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Os 100 Nakamas que te Seguem Muuuuuito

Summary:

E se o bando do Luffy simplesmente nunca parasse de crescer? Sempre entrasse gente nova?

20 companheiros? 30 companheiros? 40 companheiros? Aonde vai parar?

Essa fanfic reescreve a história de One Piece a partir do arco SKypiea pra frente com o detalhe adicional de que Wyper desceu pro Mar Azul junto de Luffy e dali pra frente o Luffy nunca vai sair de uma ilha (canônica) sem um companheiro novo no seu bando. Acompanhe cada arco ficando gradualmente mais lotado de gente pouco a pouco.

Essa fanfic também tem o objetivo secundário de reescrever alguns fillers e filmes dentro da jornada do Luffy de modo que eles pareçam uma parte maior da aventura começando pelo popular arco G-8. Nos arcos fillers não temos a obrigação de achar um companheiro novo, mas as vezes vai acontecer.

Espero que curtam.

Como One Piece não acabou, e a fanfic vai seguir a história até o fim, sem previsão pra ela acabar eventualmente. Curtam arco a arco e vamos ver aonde ela vai. Se eu conseguir chego em Elbaf e além.

Notes:

Novos capítulos todo domingo.

Fico falando abobrinha sobre One Piece no bluesky: @izzombie.bsky.social

Chapter 1: Wiper, o Demônio da Guerra.

Summary:

Após falar com Nico Robin após a derrota de Enel, Wiper toma uma decisão radical que vai mudar a sua vida pra sempre.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

A história normal de One Piece começou quando Monkey D. Luffy deixou a Vila Fusha no East Blue, dentro de um barquinho, no dia Primeiro de fevereiro, 22 anos depois da morte de Gold Roger em Logue Town. Mas a nossa história modificada de One Piece, se passa em uma linha do tempo diferente que só começou a realmente divergir da linha do tempo normal do mangá no dia 11 de março do mesmo ano, quando Luffy e sua tripulação: Roronoa Zoro, Nami, Usopp, Sanji, Chopper e Nico Robin estavam na Ilha do Céu, Skypiea. E nossa história começa a divergir por causa desse personagem chamado Wiper.

Por favor, percebam que o dia anterior já havia sido um dos dias mais intensos da vida de Wiper, graças a Luffy. Ele se viu igualado em força por um forasteiro de quem nunca ouviu falar. Ele descobriu que esse forasteiro queria tocar o sino de ouro para trazer paz aos descendentes de Norland. Ele viu esse forasteiro vencer Enel em combate e expulsar o tirano do Upper Yard, e de noite, ele viu esse forasteiro unir shandias e o povo do céu em uma festa na fogueira, celebrando o fim de uma guerra que durou 400 anos. Certamente 24h impactantes na vida do guerreiro.

Mas o dia seguinte seria ainda mais chocante, mesmo que não fosse um dia em que Wiper quase morreu. Na manhã seguinte à festa, Wiper com certa dificuldade em andar, foi até o sino de ouro, que os shandias e o povo do céu juntos estavam retirando das nuvens onde estava afundado. Juntos. Wiper ia demorar para se acostumar com isso. Com a mera possibilidade de os povos ficarem em paz e a terra ser dividida. Gan Fall ia ter uma reunião mais tarde com o líder dos Shandias para reestabelecer a paz e os direitos mútuos entre os dois povos, e Wiper havia sido chamado para ser parte da reunião. Mas o que ele entende de diplomacia? Parte dele ainda não perdoou Gan Fall. Wiper não sabia se saberia viver em uma terra em paz, com tanta insatisfação dentro dele ainda.

Wiper estava completamente enfaixado pelos ferimentos dos diversos combates que entrou no dia anterior. Sua asa esquerda estava queimada e sem penas por causa da lança de fogo que recebeu no peito, e devido ao Reject Dial usado três vezes, ele tinha seu braço direito quebrado. O guerreiro observava sentado o resgate do sino, sem poder ajudar, quando do nada, e aí sim é importante enfatizar a perspectiva dele, do completo nada, tão do nada quanto surgiram no céu em primeiro lugar, aparece Nico Robin.

De todos os forasteiros do Mar Azul, ela é a de quem Wiper melhor se lembrava depois do Chapéu de Palha. Ela foi uma das cinco sobreviventes que enfrentou Enel no final do Survival Game, e ela foi quem contou para Wiper a história do descendente de Norland vivendo no Mar Azul. Ela também foi, depois ele ouviu falar na festa, quem descobriu as ruinas de Shandora no Upper Yard. Ela tinha uma aura diferenciada do resto do grupo, Wiper se perguntava se ela era a líder secreta desses piratas.

Quando o sino estava devidamente resgatado essa mulher misteriosa se aproximou das inscrições no sino, as inscrições que Calgara jurou proteger, e as leu. O chefe dos shandias perguntou o que é que estava escrito, e o que ela respondeu é que ali estava falando a localização da arma Poseidon.

Uma arma! Calgara estava protegendo uma informação sobre uma arma! Que arma era essa? Porque os Shandias não usaram essa arma para enfrentar seus inimigos nos últimos 400 anos. Mas o mais importante é: O que é que essa mulher sabe? Calgara não sabia ler os escritos, ninguém em Shandia sabia, mas ela aparece no céu do nada para dizer o que é que diz esse texto? O que mais ela sabe? Como ela sabe? Wiper encarava Robin enquanto acendia um cigarro.

Wiper observava enquanto Nico Robin conversava com o chefe dos Shandias, ela dizia que a pedra já havia cumprido seu objetivo, e o chefe dos Shandias caiu em lágrimas de saber que eles já não precisam mais lutar e estão liberados desse fardo de 400 anos. Não precisar mais lutar? Bobagem. Ela acabou de falar que eles estão protegendo uma arma, e quem protege uma arma está se antecipando para uma luta que está por vir.

Nico Robin e o moleque do Chapéu de Palha eram, até onde Wiper entendia, piratas. Piratas eram aparentemente um grupo sem-terra que viajava de terra em terra para pilhar recursos ou algo parecido. Por que um pirata ia precisar de uma arma? Como ele podia saber que não devia estar impedindo a pedra de ser lida justamente por gente que nem ela? Wiper não sabia de nada e se frustrava conforme via o sentido de sua vida se desamarrar e todos os motivos pelo qual ele lutou se solucionarem. O que ele fará de agora em diante, essa mulher vai embora e ninguém vai explicar para ele pelo que Calgara lutou.

Enfim um dos anjos apontou para Robin que tem ainda mais texto para ela ler. Do lado do texto que Calgara protegeu, entalhado no Sino de Ouro, alguns escritos no mesmo idioma que, de acordo com Robin, diziam “Eu estive aqui e seguirei essas palavras até o fim: Gol D. Roger”. Wiper nunca havia escutado esse nome em sua vida, mas Robin havia, ela o chamou de Rei dos Piratas.

E foi ali que tudo mudou. E os rumos dos mares mudaram para sempre. Robin estava pronta para reencontrar seu bando, que como todos lembramos, estava ocupado dentro da barriga da cobra adormecida saqueando uma grande quantidade de ouro dos shandias. Porém no que Robin se preparava para se retirar, Wiper usa seu braço não-quebrado para segurar o ombro de Robin

- Quem é você?

- Acho que não fomos apresentados... meu nome é Nico Robin, sou a arqueóloga do Bando do Chapéu de Palha. Você é o líder dos guerreiros Shandias, não é? Nos encontramos ontem, mas acho que não interagimos tanto. Impressionante a maneira como você derrubou o pé de feijão.

– Meu nome é Wiper. E onde você aprendeu a ler esse escrito que meu povo jamais aprendeu nos últimos anos? Todo mundo no Mar Azul consegue ler essa pedra?

– Todo mundo? Não, muito pelo contrário, eu provavelmente sou a última que carrega esse conhecimento. É um conhecimento proibido, e os que sabem são caçados e mortos.

– Então por que você aprendeu? O que esses textos te revelam? O que você vai fazer com a arma Poseidon, agora que sabe onde ela está?

Robin respira fundo.

– Eu não quero nada com essas armas. Tudo o que eu quero aprender é a história que meus inimigos querem esconder. – Wiper reparou bem no uso dela da palavra “inimigos”. – Eu sei que se eu seguir essas pedras até o fim, elas vão me levar até a verdadeira história do mundo, e os eventos de 800 anos atrás enfim virão à tona. Seus ancestrais protegeram essas pedras por muitos séculos, e por isso eu agradeço, obrigada, mas a minha jornada continua até eu saber a verdade sobre o mundo.

Wiper estava começando a ter uma noção da situação, existem várias dessas pedras. Que estão sendo protegidas faz 800 anos? Isso é o dobro de tempo que se passou desde que Calgara morreu. Os inimigos dela querem impedir as pedras de serem lidas. Vários povos se voluntariaram para proteger esse conhecimento e os Shandias eram um desses povos. Algum Shandia se envolveu na guerra de outra pessoa, e 400 anos depois Calgara herdou essa guerra e 400 anos depois Wiper herdou essa guerra. E nesse tempo o que está sendo protegido se perdeu. Nem mesmo Nico Robin sabe para que serve essa arma. Mas a guerra ainda não acabou, pois alguém vai matar Nico Robin por esse conhecimento.

Sem mais o que conversar, Robin se afastou e Wiper observou enquanto ela e Gan Fall conversavam, aparentemente o tal de Roger conheceu Gan Fall em sua visita e ficaram amigos. Wiper se perguntou se a amizade de Gan Fall com um forasteiro que chegou de barco poderia ser intensa como foi a de Calgara e Norland. No céu uma pessoa raramente sai de sua terra, não tem para onde se ir, mas essas pessoas no Mar Azul visitam diversos lugares e conhecem pessoas tão diferentes, quantas pedras Nico Robin leu? Em quantas terras o jovem do Chapéu de Palha deixou uma marca?

O que Wiper estava encarando era o sentido de sua vida. Ele deixa Nico Robin e caminha pela Upper Yard, a terra de seu povo, logo logo Laki e os demais vão poder morar nessa terra. A ficha ainda não tinha caído. Wiper desce do Upper Yard e pisa na ilha de nuvem onde tem uma pedra marcando um túmulo, era onde seu pai morreu. Pithon havia sido covardemente assassinado pela Guarda de Deus, mas nunca quis guerrear. O que ele queria era cultivar plantas, ele precisou assumir o posto de líder dos guerreiros, pois a guerra não havia acabado. Wiper lacrimejava, chorava e soluçava, se seu pai tivesse sobrevivido por mais 14 anos, hoje ele poderia enfim largar as batalhas e cuidar de suas plantações.

Mas a guerra não acabou.

E Wiper não sabia se ia conseguir viver em tempos de paz. Ele precisava ir para onde a guerra estava e encerrá-la. Wiper entendeu o que ele tinha que fazer. Nico Robin estava prestes a ir embora, então ele sabia que precisava ser rápido.

Wiper voltou para sua tenda, seu corpo ainda doía, mas mesmo com um braço só, ele tinha que ser rápido, não podia se desencontrar dos piratas ou não teria outra chance. Encheu uma sacola de Dials, pegou sua bazuca, seu escudo e os patins. O que mais ele poderia precisar? Provavelmente mais nada. Com tudo pronto, ele se levantou para partir, mas Laki estava na porta esperando.

– Aisa tá achando que você está indo embora, venho ver e te encontro fazendo as malas, não vai se despedir?

– Não posso perder tempo, eles não vão se despedir também, você também ouviu? Estão falando que eles saíram correndo sem aceitar o pilar de ouro, mas era um presente. Eu não posso me desencontrar deles.

Laki abraça Wiper.

– Shandora precisa de você.

– Isso não é verdade. Pela primeira vez em séculos, o povo não precisa de um guerreiro. E isso é tudo o que eu sou, o Demônio da Guerra. A guerra que a gente lutou é só uma fração de uma guerra no Mar Azul, que nosso povo se envolveu quando ainda estava lá. Eu preciso entender que guerra é essa, pelo que Calgara lutou e pelo que meu pai lutou. Vamos começar um período de paz aqui e eu não sei qual será meu espaço. Talvez não exista, talvez seja a hora de você liderar Braham e os demais. Mande minhas lembranças para ele.

– Mas vamos sentir sua falta. – A amizade de Laki e Wiper ia longe desde quando eram criancinhas que não entendiam direito a situação do povo shandia. E esse não era um povo com o costume de se afastar.

– Não deixe a Luz de Shandora apagar Laki, eu conto com você. E se o sino continuar tocando, eu vou saber lá de baixo que vocês estão bem. Pegue no pé de Gan Fall, garanta que nossos direitos serão respeitados, você é melhor em diplomacia do que eu.

Wiper deixou Laki para trás e seguiu caminho. Ele estava com pressa. O último Shandia de quem ele se despediu foi o chefe da tribo, que o emboscou na divisa com o mar branco. Ele observava Wiper enquanto caminhava, e não tentou puxar uma conversa com Wiper. O Chefe é quem criou Wiper desde que ele tinha oito anos, os dois se conheciam o suficiente para deixar algumas coisas não ditas. O Chefe sabia que Wiper havia tomado uma decisão radical e que era teimoso, e ia com ela até o fim. Então só cabia a ele dar um conselho. Enquanto Wiper se sentava para vestir seus patins, o Chefe enfim falou.

– O povo precisa saber as coisas que você aprender lá em baixo. Você precisa voltar e contar pra todos nós o que aprender. Fique vivo e volte antes de eu morrer, e me ensine tudo sobre o mar azul.

– Eu vou. – Respondeu Wiper sério e carrancudo. – Aqui é a minha terra. – O Chefe lacrimejou vendo Wiper ir.

Wiper patinou nas nuvens do mar branco até ver o Going Merry que estava se aproximando de Cloud’s End, um grande portão que levaria os forasteiros de volta ao Mar Azul, na escolta estava a mulher loira que ficou amiga deles.... qual era mesmo o nome dela? Não importa. O navio estava chegando no portão, o corpo de Wiper doía, mas ele precisava correr para chegar a tempo.

– Espere aí, Chapéu de Palha!! – Gritou Wiper, enquanto corria. Todos os piratas olharam para ele. – Me deixe ir com vocês!

– Ih, é o Cara do Moicano – Observou Luffy. – Você quer o quê?

– Eu quero descer com vocês pro Mar Azul!! Eu tenho a minha própria jornada lá embaixo.

– Você quer ser pirata com a gente??

– O que? Não. Eu só quero....

– Ser pirata é divertido, você vai se amarrar! Aê galera, ajudem o companheiro novo a subir no barco. Esse aí é pedrada, vocês têm que ver a bazuca dele.

E aqui é necessário apontar uma coisa. Wiper é um homem muito sério. E ele raramente está perto de gente que não é séria, Laki é uma mulher séria, Gan Fall era um homem sério, Braham e Kamakiri são pessoas sérias. Você mesmo notou que esse capítulo é na perspectiva do Wiper e não tem piadas, pois palhaçada não gravita na direção dele. Então Wiper não tem desenvolvida nenhuma técnica real para responder uma pessoa que nem o Luffy. Ele lida com a personalidade dele da exata mesma forma que ele lida com a complexidade de um elástico... com confusão.  

– Você me entendeu mal, deixa eu me explicar melhor....

– Diz aí, você toca algum instrumento? Esse barco precisa de um músico.

– Eu não preciso ficar muito tempo no barco, eu só quero descer.

– Pô, então você pode ser o timoneiro, ainda não temos um desses.... mas aí é a Nami que explica o que você tem que fazer.

Zoro percebeu o que estava acontecendo e resolveu intervir.

– Escuta, tá parecendo que você quer ter essa conversa aqui dentro, a gente está descendo já, então se quiser pular a hora é agora. – Gritou Zoro jogando uma corda para Wiper segurar, mas o shandia simplesmente ignora a corda.

Wiper saltou nas nuvens e com o impulso de seus patins alcançou o Going Merry, mas a que preço? Seu corpo não estava pronto para acrobacias no céu e ele caiu com muita dor. Mas ele é um guerreiro, ele aguenta. Não pode deixar a dor tirá-lo de uma missão. O homem-guaxinim do bando estava apavorado. Nico Robin estava lá observando, ela estava sorrindo. Mas o jovem do Chapéu de Palha estava acima de tudo, curioso.

– Diz aí, decidiu virar pirata por quê?

– Eu não decidi virar pirata. Eu só quero aprender mais sobre o Mar Azul, e sobre o caminho que o tal do.... é Roger que chama? Quero saber sobre a jornada dele, visitar lugares que ele visitou...

– São os piratas que fazem a jornada dele. Vai ser legal te ter no bando. – Wiper estava de fato preocupado de que não ficou claro que ele somente pediu uma carona para descer. Que ele não pediu para entrar no bando. Essa falha de comunicação precisava ser resolvida, mas o Chapéu de Palha não estava se permitindo ser esclarecido.

Conforme Wiper se preparava para explicar melhor, eles ouviram o barulho de um pássaro. Era o South Bird que eles haviam capturado em Jaya, falando algo que Chopper traduziu como “Não vão me esquecer não, hein?”

Sanji se sentou ao lado de Wiper.

– Fica tranquilo, ele é assim mesmo. Vamos nos concentrar agora em descer. Lá embaixo você pode pular fora do barco quando quiser. – Pelo menos uma pessoa havia entendido o que Wiper queria.

O bando todo estava realmente empolgado em como ia ser a viagem fora do céu. Em grande ingenuidade, que acabou quando Conis anunciou – Cuidado com a queda. – E o Going Merry se viu em queda livre a dez mil metros do chão. Um pequeno ataque cardíaco para todos ali, exceto Wiper, que já sabia o que vinha a seguir. Até o South Bird ficou com medo.

Um polvo saiu das nuvens e se agarrou ao barco, era o polvo-balão, uma espécie do céu, capaz de flutuar e descer o navio lentamente. Todos se acalmaram ao ver que a descida seria tranquila, e nesse instante todos conseguem ouvir o soar do sino.

O sino dourado, orgulho do povo Shandia, e aparentemente agora é o orgulho da Ilha do Céu. Ecoando e ecoando, para chamar de volta a todos que um dia visitaram a ilha. Wiper sabia que todos estavam chamando o Chapéu de Palha de volta e ele também. Um dia ele voltaria pro céu e veria com os próprios olhos o que a paz fez com esses dois povos. Mas antes ele ia precisar descobrir o que a paz significa no Mar Azul.

Notes:

A ideia pra esse capítulo veio quando eu notei que o Wiper não está presente na cena em que os shandias e Robin encontram o Poneglyph e os escritos de Roger... então tecnicamente esse Universo Alternativo se dividiu porque Wiper resolveu estar nessa cena e começou todo um efeito borboleta para a formação de um bando bem diferente.

Chapter 2: Um shandia no Going Merry.

Summary:

Enquanto o Going Merry desce até o Mar Azul, Wiper vai conhecendo melhor quem são os membros dos Piratas do Chapéu de Palha.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

O polvo-balão criou um contraste grande entre como o Bando do Chapéu de Palha chegou no céu e como saiu. Se a Knock Up Stream foi notória por ser rápida e agressiva, o Polvo-Balão desceu lentamente, com calma em direção ao Mar Azul, com a previsão de passar um dia todo descendo.

Estar no Going Merry era estranho para Wiper, era território desconhecido. Ele nunca esteve em um navio antes. Existem alguns barcos nos céus, mas os shandias tradicionalmente cruzam as nuvens com seus patins e skates. Daqui em diante Wiper vai sair muito da sua zona de conforto em relação ao que foram seus últimos 22 anos como um shandia, e esse choque cultural começa ali, em um barco de madeira flutuando nos céus, ocupado por pessoas do mar azul que Wiper não sabia se ele tinha muito em comum.

O capitão do navio era o Chapéu de Palha, Wiper lutou com ele nos céus, os dois empataram, Wiper reconhecia a força dele. E o Chapéu de Palha estava fascinado com a ideia de ter Wiper como companheiro, algo que deixava Wiper confuso, pois ele acreditava que tinha sido claro que não era essa a ideia.

O Chapéu de Palha ficava sentado na cabeça de bode na proa a maior parte do tempo. E quando ele viu Wiper caminhando pela proa, gritou lá de cima:

– Aí maluco, você vai se amarrar em ser pirata.

Luffy desceu para puxar assunto com seu mais novo companheiro. – Teus amigos soltaram o maior som bom no tambor anteontem. Você consegue tocar tambor?

– Eu não sou músico. – Respondeu Wiper sério e carrancudo, a única expressão facial que ele sabe fazer.

– Chato, mas a gente acha algo pra você fazer no barco. Tem espaço pra tudo. Você pode ser o nosso olheiro. A Robin tem feito isso, mas tá faltando um. Aí você fica em cima do mastro pra procurar uma nova ilha.

– Olha Chapéu de Palha, eu sou grato pelo que fez pelo meu povo, mas eu não estou tão determinado a virar um pirata, o que eu gostaria é de descer desse navio na próxima ilha e entender qual vai ser minha jornada sozinho...

– Pô, os mares não são bons de se navegar sozinho não, você vai precisar de amigos. A gente é amigo, não é? E a festança lá em cima com a fogueira? Shishishishi. Se eu fosse navegar sozinho já teria morrido, os mares foram feitos pra gente navegar com alguém.

– Mesmo se não estivermos na mesma jornada?

– Você quer conhecer o Gold Roger, certo? Eu quero chegar na ilha que só ele chegou. A gente vai estar junto.

O Chapéu de Palha era otimista e insistente, mas Wiper queria um tempo pra pensar.

– Eu preciso de um tempo pra pensar.

Luffy se puxou de volta para a proa do navio, como se tivesse visto alguma coisa mais interessante que pensar, bem além no horizonte

Zoro estava dormindo no convés do navio. Wiper respeitava Zoro por tudo que tinha ouvido falar através de Braham, depois de sua derrota, e via algo de si mesmo no guerreiro. Para Wiper, Zoro era um dos verdadeiros guerreiros do grupo. E isso só fazia aumentar sua confusão quando o viu apenas resmungar em resposta ao que pareceu ser uma bronca do outro companheiro, o de sobrancelha esquisita, mandando que ele não dormisse no meio do convés. Wiper não tinha gravado o nome dele ainda, e pra Zoro o rapaz de cabelos loiros não parecia de grande importância. Era estranho para Wiper, todos pareciam fortes, alguns mais que outros, mas isso não ditava ordem.

Na popa no navio havia uma pequena plantação, três tangerineiras plantadas em uma área com vearth . O vearth é tão precioso e indispensável, e esses piratas carregam um pouco com eles naquele navio de madeira. Wiper achava fascinante. Ele se abaixou pra tocar em um punhado de terra, um privilégio pra quem cresceu como um shandia, exilado de Upper Yard. Mas Nami estava bem atrás de Wiper observando.

– Vocês têm tangerinas lá no céu?. – Nami era a garota medrosa que ficou de pé por último do Survival Game e aceitou subir na arca de Enel em vez de enfrentar ele. Desde que o navio partiu Wiper notou que é ela quem dá as ordens mais do que Luffy, disse o que tinham que fazer com as cordas, o que tinham que fazer com as velas, e todo mundo segue suas instruções a risca. É o tipo de função que ele imaginava Zoro exercendo, mas a hierarquia do bando surpreendia ele. Wiper teve sorte que a viagem estava tranquila então ele não precisou pegar no pesado, mas uma surpresa viria quando ele estivesse no barco na primeira tempestade.

– Ah tem algumas sim, no Upper Yard, na região shandia a gente não tem vearth pra plantar uma árvore dessas, eu queria olhar um pouco o vearth , é muito especial pra gente. Vocês todos cuidam dessas árvores?

– Eu que cuido delas. Às vezes o Sanji ajuda se eu estiver olhando. Essas árvores são meu tesouro, eu quero cuidar delas eu mesma. – Nami se ajoelha pra conversar com Wiper, falta de confiança não era o motivo pelo qual ela cuidava as árvores sozinhas, não é como se Luffy e Zoro tivessem muito interesse em plantas pra engajar com ela nesse assunto. Usopp era interessado, mas ela não confiava desde o dia que ele perguntou se espremer tangerina no olho nos inimigos era a mesma coisa que espremer limão, ela não está cultivando armas pra ele. E ela às vezes suspeitava que Sanji poderia só ajudar ela para tentar impressionar, outras vezes ela achava que Sanji realmente apreciava poder cultivar um ingrediente vital dentro do navio.

– Eu sei que não tem muito vearth aqui pra plantar, mas deveria cogitar pegar uma área maior e plantar umas ervilhas em volta. Elas vão deixar o vearth melhor pra esse tipo de fruta cítrica.

– É, eu sei... Minha mãe era fazendeira de tangerinas, a gente tentou plantar feijão junto por um tempo, mas Bellmére não conseguiu manter eles vivos, ela era boa mesmo é com tangerinas, mas com outras plantas.... – Nami pensava em como era difícil pagar as contas só com tangerinas, mas se Bellmére conseguisse plantar mais coisas, podia ter tido uma vida diferente.

– ...o meu pai sonhava em ser um botânico. Meu povo foi salvo quando um botânico encontrou nossa cidade e nos ensinou coisas novas sobre plantas 400 anos atrás. Ele sempre quis seguir os passos do nosso herói, mas ele foi obrigado a ser um guerreiro. Toda chance que ele tinha de me ensinar algo sobre plantações ele me explicava. – Pelo tom de voz de Wiper dava pra ver que seu pai havia morrido já, Nami tinha isso em comum com ele.

– Minha mãe também me ensinou tudo o que sabia. Ela faleceu oito anos atrás, pra salvar minha vida. Eu preservo a memória dela cuidando dessas árvores.

– Meu povo acredita que quando morremos nossos espíritos passam a habitar as árvores. E que protegemos elas pros nossos ancestrais seguirem nos observando. Sua mãe ainda está aqui, sentindo você cuidar dessas árvores.

Nami ficou feliz de ouvir a explicação de Wiper. Ele continuou sem sorrir enquanto falava, mesmo assim tinha gentileza em suas palavras.

– Wiper... tem algo que eu quero ouvir sua opinião a respeito.

No quarto das mulheres do Going Merry estava empilhando uma montanha de ouro que o bando do chapéu de palha pegou da barriga da serpente gigante Nora, enquanto Wiper e Robin conversavam. Não surpreendeu Wiper que eles recusaram o pilar de ouro que seria dado, com tudo aquilo no saco.

– Você não tá bravo, né?

– Não, a gente ia dar o pilar de ouro pra vocês. Esse ouro é o mínimo por terem parado a guerra de 400 anos.

– Mas são tesouros do seu povo... a gente vai vender esse ouro por dinheiro, mas se tiverem itens que tem valor especial pra você, você pode ficar com... um deles.... desde que pese menos de cem gramas. – Wiper não tinha entendido ainda o quanto foi difícil pra Nami expressar esse nível de generosidade. Mas não fazia diferença pra ele.

– Shandora será o que quem ficou pra trás fizer de lá. Enel levou o ouro, a serpente comeu os tesouros com o passar dos séculos. E o povo do céu vai passar a morar ali.... – Wiper estava melancólico. – A Shandora de Calgara não vai ser recriada, eles vão ter que reconstruir uma cidade que não vai girar em torno de seu ouro. Esses itens vieram do mar azul e voltaram pro mar azul. Talvez outra pessoa reconheça algo neles que eu não sou capaz de reconhecer. – Wiper pensou na fala de Robin sobre terem outras pedras protegidas por outros povos.

Alguém bateu na porta do quarto das mulheres, e era Usopp, que aparentemente estava procurando por Nami.

– Nami, tá aí? Quero saber se você quer que eu dê uma olhada no Clima Tact. Eu acho que com as dials que eu consegui em Skypiea a arma vai ficar bem mais eficiente. – Diz Usopp. Nami abre a porta pra ele.

– Eu adoraria Usopp.

– Ótimo, e bem, como pagamento pelo serviço eu acho que podemos facilitar tudo e só cancelar aquela minha dívida do dinheiro que você me emprestou em Alabasta e.... – Nami interrompe Usopp sinalizando que ele pare de falar.

– Pensando bem Usopp, você pode ver o Clima Tact em outro momento, depois que você acertar as suas contas, pra não gerar confusões... – Nami era difícil de se passar a perna com dinheiro, mas Usopp precisava tentar.

Usopp reparou que Wiper estava no quarto também, e se aproximou dele. Ele era o outro tripulante que queria mostrar para Wiper tudo o que ele pegou do céu. Esse era o pirata sobre quem todo mundo conversava na festa na fogueira, aparentemente ele tinha uma arma valiosa chamada “elástico” que impressionou todo mundo. Ele trocou seus valiosos elásticos por Dials. Coitado, estava no quarto dos homens se gabando com um breath dial, flash dial, tone dial, e algumas outras conchas básicas. Wiper se sentia mal por terem passado a perna em Usopp, ele tinha trazido alguns dos exatos mesmos Dials com ele.

Mas Wiper também havia trazido o Reject Dial. Um dial muito raro que seu avô encontrou sozinho. O avô de Wiper, Coral passou a vida caçando o Reject Dial que Wiper herdaria. Porém dials são conchas, eles não são produzidos, são encontrados. E enquanto não encontrou o Reject Dial, Coral encontrou diversos outros dials mais incomuns.

Wiper mostrou para Usopp dois Dials que Usopp não possuía em sua coleção. Um deles era o Color Dial. Era uma concha enrolada em uma espiral fininha e longa. Seu formato se assemelhava a um lápis, e era essa a sua função. Wiper mostrou para Usopp que podia absorver qualquer cor de um objeto em que encostasse, e reproduzir essa cor em um papel em branco.

Usopp, o artista que era quase chorou vendo isso.

– Eu te dou qualquer coisa em troca. Quer que eu te faça novos patins? Quer a sua própria arma?

– Você pode ficar, é o preço justo pelos elásticos que você distribuiu ali em cima.

O segundo dial que Wiper mostrou para Usopp é o Plant Dial. Esse parecia a concha de um nautiloide, mas com a concha toda marrom. Quando Wiper aperta o botão no centro do Dial sai uma muda. Usopp ficou impressionado.

– Que planta é essa?

– É pimenta-de-shandora... você põe uma semente dentro da concha e a concha produz as mudas. Esse eu não vou te dar, vai ficar comigo. Só estou te mostrando.

– Uau! Com um desses a gente pode começar uma criação de pimenta aqui no Merry mesmo. Me ajudaria muito a fazer os meus mortais tabasco-boshi.

– Eu vou te deixar as mudas antes de ir. Meu povo acredita que o ardor da pimenta purifica o corpo dos maus espíritos.

Usopp abraça Wiper lacrimejando.

– Obrigado homem do céu!!! – Wiper se sentia incomodado com a afeição de Usopp. Ele desfez o abraço desconfortável e se retirou.

Na cozinha, o cozinheiro do bando, Sanji, estava fazendo o lanche. Ele era o homem de sobrancelha enrolada. O dia estava leve e tranquilo só com o balão flutuando, então Sanji estava tentando algumas receitas aprendeu com o Pagaya. Wiper entrou na cozinha.

– Luffy se eu te pegar tentando roubar comida de novo.... ah é você....

– Wiper

– Desculpa a gente praticamente não se falou lá no céu.

– Tá tudo bem, eu vim te perguntar pois notei que você é o único que fuma aqui. De onde você tira seus cigarros? Eu achei que teria uma plantação de tabaco aqui no navio e não trouxe os meus.

– Ah – Sanji pega um maço de cigarro do bolso – Esse aqui ainda tá fechado. A gente compra nos mercados. Esse é da marca King’s Ground, pode ficar com você eu tenho outro.

Wiper põe o cigarro na boca e Sanji ajuda a acender com um fósforo. Wiper dá uma tragada e começa a tossir.

– Mas gente, o que é que tem nisso daqui? Que horrível, é isso que você fumou ontem e anteontem o dia todo? – Era o pior cigarro que Wiper já tinha provado.

– Você fazia seu próprio cigarro? Então certamente é diferente do que você está acostumado. Eles põem umas substâncias a mais pra conservação e sabor.

– Que absurdo! – Wiper apaga a bituca e joga fora sem terminar. – Desculpa, mas eu não vou conseguir. Eu devia ter trazido uma planta de tabaco na Plant Dial.

– Ei, ei, ei, vai embora não. – Ordena Sanji, igual ele fez com Zoro no convés. Wiper pausa, Sanji coloca uma bandeja com vários sanduíches na mão dele. – Vai passando pelo navio e vendo quem quer enquanto eu faço mais. E por favor – disse Sanji devagar, com uma pausa - garante que todo mundo pegou pelo menos um antes do Luffy começar a atacar tudo feito um animal, sim?

– ...Tá. Todo mundo tem que pegar pelo menos-

– Ah! Mas a Nami e a Robin podem pegar três. Só não deixa o Luffy zoar não.

No que Wiper saiu da cozinha com a bandeja de sanduiches, Luffy imediatamente farejou a comida e meio correndo.

– Aeeeee!! COMIDA!!

Wiper deu um chute no queixo de Luffy que o mandou batendo até o mastro

– Tem que deixar pra todo mundo comer! As moças comem três!

Wiper coloca a bandeja na mesa e todos se sentam para comer. Chopper se senta ao lado de Wiper. Quando Wiper subiu no navio, Chopper fez um checkup nele, trocou suas ataduras e analisou o gesso em seu braço. Wiper achou tudo desnecessário.

– Você não pode lutar nessa condição, seu corpo ainda está se recuperando – O guaxinim era médico do bando e para sua estatura baixa era bem bravo.

– Relaxa doutor, eu sei me cuidar.

– Relaxa? Olha seu estado, vai demorar pelo menos três meses pro seu braço voltar ao normal.

– Vai nada, em uma semana já tá bom.

– Uma semana?? – Chopper estava indignado. – Não tem como, esse tipo de ferida é muito grave.

– Já aconteceu comigo antes, sei como funciona. – Wiper respondia sério, ele não estava tentando ser arrogante, não era a primeira vez que ele forçou a barra com o Reject, ele só foi mais longe dessa vez do que antes.

– Deixa ele em paz, Chopper – Interrompe Zoro comendo um sanduíche. – Um guerreiro conhece o próprio corpo, ele sabe os próprios limites. E sono cura tudo.

– Ele só chegou nesse ponto pois ele obviamente não sabe!!! Você é igual Zoro!

– Ele tá vivo, não tá? – Chopper não aguentava a ideia de que tinha um outro Zoro no barco. Zoro ria, Wiper não ria, mas comia os sanduiches, eram de fato muito bons.

Começava a anoitecer, o polvo ainda estava descendo os céus, Wiper estava encostado no mastro de braços cruzados. Se aproxima dele Nico Robin.

– Se divertindo? – Pergunta a arqueóloga.

– Essas pessoas são estranhas. Muito emotivas, exageradas, todos eles pertencem a esse barco, dá pra ver que é a casa deles.... o que aconteceu com a terra deles?

– Como?

– Pra eles estarem morando no mar, eu imagino que tenham perdido sua casa na guerra...

– Eu não sei de onde nenhum deles veio, eu subi nesse barco fazem cinco dias. – Afirma Robin. – Mas muita gente vai pro mar pelo desejo de explorar, sem ter perdido a própria terra, a maioria deles deve ter uma casa pra onde voltar, a maioria tem. Você tem pra onde voltar.

– Você tem?

– Não. Eu perdi minha terra pra guerra.

Bateu um silêncio. Aquela mulher intrigava Wiper, ele sentia que ela era a melhor pista que ele tinha para as respostas que procurava.

– Essa guerra tinha relação com a pedra que meu povo protege? – Pergunta Wiper, mas Robin se afasta em silêncio, deixando Wiper sozinho. Ela não ia se abrir quanto a esse assunto.

Ele realmente queria um cigarro de verdade.

Ele se aproxima da lateral da caravela para tentar ver o quanto faltava para pousarem. Estava bem escuro já, mas ele achava que se forçasse a vista ia conseguir ver. Conforme se inclina para ver um feixe de luz atinge Wiper, bem no olho, ele se afasta. O resto da tripulação repara.

– Que luz é essa? – Pergunta Zoro.

– Tem alguém observando a gente lá de baixo? – Pergunta Sanji.

Nami está na lateral olhando para baixo. – É a Marinha, tem uma base da marinha lá embaixo.

– Marinha? – Pergunta Wiper.

E é nesse exato instante que uma bala de canhão atinge o polvo que solta o Going Merry a 200 metros de altura pro desespero de todos a bordo.

Notes:

Nos meus esboços originais eu ia inventar que o peso de um oitavo passageiro fez o polvo desviar da rota dele e por isso que ele não pousou mais perto de Long Ring Long Land como no mangá.... mas aí eu pensei que eu ia ter que achar uma justificativa pra cada ilha fora do cânon que fosse aparecer. Então é isso, havia uma base da Marinha no caminho nesse universo.

Capítulo que vem começa oficialmente o arco G-8, espero que gostem.

Chapter 3: Base da marinha, G-8.

Summary:

Começo do arco G-8.

Na base G-8, o capitão Drakon e o Vice-Almirante Jonathan reagem a aparente invasão dos Piratas do Chapéu de Palha.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

A ilha de Navarone é uma fortaleza natural, localizada a 66 léguas ao noroeste de Jaya. A ilha é cercada por uma grande parede de pedra que dificulta a entrada de qualquer um, e foi em uma montanha que fica do lado de dentro da parede que a Marinha construiu uma de suas bases. A base G-8, que se encontra atualmente em um dilema.

A base mais naturalmente protegida da Marinha, é também a que piratas menos tentam invadir. Ocasionalmente piratas tentam invadir bases da Marinha e todas elas já lidaram com invasões, geralmente piratas querem roubar informação sobre outros piratas, roubar recursos ou libertar companheiros detidos. E alguns piratas escapam desse tipo de aventura, mas outros não escapam e são presos junto. O irmão de Luffy, Ace, estava agora mesmo, enquanto Luffy voltava do céu, voltando de uma invasão à base G-2 da Marinha. Mas em Navarone isso nunca acontece, ninguém tenta cruzar a grande parede de pedra e a base não funciona como uma isca para prender piratas. 

Navarone também não manda muitos navios para patrulhar os mares ao redor, e todos sabem como Jaya está abandonada pros piratas sem marinheiros indo prender as figuras de Mocktown. Com isso muita pressão externa de que a base é na verdade um desperdício de custos governamentais. Precisavam de muitos homens para manter a base funcionando, mas muitos burocratas do governo não apreciavam os resultados que a base trazia. 

Para o Capitão Drakon, isso era uma preocupação enorme e ele estava naquele exato momento no escritório do Vice-Almirante pensando em como convencer o inspetor que deveria chegar pela manhã a dar uma boa avaliação para a base. Talvez o inspetor pudesse convencer Marineford a mandar um esquadrão de busca para procurar a médica do G-8, desaparecida faz uma semana, sem ver isso só como a base dando trabalho, muitas consequências negativas da reputação da base podiam ser vistas na prática, não era uma boa situação. Drakon gostaria de ver o Vice-almirante Jonathan igualmente preocupado, mas Jonathan havia ido pescar.

O Vice-Almirante Jonathan não era como os demais. A maioria dos marinheiros se alistam na Marinha ainda adolescentes e passam por uma grande quantidade de treinamento físico para serem promovidos, mas Jonathan se alistou com 30 anos, e não era um guerreiro de seu reino de origem, ele era somente um civil que depois de um ataque pirata mandou para guarda real um plano de defesa que ia impedir outro ataque de se repetir. Era essa a história que circulava pela base, e era muito diferente de Drakon, que desejava ser forte para poder se vingar dos piratas que atacaram sua vila. Drakon não entendia Jonathan, que preferia encostar e ler um livro a treinar, mas mesmo assim em quinze anos ele fez o trabalho para ser promovido a Vice-Almirante. Como? Vice-Almirantes precisam ser fortes.

Ele era chamado de Jonathan o Pescador, por sua incrível paciência e por esperar sua presa vir até ele. Drakon se perguntava se caso o Vice-Almirante da base prendesse mais piratas se a base estaria menos em risco de fechar. A posição dele estava na corda bamba, e Jonathan pescando, naquele momento.

O den den mushi do escritório toca e Drakon atende.

– Alô, Vice-Almirante?

– O Vice-Almirante está em horário de descanso, Capitão Drakon aqui. Quer que eu o chame?

– Capitão, rápido, olhe para o céu, tem um navio voador não identificado nos sobrevoando.

Drakon larga o fone na mesa e vai correndo para janela observar o céu. Era verdade. Um navio sobrevoava a base, carregado por um polvo. Que absurdo. Drakon volta à mesa e ao den den mushi.

– É verdade, joguem os holofotes de luz no navio.

– Jogamos Capitão.

– Conseguem ver a bandeira? Algum desenho na vela?

– Não senhor, tem um polvo na frente. – Drakon estava a tempo o suficiente na Grand Line para não questionar a parte do polvo fazer o navio flutuar.

Era impossível determinar qual era a afiliação do navio. Drakon estava nervoso, até irem chamar Jonathan e ele chegar ia demorar muito para uma ordem ser dada. Isso era um assunto urgente, exigia uma medida urgente. Afinal podia ser um navio pirata, mas também podia ser um navio do exército revolucionário, eles podiam estar espionando a base, roubando segredos, ou tentando uma invasão aérea. Cada minuto importava, e Jonathan não era um homem de rapidez, Drakon precisava agir agora.

– Derrube o navio! Atirem os canhões! Reúnam a troca de atiradores e abatam o navio!

– Sim Capitão! – Respondeu o oficial no telefone e desligou. Drakon foi para a janela e viu, canhões disparados. O polvo soltou o navio que despencou bem nas águas dentro da fortaleza de Navarone. O navio estava dentro da base. Com o navio nas águas, nenhum tiro foi dado. Drakon olhou com uma luneta e não viu nenhum tripulante. Ele voltou ao Den Den Mushi e ligou pro oficial com quem falou.

– O navio ainda não afundou, por que pararam os tiros?

– Desculpa Capitão, o Vice-Almirante Jonathan veio pessoalmente, ele pediu pro navio não ser afundado.

– O que?

– Foi mal Capitão. – Era a voz de Jonathan no Den Den Mushi. – Bom trabalho pensando rápido, mas eu quero inspecionar esse navio, não podemos afundar ele ainda. Eu vou pegar um bote e embarcar nele, me acompanha?

Drakon não conseguia conceber o que é que tinha para se observar em um navio pirata. Eles só serviam para afundar. Ele se encontrou com Jonathan, um homem alto, com um cabelo ruivo bem curto e um massivo bigode. Drakon era menor, mais largo e tinha costeletas fortes no rosto. No bote acompanhava eles o Tenente Adams, um homem com cabelo encaracolado e bigode fino.

