Chapter Text
1 de setembro de 1972, Sirius Black
Antes do seu primeiro ano em Hogwarts, Sirius estava tão nervoso em ficar tanto tempo longe do seu irmão que passou as duas semanas antes das aulas dormindo no quarto de Regulus abraçado a ele. Nunca em sua vida havia ficado tanto tempo separado do irmão, e embora tenha amado seu primeiro ano, sentiu saudades de Regulus todos os dias.
Mas agora seria diferente, pois Regulus está indo junto com Sirius para Hogwarts. Eles estudariam juntos, em anos diferentes obviamente, mas estariam juntos. Mesma escola, mesma comunal e os mesmos amigos. Sirius estava nas nuvens com tamanha animação. Ele andava pelo corredor do trem sorrindo de mãos dadas com o irmão enquanto procurava por James.
- Achei! - Grita animado ao ver o vagão que James, Remus e Peter estão.
Aquele ano prometia, eles iriam aprontar muito. Talvez acabassem até recebendo algum berrador, Sirius tinha até medo de pensar o que seu pai falaria em um, provavelmente algo vergonhoso já que detestava brigar e gritar.
- Six! Reggie!
- É Regulus! - As bochechas de seu irmão ficam vermelhas e Sirius tem vontade de apertá-las, mas não faz, pois sabe que levariam um tapa por tal ato.
- James! Me conte como foi as férias? - Sorri largamente para o amigo enquanto se acomoda no assento ao lado de Regulus, em frente aos três amigos.
- Com você? Passamos todos os dias juntos, esqueceu?
- Como poderia, é impossível esquecer James Potter.
- Eca! Vocês parecem um casal de velhos! - Peter faz uma cara de nojo e Remus ri alto com o comentário do amigo.
- Eles agem como um também.
A fala de Regulus faz com que todos riem enquanto o mesmo apenas pega um livro e começa a ler. Seu pai ainda controlava o que o irmão lia, e havia feito Sirius prometer ficar de olho no que Regulus pegasse na biblioteca. Depois de alguns anos ele entendeu porque dá preocupação sobre aquilo. Quando parava para pensar no passado, lembrava de como Regulus tinha algumas falas mórbidas e estranhas, mas também, não dava para esperar muito de uma criança de 5 anos ficcionada em livros de maldições e doenças bruxas.
Também não tinha como exigir normalidade de alguém que havia nascido naquela casa dos horrores. Quando lembra do tempo antes de seu pai Alphard, tinha arrepios em pensar como a vida era assustadora. Viver pisando em cacos de vidros sem poder reclamar, pois eram eles que controlavam tudo.
- Tem alguma ideia de qual casa irá, Regulus? - Peter perguntou animado. Sirius achou uma pergunta muito estúpida, era óbvio que o irmão iria para a Grifinória assim como ele.
- Não preciso ter ideia alguma, é o chapéu que escolhe.
- Contou a ele sobre o chapéu? Achei que tinha dito a ele que seria uma prova secreta super perigosa, tinha até preparado piadas sobre isso. - O olhar de decepção em James é tão grande que faz Remus rir enquanto procura algo em sua mochila.
- Nosso pai contou. - Responde, sem entrar em detalhes.
Eles podem ser seus amigos, mas isso não significa que Sirius contará que o irmão mais novo quase chorou de medo quando ele fez a brincadeira e por isso seu pai teve até que pedir a Dumbledore uma carta afirmando que a escolha era feita por um chapéu de forma pacífica e indolor.
- Que pena, mas Reggie, não tem nenhuma casa que você queira mais do que outra?
- É Regulus.
- Aposto que será Sonserina ou Corvinal. - Remus sorri vitorioso ao encontrar uma barrinha de chocolate no fundo da mochila. Ele come feliz sem nem oferecer aos outros, apenas Remus sendo Remus e deixando Sirius com borboletas no estômago.
- Ei! Não fale isso, ele vem para Grifinória com a gente.
- Lamento te contar Six, mas não tem nada de grifinório em mim. É mais provável eu ir para Lufa-Lufa do que Grifinória.
- Isso é o que veremos! - Afirmou confiante de que o irmão irá para a mesma casa que ele.
☆
Sirius não havia gostado nem um pouco de ir para as carruagens enquanto seu irmão ia de barco com Hagrid. Mas pelo menos agora, sentado na mesa da Grifinória, assistia feliz seu irmão que esperava ser chamado para a seleção.
A única parte chata era a demora, os alunos só podiam jantar quando todos os primeristas fossem selecionados. No ano passado Sirius nem se importou, estava animado demais com a seleção para sentir fome. Mas nesse, só conseguia pensar em como demorava para poder jantar. Bom, nisso e em como em alguns minutos seu irmão estaria sentado ao lado dele.
- Não acha que está muito animado não? Lamento dizer isso, mas talvez Regulus não venha para Grifinória.
- Cale a boca Pete! Ele vem sim.
- Ei! Sem xingamentos Six, Pete só está preocupado que você acabe muito animado e depois se decepcione, e eu também. - James diz ao passar o braço pelos ombros de Peter sorrir para eles.
