Chapter Text
[Salão principal da mansão Miload]
Todos estão reunidos. A mesa está cheia de café fumegante, chá aromático e uma quantidade preocupante de biscoitos que claramente não vão sobreviver até o fim da reunião. Eu estou em pé na ponta, gesticulando com as mãos como se fosse um apresentador de programa matinal que não foi avisado que o tema de hoje é “altas chances de morrer”.
Luke: (batendo palmas) “Muito bem, caros amigos. Reuni todos aqui hoje para anunciar… uma ideia genial.”
Emília: (revirando os olhos) “Mais uma aventura maluca? Acabamos de voltar de Priestella.”
Luke: “Eu sei, eu sei, mas prometo que não é sem sentido.” (faço um giro dramático, quase derrubando minha xícara de café)
Louis: (balançando a cabeça, suspirando) “Ha... tudo é sem sentido quando se trata de você, mano.”
Luke: (fazendo uma mesura exagerada) “Agradeço o elogio.”
Reinhard: (ajustando a armadura mentalmente) “Então, do que se trata essa sua ideia, se permite perguntar.”
Luke: “Mas é claro, Rein! Até porque… tem a ver com Theresia.”
Reinhard: (se recostando na cadeira, braços cruzados) “Você tem minha total atenção.”
Luke: “Como todos sabemos, Theresia está em um estado peculiar e não temos nenhuma informação de como curá-la...”
Garfiel: (batendo a mão na mesa, fazendo um som alto) “Vá direto ao ponto.”
Luke: (respirando fundo, dramatizando) “Ok, ok, qual seria o melhor lugar para obtermos respostas, alguém sabe?”
Otto: (coçando a cabeça) “Um médico?”
Beatrice: (erguendo a sobrancelha, segurando seu grimório com força) “Um grimório ancestral, provavelmente guardado a sete chaves, eu suponho?”
Ram: (encarando Luke com uma expressão mortal) “O túmulo de alguém mais inteligente que você?”
Luke: (fazendo uma pausa, estalando os dedos como se tivesse acabado de ter uma epifania) “Todas respostas criativas… mas erradas. A resposta certa é: a Torre de Vigia das Plêiades.”
Louis: (arqueando as sobrancelhas, olhando para Ram) “Pera aí, o que a Ram está fazendo aqui?”
Otto: (batendo os dedos na mesa, nervoso) “Vamos ignorar o total absurdo que Luke acabou de dizer?”
Nesse momento, um palhaço levemente desnutrido entra no salão, seguido por duas empregadas: uma azul e uma rosa. Todos se entreolham, confusos, menos eu, claro.
Roswaal: (levantando uma mão, com aquele sorriso enigmático) “É claro que este momento chegaria. Depois de 400 anos, está na hora de finalmente conquistar aquela Torre, e não há hora melhor que essa.”
Emília: (aproximando-se, com um sorriso contido) “Você parece melhor, Roswaal.”
Roswaal: “Muito obrigado, Srta. Emília. Estou lentamente superando o que aconteceu.” (faz um gesto teatral como se estivesse curando feridas invisíveis)
Louis: (sussurrando para Reinhard) “Muuuuito lentamente.”
Reinhard: (encarando a porta com seriedade) “Não tenho dúvidas de que haja respostas lá, mas eu tentei chegar à Torre várias vezes e não consegui sequer me aproximar.”
Luke: (batendo na mesa, espalhando alguns biscoitos pelo chão sem querer) “Você tem razão, e é por isso que precisamos de alguém que saiba superar os desafios, tanto fora quanto dentro da Torre.”
Emília: (erguendo uma sobrancelha, cruzando os braços) “E quem seria essa pessoa?”
Luke: (dando um passo à frente, mãos no quadril, postura exageradamente heroica) “Euzinho.”
A mesa fica em silêncio. Otto derruba um biscoito, Garfiel quase engasga com o próprio café, Beatrice fecha o grimório com um clap, e Louis simplesmente revira os olhos tão rápido que quase descolam da órbita. Emília cruza os braços, tentando parecer séria, mas há um sorriso lutando para escapar.
Eu faço uma pausa dramática, como se cada segundo de silêncio aumentasse a tensão da sala. E então, sorrio, confiante, sabendo que a aventura maluca está prestes a começar.
Luke: “O que estamos esperando?”
Emília: (olhando para mim como se eu fosse um problema matemático não resolvível) “Você quer dizer para irmos... agora?”