– Você tem certeza que quer embarcar, Vice-Almirante? O que estão dizendo por aí é que a embarcação é fantasma. – Comenta o Tenente Adams.

– E por que dizem isso? – Respondeu Jonathan

– O navio veio até aqui voando, né? Desde que ele chegou alguns marinheiros afirmam ter visto olhos estranhos aparecerem e desaparecerem, um monstro peludo, um homem de braços de mais de 3 metros, um tengu... é um navio de assombrações, quem sabe o que ainda tem dentro?

– Tenente, eu lhe garanto que tengus e monstros morrem para um tiro de espingarda também, vamos saber nos defender. Agora precisamos investigar.

Os três marinheiros alcançam o Going Merry e o escalam com uma corda. Drakon e Adams não sabiam o que queriam procurar, mas Jonathan olhava atento. Ele chama a atenção para mesa posta, os pratos estavam todos esparramados com a queda livre do navio, mas Jonathan olha bem.

– Os pratos estão jogados, mas a mesa foi posta para 8 tripulantes. É um barco de oito pessoas.

– Somente oito piratas?

– Não é tão incomum, alguns bandos são mais compactos, o Reino de Drum foi destruído faz um mês por um bando de somente cinco pessoas, você não ouviu?

– Bom... eles não estão aqui. O navio está vazio, Vice-Almirante – Diz Drakon

– Sim, claro, eles saltaram do navio enquanto o barco caia. Podem ter sido jogados com a velocidade também... – Jonathan andava pelo Merry, ele desce as escadas e abre as portas dos quartos no navio. – Oito tripulantes, sendo seis homens e duas mulheres, pela distribuição dos quartos.... a cozinha está equipada então eles têm um cozinheiro, a enfermaria está equipada, então eles têm um médico, os mapas estão com anotações recentes neles, então eles tem um navegador. Mas pelo estado do casco e do mastro, eles não têm um carpinteiro.

E é olhando o quarto feminino que ele fica intrigado. Ele vê uma pilha de peças de ouro, todas antigas, pareciam saqueadas de uma ruína antiga. – Capitão, Tenente! Venham aqui! Olhem isso aqui, aparentemente esse bando pirata acabou de voltar de um grande saque. Hachichichichichi. Esse bando é dos bons. – Jonathan não conseguia conter o riso e a excitação, um peixão havia aparecido e ele queria pescá-lo.

– Olhamos a bandeira na vela, Vice-Almirante, esse é o bando do Chapéu de Palha. – Diz Drakon.

– Chapéu de Palha, hein? Acha que podem estar aqui para libertar nosso prisioneiro? – Pergunta Jonathan.

– Eles estão conectados?

– Ah sim, muito. Não tem lido os jornais? Esse é o bando que em Alabasta..... – A linha de pensamento de Jonathan é interrompida quando ele vê no barco um South Bird, sentado em cima do ouro. – Capitão, isso é um South Bird!

– E daí?

– South Birds só podem ser encontrados em Jaya! Esse navio veio de Jaya, e Jaya é onde a cidade de ouro foi vista pela última vez 400 anos atrás. O Bando do Chapéu de Palha encontrou a cidade de ouro submersa. Hachichichichi. – Jonathan estava impressionado com os olhos brilhando e rindo.. – Esse ouro é lendário. Vocês não conhecem a história de Norland, o Mentiroso? Esse bando acabou de fazer história. Ok, já inspecionamos o suficiente, mandem vir o rebocador.

– O rebocador?

– Vamos levar essa caravela pras docas Capitão. Esse ouro, esse South Bird, os remédios, toda a comida, toda a pólvora, os mapas, tudo dentro desse barco está sendo oficialmente confiscado pela marinha. Vamos consertar a caravela e transformar em uma embarcação da marinha também.

– O que? – Questionou Drakon – A Marinha tem acesso aos mantimentos de melhor qualidade e vamos saquear e pegar tudo de segunda mão de piratas?

– A única diferença entre um navio pirata e um navio da marinha é a bandeira, somos homens do mar e precisamos de todos os recursos que pudermos ter, pólvora é tudo igual e comida também, essa base precisa se manter e você sabe bem que estão enchendo o nosso saco com quanto dinheiro essa base gasta. Recursos são a vida de um homem do mar, e é um desperdício jogar recursos que salvam nossas vidas no fundo do mar.

– Mas e o bando do Chapéu de Palha? Eles vão tentar pegar o navio deles de volta.

– Ah, serão presos, quando encontrarmos eles. Se eles estão dentro de Navarone, então eles não têm como sair, só saem daqui algemados. E olhe ao seu redor, eles não vão conseguir sair daqui, só sai quem eu autorizo. – Jonathan olha pro portão de ferro por onde os navios passam para entrar e sair de Navarone, era a única falha no círculo de pedra, e só podia ser aberto com autorização do Vice-Almirante, era um fato de que nenhum barco sairia da ilha sem autorização. 

Jonathan não reparou que enquanto ele falava havia uma pequena orelha na parede ao seu lado. Quando ele olhou a orelha se dissipou em pétalas de flor.


Longe de Jonathan e Drakon, longe do Going Merry, no meio do bosque que cercava a base da Marinha G-8, estavam agachados e escondidos na moita, Nico Robin e Usopp. Robin vira pro atirador e repassa as notícias.

– Eles vão tomar o Merry.

– O QUÊ?? – Usopp estava em pânico.


No escritório de Jonathan, o Vice-Almirante está virando as páginas de um fichário, página por página. Quando ele chega na página correta ele grita. – Aqui! Achei! – Quando inspecionou o Going Merry, Jonathan estava com a roupa de folga, pois teve sua pesca interrompida. Mas em seu escritório ele colocou seu chapéu de vice-almirante e seu sobretudo para fazer a pesquisa.

– Achou o que, Vice-Almirante?

– O relatório que a Capitã Hina fez de sua missão em Alabasta.

– Ela mandou pra você o relatório?

– Claro que não, eu peço pro Brandnew do Quartel General me repassar essas coisas, isso aqui é informação, e informação é importante. Aqui diz que a Capitã Hina perseguiu um navio com design de bode capitaneado por Luffy do Chapéu de Palha no dia 8 de março, mas ela foi atrapalhada por um agente da Baroque Works com o codinome Mr. 2 Bon Clay e falhou em capturá-los. – Foi amplamente divulgado nos jornais que Os Chapéu de Palha e a Baroque Works foram cúmplices do ataque à Alabasta detido por Smoker, e Jonathan com toda sua percepção, não questionou essa narrativa. 

– Hoje é dia 13, então nesses cinco dias eles foram pra Jaya, obtiveram o tesouro afundado de Norland o Mentiroso e vieram pra cá. – Quando Jonathan começava a pensar ele se empolgava, Drakon e Adams podiam ver a energia de Jonathan crescendo conforme ele pegou outro relatório para conferir.

– O Capitão Smoker enfrentou o bando em Alabasta, quando eles tinham a princesa Vivi de refém, e ali ele descreveu como um bando de seis integrantes: – Drakon não estava tão familiarizado com o incidente em Alabasta, ele foi noticiado do afastamento de Crocodile, mas muito detalhe era novidade para ele. Alabasta é longe da base G-8.  – O Capitão Luffy, o Espadachim Zoro, uma navegadora ruiva, um narigudo, um cozinheiro loiro e um tanuki de estimação. Dois dias atrás Smoker veio entregar um prisioneiro capturado em Alabasta, Smoker é um cão-de-caça, ele tem ótimo faro, me pergunto se ele sabia que o bando viria pra cá...

– São seis tripulantes então, não oito. – Drakon disse tentando acompanhar as tangentes de Jonathan sem se perder do que realmente importava naquela situação.

– Os dois últimos entraram no bando depois que o bando saiu de Alabasta, nos últimos cinco dias. Provavelmente foram os tripulantes necessários para se conseguir localizar o ponto exato em que mergulhar. – Jonathan olhou pro South Bird em uma gaiola em seu escritório – South Birds ajudam a gente a se guiar quando não procuramos ilhas, e eles procuravam um tesouro naufragado. Eles podem ter recrutado alguém que informou sobre o tesouro, e então ido pra Jaya onde eles recrutaram alguém que os levaria até ele. 

– O que você imagina que estamos procurando, Vice-Almirante?

– Se eu tivesse que palpitar, um caçador e um especialista em ruínas? Um especialista no tesouro? Talvez um dos tripulantes novos seja o guardião do tesouro.... – Ele reclinava na cadeira pensando opções. – Bom, o importante é que são essas as oito pessoas que temos que encontrar, Chapéu de Palha, Caçador de Piratas, uma mulher ruiva, um homem loiro, um narigudo, um tanuki, e um homem e uma mulher misteriosos. Fiquem a postos amanhã, e vamos ter uma boa noite de sono.

– Amanhã? Vice-Almirante, são piratas. Isso é um assunto de grande urgência.

– Sim, e eu garanto que eles não vão a lugar nenhum, nenhum navio vai ter permissão de sair daqui até amanhã. Eles ainda vão estar aqui amanhã e aí a gente pega eles. Agora ninguém vai estar em sua melhor condição pra perseguir eles se virar a noite, eu ordeno uma boa noite de sono e um café da manhã reforçado pra vocês amanhã.

A falta de pressa de Jonathan incomodava Drakon, mas ele obedece a seu Vice-Almirante, bate a continência e se prepara para sua noite de sono. Amanhã será dia de caçar piratas, enfim a base ia mostrar seu valor prendendo o terrível Luffy do Chapéu de Palha, de cem milhões de Berries. Talvez seja isso que o Quartel-General precise para acabar com as ameaças de fechar a base.

Talvez esse navio seja um presente dos céus.

Notes:

No anime, o Capitão Drakon é na verdade chamado de Tenente Drake, eu mudei o personagem por duas razões. Porque vamos ter outro marinheiro chamado Drake muito mais importante na história de Sabaody pra frente, e se evitar nomes iguais já é bom, evitar nomes iguais no mesmo grupo é melhor ainda.

Também acho "tenente" uma patente baixa demais pro braço-direito de um Vice Almirante. A Tashigi era uma tenente e ela era o braço-direito do Smoker que era um Capitão, quando o Smoker virou Vice-Almirante, a Tashigi virou Capitã, me pareceu que Vice-Almirante/Capitão é uma boa distância pra esse tipo de dinâmica, Vice-Almirante/Tenente seria uma distância grande demais.

Chapter 4: Aventura na Ilha Fortaleza

Summary:

O bando do chapéu de Palha cai do céu na base da marinha G-8 e precisa se infiltrar dentro da base se quiser chegar até o Going Merry e escapar, porém eles estão todos separados. Cada um terá seus próprios obstáculos dentro do território inimigo.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Na última vez que vimos o Going Merry ele estava fazendo a transição de uma descida longa e pacífica ao mar azul pra uma decida assustadora em queda livre. Uma bala de canhão dos marinheiros havia acertado o polvo-balão que descia o barco, o polvo soltou o navio e o colocou em um estado de queda livre a 200 metros de altura.

– É um ataque inimigo!! – Gritou Wiper, ele saltou do Going Merry vestindo seus patins e usou a milky dial para criar uma rota de nuvens até o chão. Porém como sabemos, mas Wiper ainda não sabia, a milky dial não funciona fora do céu, e por isso ele só caiu no mar da mesma forma que um tijolo cairia. Um grande susto pro guerreiro ter que enfrentar a lei da gravidade dessa maneira.

– Ok gente, se agarrem firme no mastro, não façam que nem esse idiota e pulem sem pensar, pois se nos separarmos, não vamos conseguir nos reagrupar em território inimigo – Diz Sanji, porém ao se virar, Sanji viu que todos estavam pulando do barco e ignorando seus conselhos que só foram ouvidos pelo South Bird. – Bando de idiotas – Resmunga o cozinheiro enquanto salta do navio e mergulha nas águas de Navarone, deixando o navio despencar vazio, pro espanto dos marinheiros.

O escuro da noite e as muitas conversas paralelas de marinheiros confusos com a situação ajudou os piratas do chapéu de palha a pularem em relativa discrição, embora muitos tenham sido vistos.

Quem teve a melhor aterrissagem foi Nami, que já fez muito mais mergulhos de barcos no meio do mar do que gostaria nos últimos 8 anos saqueando navios piratas. Ela mergulhou perfeitamente como se fosse uma sereia, e nadou até a margem, no caminho encontrando Wiper que estava se afogando. Nami conseguiu levá-lo até a margem enquanto ele se debatia com sucesso.

E é importante frisar isso, vocês precisam se colocar na perspectiva de Wiper, tudo pra ele vai ser muito novo agora. E esse período de adaptação vai incluir momentos de humilhação. Em poucos minutos Wiper aprendeu tantas coisas diferentes, ele descobriu que não tem nuvens abaixo do céu, ele descobriu que a água do mar é gelada, salgada e que tem ondas constantemente se movendo. E ele descobriu que a maioria dos cidadãos do mar azul sabem nadar, conhecimento que não é passado no mar branco. “Será que meus ancestrais do mar azul sabiam nadar então?” se perguntava.

A zona de conforto pode ser assustadora de se abandonar e Wiper dez mil metros abaixo de seu lar estava tendo sua primeira impressão de seu novo mundo. Cuspindo água salgada ele se sentou em terra firme. Estava tonto e com frio. 

A ilha de Navarone é composta por uma montanha no meio de um lago de água salgada cercado por uma enorme parede de pedra... A montanha no centro do lago, por intervenção humana é oca e é dentro dela que está a base G-8 da marinha, e a parede de pedra cerca a base da marinha completamente, exceto por uma porta de aço estrategicamente instalada pra passagem de navios. Na base da parede exite um pouco de terra e vegetação onde é possível, e por ali pegar uma ponte que te leva até a montanha central. É onde Wiper e Nami estavam, mas não muito próximos da ponte.

– Onde estamos? – Pergunta Wiper inclinando a cabeça pra tirar água do ouvido.

– Pela localização que sobrevoamos e essas paredes enormes, eu diria que estamos em Navarone.... é uma ilha que é também uma base da marinha. – Enquanto respondia, Nami usava as ondas de calor do Clima Tact pra esquentar a ela e a Wiper. 

– O que é marinha? – Pergunta Wiper.

– A Marinha patrulha os mares pra prender e restringir piratas. Eles estão espalhados e organizados pelo planeta todo e tem diversas bases, cada uma administrada por um Vice-Almirante. Essa é a oitava base dentro da Grand Line, – Nami sabia muito mais sobre o funcionamento da marinha que seus companheiros de barco tanto por ser filha de uma marinheira que lhe contava histórias sobre missões em que lutou no lugar de histórias de ninar, como por ter crescido odiando piratas e sonhando com o dia que a marinha salvaria sua vila de Arlong.

– Prender piratas como vocês? Então eles são os inimigos! Devíamos destruir essa base aproveitando que estamos aqui. – O braço bom de Wiper já se aproximava da bazuca em suas costas.

– Vai com calma! A gente não tem como destruir uma base da marinha, a gente precisa só escapar. – Wiper lembrou de como Nami não se opôs a Enel, ela era de fato uma covarde que fugia da guerra, mas ele não fugiria.

– E deixar o inimigo perseguir vocês? É nossa oportunidade, vencermos uma batalha e eventualmente venceremos a guerra!

– Wiper, a gente não está em guerra com o governo mundial! Eles não são nossos inimigos ainda. Além que, tem muito marinheiro que só quer ajudar as pessoas, e a gente não tá atacando pessoas, o ideal é nossos caminhos não se cruzarem.

– Estamos fugindo do inimigo, você tem medo porque eles estão em maior número, mas eu já lutei com o exército de Deus.

– Wiper, se você quer declarar guerra contra a Marinha, então ao menos entenda seu inimigo, antes de avançar em cima de um grupo que você não entende do que é capaz. Não vai morrer no seu primeiro dia aqui em baixo por ignorância. – Nami lembrava Wiper de Laki, que quase morreu tentando explicar pra Wiper que o Reject Dial não funcionaria em Enel. Ele devia ter ouvido Laki mais vezes do que de fato ouviu.

Wiper afasta a mão da Bazuca – Ok, vamos fazer do seu jeito, você é quem sabe. O que faremos?

– Vamos ter que entrar na base, achar onde ficam os barcos e nos reunir no Going Merry e planejar como escapar.

– E todo mundo é capaz de pensar nesse plano sozinho?

– Todo mundo menos....

– O Chapéu de Palha? – Wiper perguntou e Nami confirmou só com o olhar ansioso.


Zoro havia caído em um jardim, bem no topo da montanha. Plantações de frutos, de flores e muita área verde. Ele se encostou em um canto e tirou um cochilo, sabia que a hora de escapar seria somente o dia seguinte.


Na margem oposta de onde Nami e Wiper estavam, Robin e Usopp se secavam com o heat dial de Usopp. Era a margem onde estava a maior árvore, sabendo que não saberia nadar Robin pulou tentando cair em cima da árvore. Já Usopp mergulhou e nadou até a mesma margem. E Robin estavam lidando com um Usopp desesperado.

– Eles vão depenar o Merry???

– Narigudo, por favor não grite. Estamos cercados de marinheiros. – Robin tinha entrado no bando muito recentemente e ainda não entendia que Usopp tinha uma conexão com o Going Merry muito maior que o resto. – Eles vão tomar posse de tudo dentro do barco, e então reformar o navio e converter em um navio da marinha.... olha, talvez seja uma boa ideia roubar o barco de volta depois que ele for reformado. – Robin ainda não tinha tido tempo de criar laço nenhum com o navio, e cometeu um erro ao falar nesse tom com Usopp.

– Tá maluca? Não vamos deixar eles distorcerem o Merry, o que eles entendem sobre o Merry? A gente tem que roubar ele de volta antes.

– Narigudo, o estado do barco....

– Sim, sim, eu admito que ele precisa de reparos, mas por um carpinteiro confiável, não pela marinha, de jeito nenhum, temos que proteger nossos companheiros. Nosso navio é um navio pirata e vai ser consertado por quem entenda isso. – Tecnicamente falando, o Going Merry é uma caravela construída pra levar uma garota rica pra passear pelo East Blue, sem ter sido desenhado pra servir de navio pirata, o que aliás, a maioria dos navios piratas não foram. Mas Usopp estava ignorando isso pra firmar seu ponto. 

– Certo, o ideal é a gente conseguir isso pouco depois de amanhecer, eles devem começar logo a mexer o navio. Temos que infiltrar a base e chegar até ele. E recuperar todo o resto, canhões, comida, os livros.... acho que todo mundo vai fazer isso intuitivamente.

– Menos o Luffy, né?

– Sim, menos o capitão.


Chopper pousou em terra firme graças a Jump Point, bem em cima da ponte que conecta a base com a parede externa, e resolveu olhar o que tinha na base. Onde reparou em uma caixa familiar, deixada bem do lado da porta. 


E conforme amanhecia, Sanji que havia dormido em cima de uma árvore observou que entravam dois navios na fortaleza, um navio particularmente destruído, com o mastro quebrado e o casco furado, e outro navio de luxo. Sanji percebe que agora é a hora ideal de se infiltrar, se misturar com o povo de fora. Do lado de Sanji ele nota uma aranha que era grande para uma aranha, mas estava devorando um peixe que tinha três vezes o tamanho dela em cima da árvore. Sanji se perguntou como ela havia pescado o peixe de cima da árvore: “A Grand Line só tem maluquice mesmo”.

Ele desce da árvore, caminha até a ponte pra entrar na base, e repara que Luffy já está ali.

Luffy se divertia seguindo um marinheiro que estava justamente passando pelas árvores e recolhendo as teias de aranha e colocando em uma sacola. O marinheiro sentia algum estranhamento de achar que está sendo seguido, mas não conseguia ver Luffy que sempre saia de seu campo de visão a tempo. Luffy achava um barato fazer o soldado de bobo. Sanji estava incrédulo com a sorte de seu capitão. Quando o marinheiro enche sua sacola de teias por volta da décima árvore ele entra de volta na base, mas não sem antes pegar uma caixa que deixaram na porta, Luffy o segue durante todo o processo e Sanji segue Luffy.

Dentro da base, Sanji segura Luffy pelo braço e entra com ele em um armário.

– E aí Sanji, tá fazendo o que?

– Te escondendo antes que você fique de graça e seja visto numa base da Marinha.

– Relaxa, o cara ali ia me ver não.

– Mas qualquer um ia poder te ver seguindo ele. Escuta, aqui não é lugar pra ficar dando mole a gente precisa recuperar o Going Merry assim que possível.

– Hein? Eles levaram o Going Merry?

– Claro! Não iam deixar um navio pirata vazio dando sopa, levaram e aposto que pegaram todos nossos suprimentos também. Estamos na pior situação possível e precisamos sair daqui rápido e nos encontrar com os demais. – Sanji estava nervoso. Ele pensava em Nami e Robin que ele não sabia se estavam bem desde que todos pularam do Merry contra suas recomendações. Sanji estava desde que pulou do navio sem fumar, ele não queria entregar sua presença, e isso estava cansando ele.

– Tá beleza Sanji, então vamos só comer e a gente vai pro Merry.

– A gente não tem tempo pra comer, imbecil, tamo com pressa. – O estômago de Luffy roncava e o som era bem alto. Sanji via que podia ser mais discreto e produtivo alimentar Luffy antes. Mas ele sabia que Luffy podia comer a dispensa da base inteira sozinho e que nenhum marinheiro vai alimentar uma cabeça a prêmio. Sanji tentava ter ideias enquanto restringia Luffy de fazer merda.


No segundo andar da base, uma janela se abre e entram por ela Wiper e Nami. Wiper escalou a base com Nami nas costas, pois não confiou que podia entrar no território inimigo pela porta da frente.

– Uau, você conseguiu subir comigo e usando só um braço, você é um monstro mesmo. Pena que você não tá planejando ficar com o bando, o Trio Monstro ia mudar o nome pra Quarteto Monstro.

– Isso é o mínimo que se espera de um guerreiro de Shandora. No campo de batalha precisamos carregar companheiros caídos mesmo quando estamos machucados. – A perspectiva de Wiper sobre o que significa ser forte era muito mais atrelada a guerra do que a de qualquer outro companheiro seu. Talvez ele precisasse achar um grupo de guerrilha mais do que achar um bando pirata mesmo. 

Nami e Wiper caminham na surdina até uma porta que tinha a placa “Uniformes”, e ali entram, Wiper estava bem confuso com aquela construção labiríntica, paredes de metal, tudo muito parecido, muitas portas, muitas escadas, não existia nada assim no céu, então Nami tomava as rédeas da situação e guiava ele. Dentro da sala tinham armários com várias roupas, todas elas muito parecidas.

– Ok, então agora a gente tem que se vestir igual o pessoal aqui. Pelo tamanho da base, deve ter pelo menos mil pessoas trabalhando aqui, vai ser difícil pra eles estranharem um ou outro rostos novos. – Nami encontra um uniforme com o tamanho de Wiper e joga na direção dele. – Aff, tem tão poucos uniformes femininos, essa base não deve ter tantas marinheiras assim. Aparentemente nenhuma tenente... Õ lugarzinho atrasado. – Nami continua olhando até achar um uniforme feminino pro seu tamanho. – Õ Wiper, agora eu vou me trocar, então eu vou pedir pra você olhar pra lá enquanto....

Quando Nami se vira pra falar com Wiper se depara com o shandia completamente pelado tendo dificuldades em entender o zíper da calça do uniforme. Nami ficou vermelha e furiosa. Jogando um cabide na cabeça de Wiper

– Ei você consegue me dar uma mão aqui, eu acho que estou fazendo errado! – Responde Wiper não entendendo como abrir a calça. Ele notou que Nami estava muito brava, mas não sabia por que. Shandias se trocam na frente do outro o tempo todo, ele não sabia o tabu da nudez no mar azul.

– Você está sim! Se veste logo.

Após Wiper se entender com o uniforme e Nami se trocar os dois saem devidamente disfarçados de marinheiros.

– Você tem certeza de que com isso nos infiltraremos bem?

– Claro que sim. Ninguém vai suspeitar da gen.... – Nami faz silêncio ao perceber dois marinheiros de uniforme bem na frente deles.

– Ei vocês dois, temos algumas perguntas a fazer. – Os dois marinheiros estranhos tinham um olhar intimidador e Nami e Wiper engolem um seco.


Enquanto Nami e Wiper eram emboscados no corredor, Robin e Usopp estavam prestes a serem emboscados na ponte tentando entrar na base. Uma figura misteriosa se aproxima deles.

– Só tem vocês dois pra me receber pessoalmente? – Pergunta um homem calvo e não-imponente, usando uns óculos escuros de aviador e uma camisa roxa embaixo do uniforme da marinha. – Uma pessoa de meu status vem até a base, era pro Jonathan vir me receber pessoalmente. Mas acho que vocês dois são melhor do que nada. Me levem até a cabine do Vice-Almirante.

Robin e Usopp se entreolharam. Eles precisavam pensar em um plano rápido e trocaram olhares pra ver se um captava a ideia do outro.

– É pra já senhor. O Vice-Almirante lamenta não ter vindo pessoalmente, ele me instruiu pra te tratar como trataríamos um rei, enquanto ele resolve alguns afazeres na base, pois o trabalho acumulou.

– Se ele arrumasse o trabalho no tempo certo não ia estar com essa aberração prestes a fechar. Meus guias nem sequer estão usando uniforme, esse lugar é uma vergonha. – Resmungou o sujeito arrogante, quando de trás do pescoço dele crescem duas mãos. Elas torcem o pescoço do sujeito que desmaia. Enquanto o homem desagradável caia no chão sem consciência, os braços se desfaziam em pétalas.

Usopp olha apavorado pra frieza de Robin – O quê? Ele tá vivo ainda. Você não estava só distraindo ele pra eu poder atacar pelas costas? – responde ela friamente enquanto faz com que pequenos pés cresçam debaixo do corpo inconsciente pra andar até um esconderijo.

– Inspetor Shepherd!!! O que vocês dois fizeram com o inspetor Shepherd??? – Robin percebeu que eles foram vistos por um marinheiro isolado e torce o pescoço dele também. Usopp fica desesperado com a situação?

– Qual é o seu problema?

– O que? Eu não ia querer passar o dia dando corda pra esse cara, e a gente precisa de uniformes, você pega o desse marinheiro, eu pego o do idiota, e a gente esconde os dois no meio do mato.

– Eu ia tentar resolver isso sem combate.

– Eu estou vendo, eu, no seu lugar, teria atirado no marinheiro assim que ele gritou. – Dizia Robin despindo o marinheiro e jogando suas roupas na direção de Usopp – Não podemos dar bandeira na frente de marinheiros.

Enquanto vestia seu disfarce, Usopp pensou na maneira agressiva como Robin reagiu a situação, pensando racionalmente ele achava que Robin agiu corretamente, mas ele se perguntou se ela tinha uma postura particularmente defensiva quando lidava com a marinha. Não foi assim que ela agiu na ilha do céu.


Nos dutos de ar da base G-8, se arrastava Sanji, seguido por Luffy, Sanji estava tentando entender a arquitetura da base pra ver aonde iria a cozinha. Ia precisar ser um espaço grande pra uma base desse tamanho, e ia precisar de um bom sistema de ventilação. Sanji estava usando a cabeça pra se localizar com eficiência.

– Ei Sanji, vira a esquerda, a cozinha tá pra lá, estou sentindo o cheiro.

– Você é um cachorro por acaso?

– É lá Sanji, tem cheiro de comida pra lá, vamos. – Aparentemente o olfato do capitão faminto era o maior guia, pois Sanji seguiu o caminho de Luffy rastejando pelo duto e deu de cara com uma porta dupla devidamente marcada com a placa “cozinha”. Em frente ao local havia um armário com uniformes. Sanji desceu do duto de ar e foi pro armário se trocar com Luffy.

– Escuta, a gente vai mentir que é cozinheiro, e ver se ouvimos alguém falando dos nossos companheiros. O Marimo é capaz de ser preso, do jeito que é idiota. Então você vai ter que se conter e pelo menos fingir que sabe o que está fazendo numa cozinha.

– Relaxa, eu vou fazer que nem eu fiz no Baratie.

– Não, eu quero que você faça o exato oposto da tragédia que foi a última vez que te vi numa cozinha. – Somando seu serviço no Orbit, no Baratie e no Going Merry, Sanji tem onze anos de experiência trabalhando em cozinhas de navio, e nada foi mais caótico pra ele do o único dia em que ele viu Luffy tentar ajudar na cozinha.

Mal sabiam os dois que a cozinha já estava antecipando uma grande hostilidade pra receber os dois. Por uma incrível coincidência, no navio Chronos, que acabou de entrar na base, junto do Inspetor Shepherd, chegou no G-8, os Irmãos Marley, cozinheiros de Mary Geois que estavam sendo transferidos pro G-8, como um rebaixamento, depois de terem falhado em expulsar um rato da cozinha. Eles não serviam a alta nobreza, serviam só quem trabalhava em Mary Geois, mas eles achavam que podiam ser promovidos internamente ainda, os cozinheiros dos Gorousei fazem uma fortuna.

Os cozinheiros do G-8 que alimentam um batalhão três vezes por dia não estavam felizes de receber dois engomadinhos também, eles eram cozinheiros do mar sérios, que não vivem de status e tem orgulho da quantidade massiva de pratos que fazem, e estavam prontos pra marcar território e mostrar pra carne nova quem é que manda.

Conforme Sanji abria a porta todos os cozinheiros olharam feio pra ele.

– Vocês são os novos cozinheiros que vieram de Mary Geois?

“Eita, eles estavam recebendo cozinheiros novos hoje? Demos sorte” – Somos nós mesmos. – Disse Sanji na inocência. Sem imaginar a hostilidade que receberia ao dar a resposta errada.


Na sua cabine, o Vice-Almirante Jonathan falava ao telefone.

– Sim, sim, eu quero relatórios sobre toda movimentação pirata que tiverem visto em Jaya na última semana.... sim, exatamente, toda.... eu tenho certeza de que algum Cipher Pol estava na ilha e pode mandar algo.... certo.... certo, eu entendo, muito obrigado.  – Jonathan desligou o telefone, Marineford tem pouca paciência com seus pedidos, mas Jonathan não se acanha, afinal conhecimento é uma arma. Quanto mais ele souber melhor.

Drakon entra subitamente na cabine, nervoso. – Vice-Almirante! Vice-Almirante!

– O que foi, Capitão?

– Você deu permissão pro Stan Malley entrar na base?

– Sim, pro Stan Malley e pro Chronos.

– Mas Vice-Almirante, considerando a invasão dos Piratas do Chapéu de Palha você não acha arriscado?

– Se eu acho que termos piratas escondidos dentro da base é um timing ruim pra sermos visitados por vários marinheiros não familiares? Certamente, se um dos piratas roubar um uniforme vamos ter muito trabalho, terrivelmente inconveniente a situação, Capitão. Mas o Stan Malley pegou uma tempestade perigosa ontem na madrugada enquanto perseguiam os Piratas Firetank. Eles têm muitos feridos, e a gente não vai abandonar esse navio em nome da eficiência.

– Vice-Almirante, você sabe que hoje vai vir um inspetor verificar a eficiência da base, e que eles querem fechar nosso financiamento.

– Ótimo, o inspetor vai ver o que essa base significa, vamos capturar todos os oito piratas e não vamos precisar dar as costas pra marinheiros feridos pra isso. Essa base não tem nenhum problema em como ela opera, então não vamos agir diferente hoje só porque alguém vem nos olhar. Além disso, Capitão, estamos com uma médica desaparecida, e nossos pedidos de que Marineford mande uma equipe de busca tem sido ignorados, eu acho que depois que consertarmos o Stan Malley e cuidarmos dos feridos, eles poderão nos ajudar com o que precisamos.

– Vice-Almirante, como a gente vai curar os feridos sem um médico? Você acha que a Dra Kobato dá conta?

– Eu acho... que a gente vai dar um jeito. Hachichichichi. – Jonathan ria como se ele tivesse um plano secreto, mas Drakon achava que ele tinha mesmo é um caso de otimismo imprudente de achar que as coisas só vão dar certo.

Drakon achava a convicção de Jonathan com suas morais admirável, mas podiam estar em hora ruim, são somente oito piratas, se eles fizerem o que querem na base, a base acaba, algo tem que ser feito rápido, e ele precisa confiar que Jonathan está fazendo algo.

– Capitão, fique de olho no telefone, tem muitos documentos que eu quero receber hoje, mas agora eu vou sair, tenho coisas pra fazer, e com sorte posso pescar um pirata no caminho.

Notes:

Provavelmente é porque na época ela ainda estava sendo escrita como uma antagonista, com o twist de que ela seria uma heroína ainda bem escondido do leitor. Mas eu penso muito na maneira como a Robin é mais agressiva do que o costume quando enfrenta Tashigi no fim de Alabasta com a icônica cena dela apontando a espada no pescoço de Tashigi. E ela estava visivelmente mais irritada naquele momento do que esteve na maioria da série. Então eu imaginei que Robin poderia ter uma impaciência particular ao lidar com a marinha, pelo seu histórico de perseguição que eu quis incluir nesse capítulo.

Chapter 5: Capitão Wiper

Summary:

Jonathan interroga o prisioneiro que está sendo mantido em Navarone.

Wiper começa a entender o que significa ser um marinheiro ao fingir ser um.

Sanji conhece a chefe da cozinha pra quem ele vai ter que fingir que não é um pirata.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

A base G-8 da Marinha é uma montanha que foi escavada por dentro e reforçada por metal para ser ocupada e tem cinco andares, mas abaixo de todos os andares, ainda tem um subsolo, escavado pouco abaixo do nível do mar, onde tem celas. A base não costuma funcionar como prisão, mas alguns piratas ficam temporariamente encarcerados, pois o Vice-Almirante Jonathan gosta de informação, e piratas às vezes tem muito a informar. Por saber disso, dois dias atrás a base recebeu a visita do Capitão Smoker, ele tinha um prisioneiro que capturou em Alabasta e queria interrogado. Ele confiava em Jonathan pra isso.

Se pelo menos os figurões dessem o mesmo reconhecimento que Smoker dava pra base, mas pelo que Jonathan ouviu, o próprio Smoker tem brigado muito com os figurões recentemente.

Jonathan desceu todas as escadas até chegar na cela onde se sentava no chão de pedra um homem. Ele usava uma cartola preta e um sobretudo preto, debaixo da cartola dois tufos de cabelo se afastavam um de cada lado do rosto de maneira que junto a cartola pareciam formar o desenho do kanji pro número seis, 六, ele tinha um nariz longo e dois longos bigodes que se enrolavam no formato do número 6.

– Bom dia Mr.6, dormiu bem?

– Não, essas celas são desconfortáveis demais. Uau, só dois dias até alguém vir falar comigo? Achei que o plano era me matar de tédio. 

– Tem coisas que eu quero saber sobre o incidente em Alabasta e eu acho que você pode me informar melhor, e acho que sua vida pode ser bem melhor se conseguirmos conversar bem. Eu ainda não emiti nenhum relatório sobre sua captura, então não tem nenhum navio vindo te levar até a prisão, mas se a gente não se entender direito, aí eu não vou poder te manter aqui ocupando uma cela.

– Ah vá, até parece que você me deixaria ir livre se eu colaborar.... – A desconfiança de Mr.6 era compreensível, mas Jonathan estava preparado. – A Baroque Works é perigosa demais para se deixar solta. Devem estar te pressionando pra achar todo mundo que ainda não foi preso.

– Se importa se eu te chamar de Vine? Você é Victor Vine, não é? Nascido no Reino Dummont, East Blue. Você é um mecânico que passou dez anos trabalhando em uma máquina voadora, sua invenção não está concluída ainda, e entrou na Baroque Works dois anos atrás na tentativa de financiar sua invenção... O dinheiro que a Baroque Works te pagou você manteve guardado em um bar com um dono de confiança no Reino Porco, não afiliado ao Governo Mundial. – Mr.6 ficou pálido ao ouvir tudo com precisão. – Agora você sabe o que eu fiquei fazendo nos dias em que demorei pra vir conversar, não sabe? Hachichichi.

– Você é bem informado, não é?

– E gostaria de ser mais bem informado ainda. Mas especialmente gostaria de pensar que talvez se a Marinha financiar sua pesquisa com máquinas voadoras, talvez isso te impeça de se juntar a outro grupo criminoso atrás de dinheiro. Isso se ficarmos amigos. Eu acho que podemos ser bons amigos. – Jonathan era esperto, sabia que o Mr.6 que nem mesmo tinha uma recompensa por sua cabeça era um troféu pequeno se comparado a um pirata de cem milhões, ele poderia fazer essa concessão e fingir que não viu. Mr.6 passa os dedos em seu bigode e sorri diante de uma oportunidade.

– Você quer saber sobre Alabasta? Lamento te dizer, mas eu desertei na batalha final. O Mr.0 pediu pra gente proteger uma bomba, e eu notei na hora que ela era uma bomba relógio. Você tá louco? Proteger algo que ia explodir do meu lado e me levar junto? Eu que não ia ser burro de ficar ali, então sai correndo, e não olhei pra trás. O plano final da Baroque Works tava no meio da fase final demais pra alguém ir atrás de mim. Mas no meio do mar, eu encontro a Marinha chegando na ilha. Era o Smoker voltando, eu nem tinha recebido a informação que ele tinha ido embora, eu achei que ele ainda estava na ilha quando fugi.

– Mr.0 é o Crocodile, não é?

– Os jornais disseram isso, eu não vi foi nada. O Mr.0 só mostrou o rosto pra agentes oficiais e eu era a ralé demais pra isso. Não era agente oficial.

– Você não chegou a encontrar o Luffy Chapéu de Palha, chegou?

– Não, De jeito nenhum. A gente recebeu fotos, pra matarmos se víssemos. De todo o bando, mas ver não vi.

– Matarem? Eles não estavam do seu lado? Os jornais todos noticiaram uma aliança entre o bando do Chapéu de Palha e a Baroque Works.

– De jeito nenhum. Eles estavam escoltando a Princesa Vivi de volta pro reino, pro plano funcionar, precisávamos capturar a princesa. Ela fugiu do reino e pediu a ajuda de piratas, e eles voltaram pra zoar o plano todo. Do jeito que o Mr.0 descrevia passava até a impressão de que a princesa havia entrado pro bando e virado pirata.

– Você sabe quem são esses piratas?

– Não sei o nome deles... mas são só cinco. O Chapéu de Palha, um cara de cabelo verde, uma mulher ruiva, um narigudo e um animal, é um tanuki ou algo assim… mas ó… não subestimem os animais, eu vi a antiga Miss Mother’s Day ser morta por uma lontra e um abutre, a que eu larguei em Alabasta não é a minha primeira parceira. – A descrição estava incompleta, segundo o que Jonathan havia ouvido era pra ter mais um. Jonathan queria realmente montar quem era quem nesse bando.

– Ok, então isso é o que você sabe, agora quero saber sobre seus companheiros. Em Alabasta tiveram alguns agentes que não conseguimos capturar nem identificar. Você chegou a se encontrar com Mr.2?

– É Mr. 2 Bon Clay, elu pegou os dois codinomes, pois trabalha sozinhe. É uma pessoa não-binária com um sobretudo rosa e uns cisnes. Ah e asas também, tem asas no sobretudo dele… trabalhei com elu já. Mas não sei seu nome verdadeiro.

– Certo isso bate com a descrição da pessoa que distraiu a Marinha pro Bando do Chapéu de Palha escapar... você sabe o poder delu?

– Elu pode se transformar em qualquer pessoa que ele toca. Comeu a Mane Mane no Mi.

– Ótimo... chegou a se encontrar com a parceira de Crocodile?

– Miss All Sunday? Ela era quem passava as ordens. Todo mundo na B.W encontrou ela, ela quem recrutou a maioria de nós. Ela tinha um nariz bem marcante, grande e fino. E cabelos pretos.

– E o poder dela?

– O dela eu não sei o nome, mas ela faz braços aparecerem nas coisas. É um poder muito maluco... e assustador. – Braços, Jonathan conhece histórias de uma mulher com um poder assim.

– Acha que conseguiria reconhecer ela em uma foto dela criança?

– Olha... não sei.

Jonathan abriu uma pasta cheia de papeis e documentos e tirou um pôster de procura-se que mostrou pra Mr.6. Era o pôster de Nico Robin. Com a foto tirada na época que Robin tinha somente oito anos. Mr. 6 encarou a foto com atenção.

– Eu acho que pode ser ela sim, só não quero dar certeza. Elas tem o exato mesmo corte de cabelo, mas pode ser coincidência, a idade é diferente demais pra eu confirmar. – Mr.6 leu o nome no pôster. – Nico Robin? Eu não conheço esse nome. Foi ela quem me recrutou, então eu não sei nada sobre ela antes dela entrar na organização. Na última vez que nos falamos ela ainda estava com Mr.0, ela não foi encontrada?

– Desapareceu. A Marinha capturou esses navios aqui no incidente de Alabasta – Jonathan mostrou pra Mr.6 dez fotos de diversos barcos, a maioria com a bandeira da Baroque Works nas velas. – Saberia dizer se a Baroque Works tinha algum barco extra? Algum que não esteja nessas fotos? – Mr. 6 olha com atenção.

– Além desses, só os barcos pessoais do Mr.2 e do Mr.3 O do Mr.2 tem um cisne na proa, o do Mr.3 tem o número 3. Mas Miss All Sunday se locomove pelos mares em cima de uma grande tartaruga, não era um barco.

Jonathan mostrou outra foto de uma tartaruga sendo alimentada por marinheiros em outra base. Era Banchi a tartaruga da Baroque Works. – Essa daqui?

– Sim, essa mesma, se ela ficou em Alabasta e está com a Marinha, então Miss All Sunday saiu do reino no navio de outra pessoa. – Se a mulher que pode criar braços tiver saído de Alabasta no navio-bode, então já se sabe porque os marinheiros avistaram braços estranhos quando o navio caiu em Navarone. É uma arqueóloga de primeira, se for mesmo Nico Robin, pode ter sido quem guiou o bando ao ouro.

Jonathan sorriu e riu consigo mesmo. O Chapéu de Palha adquiriu dois companheiros novos após a batalha de Alabasta, um homem e uma mulher... Agora Jonathan tinha dois suspeitos de membros da Baroque Works que podem ter se aliado ao bando do Chapéu de Palha. Smoker havia mencionado que encontrou Nico Robin no reino. E Hina confirmou que Mr.2 Bon Clay é afiliade dos piratas. Talvez chamar de homem seja impreciso, mas desde que tenha dormido no quarto dos homens, a conta de Jonathan fechava. A chance de Nico Robin estar em sua base existia. Jonathan precisava agir com precaução com esse tipo de pessoa.


