deixa a gente em paz!
- Tá tudo bem, fiquem calmos os dois eu não vou fazer nenhum mal.
- Você vai sim! A mamãe tava certa!
- Sirius!
- PAREM DE GRITAR! - Regulus berra com as mãos nos ouvidos e nesse momento todos os copos e pratos de vidro que estavam na mesa explodem.
Tudo fica virado no caos. Há comida por todo o lugar inclusive nas roupas e rostos de Alphard e Sirius. O único intacto da sujeira é Regulus que chora cada vez mais e acaba correndo para fora de casa antes que qualquer um possa impedir.
- Regulus! - Sirius gritou correndo na direção do irmão mas Alphard o agarra antes disso.
- Você vai tomar um bom banho e eu vou atrás do seu irmão.
- Mas eu-
- Não! - O interrompe. - Você vai tomar banho e eu vou atrás do seu irmão. Ele está surtando por conta da legilimência e o estresse que passou e precisa de alguém que seja oclumente para o acalmar!
- Porquê?
- Para que ele não surte lendo meus pensamentos. Ele não vai conseguir ler a minha mente.
- Isso tudo começou porque ele leu a sua mente.
- Isso tudo começou porque nenhum de vocês pensou em dizer que Regulus estava desenvolvendo habilidades de legilimência.
Sirius fica em completo silêncio e começa a chorar. Alphard o pega no colo e leva até o banheiro onde usando sua magia prepara rapidamente uma banheira com ervas calmante e o deixa aos cuidados de Ninfs. No momento atual, ir atrás de Regulus que deve estar perdido na floresta é seu pensamento principal.
Sua sorte é que seu vasto conhecimento em magia faz com que um feitiço localizador seja feito facilmente. Seus azar é que Regulus de alguma forma tinha conseguido subir em cima de uma árvore enorme. O garoto parecia mais calmo pelo menos, tinha a cabeça escorada na árvore e olhava para as estrelas enquanto tentava respirar calmamente.
Alphard usa sua magia e rapidamente já está na altura de Regulus ao seu lado. Seu sobrinho olha de canto para ele, mas logo volta sua atenção para o céu estrelado.
- Está mais calmo?
- Mamãe dizia que eu iria virar uma decepção se fosse como você.
- Como eu? - O olha confuso, cada vez sua irmã se distanciava mais e mais da menina doce que um dia conheceu.
- Uma bicha que lê os pensamentos dos outros.
- Regulus…
- Eu não quero ser isso, tio Alphard! - Regulus murmurava em meia às lágrimas que rolavam aos montes em seu rosto. - Quero que a mamãe fique feliz comigo.
- Sua mãe morreu, Regulus.
- Eu sei…
- Sente falta dela?
Regulus o olha, então direciona seu olhar para o céu e depois começa a encarar o chão. Como se estivesse pensando em como iria descer de lá.
- Quero voltar para meu quarto, por favor.
- Regulus, você não vai se tornar igual a mim por ter legilimência. Mas pode se tornar alguém muito poderoso e com controle sobre si mesmo se deixar eu te ajudar.
- Se eu for poderoso, vou poder proteger meu irmão?
- Sim.
Alphard espera pacientemente enquanto Regulus pensa no que responder. Ele se sente mal pelo que Walburga disse sobre ele, mas tenta ignorar. Não é como se sua irmã ainda o amasse nos últimos tempos da mesma forma que fazia antes. Uma parte sua sente falta de quando eram crianças e ela corria para sua cama para escutar histórias antes de dormir.
- Começamos as aulas amanhã, agora me desce dessa árvore, por favor.
- Claro.
Chapter 5: Amigos
Chapter Text
18 de julho, Alphard Black
Aquela tarde era a primeira desde que seus sobrinhos se mudaram que eles estavam realmente felizes e agindo como crianças. Dar aulas de legilimência a Regulus não era uma tarefa fácil pois aprender a controlar aquilo nunca era. O próprio Alphard levou anos até conseguir e nunca mais ter um surto. Mas por sorte Regulus conseguia evoluir rápido e naquele dia, estava feliz correndo atrás de Sirius.
Ele tinha levado seus sobrinhos a um parquinho calmo que ficava na Itália. Alphard conheceu e se apaixonou por aquela cidade quando era mais jovem e queria que os dois também tivessem experiências boas de lá.
- Com licença! - Um homem indiano parecendo ser um pouco mais velho que Alphard se aproximou. Junto dele tinha uma mulher italiana e um garotinho que era a perfeita mistura dos dois. - Sei que não nos conhecemos mas gostaria de saber se meu filho pode brincar com os seus?
Alphard olha para aquele homem de óculos por uns cinco segundos até se lembrar de quem era.
- A gente se conhece. Você era monitor no meu primeiro ano em Hogwarts e sempre pegava os livros que estavam muito no alto para mim, Alphard Black lembra?
- Ah sim! Você era o mini gênio que lia livros que eu nem entendia.
- É bom te ver Potter, e seu filho pode sim brincar com meus sobrinhos. Vai lá garoto.
O garotinho de óculos e cabelos rebeldes corre em direção aos seus sobrinhos. Sirius parece ficar feliz com isso enquanto Regulus parece estar julgando até a alma do garoto. Se ele estivesse lendo a mente do mini Potter era melhor não fazer nada, a última coisa que Alphard queria era uma confusão com os Potter por conta do seu sobrinho invadindo a mente do filho deles.
- Porque nunca mais nos vimos, afinal? Não lembro de você em nenhuma festa nem nada.
- Virei uma bicha reclusa que só vive em casa ou no mundo trouxa, é melhor assim.
Fleamont parece ficar chocado com aquilo, totalmente sem palavras, mas sua esposa Euphemia apenas dá um sorriso a Alphard.
- Você deve ter aproveitado muito as maravilhas do mundo trouxa imagino, fez alguma viagem? Penso muito em conhecer Paris trouxa quando James não for mais um pestinha hiperativo - Ela sorri docemente e se senta ao lado logo puxando Fleamont que parecia já ter voltado a sua cor normal.
- Paris é linda, morei lá alguns anos e ainda vou às vezes, bom eu ia, estou tentando me tornar uma pessoa estável para os meus sobrinhos e imagino que viagens do nada sem ideia de destino não seja muito estável.
- Realmente, está morando onde agora? Aqui em Pordenone?
- Não, Escócia. Quantos anos tem seu pestinha hiperativo?
- 7, porquê?
- Se ele não deixar de ser um pestinha hiperativo nos próximos 3 anos, acho melhor você fazer sua viagem para Paris sozinha ou só com seu marido.
- Olha! - Fleamont chama atenção dos dois. - James fez dois amigos, isso é bom, ele faz amigos fácil mas eles sempre moram longe e então ele não pode brincar sempre com eles.
- Amor, você ouviu a parte que Alphard disse morar na Escócia?
- Oh, sabia que tem lindas casas à venda aqui?
- Fleamont! Você não pode tentar convencer as pessoas a se mudar de país só porque os filhos são amigos do nosso filho, já conversamos sobre isso.
- O que tem de errado em eu querer que meu filho possa sair e brincar com amigos todos os dias?
- Não tem nada de errado. - Alphard diz achando atencioso a forma como o homem se importa com o filho. - Eu tenho um apartamento aqui e iremos passar o fim de semana. Os meninos podem se ver e caso eles se tornem realmente amigos vou trazê-los com frequência para Itália. Quero que dois tenham amigos, vai ser bom.
- Os pais deles morreram certo? Vimos no profeta diário a um tempo.
- Tem sido difícil mas acho que eles estão bem.
- Sabe, a Escócia deve ser um país lindo, imagino que James iria gostar de visitar.
Euphemia tem um sorriso acolhedor e isso deixa Alphard feliz. Talvez um amigo com bons pais façam bem a Sirius e Regulus. Ele sabia que os Potter eram boas pessoas e por isso se sentiu grato ao ver que eles também queriam que James fosse amigo de seus meninos.
☆
Gira-gira, Sirius Black
Sirius já havia interagido com crianças em festas do ministério e de amigos de seus pais. Mas nunca em sua vida esteve na presença de alguém tão agitado e animado como James. Ele sorria, corria, pulava e falava sobre diversos assuntos ao mesmo tempo e raramente terminava de dizer o que começava. Era confuso mas Sirius estava amando aquilo.
Às vezes o menino falava em italiano mas logo voltava para o inglês. Não era um problema para Sirius, tendo em vista que ele e Regulus constantemente misturavam inglês e francês em suas conversas, aquilo era normal. Contanto que seus pais não os ouvissem, misturar línguas era antiético e burrice na visão de Walburga, ou falava uma, ou outra.
A amizade surgiu instantaneamente. James correu até eles, pediu para brincar e agora o garoto com óculos redondo e cabelos um pé era seu melhor amigo. E por isso os dois estavam girando no brinquedo que Sirius não sabia o nome enquanto Regulus estava sentado na grama assistindo uma borboleta roxa que rodeava ao seu redor.
- Seu irmão é sempre assim?
- Assim como? - Pergunta desconfiado, não gostava quando as outras pessoas falavam sobre seu irmão.
- Quieto, ele não parece feliz em brincar.
- É o jeito normal dele.
- Certeza? A gente pode mudar a brincadeira pra ele se divertir também ah… e se a gente brincar de pirata. Eu adoro correr, podemos fingir que temos vassoura e jogar quadribol, e se formos exploradores e ….
- James! Está fazendo de novo, você começa a falar de algo e depois muda para outra coisa.
- Eu não faço isso! - Seu semblante de ofendido deixa Sirius incomodado. Ele estava certo e James errado, talvez eles devessem se tornar ex amigos.
- Você disse pra gente brincar de pirata, jogadores e explorados ao mesmo tempo.
- Porque são brincadeiras incríveis, vamos brincar dos três?
- Mas precisamos escolher uma.
- Sirius. - Regulus o chama é só agora ele percebe que o irmão estava por perto os ouvindo o tempo todo, ele devia prestar mais atenção no seu irmãozinho e menos em James. Afinal, devemos proteger os irmãos, e isso era tudo o que Sirius pensava em fazer desde o dia que viu a bolinha que era Regulus quando bebê.
- Que foi Reggie?
- Quero brincar de pirata jogador explorador com vocês.
- Acho que não vamos ter que escolher no fim. - James fala com um sorriso no rosto e começa a correr e gritar para eles irem junto.
A tarde se torna muito divertida com James Potter nela. E no fim, o garoto não se torna seu ex amigo mas continua com seu novo posto de melhor amigo.
☆
25 de julho, Alphard Black
Desde o minuto que voltaram da Itália Sirius não parou de falar sobre James e como sentia saudades do amigo. Quando percebeu como os dois se davam bem, Alphard havia pensado sobre visitas mensais, passar um final de semana na Itália todo o mês parecia ser bom e Regulus também tinha ficado mais feliz durante os dois dias que ficaram lá. Mas do jeito que Sirius estava falando de James a cada 5 minutos fizera o considerar mudar para Itália, pelo menos enquanto Sirius não for adulto e responsável o suficiente para usar chaves de portais sozinho ou aparatar.
Ele até tinha pensado em mandar uma carta a Fleamont perguntando sobre as casas que havia falado, mas mudou de ideia ao lembrar que um antigo conhecido estava querendo a anos vender um castelo que ficava em um floresta em Pordenone. A mesma cidade onde os Potter moravam. Por isso entrou em contato com Edmund Stone, seu antigo conhecido, e descobriu que por sorte o castelo ainda estava à venda.
Naquela tarde, ele garantiu que seus sobrinhos estavam bem agasalhados e os levou até lá, sem dizer o motivo ou até mesmo aonde estavam. O lugar era lindo, a floresta era imensa e o castelo magnífico. Um pouco abandonado é claro, mas nada que uma boa reforma não resolvesse. Sirius parecia curioso com o lugar enquanto Regulus olhava maravilhado e murmurava coisas sobre o castelo ser como nos livros que lia.
- Sei que ainda precisa limpar, organizar e deixar com cara de lar, mas o que acham?
- O que? - Sirius tem um semblante confuso e Regulus acaba ficando estático ao encarar uma daquelas armaduras se soldado que está com enfeite no corredor que esses tão passando no momento.
- Estou pensando em comprar, daí nós mudariamos para esse lugar. Claro, depois de arrumá-lo, não quero vocês sozinhos por aí com toda essa poeira.
- Porque temos que nos mudar, tio Alphard?- Regulus questiona ainda olhando para a armadura.
- Bom, achei que vocês gostariam pois aqui é a mesma cidade que o amigo de vocês, James, mora.
- Sério? - O sorriso no rosto de Sirius é tão grande que Alphard sente seu coração quentinho pela escolha que fez.
- Meninos, sei que com os pais de vocês as coisas eram diferentes, mas eu quero mudar isso. Quero que sejam felizes e aqui poderão brincar todos os dias com o amigo de vocês.
- Vai sair da sua casa pela gente?
- Sirius, eu venderia a minha alma por vocês.
Sirius acaba se pulando em seu colo para abraçá-lo o deixando em choque. Regulus finalmente para de encarar a armadura e abraça a perna de Alphard timidamente.
- Podemos animar as armaduras? Li em um livro de magia que elas podem fazer o que a gente quiser, faz o feitiço por favor?
- Claro Regulus, o que quer que elas façam?
- Primeiro, que limpem esse lugar, depois eu não sei. Quando souber eu conto.
- Certo, que tal tomarmos sorvete? E depois podemos passar naquele parquinho, talvez James esteja lá.
Os dois parecem animados com a ideia, principalmente Sirius. Eles vão até a sorveteria e Regulus parece confuso sobre o que pedir. Alphard já havia apresentado o sorvete antes para os dois, e eles amaram, especialmente Regulus. O problema era que ao mesmo tempo que queria saber o gosto de todos os sabores, odiava experimentar coisas novas.
Alphard sabia que aquilo era bem contraditório, mas nunca falou nada ao mais novo. Assim como nunca falou nada sobre qualquer peculiaridade que notava em qualquer um dos dois. Ele queria aqueles meninos felizes e livres para experimentar o que der na telha dos dois.
- Tio Alphard, o sorvete de maracujá é bom?
- Eu nunca experimentei, que tal nós dois pegarmos e provarmos juntos?
No fim os três acabam comendo sorvete de maracujá. Bom, Sirius apenas prova um pedaço e entrega seu pote a Alphard com um careta no rosto, o garoto acaba pegando outro, dessa vez de morango e come feliz. Já Regulus, para a sorte de Alphard amou o sorvete, comeu o dele e o que Sirius havia abandonado. Ele não queria ter que comer aquele sorvete três vezes.
Quando chegam no parque, por sorte James está lá no gira-gira. Alphard se sente mal pelo garoto ao vê-lo triste mesmo com o pai tentando brincar e animá-lo. Mas fica curioso ao ver que tem sim outras crianças no parque, mas que parecem ignorar o garotinho de óculos.
- Alphard! - Euphemia tem um sorriso enorme em seu rosto ao vê-lo. - Olá meninos, querem ir lá brincar com James?
Euphemia não recebe resposta, ao invés disso Sirius corre até o garoto enquanto grita seu nome e Regulus caminha calmamente atrás dele. Assim que James o vê corre até Sirius e Fleamont parece aliviado ao ver os dois se abraçando.
- Estou tão feliz em vê-los, podíamos trocar cartas, quem sabe os meninos não possam vir de vez em quando? Não me importo em ir até a Escócia para buscá-los e trazer de volta.
- É gentil de sua parte, mas eu acabei de comprar uma nova casa aqui, o apartamento que tenho na Itália é pequeno para duas crianças viverem.
- Sério? - O sorriso no rosto de Euphemia é enorme e quando Fleamont chega e ouve a novidade fica tão feliz quanto a esposa.
- Sim, acho que vai levar pelo menos umas duas semanas até estar tudo pronto e nós mudarmos de vez. Mas posso mandar uma carta quando nós estabelecermos e assim marcamos algum dia para os meninos brincarem juntos.