Luke: “Bom, sim, mas não precisa ser necessariamente agora.”
Roswaal: “Ótimo, levem Rem com vocês, se precisarem de alguma coisa, estarei nos meus aposentos.”
Roswaal sai de cena, esvoaçando a capa como se cada passo fosse coreografado.
Reinhard: “Então Luke, você deve ter um plano, não é?”
Luke: “Hehe...”
[Salto no tempo, sei lá quanto tempo]
Todos estavam finalmente preparados. Carruagem pronta, suprimentos carregados, equipe reunida… e eu não podia deixar passar o momento de destacar nosso membro mais importante da viagem:
Luke: “Patrasche! Como pudemos ter esquecido de você…”
Louis: (afagando o dragão com entusiasmo) “Uhum, uhum, Patrasche, melhor garota!”
Beatrice: (erguendo uma sobrancelha) “A Betty não está entendendo… quem é esse dragão, eu acho?”
Emília: “Crusch nos deu como recompensa por ajudarmos na luta da Baleia Branca, e parece que ele se deu bem com Luke e Louis.”
Beatrice: “Luke! A Betty também quer carinho, eu suponho!”
Luke: (acariciando Patrasche com exagero) “Já estou indo… até mais, Patrasche. Seja meu escudo escamoso nesta jornada.”
A formação da equipe estava definida: Emília, Reinhard, Rem, Louis animado demais, Meili, Beatrice, e claro… eu, conduzindo tudo com estilo dramático.
Theresia também nos acompanhava, acomodada em sua cadeira de rodas, praticamente substituindo Rem no Arco 6. Patrasche e Frufruu — nossos dragões de viagem — aguardavam pacientemente, prontos para levantar voo com o mínimo de reclamação possível.
Otto: (checando mapas e pergaminhos com cuidado cirúrgico) “Rota planejada, suprimentos conferidos… Luke, sério, tente não perder nada pelo caminho, por favor.”
Luke: (erguendo a mão, com sorriso confiante) “Relaxa, Otto. Já te decepcionei alguma vez?”
Otto: (arqueando a sobrancelha) “Bom, não… mas tem uma primeira vez para tudo.”
Garfiel: (batendo o punho na coxa, frustrado) “Aí, por que eu não posso ir mesmo?”
Louis: “Não podemos levar muita gente, pelo menos, foi isso que Luke disse.”
Luke: “Exato. Quanto menos gente, melhor. E já temos tudo que precisamos para sobreviver.”
Louis: “Reinhard.”
Luke: “Isso aí.”
Ali perto, Meili se despedia de Elsa, como uma criança que ia para o primeiro dia de escola… só que a escola, no caso, era uma torre misteriosa no meio do nada, provavelmente cheia de monstros, armadilhas e um estoque generoso de morte.
Luke: (batendo palmas) “Estamos prontos para partir. Vamos, Meili?”
Meili: (abraçando Elsa) “Vamos! Eu posso levar a alcateia inteira?”
Luke: (erguendo a sobrancelha) “Leve apenas um, será o suficiente. A viagem já vai ser caótica sem uma matilha inteira no banco de trás.”
Meili: “Tudo bem, vem cá, Docinho!”
Do nada, surge um lobo colossal, com dentes capazes de mastigar carruagens inteiras como petiscos. Ele olha para todos na carruagem, claramente avaliando qual deles seria o mais saboroso.
Docinho: “Argargaragragaragarragaragaragaragaragaragrgargaragaggrrrgaagrargagagaragaraga.”
Meili: (batendo na cabeça dele como se fosse um cachorro bagunceiro) “Que boca suja! Menino mau!”
E, para surpresa de todos, o lobo monstruoso se encolhe, literalmente, até virar um cãozinho fofo do tamanho de um gato gordo. O contraste era tão absurdo que até Beatrice arregalou os olhos.
Luke: (apontando o dedo para Meili) “Mantenha-o sob controle.”
Meili: (colocando Docinho no colo) “Pode deixar! Manter o controle é comigo mesmo!”
Enquanto Meili embarcava na carruagem toda animada, eu fiquei para trás, me aproximando de Elsa. A ex-assassina olhou para mim com aquele ar intimidador habitual — como se pudesse me transformar em sashimi a qualquer instante.
Elsa: “Se ela se machucar, eu te mato.”
Luke: (sério, quase num tom de promessa) “Se ela se machucar, eu me mato.”