Agora, enquanto Luffy e Sanji estavam na cozinha da base, se passando pelos Irmãos Marley, de Mary Geois, os verdadeiros irmãos Marley estavam andando pela base mais perdidos que homem-peixe na floresta. Essa era uma expressão que se dizia muito em Mary Geois onde trabalhavam, e o choque cultural de serem transferidos para o meio do nada já começou com o quanto eles não se achavam na base. Felizmente acharam uma mulher ruiva e um homem alto e tatuado os dois de uniforme da Marinha, vão conseguir ajudar.

–Ei, vocês dois, temos perguntas a fazer. – Disse o mais velho dos irmãos Marley que também era o mais baixinho. – Algum de vocês sabe onde é a cozinha? Estamos perdidos.

– Eu sei onde é a cozinha! – Disse Nami em sua performance de mulher alegre e prestativa que costuma ser a primeira opção dela na hora de tentar enganar alguém.

– Aí, te falei, certamente a enfermeira saberia, meu irmão é ruim de perguntas as coisas, mas eu falo “vai lá cara, quem trabalha aqui conhece o lugar, eles vão ajudar os novatos”. – Ao ouvir isso, Nami reparou que seu uniforme era de uma enfermeira, e pensou que o único uniforme feminino não era de um soldado da base, ela estava com raiva da ausência de mulheres em postos de verdade por ali, soava uma base em que sua mãe não poderia trabalhar.

Os irmãos também repararam em Wiper e imediatamente bateram uma continência para o shandia uniformizado. – Ah Capitão, não notei seu uniforme de longe... o senhor está bem? O que aconteceu com seu braço? – O braço quebrado de Wiper destacava ele mais que suas tatuagens faciais.

– Eu fui atingido por um raio.

– Ah, ouvimos falar da tempestade terrível que pegou o Stan Malley, é, a gente não pode dar mole pro mar não, a natureza é uma força maior que muito pirata. Inclusive olha Capitão, não é meu lugar falar isso não, admirável você estar patrulhando a base no seu estado, mas o senhor devia deixar quem é daqui resolver as questões daqui e só ir descansar. Não se force servindo na base dos outros. – Comenta o Marley mais velho.

– Isso é EXATAMENTE o que eu estava dizendo pro Capitão. Eu estou levando ele pra enfermaria agora mesmo, por isso eu não tenho como te levar pra cozinha pessoalmente, mas eu sei onde é, escutem aqui. Estão vendo aquelas escadas? Vocês vão descer elas, andar reto naquela direção, virar a esquerda, aí a direita, aí a esquerda de novo e aí vão achar outra escada, essa vocês sobem, aí seguem reto, viram a direita e chegaram. É doido mas vocês acham.

– Certo, só pra ver se eu entendi, naquela escada eu começo pela esquerda e...? – Quando o Marley mais velho se virou Nami e Wiper já tinham furtivamente desaparecido, atrás de uma esquina naquele labirinto de paredes de aço, escadas e corredores.

– Ok, entendi a situação, esses tais marinheiros são iguais os Boinas Brancas na ilha do céu... gostam de gestos, de hierarquia e de uniformes.... a gente de fato devia aproveitar que estamos aqui e destruir a base. Boina Branca tem mais que explodir. – Como um bom morador de região periférica de seu país, Wiper entendia com clareza de que tudo que soava como uma polícia soava como algo que ele não gostava. – Até o chapéu deles é branco.

– Para com isso Wiper, a gente não tem como vencer a base inteira, somos só oito, aliás, estamos separados e sem notícias dos demais, somos só dois... – Nami é interrompida pelo Den Den Mushi Auto-falante que gritou uma mensagem pra base inteira.

– Alerta a todos, alerta a todos. É possível que tenham piratas infiltrados na base. Mantenham os olhos abertos e confirmem a identidade de pessoas desconhecidas. Sabemos que temos duas cabeças a prêmio dentro da base, o Chapéu de Palha, valendo cem milhões de berries, e o Caçador de Piratas, valendo sessenta milhões de berries. Fiquem alertas, chequem os pôsteres e reportem descobertas ao Vice-Almirante Jonathan ou ao Capitão Drakon!

– Ok, eu acho que demos sorte.... se tem outro inimigo da marinha infiltrado na base, a confusão vai nos ajudar a fugir.

– O outro pirata é o Zoro... ele está com a gente.

– Eu ainda estou aprendendo os nomes, Zoro é o de cabelo verde né? O guerreiro que enfrentou Braham.

– Isso....

– Ele é o caçador de piratas? Por que um pirata caçaria outro pirata?

– Ah não, ele conseguiu esse apelido antes, ele caçava piratas antes de conhecer o Luffy.

– Tá, mas agora ele não caça mais, esse apelido está datado, passa uma impressão errada... esses marinheiros são muito desorganizados, por isso tá todo mundo perdido aqui dentro. – Wiper e Nami seguiam andando a esmo e não se deparavam com nada até ouvirem passos, eles olham pra ver se iam ter que fingir que trabalhavam ali, mas quem passou na frente deles foi Zoro, andando despreocupado balançando três espadas sem nada sequer próximo de um uniforme roubado.

– Eita, quando foi que eu entrei na base? Doidera – A habilidade de Zoro de não saber pra onde está indo não parava de surpreender Nami. – Nami, Wiper, vocês sabem pra que lado é a saída?

– O que está fazendo, cabeça-oca? Quer tratar de se disfarçar, não ouviu o anúncio sobre você agora mesmo? – Disse Nami brava dando um soco na cabeça de Zoro.

– Ah, se tentarem me prender a gente só derrota todo mundo. – Wiper concordou com a cabeça, era difícil pra Nami, esses dois iam ficar dando corda um pro outro.

– Escuta aqui Zoro, você não derrota mil marinheiros ao mesmo tempo nem aqui nem em Wano, não vem ter ideia de jerico e arruma um disfarce pra gente achar o Merry juntos. – Zoro não gostava de ver Nami mandando nele, e achava a ideia de se disfarçar idiota, mas antes dele poder falar qualquer coisa foi interrompido por um marinheiro que passou e gritou:

– Achei! Achei o caçador de piratas, ele está ali ameaçando aquela enfermeira. Felizmente tem um capitão olhando, ele vai deter o famoso Roronoa Zoro. Vai lá capitão.

– Boa capitão, mostra pra esse pirata o que acontece com quem se mete com a Marinha – Disse outro marinheiro que veio ver o que tava acontecendo, logo foram aparecendo mais e mais marinheiros pra ver o que Wiper ia fazer com Zoro.

E diante da pressão do olhar alheio, Wiper entrou no personagem, sacou sua bazuca e apontou pra Zoro.

– Não venha brigar de verdade, se seu disfarce não vai ser de marinheiro vai ter que ser de prisioneiro. Não vou quebrar o meu disfarce.. – Disse Wiper. Zoro cogitou resistir e testar a força do shandia, ele ouviu Luffy comentar que eles empataram lutando no céu, mas ele olhou pro lado e não quis admitir que Nami tinha razão, já tinham aparecido uns 30 homens pra olhar a situação e por mais que Zoro achasse que vencia todos, talvez fosse mais prático esperar na prisão. Não é como se ele achasse que Luffy não vai atrasar todo o plano de escapar de qualquer jeito.

– Eu me rendo – Diz Zoro de mãos levantadas. – Não vou enfrentar o Capitão Wiper, conheço sua reputação de minha época como caça-prêmios. – Zoro fala alto pros demais marinheiros ouvirem.

Wiper puxa Zoro pelo braço e se dirige pra uma das testemunhas.

– Eu vim do barco que enfrentou a tempestade, sou novo nessa base, pode me indicar onde é o altar do sacrifício? – Wiper disse pra um marinheiro confuso.

– Você quer dizer as celas?

– Sim, isso é o que eu quero dizer, na minha base a gente chama de outro jeito.

– Qual a sua base?

– Eu venho do – Wiper pensou que se a base onde ele estava chamava G-8 devia existir algum padrão nessa nomenclatura… – SK-8. – Chutou Wiper. – É bem longe daqui láááá longe. – Wiper queria saber o nome de pelo menos um lugar longe pra poder mentir melhor.

– Não conheço, mas também, vou falar, esses caras ficam abrindo base o tempo todo, e depois reclamam de dinheiro, é foda, eu mesmo vim da base 129 no West Blue, cara, acredita que ela era a 15 léguas da base 128? Tipo, construída sem nenhuma estratégia? Superpatrulhando uma região sem a menor necessidade. 

– É um absurdo isso, – Respondeu Wiper seguindo o Marinheiro, ele ia conseguir manter a conversa. – Eu estou tentando ser promovido, mas não é nem pelo cargo, é só pra ver se consigo ser transferido pra um lugar melhor, sei como é. Quem é de fora acha que é tudo a mesma coisa, mas obviamente não é.

– E não é? Você me entende bem. Eu lutei pra ser transferido pra cá por que falaram que aqui se almoça muito bem no refeitório, e eu acho que é assim, a gente vai lutar com pirata de vez em quando, mas comer a gente vai comer todo dia, não é mesmo? – O marinheiro havia gostado de Wiper.

O marinheiro batia papo enquanto guiava Wiper e Zoro pra longe do olhar da Nami, que só podia torcer pra esses dois não começarem uma bagunça sem a presença dela, mas parecia que Wiper havia entendido bem o plano de infiltração. Nami caminhou às cegas sozinha até enfim se deparar com uma porta com a placa “enfermaria”.  Ela notou os marinheiros circulando pela base e o olhar deles e decidiu entrar no local onde seu personagem deveria estar. “Me pergunto se alguém está conseguindo chegar no Going Merry”, pensou pra si mesma.


Naquele exato momento, Usopp com uniforme de marinheiro estava passando por uma placa apontando qual escada ele deveria descer pra chegar às docas. “Uau, muito bem sinalizada essa base, todo mundo já deve estar lá me esperando, vou ser o último a chegar.”


Na cozinha o clima era de tensão, misturar o Sanji com homens hostis não era uma boa combinação e a briga já havia começado.

– Entrar nessa cozinha é um privilégio pra cozinheiros de verdade, não um passeio pra amadores que nunca viram um refeitório lotado.

– Então não sei o que um picareta feito você faz aqui. – Sanji respondia grosso pegando quem era rude com ele pelo colarinho. Ele não entendia a briga que tinham com seja lá com quem ele foi confundido, mas ele não vai deixar falarem que ele não é bem-vindo em uma cozinha.

O barulho da briga se silenciou e todos fizeram silêncio quando um alto bater de palmas chamou a atenção de todos para a chefe.

– Ok, vocês dois, já chega! Sem brigas na cozinha! São vinte pras onze, em uma hora e vinte minutos vamos ter um refeitório cheio de gente que precisa do triplo da energia hoje pra caçar os piratas que invadiram a base. – Gritando com toda a autoridade era a chefe da cozinha, Jéssica, uma mulher linda que só com o “já chega”, já teria acalmado um cara tão apaixonado como o Sanji.

– Prazer donzela, eu vim de Mary Geois nessa cozinha, meu nome é....

– Seu nome é lavador de louça se não parar de puxar o meu saco e mostrar do que é capaz. Na minha cozinha só cozinha quem tem minha confiança, e eu caguei pra reputação e pra status, eu não sei como que se cozinha em Mary Geois e eu estou conhecendo vocês dois agora, então vocês vão me mostrar do que são capazes, tão me escutando?

Luffy mal escutava o que estava acontecendo, ele estava frustrado que nenhuma comida estava feita, ele já estava faz um tempão naquela cozinha e não tem um fogão ligado ainda, e estava esperando pararem de brigar pra algo ser cozinhado. Mas Sanji estava sério e dando ouvidos a Jéssica como nunca deu ao Zeff antes.  

– E vocês também. Quem quiser insultar os novatos tem que representar, então os cozinheiros que vieram começar a briga pra contar vantagem, vocês vão agora, na minha frente preparar 100 pratos. E os Irmãos Marley vão preparar 100 pratos também. E eu vou comparar como o nível de Mary Geois está diante da base G-8. E a gente vai acertar nossas diferenças antes do almoço!

– Opa até que enfim, comida vai ser preparada!! – Luffy ficou empolgado e começou a salivar. – Arrasa aí Sanji! Vocês também pessoal do G-8. É pra fazer comida boa!

Jéssica colocou várias peças de peixe e de porco na frente dos dois times, junto de várias verduras e legumes. E os cozinheiros do G-8 foram rápidos e espertos em rapidamente pegar as melhores partes do peixe pra humilhar Sanji. Sanji não havia começado ainda, ele estava só observando o que o pessoal do G-8 faria.

Rapidamente 100 pratos foram feitos, visivelmente feitos pela experiência de quem cozinha em grande escala diariamente, mas Jéssica foi infeliz em propor uma competição, os cozinheiros todos selecionaram a dedo qual parte de cada opção usar, pois queriam ganhar, e Sanji reparou isso. Ele pegou a carcaça de peixe deixada pra trás.

– Quanto desperdício, é muita coisa comestível que se deixou pra trás...

Sanji esmagou os ossos do peixe, esmagou a cabeça do peixe, e transformou tudo em uma massa uniforme que ele misturou com vegetais picados, depois formou bolinhas de peixe e as fritou. O processo de Sanji de reaproveitar tudo o que seus rivais descartaram era um show a parte que toda a cozinha parou pra observar empolgada, e quando estava pronto, todos estavam impressionados.

– Vocês cozinham pra soldados não? É perigoso faltar ingredientes, tem que saber aproveitar tudo, não importa se o prato custou dez mil berries ou um milhão pra fazer, um cozinheiro do mar usa cada ingrediente e nada vai pro lixo. – Nada que Sanji disse era novidade pra homens do mar acostumados com a rotina, mas a necessidade de se provar superiores em prato fez eles esquecerem disso no calor da competição. Jéssica ficou impressionada que Sanji não esqueceu disso nem por um minuto, gente como ele tinha sim espaço naquela cozinha.

O juiz acabou sendo o Luffy que comeu metade dos pratos de cada lado antes de qualquer um ali notar, até ficar com a barriga estufada que nem um balão. – Ai os dois tão de parabéns, muita comida boa, agora estou satisfeito. – Os cozinheiros de Navarone ficaram assustados com o apetite de Luffy.

– Você cozinhou sozinho e seu irmão só come? – Questionou Jéssica.

– Ele dá muito apoio moral, eu não dou conta sem ele por perto, por favor arrume algo pra ele fazer aqui, mas deixa ele longe da louça, ele é um desastre ali. – Jéssica ouviu isso e lembrou das duas irmãs que cuidam da enfermaria, ela simpatizou com a situação, o outro cozinheiro parecia um sujeito boa gente.

– Entendi, bom, gostei do seu jeito de cozinhar, eu aceito vocês como parte da cozinha do G-8! – Declara Jéssica, e Sanji derrete com a aprovação de uma mulher tão bonita.


No calabouço, Zoro estava em sua cela preso enquanto olhava Wiper que segurava as três espadas.

– Escuta Wiper. Você disse várias vezes que não queria ser um pirata. Talvez você queira ficar por aqui. – Comenta Zoro casualmente.

– Na marinha?

– É. Você é forte, se jogar o jogo direitinho vai ganhar um barco, vai poder rodar o mundo, fazer suas descobertas, fazer tudo o que quer. E desde que deixe a gente escapar no final, a gente te ajuda com tudo, ajuda a convencer o pessoal que você é um marinheiro de verdade. Você não queria viajar com a gente, talvez tenha caído em uma opção a se considerar.

– Aí viraríamos inimigos.... meu trabalho seria prender vocês.

– Ah, o Luffy já ajudou um amigo a se alistar na marinha antes, a gente não tá em guerra com o governo. Algo pra você pensar. A gente briga com tanto pirata que você poderia até nos ajudar com nossos inimigos. 

Wiper não queria ser um pirata, mas ele queria menos ainda ser um marinheiro e tinha toda a intenção de sair daquela base com os Piratas do Chapéu de Palha. Ele não gostava daquele uniforme, botas, calças, casaco, chapéu, ele estava acostumado a só um saiote de grama. Ele não gostava do clima ali. Então ele não queria pensar na proposta de Zoro. Wiper escondeu as três espadas de Zoro em um compartimento na parede, tendo certeza de que Zoro estava vendo aonde estavam escondidas pra quando ele escapasse, e torceu pra isso sinalizar pra Zoro que ele não iria virar a casaca. Após isso se retirou dos calabouços deixando Zoro sozinho... mas não exatamente, Zoro não havia notado pela iluminação ruim no local, mas na cela na frente de Zoro, Victor Vine, o antigo Mr.6 observava o espadachim...

– Interessante, então o destino jogou essa gente na minha frente mesmo. – Talvez eles fossem uma aposta melhor do que confiar em Jonathan. Será que fazer as pazes com os inimigos da Baroque Works funcionaria mais do que fazer as pazes com a Marinha?

Notes:

E com esse capítulo introduzimos o primeiro OC da fanfic, Victor Vine. Sempre me chamou a atenção que o plano final do Crocodile chamou o Mr.7 pra ajudar na guerra e não o Mr.6, que era a supostamente um cargo mais alto, então sempre imaginei ele como alguém que teria algo pra fazer em Alabasta, mas fugiu antes de encontrar com um dos protagonistas.

Chapter 6: Chefe temporária da enfermaria do G-8, Dra Kobato.

Summary:

Chopper e Nami descobrem sobre a situação da enfermaria no G-8. Usopp encontra o Going Merry e Robin começa a se passar por inspetora da base.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Agora vamos acompanhar a história de uma certa caixa. Essa história começa lá atrás em Alabasta, quando Chopper e o médico da corte de Alabasta, Dr. Ho estavam dividindo seus conhecimentos uns com os outros. O Dr. Ho mostrou pra Chopper uma espécie de veado chamado Cerdo-do-Deserto, cujos chifres podiam ser usados pra fazer remédios importantes, Chopper estava familiarizado com o conceito, mas não conhecia as propriedades do chifre dessa espécie em particular. E ao se despedir de Alabasta, o Dr. Ho deu pra Chopper uma caixa inteira cheia de chifres pro consultório de bordo de Chopper.

Naturalmente, quando Jonathan confiscou o Going Merry com tudo o que tinha dentro, a caixa foi confiscada, e deixada em cima da ponte na entrada de Navarone, onde um marinheiro deveria levar pra enfermaria pela manhã. Nesse momento Chopper reconheceu aqueles remédios como os seus remédios e resolveu se esconder dentro da caixa. Disfarçado entre os chifres. Quando abriram a caixa pra ver o que tinha dentro, não identificaram uma rena de verdade debaixo de tantos chifres de veados.

E agora ali estava Chopper, ainda dentro da caixa, mas na enfermaria, ouvindo a responsável pelo local, uma mulher chamada Dra Kobato. Chopper ouviu a história dessa mulher a manhã inteira, pelas conversas que ela teve. Ela queria muito que tivesse chegado um navio com sua irmã em Navarone, mas chegou um navio sem a irmã dela e cheio de feridos. Ela estava desesperada.

Kobato passou a manhã inteira perguntando sobre sua irmã, em vão, pra todo marinheiro que entrava pra comunicar sobre a chegada do Stan Malley, a tempestade do Stan Malley, os piratas a solta. Ela não queria ouvir isso, ela queria sua irmã, Shobato.

Shobato é a médica oficial de da base G-8. Ela coordenava todas as operações médicas do G-8, e Kobato cuidava da farmácia e se focava só em entregar os remédios pras pessoas de quem Shobato cuidava. Porém fazem oito dias, Shobato saiu como médica de bordo de um navio de resgate, pra socorrer marinheiros atacados em alto-mar. Fazem oito dias que Kobato está cuidando do consultório esperando a irmã voltar e reassumir seu posto. Nenhuma resposta, nenhuma mensagem do navio falando onde estão ou se acharam os marinheiros atacados. Eles estão desaparecidos, mas não oficialmente. O Quartel-General da Marinha disse que precisam de 15 dias pra considerar Shobato desaparecida-em-ação e mandar uma substituta. O Quartel-General não mandou nenhum barco pra procurar o navio desaparecido. Kobato estava uma pilha de estresse. Ela não quer uma substituta, ela quer um resgate. Parem tudo e achem sua irmã.

Mas o importante aqui é: Kobato era capaz de trocar uma atadura, aplicar uma injeção e receitar um remédio, e em dias normais isso seguraria a barra. Mas ela não era capaz de fazer uma operação, isso só sua irmã fazia. E agora temos um navio inteiro com dezenas de soldados precisando de cuidados severos e intervenções pesadas que Kobato não tinha a menor condição de aplicar, se a sua irmã estivesse ali ela resolveria, mas como ela vai cuidar de tantos feridos?

No dia em que Shobato saiu em viagem, Kobato segurou a mão dela com medo que ela embarcasse no navio de resgate.

– Irmã, essa base precisa de você. O mar é perigoso.

– Relaxa, essa base não tem tantos acidentes, você dá conta só por uns dias. – Respondeu Shobato. – Os marinheiros em alto-mar precisam de mim, mas eu vou voltar rápido. – Shobato disse sorrindo otimista na última vez que Kobato a viu.

Batem a porta e era o Tenente Adams.

– Dra Kobato, os soldados já estão todos na sala de cirurgia, precisam de você ali o mais rápido possível.

– De mim? De mim? O que querem que eu faça? Eu sou só uma farmacêutica! Cadê a Shobato? Como que ela ainda não voltou? Já se passaram oito dias!! Ninguém está procurando ela?

– Desculpe, mas agora a gente precisa focar em salvar quem está aqui.

Adams se retirou e Kobato está entrando em pânico em sua mesa. E Chopper ouvia tudo isso de dentro da caixa. Foi isso a manhã inteira. Chopper queria ajudar Kobato, mas ele não sabia como se apresentar para ela e explicar que ele era um médico também, especialmente depois de ouvir o alerta na base inteira dos piratas infiltrados. Seria muito ruim se Chopper fosse preso antes de operar alguém, então ele estava pensando em como fazer pra ir até a sala de cirurgia cuidar daquelas pessoas quando ele sentiu um perfume familiar. Uma batida na porta depois e se tornou uma voz familiar. A porta se abriu e entrou uma mulher com roupa de enfermeira.

– Ah pronto, vieram as enfermeiras me buscar. Não tem jeito né? Eu juro, eu nunca operei ninguém na vida, eu não posso ir lá. – Tremia Kobato.

– Er... desculpe. – Era a voz de Nami, Chopper reconheceu a voz de Nami. – Eu sou a enfermeira de bordo do navio que acabou de chegar.

– O Stan Malley? Você estava lá durante a tempestade? Então você está familiarizada com que tipo de ferimento cada soldado recebeu?

– Não... o outro navio. O que veio de Mary Geois. Eu vim acompanhando o pessoal de Mary Geois e vim ajudar na enfermaria até a hora de voltar.

– Veio um outro navio pra cá? Um de Mary Geois? Com uma equipe médica a bordo? Você veio acompanhada de um médico? Tinha algum médico em Mary Geois que mandaram pra cá junto? Por favor me diga que vocês trouxeram um médico pra essa base!!

E era isso que Chopper precisava, ele não sabia que havia outro navio chegando na base, mas Nami deu a ele a sua deixa, e agora Chopper já saberia do que precisaria se disfarçar pra poder cuidar dos feridos. Chopper saiu da caixa discretamente, e vestiu um Jaleco se transformando na sua forma humana! E pra segurança extra, colocou um óculos e um bigode falso. Era o disfarce infalível, ou ao menos é o que o mais jovem e inocente dos Piratas do Chapéu de Palha acreditava.

– Veio eu, muito prazer! Eu sou o médico do..... outro navio, aquele que veio de Mary Geois. Desculpe a demora pra chegar aqui.

Kobato olhou pra Chopper cheia de esperança, mas Nami olhava confusa: “ué, o Chopper já estava aqui dentro?”

– Me contaram no caminho daqui que temos um navio de acidentados, não é? Me leve pra sala de cirurgia imediatamente, não temos um segundo a perder, precisam ser operados o mais rápido possível.

– Você caiu do céu doutor! – Disse Kobato com a expressão como se tivessem tirado uma armadilha de urso da sua perna. – Sim, precisamos de um médico urgente, tem marinheiros que precisam ser operados imediatamente.

– Então não temos tempo a perder, me leve até a enfermaria.

Kobato saiu da enfermaria e começou a caminhar em direção pra ala de operações, onde estavam esperando ela, sendo seguida por Chopper e Nami,

– Chopper, o que está fazendo? – Perguntou Nami, falando baixo pra Kobato não escutar.

– Esses pacientes precisam de um médico, ela não tem a experiência necessária, alguém precisa intervir.

– Sim, mas a gente tá de saída querendo voltar pro Merry.... quanto tempo isso vai durar?

– Talvez dure o dia todo. – Respondeu Chopper com convicção. – Depende do número de feridos, mas pode demorar muito.

– O dia todo pra salvar gente que se te reconhecer vai te prender? Manter todos nós o dia todo numa base em que estão caçando o Luffy? Chopper eu entendo sua empatia, mas....

– Nami, a última vez que o Dr. Hiruluk foi atender um chamado médico, ele descobriu que os médicos do Wapol estavam doentes, e quis ir curá-los. Era uma armadilha do Wapol, soltaram a notícia pois sabiam que o Doutor iria querer ajudar, quando o Doutor chegou lá viu vários soldados do Wapol com a arma apontada pra ele. Ele chorou de felicidade e disse “que bom, que ninguém tá doente de verdade.” Ele morreu naquele dia tentando curar seus inimigos e feliz que ninguém estava em perigo.... Nami, eu quero ser o tipo de médico que o Doutor se orgulharia, eu não vou sair de uma ilha em que eu sei que sou o único médico e tem uma sala de gente ferida, mesmo se quiserem me prender. – Chopper fez silêncio e juntou muita coragem e convicção pra dizer a próxima parte. – Se for melhor pra todo mundo o Merry sair sem mim, tudo bem, eu me viro pra encontrar vocês depois, eu acho vocês, eu não vou parar de ser pirata se vocês seguirem em frente pra sobreviver.

– Não seja besta, a gente nunca vai sair sem você.

– Então esperem eu terminar, pois eu vou salvar cada um, eu sou médico.

No meio do corredor, uma enfermeira aparece na direção contrária de passo apertado.

– Dra Kobato, não podemos perder mais tempo, eu estava vindo te buscar.

– Já estamos a caminho, eu estava esperando a chegada do Doutor.... – Kobato apontou pra Chopper e notou que não pegou o nome de seu novo aliado.

– Doutor Chopper – Respondeu Chopper.

– Eu nunca te vi aqui antes – Comentou a enfermeira. – Quem é esse médico esquisito?

– É que eu cheguei só hoje, vim acompanhando o pessoal de Mary Geois.

– Ótimo, precisamos de toda a ajuda que pudermos, vamos rápido. – Diz a enfermeira e eles seguem.

Chopper cochicha pra Nami. – Olha, vamos ter enfermeiras lá, e isso pode de fato durar o dia todo, se você tem pressa, você não precisa ir só pra se disfarçar de enfermeira, eu dou conta, eu sei o que estou fazendo. – Nami concordou com Chopper e se afastou deles antes de Chopper entrar na sala de operações. Kobato reparou que Nami desapareceu.

– Dr. Chopper e a enfermeira que estava te acompanhando.

– Eu não sei.... deve ter ido no banheiro. – Disse Chopper suando e virando o olhar como o péssimo mentiroso que ele é.


Usopp descia as escadas de passo apertado pra chegar nas docas e enfim ver o Going Merry. O navio foi projetado pra ser o navio de Kaya, e ela deu de presente pra Luffy, era responsabilidade de Usopp garantir que quando a aventura acabasse ele ia poder devolver pra Kaya, e eles poderiam passear no barco que era dela. A Marinha não ia reformar o barco e pintar daquele Verde Pavão que Usopp não gostava. Além de apegado ao Merry, Usopp era um artista que não era fã das decisões estéticas da Marinha.

Ele chegou na doca e encontrou o Going Merry ancorado ali, do lado de alguns navios padronizados da Marinha, Usopp viu eles e fez uma careta. Em cima do Merry, olhando o mastro estava um velho. Um homem baixinho devia ter um metro e meio, cabelos brancos espetados e um par de óculos de proteção. Ele reparou que Usopp estava admirando o próprio barco.

– Lindo né? Essa caravela está muito bem cuidada apesar dos danos que recebeu. O Vice-Almirante tem bom olho, isso aqui vai ser usado pra patrulhas de um tenente pelo menos. – Dizia ele com orgulho, ele estava passando a mão no mastro pra poder medi-lo, e certamente sabia calcular a altura de cabeça só usando a própria palma como referência, ele devia estar cuidando de barcos tem anos.

– Quem é você? – Perguntou Usopp.

– Ué, não me conhece? É novato por aqui?

– É meu primeiro dia. – Disse Usopp – Eu ouvi histórias do navio apreendido e estava curioso, nunca vi um navio pirata antes.

– Navios piratas, navios da marinha, isso é tudo besteira, filho. Um navio é um navio. Ele serve pra navegar, e pra permitir que homens valentes possam ir de uma ilha pra outra, um navio não é bom ou mal, pessoas que são. – Diz o homem. – Não interessa que tipo de pessoas navegaram esse navio, ele não fez nada errado em navegar. E ele foi amado pela antiga tripulação, dá pra ver o carinho colocado nesses reparos, mesmo se tiver uma dose de amadorismo.

– Muito obrigado, senhor. – Disse Usopp com os olhos cheios de orgulho.

– Estou falando do navio, não de você, garoto. Se gostou tanto do barco dê duro, se trabalhar muito e for promovido pode acabar te deixando usar.

Usopp ouviu passos firmes e se virou, e nas docas entrou um homem de grande porte e notórias costeletas, o capitão Drakon era uma figura intimidadora pro mais medroso Chapéu de Palha, mas ele a princípio ignorou Usopp.

– Mekao, ainda não começou a mexer no Stan Maley?

– Eu estou checando o tal do navio fantasma, ainda não terminei ele, tenho que olhar a quilha antes de começar a planejar os reparos.

– Esse navio é um navio pirata! Você deve priorizar o navio da marinha!

– Esse aqui chegou primeiro.

– Sim, mas queremos que os tripulantes do Stan Maley possam sair sãos e salvos, enquanto os piratas desse navio-bode não vão sair daqui nele. Você não estava repetindo agora a pouco a baboseira de navios piratas e da marinha serem a mesma coisa? Não são! O Stan Maley serve os nossos homens, e esse navio não. Entendido?

– Capitão, você coordena os seus soldados, eu sou o mecânico, eu sei lidar com navios.

– Bom, devo informá-lo então que planejamos depois de consertar o Stan Maley, colocar ele pra procurar sua filha. combinar pra sua tripulação devolver o favor com essa missão que o quartel não nos ajudou. Parece um assunto que você gostaria de ter pressa. – Drakon pegou bem na ferida de Mekao, que estava se distraindo com trabalho pra pensar em como a cada dia a chance de Shobato voltar diminuía. Ele perdeu um pouco da arrogância.

– Você tem razão Capitão, o Stan Maley vai estar pronto essa noite... agora sem a Shobato por aqui, não imagino que os homens vão estar... Será que a Kobato dá conta.

Usopp estava aliviado que não iam remodelar o Going Merry tão cedo, grande sorte a tempestade ter zoado outro navio antes. Mas o alívio passou quando viu Drakon começar a encarar os seus olhos.

– E você recruta? Tá fazendo o que aqui? Não temos nenhum soldado com ordens pra estar nas docas.

– Ah, acho que estou perdido na base, senhor.

– Sei... pode me dizer de que pelotão você é?

– Décimo oitavo, senhor!

– Décimo oitavo? O pelotão de atiradores, então!

– Isso mesmo, senhor.

– Pare de me chamar de senhor. Você não tá na guarda do seu reino, recruta, está na Marinha! Me chame pela minha patente.

– Pela sua patente?

– Isso, você é capaz de olhar meu uniforme e saber qual é minha patente, não é? – A pressão de Drakon em Usopp era enorme, Usopp não fazia ideia de como identificar uma autoridade da marinha, era tudo a mesma coisa pra ele.

– Sabe o que é.... é que hoje eu estou sem óculos e não estou vendo direito.

– Não seja por isso eu chego bem perto. – Drakon se aproximou de Usopp e segurou seu ombro. O poder de agarrão dele era forte e Usopp sentia que ele podia esmagá-lo. – Agora me diga.... e se eu te disser que o pelotão dos atiradores é na verdade o 5º e que o 18º Batalhão é o de abastecimento? O que você acharia disso?

Usopp soltou um grito de susto. Drakon ergueu Usopp no ar segurando seus ombros com as duas mãos.

– Eu achei que veria um dos piratas infiltrados tentando pegar o navio de volta e achei.

– Ei Capitão, sem violência nas minhas docas. Aqui é um espaço onde homens que amam navios trabalham duro! Se quiser brigar que faça fora do meu local de trabalho! – Grita Mekao. Apesar dele ter levado uma dura de Drakon, era visível que ele ainda era o responsável por toda aquela área. Drakon cedeu.

– Não se preocupe, eu só vou levar ele até o vice-almirante. Ninguém vai se machucar nas suas docas Mekao. Cuide do Stan Maley, agilize essa missão, todos nós queremos encontrar a Shobato.

Usopp tentava improvisar mentiras enquanto Drakon o levava pelo corredor como se ele fosse uma bagagem.

– Escuta aqui, você está cometendo um erro, eu sou um marinheiro de verdade, eu só sou ruim de memória. Isso é capacitismo, a marinha tem que incluir pessoas com minhas dificuldades de memorização, me colocar em um cargo mais apto as minhas aptidões. Meu primo trabalha nos direitos dos Marinheiros lá em Mary Geois, se ele descobre como você me trata você vai ter um problemão, viu?

Enquanto subia as escadas ignorando tudo o que Usopp gritava em vão, Drakon se deparou com o vice-almirante Jonathan, caminhando calmamente na direção oposta.

– Pescou algum pirata Vice-Almirante?

– Não, mas estou notando algumas coisas, ao nosso redor, estou identificando a identidade dos dois membros extras do Bando do Chapéu de Palha. Consegui dois bons suspeitos. E você o que tem aí?

– É um dos piratas do Chapéu de Palha! Vamos prendê-lo.

– Chapéu de Palha, é? Hachichichi muito bom Capitão. Vamos levá-lo ao meu escritório, tenho perguntas a fazer.

O Vice-Almirante era mais tranquilo e menos agressivo que o Capitão. Usopp pensou que talvez ele fosse melhor de se enrolar. O Vice-Almirante queria conversar essa era a sua chance. Eles entraram no escritório. O South Bird na gaiola reconheceu Usopp e gritou um característico JOH , felizmente, ninguém ali falava língua de pássaro pra entender que a ave reconheceu Usopp. Drakon senta Usopp na cadeira e Jonathan o encara.

– Então você afirma ser um jovem marinheiro?

–Eu sou.

– Se alistou em que base?

–... não posso dizer.

– Qual seu nome?

– Não posso dizer.

– Qual seu número de registro?

– Não posso dizer.

– Qual o nome do navio que te trouxe a essa base?

– Não posso dizer.

Drakon bateu na mesa!

– Precisa de algo mais Vice-Almirante?? É só um pirata maldito que roubou um uniforme e não sabe nada sobre a Marinha!

– Isso é possível Capitão. Mas também é possível que esse daí seja o inspetor. As vezes acontece de inspetores se infiltrarem como soldados rasos pra nos observar em anonimato, e escondem a identidade.... – Aí, o Vice-Almirante enfim deu a Usopp algo que ele podia usar. Era a grande chance de Usopp escapar da cadeia.

– Hehehe, impressionante Vice-Almirante, você descobriu minha identidade. Pois é isso mesmo eu sou o Inspetor Usopp, aqui pra ver se sua base está seguindo as regulamentações do Governo Mundial. E é bom me soltarem e não impedir o meu trabalho mais, agora que sabe quem eu sou de verdade, pois uma palavra minha garante o futuro dessa base.

Jonathan observava se divertindo, mas Drakon estava nervoso, ele não sabia se era verdade ou mentira. Ele já ouviu sobre inspetores fazendo isso pra detectar abuso de autoridade em soldados rasos. E agora, poderia ele estar em problemas? Não, ele não cometeu infração, o soldado em questão se comportou de forma suspeita. Será possível que o inspetor seria um cara tão fraco e patético? Ele se perguntava porque Jonathan não estava nervoso. Era uma péssima hora pra ter um inspetor disfarçado que não pode ser ofendido.

Enquanto Usopp tagarelava e Jonathan observava, batem na porta da sala. Drakon vai até a porta abrir e encontra uma mulher muito bem vestida com um uniforme de pompa, uma camisa roxa e óculos de aviador.

– Bom dia, Vice-Almirante Jonathan? Eu sou a inspetora da marinha, Major Shepherd, aqui tem a minha carta de apresentação do Quartel General. Eu vim aqui fazer minha inspeção. – Drakon olhou pra Usopp com um sadismo enorme agora que está provado que ele não é o inspetor. Acabou pra Usopp. A menos que ele conseguisse uma última mentira.

– Ei Shepherd, você veio aqui tbm? Olha só, acho que mandaram nós dois pra mesma base, que coincidência. Sou eu, seu velho colega Inspetor Usopp. – Usopp reconhece sua companheira Nico Robin e tenta se aproveitar da situação como podia pra ver se escapava da fúria de Drakon, mas Robin não ia vacilar em sua infiltração pra lidar com Usopp ter vacilado.

– Major, conhece esse homem? – Perguntou Jonathan.

– Nunca vi na minha vida. – Pela segunda vez naquele dia, a frieza de Robin apavorou Usopp.

– Então é isso. – Disse Jonathan conferindo os documentos que Robin entregou na mão dele. – Capitão, pode levar o pirata do Chapéu de Palha pra prisão, esse é certamente o narigudo que Smoker e Vine descreveram, e o Tengu que os marinheiros avistaram mais cedo. – Drakon teve muito prazer em obedecer seu superior e se retirou da sala carregando Usopp em seus braços, Usopp gritava desesperado. – E você major, fique a vontade pra olhar a base toda. Estamos em um dia atarefado como você pode ver, então acho que é uma boa oportunidade de nos ver trabalhando duro.

– É o que farei.

– Olha só está quase dando meio dia, se quiser começar pela nossa cozinha me acompanhando no almoço eu posso te explicar onde fica tudo. Um dos lemas dessa base é que todos devem almoçar bem e não deixar uma comida no prato, levamos refeições bem a sério.

– Não obrigada, avaliar a organização do espaço é parte do meu trabalho. Eu vou comer quando acabar, não vou perder tempo. – Respondeu Robin séria. – Devo começar pela biblioteca.

– Não vai se desapontar Major. – Disse Jonathan com orgulho – Você vai encontrar a biblioteca mais completa que existe ao sul da Red Line. Um orgulho pra base e uma das melhores do mundo. – Robin estava de óculos escuros, mas Jonathan tentava encarar bem a fundo essa mulher misteriosa em seu olhar e ver sua reação. Afinal aquele pirata achava que ela poderia acobertar ele. Ela pode ser um deles. Ela não poderia ser a ruiva que Smoker e VIne descreveram, porém tinha outra mulher no Bando do Chapéu de Palha. Jonathan resolveu fazer a aposta. – Claro que se a biblioteca de Ohara ainda existisse me faria passar vergonha... hum... se bem que talvez essa não seja uma referência do seu tempo.

– Primeiro me chama pra almoçar e depois está tentando adivinhar minha idade? Vice-Almirante? Estou lisonjeada, mas tenho um marido me esperando lá em Marineford. – Disfarçou Robin tentando esconder sua reação ao ouvir o nome dessa ilha. – Tenho 38 anos, se pareço ter menos é porque me cuido, e lembro bem de Ohara. Foi o ano em que me alistei.

– Hachichichi, não pode me culpar por tentar, né? – Riu Jonathan disfarçando. –Mas é, eles não te botaram num navio que foi pra Ohara pra te assustar né? Pois eu sei como eles fazem com novatos, enfiam na missão mais traumática que puderem pra os que quiserem fugir dos horrores do serviço fugirem antes de ser promovidos. Certamente foi assim no ano em que eu me alistei.

– Foi exatamente isso Vice-Almirante, eles pegam pesado no nosso primeiro ano e tratam esses ataques como uma iniciação. E bem, foi em Ohara que eu decidi que queria ficar atrás de uma mesa de escritório.

– Nesse caso eu vou deixar você fazer seu trabalho, Major. Se precisar que eu esclareça qualquer coisa, estou disposto a lutar por essa base, mas tenho confiança que você vai se impressionar.

Nico Robin se retirou, e Jonathan se sentou em sua mesa. Ele pensou bem nas reações da inspetora, ela tentou se controlar e se explicou bem, mas o sexto sentido de Jonathan falava mais forte, ele tinha certeza.

– Ok, três eu já sei aonde estão, faltam mais 5.

Notes:

E com a introdução da Dra Kobato e do Mekao, todos os personagens importantes introduzidos no filler já tiveram suas contrapartes na fanfic devidamente introduzidas.

A que mais mudou foi Kobato de longe, no anime a história dela é que ela é só uma pediatra e portanto não poderia fazer operações, o que fez sentido, mas eu fiquei me perguntando porque teria uma pediatra em uma base da marinha sem crianças. Também o filler nunca explica porque os médicos tinham ido embora, então eu pensei nessa dupla de irmãs, uma médica e uma farmacêutica que serviriam como uma dupla dinâmica da saúde na base, mas com uma delas desaparecida no momento.

No filler também Chopper afirma que quer curar seus inimigos, pois se ele não fizesse isso a Dra Kureha se desapontaria com ele, e embora eu não duvide que ela tenha ensinado Chopper a tratar qualquer um, bom ou mal, eu acho que os ensinamentos de Hiruluk são mais fundamentais na decisão de Chopper de salvar os inimigos.

Chapter 7: Hora do Almoço

Summary:

É hora do almoço em Navarone. Usopp e Zoro continuam presos. Chopper continua na sala de operações. Jonathan, Drakon e Wiper estão no refeitório do G-8, Sanji está na cozinha com Luffy, e Nami está aproveitando esse momento de pouca supervisão para invadir a sala do Vice-Almirante.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Nas celas no subsolo de Navarone, sentado num chão frio de pedra, e encarando as grades, Usopp resmungava.