- Ah, isso é maravilhoso!
Euphemia animadamente o puxa para um banco e começa a listar todos os lugares na cidade que os meninos podem gostar de conhecer, além de criar planos de passeio com as três crianças. Fleamont constantemente fala sobre como seria divertido levá-los em um jogo de quadribol e Alphard acaba gostando de como eles incluem e se esforçam para saber dos gostos de Sirius e Regulus. Ele só fica curioso com uma coisa.
- Porque James estava tão triste e distante das outras crianças, afinal? Ele parece tão animado, e não do tipo que tem dificuldade de fazer amigos.
- Ele sempre brinca com as crianças que encontra no parque, embora não goste muito pois são trouxas e não entendem nada do mundo bruxo. O problema mesmo foi que a alguns dias, teve um acidente.
- Acidente?
- Com magia. - Dessa vez é Fleamont que responde, com um olhar triste no rosto. - Tinha várias crianças, ele estava feliz correndo com elas quando acabou tropeçando e caindo da cara no chão. Quando começou a chorar acabou tendo um acidente com magia acidental, as pedrinhas que tinha no chão de transformaram e diversas borboletas roxas.
- Imagino que as crianças não reagiram bem, estou certo?
- O problema foi os pais, as crianças ficaram maravilhadas mas os pais os tiraram de perto e foram embora na hora. Agora todas as crianças da cidade ignoram e fogem dele. - Lágrimas começaram a cair do olhos de Euphemia e logo ela é acolhida por Fleamonty que a abraça e beija sua testa.
- Até pensamos em nos mudar, mas o trabalho de Euphe é aqui e quando comentamos sobre a James, ele começou a chorar, dizendo que não quer sair do seu lugar favorito por causa disso.
- Ele acha que as crianças logo irão voltar a falar com ele, mas está óbvio que ele está triste. - Euphemia murmura ao secar suas lágrimas.
- E vocês sabem bem que eles não vão voltar imagino.
- A gente não quer ver ele triste, mas também não queremos obrigá-lo a sair de sua casa.
- Se vocês se mudarem, só vai servir para James pensar ainda mais que tudo é sua culpa. Pelo menos agora vai ter amigos.
Alphard aponta para James que corre com Sirius por todo o parque, Regulus está um canto olhando para as borboletas mas logo acaba correndo junto dos dois.
- É, agora ele tem amigos. Vai ser bom morar perto de outras crianças bruxas.
Ele concorda com a cabeça e os três ficam em silêncio enquanto assistem os três brincarem. Frequentemente, Regulus se afastava e ia atrás das borboletas ou simplesmente sentava em canto e ficava olhando para o horizonte. E sempre que ele se afastava logo Sirius e James voltavam para perto do menino.
Eles trocam endereços para mandarem cartas e ficaram lá, assistindo as crianças brincarem por mais de duas horas até que Regulus correu na direção de Alphard com lágrimas nos olhos. Ele não fala nada, apenas se acomoda no colo do tio e abraça seu pescoço. Alphard sabia bem o que estava acontecendo, eles estavam em um lugar cheio de gente era só questão de tempo até que Regulus tivesse um surto por conta da legilimência.
Quando se tem esse dom, e é uma criança, é muito fácil ter um surto. Você fica cansado de tanto correr, o lugar está cheio de gente e o sono começa a bater. Fica fácil perder o controle. Durante aquele tempo, sempre que Regulus ficava fisicamente ou mentalmente cansado, ele tinha um surto. Mas como era sempre eles e os elfos não era algo tão ruim, mas naquele momento tinha pelo menos umas doze crianças e seus pais no parque.
Alphard levanta com Regulus em seu colo e começa a murmurar um feitiço abafador de ouvidos. Ele apenas sinaliza para Sirius que estava vindo em sua direção, para correr mais rápido. Assim que tem o sobrinho mais velho consigo, murmurou um tchau para os Potter e corre dali com Regulus ainda chorando em seus braços.
Demora um tempo para o pequenino se acalmar. Eles acabam voltando para a Escócia e Sirius conta que precisam se mudar logo para a Itália pois James não tem amigos lá e as crianças não tem permissão para falar com ele.
- É sério tio Alphard, James fica brincando sozinho e mesmo que seus pais tentem brincar com ele não é divertido. Ele me contou que não quer sair de Pordenone, mas está triste que não tem amigos lá.
- Mas Sirius já está certo, nós vamos nos mudar pra lá.
- Mas temos que ir mais rápido, pelo James.
Alphard beija sua cabeça e coloca mais um pedaço de bolo no prato do sobrinho. Regulus estava dormindo em seu quarto e agora ele e Sirius conversavam na cozinha enquanto comiam bolo.
- Vamos fazer assim, hoje você vai descansar e passar o resto do dia com seu irmão, foi um dia puxado para ele.
- Ele vai ficar sempre assim?
- Olha, as vezes vai ser difícil para ele, assim como foi para mim. Mas com o tempo Regulus vai aprender a controlar e esses episódios vão ficar cada vez mais distantes.
- Certo, eu vou cuidar dele hoje, e amanhã a gente já se muda?
- Amanhã eu vou mandar Ninfs e Monstro limparem aquele castelo e começo a arrumar nossas malas.
- Eu te ajudo, assim vamos mais rápido.
- Se quer tanto me ajudar, você pode tentar convencer Regulus a ler os livros infantis que comprou. Estou cansado de vê-lo lendo aqueles livros enormes e complexos.
Sirius sorri e aceita o desafio, os dois acabam comendo o bolo inteiro enquanto Alphard escuta atentamente sobre todas as brincadeiras que eles e James fizeram naquela tarde. À noite, quando Sirius e Regulus estão dormindo juntos no quarto do mais novo, Alphard aproveita para escrever algumas cartas.
Caros Potter,
Lamento pelo incidente de hoje, meu sobrinho ganhou o dom da legilimência e com isso muitos desafios a enfrentar. Sirius me contou animadamente sobre como adorou sua tarde com James e está animado para se mudar então talvez acabemos indo antes das duas semanas que planejei.
Espero que quando as coisas estiverem finalizadas a conversa sobre eles brincarem ainda esteja de pé.
Atenciosamente, Alphard Black
Caro Lyall,
Já falei esse ano que sinto falta da sua cara rabugenta? Pois eu sinto, posso não saber os detalhes mas sei que algo aconteceu aí na sua família, afinal, sou seu amigo mais querido e antigo. Te conheço bem, sabe disso.
Não sei se soube mas minha irmã e cunhado morreram, estou com meus sobrinhos agora e cada dia que passa percebo mais como Walburga era uma mãe amarga e cruel. Isso parte meu coração. Estou me esforçando por eles e os dois são maravilhosos, principalmente agora que estão começando a se abrir.
Queria poder estar do seu lado e te ajudar com seja lá qual for seus problemas. Se ainda me quiser na sua vida fale, e agora eu tenho duas crianças para brincar com seu filho. Três se contar o novo amigo deles. James Potter é muito hiperativo, mas ele e seus pais são boas pessoas.
Seu melhor amigo, Alphard Black
Ele escreve mais várias cartas sobre negócios a tratar e aproveita para fechar contrato de vendas de poções e objetos referente a Magia das Trevas. Seus assuntos ilícitos eram os seus favoritos, ele amava o submundo da magia e a forma como as pessoas não se importam com o que você é, mas sim com o que você tem a oferecer.
Chapter 6: Lobisomem
Chapter Text
28 de julho, Alphard Black
Caro Alphard,
Esperamos que Regulus já esteja se sentindo melhor. James também está muito feliz com as novas amizades e espera ansiosamente pela mudança de vocês. Gostaríamos de convidá-los para um jantar de boas vindas assim que se estabelecerem.
Atenciosamente, Euphemia e Fleamont Potter.
Alphard responde assim que lê a carta contando que a mudança deve finalizar no fim naquela semana e que está ansioso para o jantar. Ele gosta dos Potter, genuinamente gosta da forma como eles são carinhosos com os outros e o jeito como são amorosos com James definitivamente foi o que o fez gostar da amizade entre as crianças. Regulus e Sirius precisavam de pessoas amorosas como os Potter em suas vidas
Era de manhã e ele resolveu aproveitar que os meninos estavam com Monstro colocando as coisas de Regulus em caixa para a mudança para arrumar algumas coisas em seu escritório. Já havia separado o que iria para o lixo e o que iria para seu novo escritório na casa da Itália.
Alphard já tinha respondido os Potter e as cartas relacionadas ao trabalho. Agora só faltava a de Lyall e descobrir se seu amigo iria o querer por perto novamente ou mandaria ele se fuder. Alphard abra a carta lentamente se preparando para a chuva de palavrões que sabia que iria levar.
Querido filho da puta,
Já falei esse ano que quero que você vá se fuder? Porque eu quero. Sério, que porra tem na sua cabeça para me mandar uma carta toda melosa sobre sentir saudades? Francamente só não te chamo de maricas porque sei que me mandaria um berrador chorando como a boa rainha do drama que meu melhor amigo bixa é.
Gostaria de dizer que sinto muito pelas suas perdas mas a verdade é que a Walburga e Orion que gostávamos morreram quando ainda adolescentes. Antes de seus pais os fuderem de forma irreparável. Fico feliz que seus sobrinhos estão com você seu idiota, pode não acreditar Alphard, mas sei que será um bom pai para os meninos.
E… eu admito, coisas aconteceram e não foram agradáveis. Evitei isso o máximo possível mas agora receio que preciso mesmo de sua ajuda, se possível obviamente.
Sinto sua falta e estou falhando com meu filho, Alphard.
Atenciosamente, a caralha do teu melhor amigo porra!
No minuto que termina a carta, Alphard já está de pé indo até a cozinha onde Ninfs termina de mandar as caixas para a Itália. Enquanto Monstro guardava as coisas sendo ajudado/atrapalhado por Regulus e Sirius, Ninfs mandava tudo para o novo lar deles.
- Ninfs, eu tenho que sair urgentemente. Fala para os meninos que quando eu voltar explico direito o que aconteceu. E se eu demorar, sirva o almoço para eles e lembre os dois de que podem comer o que quiserem e o quanto quiserem.
Às vezes Alphard ainda precisava lembrar os meninos de que não estavam mais com seus pais, e que podiam comer o quanto quiserem e brincar do que quiserem. Ele não se importava em lembrá-los de disso quantas vezes fosse necessário, o importante era que os dois fossem felizes.
Alphard pega sua varinha na sala e aparata até Gales. A caminhada é curta até a fazenda da família Lupin. Quando atravessa o campo ele vê um garotinho de shorts e camisa que brinca com um carrinho que não tinha uma das rodas. Seus cabelos são num tom de loiro que parece até dourado no sol e o menino tem uma expressão confusa no rosto quando o vê.
- Oi, lembra de mim?
- Trouxe algum presente tio Alphard?
- Remus! - Hope o repreende quando aparece na porta da casa. - Não seja rude.
- Desculpe, olá tio Alphard? Como o senhor está? Faz tempo que não te vejo, tem presentes?
Alphard ri alto enquanto Hope repreende Remus novamente. Quando o menino levanta, Alphard consegue prestar atenção de verdade na aparência do garoto. Ele tem algumas pequenas cicatrizes pelos braços e pernas e uma mordida no antebraço.
Ele não fala nada, apenas entra na casa e começa a gritar por Lyall. Quando o vê no quarto de Remus segurando pregos e um martelo. Alphard está furioso.
- QUE PORRA É AQUELA?
- Se acalma que a história é longa, e você vai me odiar.
Ele respira fundo, de novo e de novo. Quando se acalma percebe que tem pedaços de madeira na cama de Remus e um abajur quebrado na cabeceira.
- A madeira é para algumas prateleiras para os livros de Remus e o abajur ele quebrou sem querer em um pequeno surto de magia acidental hoje de manhã.
- O que causou o surto?
- Nada, isso acontece às vezes quando a rinite alérgica dele ataca.
- Rin o que?
- Não sei explicar, é algo trouxa, Hope disse que é normal, ela também tem mais não é bruxa então pelo menos nunca quebrou nada.
- Ele gosta do abajur?
- Adora.
- Eu arrumo essa merda enquanto tu me explica como um garotinho fofo daquele se tornou uma criatura de nível cinco.
Lyall usa magia para estabilizar uma das prateleiras da forma que quer e começa a pregá-la na madeira. Alphard aproveita para analisar o abajur enquanto seu amigo cria coragem para explicar o que aconteceu com Remus.
- Eu prendi Greyback por ter atacado duas criancinhas e as mordido. Ele obviamente tem contatos no Ministério pois algumas horas depois foi solto. Quando soube fui atrás dele o xinguei de besta assassina e disse que por culpa dele duas crianças inocentes agora eram monstros como ele. O filha da puta riu e dois dias depois atacou meu filho em uma noite que eu não estava em casa, Hope ficou apavorada sem saber o que fazer.
- Foi uma sorte do caralho eu ter chegado minutos depois se não o Remus teria… - Lyall não consegue terminar e começa a chorar. Alphard deixa na cabeceira o abajur agora recém consertado e abraça forte seu amigo. - É tudo minha culpa, mesmo que Hope diga que a culpa é de Greyback eu sei que é minha.
- Não, não é. Não foi você que mordeu Remus, e muito menos aquelas outras duas crianças. Lyall, você não pode se culpar pelos erros dos outros.
- O que eu faço agora?
- Apoie e ame seu filho.
- Eu passei meses procurando uma cura e não achei nada.
- Quando disse na carta que queria minha ajuda, era para isso?
- Sim.
Lyall seca suas lágrimas e nesse momento Alphard pega uma coisa que sempre leva consigo, não importa a onde. Um cantil de bolso cheio de whisky de fogo. Os dois acabam no chão do quarto bebendo e olhando para a parede com desenhos apagados de ursinhos.
Alphard se lembra bem do dia que veio os visitar e viu Hope grávida de 6 meses feliz pintando aqueles ursinhos. Ela estava nas nuvens com a ideia de ter um garotinho em seus braços em poucos meses. Ele sempre teve um pouco de inveja de como os dois eram um casal tão feliz e amoroso, mas naquele dia se sentiu bem ao saber que o pequeno Remus seria muito amado.
- Você ainda ama aquele menino, certo?
- Tanto que dói toda a vez que lembro o motivo das cicatrizes.
- Licantropia não tem cura, você sabe disso. Mas eu sei de vários métodos para ajudar Remus a lidar com isso. Mas primeiro uma dúvida, onde ele passa a lua cheia?
- No celeiro, tiramos os animais de lá e eu fico com ele para garantir que tudo fique bem.
- Ele não te ataca?
- Bastante mais eu sei lidar com isso.
- Bom, aqui vai a primeira dica. Faça uma mureta mágica envolta desse campo enorme da fazenda e o deixe em paz. Luas cheias são mais calmas para os lobisomens quando eles passam soltos em florestas ou campos, eles correm muito e se machucam menos.
- Porque a mureta mágica?
- Para o garoto não acabar acordando na porra de Inglaterra.
- É, faz sentido. Certo, mureta mágica, mais alguma coisa?
- Faz ele comer bastante carne perto da lua cheia, você tem coelhos? Porque se não arrume alguns e o deixe caçá-los, é bom para o lobo.
- Uma vez esqueci de tirar uma das galinhas e ele a matou, no dia seguinte quando viu o que fez passou o dia chorando. Se eu colocar ele para matar animais, ainda mais um fofo, aquele garoto entra em colapso.
- Okay ignore essa. Ah! Eu tenho uma receita para cicatrizes mágicas. Sei que elas não costumam sair nunca e esse creme não é milagroso, e é nojento, mas ele tira as cicatrizes mágicas que não são profundas. Pelo o que eu vi isso pode sumir com quase metade das marcas.
- Essa até eu quero. - Ele ri seco, apontando para os braços e rosto completamente retalhados.
- Quem diria que trabalhar com criaturas mágicas e ter um filho lobisomem traria marcas.