- Será que isso ainda vai demorar muito? - Remus questiona enquanto come um dos bombons que tem escondido nos bolsos.
Antes que possa pegar outro bombom, Frank Longbottom, monitor da Grifinória, coloca a mão em seu ombro.
- Senhor Lupin, chocolate antes do jantar? Ainda por cima durante a seleção do primeiro ano? Pode ir parando antes que ganhe uma detenção.
- Mas eu não almocei hoje, estou com fome.
Longbottom olha seriamente para Remus, como se tentasse saber se o menino mente ou não.
- Só mais um e depois espere até o jantar. - Ele solta seu ombro e volta para seu lugar e Remus aproveita para enviar logo dois bombons na boca.
- Você almoçou lá em casa hoje, até repetiu três vezes. - James olha confuso para Remus que apenas dá de ombros e mastiga seus bombons.
A seleção ainda continua e para a tristeza de Sirius, Regulus ainda não foi chamado. Pandora acaba indo para Corvinal enquanto Evan acaba na Sonserina, uma pena, ele sabia que os gêmeos queriam ir para a mesma casa.
Pandora e Evan Rosier eram os irmãos mais novos de Magnos, o namorado de seu pai. Os gêmeos acabaram se mudando de vez para sua casa a uns 3 anos, Sirius não sabe bem o que aconteceu, mas algo fez os pais deles perderem a guarda dos dois e Magnos os adotou. Sirius nunca perguntou sobre, assim como eles nunca perguntaram sobre Walburga ou Orion.
Ele não sabia muito sobre o passado dos gêmeos Rosier, mas sabia que tinha sido ruim, assim como o seu e o de Regulus.
- Regulus Black! - Minerva McGonagall, a professora favorita de Sirius, finalmente chamou seu irmão.
Regulus foi calmamente em direção ao banco onde o chapéu seria posto em sua cabeça. Sirius notou como seu irmão repetidas vezes ficava puxando seus dedos. Isso o alarmou, Regulus só puxava os dedos quando estava nervoso, ou, quando começava a perder o controle da sua legilimência.
- Ele tá puxando os dedos, e se for a legilimência? Será que devemos ir lá? Eu vou lá!
Mas assim que James levanta, Frank aparece o fazendo se sentar de novo.
- Eu vou acabar colocando todos vocês de castigo!
- Mas eu e Sirius nem fizemos nada!
- São amigos do senhor chocolate e da criança que não para quieta, já é o suficiente.
Frank tem uma expressão dura no rosto antes de voltar para seu lugar.
- Ignore ele, soube que durante o trem ele e Alice brigaram. - Mary, sua amiga que estava sentado ao seu lado fala enquanto brinca com os cachinhos de seu cabelo. - Aparentemente depois do acidente no ano passado, Frank quer que Alice saia do time de quadribol e ela brigou feio com ele por supor que ela realmente abandonaria seu esporte favorito.
Alice e Frank eram namorados e Sirius se lembra bem do acidente do ano passado. Durante uma partida de quadribol começou a chover muito, uma corvinal acabou deixando os óculos caírem e perdeu o controle da vassoura o que a fez bater em Alice. Ela caiu com tudo no chão e por causa da chuva os professores não conseguiram ajudar. Por sorte Hagrid estava no campo procurando algum animal fujão, ele fez um feitiço que deixou a grama molenga assim suavizando um pouco o tombo. Mas isso não impediu Alice de quebrar diversos ossos.
- Ele vai ficar bravo por alguns dias e depois se rastejar pedindo desculpas a Alice.
- Como sabe que ele que vai pedir desculpas, Remus, talvez ela se arrependa de ter brigado com ele por querer protegê-la de outro acidente, aquele foi feio demais.
- Porque, meu caro Pete, querendo proteger ou não, foi Frank que disse que ela deveria desistir do seu sonho, ela lutou demais para se tornar capitã e está magoada com ele agora.
- Remus Lupin sendo a voz da razão como sempre, senhoras e senhores. - Mary fala ao bater palmas silenciosas ao amigo. - Sirius querido, sabe se o empata-chapéu do seu irmão ainda vai demorar muito? Passei minhas férias inteiras sonhando com a torta de abóbora e está demorando demais.
- Quanto tempo ele está lá?
- Quase 6 minutos.
- Será que a gente tem que ir lá? - Sirius olha nervoso a James que já está pronto para se levantar novamente, mesmo se Frank esganá-lo por isso.
- Não acham que estão sendo muito superprotetores não? Pete quase foi um ano passado e eu fiquei tanto tempo lá que achei que iriam me atacar se eu atrasasse mais o jantar.
- É diferente Remus, Regulus é-
- Eu sei o que ele não é. - Remus lança um olhar sério a Sirius. - E ele não é um bebê que precisa de proteção constante, empata-chapéus são comuns, logo ele será selecionado.
Antes que Sirius possa falar qualquer coisa à Remus, o chapéu seletor fala em alto e bom tom a casa de Regulus deixando Sirius de queixo caído de tamanha decepção.
- SONSERINA!