Um silêncio pesado caiu por um instante. Mas logo Meili gritou de dentro da carruagem:
Meili: “Luuuke! O Docinho já fez xixi no assento!”
Luke: (suspirando) “Ótimo começo de viagem…”
E assim todos embarcamos, cada um com sua bagagem física, emocional e existencial. As rodas da carruagem começaram a girar e a estrada se abriu diante de nós.
A Torre que se cuide.
Porque, convenhamos, quando um grupo formado por uma meia-elfa que ainda se atrapalha com o próprio cabelo, o “cavaleiro mais forte do mundo” que provavelmente nem sabe o que é perder, uma empregada azul que nunca descansa, uma garotinha que conversa com monstros como se fossem bonecas, uma bibliotecária tsundere em miniatura, um garoto que só funciona quando está irritado e, claro, eu, o desastre ambulante com poder demais e bom senso de menos… bem, a Torre não tem a menor chance.
Era o início de uma aventura gloriosa, ou de uma tragédia cômica em dez atos. Ainda não tínhamos certeza.
[Cenas Bônus]
[Acampamento Crusch, alguns dias depois dos eventos em Priestella]
A tenda principal está organizada como de costume: mapas espalhados, Otto (emprestado temporariamente) tentando explicar rotas, e Crusch sentada com sua postura impecável. Alguém entra correndo trazendo um pergaminho selado.
Mensageiro: “Boas notícias, senhora Crusch!”
Crusch: (erguendo a sobrancelha) “Depois de tudo que aconteceu, espero que não seja ironia.”
Mensageiro: “O grupo da senhorita Emília… eles… eles derrotaram todos os Arcebispos do Culto da Bruxa que atacaram Priestella.”
Silêncio absoluto. Até o vento parece ter parado para ouvir.
Felix: (derruba a xícara de chá) “Eles o quê?”
Wilhelm: (segura o queixo) “…Todos? Não apenas um?”
Mensageiro: “Sim! Ganância, Gula, Luxúria, Ira… todos eles foram derrotados!”
Crusch: (fecha os olhos, respira fundo) “Incrível. Mal posso esperar para ouvir como exatamente eles conseguiram isso.”
Felix: “Com licença, mas… estamos falando da mesma equipe que inclui Louis e Luke, certo? Os dois que brigam até pra decidir quem come o último biscoito?”
Wilhelm: “…Se derrotaram os Arcebispos mesmo assim, talvez devêssemos começar a brigar por biscoitos também.”
Otto, que está ali só de penetra para dar logística, suspira alto.
Otto: “Vocês não têm ideia. Vocês não querem ter ideia.”
Felix: “Então foi sorte?”
Otto: (olha para o vazio, olhos mortos) “Pior. Foi planejamento do Luke.”
Silêncio sepulcral de novo. Todos encaram Otto como se ele tivesse acabado de falar que o céu ficou verde.
Crusch: “…Então o mundo realmente está mudando.”
Wilhelm: “Com uma notícia dessas, tem que ser para melhor.”
Felix: “Mi~inha nossa, eu preciso de mais chá.”
[Priestella, alguns dias após a derrota do Culto]
A sala de reuniões do grupo Anastasia está abarrotada de papéis, relatórios e mapas. Anastasia está sentada, pernas cruzadas, tentando manter a compostura, mas o brilho nos olhos denuncia frustração.
Anastasia: “Então vocês estão me dizendo que… ninguém sabe de onde esses dois, Luke e Louis, vieram?”
Ricardo: (coça a cabeça) “Aye, chefa. A única informação confiável é que eles foram vistos pela primeira vez na capital, andando que nem dois perdidos.”
Julius: (com aquela voz nobre dele) “Na verdade, mesmo esse avistamento é questionável. Alguns relatos afirmam que os dois já chegaram… discutindo sobre quem era mais ‘protagonista’. O que quer que isso signifique.”
Mimi: (pulando na cadeira) “Eles são tipo puff! Apareceram do nada, e agora paff! Derrotaram um monte de gente forte! Eu também quero aparecer do nada, dá pra ser?”
Hetaro: (suspiro) “Não, Mimi. Você já existe.”
Tivey: (consultando documentos) “Eu cheguei a verificar registros civis, listas de mercadores, até mesmo relatórios militares. Não há absolutamente nada. É como se… eles simplesmente tivessem caído do céu.”
Anastasia estreita os olhos.
Anastasia: “Do céu ou não, ninguém surge com esse poder, essa… influência… sem um passado. E eu não acredito em milagres gratuitos.”