Os dois acabam rindo do comentário de Alphard. Aquela altura já estavam ficando bêbados e nenhum dos dois pareciam querer parar de beber.
- Ele vai me odiar quando descobrir.
- Não, ele vai odiar Greyback quando descobrir. Lyall, aquele desgraçado já mordeu centenas de crianças, ele não mordeu Remus porque você o xingou, mas usou essa desculpa pra te fazer se sentir miserável.
- E se eu tivesse ficado quieto? E se eu tivesse ignorado quando o soltaram? Meu filho poderia estar vivendo em uma vida normal.
Lyall fica em completo silêncio e toma mais um longo gole de whisky de fogo.
- Sabe, uma vez Merlin disse que independente das nossas escolhas e ações os resultados em nossas vidas já estavam escritos e definidos pelo universo desde antes de nascermos.
- Como assim?
- Remus pode ter se tornado um lobisomem, pois Greyback o mordeu após a briga que teve com você. Mas o garoto se tornar um lobisomem já estava escrito pelo universo antes mesmo dele estar na barriga de Hope.
- Porque o universo desejaria isso a um garotinho? Ao meu menino? - Lágrimas escorrem mais uma vez pelo seu rosto e tudo o que Alphard tem a fazer é acolhê-lo em um abraço.
Alphard não sabe quanto tempo eles ficam ali. Mas em determinado momento Hope aparece dizendo que Remus quer vir para seu quarto ver as prateleiras prontas. Os dois se levantam do chão e ele tem que segurar Lyall para não cair. Alphard que já é acostumado a fazer feitiços bêbado faz com que todas as prateleiras fiquem presas na parede.
- Porque não usou magia desde o início para as prateleiras afinal?
- Hope não gosta que eu use magia para fazer tudo.
- Mas usou para deixá-las do jeito que queria, a única coisa que tu fez foi usar um prego e um martelo.
- Como é que é Lyall Lupin? - Hope coloca as mãos no quadril e tem o olhar sério para o marido. - E ainda por cima está bêbado em plena tarde, pode ir já para o banho!
Lyall sorri e se despede de Alphard. Ele sai do quarto mas não sem antes dar um beijo na bochecha de Hope. Alphard sorri para a mulher na sua frente e antes de fazer qualquer coisa ela o abraça.
- Senti sua falta nessa casa querido.
- Não foi minha culpa, seu marido que quis me afastar.
- As coisas estão complicadas.
- E eu quero ajudar a descomplicar.
- Eu ouvi a conversa, pode mesmo fazer as cicatrizes sumirem?
- Algumas, não todas.
- Já é bem mais do que eu poderia sonhar. - Os olhos dela lacrimejaram e Alphard acaba a puxando para mais um abraço.
- Sei que tudo deve estar sendo horrível para vocês, quero poder ajudar.
- Já está fazendo isso, querido. Quer bolo? Eu fiz um de chocolate, mas temos que ir rápido antes de Remus comer tudo.
- Obrigado, mas eu quero voltar para os meus sobrinhos. Logo eu venho novamente com o creme e um presente para Remus.
Hope bufa mas nem tenta recusar. Ela sabe que Alphard vai trazer de qualquer jeito e Remus vai pedir por um presente até ganhar.
- Sempre que vinha trazia algo para o garoto, deixou ele mal acostumado.
- Que tal, eu também trazer meus sobrinhos, para eles brincarem?
- As crianças do vilarejo fogem de Remus, por causa das cicatrizes.
- Meus sobrinhos não.
Ele não entra em detalhes sobre como os sobrinhos também tem algumas cicatrizes nem nada do tipo. Apenas se despede dela e de Remus que ficou muito feliz de ver seu abajur consertando e saber que logo seu tio favorito iria voltar e trazer novos amigos.
Quando chega em casa, logo encontra seus sobrinhos na biblioteca particular de Alphard. Regulus pula animado enquanto aponta para os livros que Monstro logo trata de pegar, enquanto isso Sirius come um pedaço de torta de abóbora e assiste seu irmão animado.
- Olá meninos, desculpem meu sumiço.
- Tio Alphard,porque você nunca me mostrou essa biblioteca?
- Tem livros aqui que não são apropriados para sua idade, entende que não pode ler o que quiser daqui certo? Daqui a alguns anos eu libero mas hoje não.
- É por causa dos livros de magia das trebas ?
- Trevas, meu anjo, e não só isso. Porque não vamos para a minha estufa? Preciso de ajuda para guardar todas as coisas.
Ele sabe que Regulus adora a estufa e assim consegue o tirar da biblioteca. Os dois meninos vão na frente e Alphard aproveita para dizer a Monstro para não deixar Regulus levar os livros que escolheu e nem nenhum outro daquela biblioteca. Os livros lá são da arte das Trevas, romance gay, livros adultos demais para uma criança. Ele já não gosta de saber que o sobrinho lê livros tão maduros, não precisa que o garoto também tenha interesse na magia das Trevas ou romances gay.
Quando chegam na estufa Regulus começa a perguntar sobre todas as plantas como sempre faz e Sirius pede para tirar as mandrágoras de dentro dos potes para tentar gritar mais do que elas. Eles começam a empacotar tudo e logo Ninfs chega para mandar as coisas pra Itália e avisar que havia feito bolo.
Algumas horas depois tudo já está empacotado e na nova casa deles. Alphard os chama para comer bolo antes de irem de vez para a nova casa.
- Porque não levamos todas as coisas da casa?
- Eu não vou me livrar daqui, Sirius. Então vou deixar já algumas coisas que não quero levar agora.
- Tio Alphard?
- Sim, Regulus?
- Porque você saiu?
- Meninos, eu preciso contar uma coisa a vocês. Eu tenho um amigo que passou por uns problemas e fui conversar com ele hoje, esse meu amigo tem um filho, e vou lá daqui a alguns dias. Vocês poderiam ir comigo? E brincar com esse garoto?
- Ele é legal? - Sirius perguntou com a boca cheia de bolo.
- Sim, ele é. Ele também tem algumas cicatrizes, não é como vocês, os pais dele nunca o machucaram. Eu não quero que vocês façam nenhum comentário ou careta sobre as cicatrizes.
Os garotos concordam para o alívio de Alphard. Amigos realmente seriam bons para o pequeno Remus.
Chapter 7: Pai
Chapter Text
3 de agosto, Alphard Black
- Podemos convidar James para ir com a gente amanhã, tio Alphard?
- Se os pais dele concordarem não vejo porque não.
Sirius sorriu alegremente e Alphard se abaixou para amarrar o cadarço solto no sapato do garoto. Naquela noite eles iriam jantar na casa dos Potter. Sirius estava radiante por finalmente morar perto do amigo e Regulus ficou feliz de descobrir que morava relativamente perto de uma livraria. Assim que Regulus desce as escadas, Alphard percebe que o menino vem com um livro nas mãos.
- Vai levar o livro Regulus?
- Eu posso?
Regulus Black mesmo aos seus 5 anos vivia com um livro em mãos, às vezes Alphard se esquecia que se tratava de uma criança de apenas 5 anos. Mas naquele momento, o menino de calças cinza e blusão verde parecia tão fofo com suas bochechas rosadas e segurando o livro com as duas mãos, pois era pesado demais para Regulus levar em só uma.
- Pode sim, querido. Vamos?
Eles aparatam para frente da residência Potter, onde são recebidos por Euphemia com um doce sorriso no rosto.
- Olá meninos, Alphard, é bom vê-los. Entrem.
Já dentro da residência, James corre até Sirius e ambos saem em direção ao quarto do menino. Segundos depois James volta e chama Regulus para ir com eles, que recusa e opta por se sentar no sofá e ler o livro que tinha em mãos.
Alphard, Fleamont e Euphemia se sentam no sofá e passam quase uma hora conversando até finalmente irem jantar. James e Sirius aparecem tão vermelhos e ofegantes que chega a ser engraçado. Alphard precisa convencer Regulus a desistir de levar o livro para a mesa e se sente vitorioso quando consegue.
- Senhor Alphard. - James o chama com um sorriso sapeca no rosto, chegava a ser engraçado o quão agitado o garoto era. Parecia nunca se cansar. - Sirius e Regulus podem vir aqui amanhã para a gente brincar, por favor?
- Pode me chamar só de Alphard, James. Amanhã eu vou com os meninos visitar um amigo, mas você está convidado para vir também se quiser. Meu amigo tem um filho da sua idade, podem brincar os quatro juntos.
O sorriso no rosto de James é tão grande que Alphard acaba rindo um pouco. O menino quase implora para a mãe que apenas ri e lhe dá permissão para ir.
- Mas aonde irá, afinal? - Euphemia serve mais batatas a James e Sirius enquanto espera ouvir as informações sobre o passeio. - Batatas, Regulus?
- Não, obrigado.
- Em Gales, os Lupin moram em uma fazenda lá. Remus é um menino muito doce, um pouco tímido e bastante doentinho, mas nada contagioso, prometo.
- É por isso que ele tem cicatrizes, é alguma doença bruxa de nome estranho? - Sirius questiona antes de enfiar metade de uma batata em sua boca.
- Cicatrizes? - James olha confuso para Sirius e depois seus pais, buscando respostas pelos mais velhos.
- Tio Alphard disse que ele tem cicatrizes e que não podemos dizer nada sobre e nem fazer careta.
- Porque?
- Existe uma enorme lista de doenças bruxas raras que deixam cicatrizes feias. - Dessa vez é Regulus e fala e Alphard chega no seu estopim com o garoto, a partir daquele dia iria monitorar de perto o que o menino lê. Que tipo de criança sabia dessas coisas?
Fleamont acaba rapidamente mudando de assunto e o resto do jantar segue calmo e agradável. Quando se é um Black jantares calmos e agradáveis são estranhos de tão raros que são. James e Sirius acabam determinados a comer todo o estoque de doces de garoto de óculos e Regulus fica tão maravilhado com o bolo de cenoura de Euphemia que acaba comendo uns cinco pedaços.
Ao final da noite, Alphard acaba carregando Sirius e Regulus completamente apagados para fora da casa. Euphemia até oferece para eles passarem a noite mas Alphard recusa pois ainda tem que terminar o creme que havia prometido levar.
No dia seguinte Alphard pega uma mochila e separa uma muda de roupas para os sobrinhos, pois sabe que Sirius e James juntos em uma fazenda não será tranquilo. Ele pega o presente que prometeu dar a Remus e um livro pois conhece bem Regulus e já está decidido a controlar o que o garoto lê.
- Não quero ler O Pequeno Príncipe, quero Azarações e Maldições! - O garoto bateu o pé parecendo um gatinho bravo.
- Já conversamos sobre isso Regulus, não o quero mais lendo livros que não são para a sua idade.
- Mas eu quero Azarações e Maldições! AGORA!
Conforme os dias passavam, Sirius e Regulus foram ficando cada vez mais soltos. O problema era que com isso, o mais velho passava a aprontar cada vez mais e o mais novo parecia muito disposto a testar a paciência de Alphard. Mesmo assim, não se arrependia de tê-los acolhido ou de deixá-los agir assim. Preferia lidar com duas pestes do que duas crianças infelizes com as regras abusivas dos pais.
- Regulus, esse tipo de livro não é apropriado para uma criança de sua idade, olha que tal assim, amanhã nós vamos na livraria e podemos comprar mais livros, somente infantis dessa vez.
- NÃO! EU QUERO AZARAÇÕES E MALDIÇÕES!
Alphard respira fundo e se lembra que é errado bater em crianças. Ele não quer que os sobrinhos tenham uma infância como a deles. Mas também está ficando cansado daquela discussão com o sobrinho. Às vezes Alphard não se sentia competente o bastante para ser pai, e às vezes tinha certeza de que realmente não era.
- Regul…
- Eu quero ler o que eu quiser quando eu quiser que nem quando morava com meus pais!
- Seus pais estão mortos! Eles não estão aqui, eu estou! E eu me importo muito com o que você lê e vê para deixá-lo à mercê de qualquer merda adulta demais para uma criança!
Assim que as lágrimas brotam no rosto de Regulus, Alphard se arrepende amargamente do que disse. Mas antes que possa falar algo, Regulus o abraça forte e se recusa a soltá-lo.
- Mamãe dizia que eu não importava, então eles nem pensavam nos livros que eu roubava na biblioteca.
- Bom, eu não sou sua mãe e muito menos seu pai. Eu me importo com você e o que lê porque você é sim importante, Regulus.
O garoto acaba o resto da manhã agarrado a Alphard o que deixa Sirius curioso, assim se agarrando ao irmão o resto da manhã. Basicamente, Alphard passou toda a manhã com os sobrinhos em seu encalço.
Durante a tarde eles passam na casa dos Potter para buscar James e o encontram na frente da casa sentado no chão com um balaço na mão e um sorriso ansioso no rosto.
- Ele está tão ansioso que passou a última hora aqui os esperando. - Euphemia diz ao sair da casa com um casaco na mão. - Caso faça frio, amor.
- Se eu soubesse que ele estava tão animado, teria o buscado de manhã para almoçar conosco.
- Eu tinha essa opção? - O menino olha desolado para a mãe que apenas ri e lhe entrega o casaco.
Alphard se despede de Euphemia prometendo trazer seu filho de volta inteiro, ela ri e James começa a pular animadamente perguntando se eles iriam de chave de portal ou se aparatariam até o local.
Quando chegam à fazenda dos Lupin, Alphard guia os três em direção a casa de onde Remus sai apressadamente correndo em direção a eles enquanto Hope tenta o acompanhar. Remus usa calça e blusa comprida mesmo no calor e o coração de Alphard dói por isso.
- Tio Alphard! E o meu presente? Quem são esses? São os novos amigos que disse que traria? - O garoto logo se esconde atrás da saia de sua mãe ao ver os meninos.
- Sirius e Regulus são meus sobrinhos, e James é amigo deles. - Alphard fala calorosamente, apontando para cada um ao falar seu nome. - E seu presente está aqui.
Remus pega o presente timidamente e agradece antes de abrir, o pequeno loirinho tem um sorriso enorme no rosto ao ver um exemplar de Onde Vivem Os Monstros e diversos chocolates.
- Meninos, vocês não querem explorar um pouco a floresta? Remus pode mostrar a vezes, vão e se divirtam.
Hope dá um leve empurrão no filho antes de pegar o presente e diz para o menino ir brincar com os novos amigos. Regulus não parece muito animado como James e Sirius demonstram, mas acaba os seguindo quando Remus começou a guiá-los até a floresta.
- Floresta? E se eles se perderem ou se machucarem?
- Mureta mágica, lembra? Você que deu a ideia. E eles vão ficar bem, Remus vive brincando lá quando não está correndo pelo campo ou lendo algum livro.
- Tem muita energia?
- Cada vez menos. - Seu olhar é triste, como se sentisse dor pelo filho. Alphard entendia isso, doía ver as marcas que Walburga e Orion causaram em seus sobrinhos.
- Vamos entrar para conversar melhor.
Hope carinhosamente enganchou seu braço no de Alphard e o guiou para dentro da casa. Ela sorri calorosamente para ele e lhe oferece uma xícara de chá. Ele se senta em um banco do balcão da cozinha enquanto Hope começa a encher uma chaleira com água.
- Aqui está o creme que falei. - Alphard tira um pote de sua mochila e deixa em cima do balcão.
- Obrigado por isso, Alphe. Você sempre foi um amigo muito bom para Lyall.
- Aquele cabeça dura sempre foi muito bom para mim também.
Hope lhe entrega uma xícara quente cheia de chá e segurando sua própria xícara, se senta ao seu lado. Alphard se lembra bem do dia em que conheceu Hope Howell, agora Lupin, ela era jovem e cheia de vida, sempre tão amorosa que foi fácil conquistar Lyall e seu coração de pedra . Mas agora, parecia tão cansada e triste com a situação do filho que não se via mais a mulher alegre que tanto foi no passado.
