Chapter Text
Stanley corria. O coração parecia bater mais alto que os gritos atrás dele. O som de passos pesados e barras de ferro ecoava pelo beco estreito. Ele já tinha levado uma surra antes por dívidas, mas daquela vez sabia que era diferente: se o pegassem, não haveria segunda chance.
— Droga, droga, droga… — praguejou, quase tropeçando em uma garrafa quebrada.
Quando virou a esquina, deparou-se com algo que o fez congelar por um segundo.
Um triângulo flutuava diante dele. Não qualquer triângulo — brilhava em dourado suave, envolto por braços e pernas de azul profundo, um chapéu antigo dos anos 30 levemente inclinado sobre a ponta superior e um lenço escuro pendendo no lugar de uma gravata. O olho central o observava como se o conhecesse desde sempre.
Stan piscou várias vezes, achando que estava delirando do cansaço.
— O quê… que diabos…?
— Relaxe, Stan. Não sou inimigo.
Stan engoliu em seco, olhando para trás. Os passos da máfia ecoavam cada vez mais perto.
— Ótimo. Agora até figuras geométricas falam comigo. Já tô ficando maluco…
— Maluco? — o triângulo riu, inclinando o chapéu. — Talvez. Mas maluco ou não, posso te tirar dessa encrenca.
Stan cerrou os olhos, avaliando.
— E o que você ganha com isso, “Senhor Chapéuzinho Azul”?
— Pode me chamar de Butters. — o ser respondeu, fazendo uma pequena reverência no ar. — E o que eu ganho… ah, apenas uma oportunidade. Digamos que eu gosto de investir em pessoas com potencial.
Os gritos estavam cada vez mais próximos. Stan não tinha escolha. Ele nunca confiou em ninguém facilmente — mas, diante da criatura enigmática, algo em sua voz soava convincente, quase hipnótico.
— Tá bom, “Butters”. Mas se isso for algum truque, juro que vou… —
— Você vai o quê? — Butters interrompeu, divertido. — Atacar uma figura cósmica com seus punhos suados?
Stan resmungou, mas não teve tempo de responder. Os homens da máfia surgiram no fim do beco. Antes que pudessem avançar, Butters ergueu uma das mãos azuladas e estalou os dedos. Uma onda de luz azulada varreu o lugar. Por um instante, o beco pareceu se distorcer, e os mafiosos sumiram de vista, como se tivessem sido desviados para outra rua.
Stan arregalou os olhos.
— Mas… o que foi isso?!
Butters ajeitou o chapéu, como se não tivesse feito nada demais.
— Digamos que eu tenho… certos truques de ilusionista.
Stan respirou fundo, ainda em choque. Parte dele queria correr de volta, fingir que nunca tinha visto aquilo. Mas outra parte… outra parte estava intrigada.
— Tá bom… você me ajudou. Agora me diz: o que realmente quer comigo?
O triângulo sorriu, o olho central brilhando em dourado.
— Ah, Stanley… só quero uma pequena coisa...