– Como é que a Robin faz isso comigo? Qual o problema dela? Quem manda um companheiro pra cadeia?

– Você devia agradecer a Robin – Disse Zoro calmamente ao lado de Usopp dividindo a cela. – Pois agora você tá comigo. Não vai ficar perambulando na base dando bandeira feito um idiota. – O motivo pelo qual Zoro não percebeu que ele próprio estava fazendo isso, era somente falta de conhecimento próprio.

Usopp se acalmou. De fato, estar perto de Zoro fazia a situação parecer mais no controle, mesmo que Zoro estivesse preso também. Os dois então escutaram uma voz da cela da frente.

– Ei vocês, Piratas do Chapéu de Palha... então vocês invadiram mesmo essa base. – Dizia Victor Vine, o antigo Mr.6.

– Eu te conheço? – Pergunta Zoro.

– Não, mas eu te conheço! O Mr.0 mandou eu matar vocês dois, mas eu fugi de Alabasta sem lutar. Então se pudermos ignorar essa luta que não tivemos, eu tenho uma proposta. Vocês estão com um plano pra escapar daqui, não estão? Me levem junto que existe uma recompensa pra vocês.

Usopp e Zoro se entreolharam. Usopp estava esperando Zoro falar pelos dois.

– Que tipo de recompensa?  


Na sala de operações, Chopper atendia um homem musculoso inconsciente, o capitão que estava no comando do Stan Maley, quando o mastro do navio quebrou, ele foi profundamente esfaqueado por oito pedaços de madeira do mastro se colocando como escudo humano para seus subordinados. Chopper estava removendo os pedaços de madeira agora, ele ia precisar tomar ponto. Kobato e mais três enfermeiras auxiliavam Chopper. Quando chegou a hora de costurar a ferida, as enfermeiras mostraram pra Chopper uma agulha conectada a um fio muito estranho, ele parecia feito de água, mas era um fio. Era como se as enfermeiras tivessem dado forma de fio pra água.

– Eu não conheço essa linha de sutura. – Comentou Chopper.

– É teia das Aranhas-Pescadoras que vivem aqui em Navarone. O fio da teia delas se funde com qualquer líquido no contato e permite que o líquido seja manipulado com facilidade. Elas usam pra criar rotas de mar que façam os peixes nadarem até em cima das árvores. – Disse a enfermeira.

– Aqui no G-8 a gente costura os pacientes usando o próprio remédio como linha, e então elas são absorvidas pelo próprio corpo com o passar das horas. Esse é um remédio que eu mesma desenvolvi. – Completou Kobato.

Chopper nunca havia ouvido falar nesse tipo de fio, ele achou fascinante. O Doutor HIruluk tinha razão, se ele saísse pro mar, ele ia descobrir que a ilha de Drum era só um ovinho, e que tem muita medicina que ele nunca viu na vida. Ele costurou cinco das feridas do marinheiro na mesa de operação. E então se virou pra Kobato sério.

– Dra Kobato, presta muita atenção em como eu faço com os próximo dois ferimentos, pois o último quem vai fechar é você.

– Mas Dr. Chopper, eu não posso.

– Pode! Pode porque eu vou estar aqui pra te ajudar. Eu não vou ficar nessa base pra sempre, quando eu for embora é você quem vai salvar as vidas das pessoas aqui, então hoje você vai aprender como se faz.

As enfermeiras começaram a limpar a testa de Kobato que suava de ansiedade. Mas ela não desviava o olhar das mãos de Chopper, cuidando do marinheiro.


No banheiro da base, o Vice-Almirante Jonathan estava calmamente lavando as mãos. Quando repara no tenente Adams saindo de uma cabine.

– Tenente, que sorte te encontrar, preciso que faça algo por mim.

– O que foi Vice-Almirante?

– Temos um pirata do Chapéu de Palha andando pela base alegando se chamar Major Shepherd. Não é uma pessoa que um soldado comum derrota em uma luta, então por enquanto observem bem, quero ser regularmente informado do que ela está fazendo na base, onde está entrando, com quem está falando.

– Entendido Vice-Almirante, vou alertar os homens e virei com informações na sua sala.

– Eu vou estar no refeitório. Agora é a hora do almoço. E aqui em Navarone o almoço é coisa séria.


Wiper caminhava pra uma mesa carregando uma bandeira, na bandeja tinha um prato com arroz, feijão, carne moída, um ovo frito e purê de batatas. Com uma salada de alface tomate, cenoura e beterraba. E um copo de suco de laranja. Wiper ia experimentar a culinária do Mar Azul e estava curioso pra comer um prato cheio. Ele sentou na mesa em que estava o marinheiro que o ajudou a prender Zoro, era o Sargento-Mor Leonov. E ele acenou pra Wiper sentar com ele. Wiper se sentou, achou legal que tinha um lugar pra ele.

– Que honra você ter vindo mesmo nessa mesma, Capitão, achei que ia querer almoçar com o Vice-Almirante Jonathan.

– Com ele eu falo em privado, pra agradecer a ajuda que ele está dando ao meu navio. Agora eu quero conhecer quem são os soldados que permitem que a base funcione. – Muita coisa no Mar Azul era alien pra Wiper e seria alien por muito tempo, mas no céu também tinha polícia, e o Wiper podia ser sério demais pra rir, mas tinham comediantes entre os Shandias e o alvo central de piadas deles era imitar Boinas Brancas. Ele já viu Kamakiri chorar de rir de gente falando igual polícia, e Wiper se sentia confortável de imitar os trejeitos de quem gosta de lei e ordem. Todos achavam que ele era o capitão do Stan Maley que felizmente estava sendo operado por Chopper naquele exato momento, então não poderia aparecer e revelar a mentira de Wiper. – Quero saber o que motiva, essa base, você, Sargento se alistou na marinha por quê?

– Eu queria ver o mundo. Agora eu estou servindo na base G-8, mas quando eu for promovido, eu quero entrar na patrulha, ir cruzando os mares atrás de piratas, atender chamados de ilhas e ir conhecendo todas. Eu nasci no East Blue e sempre soube que a maneira mais segura de conhecer a Grand Line, é sendo um marinheiro, e quem não quer conhecer? Tem de tudo aqui. Quero ver os desertos de Alabasta, os castelos de Lulusia, as cachoeiras de Wano, os vulcões de Iosis. Os pântanos de Issipisan – O Sargento Leonov tinha por volta de seus 17 anos, e Wiper notava sua empolgação ao descrever seus sonhos. Ele nem imaginava que locais eram esses mencionados, será que ele ia conhecer algo disso? Será que o Chapéu de Palha conhecia algum deles?

– Entendo, o mundo é mesmo muito vasto. E as ilhas no céu, não gostaria de conhecer?

– Do que está falando, Capitão? Não tem ilhas no céu. – Essa pegou Wiper de surpresa. Ele achou que se Roger e Luffy ambos tinham achado o caminho pra Skypiea, então é porque deviam saber que ela existe. – Claro, existem lendas, mas eu não quero caçar lendas, as coisas que existem no mundo já são o suficiente.

Wiper foi lembrado de que Norland jamais voltou, pois foi executado pelo seu rei, que o chamou de mentiroso por dizer que Shandora existe. Shandora era só uma lenda. Wiper era só uma lenda.

 – Mas Capitão, deixa eu te falar, maneira sua tatuagem no rosto. Não é comum ver isso não, é coisa do seu reino?

– No meu povo, um homem se tatua para honrar os falecidos no campo de batalha. Aqueles que devem nos guiar. São um comprometimento da vida toda em proteger seu povo. Vamos destruir os inimigos e vencer a guerra!

– Isso aí! A guerra contra os piratas! A gente vai vencer os piratas e proteger o povo! Aliás, ficou sabendo, estão falando que já prenderam outro Chapéu de Palha, até o fim do dia estarão todos nas celas.

“Outro? Se continuar assim, talvez valha a pena prender todos, aí na hora de soltar eles vão estar todos no mesmo lugar.” Wiper pensou consigo mesmo. Wiper queria desesperadamente um cigarro para pensar melhor em como tirar os piratas daquela base.


De uma mesa mais distante no mesmo refeitório, Jonathan observava Wiper de longe, ele era sutil, e fazia uma boa performance de que estava olhando todos os marinheiros no refeitório. Mas sua atenção estava focada no homem de pele escura, tatuagens faciais e asas. “Eu esperava uma apresentação menos masculina, mas é pra ser um mestre dos disfarces não? Eu teria escolhido um disfarce que chame menos a atenção, mas é, duas asas, exatamente igual Vine me descreveu. Então esse é o tal Mr. 2 Bon Clay”.

Os pensamentos de Jonathan são interrompidos com um prato feito colocado bem na frente dele, um prato de arroz e carne, cheio de verduras.

– Aqui seu almoço, Jonathan. – Era Jéssica indo entregar pessoalmente o prato pro comandante da base.

– Brócolis de novo, Jéssica? E cenoura também?

– Eu venho da cozinha te entregar um prato feito especialmente pra você, feito com amor, e o sujeito ainda reclama. É brócolis sim, bom pros ossos e bom pro coração. Pra você ficar forte e tocar essa base. – Jéssica puxa uma cadeira e se senta a mesa. – Na cozinha não se fala de outra coisa, você tá procurando um bando pirata invasor, como tá indo isso?

Jonathan monta uma garfada só com arroz e a carne, mas Jéssica segura a mão de Jonathan e faz ele pegar o brócolis também, e ele come na má vontade. – Ah, estamos indo bem. Já prendemos dois. Alguns estão infiltrados entre o pessoal novo que chegou, mas eu estou de olho, daqui a pouco devo prender mais um... por falar em infiltrado, hoje chegaram dois cozinheiros novos. O que achou deles?

– Olhe a sua volta, tá todo mundo comendo com gosto. Tremendo talento esse que o povo de Mary Geois não soube aproveitar por picuinha. É o jeito dos bonzão, né? Achar que todo trabalho é substituível.

– Sim, sim, Jéssica, mas se você tivesse que palpitar, diria que eles parecem mais uma dupla de engomadinhos, ou uma dupla que já cozinhou em alto-mar?

– Como assim?

– Eu ainda não capturei o cozinheiro do Chapéu de Palha. E se eu fosse um cozinheiro, sabe aonde eu estaria escondido agora?

– Jonathan, eu já vi cozinhas de navios piratas, eu te garanto que o respeito que eu vi a comida, e a ética de trabalho ali, é a de um homem decente. Não tem como um homem daqueles ser um pirata. Nenhum pirata faz comida boa assim. – Jonathan discordava dessa mentalidade, mas em vez de desmentir Jéssica, especialmente sabendo de onde ele tirou essa opinião, ele achou muito mais produtivo tocar em um outro ponto.

– Um homem? Então falaram que enviariam dois irmãos cozinheiros, mas dos que apareceram, só um cozinha? – Jéssica se levantou da mesa incomodada.

– O próximo prato, pede pra um deles entregar, você confia no meu discernimento? Eu só quero olhar um dos irmãos nos olhos. Não vou interrogar um dos seus homens, relaxa.

Jéssica olhou brava, mas cedeu rápido. – Claro que confio, Jonathan. Afinal, eles são seus homens também, não é? – Jéssica tremia só de cogitar que um pirata estaria em sua cozinha naquele momento, especialmente fazendo o maior sucesso com os cozinheiros dela. Jonathan fez um chute racional, ele está certo em suspeitar, mas ele vai notar que é uma intuição equivocada. Ela volta orgulhosa pra cozinha e deixa o Jonathan lutando contra seus brócolis que ele não pode deixar sobrar no prato.


Drakon estava almoçando no refeitório, o dia estava progredindo, ele precisava achar a pista de mais um pirata. O inspetor viu ele capturar um pirata já, ele ia conseguir salvar a base. Jonathan podia estar relaxado, mas Drakon ia dar o triplo de si mesmo e conseguir. Ele comia tentando ouvir a conversa dos outros. Na mesa de trás conversavam.

– Você viu o médico que veio de Mary Geois?

– Eu não.

– Ele veio no Chronos, pra acompanhar o inspetor. É um sujeito grande e peludão, passei por ele andando com a Dra Kobato faz um tempo.

– Ah que bom, e como está o povo do Stan Malley?

– Começaram a ser operados já. Mas são vários né.

Drakon ficou intrigado. Ele não foi informado que o inspetor traria o próprio médico. Um homem peludo não casa com nenhuma das descrições que o Vice-Almirante fez, mas.... ele mencionou um animal de estimação. E se for um zoan? Os Piratas do Chapéu de Palha têm um médico entre eles... Drakon ficou apavorado. Se um pirata estava operando os marinheiros do Stan Malley, então ele poderia matar todos. É a grande oportunidade de um pirata de matar todo um pelotão da Marinha! Drakon se levantou imediatamente, mas Jonathan, como se tivesse olhos na nuca, a algumas mesas de distância gritou:

– Capitão! Sem levantar antes de limpar o prato! É a regra da base. Não faça pouco caso do almoço, você precisa dessa energia. – Drakon notou que apesar de estar brigando com os brócolis, Jonathan estava fazendo questão de comer tudo. Era um lema da base a falta de desperdício de comida, Drakon queria que fosse um lema da base priorizar combater os piratas acima de tudo.

As prioridades tortas de Jonathan não cansavam de frustrar Drakon, ele voltou a se sentar pra terminar o prato, mas ele precisava ir pra enfermaria o mais rápido possível. Ele seguiu comendo uma garfada maior que a outra.


Apesar de metade dos personagens dessa história estarem no refeitório, muitos não estão, e os mais malandros e espertos estão tirando ampla vantagem da base G-8 estar em hora do almoço. Nami desde que se separou de Chopper ficou escondida de olho na sala de Jonathan esperando o vice-almirante sair e largar a sala vazia. O raciocínio de Nami é que Jonathan provavelmente tinha um mapa da base em sua sala, e ela definitivamente iria precisar de um mapa para saber como ela passa pela muralha que cerca a ilha, em algum ponto precisava ter uma passagem para navios. Afinal, navios entram na base.

Ela entrou na sala de fininho, sabia que a sala estava vazia, mas não queria chamar a atenção de marinheiros que pudessem passar pela frente da sala. Mas qualquer chance de discrição foi pro espaço, quando ela ouviu um alto JOH . Era o South Bird, em uma gaiola para pássaros.

– Ih, pobrezinho, a Marinha quer te manter preso aqui? Relaxa que eu já te solto, amiguinho. – Dizia Nami abrindo a tranca da gaiola.

O pássaro saiu, ele voou calmamente em volta dela até ficar com a cabeça devidamente apontada para o sul de maneira confortável, no caso com o bico pegando bem na nuca de Nami, e imediatamente deu uma bicada em Nami. E então deu mais uma. E deu mais uma bicada. Ele gritava JOH, JOH, JOOOH, JOH .

E ninguém podia explicar pra Nami ali, mas se Chopper estivesse presente ele diria que o pássaro dizia algo assim: “É tudo culpa sua! A madame queria porque queria enfiar o navio numa armadilha mortal que vai pro céu, e vamos lá sequestrar um passarinho que tá de boa na floresta dele. E agora eu estou na puta que o pariu, a dias de voo da minha casa. Você acha o que? Que eu posso só voar de volta? Que é só bater uma hora de asa e problema resolvido? Aliás, sabe em que época estamos? É época de acasalamento, eu podia estar formando família, mas estou me lascando em uma gaiola, pois meus sequestradores deram um jeito de ser capturados comigo no navio!! Imbecil!”

Depois de descontar o que queria descontar, o pássaro voou para longe largando Nami confusa. Mas tem uma coisa que distraí Nami de qualquer confusão ou dor na nuca. Em um armário dentro daquela sala, Nami localizou um grande saco contendo todo o ouro que foi pego em Skypiea. Nami achou que Jonathan guardaria em alguma sala para tesouros confiscados, mas Jonathan queria estudar aquele ouro pessoalmente quando conseguisse tempo, entender quantos anos ele tinha e estudar os objetos e inscrições. Nami pegou o saco e colocou em suas costas usando uma superforça especial que Nami desenvolvia somente na hora de carregar grandes quantidades de ouro.

Com o ouro nas costas ela xeretou a mesa de Jonathan procurando um mapa, e foi então que ouviu o Den Den Mushi tocar. Purupurupuru . Ela não queria um marinheiro vindo atender, então ela atendeu ela mesma.

– Alô.

– Alô. O Vice-Almirante Jonathan está?

– Ele está em horário de almoço, aqui é a secretária dele... Mikan!

– Certo, bom dia Srta Mikan, muito bom que ele contratou uma secretária, tem sido difícil contatar ele com tantas pausas pra pescar que ele faz no dia.

– Nem me fale. Como eu posso te ajudar?

– Eu sou o comandante Squeak da 16ª Base da Marinha do East Blue. E eu queria confirmar ao Vice-Almirante que nosso navio-prisão enfim conseguiu chegar à Grand Line, demoramos mais que o previsto, pois teve uma tentativa de fuga de prisão e o polvo escapou. Mas estamos com a maioria dos Piratas de Arlong presos na Grand Line. – “Arlong”? Ele disse Arlong? Nami começou a suar frio e seu coração disparou. Mas ela não podia sair do personagem.

– Desculpe, Arlong? Acho que o Vice-Almirante não me deixou nenhuma informação sobre isso.

– Típico dele, quando tem um plano guarda a informação só pra ele. A 16ª Base e o G-8 estão combinando faz um mês a transferência dos Piratas de Arlong para a Base G-8, pois o Vice-Almirante queria interrogar essa tripulação pirata. Queremos saber se o plano ainda é esse?

– Me dá um minuto.... – Nami mexeu em um monte de papel aleatório pra fazer bastante som, fingindo que procurava. – Deixa eu ver.... transferência, transferência.... ah aqui achei! Alô, Comandante, tá aí ainda?

– Diga, Srta Mikan.

– O Vice-Almirante ficou sabendo do incidente da fuga de um deles. É o chamado Hatchan não é? Está aqui anotado. – Não estava ali anotado, Nami estava inventando.

– Isso mesmo, Hatchan o polvo, nada escapa a rede de informações do G-8 mesmo.

– Por causa disso ele prefere visitar Impel Down pessoalmente pro interrogatório, os homens-peixe são perigosos demais pra ficarem em uma prisão mais leve. Tem aqui sim uma instrução, eu esqueci, pois, está escrito “homens-peixe” e não “Arlong”. Ele acha que eles podem pôr o G-8 em perigo, mas vai ficar feliz em fazer o interrogatório em Impel Down. – Nami lembrava bem as histórias de Bellmére, Impel Down é a maior prisão do mundo, os piratas mais cruéis do mundo estão lá, e ninguém jamais escapou. Arlong certamente é um dos piratas mais cruéis do mundo, e como assim ele quase escapou? Que absurdo, um pirata como ele tem que estar preso na segurança máxima, senão todo o East Blue vai continuar em perigo.

– Impel Down, perfeito. – Squeak repetia como se estivesse anotando algo. – Srta Mikan, muito obrigado. Estou faz três dias me desencontrando do Vice-Almirante e o navio não pode ficar sem rumo por muito tempo porque a Grand Line você já sabe, né? Vamos pegar a corrente Taira então, e vou confirmar quando ele estiver sido entregue, pro Vice-Almirante poder fazer a viagem, tudo bem?

– Tudo sim, Comandante Squeak, muito obrigada. – Nami desligou o telefone e quase caiu da cadeira. Seu coração parecia que ia sair pela boca. Ela não achava que ia ouvir o nome de Arlong de novo na vida. Mas é, ele está vivo ainda, só está preso, ele ainda é assunto na marinha. Bom, felizmente ninguém nunca escapou de Impel Down.

Na verdade, uma pessoa já havia escapado de lá, mas Nami nunca tinha ouvido falar de Shiki ainda. Embora fosse ouvir no futuro próximo, em um dia ainda mais emocionalmente intenso do que esse telefonema que deixou Nami em estado de paralisia. Mas agora ela precisava sair daquela sala, mas estava sem forças de levantar da cadeira. Ela tinha conseguido. Ela mandou Arlong pra Impel Down. Ela salvou o East Blue de novo.... espera aí... aquele cara disse que o Hatchan escapou? “Ah, mas está tudo bem, o Hatchan não vai dominar uma ilha sozinho. É só o Hatchan, não é mesmo?” Pensou ela consigo mesma sem saber que Hatchan estava naquele exato momento somente construindo uma barraquinha de takoyaki.

Nami recobrou o foco e abriu a gaveta na mesa de Jonathan onde ela achou sim um mapa da ilha. Mas ela não queria continuar naquela sala vendo, precisava esfriar a cabeça, então colocou o mapa no bolso, o saco de ouro nas costas e se levantou pra procurar outro lugar pra ir.


A cozinha da base G-8 estava a todo vapor, movimentadíssima na hora do almoço, conforme os homens iam repetindo o prato um atrás do outro. Era o consenso no refeitório que hoje a comida estava especialmente boa, e o espírito da cozinha estava lá em cima, com todos os cozinheiros felizes de ter Sanji com eles. E mais popular que Sanji era Luffy cujo trabalho era essencialmente provar a comida pra ver se o tempero estava no ponto e ser amigo de todo mundo ali. Os cozinheiros gostavam de ter Luffy por perto elogiando a comida deles e pondo o astral em cima. O clima estava bom.

– Ei Grass, esse teu purê tá o bicho, tá de parabéns. E você aí Ginger, não sei o que você fez nessa carne, mas continua, se come muito bem aqui pessoal. Vamo lá gente, que o pessoal lá fora tá curtindo também.

Fazia só mais ou menos um mês que Sanji havia largado a rotina de restaurante, hora do rush e correria na cozinha, e ele ainda se dava muito bem nesse tipo de pressão, o corpo não desaprende essas coisas, não o de Sanji, mas ele achava que com Luffy na cozinha ficou um meio termo entre o clima do Baratie e o clima no Going Merry.

– O purê acabou, precisamos de mais uma bandeja de purê. – Gritou o marinheiro que servia a comida em uma janelinha.

– E aí novato, tá saindo o purê?

– É pra já. – Disse Sanji passando uma panela de purê pronto para outro cara na cozinha por em uma tigela, Sanji nem tirou a mão da Panela direito e ele já tava descascando mais batata, ele não parava.

– Me diz aí cara, o seu molho tá fazendo o maior sucesso, você consegue me ensinar essa receita? Não pode ter segredos nessa cozinha.

– Cara, assim que eu desocupar as mãos eu anoto pra você, ele é um molho típico do East Blue, mas você tem que temperar como se estivesse no North Blue, esse é o segredo. – Sanji falava sorrindo e em outro contexto sociopolítico no mundo, não teria contexto nenhum pro Sanji ser inimigo de ninguém ali.

Jéssica estava montando pessoalmente um prato com almôndegas, ela estava sendo cuidadosa ali. Ela observava Sanji com nervosismo. Se ele fosse um pirata numa cozinha da marinha, o que ele faria? Envenenaria toda a comida, não teria outra coisa. Mas todo mundo na base já comeu e repetiu. E bem, se forem dois piratas não teria como a comida ser envenenada, já que o irmãozinho está comendo um pouco de tudo. Jonathan está vendo pirata onde não tem com essa invasão, e esse prato de almôndegas vai cuidar dele.

– Ei você, o Pequeno Marley. – Como Sanji e Luffy estão fingindo que são irmãos, os apelidos deles viraram Grande Marley e Pequeno Marley na cozinha. Luffy se virou pra Jéssica e ela colocou um prato na mão dele.

– Eu preciso que você vá no refeitório e entregue esse prato na última mesa a mais perto na parede. Entendeu.

– Entendi sim dona. – Respondeu Luffy com um descaso que faria qualquer um questionar se ele entendeu.

– E olha, se você comer uma única coisa desse prato antes de deixar na mesa, eu vou costurar sua boca e garantir que você nunca mais come nada nessa cozinha, me entendeu? – Luffy engole um seco. Esse tipo de ameaça Luffy leva a sério.

– Pode deixar, última mesa, entrego sim.

Sanji só observava.

– Diz aí parceiro. Que prato especial é esse que a Srta Jéssica está pondo tanta atenção? – Pergunta Sanji pro cozinheiro ao seu lado.

– Ah, sabe como é né. A comida do marido dela tem que ser feita com um capricho especial.

– Mas eita. Então ela é casada? E conta a notícia inteira que fofoca pela metade vai me matar, quem é o homem mais sortudo da base?

– É o Vice-Almirante Jonathan em pessoa. Sortuda é ela que descolou o cara mais cobiçado da base.

Sanji ficou boquiaberto quando ouviu a notícia. Seu cigarro caiu no seu pé e ele por pouco não corta o dedo. Mas logo recuperou a compostura e manteve o disfarce. Luffy estava indo de cara com o Vice-almirante, isso pode ser bem ruim.

Sanji foi cortar as batatas no canto mais próximo da porta da cozinha e esticar o pescoço pra ver como a situação está indo. Luffy caminhava de boa com o prato em direção ao Vice-Almirante, sem comer nada.

Luffy encontrou o Vice-Almirante, e pôs o prato na frente dele.

– Tá aqui seu prato tio! – O disfarce de cozinheiro de Luffy escondia seu chapéu de palha, mas era claramente Luffy do Chapéu de Palha. Jonathan passou o dia pensando nesse pirata e a cara era igualzinho a do poster.

– Muito obrigado, rapaz, pode ir.

Luffy se retira e deixa Jonathan com suas almôndegas. Jonathan pega uma almôndega, pega outra, se delicia com a comida de sua esposa. Quando vai pegar mais uma ele estranha. Parece que havia menos que calculava. Ele come mais uma e sente que o prato perdeu três almôndegas. Elas estão sumindo quando ele não está olhando.

Jonathan então olha longe, pra porta da cozinha onde Luffy Chapéu de Palha ainda não entrou de volta na cozinha, ele está mastigando. Jonathan encara o “cozinheiro”. Ele espera a hora, essa era a parte favorita do trabalho dele, esperar e acertar a hora certa. E quando Luffy usa sua muito bem treinada técnica de “esticar a mão no prato do outro pra roubar comida”, Jonathan segura a mão de Luffy bem na hora

– Hachichichichi! Pe peguei! – Jonathan ria a pescaria bem sucedida..

– Mas eita! – Diz Luffy! – Ela disse que eu não podia comer antes de te entregar... eu já entreguei, essas almôndegas tão uma delícia, divide aí ô mesquinho.

– Merda! – Diz Sanji. Largando os talheres e já se preparando pra sair da cozinha imediatamente– Aquele imbecil!

– Te peguei Luffy do Chapéu de Palha! – Jonathan segurava a mão de Luffy e não deixava ela retrair de volta, ele tentava puxar Luffy até si, mas o homem-borracha estava com os pés firmes no chão pra não ser puxado em direção a Jonathan. O refeitório começou a olhar o que estava acontecendo. Wiper notou o que estava acontecendo e observou sério. O cabo de guerra continuou por um tempo, mas Luffy puxou a mão de volta, com tanta força que deu um soco em si mesmo.

Jonathan caminhou até Luffy confiante com as mãos no bolso.

– Monkey D. Luffy, do Chapéu de Palha, Capitão dos Piratas do Chapéu de Palha. É um prazer te conhecer e seja bem-vindo a minha base. Eu sou o Vice-Almirante Jonathan, comandante da base G-8 da Marinha, e o homem que vai te prender hoje.

– Shishishishi. Prazer te conhecer, ô Bigodudo. E eu sou o homem que vai se tornar o rei dos piratas!

Notes:

Vai demorar um pouquinho, pois vamos dar um passo de cada vez, mas aguardem o retorno de Arlong em Impel Down.

Eu quero trabalhar bem a fundo a relação da Nami com seu trauma, e com como ela se sente sendo vítima de homens-peixe e descobrindo a discriminação que eles sofrem. E isso vai ser um arco pra Nami que começa aqui, com ela percebendo que Arlong é uma pessoa de quem vão constantemente lembrar ela, mesmo se ele já estiver preso.

Chapter 8: O poder de um Vice-Almirante.

Summary:

O Inspetor Shepherd é confundido com um pirata do Chapéu de Palha.

Jonathan enfrenta Luffy no refeitório, mas se distraí com Wiper que lhe chama bem mais a atenção.

Kobato defende Chopper de Drakon.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Nas celas da base G-8, Usopp e Zoro terminavam de ouvir a proposta de Victor Vine que queria muito ser incluído no plano de fuga dos Piratas do Chapéu de Palha.

– Então você sabe o mapa da base toda, e daí? – Dizia Zoro, que acreditava que nunca precisou ter noção espacial para resolver seus problemas.

– Daí que eu sei onde a Marinha guarda todas suas armas. Vocês não querem voltar pro navio de vocês de mão abanando, não é? Canhões, pólvora, armas de fogo... eu posso te levar até o arsenal da base, se vocês me tirarem daqui.

– Não precisamos de nada disso.

– Fala por você Zoro. – Disse Usopp dando um tapão na nuca de Zoro. – Você tem as suas espadas aí, mas o atirador sou eu, eu digo quantos canhões a gente precisa. – Usopp, inseguro como sempre quanto a sua habilidade de luta estava sempre de olho em oportunidades de achar novas armas e recursos. Ele tinha medo de ficar para trás se não evoluísse.

– Usopp, a gente nunca precisou atirar um canhão contra um inimigo até hoje. – Resmungou Zoro confuso.

– Mas nunca se sabe, o Luffy tá atraindo cada vez mais inimigos… e se os caras do céu voltarem em outro navio voador que só podem ser alcançados com balas de canhão?

Zoro pensa um pouco.

– Escuta Mr.6, se quiser sair com a gente, é só ser útil quando for a hora certa.  – Diz Zoro sem nem se dar ao trabalho de responder o cenário hipotético de Usopp.

Vine mexe em seu bigode curioso

– E o quando você vai saber que é a hora certa?

– Meu capitão vai dar o sinal. – Usopp e Vine encararam a confiança de Zoro que se deita na cela. Vine sorri, sua passagem de volta estava comprada, agora é só ter uma chance de provar sua utilidade pra eles. Foi quando em excelente timing ele ouviu passos descendo as escadas.

– Venha logo, pirata imundo! Seu bando não vai ficar causando na base por muito tempo. – Gritou um marinheiro. “Ih, prenderam mais um” pensou Zoro. Quem seria o novo companheiro preso?

Zoro e Usopp olharam curiosos para ver de quem se tratava, e quando os marinheiros passaram pela porta, eram três homens de uniforme, segurando quem Usopp reconheceu como o Inspetor Shepherd, usando suas roupas de baixo, uma regata e uma cueca samba-canção.

– Já falei pra me soltarem, não sou pirata, eu sou o Inspetor Shepherd, e se não tirar as mãos imundas de mim eu fecho essa base.

– Pois fomos informados que teria um pirata a solta alegando ser o Inspetor Shepherd.

– Sim, é o pirata maldito que tá se passando por mim, eu sou o verdadeiro.

– Então por que está vestido que nem pirata?

– Roubaram meu uniforme! – Shepherd estava indignado com o mal entendido, mas Usopp entendeu na hora o que aconteceu. Alguém suspeita de Robin, ele ainda está bravo com ela, mas não vai jogar ela aos leões, ele tem que fazer alguma coisa e ele faz.

– Puts, você também? É uma pena, mas você não conseguiu enganar eles.... Condoriano.

– Condoriano? – Shepherd olhou confuso. – Quem é Condoriano?

– Condoriano, um homem tem que saber a hora de admitir a derrota, ficar aos berros até o final é fraqueza, a gente já conversou sobre isso no nosso navio pirata.

Usopp leva um susto com o som de um chutão acertando a barra de ferro da prisão. Era Shepherd esperneando. – Que Condoriano o que? Eu nunca te vi na vida pirata imundo, eu sou um respeitável inspetor, eu vim lá de Mary Geois e alguém do meu status não lida com a sua escória.

Ao ouvir tais palavras, Usopp soltou lágrimas de crocodilo.

– É sério isso? Nem mesmo sob um disfarce eu te imaginaria dizendo essas palavras.... você realmente não me reconhece? – Vine estava segurando o riso assistindo a cena. – Marinheiros, podem levar ele, esse já não é meu velho amigo Condoriano, ele esqueceu quem é.

– Eu sinto pena de você, eu tava agora mesmo escutando sobre o quão leal o Condoriano era, todos tínhamos fé de que ele ia salvar o bando todo... deve ser um choque grande pra vocês. – E com essa Vine pode se mostrar útil pra Usopp.

Os marinheiros abriram a porta da cela e jogaram Shepherd ali dentro com Usopp e Zoro, e então fecharam e trancaram. Shepherd continuava se debatendo, mas os marinheiros estavam convencidos, esse homem definitivamente era um pirata do Chapéu de Palha. E seu nome era Condoriano.

– Voltem aqui, esses piratas estão armando pra mim, eu sou seu superior, eu sou um Inspetor de Mary Geois, vocês não podem me tratar assim. Vocês entendem o perigo de me tratar assim, eu posso acabar com a vida de todos vocês.

– Ei Condoriano. – Grita Zoro que se aproxima e dá uma cabeçada em Shepherd que faz o frágil inspetor desmaiar na hora. – Vai dormir, você teve um dia cheio.


Luffy e Jonathan se encaram no meio do refeitório. Todos os marinheiros estão assistindo. Luffy tira a sua touca de cozinheiro e veste seu icônico chapéu de palha.

– Quer se tornar rei dos piratas? Hachichichichi, o rapazinho não acha que tá sonhando alto demais pra alguém que está preso na minha base?

– Quem é que está preso? Eu queria muito comer, e o pessoal aqui cozinha bem demais. Mas agora eu estou bem cheio, posso sair daqui a hora que eu quiser.

– A hora que quiser? E você quer sair agora?

– Eu quero, já deu de ficar por aqui, é reunir a galera e zarpar.

– É mesmo? E como planeja tirar seu navio daqui?

– Sei lá, mas a Nami dá um jeito, ela é boa nisso. Meu bando é maior que isso daqui.

– Verdade? – Sorri Jonathan – E se eu disser que temos dois companheiros seus na nossa prisão agora mesmo?

– Mentira! Você prendeu? Quem?

– Roronoa Zoro e.... eu não peguei o nome do narigudo que tentou se passar por um inspetor.

– Usopp!! Pois eu vou soltar eles!! – Luffy estava cercado, por onde ele olhava tinha marinheiros, então ele fixa os olhos em Jonatham e corre na direção do Vice-Almirante enquanto estica o punho direito pra trás o máximo que pode. – GOMU GOMU NO....

– Você é da força bruta né? Que decepção, eu sou uma pessoa mais tática, queria um rival nos meus termos. – Jonathan fala sem medo. Conforme Luffy se aproxima seu punho esticado retraí em um soco potente bem na barriga de Jonathan.

– ....BULLET!!

Mas o Vice-Almirante nem se mexeu, ele usou duas técnicas que Luffy só conheceria no seu futuro, uma chamada Tekkai e o Haki da Coloração do Armamento. Jonathan não era muito das lutas, mas essas técnicas são pré-requisito pro cargo de Vice-Almirante e permitiam que ele desestimulasse o desejo de luta de um inimigo.

– Como eu disse eu não sou da força bruta e prefiro não ter que te enfrentar nesses termos Chapéu de Palha.

Luffy olha impressionado e grita na direção da cozinha:

– Ei Sanji! Deu ruim, vamo dar no pé! Esse daí é duro na queda.

Mas da cozinha sai Sanji acuado por uma muralha de cozinheiros cercando eles, liderados por Jéssica. Todos apontavam revólveres para Sanji de maneira que deixou Sanji nostálgico quanto aos cozinheiros do Baratie. Era uma boa cozinha.

– Espero que esteja feliz Jonathan. – Diz Jéssica que como todo mundo, odeia admitir pro cônjuge que estava errada. – Sua intuição é boa como sempre.

– Lamento que você tenha se envolvido com isso Jéssica, queria que a confusão não tivesse chegado na sua cozinha, mas agora eles estão cercados, não tem pra onde fugir.

Contando com os cozinheiros que saíram da cozinha eram mais de quinhentos marinheiros ali, de patentes variadas.  – Homens, vou precisar que um de vocês traga aqui duas algemas de kairouseki, um deles comeu um fruto do diabo, o outro não sabemos, não temos por que arriscar.

Aos pés de Jonathan foram então jogadas três conchas parecidas com as conchas de cefalópodes. Delas começou a sair uma fumaça preta, Sanji e Luffy reconheceram imediatamente, era uma breath dial. A fumaça se espalhou rapidamente pelo refeitório, logo ninguém podia ver nada no local.

– Isso é uma concha? Uma concha que produz fumaça? Que diabos é isso? – Questiona Jonathan esperando que algum subordinado fosse melhor informado que ele, mas estavam todos confusos conforme a visibilidade no refeitório desapareceu.

Jonathan viu que era uma grande oportunidade pros dois escaparem, mas a atenção do Vice-Almirante foi tomada por uma visão que surgiu em sua cabeça. Ele deu um pulo pra trás e bem a tempo de escapar de um raio de chamas azuis que cortou todo o refeitório subitamente. Jonathan olhou, o rastro do caminho que as chamas percorreram havia dispersado a fumaça e ali viu um homem com roupa de marinheiro apontando uma bazuca pra ele. Era Wiper, que Jonathan estava achando ser Mr.2 Bon Clay usando um disfarce.

Após ver que Jonathan esquivou do tiro, Wiper remove a parte de cima do uniforme de marinheiro, retira o boné de Marinha e sai correndo. Ele já se entregou, não precisa do disfarce. – Você.... – Jonathan fala em choque. – Você não é um ex-membro da Baroque Works... quem é você?

Era a primeira vez desde que o Going Merry chegou a Navarone que Jonathan se sentiu fora do controle da situação. Conforme Wiper fugia no meio da fumaça, Jonathan conseguiu identificar no seu braço a tatuagem de um timão de navio. “Eu vi um símbolo idêntico em uma das peças de ouro confiscadas.”. Jonathan instantaneamente corre atrás de Wiper ignorando Luffy completamente, ele tinha um novo foco e não estava dando atenção a mais nada.

No meio da confusão, a maioria dos marinheiros estava em choque e sem reação, tanto pelo tiro de fogo azul, quanto pela reação do vice-almirante.

– Ei, o bigodudo tá indo atrás do Wiper.

– Ele fez isso pra gente poder escapar, é nossa chance. – Grita Sanji puxando Luffy pelo braço para fugir.

Jonathan estava saindo do refeitório pela porta dos fundos, ainda conseguindo acompanhar Wiper com os olhos, um marinheiro tenta correr junto para conversar com seu superior.

– Vice-Almirante e os outros dois piratas?

– O que tem eles?

– Eles fugiram.

– E daí? Vocês sabem pra onde eles vão, não?

– Não. Ninguém tá entendendo nada. – Jonathan frequentemente ignorava o quanto nem sempre seus soldados estavam na mesma frequência que ele.

– Ok, eles estão indo pra prisão, pra soltar seus companheiros, mas a base é complicada pra quem não trabalha nela, então eles vão se perder um pouco até chegar ali. Reúna um grupo de homens grande o suficiente, e cheguem nas celas pela passagem secreta e montem uma emboscada. É simples. Agora eu preciso capturar esse homem. Ele é mais imprevisível que o Chapéu de Palha.

– Sim senhor. – O Marinheiro bateu continência e voltou pro refeitório organizar uma emboscada.

Jonathan respirou fundo, é em momentos como esse que ele precisa de Drakon por perto pra liderar o resto da base, mas Drakon comeu super depressa e se levantou rápido do refeitório antes da bagunça começar. O que diabos Drakon tinha de tão urgente pra fazer?


Chopper estava abrindo a perna de um marinheiro com um bisturi, ela estava fraturada de maneira complexa que exigia uma intervenção maior, ele ia precisar colocar um pino ali. Enquanto fazia tudo, Chopper explicava pra Kobato cada movimento que fazia, toda a operação precisava servir como um curso intensivo de como operar uma pessoa em caso de emergência e nenhuma chance de explicar algo novo podia ser desperdiçada. Depois de reposicionar os ossos, a perna começou a ser imobilizada. Era o quinto marinheiro de quem Chopper cuidava naquele dia. Mesmo em Drum, Chopper nunca teve que cuidar de uma série de pacientes um seguido do outro, Kureha nunca teve que socorrer uma série de feridos em um acidente sozinha. Ele estava cansado, mas não podia parar. Todo mundo ali dependia dele.

– Quem é o próximo?

– Aqui Dr. Chopper, esse se chocou com o canhão durante a tempestade, fraturou os dois braços. – Dizia a enfermeira que guiava Chopper até uma maca diferente.

– Já está anestesiado? Já tiraram o raio-X?

– O raio-x está aqui. – Foi entregue o Raio-X pra Chopper que imediatamente mostrou pra Kobato.

– Tá vendo esse detalhe aqui, é aqui que a gente nota que essa é uma fratura simples. Esse paciente não vamos precisar operar, você lembra do Raio-X anterior, está notando a diferença?

– Estou Doutor. – Kobato era só adrenalina e ansiedade, mas o dia estava indo, Chopper fez ela trabalhar e participar do procedimento e ela não estragou tudo. Era um milagre o dia estar indo bem, mas estava.

Chopper estava posicionando o braço do paciente quando uma batida forte acerta a porta da sala de operações.

– Quem está aí dentro? Quem é que está operando os pacientes? Eu quero saber a identidade desse médico. – Era o Capitão Drakon, e ele parecia apavorado.

Kobato deixou Chopper com o paciente e foi até a porta. Ela abriu a porta para falar com seu Capitão.

– Capitão, vá embora, estamos no meio de uma operação.

– E quem é esse “estamos? Quem está fazendo essas operações?

– Eu não tenho tempo pra ser interrogada! Volte quando o trabalho tiver terminado e pode fazer quantas perguntas quiser, eu darei todos os detalhes.

– Dra Kobato!! Você precisa voltar, não pode abandonar o paciente assim. – Grita uma das enfermeiras. – E feche essa porta por favor.

– Eu preciso voltar agora, Capitão.

– Escuta Kobato, talvez tenhamos um pirata se passando por médico. E se você tiver permitido que um criminoso possa fazer algo pra machucar marinheiros inconscientes, a responsabilidade vai cair em você. Eu preciso saber a identidade de todo mundo nessa sala pra saber se eu autorizo essas operações. – Drakon assim que terminou de falar levou um tapa bem no meio da cara, o tipo de tapa que te desmoraliza e te desestabiliza. Apesar de ser um homem grande e musculoso, ele caiu no chão e foi mais pelo susto do que pela força do tapa.