Ricardo: “Bom, acreditar ou não, eles acabaram salvando a cidade. A gente viu com os próprios olhos, né?”
Julius: (sereno, mas perturbado) “Sim… mas não consigo esquecer. Aquele olhar do Luke quando fez piada no meio da batalha. Como se ele soubesse exatamente como tudo terminaria. Aquilo não é normal.”
Mimi: (rindo) “E o Louis gritando até ficar mais forte! Eu quero esse poder também! ‘MIMI TÁ IRRITADA, VIRA GIGANTE!’”
Hetaro: (segurando a irmã) “Para de gritar, Mimi, antes que você realmente cresça.”
Silêncio. Todos voltam a olhar para Anastasia.
Anastasia: (sorri, mas fria) “Então não temos nada além de boatos, o primeiro avistamento na capital, e o fato de que eles estão cada vez mais próximos da meio-elfa e… de Reinhard.”
Ela se levanta, andando pela sala.
Anastasia: “Muito bem. Se o passado deles é uma caixa vazia, então o futuro deles me interessa mais ainda. Quero olhos neles, sempre. Principalmente quando menos parecer importante.”
Ricardo faz cara de cão fiel, Julius permanece sério, Mimi continua pulando e Hetaro suspira resignado.
Julius: “Permita-me ser franco… você teme que eles sejam uma ameaça?”
Anastasia: (abre um sorriso enigmático) “Meu caro Julius… eu temo que eles sejam uma piada. E, como empresária, eu nunca aposto contra uma boa piada.”
[O Pátio do Acampamento Priscilla]
Priscilla está reclinada em um trono improvisado no meio do pátio (ninguém sabe como ele apareceu ali, mas claro que apareceu), abanando-se com elegância enquanto Liliana canta alguma coisa desafinada ao fundo. Al e Schult estão por perto, carregando documentos com notícias fresquinhas de Priestella.
Al: “Então, princesa, o que faremos agora que o acampamento Emília ganhou a liderança depois de derrotar todos o Arcebispos em Priestella.”
Schult: (tímido, arregalando os olhos) “T-todos, senhor Al?”
Al: “É, garoto. Um festival de demência coletiva. E adivinha quem tava no centro de tudo? Dois malucos chamados Luke e Louis.”
Priscilla suspira dramaticamente, como se a notícia fosse entediante.
Priscilla: “Hmph. O mundo se curva ao meu esplendor, e ainda assim insiste em permitir que bufões roubem a cena em teatros secundários.”
Al: “Tradução pro pessoal de casa: ela tá com ciúmes porque os palhaços da vez não foram ela e eu e também porque não conseguiu trazê-los para o nosso lado.”
Priscilla: (olha de cima, venenosa) “Cale-se, lixo ambulante. Não se compare àqueles… improvisos da sorte. Esses tais ‘Luke e Louis’… não passam de bonecos cujas cordas foram puxadas no palco certo, na hora certa.”
Schult engole seco, tentando entender.
Schult: “M-mas, Lady Priscilla, eles ajudaram a salvar muitas pessoas… isso não é bom?”
Priscilla: (acaricia a cabeça dele como quem fala com um cachorro) “O bem e o mal são conceitos criados por gente comum, pequeno Schult. Eu não faço ‘bem’, eu faço destino. O que é deles… inevitavelmente será sugado para o meu brilho.”
Al dá uma risada abafada debaixo do capacete.
Al: “Olha só, princesa. Parece que a senhora já decidiu que os dois vão acabar rodando no seu orbitador pessoal, hein? O círculo de satélites Priscilla tá crescendo.”
Priscilla: (com sorriso cruel) “Se forem dignos, talvez. Se não forem… o destino se encarregará de esmagá-los. O sol não precisa disputar com vagalumes.”
Liliana, que estava até então tocando alaúde do nada, interrompe a cantoria.
Liliana: “Eu quero escrever uma canção sobre eles! Dois heróis misteriosos que vieram do nada e fizeram piada com a morte! Vai vender horrores!”
Priscilla: (ergue o leque, ameaçadora) “Se ousar rimar meu nome com o deles, sua língua será o próximo instrumento a ser afinado.”
Liliana: (suando) “E-Entendido, Lady Priscilla!”
Priscilla sorri satisfeita, voltando a relaxar em seu trono, enquanto o resto do acampamento só suspira diante da completa certeza de que, para ela, até a ascensão de Luke e Louis não passava de figurantes em sua peça pessoal.