- Ele tem ficado muito cansado com as transformações?
- Normalmente começa uns dois dias antes, ele fica amuado e irritado. E depois daquilo fica tão cansado que dorme o dia todo e fica praticamente só na cama. Parece que conforme o tempo passa ele entende melhor o que é e fica cada vez mais chateado com isso.
Lágrimas escorrem por seu rosto e Alphard não pode fazer nada pela mulher além de abraçá-la e deixá-la chorar em seu ombro.
- Ele é forte, vai saber lidar com isso.
- Ele tem sete anos, não deveria ser forte, deveria ser amado e protegido.
- E ele é, você e Lyall o amam e o protegem o máximo que podem.
- Mas não foi o suficiente, e agora meu filhinho nunca vai ser aceito pelo mundo bruxo.
- Não fale isso, ninguém precisa saber sobre ele. Remus terá uma vida normal, será uma criança e adolescente como todas as outras e terá uma vida boa. Iremos garantir isso, entendeu?
- Oh Alphard Black! Não sei o que faríamos sem você!
Hope o abraça forte fazendo Alphard se sentir acolhido. Mesmo depois de tanto tempo, aquilo ainda era estranho. O sentimento de acolhimento sempre teve um gosto um pouco estranho para ele. Era algo que nunca teve enquanto crescia e que desejava doentiamente por sentir. E mesmo tendo isso depois de se distanciar da família, ainda era algo estranho de sentir.
- Provavelmente Lyall teria bem menos histórias de bebedeira.
- Puff, somente em seus sonhos. Aquele homem é movido a etanol, assim como você. Dois bêbados que viraram melhores amigos, um já se casou, só falta o outro.
- Sabemos bem que isso não irá acontecer, e onde está seu marido afinal?
- Trabalhando, ele vem só de noite e não tente mudar de assunto. Lyall me contou que você tem trocado cartas com um certo alguém.
- Faz meses que não falo Magnos, ele provavelmente deve me achar um patife por nunca mais ter respondido suas cartas.
- Oh! Então realmente há alguém?
- O QUE?
- Alphe, quando foi que Lyall perguntou ou falou algo sobre sua vida amorosa? Provavelmente ele ainda pensa que está com aquele trouxa professor de literatura.
- Terminamos a dois anos, nem uso mais a aliança.
- E foi assim que EU descobri que terminaram, porque Lyall nem percebeu, e se percebeu, não falou nada.
- Meio que temos um pacto de nunca perguntar ou se meter na vida amorosa um do outro, lembra?
- Sempre quis saber o que causou esse pacto. - Diz pensativa antes de tomar um pouco mais do seu chá.
Alphard fica em silêncio. Eles podem ser amigos a anos, mas é Lyall seu melhor amigo e ele nunca contará a ninguém que o pacto só surgiu pois um dia flagrou seu melhor amigo transando com um cara banheiro dos monitores e Alphard surtou ao ver que o garoto era Orion. Existem segredos que são melhores se mantidos guardados para sempre.
Além disso, nem teria porque contar. Foi muitos anos e Lyall e Orion só ficaram por poucos meses antes de terminar pois Lyall queria ficar sozinho para entender a própria sexualidade e Orion não queria nada, apenas curtir o tempo que tinha antes de ser obrigado pelos pais a se casar. Naquela época, Orion não era o filho da puta que se tornou anos depois, assim como sua irmã, que na época era um doce de menina.
No fim, Lyall se descobriu bixessual e Orion nunca mais chegou perto dele durante o resto do tempo deles em Hogwarts. E Alphard e seu amigo fizeram um pacto de nunca se meter ou perguntar sobre nenhum relacionamento um do outro depois que ele julgou horrores a escolha de foda de Lyall, e o mais importante, sempre bater na porta antes de entrar.
- E então?
- O que?
- Porque parou de responder Magnos?
- Acabei me concentrando demais nos meninos e esqueci dele.
- Tenho certeza que ele vai te perdoar por isso.
- Não importa, sozinho já sinto que vivo falhando com Sirius e Regulus, imagina tendo que dividir minha atenção com algum namorado?
- Porque acha que está falhando?
- Eu não nasci para ser pai, Hope. Não importa o quanto eu tente é só questão de tempo até falhar com aqueles dois.
- Alphe, você os ama, se importa com eles?
- É claro que sim! E é por isso que sei que nunca serei bom o bastante como pai para eles.
- Não, é por isso que você será o melhor pai que eles poderiam querer. Você os ama e se importa, veio até aqui com eles e ainda trouxe um amigo deles.
- O que isso tem haver?
- Alphard, nós dois sabemos que embora adore Remus, você nunca gostou muito de crianças. Mesmo assim está tentando dar o seu melhor por eles, e… ESTÁ SÓBRIO! Nunca o vi tanto tempo sem beber ou pegar um cigarro para fumar.
- Acha mesmo que posso ser um bom pai para eles?
- Tenho certeza, e é melhor a gente procurar eles está silencioso a muito tempo e crianças e silêncio são coisas que não combinam.
☆
Quando acharam as crianças, Alphard não esperava que Hope estivesse tão certa sobre crianças e silêncio não combinarem. Remus, James e Sirius estavam imundos e completamente entretidos em uma briga de lama enquanto Regulus estava em cima de uma árvore com parte do braço sujo de lama e um olhar mortal direcionado a Sirius e James.Hope fica tão indignada que imediatamente começa a repreender as “pestes imundas”
- Ainda bem que trouxe uma muda de roupas para você, Sirius. - Diz carinhosamente quando seu sobrinho se aproxima. - Mas antes, poderia explicar porque seu irmão está em cima da árvore?
- Ele não gostou de quando eu e James jogamos lama nele, Remus disse que era uma péssima ideia.
- Disse mesmo! Seus bobocas, o garoto disse que não queria se sujar e 5 segundos depois vocês o sujaram.
Alphard ri com a indignação de Remus sobre a situação.
- Alphard? - James aparece ao lado de Sirius com um sorriso tímido entre toda a lama cobrindo todo seu corpo. Alphard também nota que ele não está com seus óculos.
- Onde estão seus óculos, James?
- Eu perdi, e também não tenho nenhuma muda de roupa.
O garoto olha envergonhado para ele, mas antes que Alphard fale alguma coisa Hope acaba assumindo a situação.
- Pode pegar uma de Remus querido. Agora os três vão direto para o banho, e sem reclamar senão vão ficar sem bolo. E Alphard, por favor, tire aquele garoto de cima da árvore antes que alguma coisa aconteça.
- É de chocolate?
- Primeiro banho, Remus John Lupin!
Hope leva consigo os três garotos enquanto Alphard se dirige até a árvore onde Regulus está.
- Precisa de ajuda para descer?
- Eu estou sujo.
- Pode tomar banho de quiser, trouxe uma muda de roupas sua também.
- É errado eu ler a cabeça das pessoas mesmo se for um acidente?
- Foi por isso que não quis brincar?
- Remus achou Sirius bonito, James só pensar em me trazer para brincar com eles e Sirius só pensa em como Remus é fofo.
- Sua cabeça está doendo?
- Não mais.
- Porque não disse a Sirius sobre isso? Assim ele poderia me chamar para te ajudar.
- …Não queria atrapalhar a brincadeira.
- Foi por isso que subiu na árvore?
- E porque eles jogaram lama em mim, não gosto disso pai.
pai.
pai.
PAI!
Alphard nunca em sua vida pensou que ouviria essas palavras mas lá estavam elas. O assombrando, o assustando, o enchendo de esperança de ouvi-las mais uma vez. Como se isso pudesse ser possível. Assim que Regulus percebeu o que falou, ficou vermelho e abaixou sua cabeça.
- Desculpa…
- Está tudo bem.
- Não tá tudo bem, você não é meu pai…
- Regulus…
- Mas que queria que fosse.
- O que? - Sua pergunta saiu em um sopro de voz.
Alphard nunca quis ser pai, nunca pensou nisso ou teve vontade. Com a criação que teve, se conformou que sempre seria ruim demais para merecer um filho. Mas nesse momento ele queria muito merecer Regulus e Sirius. Ele os amava demais.
- Queria que fosse meu pai e de Six.
- Se vocês fossem meus filhos, eu seria a pessoa mais sortuda e feliz do mundo.
Regulus apenas concorda com a cabeça e fica mais alguns minutos em silêncio olhando para o horizonte. Alphard espera pacientemente até o garoto olhar novamente em sua direção.
- Me desce dessa árvore, pai. E eu também quero tomar banho, me sujaram. - Aponta para o braço.
Eles passam o resto da tarde lá, comem bolo e Alphard escuta atentamente o que os garotos falam. James conta sobre como está animado para apresentar Peter e Lene, seus amigos de longa data, à Sirius, Regulus e Remus. Alphard acha engraçado como a parte do “amigos de longa data” como se não se tratasse de crianças de 7 anos. Os meninos ficam animados com os planos de brincarem juntos. Regulus depois de um tempo acaba em um canto lendo e Remus cada vez se solta mais para seus novos amigos, mas continua cuidando para manter o corpo coberto.
Quando começa a escurecer eles vão embora, infelizmente Alphard não conseguiu ver Lyall pois tinha que deixar James cedo em casa, senão seus pais ficariam preocupados. Quando chegam em casa, Regulus puxa Sirius direto para seu quarto e Alphard aproveita para mandar uma carta a Magnos.
Magnos Rosier é um homem poucos anos mais novo que ele, loiro e com olhos azuis como o mar. Ele é gentil, mais do que Alphard um dia mereceria. Eles começaram a trocar cartas e se verem a alguns meses, mas Alphard teve que deixá-lo de lado quando sua irmã morreu e ele se viu responsável por duas crianças pequenas.
Alphard pede desculpas na carta e se explica. Ele torce para que Magnos o entenda, pois o próprio já teve que parar sua vida no passado para cuidar dos irmãos mais novos, os gêmeos Evan e Pandora. Quando envia a carta, torce para ter sucesso, ele gostava de Magnos, tanto que era assustador pois Alphard sempre foi do tipo de casos de uma noite só, mas Magnos era diferentes, eles eram diferentes quando estavam juntos.
Quando envia a carta, Alphard vai à procura dos meninos e recebe um abraço apertado de Sirius. Ele não sabia sobre o que os irmãos conversavam, mas nos dias seguintes os meninos começaram a chamá-lo de pai, e Alphard deixou. Pela primeira vez, em muito tempo, ficou genuinamente feliz com sua vida.
O tempo foi passando, Magnos respondeu a carta e Alphard ficou cada vez mais próximo dos meninos, os seus meninos. Ele gostava de observá-los e ver como cada vez mais os dois se sentiam livres e felizes, a forma como se tornavam expansivos ocupando-se de cada espaço que queriam, chamando atenção de todos com aqueles doces sorrisos e aqueles olhos azuis tão claros que pareciam cristais. Os lindos olhos de cristais de Sirius e Regulus tinham o poder de fazer qualquer um olhar para eles de tamanha admiração com a perfeição de seus rostos.
Alphard amava seus filhos e a forma como ele conseguiu quebrar o ciclo de abusado se tornando abusador que há gerações era incrustado em sua família.
FIM DA PARTE I.
Chapter 8: PARTE II
Chapter Text
“Não tenho certeza de nada, mas a visão das estrelas me fazem sonhar.”
- Vincent Van Gogh
Chapter 9: Sonserina
Summary:
Os irmão Black estão de volta, agora um pouco mais crescidos, e pela perspectiva deles. Bem vindo a parte II de Olhos de Cristais.
Chapter Text
1 de setembro de 1972, Sirius Black
Antes do seu primeiro ano em Hogwarts, Sirius estava tão nervoso em ficar tanto tempo longe do seu irmão que passou as duas semanas antes das aulas dormindo no quarto de Regulus abraçado a ele. Nunca em sua vida havia ficado tanto tempo separado do irmão, e embora tenha amado seu primeiro ano, sentiu saudades de Regulus todos os dias.
Mas agora seria diferente, pois Regulus está indo junto com Sirius para Hogwarts. Eles estudariam juntos, em anos diferentes obviamente, mas estariam juntos. Mesma escola, mesma comunal e os mesmos amigos. Sirius estava nas nuvens com tamanha animação. Ele andava pelo corredor do trem sorrindo de mãos dadas com o irmão enquanto procurava por James.
- Achei! - Grita animado ao ver o vagão que James, Remus e Peter estão.
Aquele ano prometia, eles iriam aprontar muito. Talvez acabassem até recebendo algum berrador, Sirius tinha até medo de pensar o que seu pai falaria em um, provavelmente algo vergonhoso já que detestava brigar e gritar.
- Six! Reggie!
- É Regulus! - As bochechas de seu irmão ficam vermelhas e Sirius tem vontade de apertá-las, mas não faz, pois sabe que levariam um tapa por tal ato.
- James! Me conte como foi as férias? - Sorri largamente para o amigo enquanto se acomoda no assento ao lado de Regulus, em frente aos três amigos.
- Com você? Passamos todos os dias juntos, esqueceu?
- Como poderia, é impossível esquecer James Potter.
- Eca! Vocês parecem um casal de velhos! - Peter faz uma cara de nojo e Remus ri alto com o comentário do amigo.
- Eles agem como um também.
A fala de Regulus faz com que todos riem enquanto o mesmo apenas pega um livro e começa a ler. Seu pai ainda controlava o que o irmão lia, e havia feito Sirius prometer ficar de olho no que Regulus pegasse na biblioteca. Depois de alguns anos ele entendeu porque dá preocupação sobre aquilo. Quando parava para pensar no passado, lembrava de como Regulus tinha algumas falas mórbidas e estranhas, mas também, não dava para esperar muito de uma criança de 5 anos ficcionada em livros de maldições e doenças bruxas.
Também não tinha como exigir normalidade de alguém que havia nascido naquela casa dos horrores. Quando lembra do tempo antes de seu pai Alphard, tinha arrepios em pensar como a vida era assustadora. Viver pisando em cacos de vidros sem poder reclamar, pois eram eles que controlavam tudo.
- Tem alguma ideia de qual casa irá, Regulus? - Peter perguntou animado. Sirius achou uma pergunta muito estúpida, era óbvio que o irmão iria para a Grifinória assim como ele.
- Não preciso ter ideia alguma, é o chapéu que escolhe.
- Contou a ele sobre o chapéu? Achei que tinha dito a ele que seria uma prova secreta super perigosa, tinha até preparado piadas sobre isso. - O olhar de decepção em James é tão grande que faz Remus rir enquanto procura algo em sua mochila.
- Nosso pai contou. - Responde, sem entrar em detalhes.
Eles podem ser seus amigos, mas isso não significa que Sirius contará que o irmão mais novo quase chorou de medo quando ele fez a brincadeira e por isso seu pai teve até que pedir a Dumbledore uma carta afirmando que a escolha era feita por um chapéu de forma pacífica e indolor.
- Que pena, mas Reggie, não tem nenhuma casa que você queira mais do que outra?
- É Regulus.
- Aposto que será Sonserina ou Corvinal. - Remus sorri vitorioso ao encontrar uma barrinha de chocolate no fundo da mochila. Ele come feliz sem nem oferecer aos outros, apenas Remus sendo Remus e deixando Sirius com borboletas no estômago.
- Ei! Não fale isso, ele vem para Grifinória com a gente.
- Lamento te contar Six, mas não tem nada de grifinório em mim. É mais provável eu ir para Lufa-Lufa do que Grifinória.
- Isso é o que veremos! - Afirmou confiante de que o irmão irá para a mesma casa que ele.
☆
Sirius não havia gostado nem um pouco de ir para as carruagens enquanto seu irmão ia de barco com Hagrid. Mas pelo menos agora, sentado na mesa da Grifinória, assistia feliz seu irmão que esperava ser chamado para a seleção.
A única parte chata era a demora, os alunos só podiam jantar quando todos os primeristas fossem selecionados. No ano passado Sirius nem se importou, estava animado demais com a seleção para sentir fome. Mas nesse, só conseguia pensar em como demorava para poder jantar. Bom, nisso e em como em alguns minutos seu irmão estaria sentado ao lado dele.