– Todo mundo que está dentro dessa sala é médico ou enfermeiro! A única pessoa que não tem o direito de estar aqui dentro é o senhor, Capitão! – Dizia Kobato alterada e vermelha, ela passou o dia nervosa e todo o nervosismo se transformou em força e saiu nesse tapa. – Eu tive que aprender na prática como operar uma pessoa porque ninguém resgatou a Shobato, ninguém pode criticar o conhecimento de quem está aqui fazendo o melhor pra salvar vidas, aqui todo mundo prioriza salvar vidas!

– Dra Kobato, não pode gritar assim aqui dentro. – Alertou uma das enfermeiras, mas Kobato não havia acabado.

Ela dá pra Drakon um avental, uma máscara, touca, luvas e um pote de álcool em gel. – Se o senhor quiser conferir se os marinheiros estão bem tratados fique à vontade, desde que se vista apropriadamente e respeite esse ambiente de trabalho, e se não for se dar ao trabalho de fazer sua parte pelos pacientes, então saia daqui! Ela empurra Drakon para longe da porta e fecha a porta, lava as mãos, coloca novas luvas e retorna para a maca onde estavam cuidando do marinheiro de perna quebrada, ela estava lacrimejando.

Do lado de fora Drakon pensava se ia entrar. O tapa ardia. Essa exigência em ter controle da sala de operações, ela é definitivamente filha de Mekao. Mas isso significava que ela podia ser tão ingênua quanto ele. Drakon colocou a máscara, mas foi interrompido pelo Tenente Adams que veio correndo em sua direção. – Capitão, precisamos de você! O Chapéu de Palha foi localizado e está indo em direção às celas para libertar o Zoro.

Drakon deixou tudo no chão e partiu em direção às celas. Não deixar ninguém escapar era mais importante. Ele lidava com Kobato depois, parecia que eles iam ficar um tempão nessa sala.


Wiper corria o máximo que podia nos corredores labirínticos da base G-8. Ele sentia falta de poder fazer uma rota com a Milky Dial e patinar nas nuvens, no mar branco ele precisava correr muito e estava se acostumando, e ele estava desacostumado com essas calças militares em contraste ao seu tradicional saiote de grama, odiava vestir aquilo. Atrás dele estava o Vice Almirante Jonathan que alguns minutos atrás havia esquivado de um tiro da Burn Bazooka. “Ele tem mantra. Esse filho da mãe sabe usar o mantra.”, após seis anos lutando contra Enel, Wiper nunca confundiria um uso de mantra com um golpe de sorte. Ele simplesmente sentiu o próximo golpe. Absurdo. Aisa havia dito para Wiper que não existia mantra no mar azul, bom, Aisa estava errada, e os piratas que Wiper acompanhava só não tinham visto tanto do mundo.

Após seu ataque falhar, Wiper fugiu por precaução, não ia começar uma luta cercado por 500 soldados, no céu ele podia se sacrificar, pois se ele morresse outro shandia herdaria seu legado, como ele herdou o legado de seu pai. Mas aqui embaixo, ele está sozinho, o único shandia do mar azul, ele tem que saber escolher o momento de atacar. E ele sabia que o Vice Almirante era o general, que se caísse tudo se resolveria, mas ele não acha prudente lutar sem saber do que o vice-almirante é capaz. Não depois de uma demonstração surpresa de mantra. Ele sabe que não existem dials no mar azul, mas tem coisas esquisitas que ele não compreende. Como elásticos, ondas do mar e caracóis com telepatia. Tinha muito mais metal e pólvora no mar azul que no céu, todo marinheiro que Wiper viu tinha um revólver na cintura, ele deve ter visto quatro desses no máximo em sua vida no céu.

Mas Wiper não ia fugir para sempre, o Vice Almirante continua seguindo ele e já está afastado de reforços, agora é a hora dele tirar o homem de sua cola. Felizmente Wiper tinha um plano, ele sabia que se Wiper não sabia do que ele era capaz, ele também não sabia do que um guerreiro do céu era capaz. “Um guerreiro do céu? Ali em cima eu era um shandia, de um povo que não deveria morar nas nuvens, mas na perspectiva desse sujeito, não deve ter muita diferença entre eu, Gan Fall e os padres de Enel... que seja, ele nunca viu uma dial na vida.”

Wiper parou de correr e se virou de frente pro Vice Almirante.

– Chegou a hora de lutar de volta?

Com o braço quebrado Wiper ia precisar de muito malabarismo pra fazer isso com o braço esquerdo só, mas era uma aposta. Tinham vários dials guardados dentro da tipoia onde o braço quebrado de Wiper estava, ele ia precisar pegar eles dali com muita destreza. Jonathan ia ler o movimento do seu corpo, mas não ia entender o papel da concha no ataque. Ele não ia conseguir usar o reject até recuperar seu braço quebrado, mas tinham outras opções.

Ele corre em direção a Jonathan aponta uma concha na cara de Jonathan, ele acreditou que aguentaria o ataque e não esquivou, o que é esperado depois da demonstração no refeitório aguentando o golpe do Chapéu de Palha. E Wiper acionou o flash dial, um flash cegante pra cegar Jonathan temporariamente. Após isso Wiper precisou trocar rapidamente pra um tone dial com um grande barulho de explosão bem no ouvido dele. Cego e surdo por meros segundos é o suficiente pra quebrar o ritmo de qualquer um. Por último um flame dial pôs fogo nas roupas de Jonathan e com isso ele tinha distrações o suficiente pra fugir. Wiper corre, sobe algumas escadas, vira algumas esquinas e entra na primeira porta pra se recuperar.

Jonathan levou o devido susto com os ataques, e após rolar o suficiente pra apagar o fogo ele se pergunta: “O que é essa concha? O que foi aquela bazuca?”. Ele estava deitado no chão da base com as roupas queimadas e observa o South Bird voando livre por cima dele. O South Bird reconhecendo o homem terrível que o prendeu em uma gaiola despeja em cima de Jonathan um pouco de cocô-de-South-Bird, para mostrar seu rancor e segue voando “Merda... ainda por cima conseguiram roubar o ouro de volta. Ok, esses piratas me colocaram em xeque, mas ainda dá pra eu me recuperar e dar o xeque-mate.”

Jonathan se levantou e recuperou a calma, sua cabeça começou a pensar a mil enquanto procurava o caminho para sua sala.


Nas docas, Mekao estava substituindo o mastro do Stan Maley que havia se quebrado em dois. Ele carregava o mastro novo no ombro com grande força pra seu pequeno porte, quando um dos trabalhadores das docas em cima do Going Merry chama sua atenção.

– Ei chefe, vem ver uma coisa.

– O Capitão Drakon mandou a gente ignorar esse navio por enquanto, a prioridade é o Stan Malley.

– Eu sei, mas é importante você ver isso.

Makao coloca o mastro no chão e sobe até o Going Merry onde seu subordinado o leva até a parte de baixo do navio. Onde Mekao podia ver a quilha do navio.

– É... fez bem em me mostrar isso... aqueles piratas estão mesmo presos aqui, pois eles não têm como ir embora. O pirata narigudo não vai gostar disso.

Notes:

O maior desperdício de Jonathan ter sido utilizado em um filler é que ele é um caso raro de Vice Almirante que não passa vergonha diante dos protagonistas e mantém sua dignidade, algo que tanto leitor queria ver mais vezes, e achei importante preservar isso, pois o rank de Vice Almirante deve ser lido como algo assustador.

Por isso achei importante enfatizar que mesmo Jonathan não sendo um guerreiro tradicional, ele sabe o básico de Haki e do Rokushiki que são pré-requisitos dos Vice-Almirantes que no Novo Mundo mal significam alguma coisa, mas no Paraíso faziam toda a diferença contra os piratas.

Chapter 9: Fuga da Prisão

Summary:

Robin visita a biblioteca do G-8. Luffy e Sanji invadem a prisão dispostos a libertar Zoro e Usopp.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Depois de se perder um pouco na base, Nico Robin chega na biblioteca na base G-8, que ficava no último andar. Jonathan havia se gabado da biblioteca e ela queria ver com seus próprios olhos o que acharia lá, mas quando abriu a porta o que achou foi um rapaz, de cabelos bem curtos e penteados, que não devia ter 15 anos ainda, lendo. O garoto não estava usando um uniforme da marinha, mas sua camiseta tinha o logo da marinha estampada. Robin inclinou a cabeça para ver que livro ele lia e se chamava. Os Três Reis escrito por Cat Lowburn.

– Boa tarde! – Disse Robin, em seu personagem de Major Shepherd.

– Boa tarde.... er....

– Major Shepherd. Inspetora da Marinha, representando o Quartel General, fazendo minha vistoria na base G-8. Você está alistado?

– Não senhora, não tenho idade... – Robin podia notar que o jovem estava bem nervoso, ele falava travado e parecia que se intimidava fácil. – Eu quero me alistar... eu fui resgatado pelo Vice-Almirante Jonathan quando piratas me sequestraram, eu sou órfão, e a base cuida de mim.

– E é você quem cuida dessa biblioteca?

– Não... é o Sargento, mas eu passo o dia aqui, aí ele confia em mim pra ficar de olho. Agora ele está almoçando.

– Certo... e me diga, esse livro que você está lendo.... Cat Lowburn, essa autora é proibida pelo governo... esse livro estava na estante na base?

– Ah... er... ele foi confiscado de um navio pirata. O Vice-Almirante Jonathan disse que a gente nunca pode jogar um livro fora, aí guardamos ele. Mas é isso... a senhora não vai denunciar ele, vai?

– Eu não sei... eu não engajo com literatura proibida. Eu não tenho a menor ideia do que esse livro diz. – Robin havia lido esse livro quando ela tinha 18 anos. – Por que você não me explica esse livro e eu decido? – Robin se sentou na cadeira da biblioteca para ouvir o jovem. O garoto se encolheu, mas falou.

– O... o livro.... conta a história de um reino fictício, chamado Old Cloth, ele conta a história de três reis. O primeiro rei colocava as necessidades do povo acima de tudo, e sempre priorizou sua população, mas seu filho o segundo rei era um tirano, ele queria só usar o país pra se promover. – Conforme ia se envolvendo com a explicação, ele foi ficando menos nervoso. – Ele fica tão bêbado pelo poder que seu próprio filho o abandona, ele se junta a uma revolta popular e o palácio é destruído em uma revolução. O filho como um dos líderes da revolução se tornou o terceiro rei.

– E o que tudo isso significa? – Perguntou Robin.

– Ah... assim, o que eu entendi é que apesar de serem todos da mesma família eles não tem a mesma visão do que é o poder, e que eu acho que a autora queria falar é que mais importante do que nossa família, o importante é como nós lidamos com a responsabilidade do poder... E Inspetora, eu acho que isso não se aplica só a reis, mas à Marinha também, todos devemos entender a responsabilidade do que é ter poder, e devemos servir o povo.

– Mesmo se isso significar deixar o povo destruir a base de um marinheiro que abusou de seu poder?

– Ah acho que sim.... – E ele ficou nervoso de novo. – É que... um marinheiro que abusa do poder prejudica a própria marinha, né? ... Inspetora, o Vice-Almirante não acha que existe conhecimento bom ou mal, que a gente deve ter conhecimento pra poder proteger as pessoas, e que nós devemos ser pessoas boas pra transformar todo conhecimento em um bom conhecimento. Eu quero entrar na marinha pois acredito nele.

– Qual é seu nome?

– É Handler.

– Handler... eu vou escrever no meu relatório que a biblioteca é ideal para uma base da marinha, e não vou escrever que eu vi esse livro. – Robin abaixa os óculos escuros pra Handler ver ela piscando. – Agora, eu fui informada que vocês confiscaram livros de piratas essa madrugada, eu gostaria de ver eles.

Handler guiou Robin até a onde estavam os livros recém confiscados enquanto Robin pensava: “País fictício? Pff, Old Cloth existiu tanto quanto Navarone existe, só que 15 anos atrás passaram a distribuir mapas sem a ilha, só isso.”


Luffy e Sanji corriam e corriam nos corredores da base G-8. Luffy virava uma esquina e então descia uma escada, então virava outra esquina, e então subia uma escada.

– Luffy, se você não tem a menor ideia de pra onde está indo, vamos parar e fazer um plano.

– Não podemos perder tempo, pegaram o Zoro e o Usopp.

– Eu sei, eu ouvi o cara.... mas justamente por isso, se ele contou pra gente foi pra guiar a gente pra uma armadilha. Não podemos só chegar ali feito dois imbecis, fora que não podemos correr a base toda até achar a prisão. A gente vai cansar de graça.

Luffy parou pra escutar Sanji.

– Em algum lugar deve ter um mapa da prisão vamos achar o mapa e estudar como ir até a prisão, ok. Vamos fazer com calma, pra fazer direito. – Sanji reparou que eles estão do lado de uma porta com a marca “Kits de limpeza”. – E vamos entrar aqui pra não ficarmos dando bobeira no corredor onde podem nos ver.

– Ninguém vai nos ver, não tem ninguém aqui.

– É... a base tava bem mais movimentada de manhã. Pra onde será que tá todo mundo indo?

– É porque é hora do almoço agora.

– Idiota, a hora do almoço acabou quando o Vice-Almirante foi atacado enquanto tentava prender os cozinheiros.

– Você viu como a bazuca do Wiper é maneira? A gente tem sorte que ele entrou no bando. O cara é brabo.

Sanji abriu a porta para a sala com o Kit de Limpeza e imediatamente viu Nami ali dentro com o Saco de Ouro dela e vestida de enfermeira da marinha. Nami se equilibrava em cima de um balde, tentando subir até um armário e de lá entrar no duto de ar.

– E aí Nami, beleza?

– Luffy! Sanji! Ai que bom que vocês apareceram. Como foi a manhã de vocês?

– A gente está procurando o mapa da base Nami, você tem um aí com você?

– Para de ser besta, por que a Nami vai ter o mapa da base com ela? Não é porque ela é linda que vai materializar o que a gente precisa assim...

– Tá aqui! – Responde Nami puxando o mapa da base de dentro do bolso de seu uniforme pra surpresa de Sanji. – Roubei da sala do Vice-Almirante junto do nosso ouro, vocês roubaram alguma coisa do Merry de volta?

– Não, a gente ficou comendo, mas agora precisamos tirar o Zoro e o Usopp da cadeia. – Luffy abre o mapa e começa a olhar ele.

– Usopp foi preso?

– Sim, e o Luffy já brigou com o Vice-Almirante, mas o Wiper salvou nós dois de sermos presos também. Você sabe onde tá o resto?

– O Chopper tá disfarçado de médico, ele tá cuidando dos marinheiros machucados. A Robin eu não vi.

Nami e Sanji repararam no Luffy encarando o mapa com cara de confuso e colocaram o mapa no chão pra olharem juntos.

– Certo, eu vou pegar esse duto de ventilação e escalar a base, pois eu quero chegar no telhado, onde tem o jardim da base. É ali que devem ter levado as tangerineiras da Bellmére. Mas vocês querem ir pro subsolo onde está a prisão. – Nami apontava no mapa. Conforme ela explicava Sanji ia entendendo tudo, mas Luffy estava perido olhando. – É essas escadas aqui que você desce, Sanji, cuidado pra não descer as escadas do outro lado ou você dá na doca.

– Entendi. Aí você pega as Tangerineiras e nos encontramos nas docas?

– Isso.

– Posso ficar com o mapa, Nami? – Pergunta Sanji.

– Pode eu já me situei, mas antes...

Nami colocou o saco de ouro nas mãos de Sanji.

– Você poderia aproveitar e levar o ouro até o navio? Vai ser tão difícil pra mim carregar ele o dia todo. – Nami fez a vozinha de manipular o Sanji que respondeu com corações nos olhos e um sorriso de que seria um prazer.


Jonathan abriu a porta de seu escritório e viu a situação. Suas gavetas estavam abertas, seu armário revirado, a gaiola do South Bird estava aberta e seu ouro sumiu. É exatamente o que ele achou que encontraria depois de ver o pássaro voando. Ele pegou um lenço pra limpar o cocô de passarinho em seu uniforme. Seu sobretudo estava queimado, ele jogou no chão e pegou um reserva no armário. Ele mal notou que sentada na cadeira estava sua cozinheira, esposa e melhor amiga, Jéssica. E no geral única pessoa com permissão de sentar-se na sua cadeira e usar sua mesa.

– Prendeu ele?

– Não, ele escapou. Ele luta com umas armas estranhas, nunca vi aquelas conchas antes... eu preciso perguntar se algum Cipher Pol viu esse cara em Jaya, eu quero saber de onde ele saiu.

– Jonathan!! Para de pensar nesse cara. Você ignorou o capitão pra ir perseguir um outro tripulante e todo mundo escapou. Não é você que sempre fala? Prenda primeiro o capitão, a primeiro que tem que sumir do tabuleiro é o general inimigo.

– Sim, eu me distraí com uma peça muito diferente do que estou acostumado, mas a gente vira o jogo, tá tudo bem Jéssica, ainda estamos na vantagem.

– Tudo bem? Um pirata invadiu minha cozinha!! E você não prendeu ele! A minha cozinha é um espaço sagrado.

– Relaxa amor, ele vai ser preso. – Jonathan começou a posicionar um tabuleiro de Xadrez em sua mesa e a separar as peças. – Pelos meus cálculos, Drakon vai prender ele logo logo.

– Jonathan, eu quero que você me dê o comando do Pelotão 3! – Jéssica pede e Jonathan fica calado. Jéssica nunca havia pedido autoridade antes, ela e Jonathan eram bons em não misturar trabalho com o casamento deles, mas ali Jéssica estava pedindo por uma exceção.

– Logo o pelotão 3? Você quer muito sua vingança, não é?

– Um pirata me fez de boba na minha cozinha!

– A comida de hoje foi tão elogiada. Será que você não tá levando do jeito errado? Ele só se escondeu e fez boa comida...

– Você lembra do dia que a gente se conheceu?

Jonathan se lembrou de cinco anos atrás, quando ele invadiu um navio pirata e encontrou Jéssica algemada na cozinha, forçada a cozinhar para o bando, feito escrava. Depois do resgate ela contou que passou 3 anos como como assistente de cozinha da tripulação. 

– Jonathan, eu sei como são cozinhas de navios piratas, eu sei como são os cozinheiros de navio pirata a minha cozinha não é uma cozinha de navio pirata. – Jonathan achava que ela estava generalizando, mas agora não era hora de falar que piratas e marinheiros não são tão diferentes. Ele podia falar isso pra Drakon, mas não ia tocar no trauma de Jéssica. Então ele a abraçou.

– Tá tudo bem, amor. – Ele dá um beijo rápido nela e pega seu Den Den Mushi. – Alô, Tenente Montag do Pelotão 3?

– Sim Vice-Almirante.

– Até eu ligar e dizer o contrário, eu quero que vocês sigam as instruções de Jéssica, a chefe da cozinha como a comandante do pelotão. Ela vai participar da busca aos piratas e vai guiar o pelotão 3, entendido? – Quando ele desliga, se dirige a sua esposa. – Eu confio em você. Faça seu melhor.

Jéssica saiu do escritório para se encontrar com seu pelotão, e Jonathan voltou sua atenção para organizar seu tabuleiro de xadrez. Em um canto ele posicionou um bispo e uma torre pretos. “Zoro e... Usopp, esse era o nome, estão presos.”.

A duas casas de distância ele posicionou o rei e outro bispo pretos. “Mas o Chapéu de Palha e o Cozinheiro estão indo ao resgate.”

Entre essas pedras pretas ele posicionou um bispo branco. “Mas vão encontrar Drakon na prisão”. Jonathan não tinha certeza que Drakon havia ido guardar a prisão, mas ele confiava que era para ele ter sido informado já.

Atrás das peças que representavam Luffy e Sanji ele posicionou um cavalo branco com cinco peões brancos. “E se tentarem fugir, vão encontrar Jéssica na retaguarda.”.

No outro lado do tabuleiro ele colocou uma rainha preta “Nico Robin está na biblioteca”, e em mais um espaço vazio ele colocou outra torre preta “E tem um médico desconhecido operando o pessoal do Stan Malley.... faltam 2. Falta a pessoa que roubou o ouro.” Ele posiciona um cavalo preto bem no centro do tabuleiro.

E então começa a olhar o cavalo preto restante “E falta você...” memórias batiam em Jonathan, um jato de fogo azul, conchas com fumaça, conchas com som, um homem com asas, tatuagens iguais a inscrições ancestrais. “Como você se encaixa no meu tabuleiro?”


Na cela de prisão, os quatro prisioneiros não tinham muito o que fazer. Zoro dormia. Condoriano, nome verdadeiro Shepherd, estava ainda nocauteado, e Usopp encarava Victor Vine, o antigo Mr.6 na cela da frente.

– Me diz aí, Mr.6, o que exatamente você fazia na Baroque Works?

– Eu? Eu liderava uma operação em uma ilha na entrada da Grand Line. A gente montava armadilhas pra piratas, trocava a recompensa deles por dinheiro, e mandava o dinheiro pro Mr.0. A gente tinha uma competição em quem enviava mais dinheiro, eu, o Mr.7 e ou o Mr.8, e eu sou o Mr.6 justamente porque eu estava liderando o ranking. Um especialista em armar uma boa armadilha pra capturar piratas, podia passar pirata de recompensa de 50, 60, 80 milhões que a gente pegava.

– Eita, então você é bom em armadilhas?

– Em preparar e detectar. Eu detectei que o plano do Mr.0 de me fazer ficar do lado de uma bomba relógio pra garantir que ela ia explodir mesmo era uma armadilha pra mim. Mas nessa eu não caio. O filho da puta não quer os aliados vivos no final, então eu vou embora.

– Pô, você podia ajudar a gente a montar uma armadilha então, pra quando os marinheiros chegarem a gente pegar eles de surpresa. – Usopp via alguma esperança em seu aliado novo.

– Isso aqui já é uma armadilha, mas não pros marinheiros.... Kukukukuku – Mr.6 ria para não demonstrar fraqueza na frente de Usopp, mas a situação era preocupante. – O segredo de uma armadilha é fazer o inimigo se mover na direção que você quer. E pra isso precisa de uma boa isca.

Usopp faz uma expressão assustada. – Nós somos a isca?

– Bingo, seu capitão vai vir aqui salvar a gente e se deparar..... – Mr.6 parou e começou a pensar.

– Se deparar com o que? Não tem nenhum marinheiro olhando as celas. – Usopp tinha razão, não tinha um único guarda olhando as celas. Era suspeito, mas Mr.6 não tinha questionado isso até então.

Eles começaram a ouvir passos, alguém estava descendo. Usopp e Mr.6 se entreolharam, seriam os marinheiros? Os olhos dos dois estão firmes na porta e então entra Luffy.

– Você tá aí Usopp! Que bom! – Luffy entrou no local e Sanji veio logo atrás.

– Será que dá pra abrir essas celas no chute? Ou vamos ter que procurar as chaves?

Luffy se agacha na frente da cela de Zoro e levanta a voz: – Ei Zoro, hora de acordar.

– Hora de sair daqui? – Zoro sorriu confiante enquanto abria o olho.

– Shishishi bora, tamo a tempo demais aqui, já cansou. Você sabe como que se abre essas coisas?

Luffy mal acabava de falar e do teto caíram duas redes bem em cima de Luffy e Sanji. Três portas do chão da prisão se abriram, e delas saem dezenas e dezenas de marinheiros, dentre eles o Capitão Drakon que se posicionava. A prisão possui um subsolo que pode ser acessado via uma passagem secreta pra emboscar tentativas de fuga sem que os presos suspeitem, e também pra espionar conversas entre os presos e uma grande equipe ficou um bom tempo ali esperando pra emboscar o resgate.

Sanji consegue facilmente se soltar de sua rede, mas essas redes são feitas de bala-prisão, uma rede especial com pedaços de kairouseki misturados na fibra de suas cordas pra conter usuários de Akuma no Mi, e Luffy não conseguia sair de sua sozinho. Uma pinça de um caranguejo agarrou a perna de Sanji e o arremessou em direção a parede. O Capitão Drakon, que havia comido a Kani Kani no Mi, Model: Coconut Crab, estava decidido a não deixar ninguém escapar.

Sanji chutava um a um de cada soldado que aparecia, ninguém dava trabalho pra Sanji, mas eram muitos, e ele tinha que chegar até Luffy e soltar ele da rede que tirava suas forças, o único problema era Drakon ser um caranguejo. Quando Sanji chuta Drakon sua carapuça de crustáceo o protege. E quando suas pinças seguram Sanji, ele não consegue se soltar. Drakon consegue segurar e arremessar Sanji nas paredes de pedra da prisão, e Sanji mal conseguia afetar Drakon com seus chutes.

Zoro e Usopp olhavam aflitos, eles tinham que abrir aquela cela pra fazer alguma coisa. Se Zoro ao menos tivesse suas espadas, mas Wiper escondeu elas em uma falha na parede. Mr.6 queria se provar útil estava tentando pensar em um plano também.

Mas existia um quarto prisioneiro nas celas e conforme Shepherd acordava, ele viu os marinheiros e correu pra jaula pra gritar.

– Ei vocês, vocês precisam me soltar. Eu não sou um pirata, eu sou um inspetor da marinha. Eu vim pra essa base fazer uma inspeção e fui capturado em um mal-entendido. Vocês precisam me soltar. Meu nome é Shepherd. Me soltem.

Drakon não se atrevia a tirar os olhos de Sanji pra responder Shepherd. Mas ele estava ouvindo.

– Eu encontrei a inspetora mais cedo, sua mentira tem perna curta, pirata, Inspetora Shepherd é uma mulher.

– Não! A mulher é um deles, ela roubou minhas roupas, eu juro.

– Ele diz a verdade, eu vi aqui, esses dois mentiram pro soldado pra convencê-los de que ele era um companheiro. Justamente pra deixar a companheira livre. – Gritou Mr.6. Usopp ficou indignado com a traição de Mr.6 e tentou xingá-lo, mas Zoro segurou Usopp e sinalizou que Usopp deveria deixa-lo falar. – Inventaram um nome ridículo pra zombar dele e nocautearam ele pra ele não pedir ajuda, por isso ele estava nocauteado quando vocês chegaram.

Um dos marinheiros presentes completou: – Eu acho que eles dizem a verdade capitão, eu fiquei de tocaia no subsolo pela última hora e ele de fato ficou nocauteado o tempo todo, eu acho que não são companheiros.

– E eu ouvi o Vice Almirante dar ordens pra prendermos a inspetora, eu acho que ele estava falando da mulher que vocês encontraram, não desse cara.

Drakon estava com a mente ocupada com Sanji, segurando cada ataque e tentando vencer ele. O cozinheiro era duro na queda e seguia levantando de seus golpes e contra-atacando, Drakon estava muito concentrado na luta. Ele não conseguia pensar tanto na questão quanto queria, mas se esse fosse mesmo o inspetor, então a decisão errada fecharia a base naquele momento mesmo, e tudo seria por nada.

– Ok, Sargento Brick, abra a cela e solte somente o inspetor, ouviu? – Diz Drakon enquanto sua pinça de caranguejo chocava com o pé de Sanji.

– Ok, todos menos o inspetor, se afastem das celas. – Grita o Sargento Brick, e esse foi seu erro, pois agora Zoro viu o marinheiro que tinha as chaves falar. Ele passa a mão direita por entre as barras e puxa Brick pra si, fazendo ele se chocas com as barras da cela. Usopp que já havia entendido o plano de Zoro consegue passar a mão esquerda entre as barras e pegar a chave do bolso dele. Shepherd solta um grito de susto ao ver Brick sendo puxado com força, ele não estava habituado a ver lutas.

– Bom trabalho Condoriano, sua habilidade de enganar a Marinha sempre salva nossa pele. – Grita Usopp pra Drakon ouvir. “Merda, então ele era mesmo um pirata.”

Usopp abriu as celas e imediatamente puxou a rede pra longe liberando Luffy. Zoro saiu das celas e pegou suas espadas no esconderijo que Wiper havia indicado.

– Pare de me chamar de Condoriano, pare de mentir que eu sou seu companheiro.

– Shishishi, valeu Usopp. Agora vamos embora daqui.

Luffy e Zoro se prepararam para dar um ataque simultâneo.

– GOMU GOMU NO.... MUCHI – Gritou Luffy enquanto dava um chute que se esticou por todo o corredor e derrubou os marinheiros.

– TATSUMAKI – Gritou Zoro enquanto girou as espadas em torno de si formando uma grande corrente de ar que nocauteou os marinheiros próximos a si.

Somente Drakon seguia de pé. Sanji estava aliviado, se era só o caranguejo gigante, sem outros marinheiros atrapalhando, ele dava conta, ele não conseguiria quebrar a carapuça, mas empurrar estaria de boa.

– Ei Usopp, deixa a porta da cela bem aberta. – Usopp obedeceu Sanji sem hesitar. Shepherd tentou impedir Usopp, mas Zoro pegou Shepherd e o carregou em seu ombro como se ele fosse uma mobília.

– Você fica comigo, Condoriano.

Com a porta aberta, Sanji mirou bem o ângulo e deu um chute carregado bem no peito de Drakon – MOUTON SHOOT – o Capitão voou em direção a cela e passou pela porta com o impacto do chute, Usopp fechou a porta e trancou em um grande trabalho em equipe.

– Que vergonha Capitão, você não impediu os piratas de escaparem, você não deteve ninguém e te jogaram numa cela. É por isso que essa base está a um passo de ser fechada. – Gritou Shepherd dando o que ele esperava ser interpretado como uma bronca dura vinda de um superior.

– Deixa ele Condoriano, não é hora de nos gabar de nossa vitória. – Completou Usopp, que deixava Shepherd mais furioso quanto mais abria a boca.

Usopp que tinha a chave na mão foi então até a cela de Vine, cumprir sua parte do combinado.

– Quem é esse cara? – Perguntou Luffy.

– Esse é o Mr.6, aparentemente a Marinha prendeu ele em Alabasta. – Explicou Zoro.

– Mr.6? Vish? Eu achei que a gente ia parar de ficar encontrando esses Mister aí o tempo todo. Tamo soltando ele por que?

– Ele quer ajudar a gente a sair daqui.

– A boa, então tá bom, vamos todo mundo embora. – Luffy deu um sorrisão de confiança mesmo sendo um ex-inimigo que acabaram de conhecer. 

A cela de Mr.6 se abriu, e ele apertou a mão de Usopp os dois reconheceram o valor do outro em serem bons mentirosos. E com isso todos saem das prisões deixando pra trás 73 marinheiros inconscientes e Drakon preso em uma cela.

“Maldição, maldição, isso é minha culpa, eu disse que podiam soltar eles. Eu estava concentrado na luta, não podia tomar essa decisão. Mas ele, ele me manipulou até o fim... esse maldito pirata. Eu vou prender cada um deles, mas do Condoriano eu farei questão de me vingar.” Pensou Drakon com raiva em sua cela.

Notes:

Capítulo introduzindo o primeiro fruto do diabo original dessa história. O arco G-8 não introduz nenhuma fruta nova, o que é bem incomum tanto em ilhas canônicas quanto não-canônicas da Grand Line, a terra onde os frutos são mais abundantes. Então escolhi dar um fruto pro Drakon, ele soou um personagem legal de ter um zoan.

Chapter 10: A Sala de Armas

Summary:

Jonathan começa a preparar seu plano definitivo pra capturar Luffy. Wiper e Robin se encontram na biblioteca. E Victor Vine leva os Piratas do Chapéu de Palha até a sala de armas.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Em sua sala, Jonathan se sentava olhando o tabuleiro de xadrez. Ninguém havia lhe informado sobre uma luta nas celas ainda... será que o Chapéu de Palha ainda não havia chegado? Sua linha de pensamento foi interrompida quando toca o Den Den Mushi, com o seu tradicional pururururu.

– Alô? Base G-8, Vice-Almirante Jonathan falando…

– Jonathan? Aqui é a Vice-Almirante Tsuru, do Quartel General da Marinha – Do outro lado da linha era a Grande Oficial do Estado Maior, o braço-direito de Sengoku em pessoa. Uma das marinheiras mais importantes de toda a organização.

– Vice-Almirante Tsuru! A que devo a honra?

– Soube que você ligou pro quartel fazendo perguntas essa manhã, querendo saber de investigações da Cipher Pol.

– Eu vou levar uma bronca? Eu acho que a troca de informações é fundamental pra...

– Não, não... Eu vou te falar o que sei. Eu não sei o que você está investigando, mas cruzou com minha pequena obsessão… eu plantei umas espiãs pra servirem de garçonetes em Mocktown e me informar dos passos de um associado de Donquixote Doflamingo, meu velho desafeto. E elas viram tudo o que rolou em Jaya.

– Ah, sim, eu não achei que ia receber respostas disso.

– Você queria saber do dia 9, foi o dia em que Luffy do Chapéu de Palha e Bellamy a Hiena tiveram uma briga em Mocktown. O Chapéu de Palha estava acompanhado de dois companheiros, mas a Hiena estava com todo seu bando. Durante a manhã, Hiena o insultou e fez uma humilhação pública, mas a noite, o Chapéu de Palha retornou pra acertar as contas. O motivo da briga é que o Chapéu de Palha afirmou que ia chegar na ilha do céu, e a Hiena afirmou que ela não existe.

– Ilha... do céu?

– Sim, a cidade inteira passou o resto do dia debatendo a ilha do céu!

– Ok... só confirmando, suas espiãs não viram nenhum homem tatuado, com cabelo de moicano e asas nas costas, que luta usando conchas esquisitas?

– Não... nem em Mocktown nem em lugar nenhum. Nunca ouvi falar de nada assim. Jonathan eu estou na Marinha faz 52 anos e o que você me falou agora não me soa familiar a nada. Um homem com asas que luta com conchas? 

– E uma bazuca.... que na verdade é um lança-chamas, eu acho...

– Se um homem assim é o seu problema atual, não tem nada a ver com Mocktown.

– Certo... E o Chapéu de Palha fez alguma menção a mergulho, comprou equipamentos?

– Não... não ele. Se você quer saber de piratas mergulhadores, vai querer saber que Montblanc Clicket usou essa ilha de base por anos, no dia 11 ele oficialmente saiu da ilha. Não acho que ele encontrou o que tanto procurava debaixo do mar.... desculpa, sei que não é grande coisa, mas...

– De jeito nenhum, Vice-Almirante Tsuru, você solucionou todas as minhas dúvidas! Estou em dívida com a senhora! Obrigado por me manter informado!

– Sério? É só uma briga sobre lendas urbanas. É mesmo o que tava precisando?

– Eu te juro! A base G-8 vai conseguir pescar um peixe bem grande agora.

Jonathan desligou o telefone e começou a rir sozinho.

– Hachichichi.... uma ilha no céu, um homem com asas.... todo esse ouro no céu... e você voltou com um habitante do céu te acompanhando. Você é um aventureiro e tanto Chapéu de Palha. Mas acaba aqui....


Na biblioteca da base G-8, Nico Robin, devidamente disfarçada de Major Shepherd, e fingindo inspecionar a base, pegava um livro em mãos, era o diário de um explorador do East Blue que ficou perdido no Calm Belt por 3 anos até conseguir voltar pra casa, onde ele descreve uma ilha só de mulheres que tentaram matá-lo. Robin havia ouvido falar, mas nunca tinha lido, bom, ela ia levar com ele agora, e joga na caixa onde ela já havia pegado de volta todos os livros do Going Merry que foram confiscados, agora ela ia pegar material extra.

O sargento que deveria cuidar da biblioteca nunca retornou da hora do almoço, pois foi chamado para ser parte da emboscada na prisão e estava agora mesmo inconsciente na frente de uma cela com a marca do sapato do Sanji em seu queixo. E quem estava na biblioteca era seu assistente não formalmente alistado na Marinha, Handler, que estava distraído lendo sem se focar em Robin permitindo que ela roube o tanto quanto quer. Já era o quinto livro novo que ela jogava na caixa. Jonathan se gabou da biblioteca e não havia mentido. Ela checou mais um pouco e achou a história do Reino de Dressrosa. Mais um pra coleção.

Robin ouviu passos chegando na porta, através dos ouvidos que ela plantou na porta pra não ser pega de surpresa. Ela olhou a porta e se preparou, poderia entrar um marinheiro, mas se ela convencê-lo de que é a inspetora, tudo vai dar certo. Ela encarou a porta, a maçaneta começou a se mexer, Handler largou seu livro e olhou em direção à porta, ele notou que alguém vai entrar. A porta se abriu e entrou Wiper, completamente pelado, com o braço engessado e uma cara de confuso.

– AH! Um invasor! É um dos piratas! E um tarado! – Gritou Handler desesperado, ele definitivamente não sabia o que fazer nessa situação. Mas o Sargento confiou a biblioteca nele, e a adrenalina e a pressão de que ele é o responsável ali, motivaram ele a fazer algo estúpido.

Então ele pegou um cabo de vassoura e tentou atacar Wiper, mas Robin atacou Handler pelas costas, ela agarrou ele por trás com braços plantados, e colocou no rosto dele um pano molhado com produto químico que o fez desmaiar.

– Você anda sempre com um desses? – Perguntou Wiper se referindo ao químico que ela carregava no bolso.

– Pra usar com pessoas que eu não quero nem machucar nem quero que gritem que me viram.... eu tive uma vida complicada. – Se justificou Robin que resolveu então perguntar o óbvio. – E você está pelado por quê?

– Eu estava com um uniforme roubado, mas o disfarce foi descoberto, então eu tirei, eu não gosto desses uniformes.

– Tá, mas porque você não só coloca de volta a roupa com a que você chegou?

– Os saiotes de grama não são exatamente algo que a gente lava e veste de novo, são mais algo que a gente acumula vegetação e faz outro.... não vi vegetação nessa construção, eu achei que ia chegar aqui embaixo e ver muito mais vearth.

– Eu vi vários shandias usando roupa de couro e de tecido no céu.... você não pôs nada disso na mala?

– O líder dos guerreiros usa o saiote! São as roupas de um grande líder. – Wiper respondeu sério, confuso com os questionamentos que recebia. Por que Robin achava que agora era a hora e o lugar de questionar suas vestimentas. – O que isso tem a ver? Depois eu me visto, agora tem coisa mais importante pra fazer.

– Ok, ok, mas não é aceitável você andar assim, no mar azul é muito ruim isso. Vamos fazer assim: – Robin apontou para o teto, onde Wiper olha e repara que no teto da biblioteca havia um enorme saco carregado por dois braços plantados no teto, Robin tem escondido tudo que ela pegou da base no teto, carregado pelos seus braços extras. Ela solta o saco e Wiper segura enquanto ele cai. Era um saco cheio de roupas. – Essas são as roupas que eles confiscaram da gente, eu roubei de volta já, você vai pegar alguma coisa aí e se cobrir. Agora.

– Que importância isso tem?

– Toda! Coloca qualquer coisa e na próxima ilha você vai comprar roupas. Ninguém quer ver uma pessoa pelada. – Robin pensou um pouco e resolveu se corrigir: – …nesse contexto.

Wiper resmungou enquanto Robin fecha a caixa de livros, ela tinha que sair dali antes de Handler acordar. Ela escutou Wiper falar que acabou e se virou para ver, mas se deparou com Wiper usando uma saia roxa que dava em seus joelhos, era uma saia da própria Robin. Se fosse outro pirata do Chapéu de Palha ali, provavelmente acharia o momento apropriado para exigir mais adequação da parte Wiper às normas de gênero, mas a estudiosa de diferentes culturas só conseguiu rir – Fufufu, ficou ótimo em você.

– É melhor do que as calças da Marinha!

– Eu não sei… eu gostei desse uniforme que eu roubei, esse sobretudo é ótimo, os marinheiros de vestem bem demais. Agora vamos sair daqui. – Um braço plantado abriu a porta da Biblioteca para Robin sair enquanto carregava a caixa. Robin e Wiper saem da biblioteca. Robin arremessou a caixa de livros pro teto onde quatro braços plantados no teto agarraram a caixa, e Wiper fez a mesma coisa com o saco de roupas.

– E agora?

– Agora subimos mais um andar e chegamos no telhado da base. E dali de cima podemos descer até o navio pelo lado de fora.


Victor Vine guiava o bando do Chapéu de Palha enquanto subiam as escadas para o terceiro andar. O lugar parecia um labirinto, mas Vine sabia se localizar bem por ali. Seguindo ele estavam Lufy, Zoro, Usopp e Sanji, com Zoro carregando em seus braços o corpo inconsciente do Major Shepherd. E Sanji com um saco de ouro nas costas.

– Mas me digam aí gente, por que a gente tá subindo escadas? O Merry vai estar na água.... aliás.... por que o Mr.6 tá ajudando a gente? – Pergunta Luffy tentando entender melhor a situação.

– Meu nome é Victor Vine, e se possível eu gostaria de uma carona pra próxima ilha, capitão Luffy.

– Ok, tranquilo.

– Ei Luffy.... que voto de confiança é esse? Semana passada esse cara era nosso inimigo. – Questionou Sanji.

– É, mas a gente costuma se dar bem com os Baroque Works que sobem no nosso navio.... ficamos amigos da Vivi, do Bon-Chan e agora tem a Robin.

– Então é verdade... a Miss All Sunday realmente se juntou ao bando de vocês. – Observou Vine. – O Vice-Almirante estava muito preocupado com a possibilidade de você trazer ela pra ilha.

– Ué, por que? Ela fez alguma coisa pra Marinha? – Perguntou Luffy

– O Vice-Almirante me mostrou um pôster de procurado dela, ela era uma criancinha quando colocaram a cabeça a prêmio, se envolver com gente perigosa é algo que ela tem feito por um boooom tempo. Mas ela me tratava bem na Baroque Works.

– O passado dela antes da Baroque Works não parece flor que se cheire. Ela nunca contou pra gente o que ela fazia antes. – Comentou Zoro.

– Ei Marimo, ela tem direito a sua privacidade, tá ouvindo?

– Cala a boca e não desvirtua o assunto, cozinheiro desgraçado! Ela é a nossa companheira mais misteriosa, e você ser um tarado não muda isso.

– Pois eu não sei exatamente quantos piratas você matou antes de virar um pirata.

– Pois eu te digo.... foram só 4, eles pagam mais por piratas vivos. Você acha que ela matou menos que quatro pessoas na vida? Pois eu digo que só na Baroque Works ela deve ter matado mais!