Regulus vai feliz em direção a mesa da Sonserina e se senta ao lado de Evan. Sirius se sente desolado ao ver que irmão não veio para a mesma casa que ele.
- Relaxa Six, vocês ainda terão muito tempo livre para passarem juntos.
- Mas… eu queria mostrar a comunal para ele, James.
- Ainda pode fazer isso, é só não deixar que os monitores ou os dedos-duros vejam. - Remus tenta o consolar, mas não funciona muito bem, ele estava realmente ansioso com a ideia do irmão indo para a mesma casa que ele.
☆
Dormitório da Sonserina, Regulus Black
Regulus tinha 9 anos quando sua prima Andromeda apareceu em sua casa com uma mochila, um machucado no braço e um anel de noivado. Ele se lembra de gritar por seu pai no instante que abriu a porta e viu o estado da prima. Ela ficou quase uma semana lá e então finalmente ligou para Edward que veio na hora atrás dela. Agora eles estavam casados e moravam em uma casa bonita com muitas flores.
Seu tio Cygnus brigou com seu pai e acabou o queimado da árvore genealógica da família. Regulus não sabia o que significava para si e seu irmão, mas sabia que seu pai sempre o quis longe de seus parentes. Então, nunca se importou quando os convites de jantares e festas pararam de chegar, ele nunca gostou muito do resto da família. Exceto suas primas.
- Você vai mandar uma carta ao seu pai hoje?
- Acho que sim, quer alguma coisa?
- Cuecas, não trouxe nenhuma.
- Porque?
- Só esqueci, acontece.
- Esqueceu ou ficou com preguiça?
- Eu tenho cuecas limpas! Quer uma? - Um garoto com um enorme sorriso no rosto fala os assustando, nem Regulus e muito menos Evan tinham notado ele.
Depois do jantar, os monitores da Sonserina levaram os primeiristas até a comunal e mostraram o quarto de cada um. Regulus e Evan por sorte conseguiram ficar juntos e agora guardavam suas coisas enquanto conversavam. Nem haviam se tocado que tinha outro garoto lá.
- Ahh obrigado… mas tem certeza? Nem nos conhecemos, eu posso usar as do meu irmão.
- Pode nada! Nem pense em chegar perto das minhas cuecas. - Regulus o avisou com um olhar severo no rosto.
- Então eu aceito as cuecas, por favor.
- Aqui. - O garoto lhe entrega umas quatro cuecas muito bem dobradas que tirou de sua mochila. - Me chamo Barty.
- Eu sou Evan e esse é Regulus.
- Sinto que vamos nos divertir muito esse ano. - Seu sorriso é intrigante e ele olha animado para os outros dois garotos.
Os três passam quase uma hora conversando até finalmente irem dormir. Bom, Evan e Barty conversam, Regulus apenas escuta enquanto escreve uma carta ao seu pai.
Querido pai,
Eu fui selecionado para Sonserina! Estou animado em estudar na mesma casa que você e minhas primas. Mas não conte a Sirius que gostei da escolha do chapéu, ele queria que eu fosse para Grifinória com ele, mas por sorte me escapei de ter que usar gravata vermelha. Ainda não conversei com minhas primas, sinto falta de Cissa e Bella então estou animado para falar com elas.
Evan também veio para Sonserina, mas se esqueceu de trazer cuecas, então peça ao tio Magnos que resolva isso por favor. E Pandora foi para Corvinal, eu quase fui para lá, acabei sendo um empata-chapéu, ela está bem, não esqueceu de nada diferente do irmão.
Como as coisas estão aí? Já sabe quando poderei ter o Estrelado comigo?
Com carinho, Regulus.
PS: Poderia mandar junto com o gato, meias novas? Consegui proteger minhas cuecas de Evan mas sinto que vou perder minhas meias para ele e Pandora.
Pandora e Evan adoravam pegar suas meias emprestado, mas sem a parte de devolver após usar. Ele tinha pegado várias, mas sabia que não iriam durar todo o semestre.
E Estrelado era seu gato. A uns dois anos atrás seu pai havia resgatado junto de seu tio Magnos uma gata de rua. A Fofucha, carinhosamente apelidada por Pandora e Regulus, que a pouco tempo atrás apareceu misteriosamente grávida de 6 filhotes. Dois acabaram sendo acolhidos por sua prima Andrômeda, um foi acolhido pela irmãzinha de Peter e os outros três ficaram com eles, o Estrelado, a Meia-Noite e o Pesadelo. O último tendo esse nome pois vivia seguindo seu pai, que ficou irritado com isso e o chamava de “pesadelo que não sumia nunca”, o nome acabou pegando.
A Meia-Noite era de Pandora, que se apegou à gata no minuto em que a viu, já o Estrelado era totalmente seu. Ele adorava deitar no seu colo enquanto lia e dormir em suas roupas, Regulus amava aquele gato e só não o havia trazido consigo pois o bicho se recusou a entrar dentro da gaiola para ir até o trem. Por isso teve que ficar com seu pai, que prometeu levar o gato para ele ainda na primeira semana de aula.