- Não acha que está muito animado não? Lamento dizer isso, mas talvez Regulus não venha para Grifinória.
- Cale a boca Pete! Ele vem sim.
- Ei! Sem xingamentos Six, Pete só está preocupado que você acabe muito animado e depois se decepcione, e eu também. - James diz ao passar o braço pelos ombros de Peter sorrir para eles.
- Será que isso ainda vai demorar muito? - Remus questiona enquanto come um dos bombons que tem escondido nos bolsos.
Antes que possa pegar outro bombom, Frank Longbottom, monitor da Grifinória, coloca a mão em seu ombro.
- Senhor Lupin, chocolate antes do jantar? Ainda por cima durante a seleção do primeiro ano? Pode ir parando antes que ganhe uma detenção.
- Mas eu não almocei hoje, estou com fome.
Longbottom olha seriamente para Remus, como se tentasse saber se o menino mente ou não.
- Só mais um e depois espere até o jantar. - Ele solta seu ombro e volta para seu lugar e Remus aproveita para enviar logo dois bombons na boca.
- Você almoçou lá em casa hoje, até repetiu três vezes. - James olha confuso para Remus que apenas dá de ombros e mastiga seus bombons.
A seleção ainda continua e para a tristeza de Sirius, Regulus ainda não foi chamado. Pandora acaba indo para Corvinal enquanto Evan acaba na Sonserina, uma pena, ele sabia que os gêmeos queriam ir para a mesma casa.
Pandora e Evan Rosier eram os irmãos mais novos de Magnos, o namorado de seu pai. Os gêmeos acabaram se mudando de vez para sua casa a uns 3 anos, Sirius não sabe bem o que aconteceu, mas algo fez os pais deles perderem a guarda dos dois e Magnos os adotou. Sirius nunca perguntou sobre, assim como eles nunca perguntaram sobre Walburga ou Orion.
Ele não sabia muito sobre o passado dos gêmeos Rosier, mas sabia que tinha sido ruim, assim como o seu e o de Regulus.
- Regulus Black! - Minerva McGonagall, a professora favorita de Sirius, finalmente chamou seu irmão.
Regulus foi calmamente em direção ao banco onde o chapéu seria posto em sua cabeça. Sirius notou como seu irmão repetidas vezes ficava puxando seus dedos. Isso o alarmou, Regulus só puxava os dedos quando estava nervoso, ou, quando começava a perder o controle da sua legilimência.
- Ele tá puxando os dedos, e se for a legilimência? Será que devemos ir lá? Eu vou lá!
Mas assim que James levanta, Frank aparece o fazendo se sentar de novo.
- Eu vou acabar colocando todos vocês de castigo!
- Mas eu e Sirius nem fizemos nada!
- São amigos do senhor chocolate e da criança que não para quieta, já é o suficiente.
Frank tem uma expressão dura no rosto antes de voltar para seu lugar.
- Ignore ele, soube que durante o trem ele e Alice brigaram. - Mary, sua amiga que estava sentado ao seu lado fala enquanto brinca com os cachinhos de seu cabelo. - Aparentemente depois do acidente no ano passado, Frank quer que Alice saia do time de quadribol e ela brigou feio com ele por supor que ela realmente abandonaria seu esporte favorito.
Alice e Frank eram namorados e Sirius se lembra bem do acidente do ano passado. Durante uma partida de quadribol começou a chover muito, uma corvinal acabou deixando os óculos caírem e perdeu o controle da vassoura o que a fez bater em Alice. Ela caiu com tudo no chão e por causa da chuva os professores não conseguiram ajudar. Por sorte Hagrid estava no campo procurando algum animal fujão, ele fez um feitiço que deixou a grama molenga assim suavizando um pouco o tombo. Mas isso não impediu Alice de quebrar diversos ossos.
- Ele vai ficar bravo por alguns dias e depois se rastejar pedindo desculpas a Alice.
- Como sabe que ele que vai pedir desculpas, Remus, talvez ela se arrependa de ter brigado com ele por querer protegê-la de outro acidente, aquele foi feio demais.
- Porque, meu caro Pete, querendo proteger ou não, foi Frank que disse que ela deveria desistir do seu sonho, ela lutou demais para se tornar capitã e está magoada com ele agora.
- Remus Lupin sendo a voz da razão como sempre, senhoras e senhores. - Mary fala ao bater palmas silenciosas ao amigo. - Sirius querido, sabe se o empata-chapéu do seu irmão ainda vai demorar muito? Passei minhas férias inteiras sonhando com a torta de abóbora e está demorando demais.
- Quanto tempo ele está lá?
- Quase 6 minutos.
- Será que a gente tem que ir lá? - Sirius olha nervoso a James que já está pronto para se levantar novamente, mesmo se Frank esganá-lo por isso.
- Não acham que estão sendo muito superprotetores não? Pete quase foi um ano passado e eu fiquei tanto tempo lá que achei que iriam me atacar se eu atrasasse mais o jantar.
- É diferente Remus, Regulus é-
- Eu sei o que ele não é. - Remus lança um olhar sério a Sirius. - E ele não é um bebê que precisa de proteção constante, empata-chapéus são comuns, logo ele será selecionado.
Antes que Sirius possa falar qualquer coisa à Remus, o chapéu seletor fala em alto e bom tom a casa de Regulus deixando Sirius de queixo caído de tamanha decepção.
- SONSERINA!
Regulus vai feliz em direção a mesa da Sonserina e se senta ao lado de Evan. Sirius se sente desolado ao ver que irmão não veio para a mesma casa que ele.
- Relaxa Six, vocês ainda terão muito tempo livre para passarem juntos.
- Mas… eu queria mostrar a comunal para ele, James.
- Ainda pode fazer isso, é só não deixar que os monitores ou os dedos-duros vejam. - Remus tenta o consolar, mas não funciona muito bem, ele estava realmente ansioso com a ideia do irmão indo para a mesma casa que ele.
☆
Dormitório da Sonserina, Regulus Black
Regulus tinha 9 anos quando sua prima Andromeda apareceu em sua casa com uma mochila, um machucado no braço e um anel de noivado. Ele se lembra de gritar por seu pai no instante que abriu a porta e viu o estado da prima. Ela ficou quase uma semana lá e então finalmente ligou para Edward que veio na hora atrás dela. Agora eles estavam casados e moravam em uma casa bonita com muitas flores.
Seu tio Cygnus brigou com seu pai e acabou o queimado da árvore genealógica da família. Regulus não sabia o que significava para si e seu irmão, mas sabia que seu pai sempre o quis longe de seus parentes. Então, nunca se importou quando os convites de jantares e festas pararam de chegar, ele nunca gostou muito do resto da família. Exceto suas primas.
- Você vai mandar uma carta ao seu pai hoje?
- Acho que sim, quer alguma coisa?
- Cuecas, não trouxe nenhuma.
- Porque?
- Só esqueci, acontece.
- Esqueceu ou ficou com preguiça?
- Eu tenho cuecas limpas! Quer uma? - Um garoto com um enorme sorriso no rosto fala os assustando, nem Regulus e muito menos Evan tinham notado ele.
Depois do jantar, os monitores da Sonserina levaram os primeiristas até a comunal e mostraram o quarto de cada um. Regulus e Evan por sorte conseguiram ficar juntos e agora guardavam suas coisas enquanto conversavam. Nem haviam se tocado que tinha outro garoto lá.
- Ahh obrigado… mas tem certeza? Nem nos conhecemos, eu posso usar as do meu irmão.
- Pode nada! Nem pense em chegar perto das minhas cuecas. - Regulus o avisou com um olhar severo no rosto.
- Então eu aceito as cuecas, por favor.
- Aqui. - O garoto lhe entrega umas quatro cuecas muito bem dobradas que tirou de sua mochila. - Me chamo Barty.
- Eu sou Evan e esse é Regulus.
- Sinto que vamos nos divertir muito esse ano. - Seu sorriso é intrigante e ele olha animado para os outros dois garotos.
Os três passam quase uma hora conversando até finalmente irem dormir. Bom, Evan e Barty conversam, Regulus apenas escuta enquanto escreve uma carta ao seu pai.
Querido pai,
Eu fui selecionado para Sonserina! Estou animado em estudar na mesma casa que você e minhas primas. Mas não conte a Sirius que gostei da escolha do chapéu, ele queria que eu fosse para Grifinória com ele, mas por sorte me escapei de ter que usar gravata vermelha. Ainda não conversei com minhas primas, sinto falta de Cissa e Bella então estou animado para falar com elas.
Evan também veio para Sonserina, mas se esqueceu de trazer cuecas, então peça ao tio Magnos que resolva isso por favor. E Pandora foi para Corvinal, eu quase fui para lá, acabei sendo um empata-chapéu, ela está bem, não esqueceu de nada diferente do irmão.
Como as coisas estão aí? Já sabe quando poderei ter o Estrelado comigo?
Com carinho, Regulus.
PS: Poderia mandar junto com o gato, meias novas? Consegui proteger minhas cuecas de Evan mas sinto que vou perder minhas meias para ele e Pandora.
Pandora e Evan adoravam pegar suas meias emprestado, mas sem a parte de devolver após usar. Ele tinha pegado várias, mas sabia que não iriam durar todo o semestre.
E Estrelado era seu gato. A uns dois anos atrás seu pai havia resgatado junto de seu tio Magnos uma gata de rua. A Fofucha, carinhosamente apelidada por Pandora e Regulus, que a pouco tempo atrás apareceu misteriosamente grávida de 6 filhotes. Dois acabaram sendo acolhidos por sua prima Andrômeda, um foi acolhido pela irmãzinha de Peter e os outros três ficaram com eles, o Estrelado, a Meia-Noite e o Pesadelo. O último tendo esse nome pois vivia seguindo seu pai, que ficou irritado com isso e o chamava de “pesadelo que não sumia nunca”, o nome acabou pegando.
A Meia-Noite era de Pandora, que se apegou à gata no minuto em que a viu, já o Estrelado era totalmente seu. Ele adorava deitar no seu colo enquanto lia e dormir em suas roupas, Regulus amava aquele gato e só não o havia trazido consigo pois o bicho se recusou a entrar dentro da gaiola para ir até o trem. Por isso teve que ficar com seu pai, que prometeu levar o gato para ele ainda na primeira semana de aula.
Chapter 10: Primas
Chapter Text
20 de setembro, Regulus Black
Regulus estava prestes a ter um ataque de nervos. Mesmo após vinte dias ainda não tinha conseguido falar com suas primas. Sempre que as via, elas iam embora, o mais perto que conseguiu foi ouvir um “sai de perto antes que a gente tenha problemas por sua causa, pirralho” de Bella.
Ele não é um pirralho, e muito menos queria trazer problemas para as primas. Regulus apenas sentia falta de Cissa, que sempre fazia carinho em seus cabelos e de Bella, que sempre o pegava no colo e o girava. Estar com ela era divertido. Suas três primas eram as únicas pessoas da sua família que sempre tiveram livre acesso a sua casa e passavam a tarde com eles.
Ele se lembra bem do primeiro dia que as viu após ir morar com seu pai. Fazia poucos meses que morava na Itália e seu pai as convidou para passar a tarde lá durante as férias de Natal. Andy passou quase todo o tempo ouvindo música com Sirius mas Cissa e Bella brincaram com Regulus, Cissa fez uma trança em seu cabelo e contou histórias e Bella brincou de cavalinho com ele, ela corria por toda a casa com Regulus em suas costas enquanto a irmã gritava para ela tomar cuidado e não derrubá-lo.
Ele só queria aquilo de volta, o carinho, a atenção, a diversão. Sentia falta das primas em sua vida. E era por isso que tinha seguido Cissa até a biblioteca e só iria deixá-la em paz quando a mesma prometesse voltar para sua vida e trazer Bella junto.
- Cissa!
A menina loira toma um susto tão grande que chega a deixar seus livros cair. É somente os dois naquela seção e Regulus não vai desistir do que quer. Cissa tem um olhar firme sobre Regulus, totalmente o oposto do carrinho no olhar que sempre teve por ele.
- Vá embora Regulus!
- É Reggie, e eu só saio daqui quando você e a Bella pararem de fugir de mim!
- Olha Regulus, eu não queria dizer isso mas não somos mais primos! Alphard foi queimado da árvore da família, o que significa que você e seu irmão só são aceitos se abandoná-lo, você quer abandonar seu tio?
- Ele é pai! E quero ficar com ele!
- Então lamento em dizer isso mas não somos mais uma família.
As lágrimas caem aos montes pelos olhos de Regulus, o que parece deixar Cissa desconcertada pois a mesma logo o envolve em um daqueles calorosos abraços que Regulus sempre gostou. Ele sentia falta dos abraços mas aquilo não havia sido o suficiente para acalmá-lo. Regulus chorou por mais um tempo.
Em algum momento ele se acalmou, e foi quando percebeu que estava no chão, no colo de sua prima que fazia carinho em seu cabelo.
- Está melhor? Foi a legilimência?
- Não, minha prima foi má comigo, isso me faz chorar.
- Regulus, você tem que entender q-
- É Reggie! É Reggie! Sempre foi Reggie porque agora é diferente? Porque tudo tá diferente só porque sua irmã foi embora?
- Ela traiu a família, escolheu fugir para ficar com um nascido trouxa qualquer!
- Mas… mas ela não fugiu.
- O que?
Regulus podia ser ainda menor quando aquilo aconteceu, mas se lembrava bem que não foi escolha de Andy ir embora de casa. Ela não queria abandonar as irmãs com os pais malvados. Andrômeda era como Sirius, e seu irmão nunca o abandonaria.
- Eu ouvi a conversa dela com meu pai. Ela não fugiu, Edward pediu ela casamento mas Andy disse que só aceitaria se casar daqui a alguns anos. Ela queria ficar morando com os pais até que você e Bella terminassem os estudos e casassem com os pretendentes, ela queria ficar e só sair quando vocês saíssem, mas o tio Cygnus descobriu sobre o noivado e brigou com ela.
- Ele expulsou ela?
- Sim, depois de machucar Andy, ela apareceu em casa com um corte horrível no braço. Eu ouvi ela falando pro papai que o tio Cygnus disse que seria misericordioso e deixaria ela levar uma mochila com suas coisas e não mataria Edward, mas para isso precisaria ir embora sem dar tchau e nunca mais falar com vocês.
- Não acredito que papai fez isso…
- Você sente falta dela?
- Todos os dias desde que ela se foi.
- A Bella também?
- A Bella também.
- Cissa?
- Sim, Reggie?
- Não me deixa fora da tua vida não, me colocar de volta? E trás Bella também…
Sua prima gentilmente o tira de seu colo e lhe dá um beijo em sua cabeça.
- Vou ver o que posso fazer. Não é justo o ódio do meu pai respingar no amor que eu e Bella temos por você, meu menino.
☆
25 de setembro, Sirius Black
- Impressionante como nem deu um mês, e já pegamos detenção. - Peter murmurou irritado ao raspar uma gosma estranha de um dos caldeirões.
Na segunda semana de aula, eles invadiram a cozinha e sem os elfos verem, adicionaram na massa dos bolos um remédio trouxa chamado “lachiante” . Ou pelo menos Sirius achava que esse era o nome, ele só sabia que o coisa dava uma caganeira poderosa e que Remus tinha conseguido uns 7 vidrinhos daquela coisa poderosa. Fez com que mais da metade dos estudantes e dos professores passassem o resto do dia no banheiro.
- Bom, nada teria acontecido se Minnie não fosse tão dura com a gente! Mesmo sem provas ela nos acusou!
- Ela teve provas, James! Você e Sirius ficarem rindo que nem umas hienas quando os estudantes foram um a um correndo para fora do Salão Principal. E também teve o fato de que Remus nem tocou no bolo. Foi assim que ela soube que era aquilo que estava fazendo o povo se cagar nas calças!