– Chegamos – Gritou Vine para interromper a briga. Eles encontraram uma grande porta dupla trancada com um mecanismo numérico para colocar uma senha de cinco dígitos. Os piratas olharam, a porta era grossa, só precisava olhar pra ver que Zoro não ia conseguir cortar aquilo.

– Ok, e que porta é essa? – Perguntou Luffy.

– Essa é a sala de armas. – Disse Victor Vine – Pra vocês poderem equipar o navio de vocês, canhões, pólvora...

– Hum.... canhões são legais, mas pensando bem, a gente nunca precisou atirar em ninguém, não é mesmo? – Respondeu Luffy.

– Luffy, vamos pelo menos recuperar os canhões do Merry que foram confiscados, e quem sabe aumentar nosso arsenal, como o atirador aqui, eu acho que vale a pena fortificar o Merry. Olha os danos que o navio já recebeu, ele podia ter defesas melhores.

– Tá, tanto faz, já estamos aqui mesmo. Como que a gente abre essa porta? Você sabe abrir isso ô da cartola?

– Kukukuku, é aqui que eu entro. – Riu Vine orgulhoso. – Pois saibam vocês que não existe tranca que eu não consiga abrir. Essa tranca com senha não é nada quando vocês virem o ás na Minha manga. – Vine remove sua cartola e revelou sentado em sua cabeça um pequeno morcego marrom. – Senhores, conheçam Battley, meu braço direito.

Battley levantou voo e circulou os piratas do Chapéu de Palha pra conhecê-los, mas então ele voou pro cadeado na porta da sala de armas.

– Battley é um especialista em adivinhar códigos e destravar trancas, meu grande parceiro, observem esse morceguinho trabalhando.

Battley testou uma sequência numérica e falhou. Ele então testa outra sequência numérica e falhou. Ele testa mais uma ainda e falhou de novo.

– Ele está só chutando? – Perguntou Usopp.

– Shhh – Interrompeu Vine, fica de olho.

Na quinta tentativa Battley acertou e Vine imediatamente deu um biscoitinho de recompensa pro morcego. – Muito bom Battley de quinta, é isso aí, você arrasou. – Vine então se virou pros piratas – Ele tem muita sorte.

– Sorte é? Bom, agora vamos poder entrar na sala de armas.


Nas celas da prisão do G-8, pela segunda vez no dia, o Vice-Almirante Jonathan apareceu, soldados nocauteados e inconscientes por todos os lados. Um estrago, o Chapéu de Palha foi melhor do que Jonathan esperava. Ele confiava na capacidade de Drakon e os soldados, então essa vitória foi mérito do rival.

– Vice-Almirante! Perdão, a gente não conseguiu. – Grita Drakon de sua cela.

– Tá tudo bem, Capitão, tá tudo bem. – Jonathan destranca a cela de Drakon – O importante é estarem todos bem. O que aconteceu?

– Um dos piratas do Chapéu de Palha.... o Condoriano, ele me enganou.

– Condoriano é qual deles?

– Nenhum que você me descreveu é um homem de uns 40 anos.... magro e calvo, ele me convenceu que era o inspetor verdadeiro, preso por engano, mas era uma armadilha dos piratas. Desculpe Vice-Almirante. – Jonathan entendeu na hora, tudo o que aconteceu. Os piratas haviam tomado o inspetor de verdade como prisioneiro deles.

– Tá tudo bem Drakon, venha comigo, daqui a pouco vão dar quatro da tarde, os piratas devem estar com quase tudo pronto pra escapar, temos que garantir que o navio deles está em ordem pra eles saírem.

– Como assim Vice-Almirante, você vai deixar eles saírem de Navarone?

– Não... somente embarcar.

Drakon viu nos olhos de seu chefe que havia uma ideia que ele não estava dividindo. Ele tinha um plano.


A porta da sala de armas de abriu. Todos estavam impressionados. Mas antes de entrarem, Vine apontou para Zoro.

– Espera aí, você vai mesmo entrar aqui dentro com isso? – Disse Vine apontando pro corpo inconsciente do Inspetor Shepherd em seus braços.

– O que é que tem? Ele está desmaiado...

– E se ele acordar, a gente não quer um inimigo dentro da sala de armas! E se ele nos atacar?

– Esse cara? – Zoro estava incrédulo, mas só soltou o inspetor como se fosse uma mala pesada no chão, e empurrou ele com o pé. – Agora podemos entrar?

Os piratas entraram e de fato ali estavam os três canhões além do que fica embutido na figura de proa do Going Merry. Eram facilmente reconhecidos, pois tinham as inscrições “Cuidado com o Capitão Usopp” escritos neles em tinta branca. Os canhões ainda estavam em cima de um carrinho de mão onde foram transportados, e Zoro só pegou o carrinho pra si, colocando em cima barris de pólvora e caixas de bolas de canhões. Sanji aproveitou pra por o saco de ouro de Nami no carrinho também. – Parece que o que perdemos está tudo aqui. Vai querer mais o que, Usopp? Você é o interessado.

A Sala era um amontoado de caixotes e baús, devidamente organizados. Mas no seu centro havia uma estante com armas de uso cotidiano, como flintrocks, Usopp nunca havia tocado em uma, mas ele ia manter o seu estilingue, o revólver não daria a ele a variedade de munição que ele aprecia. Uma seleção de espadas estava na estante também, à disposição, mas Zoro não sentiu muito poder em nenhuma.

– Ei, Mr.6 eles têm aqui alguma daquelas redes que prendem usuários de Akuma no Mi? Uma dessas pode ser bem útil.... – Pergunta Sanji.

– Pra lutar?

– Ah, isso também, estou pensando em colocar mais segurança na cozinha do navio, tem um usuário de fruto do diabo que rouba muita comida no nosso barco..

Com um pé de cabra, Mr.6 abre uma das caixas e tira uma bazuca, do mesmo tamanho que a Burn Bazooka de Wiper que atira essas exatas redes e mostra pra Sanji. Sanji sorri, mas o olho de Luffy brilha.

– Uau que bazuca maneira!! – Luffy toma da mão de Vine e faz uma pose estilosa apontando a arma pra cima. Mas ele acidentalmente dispara e cai em cima dele uma rede que inutiliza quem come o Fruto do Diabo – Eita, o que é isso! Sanji, me ajudaaa!!! – Sanji, Zoro e Usopp olharam com um misto de vergonha e incômodo enquanto Sanji tirava a rede do Luffy e tirava a bazuca da mão do crianção. – Ah qualé Sanji, devolve aí, eu juro que não faço de novo, deixa eu mexer.

Usopp reparou que na estante da sala de armas havia uma caixa de vidro com duas aranhas dentro. Eram aranhas do tamanho da palma de uma mão, marrons em um tom de fácil camuflagem nos troncos de uma árvore.

– Ei, Mr.6, sabe por que tem aranhas na sala de armas? Elas são usadas de arma ou coisa do tipo?

– Eu não sei. – Mr.6 olha de perto. – Eu nunca vi esse tipo de Aranha antes e eu já vi muita base da marinha. Elas devem ser nativas aqui de Navarone.

– Eu vi uma dessas quando eu acordei! O pessoal da Marinha recolhe as teias das aranhas selvagens toda manhã, as domesticadas devem produzir teia pra eles também. – Sanji tinha medo de aranhas, então ele observava de longe enquanto Usopp segurava o aquário e Vine via de perto. Porém Luffy seguia insistindo que Sanji lhe deixasse brincar com a bazuca, e Sanji enfezado deu um chute forte em Luffy.

Com o impacto do chute, Luffy voa em direção a Usopp e Vine e tromba com os dois, estourando o aquário em vários caquinhos e libertando as duas aranhas.

– Ahhh!!! Sanji, olha o que você fez!! – Grita Luffy!

– A culpa é toda sua, imbecil! – Responde Sanji bravo, colocando a bazuca no carrinho do Zoro pra ser levada pro Going Merry.

As aranhas corriam confusas pelo chão, mas Usopp pegou elas com a mão – Vem aqui amiguinhas, vem aqui, tá tudo bem. – Elas descansam nos ombros do Usopp sem picar eles.

– Ei Usopp, vai pegar elas de pet? – Questiona Zoro.

– O aquário delas quebrou, não vou largar elas assustadas aqui... afinal é nossa responsabilidade que a casinha delas estourou.

Battley voa pra perto de Usopp e a aranha em cima do ombro esquerdo faz um som intimidador e o morceguinho voa para dentro da cartola de seu dono.

– Bom, a gente já pegou tudo o que precisava pegar, e umas coisas a mais. Acho que já podemos ir. – Disse Zoro empurrando o carrinho em direção a porta.

– Não tão rápido!! Isso acaba aqui, piratas! – Gritou um homem na porta bloqueando o caminho dos piratas! Os quatro piratas do Chapéu de Palha e Vine encararam a figura.


Na sala de operações, Chopper e Kobato estavam cuidando do último paciente. Ele estava suando em febre, e se contorcendo vermelho na maca enquanto Chopper e Kobato observavam.

– Dr. Chopper, o que está acontecendo com esse homem? Isso é algum tipo de infecção?

– Não. Isso não tem nada a ver com o que aconteceu na tempestade, as feridas dele não infeccionaram. – Diz Chopper sério, olhando com atenção pros olhos do paciente que estavam bem vermelhos. – Dra Kobato, esse homem foi envenenado. A gente vai precisar que você prepare um antidoto pro veneno do Peixe-Tigre-do-Oeste.

– A gente não tem como preparar um antídoto pra isso... esses peixes são do West Blue, eles não são encontrados na Grand Line, a gente não tem casos o suficiente pra justificar produção desses antídotos. Eu não tenho o material.

Chopper olhava preocupado pro paciente.... existia uma solução pra salvar esse marinheiro, mas era arriscado demais, ele ia precisar correr esse risco, ele não podia deixá-lo morrer.

Notes:

Além de não ter um Fruto do Diabo, outra marca de One Piece que está ausente do arco G-8 é algum animal. One Piece precisa de animais, então dei pro Mr.6 um morcego pra ser seu braço direito. Além das aranhas-pescadoras a espécie nativa de Navarone cujo grande momento ainda está por vir.

Chapter 11: Todo mundo correndo de volta pro Going Merry.

Summary:

Todos os piratas do Chapéu de Palha já resolveram suas pendências com a base G-8, e agora é a hora de todos eles tentarem chegar ao Going Merry. Porém isso parece ser exatamente onde o Vice Almirante Jonathan quer que eles estejam.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

O navio Stan Malley era um navio de patrulha da marinha, capitaneado pelo Capitão Maynard, conhecido como O Perseguidor. Ele nasceu no reino de Dartsboard, em West Blue, porém após se alistar na marinha serviu na base na cidade Dairingo. Uma das maiores cidades do West Blue, onde ele encontrou pela primeira vez o maior chefe do crime organizado de todo o Oeste, Capone Bege. Ele tentou por anos prender Capone no Oeste e falhou, e quando ele recebeu notícias de que Capone estava entrando na Grand Line, ele não teve dúvidas, entrou na Grand Line atrás de seu rival. Esse criminoso não era um mero pirata, era um elemento do mal que precisava ser eliminado do mapa, e enquanto Maynard tivesse chance, ele faria o possível para afundar o mafioso e todos seus companheiros. Porém quando ele achou que havia conseguido encurralar o Nostra Castello, navio de Capone, uma tempestade terrível atingiu o navio e permitiu que Capone escapasse. Se tem uma coisa que une piratas e marinheiros é sua vulnerabilidade perante as forças da natureza.

Porém um de seus subordinados, Ness, conseguiu invadir o navio inimigo, ele foi derrotado e jogado ao mar, e Maynard conseguiu resgatá-lo e devolvê-lo ao navio enquanto o navio enfrentava a tempestade. O Capitão Maynard não deixa homem nenhum para trás. E agora Maynard estava recuperando a consciência, todo costurado e cheio de pontos das feridas que levou tentando proteger seus homens. Uma enfermeira viu que ele acordou e lhe trouxe um copo da água.

– Fique tranquilo Capitão, o Dr. Chopper e a Dra Kobato estão terminando de salvar o último de seus homens, todos os outros estão a salvo e sem risco de vida. – Maynard tinha alguma memória de ter conduzido a rota em direção a base da marinha G-8, mas sequer lembrava de estar consciente ao pedir para entrar na base, deve ter sido um subordinado. Mas ele estava aliviado de ouvir que estavam todos bem. Digo, quase todos bem, na mesa de Chopper estava Ness. Se contorcendo de dor. Ele conseguia ouvir os doutores conversando, Ness havia sido envenenado, Capone aquele maldito, uma pessoa sempre pode contar com Capone pra não jogar limpo, era parte do que Maynard odiava em piratas.

Maynard se sentou em sua cama e aproximou a cabeça para ouvir melhor a conversa entre Chopper e a Dra Kobato.

– Droga, precisamos de um antídoto. – Diz Chopper. – Não tem outro jeito. Temos que obter um. – Chopper carrega consigo antídoto para todo tipo de veneno dos oito mares. Sua experiência com Kureha diz que nunca se sabe com o que se vai se topar. Quando Nami o visitou ela estava morrendo de uma doença que estava extinta, o mar era imprevisível e Chopper se prevenia. Mas a base da Marinha não tinha o antídoto em questão. Chopper podia pedir pra Dra Kobato pegar nos itens médicos que Jonathan confiscou, mas pra fazer isso ele teria que confessar que é um pirata e não um médico da Marinha. E se ele confessasse ele seria preso. Chopper tremia de nervosismo, ele tinha que fazer esse sacrifício, mas Luffy precisava dele também, ele não podia não fugir da ilha. Mas antes que precisasse, a Dra Kobato segurou suas mãos tremendo e falou com ele.

– Doutor... essa manhã a base confiscou os itens médicos de um navio pirata. Você acha que talvez, tenha esse antídoto em um navio pirata?

– Sim! – Diz Chopper entusiasmado! Mal mantendo seu disfarce de empolgação. – Certamente ele pode estar entre os itens confiscados.

– Mas doutor.... era tanta coisa médica confiscada. E esse médico pirata não rotulou os frascos dele. Como será que eu encontro? – Ela encara Chopper séria. – Doutor, se fosse você o médico, como você faria para reconhecer o antídoto que queremos? – Chopper fica confuso, ela notou? Ela notou desde quando? Não importava.

– Se eu fosse um pirata eu colocaria em um frasco roxo no bolso dos fundos de uma mochila azul. Não sei se esse "médico misterioso" usaria o mesmo sistema.

– Eu vou arriscar. – Diz Kobato piscando o olho para Chopper. Ela sai correndo da sala de operações. Maynard observava a situação. O Dr. Chopper visivelmente estava usando um bigode falso, por que tinha um pirata disfarçado na base? E por que um pirata teria salvado a vida de todos ali?

Quando Kobato voltou, ela aplicou em Ness a injeção. Chopper conseguiu confirmar, era oficial, todos os tripulantes do Stan Malley estavam salvos, eles haviam conseguido. Toda a equipe se abraçou.


Na sala de armas, de frente pra porta estava o Inspetor Shepherd, de pé, consciente e furioso. Ele havia se levantado depois de nocauteado por Zoro e queria vingança. Ele usou uma bazuca de bala-prisão para jogar uma rede de Kairouseki em Luffy que pela terceira vez no dia se via preso nessa armadilha. E assim que Zoro desembainhou sua espada, Shepherd pegou de um caixote uma bazuca ainda maior do que a da bala-prisão. Era uma arma de tamanho colossal. Shepherd chamava de Eagle Launcher, uma arma experimental que o governo mundial havia mandado para cada base da marinha.

– Calma lá Condoriano, o que é isso? – Perguntou Zoro, indiferente ao fato de que ele estava jogando lenha na fogueira.

– Acabou pra vocês piratas imundos. Vocês invadiram uma base do governo, me atacaram, me usaram, me humilharam. Essa base tem que fechar, mas antes eu vou tirar os ratos daqui, todos vocês morrem hoje.

– Ih, quem é esse cara gente? – Pergunta Luffy confuso. – Vocês zoaram ele?

– Ele é um inspetor da Marinha.... confundiram ele com a Robin e prenderam ele.

– Como que confundiram esse palhaço com uma mulher bonita? – Se pergunta Sanji.

– Calem a boca, confundiram ela comigo e me chamaram de pirata por culpa de vocês. Mas agora vocês vão ver.

Victor Vine observou que o pé de Shepherd estava na porta aberta da sala de armas, com um mero empurrão dos pés ele podia fechar e trancar a sala. Era uma armadilha, eles tinham que sair daquela sala o mais rápido possível.

– Galera, vamos sair correndo, agora! Saiam da sala! – Vine terminou de falar e saiu correndo enquanto Shepherd chutava a porta para fechar. Os piratas do Chapéu ficaram só olhando e não seguiram Vine que saiu a meros segundos antes da porta bater atrás dele. Vine olhou pra trás e viu a porta da sala de armas fechada. E seu fiel parceiro Battley saiu da cartola pra tentar abrir o código e soltar seus parceiros.

Battley olhou a tranca e viu que ela estava quebrada. Ele chiou para Vine e apontou para ele a tranca quebrada.

– O Condoriano deve ter feito isso pra trancar eles lá dentro. E ninguém saiu... bom, ninguém pode falar que eu não tentei, mas não vou ficar pra trás porque eles caíram em uma armadilha, eu tenho que sair dessa base. – Battley encarou Vine. – O que? Você também só está vivo porque eu sei a hora de fugir, você viu o Zoro puxando a espada, se eles acham que é hora de lutar é com eles.

Vine recolheu Battley para dentro de sua cartola e correu em direção ao cais. Se ele pudesse salvar os Piratas do Chapéu de Palha com facilidade ele salvaria, mas ele sobrevive cuidando de si mesmo e não correndo riscos.

Vine conseguiu chegar no cais com certa tranquilidade, ele realmente sabia localizar qualquer coisa naquela base. A verdade é que durante as noites em que ele ficou preso, Battley voou a base inteira e memorizou o local e guiava ele de dentro de seu chapéu. Vine sobrevive com base na inteligência, e o que ele puder emprestar a inteligência de seu magnífico amiguinho ele empresta.

Ao chegar no cais ele imediatamente percebeu qual desses era o navio pirata, os marinheiros nem começaram a mexer no barco ainda, ainda tinha uma bandeira com uma jolly roger no barco. Os mecânicos estavam distraídos com um navio da marinha destruído, eles vão ficar um bom tempo distraídos com aquele desastre. Vine se segurou nas escadas e começou a subir no barco que ele pretendia roubar, mas recebe pelas costas uma paulada que o derrubou no chão.

– Você é um pirata? Um companheiro do narigudo? Me desculpe, eu não ligo se alguém é pirata ou marinheiro, mas eu não vou deixar ninguém subir nesse barco. – Era Mekao, o chefe dos mecânicos que havia recentemente descoberto que o Going Merry estava com a quilha quebrada e e ia se quebrar no meio do mar em no máximo mais três viagens, se ele conseguisse tudo isso. E Mekao não ia deixar um navio daqueles afundar, estava na hora dele ser aposentado.

– Um marinheiro dedicado ao seu trabalho. – Vine definitivamente não entendeu o motivo pelo qual Mekao queria impedir que alguém tome o Going Merry, achou que era só um bom marinheiro detendo piratas. – Desculpe senhor, não tenho nada contra você, mas você vai sair do meu caminho, para eu poder sair dessa ilha.

Vine tira de seu sobretudo uma bomba redonda e preta do tamanho de um palmo, e um isqueiro, ele estava prestes a acender o pavio. E pela segunda vez em um intervalo de dez minutos, ele tomou uma paulada nas costas. Dessa vez era do Capitão Drakon que chegou no cais acompanhado do Vice-Almirante Jonathan.

– Maldito rato da Baroque Works! Bom trabalho Mekao. Bom saber que está de guarda.

– O aviso vale pra Marinha também, ninguém deve embarcar nesse navio!

– Exatamente, um navio pirata desses deveria afundar, especialmente agora que está vazio. – Concordou Drakon.

– Os dois estão errados, os Piratas do Chapéu de Palha devem embarcar nesse navio. – O Vice-Almirante Jonathan olhava seu relógio de pulso. Marcava às 16h15min. – Eu preciso que nenhum de vocês atrapalhe os piratas se eles tentarem embarcar.

– O que? – Pergunta Mekao.

– Embora eu confie que vocês não atrapalhariam de qualquer jeito, pois eles provavelmente vão vir com um refém, mas na dúvida, vocês agora receberam ordens diretas superiores, deixem que eu me responsabilizo. – Jonathan caminha então para o elevador no cais. Ele conecta todos os andares ao cais. Jonathan dirá um punhal de dentro de seu casaco, abre a porta e corta o cabo que faz o elevador funcionar, pro choque de Mekao e Drakon.

– Vice-Almirante, o que está fazendo?

– Relaxem, vocês dois. Eu vou consertar o elevador amanhã. Eu juro. Agora o importante é atrasar eles. É importante pra mim que o navio zarpe entre as 18h e as 20h. Então as coisas tem que demorar um pouco, se eles puderem transportar os itens que estão recuperando pra cá de elevador, eles vão mais rápido do que eu quero que se movam.

– Vice-Almirante, se você queria eles fora de Navarone, porque prendeu o narigudo?

– Calma lá Capitão. Eu não quero eles fora de Navarone, eu quero o barco deles na água. Os portões de Navarone não vão abrir hoje, nenhum navio vai sair dessa ilha. E o plano mudou. O que eu queria essa manhã não é o que eu quero agora, esse bando tem algo mais valioso do que ouro, pólvora ou mapas. E a gente vai conseguir, hachichichichi. Confia em mim Drakon, você vai ver meu plano. – Jonathan sorriu confiante pra seus subordinados. Ele então olha pro chão e repara que tem alguém faltando. – Algum de vocês viu pra onde o Mr.6 correu depois de apanhar?

Mekao e Drakon não sabiam a resposta.


O telhado da base da marinha G-8 é formado por um grande jardim, onde várias plantas são mantidas e cultivadas. O que inclui flores, plantas medicinais e também frutas e legumes que permitem que a base plante o próprio alimento, um dos privilégios da ilha inteira ser uma base da marinha. E ali Nami arrastava em um carrinho as três tangerineiras que os marinheiros haviam roubado do Going Merry. Esse é o momento em que chegaram ao telhado subindo as escadas Wiper e Nico Robin, Robin carregando um grande saco branco e Wiper carregando uma grande caixa. Ela acenou para a dupla.

– Navegadora, você está aqui.

– Robin, que disfarce estiloso. – Comentou Nami vendo que Robin segue com o disfarce de Major Shepherd, ela ainda estava com roupas de enfermeira. – Porque o Wiper está usando a sua saia?

– Porque ele odeia calças. Essas são todas as árvores ou temos que procurar mais?

– Não, não, isso é tudo.

Enquanto elas falavam Wiper estava em transe. O Upper Yard era natureza selvagem e indomada, alguns projetos clandestinos que shandias fizeram escondidos, mas Wiper nunca encontrou as Fazendas de Deus. As hortas shandias eram pequenas, feitas em nuvens e foram destruídas. Mas aquilo, aquilo era uma variedade tão grande de vearth sob controle, e de plantações organizadas. Era o tipo de coisa que Wiper nunca havia visto na vida. Wiper tem sido uma pessoa séria desde que subiu no Merry, mas ali ele estava lacrimejando.

– É isso que vocês têm no mar azul? Tudo isso se planta? E vocês cultivam tudo desse jeito? Com tudo isso de vearth? E ninguém tem que brigar por esse vearth? Digo, ninguém vem até aqui matar os marinheiros porque precisam desse espaço de terra, né?

– É isso aí, as pessoas matam marinheiros por diversos outros motivos, mas não por esse. – Respondeu Robin usando seu tradicional humor negro.

Wiper reparou uma plantação de tabaco! Esses marinheiros plantam o próprio cigarro, que fascinante. Se havia uma plantação então em algum lugar deveria ter, ele reparou que no jardim tinha uma pequena casinha de madeira, ele checou dentro e lá estava, folhas secas de tabaco. Wiper pegou uma folha, triturou, enrolou e acendeu seu primeiro cigarro desde que saiu de Skypiea.

Agora sim, ele precisava disso, sua vida no mar azul não faria ele ser refém dos cigarros horríveis que Sanji fumava. Wiper deu seu primeiro grande sorriso desde que se tornou o líder dos guerreiros shandia. – Bom, não precisamos matar nenhum marinheiro, mas por isso aqui vale a pena lutar. – Ele pegou um monte de folha de tabaco e guardou nos bolsos da saia. E colocou o vaso com a planta de tabaco no carrinho da Nami.

– Eu acho que é a primeira vez que vejo ele sorrir. – Comenta Robin observando, Wiper passava pelos diversos vasos ali como se fosse uma criança em uma loja de brinquedos, e Robin responde como se fosse uma mãe. – Não pegue mais do que a gente consegue carregar.

Wiper leva até o carrinho um vaso com uma plantação de tomate, um com pimenta e um com ervilhas. – As ervilhas vão ajudar suas tangerinas. – Ele disse pra Nami.

– Eu não sei cuidar de ervilhas, Wiper.

– Eu vou cuidar delas, relaxa! – Nami não reparou na hora, mas Robin reparou, era a primeira vez que Wiper verbalizava ter a intenção de ficar no Going Merry por um tempo. Ele estava determinado a sair do barco na próxima ilha, mas metade de um dia numa base da marinha fez ele mudar de ideia.

Nami deixa pra Wiper empurrar o carrinho e o trio foi em direção ao elevador que deveria dar no cais, conforme Nami havia visto no mapa. Mas quando abriram a porta notaram que o cabo estava cortado.

– Eles cortaram o cabo do próprio elevador? – Disse Nami.

– Eles sabem que o inimigo está se reunindo. Se eles fizerem a gente ter que andar por todos os corredores carregando os pertences de volta, vai ser mais fácil nos encurralar. Mesmo estando em três, se a gente descer até o último andar com tudo isso vai ser fácil o Vice-Almirante ou o Capitão emboscarem a gente.

– Ué Wiper, não era você que ia destruir essa base sozinho? – Perguntou Nami.

– O filho da mãe me deu um mau pressentimento. Ele sabe usar o mantra.

– Que nem o Enel? Tem isso no Mar Azul?

– Parece que vocês não conhecem a casa de vocês tão bem assim. – Para ser justo, o mar azul é muito maior que Skypiea e Wiper definitivamente não conhece nenhuma outra ilha do céu. Mas Wiper não pensou nisso pra fazer esse comentário.

– E então como descemos?

– Eu tenho um plano. Navegadora, pra que direção é o cais? – Robin perguntou e Nami apontou para o norte. Robin então caminhou em direção a uma das beiradas do telhado da base, e se segurou em um parapeito ali pra não caírem.

Era uma bela vista ver a base toda de cima. Dava pra ver com clareza a muralha de pedra impenetrável que não deixava nada sair ou entrar em Navarone, e ali Nami conseguia ver a pequena porta de metal por onde navios passavam pra entrar. É, ela não tinha nenhum plano para passar pela porta de metal fechada. Eles estavam presos. Em cima da muralha Nami conseguia ver o South Bird, ele parecia estar conversando com algumas borboletas. Que bom que ele está bem, talvez ele consiga apreciar as árvores de Navarone.

Devia ser uns 25 metros do topo do telhado da base até o nível do mar. Nami contemplou a altura e perguntou pra Robin:

– Ok Robin, qual é o plano pra descermos? Não me diga que é pular?

– Fufufufu não, eu tenho outra ideia.


Com os pacientes todos devidamente tratados, agora as enfermeiras estavam cuidando deles, e Chopper e a Dra Kobato podiam retornar para a enfermaria. Antes de sair o Capitão Maynard se levanta e aperta as mãos de Chopper, olhando fundo nos olhos e agradecendo. Chopper se sentiu intimidado diante do capitão da Marinha, mas a impressão que passou foi mais a de timidez do que de rena-transformada-em-humano-usando-bigode-falso.

Dra Kobato esperava ver Drakon na porta ainda, sabendo o quão insistente ele era, mas ele não estava lá, a confusão na base deve ter mantido ele ocupado, e a dupla conseguiu caminhar tranquilamente até a enfermaria.

Chegando no local Kobato desaba na sua cadeira enfim despencando depois de se manter firme mesmo diante de stress enorme o dia todo. Ela começou a chorar de felicidade, tudo havia dado certo, o dia deu certo.

– Muito obrigada, Dr. Chopper, muito obrigada. Se você não tivesse aparecido, 37 pessoas teriam morrido. Eu preciso te retribuir o que você fez.

– É só a obrigação de um médico.

– Não... não é a obrigação do seu tipo de médico. E foi muito digno o que fez por nós mesmo sendo um pirata. – Então ela de fato sabia. Ela puxou o bigode de Chopper fora e ele se destransformou pra sua tradicional Brain Point. Kobato cai no chão de susto.

– Pera aí, você é uma rena? Então você comeu o Fruto do Diabo! – E com essa Kobato entrou na lista de raras pessoas que não confundiram Chopper com um tanuki, ela definitivamente era uma boa amiga.

– Quando você notou que eu era pirata?

– Quando eu ouvi tudo o que você e a menina se fingindo de enfermeira conversaram. E depois reparei nela indo embora... Vocês estavam com pressa pra fugir, mas você não deixou os pacientes pra trás... então agora eu vou te ajudar a fugir.

– E como você vai fazer isso?

Kobato pegou um bisturi de seu jaleco e deu na mão de Chopper.

– Você vai precisar disso pra fugir, você e esse bisturi são a chave pra você e seus companheiros escaparem. – A imaginação de Chopper foi a mil. Que responsabilidade seria dada a ele? Ele ia ter que cortar a corda que guarda o segredo de segurança da base? Fazer que nem os espiões e usar a lâmina pra abrir um cadeado?

– O que eu vou fazer? – Perguntou Chopper com um brilho infantil nos olhos.

– Você vai se transformar na forma grandona de novo, apontar a lâmina pro meu pescoço e gritar que vocês têm um refém... Eles não podem sacrificar a única médica da base, vão ter que abrir a porta para vocês.

– Mas eu não posso te machucar.

– Então não machuca... olha, só. – Kobato apontou pra Janela, da enfermaria tinha uma visão muito clara da base e da porta de ferro por onde os navios passam. – Somente o Vice-Almirante Jonathan decide quando essa porta abre ou fecha, sem a autorização dele não tem como o navio de vocês passar. O Vice-Almirante não vai autorizar sem vocês colocarem pressão nele. Você precisa de um refém, e eu sou uma boa refém. Você me salvou hoje, deixa eu te ajudar!!

Chopper segurou o bisturi com convicção, ela tinha razão.


Shepherd havia fechado a sala de armas e Zoro, Sanji e Usopp estavam todos na mira de sua super-bazuca, a Eagle Launcher, enquanto Luffy estava derrubado por uma rede que enfraquecia quem comeu um fruto do diabo. Zoro e Sanji se preparavam pra caso tivessem que cortar ou chutar o tiro. Mas quando Shepherd atirou eles viram que não tinha a necessidade, pois o inspetor com dificuldade de carregar o peso da arma errou a sua mira e atirou em um barril de balas de canhão. E tal qual aconteceria com um jogo de sinuca, o choque fez o barril estourar e várias bolas saírem voando em diversas direções, Sanji e Zoro precisaram proteger Luffy e Usopp de serem atingidos. Sanji e Zoro queriam soltar Luffy, mas estavam nervosos, não podiam baixar a guarda. Se o imbecil disparasse outra e acertasse um barril de pólvora a base inteira ia pelos ares e descobrir que ele não era capaz de mirar a sua arma tornava ele mais perigoso devido a imprevisibilidade.

– Você não devia apontar armas que não sabe usar, homenzinho. Se isso pegar num barril de pólvora, vamos todos morrer. – Grito Zoro.

–Mufufufufufu piratas ignorantes. Essa é uma arma de ponta desenvolvida pra matar piratas, é claro que ela não vai matar alguém como eu. Um homem da mais alta elite.

– Olha, eu duvido que as balas e a pólvora entendam a diferença. – Comentou Zoro.

– Afinal de contas, nem mesmo os outros marinheiros da base entendem direito. – Completou Usopp rindo.

– Calem a boca! Vocês e essa base podem todos ir pro espaço até onde eu me importo.

Shepherd apontou a bazuca bem pra Usopp, o pior de todos, tudo que aconteceu de ruim naquele dia era culpa dele. Usopp nervoso e com medo pega seu estilingue e tira de sua bolsa uma pequena concha. Uma concha vermelha, pequena e bem pontudo. Era um Heat Dial, Usopp mira e como ao contrário de Shepherd, a mira dele é excelente, o dial entra bem dentro da Eagle Launcher.

– Mufufufufufu, o que você atirou aqui dentro? Você acha que é algo que vai te salvar? – Enquanto ria e agia feito um babaca, a arma foi gradativamente esquentando, até ser impossível pra Sheperd seguir segurando. Ele grita de dor com as duas mãos vermelhas, e solta a bazuca no chão com um descuidado que faz ela atirar enquanto atinge o solo. Para a sorte dos piratas, ela caiu apontada para a porta, e derrubou a porta. Sanji tirou a rede de cima de Luffy para eles saírem correndo, mas Usopp não acabou. Ele tira de sua bolsa seu clássico martelo.

– USOPP HAMMER!! – Ele deu uma martelada na nuca de Shepherd, que caiu no chão na hora.  – Até a próxima Condoriano. – Usopp riu consigo mesmo sabendo que tinha gente ainda mais fraca que ele, e que se Condoriano fosse mesmo parte do bando ele não seria o mais fraco do grupo.

Luffy, Zoro, Sanji e Usopp corriam carregando um carrinho com tudo o que pegaram da sala de armas e um saco com todo o ouro roubado de Skypiea. Desceram dois lances de escada e atravessaram o corredor, com Sanji, que havia memorizado o caminho guiando eles.

– Ok gente, se a gente virar aquela esquina e for até o final vai ter uma escada que dá nas docas, e a gente vai chegar no Going Merry. – Guiou Sanji, mas quando eles viram, bloqueando as escadas estava Jéssica em frente a dez marinheiros portando lança-chamas.

– Os verdadeiros Irmãos Marley apareceram na nossa cozinha depois que vocês foram embora, eu entendi que o caçula é Luffy do Chapéu de Palha, mas eu não sei seu verdadeiro nome.

– Sanji, seu eterno servo. – Respondeu Sanji com corações nos olhos incompatíveis com a presença de uma inimiga.

Os dez marinheiros apontaram seus lança-chamas em direção a Sanji.

– Ok, soldados mirem diretamente no Sanji!

Zoro protegeu os barris de pólvora das chamas, enquanto Sanji saltou pra trás pra se esquivar do ataque. Ele correu e ataca um dos marinheiros como distração. O susto do fogo fez as aranhas que Usopp carregava em seu ombro fugirem pra debaixo de sua bandana.

– Vocês vão na frente, é só de mim que ela está atrás.

– De jeito nenhum... nenhum dos seus companheiros vai sair dessa base. – Jéssica ordenou que um deles detenha os demais, porém Luffy o nocauteou com um soco, e seguiu em direção as escadas, junto de Usopp e Zoro. Sanji se colocou de escudo pra chutar qualquer marinheiro que tentasse atacar os outros três.

– Vai ser melhor assim Srta Jéssica, você não quer mexer com fogo com um pessoal carregando um barril de pólvora.

– Isso é uma figura de linguagem?

– Chefe, eu acho que eles só roubaram a nossa pólvora. – Corrigiu um dos marinheiros.

– Srta Jéssica, você é cozinheira tanto quanto eu, então tenho certeza que você entende que eu não tenho medo de fogo, não é?

– “Tanto quanto eu”, eu não cozinho para piratas! Eu cozinho pra gente digna que dá seu melhor todo dia.

– Pois saiba que eu também.

Sanji se prepara para receber as rajadas de chamas do batalhão.


No topo da base G-8, Nico Robin cruzou seus braços em forma de x, e colocou as palmas da mão pra cima, a sua pose primária para usar os poderes da Hana Hana no Mi, Wiper e Nami estavam curiosos quanto ao que ela iria criar.

– CIEN FLEUR: TOBOGÁN!!  – Cinquenta pares de pernas de Nico Robin nasceram e se conectaram um no outro, formando um grande escorregador que dava a volta por parte da base e chegava até as docas. – Já podem descer.

Nami encarou o escorregador feito de pernas por um instante impressionada com os poderes de Robin, mas Wiper não hesitou. Abraçou um vaso de tomate e pulou no escorregador-de-pernas deslizando de cócoras como fazia quando patinava nas Milky Roads,

– O Sanji ia ficar maluco se ele estivesse aqui. – Comentou Nami.– Ciente do quão sexy eram todas aquelas pernas, Wiper não parecia notar.

– Eu não usaria essa técnica se ele estivesse aqui. – Respondeu Robin.

A descida até as docas foi de aproximadamente quinze segundos, mas enquanto descia abraçado em um vaso de plantas Wiper estava sendo soterrado por memórias e nesses quinze segundos foi o suficiente para tanto de sua vida passar diante de seus olhos.

Notes:

Nesse capítulo introduzimos formalmente o Capitão Maynard, último personagem relevante que vou introduzir no arco G-8 que já está indo pro seu final. Os fãs que memorizam nomes de personagem muito pequeno podem reconhecê-lo como o Vice-Almirante Maynard, que lutou no coliseu de Dressrosa na versão canônica da história e foi vencido por Bartolomeu antes de ir pra arena.

É muito nome de marinheiro secundário que eu tive que inventar pra manter as cenas fluindo mesmo sabendo que eles não iam ser personagens ativos no arco, então achei um alivio conseguir criar a oportunidade pra nos mostrar um dos marinheiros canônicos que não fizeram muito e colocar no arco.

Eu escolhi o Maynard pra ser o capitão do Stan Malley exclusivamente porque o uniforme dele aparenta ser somente uma sunga, o motivo disso vai ficar claro em dois capítulos. Mas é, ele é tão secundário em Dressrosa, tão insignificante, que foi divertido criar uma backstory pra ele. "O Perseguidor" é sua alcunha canônica, então imaginei ele como tendo uma relação tipo Smoker-Luffy e Garp-Roger, mas com outra pessoa.

Chapter 12: Wiper e Pithon:

Summary:

Após ter decidido roubar as plantas da base G-8 capítulo passado, Wiper se lembra de seu pai Pithon, dos motivos pelo qual seu pai se tornou um guerreiro e não um agricultor, e do que Wiper entende por paz e guerra.

Notes:

Esse capítulo ficou maior que a média, pois eu não quis dividir o primeiro flashback da fanfic em dois capítulos. Mas aqui está o flashback de Wiper. O arco de Skypiea já deu pinceladas do passado de Wiper mostrando ele brigando com Gan Fall quando adolescente, e ouvindo a história de Norland, e eu me esforcei pra manter todos os detalhes que inventei sobre a cultura shandia consistente com o que já sabíamos sobre ele.

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

Vamos voltar no tempo para 15 anos antes dos eventos do arco G-8, para uma contar uma história que se passa muito longe de Navarone, 10.000 metros acima da ilha de Jaya em um espaço chamado Skypiea, em que a aldeia afastada do povo shandia estava realizando um importante ritual.

O chefe dos Shandians estava em um altar, usando suas vestes tradicionais e seu chapéu de lobo. Na frente dele estava o corpo falecido de Coral, o líder dos guerreiros shandias, em seu peito cinco flechas incluindo uma no coração entregavam a causa da morte. O braço direito do morto estava muito danificado, completamente roxo e banhado no sangue do guerreiro, mas sem nenhum indício de flechadas. O chefe dos Shandias e o cadáver de Coral eram cercados pela aldeia inteira ao redor do altar prestando seus respeitos.

– Coral reuniu um time de guerreiros ontem para invadir a Upper Yard em uma tentativa de tomar Gan Fall como refém e trocar sua liberdade pelos nossos direitos. O ataque falhou, e Coral não poderá nos liderar mais. Esse guerreiro inspirou a todos nós e nos deu esperança, e agora é a hora de seu sucessor honrar o seu legado. – Um grupo de shandias com trajes cerimoniais, ateiam fogo ao corpo de Coral que começa a queimar. – Pois das cinzas de Coral renascerá o seu filho Pithon, indicado para ser o novo líder dos guerreiros, um descendente direto do grande Calgara. Suba aqui Pithon.

Na multidão de shandias um homem caminhou em direção ao altar e subiu suas escadas. Um homem grande e com cabelos ruivos bem marcantes, usando uma jaqueta verde. Ele se dirige a multidão e fala com clareza:

– Não quero! Eu não vou suceder meu pai. Na minha opinião Koun pode liderar nossos guerreiros daqui em diante. – A resposta de Pithon foi um choque pra muitos, mas não pra todos. Ali na multidão o jovem Wiper, com seus sete anos de idade, mastigando um galho já sabia que essa é a resposta que viria.

– Mas Pithon, você descende do grande guerreiro Calgara, você não vai honrar seus ancestrais?

– Eu acho que minha ambição honra Calgara o suficiente, chefe. – Pithon usava uma jaqueta de onde ele retirou um tomate. – Aqui, prove chefe, eu que plantei.

Desde que foram mandados pro céu, os shandias têm tido dificuldade de manter sua cultura agrícola sem o acesso à terra. Eles aprenderam técnicas de como plantar em nuvens, observando o povo do céu, mas não conseguiam os mesmos resultados, e nos últimos séculos, os shandias viviam em dependência econômica do povo do céu, tendo que produzir diversos itens como roupas, cestos e armas pra poder trocar com Gan Fall por comida plantada usando a terra rica em nutrientes do Upper Yard. A presença da Upper Yard mudou para sempre a agricultura da ilha do céu, as pessoas que só podiam plantar em nuvens passaram a plantar na Upper Yard, e um povo com uma conexão grande com agricultura, agora depende do povo do céu... isso até agora.

O chefe dos shandias comeu um pedaço do tomate.

– Isso é plantado em vearth!! Pithon, você tem uma horta secreta no Upper Yard?

– Não chefe! Isso é plantado em nuvens! Vocês me sigam.

Pithon desceu do altar e caminhou em direção a algumas nuvens afastadas da aldeia Shandia, uma boa caminhada até um ponto completamente escondido, ele era seguido pela maioria dos demais shandias, que chegam em uma grande horta flutuando bem em cima do mar branco.

– O que é isso? – Pergunta o chefe.

Pithon colocou as mãos no mar branco e pegou um peixe.

– Essa região aqui é particularmente cheia de peixe. Eu fiquei pensando, o vearth é fértil graças aos nutrientes que vem dos animais, não é? Pois então esses mesmos nutrientes deveriam existir no mar branco, que também está cheio de animais, eu pensei. – Pithon mostrou a estrutura que ele construiu usando as rígidas nuvens de metal, que sustentavam a planta de tomate, enquanto permitia que a raiz coletasse os nutrientes diretamente da água. – Foram dez anos de tentativa e erro, mas eu enfim entendi o equilíbrio entre vida animal na água, é preciso controlar a população de peixe na água também, as plantas vão ajudar os peixes limpando a água, e os peixes vão ajudar as plantas, e a gente controla esse ciclo e consegue plantar nossas próprias plantas em nuvens. – Pithon colheu mais dois tomates e jogou pra multidão de shandias. Eles provam e ficam surpresos.

– Pithon... qual é o seu plano?

– Chefe... na próxima feira a gente não vai aparecer com artesanato e armas pra trocar por comida não. A gente vai aparecer com comida, e se o povo do céu quiser comer nossa comida, eles vão ter que começar a nos dar algumas coisas. Isso aqui é nossa independência, a gente vai praticar comércio com eles como iguais. Pois se eles não quiserem nada, a gente se vira sem eles.

– Isso não vai nos devolver a Upper Yard. Nem o Sino de Ouro. Nem a cidade de Shandora.

– Chefe, recuperar a Upper Yard tem matado vários de nós. Eu não sei se um dia a gente vai ter força e armas o suficiente pra expulsarmos Gan Fall de lá. Meu pai morreu ontem, e se ele tivesse sobrevivido poderia morrer amanhã, ou depois. Eu não vou morrer por uma luta que eu não acho que a gente consegue ganhar. Calgara nasceu no Mar Azul e morreu no céu. Mas eu nasci no céu, meu pai nasceu no céu, meu avô nasceu no céu. Somos pessoas do céu também, já se passaram 400 anos, temos que aprender a viver aqui também.

O discurso de Pithon foi divisivo, o que ele disse inspirava esperança em alguns, mas certamente não em todos. Ainda era necessário recuperar a Upper Yard e o sino, e o derrotismo de Pithon não foi tão bem recebido por Koun. Koun tinha a idade de Pithon e foi aprendiz de Coral, ele estava lá quando Coral foi morto a flechadas pelos Boinas Brancas, e sua sede de vingança era forte.

– Então você vai me dar o direito de fazer uma tatuagem com as cinzas de Coral e tomar a Upper Yard de volta? – Perguntou o guerreiro.

– Fique à vontade... pegue o Reject Dial também. Meu pai ia querer que você ficasse com ele... vendo o corpo do meu pai, ficou claro que o Reject matou ele mais do que as flechas, por favor use com mais responsabilidade que ele.

– Eu vou fazer isso. Eles nunca vão nos ver como iguais Pithon, mas eu vou pegar nossa terra de volta se você não liga pra isso.

Koun falava de maneira dura, mas Pithon não ligava, todos ficaram impressionados com sua plantação, era o que bastava.


Em Upper Yard, Gan Fall estava frustrado enquanto se sentava no Trono de Deus. No dia anterior, Coral, líder dos guerreiros Shandias havia sido morto, Gan Fall queria que o conflito com o povo desescalasse e agora ele via seu objetivo mais longe dele, graças ao julgamento do comandante dos Boinas Brancas, Kiden, que estava de joelhos diante de seu líder pedindo perdão.

– Deus Gan Fall, a sua vida estava ameaçada!!

– Sim, e certamente eu vou ser responsabilizado pela morte de Coral, e isso não vai fazer eles serem menos hostis, vai? As ameaças vão voltar.

– Coral vai servir de exemplo.

– Coral vai ser um mártir! E vai aumentar a chama do ódio deles. Essa disputa tem 400 anos, já passou da hora de aprendermos a conviver. Quando você faz algo, você me representa, e quando você mata alguém, todos eles vão dizer Gan Fall matou alguém e não vão confiar em nós. Você entende isso?

– Deus, nada vai mudar, eles nunca vão estar satisfeitos.

– Chega Kiden! Você está afastado da organização! Você não representa mais os Boinas Brancas nem o Deus de Skypiea. Te daremos uma pequena casa em Skypiea para viver como um civil.

Kiden se levanta com uma expressão de choque em seu rosto.

– Foi Caetera que te disse pra me demitir?

– Não... mas vai ser ele quem vai tomar seu posto! Ele não acredita que mais violência vai solucionar essa crise.

– Deus.... você não faz ideia das atrocidades em que Caetera acredita. Se me permite dizer, você se tornou um homem muito ingênuo desde que aquele pirata do Mar Azul nos visitou dez anos atrás. Está deixando os forasteiros fazerem a sua cabeça e esquecer como os Deuses anteriores a você lutaram por essa terra.

Os dois ouviram passos. Surge diante de Gan Fall caminhando, usando o uniforme dos Boinas Brancas, um homem magro, idoso, que parecia fraco e usava uma bengala pra caminhar.

– Heso! – Cumprimenta o homem. – Noto que estavam falando de mim.

– Parabéns pela promoção. – Disse Kiden sarcástico.

– Não há mérito nenhum em chegar aqui por consequência das suas escolhas. E não foi ideia minha seu afastamento, pelo contrário, adoraria que você fosse obrigado a limpar sua própria sujeira. Mas Gan Fall quer que eu limpe ela. – Caetera ficou de frente ao trono de Deus e deu uma foto a Gan Fall – Os boinas brancas viram Koun de frente a Aldeia Shandia, não estava fazendo nada, exceto encarar o horizonte com uma lança. Ele queria que víssemos ele.

A foto era de Koun de pé, com uma expressão séria e agressiva portando uma lança, ele não estava usando nada pra cobrir o tronco, e diferente de quando falou com Pithon, seu tronco e face estavam tatuados.  O desenho de uma lança cobria o olho direito de Koun. E em seu tronco o desenho três linhas vermelhas conectavam um ombro ou outro.

– Koun se tatuou? Ele não é o filho de Coral.... ou é?

– Não é. Mas aparentemente o novo líder é ele mesmo assim. Não sabemos por que não passaram de pai pra filho, como fizeram desde os conhecemos.

– Eu vou até a aldeia pessoalmente ainda hoje, falar com o novo líder. – Disse Gan Fall. – Vamos torcer pra com Koun a paz ser possível.


Algumas semanas após sua renúncia, Pithon estava cuidando de sua horta, e Wiper ajudava seu pai, diferente de sua postura no presente, aos sete anos Wiper era bem mais tranquilo e não ficava com uma eterna carranca.

– Tá todo mundo falando que como o pai da Laki é o novo líder dos guerreiros, que é a Laki quem vai suceder ele... – Comenta Wiper.

– Talvez seja o que aconteça. Você quer ser o novo líder quando crescer?

– Eu não sei... a tradição era ser sempre a nossa família, não é? Desde o Calgara até o Coral.

– É Wiper... mas as vezes a gente tem que quebrar algumas tradições pras coisas melhorarem. Calgara salvou muitas vidas quebrando algumas tradições shandias.

– É? Como foi essa história? Me conta!!

– Quem conta as histórias é o chefe. E um dia ele vai te contar essa história. Quando você tiver idade pra reascender a luz de Shandora.

– E se eu quiser te ajudar na sua horta quando eu crescer?

– Aí o chefe conta essa história pra Laki, e te conta a história do botânico forasteiro que salvou nosso povo.

– Hein? Quando foi isso?

– Quem conta as histórias é o chefe!

Wiper ficava nervoso com o pai que ria da impaciência do filho. Wiper queria muito ouvir aquelas histórias e Pithon nunca contava, ele não ia tirar o Chefe a honra de repassar essas histórias.


Três meses haviam se passado desde que Pithon apresentou sua horta para os demais shandias, e agora Koun, o novo líder dos guerreiros estava deitado gritando de dor, enquanto o médico dos shandias preparava novos remédios pra ele. O médico dos shandias usava um chapéu de animal, da mesma forma que o chefe, mas o dele era um chapéu de serpente. Ele dava pra Koun comer uma pimenta inteira, Koun gritava, mas o médico estava com a situação sob controle.

Do lado de fora da tenda, Pithon estava preocupado pela vida de Koun, e o chefe dos shandias fazia companhia pro amigo. Todo mundo estava muito preocupado, mas Pithon tinha medo de que a culpa fosse sua, e o motivo disso eram as notícias de que cinco pessoas do céu estavam sofrendo os mesmo sintomas, e os cinco compraram vegetais de Pithon na feira. Talvez ele tivesse plantado algo insalubre.

– Pithon, todo mundo aqui comeu o que você plantou e somente Koun passou mal, certamente é só azar. Ele vai ficar bem. – Consolava o Chefe. – O importante é você não parar o que começou. A reação das pessoas do céu na feira me deu esperança. Sabe? Eles não nascem nos odiando, se ensinarmos eles a nos verem como iguais, eles podem ser a pressão que Gan Fall precisa. Afinal não é o povo do céu que mora no Upper Yard, eles moram em nuvens como nós.

– Justamente por isso que nenhum deles devia ter ficado doente com meus legumes.

– Muito bem dito, Pithon, concordo plenamente. – Os shandias ouviram uma voz e se viraram pra ver que é de Caetera, o novo comandante dos Boinas Brancas, que apareceu na vila dos shandias como se fosse a terra dele.

– Vocês não têm direito de entrar na nossa aldeia. – Diz o Chefe em voz firme.

– Os termos da nossa trégua nos dizem que eu tenho direito se eu tiver a suspeita de que temos uma ameaça à população aqui, e temos cinco pessoas no hospital pois confiaram no projeto novo do filho de Coral, não foi? Pois eu vim encerrar o seu projetinho, antes que a situação piore.

Pithon se levantou e se aproximou de Caetera.

– Acho que não fomos apresentados, você é o substituto do Kiden, podemos negociar, como você pode bem ver, eu não sucedi meu pai, eu gostaria de um acordo.

– Um acordo? Me desculpe, seu pai foi um terrorista, e o único motivo pelo qual eu não te considero um terrorista, é porque eu sei que vocês gostam muito dos seus, e estou vendo que o sucessor de seu pai foi vítima também. Então acredito que foi um acidente, mas um acidente não pode se repetir, por isso me leve até sua plantação.

– Não! Saia de nossas terras. Eu não levarei os vegetais pra próxima feira. Se eu não der nada pro povo do céu, não vai ameaçar, vocês vai? – Pithon escolheu não ser um guerreiro, mas seu tamanho grande e imponente faziam o velho e fraco Caetera parecer muito pequeno e indefeso com sua bengala, mas o idoso não cedeu, mantendo o controle da situação.

– Não diga asneiras, vocês vão cortar comércio com a gente? Você sabe tão bem quanto eu que não são autossustentáveis, nós precisamos cooperar, e o comércio é como nossos povos cooperam, mas vocês trouxeram comida envenenada pra comercializar com a gente, e eu não vou permitir isso. – Caetera segurou o braço de Pithon em tom de ameaça. – Me leve até a sua horta! 

O olhar de Caetera era intimidador e trazia uma grande ameaça de violência nele, era claro que Caetera não ia cometer a violência, mas todos ali sabiam que ele podia ordenar um massacre. Mas o olhar de Caetera rapidamente mudou conforme ele perdeu o equilíbrio e caiu no chão, Caetera caiu de bunda confuso e olhou um pequeno shandia mordiscando um galho e segurando sua bengala, era Wiper, filho de Pithon, e ele estava furioso. Wiper erguei a bengala e deu na cabeça de Caetera.

– Deixa meu pai em paz! A horta é nossa! A gente não fez nada! A nossa comida é excelente, isso tudo foi só coincidência! Sai da nossa aldeia!

Caetera no chão olhava para o pirralho que bateu nele. – Você é o neto de Coral... vai ser um guerreiro que nem o seu avô?

– Eu vou ser um agricultor, que nem meu pai! A horta dele é excelente!

O chefe dos shandias tirou a bengala de Wiper e entregou para Caetera para ajuda-lo a se levantar.

– Vou ter uma conversa com Wiper sobre esse chilique que ele deu, mas espero que você releve como coisa de criança. Senhor Caetera, se você voltar aqui com Gan Fall e eu ouvir da boca dele que vocês querem inspecionar as hortas, eu darei permissão, e se não for fazer isso, vamos defender a nossa autonomia.

Caetera se levantou encarando Wiper com uma raiva que não conseguiu esconder. Ele pôs a mão no bolso e tirou uma concha, igual a de uma ostra.

– Nesse Health Dial, tem o remédio que temos usado pra tratar as nossas vítimas da sua comida. Se me deixarem fazer meu trabalho eu dou pra vocês, vocês não tem medicina avançada o suficiente pra salvar Koun.

– Caetera, não nos trate como se fossemos uns selvagens. Nós temos médicos e maneiras de cuidar de nossos doentes.

– Nós estamos lidando com esse veneno também, eu sei o quão pesado é, vocês não vão curar Koun com folhas, rituais e rezando pra ancestrais, eu estou oferecendo um antídoto. Mas só se me mostrarem a horta.

O chefe encarou Pithon. Wiper encarou Pithon. Pithon se braços cruzados e expressão agressiva abaixa a cabeça:

– Vou levá-lo a horta! Obrigado por nos permitir salvar Koun.

Pithon guiou Caetera até a plantação que ele estava fazendo no mar branco, era impressionante, Caetera não podia acreditar na diversidade de verduras diferentes plantadas em cima da água. Era uma coisa magnífica. Muito além de qualquer coisa que um agricultor do povo do céu havia conseguido. Ele sabia, era exatamente o que ele temia. Caetera não teve dúvidas, ele sacou uma Flame Dial de seu bolso e apontou pra horta. Wiper ia atacar Caetera para impedí-lo, mas Pithon segurou o filho, ele estava lacrimejando antes mesmo de ver a concha, e ia deixar o desastre acontecer. O comandante dos boinas brancas queimou uma grande fonte de comida como se não fosse nada e quando não havia nada além de cinzas, deu o remédio para Koun e foi embora.

Pithon se sentou olhando as cinzas de seu trabalho e chorou, chorou de soluçar, afundou a cabeça na terra e chorou como raramente se condiz com um homem alto e forte fazendo. Wiper não estava aceitando a situação e gritou com seu pai.

– Por que você deixou que ele fizesse isso, pai? Olha todo o trabalho que você teve! Você devia ter acabado com ele... – Pithon não respondeu, em vez disso abraçou seu filho.

– Wiper, desculpe, por te fazer acreditar que podíamos ser agricultores... enquanto não conseguirmos vencer essa guerra, não terão agricultores shandia. Eles não vão deixar.

– Mas pai, se a gente reconstruir seu sistema de novo. Vamos limpar essas águas, vamos começar de novo.

– Filho... Caetera envenenou nossa comida, e vai envenenar de novo. Foi ele quem fez isso com Koun. Ele veio aqui se gabar, de que eles desenvolveram um veneno que a gente não consegue curar, e que ele vai continuar usando o antídoto como chantagem! – Pithon estava envergonhado de ter esperança. – Eu só vou poder ser agricultor, depois que tomarmos nossa terra de volta! Depois de tocarmos o sino dourado! Não terão sonhos até reacendermos a luz de Shandora. Koun tinha razão.

Wiper abraçou o pai e viu a horta reduzida a cinzas e sentiu uma raiva que nunca havia sentido antes. E que até o tempo presente não acalmou completamente. A raiva de ser impotente diante da injustiça.


Agora estamos 10 anos antes de Wiper invadir acidentalmente a base G-8 da Marinha. E na ilha do céu Skypiea, Gan Fall se sentava no Trono de Deus, cercado por seis guardas. Era noite e logo Gan Fall dormiria, então ele pergunta se algum dos guardas poderia lhe trazer Suco de Abóbora. Dois guardas saíram então em direção a cozinha para trazer o suco.

Se passaram cinco minutos, e então dez minutos e então meia hora e ninguém voltou. Um terceiro guarda foi até a cozinha ver se estava tudo bem, e ele também não voltou. Os três guardas restantes ficaram nervosos, ergueram suas lanças e se aproximaram do Deus que deveriam proteger. Uma rajada de fogo azul vinda de longe acertou um deles que caiu no chão, deixando os outros dois em choque. Aquilo era de uma breath dial? Gall Fall não sabia, mas viu, patinando em um trilho de nuvens formado por milky dials vieram Koun, portando uma lança, e Pithon, com uma bazuca nas costas, era a burn bazooka, que Wiper usaria no futuro.

Ao ver os dois guerreiros Gan Fall instantaneamente sinaliza que seus guardas que ainda estão de pé não ataquem.

– Se eu me render vocês deixam esses dois vivos?

– Eu prefiro não ter nenhum guarda por perto durante nossa conversa, mas se facilitar sua cooperação, tudo bem. – Instrui Koun.

Gan Fall checa o pulso do guarda que se queimou com a Burn Bazooka, ele estava vivo. – Os demais estão vivos também?

– Acreditamos que sim... – Respondeu Pithon.

– Foi tentando me sequestrar que seu pai morreu Pithon...

– Eu sei, e por que ele morreu nada mudou. Acho que nós dois vamos precisar sobreviver então. Temos negociações a fazer.

– Não podem ficar com o Upper Yard... o Povo do Céu já está aqui tem 400 anos, com todo o respeito nossos ancestrais também tem conexão com essa terra.

– É terra que vocês roubaram! – Gritou Koun emotivo, mas Pithon fez um sinal para Koun parar de gritar. Pithon tinha outra demanda.

– A gente quer que você desmonte os Boinas Brancas. Já não basta não termos nossa terra, o Caetera e os soldados dele usam toda oportunidade pra invadir o pouco canto de nuvem que você deixa a gente habitar.

– Desculpe Pithon, pelos que eu sei não temos shandias mortos em conflitos com os Boinas Brancas já tem quatro anos.

– Tivemos 3 mortos no incêndio do ano passado.

– Não fomos nós que começamos o acidente, a gente mandou gente pra salvar os shandias e evitar uma tragédia maior. – Gan Fall estava confuso com a acusação, e conforme Pithon olhava no olho de Gan Fall e via a confusão, ele se desapontava.

– Tivemos acidentes demais desde que Caetera assumiu como comandante. Tivemos um acidente de envenenamento usado como pretexto pra destruir nossas hortas. Tivemos um incêndio que destruiu nossas armas. Tivemos um ataque de animais bem no dia de uma festa cultural. Vocês estão atacando qualquer oportunidade de formarmos nossa comunidade, disfarçando de acidente, e lavando as mãos falando que não mataram ninguém. – Disse Pithon

– Até porque mataram. – Completou Koun.

– Então o recado é que a gente não é estúpido e sabemos o que você faz, e se você não sabe o que é feito em seu nome, então toma jeito e aprende a ser Deus, mas não importa. Enquanto os Boinas Brancas estiverem ativos e entrarem em nosso território a gente está em guerra declarada, não vai ter trégua.

– Pithon, eu sinto muito pela sua horta, mas a gente não pode confiar...

– Mas nós temos que confiar que vocês não vão envenenar nossa comida toda vez que vocês plantam ela com as técnicas que aprenderam da gente na nossa terra! Mesmo que sejam vocês matando a gente.

– Vocês já mataram muitas pessoas do céu.

– Quer fazer a conta, velho? Ver quem matou mais?

A tensão era enorme, mas a gritaria foi interrompida pelo som que Pithon mais odiava ouvir em todo o céu, o de bengala batendo no chão enquanto Caetera caminhava. Quase meia noite e lá estava o filho da mãe fazendo hora extra.

– Relaxem, eu prometi pro Gan Fall quando assumi o cargo jamais matar um shandia. Para não escalar a tensão, embora pareça que a paranoia da sua gente faz as tensões escalarem sozinhas, não é mesmo? – O sorriso de Caetera era cínico e perverso. Como se ele tivesse passado cinco anos testando a paciência dos shandias até Gan Fall não ter alternativa a não ser autorizar o uso de força. Ele olhava com orgulho o homem que outrora foi um agricultor fugindo de lutas, e agora estava com o saiote de guerreiro e uma bazuca nos braços. – Brinquedinho interessante essa bazuca nas suas costas. Conseguiu aonde?

– A Knock-Up-Stream trouxe pro céu dois anos atrás, e nós a modificamos pra funcionar com Dials.

– Então você se apossou de algo que não é seu porque a Knock-Up Stream trouxe pro céus, que coincidência não é mesmo?

– Não venha propor semelhanças aonde não existem, Caetera.

Caetera caminhou até o trono de Deus e se sentou bem ao lado de Gan Fall. Ele encarou os dois guerreiros.

– Eu acho que cabe a mim desarmar as tensões dos mal-entendidos dos últimos cinco anos, então que tal isso para nossos dois lados recuperarem alguma confiança entre si? Pithon, você gostaria de trabalhar nas nossas fazendas? Plantando lado ao lado do povo do céu, os vegetais que você quiser, no vearth que você tanto ama?

– O que eu plantar vai ser distribuído pro meu povo?

– Não seja tolo, são nossas fazendas, a gente vai trocar com os shandias como sempre fizemos. Mas você vai ser pago, 500.000 Extols por dia... o exato mesmo que pagamos qualquer pessoa do céu. O que acha Gan Fall, isso é além da minha autoridade, mas acha uma boa ideia?

– Você gostaria disso, Pithon? – Pergunta Gan Fall.

– De viver como um de vocês? Eu quero viver como um shandia! Deixe eu fazer a minha horta!

– E você Koun? Aceitaria entrar pros Boinas Brancas? Se você ficar um ano na organização, eu me aposento, e deixo você me suceder. Pois eu acho que talvez eu e Gan Fall estejamos de fato distantes da perspectiva de seu povo. Talvez vocês dois possam se filiar a nós e trazer perspectiva melhor do que fazer.

Aquela havia sido a gota da água, a propor pra Koun trair seu povo, e virar um dos soldados que patrulha as zonas shandias? Fazer Koun atear fogo na próxima horta de Pithon? Ele foi até Caetera e surrou o idoso, indiferente ao quanto ele estava desarmado e fraco. Os dois guardas de Gan Fall seguraram Koun, mas ele colocou sua mão direita no peito de um soldado, estava enfaixada. Pithon fica desesperado.

– Koun, não faça isso!

– REJECT!! – Grita Koun, e o guarda cai morto no chão. Gan Fall sua frio olhando aquele horror. O outro guarda enfia uma lança na barriga de Koun, e ele posiciona a mão no segundo guarda. – REJECT!!

Koun estava destruído, o dano colateral de dois rejects era mais do que ele suportava. Mas ele veio com uma missão, a missão de Pithon era destruir os Boinas Brancas, Koun até daria a vida por isso. Mas os boinas brancas não eram o problema, e isso era algo que Koun pensava, mas via ali com mais clareza do que nunca. Koun olhou pra Gan Fall, o velho que por anos não foi capaz de deter Kaden nem Caetera, que fica procurando soluções pacíficas sem nunca devolver a Upper Yard. Gan Fall era fraco, não tinha coragem de fazer a coisa certa, então não fazia nada e torcia pro conflito desescalar sem ter que corrigir o erro de seus ancestrais. Gan Fall não lutou a luta de seus ancestrais, nem a encerrou, ele era o problema.

Koun não ia usar um Reject em Gan Fall, ele toma a lança de um guarda, mas Gan Fall toma a lança de outro guarda e se defende, o Deus apesar de idoso tinha alguma noção de combate. Ele não ia se deixar morrer.

– Enquanto você estiver vivo Gan Fall, você vai deixar uma série de imbecis falarem por você, se eu matar Caetera, ele só vai ser substituído por alguém pior. E você vai continuar não conseguindo conter os excessos da força armada que você controla.

– Você precisa fazer sua parte pra atingir a paz. – Grita Gan Fall. – Quando um não quer, dois não brigam!

– Eu não quero paz, eu quero reparação, você não nos deu nada!! – Koun estava furioso de ver a passividade do Deus, e continuou tentando acertar Gan Fall com a lança, o velho só lutou na defensiva, sem revidar. Mas os danos de dois usos do reject lutavam no lugar de Gan Fall. Koun dá um chute na lança de Gan Fall que cai no chão e se prepara para acertar o velho desarmado.

Quando Koun olha quem sua lança acertou lá estava Caetera que se jogou na frente da lança. A lança atravessou a barriga de Caetera, mas o canalha sorria. Um sorriso cínico.

– Parabéns por declarar guerra, Koun. Duvido que meu substituto seja pacifista do jeito que eu sou. Não quando a história que circular for de que o antecessor dele foi assassinado desarmado. – O desgraçado não perdeu a compostura nem diante da morte.

Koun puxou sua lança de volta enquanto Caetera caia morto no chão. Gan Fall segura a lança novamente.

– Teve o suficiente, Koun? Ou quer mais? – Koun odiava como Gan Fall soava moralmente superior. Mas ele enfim havia perdido sangue o suficiente pro golpe que levou do guarda. Koun cai no chão. Aquele dia tomou demais dele.

– Eu tive o suficiente por hoje Gan Fall – Diz Pithon, carregando o corpo inconsciente de Koun. – Escolha melhor o sucessor dele, pois eu vou voltar.

– Eu não quero começar uma guerra, vocês começaram.

– A guerra começou 400 anos atrás, você só conseguiu uma pequena trégua. E não foi capaz de honrá-la.

Pithon caminhou pra longe e deixou Gan Fall pra trás com seus mortos. Gan Fall não sabia o que fazer, a fúria de Koun perante a sugestão de Caetera não fazia sentido para ele. Ele só não entendia.

Quando Pithon chegou na aldeia shandia, Koun estava morto pela sequela de dois usos consecutivos do reject dial.

– Tolo, por que usar a reject desse jeito imprudente? – Perguntou o chefe dos shandias.

– A reject nos dá o poder de descarregar nossa raiva. E muitos de nós estamos acumulando muita raiva. – Respondeu Pithon. – Chefe, eu me arrependo de cinco anos atrás não ter aceitado o manto de sucessor. Dessa vez eu aceitarei, eu quero tatuar as cinzas de Koun em mim. Nosso ataque de hoje abalou a moral de Gan Fall, se aparecermos semana que vem com um exército ele não terá se reestabelecido e...

– Pai! – Interrompeu Wiper, que tinha já 12 anos. Ele se tornou muito mais alto e muito mais forte nos últimos cinco anos. Já havia começado a fumar e treinava todo dia pra começar a ir pro campo de batalha. Koun ensinou tudo o que sabia. – Eu vou tatuar as cinzas de Koun, ele me treinou por anos sabendo que eu ia sucedê-lo. Ele segurou as pontas temporariamente sabendo que devolveria a missão aos descendentes de Calgara.

– Wiper...

– Pai! Você não estava errado cinco anos atrás. Eu vou liderar os guerreiros, e a gente vai tomar o Upper Yard de volta e você vai poder ser um agricultor, é esse seu sonho, você não precisa sacrificá-lo. – Diz Wiper com convicção, ele havia crescido demais desde que a horta de Pithon pegou fogo. Pithon abraça o filho com orgulho. – Essa tatuagem é um compromisso pra vida toda, pai. Você não precisa se comprometer a vida toda, pois quando vencermos a guerra, você vai cuidar das suas plantas.


Seis anos antes do arco G-8, Wiper tinha 16 anos, agora todo o lado esquerdo do seu peito era coberto pelas tatuagens feitas das cinzas de Koun, que marcavam ele como o líder dos guerreiros. Mas ainda não tinha tatuagens faciais. Ele dormia em sua tenda, ele sonhava somente com o campo de batalha e com a imensa pressão que era tirar Gan Fall do poder mesmo diante do poder dos guardas. Todas suas noites eram de pesadelo. Por isso quando ele é subitamente acordado ele levantou agressivo e viu que foi Laki quem o acordou.

– Wiper...

– Laki? Que horas são?

– Quatro da manhã...

– Aconteceu alguma coisa?

– Gan Fall não é mais deus de Skypiea....

 Wiper saiu de sua tenda e viu todos os shandias ao ar livre fazendo perguntas atrás de perguntas para o Chefe. Todo mundo em um misto de estarem grogues de sono, mas assustados. O Chefe não tinha respostas. Wiper acendeu um cigarro nervoso, ele queria respostas.

– A oportunidade de atacar é agora! Se Gan Fall perdeu o poder, vamos atacar o novo Deus antes dele ter tempo de se situar. – Gritou Pithon! – Isso tudo pode acabar hoje, se soubermos a hora de avançar! – Uma massa de guerreiros concordou com Pithon e ergueu suas armas aos céus.

– O novo Deus deve vir falar com a gente. É como o povo do céu sempre age, nós somos a grande questão com quem novos líderes devem lidar. Talvez possamos sentir o clima, se ele for um inimigo de Gan Fall pode ser nosso aliado. – Responde o Chefe.

– É um homem de fora!! – Grita a menor shandia presente na aldeia toda. Aisa tinha somente três anos e estava no colo de sua mãe, mas ela gritou alto e todo mundo olhou pra ela. Na aldeia todo mundo tinha uma voz e direito a falar, até mesmo as crianças. – Eu consigo ouvir o Homem na Upper Yard, ele não estava aqui ontem. Ele trouxe homens esquisitos. Eles todos vem de fora. – Aisa havia nascido com um poder esquisito chamado Mantra, que eles não sabiam por que ela tinha, mas sabiam que podiam confiar nela.

– Se é um estrangeiro, talvez de fato ele queira nossa ajuda, ele pode nos devolver a cidade de Shandora em troca de lutarmos contra os guardas de Skypiea. – Sugeriu o médico da aldeia.

Pithon pegou a sua bazuca, e vestiu seus patins. – Pois eu digo que a gente vai fazer uma missão de reconhecimento. Não vamos esperar pra ver o que acontece. Não vamos esperar o contato de Deus, nós vamos contatar o novo Deus e explicar pra ele como as coisas funcionam em NOSSA terra!! Quem for comigo me siga. – Wiper começou o movimento de vestir seus patins para seguir seu pai, mas mais rápido do que o pensamento podia processar, uma visão de horror sem precedentes dos shandias apareceu. Um raio enorme caiu dos céus e queimou o corpo de Pithon. Morte instantânea.

De uma hora pra outra, o homem enorme, e o mais forte dos shandias, que sobreviveu inúmeros ataques, estava morto por um raio. Eles nunca haviam visto nada assim. Nos céus havia um homem gordo flutuando em uma bola. Ele não era de Skypiea, ele tinha asas estranhas, nenhum shandia tinha visto ninguém assim.

– É um dos de fora. – Grita Aisa.

– Ho ho hoooooo, não desafiem o Deus Enel, essa terra agora é o direito divino de um Deus de verdade! Considerem esse o primeiro aviso. Não invadam nossa terra, não desafiem o Deus Enel. Deus Enel vê tudo. – Disse o homem redondo flutuando na bola estranha.

O homem voando em uma bola esquisita voou de volta para a Upper Yard deixando somente o choque da novidade. Wiper decide então tomar a palavra, ele vai até o centro da multidão onde estava o chefe e declara.

– Nada mudou! Seja Gan Fall ou esse tal de Enel, quem acha motivos pra tomar nossa terra é o inimigo. Nosso objetivo é o mesmo. Vamos reascender a luz de Shandora! Vamos honrar nossos ancestrais! Qualquer um que se diga dono da nossa terra é o inimigo!

O clamor de aprovação do discurso de Wiper assustou Laki que estava arrasada com tudo o que estava acontecendo, Laki tinha medo que se Wiper pensasse demais igual o pai dela, terminaria com o mesmo destino que o pai dela, mas Wiper conseguiu unir todo mundo ali em uma ideia central.

Wiper então se dirigiu ao médico dos shandia e falou.

– Eu quero tatuar as cinzas de meu pai também. Ao redor dos meus olhos.

– Mas Wiper, a tradição diz que você deve tatuar as cinzas do líder dos guerreiros.

– E meu pai foi! Do jeito dele! O Guerreiro Calgara salvou vidas ignorando algumas tradições, não foi?

A Burn Bazooka de Pithon, e a Reject Dial de Koun. As tatuagens no tronco das cinzas de Koun e as tatuagens faciais das cinzas de Pithon. Os dois líderes dos guerreiros shandia, um deles queria o posto, mas o outro queria paz. Mas a paz só pode ser atingida depois que se venceu a guerra... Wiper precisava vencer a guerra, pois enquanto a guerra não for vencida, a paz é somente uma trégua, e ela pode desaparecer em um piscar de olhos. Um dia Wiper teria um filho, e tudo o que ele não quer pro seu filho é que ele tenha a missão de terminar sua guerra. Ele precisa saber que não tem guerra nenhuma no mundo pro seu filho crescer. Ela precisa se encerrar na sua geração pra ninguém tatuar suas cinzas.

É só assim que Wiper conseguirá trazer a paz.

Notes:

Pra mim o maior desafio do flashback foi descobrir o que eu faria com Gan Fall. O Oda nos apresentou o dilema em que ele era uma pessoa boa, bem intencionada e que tentou seu melhor, enquanto deixou claro o quanto é dele a responsabilidade por muitas das atrocidades que aconteceram com os shandias e que ele precisava trabalhar em uma redenção pessoal.

Talvez um dos personagens mais moralmente cinzas de One Piece, cujas contradições estão escondidas, pois seus maiores erros foram offscreen.

Quis bater na tecla então do líder que delega as decisões cruéis pra outra pessoa e se mantém ignorante das consequências. Pois é como eu imagino que de fato tenha sido, um homem que só acreditava estar fazendo seu melhor, pois se recusava a olhar de frente pros horrores que estava autorizando.

Chapter 13: Tentativa de fuga da Ilha-Fortaleza

Summary:

O bando do Chapéu de Palha todo se reúne no Going Merry, tudo está pronto para zarparem.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Faltavam quinze minutos para as cinco horas da tarde, e Drakon, Capitão da base G-8, estava nas docas de tocaia, escondido dentro do navio quebrado Stan Malley ele observava o Going Merry. Do lado de Drakon estava Mekao, que estava emburrado, ele era contra a missão, ele era contra usar o cais como armadilha, e ele era contra permitir que o Going Merry fosse pra água, mas ninguém perguntou o que ele achava, e ele estava é de costas, escondido, esperando a situação acabar.

A missão de Drakon era garantir que o navio zarpasse somente depois das seis da tarde, e garantisse que caso necessário, ele pudesse fazer os Piratas do Chapéu de Palha se atrasarem. Drakon preferia é afundar o navio ali mesmo, mas Jonathan tinha um plano, e Drakon queria ver qual a estratégia do Pescador, ele sentiu bem a confiança de que Jonathan havia bolado a armadilha que ia capturar o bando todo de uma vez.

Além de Drakon escondido no Stan Malley, havia um batalhão de marinheiros escondidos debaixo da água, 30 soldados armados respirando por longos snorkels, para emboscar o bando se necessário. Todos só esperando Drakon dar um sinal.

O primeiro a aparecer no Going Merry foi Wiper, que desceu em um escorregador gigante feito de pernas humanas, não que Drakon fosse capaz de reconhecer o shandia alado com o braço quebrado, uma bazuca nas costas e saia roxa. Ele estava carregando um vaso com tomates. Ele estava roubando as plantações do G-8. Se as plantas do G-8 estiverem a bordo, eles não vão poder afundar o navio.

Logo após Wiper, desceu  também escorregando em um escorregador gigante feito de pernas humanas, algo que fazia Drakon pensar “Trabalhar na Grand Line é isso aí, não é?”, Nami, que Drakon também não reconhecia. Mas ele havia sido informado que haveria uma pirata ruiva no bando. Ela estava abraçando um vaso também. De pimenta. E logo após vários outros vasos foram escorregando do escorregador. Wiper e Nami organizaram os vasos na popa do navio, três tangerineiras e quatro vasos roubados da base. Ainda desceram pelo escorregador um saco de roupas, uma caixa de livros e por último Nico Robin, que Drakon percebeu que era a Inspetora Shepherd. Ele estava confuso, pois ele viu com os próprios olhos Condoriano manipulá-lo pra fugir da prisão. O narigudo também tentou fingir que era o inspetor, será que todos os piratas fingiram que eram o inspetor?

Após pousar no Going Merry o tobogã de pernas se desfez em pétalas de flor, e Nico Robin ficou uns minutos no quarto das mulheres até voltar sem seu disfarce de Inspetora, ela estava usando roupas mais típicas de si mesma com uma calça jeans e uma blusa vinho. Mas sem seu chapéu de vaqueira, a verdade é que ela procurou e procurou, mas não encontrou seu chapéu na base, não estava guardado junto das roupas. Ela pega a roupa de Inspetora e joga no chão do cais.

– Isso aqui eu posso devolver. – Diz ela rindo.

Ao mesmo tempo que as roupas de inspetora eram jogadas no chão, entravam no caís descendo as escadas normais, Luffy, Usopp e Zoro, Zoro arrastando um carrinho com canhões, bolas de canhão, munição e um saco de ouro. Nami reparou que Luffy e o ouro estavam ali, mas não Sanji.

– Cadê o Sanji?

– Ficou pra trás, ele vai enfrentar a cozinheira-chefe da base ou coisa assim.

Nami e Robin arregalaram os olhos: – Ele vai lutar contra uma mulher?

– O quão bonita ela é? – Perguntou Nami preocupada com a vida de Sanji.

– Podemos todos agir contando com a possibilidade de ele não voltar. – Comentou Zoro.

– Ele vai voltar sim, a Dona Jéssica não vai conseguir fazer nada com ele não. – Respondeu Luffy confiante.


Montag, o último marinheiro que acompanhava Jéssica ainda de pé, tinha Sanji na mira, o pirata estava tendo facilidade em se esquivar do fogo dos lança-chamas, mas Montag enfim conseguiu pegar Sanji de jeito e estava convicto que ia conseguir carboniza-lo vivo. Ledo engano, pois a velocidade com que Sanji rodopiava no chão dispersava as chamas. O redemoinho humano que era Sanji se aproxima de Montag, até com um chute no lança-chamas manda-lo pro teto desarmando o marinheiro.

– ANTI MANNER KICK COURSE – Gritou Sanji dando um único chute pra cima que acertou bem no peito de Montag que caiu desmaiado no chão junto a todos os demais marinheiros do batalhão 8, deixando Jéssica olhando assustada. Ela desesperada pega um dos lança-chamas no chão com medo nos olhos.

– Eu não vou lutar com você Senhorita Jéssica. Eu nunca atacaria uma mulher, não importa o que.

– Ah sim, claro. Encontramos um pirata cavalheiro sim, até parece. – Respondeu Jéssica com sarcasmo. – Como se vocês tivessem códigos...

Sanji se sentou no chão ignorando Jéssica. Ele tirou do bolso um pedaço de papel e uma caneta, e começou a escrever.

– Seu bando é todo assim também? Ninguém ali bate em mulher? Quando minha vila foi atacada, mulheres não foram poupadas. Vocês são a exceção?

Sanji estava sério escrevendo, fingindo que não escutava. Ele virou o papel e começou a escrever no verso. E quando acabou entregou o papel pra Jéssica. Ela largou o lança-chamas pra ler, e notou que era uma receita.

– Eu prometi pro Peppy que ia passar a receita do molho que fiz hoje, eu não acho que vou encontrar ele antes de ir embora, então entregue pra ele por favor.... Ele é um bom cozinheiro, vocês todos são, me diverti na sua cozinha por um dia... antes de eu virar pirata eu passei dez anos trabalhando em um restaurante. Foi o dono desse restaurante que me disse pra jamais bater em uma mulher, meus companheiros não têm essa restrição, por isso eu não queria que eles ficassem aqui, caso você quisesse continuar a lutar depois dos brutamontes caírem.

– Que tipo de restaurante era?

– O dono era um ex-pirata, você ia odiar. Eu e ele passamos fome por três meses juntos e juramos que íamos fazer um restaurante que alimentasse todo mundo. Que ninguém merecia passar fome. Ele abandonou a pirataria pra abrir o restaurante e eu virei aprendiz dele.

– E por causa dele alguém com seu talento resolveu virar pirata?

– Não... eu virei pirata pra encontrar o All Blue. Vamos conquistar a Grand Line e encontrar esse mar. Você conhece o All Blue.

– Conheço. É só uma lenda. Um mar mitológico que não existe, pra gente imaginar.

Sanji se levantou, deu uns tapas nas suas roupas pra tirar a poeira. Ele jogou a bituca de seu cigarro na lixeira na parede da base e acendeu outro em seguida.

– Então você continua aqui, cozinhando pros marinheiros e eu vou seguir em frente atrás dos meus sonhos. Se nos encontrarmos em alto mar de novo, adoraria cozinhar junto de uma cozinheira linda que nem você de novo.

– Vai paquerar as suas, seu pirata! Eu sou casada! – Jéssica não foi atrás de Sanji, ele de fato não queria brigar com ela, ela não sentiu espírito de luta nele. Ela estava humilhada. Jéssica se focou no que era produtivo e foi até Kobato pedir ajuda com o batalhão oito. Mas no caminho pra enfermaria ela viu um pirata enorme e peludo ameaçando a Dra Kobato. “É... o resto da tripulação dele definitivamente machuca mulheres. Talvez eu tenha dado sorte dele ter me deixado ir embora.”


Wiper estava ajudando Usopp a amarrar os canhões de volta no navio, e ensinando os nós corretos para Wiper mantê-los bem presos, quando atrás dos dois surge Luffy sorridente.

– Aê Wiper, valeu por mais cedo, era capaz de eu ter sido preso ali mesmo.

– Que bom que você escapou... aquele sujeito ali... eu não venço ele fácil não. Só consegui fugir.

– É. Nem eu, aquele sujeito é forte. Eu senti quando tentei socar ele. – O que tanto Luffy quanto Wiper não sabiam é que Jonathan é considerado um homem fraco para um Vice-Almirante, mas a distinção de dominar Haki e técnicas do Rokushiki mostravam a barreira que nenhum dos dois tinha passado ainda.

– É claro que ele é forte idiotas! O Vice-Almirante é a segunda maior patente da Marinha! São os sujeitos que comandam as bases, a gente não vai achar ninguém mais forte que eles fora de Marineford!! – Grita Usopp.

– Terceira maior patente, narigudo. – Eles ouviram a voz de Robin, que não estavam no quartinho com o canhão, mas no convés do navio e conseguia ouvir tudo. – A gente encontra ainda uma patente maior que vice-almirante que saem de Marineford às vezes... se o Luffy continuar na jornada, eventualmente ele pode encontrar um almirante. – Usopp suou frio com a informação como se tivesse escutado algo assustador. Ele não fazia ideia do que era esse tal de almirantes, ele só ouvia no máximo histórias sobre vice-almirantes.