- Ei! Você queria o que? Que eu comesse o bolo pra despistar a professora? Mas nem ferrando!
- Mas poderia ter ajudado! Afinal quem faz uma pegadinha com laxante e come a comida? Se você tivesse comigo e os dois patetas não tivessem rido, talvez não estaríamos aqui até o resto do mês.
- Nem fudendo que eu comeria aquela merda! Já tive caganeira a uns anos e quase morri de tanto barro que soltei.
É inevitável que os quatro não caiam na gargalhada com a fala de Remus. Sirius ri tanto que sua barriga chega a doer e durante o resto da detenção eles planejam táticas para não serem pegos na próxima vez. Remus era o que tinha a boca mais suja entre eles, e Sirius não tinha problema nenhum com isso. Ele era tão lindo .
Quando finalmente ficam livres, Remus vai com Peter para a biblioteca enquanto James e Sirius voltam para o dormitório.
- A nossa sorte foi que Minnie deixou em segredo que foi a gente que fez isso.
- Verdade James, os alunos teriam nos batido tanto.
- Você contou ao seu irmão certo? Não lembro dele comendo bolo naquele dia.
- Eu avisei ele porque sei como Reggie gosta de bolo, pera… desde quando você presta atenção até no que ele come de café?
- Meu caro Sirius. - James fala presunçoso e colocando sua mão no ombro de Sirius. - Já te falei, eu ainda vou me casar com aquele garoto.
- Dúvido, Reggie vive te dando patada, e eu não te dou minha benção.
- PORQUE? - James olhou indignado para Sirius que apenas deu de ombros.
- Não quero que você beije meu irmão, foi mal.
- Mas em algum momento alguém vai beijar, ele não vai ser criança para sempre.
- Mas eu vou estar lá para sempre para impedir que isso aconteça.
Mas antes que James possa retrucar, Regulus aparece correndo na direção deles até alcançar Sirius e abraçá-lo, que aceita feliz o gesto. Seu irmão tinha as bochechas rosadas e estava ofegante de tanto correr.
- Oi Reggie!
- Six! Advinha o que aconteceu?
- Humm, você ganhou uma detenção?
- Eca! Não! Eu não sou nenhum arruaceiro como vocês que além de aprontarem e ainda são tontos o suficiente para serem pegos.
- Tecnicamente fomos vítimas de um preconceito que Minnie tem sobre a gente.
- Cale a boca James, você foi pego por ser idiota, não por preconceito. - A fala de Regulus é ríspida, mas James apenas sorri para o garoto.
- O que aconteceu, Reg?
- Cissa me chamou para um piquenique com Bella e os namorados delas. Você também vai.
- Eu vou?
- Sim, eu confirmei.
- Confirmou em meu nome sem nem falar nada?
- Exato! E você vai.
Antes que Sirius possa dizer qualquer coisa, Regulus vai embora sorrindo. Ele nunca gostou de Narcissa e Bellatrix como Regulus gosta, sempre se deu melhor com Andy. Mas se seu irmão está feliz em conseguir ficar perto delas, então Sirius irá sorrindo a esse piquenique e fará o que for necessário para o Regulus voltar às graças das duas.
Ele sabia como o irmão sentia falta delas, não tinha como não sentir falta de duas pessoas que fazem tudo para te agradar. E Narcissa e Bellatrix, por mais enojadas que fossem, tratavam Regulus como um príncipe.
- Ele me chamou de idiota.
- Sim, chamou.
- Já falei que vou casar com ele? Porque eu definitivamente vou!
- James.
- O que?
- Você é um idiota.
- Um idiota e o futuro marido de Regulus Arcturus Black!
Chapter 11: Desviado
Notes:
Oi, não sou do tipo de por avisos antes ou depois dos capítulos, sou mais leia por sua conta e risco. Mas revisando esse capítulo e planejando os próximos percebi que talvez acabe sendo pesado para leitores sensíveis. Então se você é do esse tipo de leitor tenha cuidado e faça pausas se necessário. Espero que tenham todos uma boa leitura!
Chapter Text
28 de outubro, Regulus Black
Depois do piquenique, as coisas ficaram estranhas por um tempo. Cissa voltou mais rápido ao que era antes de Andy ir embora, mas Bella demorou mais até voltar a ser a prima que Regulus tanto amava. Pelo menos, em algum momento elas chegaram lá e agora Regulus as tinha de volta. Além disso, ganhou um Malfoy e os gêmeos Lestrange de brinde, pois os três sempre estavam na volta de suas primas.
Lucius Malfoy era o noivo de Narcissa desde que eles tinham doze anos. Ele era egocêntrico, meio esnobe e um supremacista de nariz empinado, mas sempre dava algum doce a Regulus e havia elogiado seu gato uma vez, então Regulus gostava dele, pelo menos quando não estava falando algo maldoso. Rodolfo Lestrange era noivo de Bellatrix desde os 14 anos, ele era divertido, um pouco supremacista de sangue às vezes, mas ele deixava Regulus subir em suas costas e sempre sorria para ele. Rodolfo e seu irmão Rabastan eram legais com ele, o ajudavam a pegar os livros do alto na biblioteca e sempre perguntavam se ele precisava de ajuda em algo.
Não ter Sirius, muito menos seu pai, por perto o tempo todo era um desafio. Além das aulas, eles moravam em comunais diferentes, então a disponibilidade de ajuda que os gêmeos Lestrange lhe davam auxiliou muito Regulus a lidar com o fato de não ter o irmão disponível para fácil acesso o tempo todo. Se precisasse de ajuda em alguma coisa e Sirius não estivesse lá, Rodolfo ou Rabastan o ajudavam. Ele adorava os dois por isso.
- Eu já terminei minha lição, então vou atrás de Dora, até mais tarde. - Evan sorri alegre por finalmente se livrar do dever de Herbologia e poder ir procurar a irmã.
Regulus, Evan e Barty sempre iam juntos para a biblioteca para fazer o dever. Regulus gostava da biblioteca e Barty dizia que se fizesse o dever no quarto acabaria dormindo em sua cama ou brincando com seus cartões de Sapos de Chocolate, ele tinha uma coleção absurdamente grande.
Às vezes, Evan ia embora antes, para se encontrar com sua irmã.
- Como ele sempre termina o dever antes da gente?
- Eu terminei o meu a uns dez minutos.
- O que faz aqui então?
- Estou lendo. Agora termine sua redação sobre mandrágoras, Bartemius.
- Sempre termina primeiro o dever?
- Sim, e aproveito o tempo para ler, o que quero continuar fazendo.
- Porque não volta para o dormitório? Sei que prefere ler sentado na sua cama com o gato malvado.
O Estrelado, seu gato, havia sido trazido por seu pai no final da sua primeira semana em Hogwarts. E, aparentemente, da mesma forma que o gato não morria de amores por seu irmão, também não gostava de Barty. Estrelado já havia arranhado seu amigo duas vezes, que agora odiava o gato.
- Agradeça que estou aqui te esperando e termine esse dever em silêncio.
Barty não diz nada, mas Regulus o vê sorrindo. Sua amizade com ele foi algo natural, simplesmente aconteceu e agora eles juntos de Evan eram um trio tão unido que pareciam já estar juntos a anos. Gostar de Bartemius Crouch Jr. foi tão natural para Regulus como gostar de Evan Rosier. Eles eram seus amigos, ele gostava de tê-los por perto.
- Reg? - Barty o chama timidamente.
- Sim?
- Me ajuda? Não consigo entender essas madragas.
- Mandrágoras.
- Porque a herbologia tem que ser tão difícil?
Regulus não responde nada, ao invés disso apenas fecha seu livro e manda Barty ir um pouco pro lado, assim dividindo a cadeira com o amigo.
- Vamos do começo, qual parte está te confundindo?
- Bom, o começo… o meio e… o fim.
- Merlin! Bartemius você só escreveu cinco linhas em uma hora? E ainda escreveu informações erradas.
- O que? Mas eu… eu li os livros, porque estou fazendo tudo errado? Porque sou tão burro que nunca entendo nada…
Barty tem um olhar cabisbaixo, o que deixa Regulus incomodado. Ele não gosta de ver o outro triste, Regulus quer que ele pare com aquilo.
- Você não é burro Barty, só tem dificuldade em uma matéria o que é normal. Agora pare de ser triste que está me incomodando.
Eles levam quase duas horas até o dever finalmente estar pronto. Regulus teve que explicar todo o conteúdo mais de uma vez, o que o irritou, mas ver a satisfação no rosto de Barty após finalmente entender o fez a raiva valer a pena.
Em algum momento, Regulus acabou sendo pego desprevenido ao ser abraçado por Barty. Que parece se recusar a soltar o garoto.
- Regulus, você é o melhor amigo que eu poderia pedir, obrigado!
- Bartemius… gostei do abraço.
- Que bom porque eu tenho vários!
Regulus podia ser pequeno mas se lembrava bem do seu tempo no Grimmauld, com aqueles dois, ele se lembra de como era frio e assustador, se lembra da crueldade das palavras de Walburga e do olhar amaldiçoado de Orion, eles não eram bons pais e Regulus chorava por não ter o amor deles quando era bem pequenino, não que agora fosse grande. Era fácil associar o vazio e a falta de carinho àquela casa, principalmente quando passou a viver com seu pai.
A casa cheia de música que seu irmão adorava, os ursos de pelúcia espalhados pelo seu quarto, o carinho de seu pai e os abraços de Euphe fizeram sua vida ser quentinha e confortável de um jeito que nunca pensou ser possível aos 5 anos. Por isso, ele gostava de abraços e toques com cada pedacinho de seu ser, eles o lembravam do conforto de seu lar, seu lar de verdade.
- Barty? - Chamou o amigo, que ainda estava agarrado nele enquanto Regulus tinha sua cabeça escorada no ombro do amigo.
- Sim?
- Quer jogar xadrez bruxo? E depois chamar Evan, Dora e Dorcas para pegar pipoca de chocolate na cozinha e comer enquanto conversamos?
Dorcas Meadowes era uma garota da Sonserina. Ela tinha se tornado amiga deles e os cinco gostavam de comer alguma coisa enquanto conversavam no pátio sobre qualquer assunto. Na última vez Dorcas contou sobre a briga e reconciliação do monitor da Grifinória e a capitã do time de quadribol da mesma casa.
Aparentemente, segundo Marlene McKinnon que ouviu de Mary McDonald, Frank Longbottom e Alice Prewett brigaram pois Longbottom queria que a namorada saísse do time de quadribol o que a deixou furiosa, mas agora estavam bem pois ele havia feito uma grande declaração de amor e pedido desculpas tantas vezes que alguns alunos da grifinória acabaram indo até Prewett pedir para ela o perdoar pois não aguentavam mais o humor de “coração partido” do monitor.
Regulus achava que seria divertido ouvir mais histórias, e aquilo poderia alegrar Barty depois de quase ter uma síncope por não entender a matéria. Mas antes que o amigo possa responder algo um grito agudo e estridente os assusta fazendo com que os dois se separem. Regulus quase caí da cadeira mas por sorte o braço de Barty ainda estava em suas costas o ajudando a se equilibrar.
- Que pouca vergonha é essa? - Dolores Umbridge, monitora da sonserina, anda apressadamente até eles com um olhar raivoso em seu rosto feioso. - Não vão dizer nada?
- A gente só estava fazendo a lição, Reg me ajudou com meu dever de herbologia.
- Como? Passando a informação através de contato físico? Acho que não.
- Estava agradecendo, pela ajuda.
- Essa não é a maneira certa de agradecer, meninos não devem ficar abraçados desse jeito, muito menos dividindo a mesma cadeira! Saia já daí Bartemius Crouch!
Barty sai assustado indo direto para a outra cadeira. Regulus fica furioso com aquilo, odiava quando gritavam com ele. Isso o lembrava dela e ele odiava se lembrar daquela época e daquele monstro.
- Para com isso!
- Isso o que, Regulus Black?
- De gritar que nem uma pata esganiçada!
- Seu insolente!
Dolores fica vermelha de tanta raiva, o que faz um contraste horroroso com o uniforme da sonserina e a tiara rosa feia que ela usa na cabeça. Aquela mulher era tão feia que deixava Regulus toda a vez que a via, abismado com o fato de que havia tanta feiura no mundo.
- Só sou insolente com pessoas que merecem! Como você sua marmota cor de rosa feia!
O estalo do tapa é tão alto que chega antes da ardência. Regulus pode sentir sua bochecha queimando e mesmo não podendo ver, sabe que está vermelho essa parte de seu rosto.
- Você bateu nele! - O olhar assustado no rosto de Barty é tão grande que parece deixar Dolores desconcertada por um segundo antes de voltar a si.
- Venham! Os dois para o castigo!
Regulus está em choque com o tapa e Barty parece querer reclamar mas o aperto de Dolores no pulso de cada um parece tanto que os deixa assustados demais para falar algo. Se naquela parte da biblioteca parecia vazia, o lugar onde ela os leva parece abandonado.
Dolores os larga encurralados no canto de um corredor abandonado e empoeirado da biblioteca. Ela pega em sua bolsa dois pedaços de pergaminho e uma pena rosa estranha.
- Porque estamos aqui? - Barty questiona assustado.
- Para a detenção dos dois. - O sorriso no rosto de Dolores é tão sádico que deixa Regulus acuado ao se lembrar da última vez que viu um sorriso dessa forma. - Se sentem, para que possam escrever melhor.
Lentamente, os dois acabam sentados de pernas cruzadas no chão e Regulus se sente cada vez mais acuado perto da feiura Umbridge.
- Vocês vão escrever a frase que eu vou dizer no papel, primeiro Crouch e depois você, Black.
- Devemos escrever quantas vezes?
- Uma já deve ser o suficiente, Crouch. Saibam que são os primeiros a testar a caneta, sintam-se especiais com essa honra.
O sorriso de Dolores parece não ir embora nunca, o que o incomoda cada vez mais. Ela se abaixa na altura deles e entrega os pergaminhos.
- Escreva “não devo agir como um desviado”. - Dolores coloca a pena na mão de Barty que tem seus olhos arregalados ao ouvir aquilo.
Regulus consegue se lembrar bem de já ter ouvido aquela palavra durante o Grimmauld mas não consegue se lembrar do que ela significava. Já Barty, parece saber bem o que “desviado” quer dizer. Leva alguns segundos até ele começar a escrever e quando termina Dolores rapidamente pega a pena e entrega a Regulus.
- Sua vez, escreva “não devo agir como um desviado e nem ser insolente”.
- O que é desviado?
- ESCREVA!
Regulus escreve aquelas palavras o mais rápido possível na tentativa de que Dolores não grite mais e os deixe ir. Sua cabeça estava começando a doer, ele precisava de seu gato e sua cama urgentemente antes que sua legilimência o controlasse. Ele odiava quando tinha algum surto e mesmo que agora conseguisse lidar e controlá-los, ainda eram horríveis. E para piorar, não tinha seu pai, nem seu irmão ali para acalmá-lo.
- Agora é só esperar.
Antes que Regulus pergunte o que tinha que esperar, Barty começa a gemer de dor enquanto segura sua mão. E então a mão de Regulus começa a doer e é quando ele vê as palavras se formando como cortes em sua mão. A ardência beira o insuportável enquanto a sua letra é gravada em sua pele.
Quando a frase é completa a dor some um pouco, mas a ardência ainda está lá marcando presença total. Regulus percebe que Dolores já havia ido embora junto da pena e dos pergaminhos e Barty chora silenciosamente ao olhar para sua mão agora marcada enquanto resmunga entre soluços.
- Meu… meu… pai vai… brigar… comigo… quando… quando ver o que tá… es…crito…
- O que é desviado?
- Algo… muito ruim… papai odeia…
- Mas, o que é? Eu lembro de ouvir quando era pequeno.
- Você ainda é pequeno.
- Bartemius!
- Desviados são…pessoas que saíram do caminho certo, bichas, meu pai… diz que eles estão fadados ao fracasso…
- Meu pai é uma, e ele tem dinheiro o suficiente para comprar o seu pai e todos os outros pais de Hogwarts, então acho que o fracassado aqui é o seu pai.
- Você não entende, meu pai não é como o seu, ele não é legal e amável. Se um dia eu fosse um desviado… ele nunca me perdoaria.
- Eu não te perdoaria por isso. - A voz de Regulus e calma enquanto Barty tem uma expressão de completo horror em seu rosto direcionado a ele. - Eu não te perdoaria porque não tem nada a perdoar, isso não é uma monstruosidade Barty.
Barty não disse nada, apenas acenou de leve com a cabeça.
- Minha mão tá doendo.
- A minha também. Será que vai demorar muito para sair?
- Reg, é por isso que estou com tanto medo do meu pai, isso foi feito com magia.
- Cicatrizes mágicas também somem, é raro e difícil para fazer sumir mas é possível. Meu pai sumiu com várias que tinha com um creme que criou, ele também usou em mim e meu irmão um tempo depois que a gente estava com ele. Não funcionou em tudo, mas algumas sumiram.
- Reg, você sabe sobre tudo, me diz, existe alguma coisa que possa marcar a pele? Desse jeito?
- Não conheço nada assim, ela disse que a gente seria os primeiro a testar…
Conforme os segundo passavam, a dor não se ia, Regulus se lembrava cada vez mais dos crusius e todas as outras azarações dolorosas que Walburga e Orion jogavam nele. Era como se a ardência em sua mão tivesse o puxando para um passado frio e doloroso.
- Reg, acho que isso não vai sair, Umbridge não faria algo que simplesmente sairia, ela é má demais para isso.
- Porque ela é monitora? Porque não para de doer?
Regulus pode sentir as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.Ele se sente cada vez mais cansado, exausto de tudo aquilo. Sua bochecha arde do tapa, sua mão não para de doer com aquela bendita frase que rasgou a pele imaculada de sua mão, um dos poucos lugares que nunca tinha tido uma cicatriz, agora tinha a marca de uma frase horrenda o chamando de desviado e insolente.
- O professor Slughorn é meio desatento para essas coisas, mas acho que ele não vai deixar ela continuar depois disso. Acho que vou para enfermaria, não para de doer… você vêm também?
- Quero alguns minutos sozinho…
Ele não vê Barty indo embora, mas percebe que o amigo não está mais lá quando se deita na busca de algum conforto. Não funciona, o chão é gelado e sujo, o que só o incomoda ainda mais. Sua cabeça lateja cada vez mais forte e em algum momento Regulus rasteja até estar em posição fetal em completo pavor com as vozes que gritam em sua cabeça.
Onde fica a parte de história da magia?
Porque nunca acho os livros que quero!
Será que aqui é mesmo um bom lugar para amassos?
Estou com calor.
To com fome.
Odeio astrologia.
Porque Macus Fingan beija tão mal?
Cadê esse livro!
Vou matar Ambrose por espalhar que tenho bafo!
Tomara que tenha peixe no jantar.
As vozes gritavam cada vez mais alto como se as pessoas estivessem ao seu lado e não espalhados por toda a biblioteca. Cada vez mais as vozes eram mais altas, a sua mão doía, sua bochecha ardia e a cabeça latejava. O chão parecia mais gelado e ele se sentia sujo por ter deitado nele.
Regulus se sentia tonto com todas aquelas sensações, então em algum momento ele apenas fechou os olhos e tudo pareceu acalmar.
Chapter 12: Dor
Chapter Text
28 de outubro, Regulus Black
Em algum momento, Regulus abriu os olhos. Ele ainda estava no chão gelado e duro. Mas sua cabeça não doía mais e a ardência em sua bochecha havia sumido. No entanto, o incômodo na mão ainda estava lá, e o pior era que a frase que estava gravada em sua mão antes imaculada. O encarando, lembrando Regulus do fraco que era por não ter tido forças para impedir aquilo.
Lentamente ele se levanta e começa a procurar a saída da biblioteca. Regulus quer urgentemente seu irmão, mas ele não sabe a senha da comunal da Grifinória, ela mudava toda a semana assim como na Sonserina.
Ao ir em direção a porta, Regulus tem a impressão de ouvir o professor Slughorn o chamando de dentro de um dos corredores de livros, mas o professor está longe e Regulus sente que não tem forças de ir até lá saber o que o homem quer. Ele podia até ser um professor, mas Dolores era monitora, devia cuidar dos alunos e mesmo assim fez aquilo com ele e Barty. Regulus não confiava mais em monitores, e não queria dar a chance de se decepcionar com os professores.
Por isso, ele apenas segue em frente até a sua comunal. Ele queria suas primas, se não sabia a senha para ir para Grifinória atrás de Sirius, então queria suas primas. Mas quando finalmente passa pela comunal e vai em direção aos dormitórios femininos, dá de cara com Dolores nas escadas brigando com duas meninas do segundo ano. Na hora Regulus congela de tamanho susto e quando consegue se mover vai na direção oposta.
Ele pode sentir mais lágrimas se formando e escorrendo pelo seu rosto quando chega na parte dos dormitórios do sétimo ano e percebe que não sabe qual o dormitório dos Lestrange.
- Tá perdido moleque? - Regulus escuta alguém falando atrás dele com deboche, quando se virá, o garoto de cabelos espetados olha em choque para ele. - Porque cê tá chorando? Tá procurando alguém?
- Rodolfo e Rabastan. - Sua voz saiu embaçada por causa do choro, o que parece deixar o garoto ainda mais aflito.
- Certo… ahm… meu nome Jace Carrow, eu te levo até o quarto deles. Mas para de chorar, tá?
Regulus não consegue parar, na verdade as lágrimas acabam saindo até com mais intensidade depois do que o garoto falou para ele. Carrow acaba tocando de leve em seu ombro o guiando até uma das últimas portas do corredor. O garoto bate na porta enquanto Regulus apenas chora de alívio da esperança de um dos gêmeos saber o que fazer.
- O que… que porra é essa Carrow! Porque ele tá chorando?
- Não faço a mínima ideia, só sei que ele estava procurando por você e seu irmão.
Carrow vai embora assim que termina de falar e Rabastan logo puxa Regulus para dentro do quarto onde Rodolfo que estava deitado na cama o olha assustado e rapidamente vem em direção a eles.
- O que aconteceu, Reg? - O tom de Rodolfo é calmo enquanto seca as lágrimas de Regulus que caem sem parar.
Regulus não diz nada, apenas mostra sua mão para dois que ficam em completo silêncio. Rabastan se abaixa e gentilmente pega a mão de Regulus.
- Está doendo?
- Não para de arder desde que apareceu.
- Alguém fez isso com você? Sabe dizer quem?
- Ela… ela mandou eu e Barty escrevermos no pergaminho mas apareceu nas nossas mãos, tá doendo Ras…
- Certo, vamos fazer assim. Eu vou buscar Bella e Cissa e vamos resolver toda essa situação. - O tom de Rodolfo é calmo enquanto o mesmo parece tirar uma pijama de seu guarda-roupa. - Ras, coloca ele no banho e faz esse pijama ficar no tamanho dele.
Rodolfo saiu às pressas do quarto e Regulus acabou sendo guiado para dentro do banheiro por Rabastan, que encheu a banheira de água e colocou alguma coisa que as deixou tudo cheio de bolhas de sabão roxas.
- São calmantes.
- Porque vocês têm bolhas calmantes?
- São do Rolf.
- Porque ele as tem?
- Já conheceu a sua prima?
- Ela é minha prima, conheço ela desde que nasci.
- Então sabe porque meu irmão precisa de bolhas calmantes.
Rabastan joga algum feitiço nas roupas que as deixam do tamanho de Regulus e logo sai do banheiro lhe dando um pouco de privacidade.
Aquela altura Regulus já havia se acalmado um pouco por saber que eles iriam resolver tudo. Sabia que suas primas, principalmente Bella, saberiam o que fazer e era só questão de tempo até Regulus estar bem novamente e encontrar com Sirius. Talvez Bella até descobrisse a senha da Grifinória para Regulus conseguir visitar o irmão. E quem sabe, ofender James, fazia tempo que ele não fazia isso.
Quando entra na banheira, sente uma fagulha de alívio ao ter contato com a água quente. Ficar sentado naquela banheira de bolhas roxas realmente o acalmou. Regulus não sabe quanto tempo ficou lá apenas brincando com as bolhas, mas em algum momento ele ouviu um “QUE PORRA MACHUCOU O REG?” de sua prima Bellatrix e soube que já estava na hora de se vestir e sair do banheiro.
Assim que passa pela porta dá de cara com suas primas, a mais velha parecendo furiosa enquanto a mais nova tem um olhar profundo de pura preocupação. Bella rapidamente o pegou como um saco de batatas e o colocou sentado em uma das camas do quarto. Seu olhar é de pura raiva e ódio.
- Eu ajudei Barty na lição e ele me abraçou por isso.
- E como isso causou essa merda na sua mão?
- Bella! - Cissa a repreendeu e logo se sentou ao lado de Regulus a começou a fazer carinho em sua cabeça. - Sem palavrões na frente de Reg, ele é só uma criança.
Bella não parece muito feliz com isso, mas ela respira fundo várias vezes até olhar novamente para Regulus.
- Meu querido, continue a história para eu saber quem tenho que ma… conversar.
- A monitora da Sonserina gritou com a gente por isso e eu respondi que ela não podia gritar então ela levou Barty e eu para um canto na biblioteca e mandou a gente escrever a frase que ela mandasse no pergaminho usando uma pena estranha. E então isso apareceu nas nossas mãos, e não para de doer.
Novamente as lágrimas se formam em seu rosto com a constatação de que aquilo nunca sairia e que talvez doesse para sempre. Rapidamente, Cissa seca suas lágrimas e dá um gentil e doce beijo em sua bochecha.
- Ótimo, já sei quem foi então já volto!
Bella parte determinada em direção a porta com sua varinha na mão. Mas antes que vá, Rodolfo a agarra pelos ombros.
- Meu lindo raio de trevas! Caso não se lembre temos duas monitoras na Sonserina, não seria melhor saber qual delas antes que acabe pegando a errada?
- Realmente seria um desperdício gastar meus feitiços com o alvo errado. Qual delas foi Reg? Lisandra ou Dolores?
- Dolores.
Sua prima sai imediatamente do quarto após ouvir o nome de Dolores e Rodolfo vai atrás da noiva gritando algo sobre não poder matar e nem usar imperdoáveis pois não quer se casar em Azkaban.
- Cissa?
- Sim, querido?
- Quero meu irmão.
- Certo, bom… eu tenho que ir atrás de Bella para garantir que ela não vai fazer nada muito… Bella. Eu não tenho a senha da grifinória, desculpe.
- Não pode descobrir?
- Eu não, mas acho que Lucius consegue. Ras, leve ele até Lucius e depois até o irmão.
Rabastan concorda e Cissa sai rapidamente do quarto após dar um beijo em sua testa. Regulus acaba sendo guiado por Rabastan até uma das primeiras portas do corredor onde encontram Lucius em sua cama envolta de diversos livros e pergaminhos.
- Já começou a estudar para as provas? Temos duas semanas ainda.
- É por motivos assim que tenho notas excelentes enquanto você se afunda em aritmancia.
- Sou o Rabastan, Lucius. É o Rodolfo que é ruim nessa matéria, não eu.
- Tanto faz, o que te traz aqui? De pijamas, Regulus? Meio cedo para ir dormir.
- Sobre isso cara… a gente precisa de uma ajudinha. - Rabastan fala e logo direciona Regulus até a cama de um dos colegas de quarto de Lucius.
Lucius parece perceber que algo está errado mesmo não vendo a mão de Regulus e o estrago nela pois ele logo oferece alguns esqueletos de chocolate a Regulus que come feliz.
Ele não presta atenção no que Rabastan conta a Lucius mas parece ter sido tudo pois Regulus logo recebe um saco de varinhas de alcaçuz e não é comum receber muitos doces de Lucius, ele sempre dizia que estragava os dentes comer muitos doces.
Cissa uma vez tinha dito que Lucius não gostava muito de crianças, mas queria que ele e Sirius gostassem dele por serem primos da sua noiva. Então mesmo não gostando de doces, exceto os de alcaçuz, ele tinha um estoque de doces para dar a Regulus e Sirius quando os visse. Embora fosse um esnobe, Lucius Malfoy se esforçava pela sua família e pela família de Cissa, e isso era o suficiente para Regulus gostar dele, pelo menos um pouco.
- Vamos atrás do seu irmão, Reg?
Regulus não diz nada, apenas agarrava firme o saco de alcaçuz e segue os dois adolescentes. Rabastan acaba segurando a mão de Regulus enquanto o guia para fora da comunal. Assim que os três saem da comunal, Lucius quebra o silêncio que havia se instaurado.
- Certeza que seu irmão está na comunal da grifinória, Reg? - Pergunta calmamente enquanto olha em volta do corredor parecendo procurar por algo.
- Sim, ele já saiu do castigo e hoje não tem treino de quadribol.
- Ele está em que posição?
- Batedor.
E James é artilheiro, pensou, mas não disse nada sobre o melhor amigo do irmão. James Potter era irritante de tão fofo e Regulus sempre se estressava quando estava perto dele.
Quando estão quase chegando, Lucius murmura algo a Rabastan e sai de perto, quando volta, traz consigo um garoto assustado que não parece ser muito mais velho que Regulus. O menino parece apavorado, e assim que ficam de frente com o quadro da mulher gorda, ele diz a senha e corre para dentro, deixando a porta aberta.
Por algum milagre, Sirius está na sala da comunal, sentado em uma poltrona ao lado de uma vitrola. Seu irmão conversa animado com James, mas assim que o vê, uma expressão de pura confusão brota em seu rosto.
Regulus corre em direção ao seu irmão e se aloja confortavelmente em seu colo. Ele nem nota que as lágrimas voltam a cair, já havia chorado tanto naquele dia, que aquela ação já havia se tornado supérflua. Sem prestar atenção no que Sirius diz, e muito menos nas pessoas a sua volta, Regulus apaga nos braços do seu irmão, mas não sem antes murmurar um pedido a ele.
- Eu quero meu Estrelado…
☆
Os dias que se seguiram foram conturbados para dizer o mínimo. Pouco depois de Regulus encontrar os braços do irmão, a professora McGonagall apareceu ofegante e preocupada, aparentemente ela e o professor Slughorn estavam rondando por todo o castelo em busca de Regulus. Barty havia contado a eles e a enfermeira Pomfrey o que havia acontecido.
Regulus acabou sendo obrigado a acordar e ir para a enfermeira onde encontrou o amigo que tinha a mão enfaixada e comia torta de abóbora. Obviamente ele só aceitou ir pois o deixaram ficar com o gato, que foi trazido por Pandora e Rabastan. Pandora, Evan e Dorcas ficaram até o horário de dormir juntos a Regulus e Barty.
Nem é preciso falar que Sirius e James não saíram de seu lado nem por um segundo, os dois ficaram com ele o tempo todo. Infelizmente, Regulus acabou sendo obrigado a passar a noite na enfermaria, o que acabou não sendo tão ruim, pois James e Sirius invadiram o lugar logo após serem expulsos e dormiram no chão ao lado da sua cama. Regulus tem quase certeza que ouviu o irmão falar algo sobre James ter sua benção, mas não deu ouvidos àquilo pois estava cansado e com sono.
No dia seguinte, acordou com seu pai o observando e foi quando soube que voltaria para casa por alguns dias. Regulus não sabe todos os detalhes do que aconteceu depois disso, apenas que seu pai brigou tanto com o diretor e os pais de Dolores que acabou sendo inevitável a expulsão da monitoria.
E pelo visto, Dolores estava em péssimos estados, parecendo conturbada como se tivesse sido atacada. Regulus sabia que aquilo era fruto da prima, e adorou saber disso. Antes de voltar para casa, deu um forte abraço em Bella e Cissa e agradeceu a elas e aos outros três pela ajuda. O que rendeu mais alguns doces vindos de Lucius.
A marca não sumiu, apenas cicatrizou. Seu pai explicou que era uma magia em fase de testes, com vários erros e por isso a dor demorou tanto a sumir, mas a cicatriz seria para sempre. Regulus chorou por quase dois dias até que seu pai encontrou uma solução junto com seu padrasto. Um colar com um pingente de gato que quando ele usava o cicatriz não aparecia, era um truque, a marca ainda existia. Mas pelo menos Regulus não a via constantemente, o que o ajudou a lidar com aquilo.
Ele acabou pedindo um colar para Barty também, que foi entregue no dia 2 de novembro, quando voltou para Hogwarts. O plano não era voltar tão cedo, seu pai queria que Regulus ficasse descansando por mais algum tempo, mas ele não queria perder o aniversário do irmão, então voltou um dia antes da data e passou todo o aniversário de Sirius grudado nele.
Os dois não conversaram sobre o que aconteceu, Regulus não quis e Sirius respeitou isso. Mas no final do dia, quando os dois estavam debaixo das cobertas de sua cama, na sonserina, o assunto acabou vindo à tona.
- A cicatriz sumiu, isso é bom.
- Não sumiu, papai a escondeu…
- Reggie… fala comigo.
- Barty disse que o pai dele diz que ser desviado é errado, mas o papai é um… e o papai não é errado.
- Não é porque uma pessoa diz que algo é errado, que essa coisa seja errada, Reggie… monstros existem, eles contam mentiras e fazem maldades para nos deixar chateados e machucados.
Regulus não diz nada, apenas concorda com a cabeça e se aconchega um pouco mais no irmão.
- Eu sou um monstro… por conta do que eu fiz?
Sirius fica em silêncio por alguns minutos, ele faz carinho na cabeça de Regulus mas aquilo não é suficiente. Ele quer uma resposta do irmão.
- Aquilo foi um acidente…
- Então por que não me sinto mal pelo o que eu fiz?
- Porque… eles provocaram aquilo Reggie, eles nós puxaram e puxaram até um limite impossível de aguentar.
- Mas você aguentou, fui eu que explodi.
- Não Reggie, eu não aguentei. A diferença entre nós dois é que eu não tinha forças para fazer o que você fez.
- Eu não fui forte. - Ele sussurra, mas seu irmão parece ouvir por Sirius o aperta em um forte abraço.
- É preciso ser forte para enfrentar os monstros.
- Eu não os enfrentei, eu os matei.
Aquela era a primeira vez que Regulus admitia em voz alta o que vez. As lembranças em sua mente daquele dia ainda eram turvas. Ele se lembra de estar com fome, seus antigos pais não o deixava comer nada a dois dias, Sirius estava sem comida a ainda mais tempo.
Não saberia dizer o que exatamente os deixou com raiva, provavelmente algo que eles fizeram. Mas foi ruim o suficiente para Walburga o torturar enquanto Orion segurava o irmão que chorava e implorava para pararem. E então, em algum momento em meio a dor, a fome e a cabeça que parecia estar prestes a explodir, a magia de Regulus tomou conta de tudo.
A dor parou, ele foi abraçado por Sirius que o segurava como se suas vidas dependessem disso. A casa continuava intacta, mas os dois adultos estavam espalhados no chão, imóveis. Sirius o levou para o quarto dele e os dois ficaram lá escondidos, esperando a retaliação que nunca chegou. Ao invés disso, os aurores apareceram e os levaram para os Malfoy, onde ficaram até irem morar com o tio, que se tornou o pai deles rapidamente.
Na época, quando tudo aconteceu, nenhum dos dois havia entendido que a magia de Regulus tinha sido responsável pela morte de Walburga e Orion. Eles pensavam que em algum momento aqueles dois monstros iriam levantar e continuar os machucando.
A ficha de Regulus só caiu quando seu pai contou sobre a morte dos dois. Ele quase disse a verdade ao pai, mas Sirius o impediu. E mais tarde os dois juraram guardar aquele segredo para sempre. Aquela informação iria morrer com eles.
- Regulus Arcturus Black! Não se atreva a se sentir mal ou achar que o que fez foi errado. Aquela pode não ter sido a atitude mais certa do mundo, mas foi o que nos salvou. Graças a isso acabamos ganhando o melhor pai do mundo e uma vida que nunca nem poderíamos sonhar em ter.
- Às vezes penso como teria sido se aquilo nunca tivesse acontecido, eu detesto como aconteceu mas agradeço por ter me livrado deles e continuado com o meu irmão.
- Eu sempre vou estar aqui, Reggie.
- E eu sempre vou precisar de você Six.
Naquela noite eles dormiram juntos, abraçados, como já fizeram dezenas de noites antes. Principalmente quando eram ainda menores, e só tinham um ao outro com quem contar.
Regulus se lembra de quando eram menores e ficavam olhando as estrelas de madrugada. Aquilo era uma coisa só deles, as estrelas os faziam sonhar em uma nova vida. E então a nova vida veio, pode não ter sido do jeito certo, mas foi o que os salvaram.
Chapter 13: Berrador
Chapter Text
20 de novembro, Sirius Black
Se antes Sirius era protetor com Regulus, depois daquele dia ele se tornou dez vezes mais. Ele e James todo o dia o acompanhavam e buscavam nas aulas, mesmo que isso os atrasasse. Mas tinha que confessar que logo logo seu irmão acabaria batendo em um dos dois.
- Já disse que não quero babás! - Falou mau humorado com Sirius e James que o seguiam até a aula de feitiços.
- Não pense na gente como babás, e sim como guarda costas.
- Vou falar pro papai que está me perturbando!
- Reggie!
Regulus apenas ignorou Sirius, mas não sem antes lhe dirigir uma carranca mau humorada. Seu irmão apertou o passo tentando sair de perto deles, o que não funcionou pois logo Sirius e James começaram a caminhar mais rápido.
- Vou mandar uma carta hoje mesmo! Irei dizer que está me perturbando. Vou mandar uma carta para sua mãe também, James.
- Ah não! Ela vai me mandar um berrador se fizer isso!
Regulus também ignora James. Ele não fala mais nada o resto do caminho e entra na sala sem se despedir. Sirius sabia que seria assim, mas não conseguia sequer pensar em deixar seu irmão mais novo por aí sozinho. Ainda se sentia mal por não ter estado lá, por não impedir que aquela vaca viciada em rosa machucasse seu irmão.
- Será que ele vai mesmo mandar as cartas?
- Com certeza.
Lentamente, elas saem em direção a aula de poções, e como o normal, atrasados.
- Ele parece melhor. - James sussurra. - Mas aqueles lindos olhos de cristais mostram que isso é mentira.
- James, eu sei que fiz a besteira de te dar minha benção quando você dormiu no chão da enfermaria comigo para ficar perto de Reggie. Mas se continuar falando dos olhos do meu irmão, ou dando pitaco em como ele está ou não, eu revogo minha benção!
James era como seu irmão, seu melhor amigo, uma parte dele. Assim como Regulus. Mas independente do quanto amasse James, não queria ele se metendo nos sentimentos do seu irmão. Sirius sabia como Regulus estava sofrendo, mesmo que escondido ainda podia ver. E ele também sabia bem que o irmão não ficaria feliz em saber que James sabia sobre sua dor. Sirius conhecia muito bem o irmão que tinha.
☆
23 de novembro, James Potter.
- JAMES FLEAMONT POTTER! ONDE JÁ SE VIU FICAR IMPORTUNANDO MEU MENINO! SE EU SOUBER QUE VOCÊ FICOU INCOMODANDO REGULUS NOVAMENTE PODE DAR ADEUS A SUAS PARTIDAS DE QUADRIBOL!
A voz da sua mãe no berrador ecoou pelo Grande Salão deixando todos em completo silêncio, inclusive James. Siriu foi o primeiro a emitir algum som, riu tanto que logo todos os alunos no salão estavam gargalhando. Que belo amigo que eu tenho, pensou.
Mas antes que Sirius ou alguém fizesse alguma piada, James viu a chance de se vingar. Em meio as cartas espalhadas de seus amigos, havia um outro berrador. Mas aquele tinha o nome de Sirius escrito. James o abriu e rapidamente a carta logo voou em direção ao rosto de Sirius.
- SIRIUS ORION BLACK - A voz de Alphard ecoou pelo Grande Salão, ainda mais alto que sua mãe. - SE EU RECEBER MAIS UMA CARTA SEQUER DE SEU IRMÃO FALANDO QUE VOCÊ ESTÁ O IMPORTUNANDO VOU MANDAR CARTAS A TODOS OS SEUS AMIGOS CONTANDO SEUS PODRES! SE QUER SER UM BOM IRMÃO, SEJA SEM INCOMODAR REGGIE! - Então, antes de se desmandar, o berrador vira em direção a Remus. - Remus querido soube que está indo bem nas aulas de feitiços, fico feliz por você. Me mande cartas quando puder. E SIRIUS TRATE MELHOR SEU IRMÃO!
O berrador se despedaça sumindo por completo, assim como o de James fez instantes antes. Os alunos riem ainda mais com o berrador de Sirius.
- É claro que é merdinha iria falar com o papai. - Sirius murmurou irritado.
- Bom, - Remus falou levantando da mesa, atraindo a atenção de Peter, Sirius e James. - Se me dão licença, eu tenho cartas para escrever e mandar.
Remus sorri quando Sirius mostra o dedo do meio.
- Acho melhor vocês pararem de seguir Regulus. - Peter murmura olhando na direção da mesa da sonserina.
- Porque? - Sirius o olhou de forma desafiante. - Uma cartinha do meu pai não vai me impedir de proteger meu irmão.
- Mas a expressão no rosto dele mostra que a vingança está só começando. Acho melhor pararem antes que Regulus vá até McGonagall.
Regulus tinha uma expressão ardilosa no rosto junto de um sorriso sarcástico. Como se tentasse mostrar que se eles continuassem o seguindo, aquele seria apenas o começo.
☆
1 de dezembro, James Potter
Em algum momento de sua breve vida, James percebeu que era Regulus que iria o completar. Era ele com quem iria se casar. E ao longo dos anos James acabou criando uma lista de todas as coisas sobre Regulus que o encantava.
- Ele franze o rosto levemente quando lê algo que lhe interesse muito.
- Ele sempre fica emburrado quando algo o incomoda, é fofo.
- Ele é mais inteligente que os outros, mas não te faz se sentir inferior por isso (a não ser que não goste de você).
- Ele é gentil, mesmo que às vezes não pareça.
- Ele é o favorito de sua mãe, e ela é uma ótima juíza de caráter.
- Ele ainda vai amá-lo de volta.
Eles se conheciam desde pequenos. E mesmo sem saber, James se apaixonou no minuto que viu aquele menino de lindos olhos de cristais, e fofos cachos no parquinho. James queria poder protegê-lo de todas as dores do mundo. Mas havia falhando quando Dolores fez aquilo com Regulus. E era por isso que não conseguia evitar o seguir e garantir que estava bem e a salvo.
James ainda iria se casar um dia com aquele menino dos lindos olhos de cristais. Ele sabia disso, sentia no fundo de sua alma que os dois ainda teriam muito chão a percorrer, mas acabariam juntos algum dia.
Mas para isso, teria que se mostrar ser digno de Regulus. Fazer por merecer o seu amor. Por isso, naquele momento James vasculhava o castelo inteiro em busca de Regulus, precisava pedir desculpas por magoá-lo, e pedir permissão para continuar o seguindo por aí.
Depois do berrador, ficou óbvio que Regulus não aceitava quando alguém tentava impor algo a ele. Então, James iria implorar para o mais novo permitir a escolta. Pelo menos assim não mandaria mais cartas ou falaria com McGonagall.
Demora um tempo, mas James acaba o achando em cima de uma das árvores no início da Floresta Proibida. Regulus parece perdido nos próprios pensamentos, pois só nota James quando o mesmo já está subindo na árvore.
Mesmo com dificuldades, e sem entender como o mais novo havia conseguido subir, James chega na altura de Regulus, e sorri para ele.
- Eu e seu irmão estamos preocupados.
- Não deveriam, Dolores nem está mais em Hogwarts.
- Mas ela não é a única pessoa perigosa.
- Quem são os outros então?
- Ah… não sei.
- Se existem outras pessoas perigosas, isso é problema de Dumbledore, não de dois pirralhos com síndrome de protagonista.
- Sindrome de que?
- Aprendi com meu pai.
Regulus não explica seja lá o que aquilo significava e o silêncio paira sobre eles. James queria poder tirar toda a dor que ele sentiu e sente na vida. Aquele garoto era precioso demais para sofrer, o mundo não era justo com ele.
- Eu quero te ajudar, Reggie.
- É Regulus.
- Me deixa te ajudar, Regulus.
- Você e Six ainda não entenderam? Não quero ajuda, não preciso de duas pessoas me seguindo aonde eu for. Só quero minha vida de volta a como era antes de… antes daquela vaca cor de rosa.
Mesmo não concordando e querendo do fundo do seu coração continuar o protegendo, James entende que Regulus precisa daquilo, controle sobre sua própria vida. Então decide dar isso a ele, mesmo sendo contra.
- Vou convencer Sirius a não segui-lo mais para todo o canto.
- Como? - Perguntou um pouco desconfiado das habilidades de James em convencer Sirius.
- Vou pedir ajuda a Remus, obviamente.
Regulus sorri levemente, e o coração de James quase salva para fora do peito com aquilo.
- Foi nesse ano ou no anterior que descobriram a licantropia dele?
- O QUE?
Os olhos de James se arregalaram por completo. Aquele era o maior segredo entre eles. No ano passado, quando finalmente descobriram após meses, prometeram a Remus nunca falar nada a ninguém. O que infelizmente inclui Regulus.
- Sei que vocês sabem.
- No ano passado a gente… mas… como você sabe?
- Conheço ele há anos.
- Eu também!
- Não sou um tapado cego.
James não rebate o comentário de Regulus. Sabendo que de uma forma ou de outra, iria perder. Além de lindo, o garoto era muito inteligente.
- Seus olhos de cristais são a coisa mais bonita que já vi na vida.
Reglus olha assustado para ele. Como se não entendesse o porquê de James falar aquilo.
- Posso te contar um segredo? Nem meu pai, ou meu irmão sabem disso.
- Qual?
- Desde pequeno, sempre que eu me assustava acabava em cima de uma árvore, lembra?
- Sim, a primeira vez que vi isso foi quando sujamos sua manga de barro, quando vimos já estava em cima da árvore. Você sempre foi um bom escalador.
- Não sou não, esse é meu segredo. Uso magia desde pequeno para subir em cima das árvores. Quando era menor, meu pai tinha que me tirar, mas depois aprendi a usá-la para descer também.
- Nossa! Magia sem varinha? Desde pequeno, isso é incrível. Você é incrível Regulus!
Regulus parece pensativo após ouvir aquilo. O silêncio volta de forma agradável entre eles. James espera pacientemente até o outro decidir falar algo.
- Vou fazer uma coisa, mas é segredo entre a gente, okay?
- Claro! O que quiser, Regulus.
- É Reggie.
E então Regulus faz algo que deixa James paralisado de tanto choque. Ele simplesmente se aproxima e sela os lábios dos dois com um doce e rápido beijo. Assim que faz isso, Regulus simplesmente desce da árvore. Demora alguns segundos até James se situar no mundo em que está. E quando vê, Regulus está quase no chão, pelo visto a magia dele fazia surgir um escada quase invisível que o permitia subir e descer.
Regulus vai embora, mas James fica um tempo revendo em sua cabeça um dos momentos mais felizes de sua vida, queria que tivesse durado mais. James Fleamont Potter ainda iria se casar com aquele menino de olhos de cristais.
FIM.