Nesse momento Usopp se lembrou, e então ele mostrou pra Luffy uma das aranhas que ele pegou, que ainda estavam dentro de sua bandana. Os olhos de Luffy brilharam vendo o aracnídeo, e Wiper olhou cauteloso.

– Essa espécie é nativa daqui? Tem certeza de que não tem veneno?

– Ela não me picou nem nada.

– Não se pode vacilar, você devia estudar melhor que tipo de aranha é essa.

As duas aranhas voltaram para bandana de Usopp onde se sentiam protegidas, e os três saíram do quartinho dos canhões e voltaram ao convés, onde viram Sanji chegar correndo. Sanji tomou velocidade e pulou até o convés do Going Merry.

– Já tá todo mundo aqui? – Perguntou Sanji.

– Falta o Chopper... – Respondeu Luffy.

– Ih, eu não vi o Chopper o dia inteiro gente. – Comentou Usopp.

– Aonde o doutor estará? – Perguntou Robin.

– Gente.... – Nami chamou a atenção de todos para falar. – Essa manhã chegou um navio acidentado aqui na base, cheio de marinheiros feridos, e o Chopper se comprometeu a cuidar de todos. Mesmo se isso tomar o dia inteiro.

– Nós vamos ficar o dia inteiro esperando ele, pois ele quer cuidar de soldados da marinha? – Perguntou Zoro.

– Ele disse que em caso de emergência a gente deveria sair sem ele..... mas....

– Sem mas! – Gritou Luffy. – A gente vai esperar o Chopper! Quero ver o bigodudo impedir a gente! Se nosso médico tem algo que ele quer fazer aqui, a gente espera!

Wiper gostou da firmeza de Luffy, e os demais se sentaram no convés, o barco já estava pronto. Os canhões instalados, o saco de ouro no quarto das mulheres. A horta estava posicionada na popa. As roupas eles redistribuiriam quando o navio zarpasse.

Drakon observava do Stan Malley. Ele contava sete piratas, mas Jonathan disse que eles deveriam ser oito, faltava um só... será que era o Condoriano? Mas o navio estava pronto para zarpar. Ainda faltava meia hora pra hora que eles deveriam zarpar pelo plano. A hora de atacar deveria ser agora, se o plano fosse fazer eles perderem tempo. Deixa o oitavo pirata chegar no meio de uma luta em vez de encontrar tudo pronto. Deixe o Condoriano chegar e ver se deparar com o Capitão Drakon.

Drakon jogou uma pedra na água, e o sinal foi dado. Os 30 homens do 5º Batalhão saíram da água com espingardas apontadas para o Going Merry, cercando completamente o barco. Um deles disparou um tiro que tirou uma lasca do chifre do bode na proa do Merry.

 – Vocês estão completamente cercados, desçam todos do navio ou vamos disparar. – Luffy era a prova de balas, Sanji, Zoro e Robin podiam se virar, mas trinta rajadas de tiros por todos os lados ainda podia ser mais do que Nami e Usopp aguentavam. E especialmente o navio, que não podia receber mais danos do que já tinha. Mas o bando não fez essa reflexão.

– Usopp!! Você queria muito pegar os canhões de volta né? Acho que é a sua chance de usar. – Comentou Zoro. E Usopp correu pra sala do canhão.

Drakon saiu então do Stan Malley transformado em Carangueijo-dos-Coqueiros, um homem imponente. Ele disparou com sua bazuca de bala canhão e pela quarta vez nesse dia, Luffy se via preso em uma rede feita de kairouseki. 

– Ih, esse cara dá trabalho! – Comentou Sanji.

– Só se for pra você. – Respondeu Zoro desembainhando sua espada. – Acabo com esse siri em um minuto.

 Zoro colocou a Wado Ichimonji na sua boca e com uma espada em cada mão ele pulou em direção a Drakon, mas um dos atiradores atirou na direção de Zoro e acertou seu braço. Zoro fingiu que nada aconteceu, mas parou de avançar.

– Não vão lutar justo, é assim?

– Não confunda as coisas, não viemos te desafiar para um duelo, somos uma frota da marinha prendendo um bando pirata, qualquer resistência será punida.

– TREINTA FLEUR – Grita Robin plantando um braço em cada marinheiro, pra desarmá-los, mas um marinheiro não é pego de surpresa, e atirou na mão de Robin, os braços se desfazem em pétalas antes dela atacar, e o mesmo marinheiro atira na outra mão de Robin. Sanji ficou furioso e fez posição de mergulho pra ir pra água acabar com os atiradores, ele também leva um tiro no ombro.

– Não estamos querendo matar vocês, queremos que se entreguem sem resistir. Vocês estão em uma base da Marinha, cercados por uma parede de pedra e por uma porta de ferro, na mira de 30 espingardas em um barco caindo aos pedaços. Tiveram sua brincadeira, mas agora é a hora de admitir a derrota.

O discurso de Drakon é interrompido quando uma bala de canhão acerta a formação de marinheiros fazendo um grande SPLASH, que jogou água por todo o cais. Zoro aproveita a brecha para atacar Drakon, que segura a Yubashiri e a Terceira Kitetsu cada uma com uma de suas pinças de caranguejo.

– A pressão das pinças é forte, se não soltar as espadas, elas vão quebrar. Zoro virou o próprio pescoço e fez um corte no rosto de Drakon. Cordou da orelha esquerda até a boca.

– Quem está com as mãos presas é você, sirizinho, eu ainda posso atacar. – Disse Zoro sorrindo.

– PAREM TUDO!!! – Uma voz interrompe a linha de pensamento de todos, Zoro, Drakon, o resto do bando e os marinheiros todos olham pra entrada do cais onde está de pé uma criatura enorme, e peluda, um humano que mais parece um gorila com focinho azul, com uma grande caixa de remédios presas nas suas costas como se fosse uma mochila, segurando a Dra Kobato como se fosse o King Kong e com um bisturi na mão. – Eu tenho uma refém! Deixem nosso bando ir ou vocês vão perder a única médica da sua base!!

O oitavo tripulante não era Condoriano, era o médico misterioso, Drakon tinha esquecido dele, ele estava bravo consigo mesmo que deixou Kobato falar grosso e no fim suas suspeitas estavam corretas, a ala médica estava em perigo.

– Solte a Kobato agora senão....

– Bohahahaha, você vai pagar pra ver o que eu faço seu inseto? – Chopper estava se esforçando pra fazer a melhor interpretação de vilão que sua imaginação de criança permitia.

– Por favor, não provoque ele, Capitão, eu estou com medo. – Seguiu Kobato tentando interpretar a donzela em perigo.

Vendo a situação Nami sorri, ela entende na hora que Kobato estava ajudando Chopper. Todos entendem que Chopper e a médica estavam trabalhando juntos.

– Melhor ouvir nosso companheiro, Siri, quando ele perde o controle ninguém do bando ganha dele. – Disse Zoro pra Drakon tirando vantagem da situação.

– Pô Chopper. Você não era assim. Que golpe baixo tomar refém. Estou desapontado. – Luffy não estava entrando no teatro, ele de fato achava que Chopper havia virado um vilão naquela tarde.

Drakon solta as espadas de Zoro. Ele levanta as mãos. O Vice-Almirante Jonathan disse que eles iam fazer um refém.... tem algo que ele não consegue prever?

– Ok homens, parem os ataques, não podemos arriscar a vida de Kobato. Piratas jogam sujo mesmo.

– Ei, ei, quem é que disse que não estava aqui pra um duelo?

Chopper caminha em direção ao Going Merry, mas se depara com Mekao com o mesmo pedaço de pau que ele acertou nas costas de Victor Vine uma hora antes.

– Você solte a minha filha seu maldito!!

– Papai, não, não provoque ele.

Chopper não sabia o que fazer, ele não ia atacar o pai de Kobato. Mas precisava continuar no personagem.

– Bohahahaha, você não é capaz de me deter. – No que Chopper falou isso Mekao deu uma paulada na canela dele que doeu horrores. – Ok, quer saber? Você é um refém também, você vem comigo. – Chopper agarrou Mekao em seu outro braço, e subiu no Going Merry com os dois. Após falar Chopper cochichou pra Kobato “ninguém vai machucar seu pai.” Kobato confiava na gentileza de Chopper.

Drakon pegou um mini den den mushi e telefona pra Jonathan.

– Vice-Almirante, os piratas do Chapéu de Palha estão todos reunidos. O navio deve zarpar a qualquer minuto. Eles tomaram Kobato e Mekao de reféns, estamos de mãos atadas.

 – Eles estão quinze minutos adiantados. Mas tá ok, vai dar tudo certo. Tudo segue de acordo com o plano, obrigado Capitão, você fez seu melhor.

– Vice-Almirante, com todo o respeito, eu não estou conseguindo ver você no controle dessa situação. Se você não abrir a porta pra eles, eles vão matar a Kobato.

– Relaxa, a Kobato está bem. E a porta não vai abrir. Mantenha o quinto batalhão pronto para atirar caso as coisas saiam do controle, mas está tudo certo.

Jonathan desligou o Den Den Mushi, ele abriu a janela e pensou consigo mesmo: “o importante será fazer uma boa performance.”

Ele ouve a porta abrir, sem bater, isso significava que só podia ser uma pessoa, ele se virou e viu Jéssica sem um arranhão. E abraçou ela.

– Drakon me falou que o cozinheiro chegou ao cais... que bom que você está bem. Tive medo que ele tivesse te machucado pra escapar.

– Está tudo bem. Desculpa não ter detido ele.

– Está tudo bem, de lá pra cá o plano mudou. Pode confiar querida, essa noite o cozinheiro vai dormir na prisão. Ele e quase todo o bando.

– Quase todo? – Jéssica conhecia Jonathan bem, pra saber que ele estava pensando em algo maluco. O que ele queria?

Notes:

Uma coisa que me deixa bolado é que o chapéu de vaqueira parecia um item tão fundamental da identidade visual da Robin e jamais foi usado depois de Skypiea. Sempre me perguntei porque ela desencanou de usar chapéu. Então quis inserir aqui na brincadeira a ideia de que ela perdeu seu chapéu no G-8. Agora já era, o chapéu pertence a Marinha.

Chapter 14: Wiper vs Jonathan

Summary:

Com o Going Merry nas águas de Navarone, ele ainda não consegue escapar, pois Jonathan controla todos os navios que entram e saem, e Wiper decide fazer Jonathan abrir a porta, sob o risco de ficar pra trás.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Eram quase seis horas da tarde quando o Capitão Maynard entrou na sala do Vice-Almirante Jonathan para enfim se apresentar para o comandante da base.

– Vice-Almirante Jonathan, muito prazer, sou o Capitão Maynard, Capitão do Stan Malley e não tenho palavras pra agradecer por ter permitido que meu navio entrasse na sua base e meus homens fossem socorridos, mesmo vocês passando por uma crise.

– Tá tudo bem Capitão, pode relaxar. Fico feliz de te ver de pé e com disposição, pois eu lamento muito pedir isso algumas horas depois de você sair de uma cirurgia, mas por causa da crise eu vou te por pra trabalhar. – Respondeu o sorridente Vice-Almirante Jonathan. Jéssica observava de uma cadeira a interação dos dois. – Capitão Maynard, eu ouvi falar que você é um excelente nadador, isso é verdade?

– Sim senhor. Um dos melhores. – Isso tanto era verdade que o uniforme de Maynard era meramente o sobretudo escrito justiça nas costas e uma sunga, pois ele tinha a expectativa de precisar pular no mar a qualquer momento. – Consigo resgatar qualquer homem se afogando, qualquer item que caiu na água, minha tropa não deixa nada pra trás.

– Ótimo. Quero que você olhe pela minha janela agora, e veja se você acha que consegue pular daqui pro mar sem problemas. Pode ser honesto, se não der eu bolo outra ideia.

Maynard olhou bem para a janela, na sala que ficava no terceiro andar da base, e sorriu. – Pode dar as ordens, Vice-Almirante.


As velas do Going Merry estavam abaixadas, a âncora estava levantada, e a corda que prendia o barco ao cais estava desamarrada. O navio entrou no mar de Navarone rumo a porta de ferro que separava a ilha do resto da Grand Line. Zoro estava no leme do barco, enquanto Chopper introduzia Kobato ao bando. Sanji não precisava de introduções pra saber que ela era uma presença especial e precisava de conforto, um drinque, um travesseiro. Ao lado dela estava Mekao que havia ouvido a explicação de Kobato, mas não aceitou a ideia de se fingir de refém.

– Então, vocês definitivamente não podem escapar daqui.

– Ih tiozinho, vai seguir insistindo nisso, a gente é pirata, não pode ficar com a marinha! – Respondeu Luffy.

– Então roubem um barco melhor. Esse aqui não serve pra vocês serem piratas.

– Ei, sem ofender o Merry, tio. Você tava todo impressionado com ele mais cedo. – Gritou Usopp.

– Eu não tinha visto um detalhe importante. Esse navio não presta mais. Se vocês saírem dessa ilha nesse barco, vocês vão morrer, e será minha responsabilidade por não ter impedido vocês. Se querem fugir que roubem outro barco.

– Pai, a gente tem que ajudar eles a fugirem, eu devo muito a eles.

– Então não deixe eles morrerem assim.

– Eu não sei do que o velho tá falando. O Merry tá flutuando, não tá? Qualquer coisa a gente repara tudo na próxima ilha. – Comentou Zoro, dando umas pisadas fortes no chão pra mostrar que o Merry tava firme.

– Eu não vou largar o Merry na base da marinha! Ponto final! – Gritou Luffy! – Mas e aí, qual é o plano com esses dois, Chopper? Eu não entendi direito.

– Se o Vice-Almirante Jonathan não abrir a porta pra gente, eles não voltam pra base. Simples. – Explicou Nami.

– Não é o contrário? Se ele não abrir a porta, esses dois ficam presos aqui dentro com a gente, aí ele mantém esses dois na base. – Respondeu Luffy.

– Não Luffy! Ele quer esses dois sãos e salvos e trabalhando, se eles ficarem presos num navio pirata, a gente pode machucar eles.

– A gente vai machucar eles?? – Luffy assustou com a informação. – Que horror. O Chopper tava explicando que é tudo gente boa.

– Não. A Kobato é nossa amiga e tá nos ajudando a enganar o Vice-Almirante.

– É isso, Sr. Luffy. Se não fossem vocês chegando aqui eu não conseguiria salvar os soldados, e se não fosse o Dr. Chopper eu não ia ter aprendido tanto. Estou pagando o favor de volta. – Luffy aceitou a explicação, o Chopper era maneiro mesmo.

Wiper estava fumando encostado no mastro, ele observa a base conforme o Going Merry se afastava da base em direção ao portão. Era uma construção formidável naquela montanha. Wiper encarou as janelas e reconheceu o Vice-Almirante olhando para o navio de sua janela. Uma inquietação bateu em Wiper. O Vice-Almirante estava vendo. Ele estava só olhando. Estava tudo fácil demais. Era uma armadilha.

– É uma armadilha! Isso tudo é uma armadilha!

– Qual é a armadilha? – Perguntou Robin.

– Eu não sei, mas ele está nos deixando ir. Olhem ele, observando. Ele está no controle da situação, estamos fazendo o que ele quer. É uma armadilha.

– Ele está de mãos atadas por causa dos reféns, Wiper, por isso não vai fazer nada. – Usopp tentou explicar, mas Wiper não ouviu.

O segredo era o olhar de Jonathan.  Wiper conhecia aqueles olhos, eram olhos de um homem no controle. Eram olhos de um homem que aparenta não estar fazendo nada, mas é só porque todo mundo está fazendo o que ele quer que se faça. Eram os olhos de Caetera, Wiper viu no olhar de Jonathan a pior pessoa que já existiu na ilha do céu. Pessoas que usam a inteligência em vez da força, elas são parecidas.

– Ele não está de mãos atadas por causa dos reféns... a gente está exatamente aonde ele quer que a gente esteja. Isso é uma armadilha. Podemos morrer. Ele nunca vai abrir aquela porta. Eu não sei se ele tem um plano pros reféns, mas ele está no controle.

A expressão de Kobato era séria. Ela olhou para a expressão de Jonathan na janela.

– Talvez o amigo de vocês tenha razão. O Vice-Almirante Jonathan é chamado de O Pescador na Marinha. Ele sempre tem um plano.

– E a gente faz o que? Volta pro cais? Isso sim é uma armadilha, ir de cara com o caranguejo. A gente tem que dar um jeito de sair – Comentou Sanji.

– A gente vai! Eu vou abrir aquele portão! – Diz Wiper decidido, seus olhos pegando fogo, a adrenalina correndo seu corpo todo, ele se sentia igual estava três dias atrás, no céu, lutando até a morte. Essa sensação nunca realmente sai do corpo. – Chapéu de Palha! Eu preciso da sua ajuda!

Luffy escarou Wiper sério. Wiper encarou Luffy sério. Luffy olhou nos olhos do Wiper e entendeu tudo. Ele viu o guerreiro querendo uma revanche ali. Quando Luffy viu isso ele sorriu.

– Você disse que não dava conta. – Disse Luffy sorrindo, ele estava provocando a determinação de Wiper.

– Mas ele é quem está entre a gente e saída... consegue me mandar praquela sala?

Luffy jogou seus braços no mastro do navio, e segurou bem forte. – Ei Sanji, amarra minhas pernas no meu lugar favorito! Chopper, amarra meus braços.

Kobato e Mekao estavam boquiabertos com os poderes do fruto do diabo. Nami estava confusa. – O que vocês estão fazendo. Luffy o que é isso?

Mekao se levantou: – Parem vocês, se amarrarem ele nessa parte do mastro vai fazer pressão nos lugares errados e quebrar o mastro. É por isso que o navio de vocês chegou aqui no estado que chegou. – Ele instruiu Robin a ajuda-lo a reposicionar os braços de Luffy no mastro, e foi conferir a proa, na proa estava tudo bem.

– Usopp!!! – Luffy chamou por seu atirador, ele estava com o corpo todo esticado, do mastro a proa, sem encostar no chão, Wiper pulou bem em cima da barriga esticada de Luffy agachado como se fosse uma bola. E Usopp entendeu tudo.

– Eu não sou grande o bastante pra segurar você Wiper, Chopper, me dá uma mão aqui. – Chopper em sua Heavy Point segura Wiper. Wiper estava encolhido e estava parecendo uma bola, enquanto Luffy era um estilingue gigante. Chopper puxa o corpo de Wiper pra trás esticando Luffy, enquanto Usopp guia com precisão. – Vocês querem que ele entre pela janela, não é?

Usopp posicionou Chopper no ponto correto, Chopper andou até a beirada do navio, esticando o Luffy-Estilingue-Gigante com Wiper como munição, ia dar certo.

– Vocês são um grupo e tanto.... Obrigado por salvarem meu povo. Agora eu vou pagar o favor que eu devo, e se a gente se reencontrar no mar, eu juro que entro no seu bando. – Disse Wiper se despedindo de Luffy. Chopper solta o estilingue, e Wiper voa em direção ao terceiro andar do G-8, usando o milagroso poder do elástico que ele enfim sentiu em sua pele. Como a mira de Usopp é infalível, ele atravessa a janela e cai bem na sala de Jonathan, mal notando que na exata mesma hora alguém saltou pela mesma janela.

 Luffy estava se recompondo de ser usado como estilingue, com uma expressão confusa.

– ....o que ele quis dizer, com se a gente se reencontrar?


O Vice-Almirante Jonathan se esquivou da bola de estilingue humana que era Wiper que derrubou a mesa de Jonathan e espalhou toda a sua papelada.

– Ih, vai dar um trabalhão arrumar isso, mas pesquei exatamente o peixe que eu queria. Hachichichichi, não nos apresentamos na última vez, meu nome é Jonathan.

– Jonathan, tem um navio do lado de fora, e você vai abrir a porta pra eles passarem. E se você não abrir, você vai se arrepender. – Wiper passava uma energia agressiva e furiosa. Jonathan sentiu. Jéssica sentiu, ela se levantou pra sair da sala, mas Wiper apontou a bazuca até ela.

– Você fica aqui! Eu senti que o Jonathan não está muito assustado com os reféns no navio, talvez ele fique assustado se você estiver aqui! – Wiper olhava firme pra Jéssica. Completamente focado nela e de costas pra Jonathan. Jonathan tenta desarmar Wiper atacando pelas costas, mas Wiper deu um salto pra frente antes, correu até Jéssica e a segurou pelos braços na frente de Jonathan.

Porém para a surpresa de Wiper, Jéssica deu um golpe de judô que derrubou Wiper no chão na hora. Jéssica se virou pra Wiper para dizer: – O cozinheiro do seu bando tem mais honra que você. – E saiu correndo pela porta, deixando os dois sozinhos. Jonathan chorou de rir.

– Hachichichichi, ela é maravilhosa, não é? Todos os membros da base são treinados em como sair de posições de ameaça para evitar serem feitos de refém, que é o motivo pelo qual eu sei que Kobato está se fingindo de refém pois fez amizade com o seu médico. Isso e porque o médico do seu bando é a única pessoa na base capaz de fazer a cirurgia que precisávamos. Posso saber seu nome, homem do céu? – Perguntou Jonathan transmitindo completa calma. Ele estende a mão pra ajudar Wiper a se levantar.

– Os homens do céu lutaram do outro lado na Guerra do Céu, matei vários deles! Eu sou Wiper, um guerreiro shandia. – Wiper não tomou a mão de Jonathan e se levantou sozinho e apontou uma bazuca para o Vice-Almirante.

– Ok, ok. Wiper. Apesar de você ter tentado ameaçar a minha esposa, quero começar dizendo que eu não quero te causar nenhum tipo de mal. Eu quero fazer uma proposta. Se junte à Marinha, e todos os seus companheiros saem daqui sãos e salvos. Eu abro a porta os Chapéu de Palha passam, tudo tranquilo.

– Você me quer.... no seu grupo? Não notei ninguém com asas nessa sua base, não soou um espaço pra mim nesse dia que eu estive aqui.

– É justamente, um espaço imperfeito porque falta você! A Marinha devia se diversificar, agora a gente tem alguns gigantes, mas deveríamos ter homens-peixe, deveríamos ter minks, e você. Pessoas de fora trazem grandes perspectivas que nos ajudam. Você me causou uma excelente impressão. Você me soa um soldado que lutou por justiça, o mundo precisa de gente que lute por justiça.

– Justiça... sei, de onde eu vim tava cheio de exércitos como os seus. Me diz aí Jonathan, você me garante que na Marinha eu jamais iria ter que atacar gente tentando recuperar sua terra roubada de volta.

– Você provavelmente iria em alguma missão assim uma hora. – Admitiu Jonathan. – Mas ao mesmo tempo piratas também roubam terras e atacam os moradores. Temos países como Wano, Foodvalten ou Iosis que foram completamente tomados por piratas, e alguém tem que enfrentar esses piratas e devolver a terra pro seu povo. Muitos piratas invadem ilhas e criam bases, e o trabalho da Marinha é devolver a terra pro seu povo...

Wiper encarou Jonathan, sentindo que estava ouvindo somente meia-verdades, mas Jonathan continuou.

– Não seus amigos, claro, eles não estão fazendo isso mas a jornada do Chapéu de Palha não é devolver a terra pra essa gente. Você quer esse tipo de justiça, não é? Eu te coloco nesse caminho. Eu posso mexer uns documentos falsos e te por pra começar como um Capitão, é o cargo que você simulou hoje, não? Você só continua amanhã que nem foi o dia de hoje e eu invento que eu te alistei e te vi crescer desde o começo.

– E Nico Robin?

– O que tem ela?

– Ela está sendo perseguida por vocês, não está. Ela entrou faz pouco tempo nesse bando, mas ela parece ter tido problemas com vocês a vida inteira. Ela me falou no céu dos inimigos que proíbem ela de estudar. São vocês, não são? Ela está saindo por aí roubando terras?

Jonathan parou e coçou a cabeça. – Ah, aí você quer uma história complicada...


No navio Kobato olhava preocupada para a janela, ela não conseguia ver direito o que acontecia, mas eles estavam só conversando. Parte do plano de ser refém era pra proteger os piratas e os marinheiros ao mesmo tempo, ela não queria que o Vice-Almirante Jonathan saísse machucado.

– Tá tudo bem ali em cima? Como é que esse amigo de vocês é? – Perguntou Kobato nervosa.

Os Chapéus de Palha se entreolharam pra responder, sabiam que Kobato queria ouvir que Wiper não mataria o Vice-Almirante, e nenhum deles queria confirmar suas suspeitas. Exceto Robin, que achava melhor ser direta e não ligava pra esse tipo de sensibilidade.

– Ele passou a vida inteira lutando, seu povo passou 400 anos sem conseguir paz. Ele é bravo, impiedoso e pragmático. Vai fazer o que for preciso pra abrir essa porta pra gente... lamento que você esteja envolvida nisso.

Não era o que Kobato queria ouvir. Mas eram piratas, o Dr. Chopper podia ter demonstrado gentileza, mas não tinha porque ela presumir isso de todo mundo do barco.

– Fica tranquila doutora, o Wiper não vai matar ninguém não.

– Como você sabe? Conhece ele faz quanto tempo?

– Conheço ele? Tem 4 dias. De lá pra cá ele tentou me matar duas vezes. – Luffy falava essas coisas, mas ele estava tranquilo e despreocupado. – Mas o Wiper sabe que o bigodão ali é treta, e ele não subiu ali em cima pra apanhar. Então ele subiu ali pra entender melhor as coisas. Aqui em baixo está sendo a maior confusão pra ele, mas ele vai se dar bem. Vocês ouviram? Ele aceitou entrar no bando.

Kobato ficou um pouco mais aliviada. O capitão parecia uma pessoa boa. Mekao segurou a mão dela. E então, em uma questão de instantes, Kobato e Mekao estavam dentro da água. Eles nem entenderam o que aconteceu. A velocidade com a que Maynard subiu no barco, agarrou os dois e saltou no mar foi tanta que foi mais rápido que a capacidade de qualquer um processar essa informação. Os Piratas do Chapéu de Palha olharam estranhando o homem que apareceu e levou os reféns deixando uma pequena poça de água no lugar. Mas deu tempo de Maynard olhar Chopper nos olhos e bater uma continência, embora Chopper mal tenha conseguido notar.

– O que foi isso?

– Cadê a Kobato? – Perguntou Chopper.

– Cadê o Tiozinho? – Perguntou Usopp.

– Então não temos mais reféns pra negociar, como é que a porta vai abrir? – Perguntou Sanji.

– Agora mais que nunca o Wiper vai ter que convencer o Vice-Almirante, Luffy você tem certeza de que ele não vence?

– Eles parecem estar só conversando ali em cima. Acha que ele vai negociar ser preso pra gente escapar?

– CALMA LÁ!! – Interrompeu Luffy. – Se ele for preso ele não sai com a gente. Aí a gente não sai também.

– Luffy, o Wiper subiu lá em cima pra ficar pra trás por nós. – Explicou Usopp.

– Como assim? Ele disse que ia entrar no bando.

– Caso a gente se reencontrasse no mar no futuro. Porque ele não vai voltar. – Explicou Zoro.

– Mas ele tá com a gente...

– Luffy, como você acha que ele vai voltar pro navio? Se ele não sabe nadar e estamos na água? – Com esse comentário Nami deu a facada final na conversa.

– O Wiper não sabe nadar? E vocês não tão fazendo nada? ZORO!!!

– Oi.

– Pega o Wiper de volta, eu não preciso que ele fique pra trás pra abrir a porta, a gente vai dar um jeito!! Eu não vou deixar ele pra trás! Eu estouro a porta no soco de precisar. – Luffy estava no seu modo determinado. Zoro sorriu.

– Pode deixar, Capitão!


Jonathan olhou pela janela, o sol estava se aproximando do horizonte e o céu ficava alaranjado, ele confirmou no seu relógio e eram seis da tarde e quinze minutos. O Going Merry estava bem próximo a porta, e Kobato e Mekao não estavam mais no barco.

– Seus reféns foram resgatados, Guerreiro Shandia. – Disse ele convidando Wiper a vir olhar junto. Wiper não respondeu, ele reforçou que sua bazuca estava apontada para Jonathan, que não levava a ameaça a sério. Wiper lembrava dele esquivando do tiro usando o mantra, mas precisava manter a ameaça.

– Certo... então sobre Nico Robin... até duas semanas atrás ela era a vice-presidente de uma organização que ia tomar o reino de Alabasta. Seus amigos aí detiveram o chefe dela e ela trocou de time. Mas antes de tentar roubar um país inteiro, ela fez parte de um grupo de traficantes de armas, ajudou muito pirata a invadir países ali. Antes disso ela fazia a segurança pra um grupo que fabricava drogas e distribuía pelo West Blue. Chegou a ser pirata antes disso. Ela teve uma vida complicada...

– Mas alguma dessas coisas é o motivo pelo qual vocês começaram a ir atrás dela? Ela disse que o país dela foi destruído pela guerra, você sabe quem lutou essa guerra?

– O país dela cometeu crimes demais....

– Então para de perder meu tempo e abre logo a porta. Você acha que eu estou blefando?

– Eu acho que você está curioso, e não quer avançar logo pra parte que a gente briga, pois sabe que eu posso te falar muito nessa negociação. Você quer entender no que você está se metendo andando com esses piratas.... – Jonathan faz um silêncio e se prepara para escutar. Um som forte de maneira se arrastando na pedra é ouvido. Jonathan ri. – Hachichichi, mas agora eu acho que a negociação mudou. Vem cá, eu sei que você quer me intimidar, mas você devia olhar a janela.

Jonathan olhou pela janela e lá estava, o Going Merry completamente encalhado. A maré havia descido com o pôr do sol e revelado como perto da porta de ferro havia um grande recife parte de pedra que a maré alta cobria, que encalhou o barco totalmente. Ele estava praticamente em terra firme agora.

Na ilha de Navarone existia esse fenômeno que é o Recife do Fim do dia, quando o sol está se pondo é a hora em que a maré da ilha diminui drasticamente por duas horas, parte do clima maluco da Grand Line, e o motivo pelo qual entre as 18h e as 20h, Jonathan não permite nenhum navio entrar ou sair, exceto em emergências. Pois uma recife de rochas perigoso se coloca no meio do caminho de navegação. O risco é o navio se chocar com as pedras normalmente, mas Jonathan achou que impacientes para que a porta se abrisse, eles deixariam o navio bem em cima das pedras, e agora ele encalhou, está em uma micro ilha de terra firme no meio do mar.

– Hachichichi, ok Wiper, agora a situação mudou! Tanto faz se eu vou abrir essa porta ou não! Você pode entrar pra Marinha e seus amigos vão ser presos, ou ser preso por mim e seus amigos vão ser mortos. Vocês tinham dois reféms? Eu tenho sete. Não sei que tipo de laço vocês formaram no céu, mas vai deixar os sete morrerem?

Wiper olhou pro barco nas rochas, todos estavam assustados. Ele podia ver Robin plantando alguns braços no casco pra tentar jogar o navio na água de novo. Usopp gritava em pânico. Nami estava medindo os ventos, ela estava tentando entender aquela maré. Todos estavam confusos. Mas Zoro não estava no navio... onde estaria Zoro?

Jonathan estende a mão para pegar o Den Den Mushi em sua mesa, mas Wiper chuta o caracol pra longe.

– Ei, cuidado, eles são seres vivos.

– Eu não vou entrar pra Marinha e você não vai dar ordens pra ninguém. Você queria coletar o ouro né? Por isso deu ordens pra ninguém afundar o navio. Agora seus homens não vão disparar sem você mandar e você está aqui.

Wiper dispara a Burn Bazooka contra Jonathan, mas como era o esperado, Jonathan desvia, deixando uma grande marca de queimadura na parede, onde estava pendurada uma foto de Jonathan apertando a mão de Sengoku. Agora queimada.

– Essa arma é fascinante, adorei ela e adorei as conchas. A tecnologia do céu é fascinante, e ela pode ajudar a impedir tantas injustiças. Você Wiper pode ser um herói.

Wiper seguia mirando a bazuca até Jonathan, ele estava tentando pensar em uma maneira de compensar o mantra de Jonathan. Mas seu fluxo de pensamento foi interrompido por um som estranho. Parece que algum tipo de lâmina estava batendo nas paredes da base. Jonathan nota também. Quando Jonathan e Wiper olham pra janela, havia um homem escalando a base ficando suas espadas na montanha. Zoro havia aparecido pra buscar Wiper. Ele consegue subir até a janela e tinha uma corda amarrada na cintura.

– Hey Wiper, o capitão não liga mais pra porta, ele te quer de volta no navio.


No Going Merry a súbita aparição de um enorme recife de rochas debaixo do barco estava deixando todos em pânico. Sanji tentou chutá-la, mas não deu em nada. Nami estava desesperada.

– Como pode a maré baixar nesse tanto do nada. Era essa a armadilha que Wiper viu? Ele sabia que a maré ia baixar bem agora?

– O Pescador de fato conseguiu nos levar direto pra rede. – Comentou Robin.

Usopp ouviu um som forte, um JOH que ressoou bem, e as aranhas em sua bandana ficaram agitadas. Elas desceram pelo seu corpo e correram até a proa no navio, Nami gritou quando viu as aranhas.

– Usopp! Você vai deixar essas coisas no navio?

As aranhas ficaram bem na proa olhando pra cima, e ouviram então pela segunda vez: JOH. Usopp olhou pro que as aranhas estavam olhando. Era o South Bird, bem em cima da parede onde ficava a porta de ferro, e ao lado dele deveria ter 40 outras aranhar iguais.

– Ele está juntando os animais da ilha? – Se perguntou Nami.

– Igualzinho fez em Jaya, mas pra quê?

O South Bird olhou o bando que o sequestrou e sorriu.

Notes:

E o motivo para eu ter escolhido Maynard dentre todos os marinheiros menores pra aparecer nesse arco, é porque eu sabia que ia querer um resgate aquático da Kobato, e Maynard passou o arco de Dressrosa inteiro usando somente uma sunga. O Oda queria dar a ele uma vibe de gladiador, algo mais Zangief, mas eu olhei e pensei "Ok, se o uniforme dele é uma roupa de banho ele tá pronto pra resgates aquáticos".

Feliz de enfim trazer o South Bird de volta, eu acho uma pena que ele só foi embora no anime e no mangá. Pensei com muito cuidado qual seria a contribuição do South Bird nesse arco e enfim ela começa.

Chapter 15: A grande rampa de água

Summary:

Apesar dos planos do Vice-Almirante Jonathan, a engenhosidade de Usopp, a sorte natural da tripulação, e a arrogância do Inspetor Shepherd permitem que os Piratas do Chapéu de Palha escapem de Navarone com sucesso.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Na cozinha da base G-8, os cozinheiros cozinhavam a todo vapor. Os Irmãos Marley estavam ali, como os lavadores de louça, se apresentar como um grande cozinheiro logo depois do Sanji convidou uma comparação que não favoreceu eles, e os cozinheiros do G-8 não se impressionaram. A cozinha pegava fogo, mesmo sem Sanji ou Jéssica.

– A Chefe Jéssica não tá aqui agora, mas a cozinha não pode parar, todo mundo dando seu melhor que o jantar tem que ser o melhor pro pessoal capturando os piratas. – Gritou um cozinheiro.

– Eu ouvi falar que eles estão escapando agora mesmo. Que tá o Vice-Almirante tentando segurar eles.

– Eu ouvi que eles vão escapar pois pegaram a Dra Kobato de refém.

– Piratas jogam sujo mesmo. Espero que a Kobato fique bem.

– Bom, se eles vão escapar ou ser presos vai ser decidido nos próximos minutos, e os homens que estão lá vão precisar de uma refeição que ponha tudo pra cima, não importa o resultado, depois desse estresse enorme. Especialmente a Dra Kobato.

A conversa dos cozinheiros foi interrompida com o som alto e forte de algo muito pesado se arrastando no chão de metal. Vinha de fora da cozinha. Peppy o cozinheiro abriu a porta pra ver o que era e viu ali um homem calvo, de cueca samba canção e uma regata rasgada, com um galo enorme na cabeça, arrastando uma bazuca enorme pelo chão. Ele parecia exausto. Peppy chama outros cozinheiros pra ver também.

– Nunca vi esse cara antes.

– Acha que é um dos Piratas do Chapéu de Palha?

– Ele está vestido como pirata. Mas não falaram que estavam todos na água já?

O homem, o Inspetor Shepherd no pior dia de sua vida, se virou para os cozinheiros e perguntou:

– Os piratas, estão no mar já? – Os cozinheiros fizeram que sim com a cabeça. – Eu não vou deixar eles escaparem, eu vou pegar eles. Nenhum deles vai sair vivo dessa base.


Roronoa Zoro estava encharcado, sentado na janela da sala do Vice-Almirante Jonathan e guardando as suas espadas.

– Vamos sair Wiper, o Luffy já tem um plano para derrubar a porta. – Era mentira, mas Zoro achou que isso ia ajudar Wiper a não hesitar.

– Derrubar a porta? Vocês acham o que? Que um canhão vai derrubar ela? – Questionou Jonathan.

– Ué, não é você o gênio? Então você que descubra o que nosso bando planejou.

Wiper é convencido, seu encontro com Jonathan havia sido improdutivo, ele se segurou em Zoro, pronto pra deixar a base.

– Wiper, essa é sua última chance. Pensa bem, ser um pirata, ser um marinheiro, no fim das contas você pode fazer as mesmas coisas. É uma questão de recursos, você pode ter uma base, o próprio navio, soldados.... – Era o último apelo de Jonathan. Wiper olhou sério em resposta.

– Eu não gosto das calças do seu uniforme.

Wiper se segurou nas costas de Zoro, e este saltou, mergulhando no mar de Navarone. A corda amarrada na cintura de Zoro começou a ser puxada por Chopper e Sanji enquanto Zoro nadava com Wiper nas costas. De sua janela o Vice-Almirante Jonathan observou tudo.

Jonathan pegou o Den Den Mushi e telefonou pro cais.

– Vice-Almirante Jonathan? – Atendeu Drakon.

– Capitão... eu quero que você embarque o Chronos e se aproxime do navio dos Piratas do Chapéu de Palha.

- O Chronos, aonde o inspetor de Mary Geois veio? Não quer um dos nossos navios?

– O Chronos tem um excelente canhão frontal, Capitão.

– Um canhão? Enfim, vamos afundar o navio do bode?

– Não... mas eu quero que você chegue perto e destrua o mastro do navio. Desse jeito ele não navegará mais.

– Pode deixar vice-almirante!

Jonathan desligou o telefone e começou a pensar. Eles estavam em uma sinuca, eles não poderiam escapar. E é nesse exato momento em que se Jonathan continuasse olhando pela janela ele veria as aranhas de Navarone fazendo algo que exigiria resposta imediata, mas esse foi o exato momento em que ele olhou pra trás, e viu o Capitão Maynard carregando Kobato e Mekao, inconscientes.

– Resgate realizado com sucesso, Vice-Almirante.

 – Muito obrigado Capitão. Eles estão bem?

– Inconscientes. Perderam a consciência no susto, não se afogaram, estão bem. Pelo visto eles de fato estavam ajudando os piratas... mas eu peço que não....

– Nenhum dos dois será punido por isso. Mekao é um bom mecânico, ele não precisa amar a marinha, eu gosto da maneira como ele trabalha. Sabe capitão, o trabalho de nós soldados é odiar os piratas, mas os mecânicos e médicos que cuidam das nossas bases, o trabalho deles é amar o que fazem. Venha, vamos por eles no sofá, para descansarem bem, o dia tá puxado pra todo mundo.

– Vice-Almirante, eu tenho que informar algo que eu confirmei no navio. O médico que me atendeu e salvou minha vida é o médico dos Chapéu de Palha.

– Claro que é. Que outro médico esteve nessa ilha agora? Foi uma grande sorte pra vocês essa invasão… está conflituoso de ter sido salvo por um pirata? Quer que o médico seja poupado?

– É só que… o trabalho dele não devia ser me matar?

– Se ele sentisse que o trabalho dele é matar os outros provavelmente não teria virado médico… a Kobato não odeia os piratas, o médico deles não odeia os marinheiros… pode acontecer. Ainda tenho um trabalho a fazer. Vou repetir, você quer que eu poupe o médico? Ele vai salvar o Chapéu de Palha da morte tanto quanto te salvou se ficar solto.

–  Ele fez o trabalho dele Vice-Almirante, e você tá fazendo o seu.

E com isso Jonathan não viu as teias que começaram a ser produzidas em frente ao Going Merry, se tivesse visto quem sabe como ele reagiria. Poderia ter dado tempo de mandar atacar as aranhas.


Na proa do Going Merry, as duas Aranhas-Pescadoras que vieram com Usopp começaram a compulsivamente produzir teia, conforme os comandos do South Bird, e do topo da parede que os separava do resto da Grand Line, tinham 40 aranhas fazendo o mesmo. Uma grande rede de teia descendo em direção ao mar. O South Bird sorria.

– O que essas aranhas estão fazendo? – Se perguntou Nami.

– Elas são Aranhas-Pescadoras. – Grita Chopper, enquanto continua a puxar Zoro e Wiper. – Elas são nativas dessa ilha, as teias dela são especiais, se você misturar qualquer líquido, a teia vai se transformar no líquido, mas manter a sua propriedade de fio por umas horas. Os médicos da base usam pra misturar o remédio na linha de sutura e fazer operações.

As aranhas continuavam produzindo teias, estavam já um terço do caminho em direção ao mar.

– Entendi.... a teia delas se mistura com a água do mar e elas criam um caminho pros peixes nadarem até elas e aí elas comem os peixes. – Deduziu Robin.

– Exatamente, eu vi uma delas fazer isso essa manhã. – Completou Sanji.

– E se um peixe pode nadar nas teias misturadas com água do mar.... – Nami estava empolgada.

– Um navio poderia navegar nessas teias se elas forem grandes o suficiente. – Continuou Usopp.

– JOOOOOOH – Concluiu o South Bird

– Ele disse “eu ainda quero que vocês se lasquem, mas preciso do navio de vocês pra sair dessa ilha. Eu é que não volto pra uma gaiola” – Traduziu Chopper.

As teias das aranhas já passaram da metade do caminho. 


O céu já estava completamente escuro, mas além da iluminação das estrelas e da lua, a Base G-8 ainda contém muitos pontos de luz e lâmpadas acesas. Eletricidade é um bem valioso nesse mundo e fontes de energia são raras, e a Base G-8 era gerada graças a um minério chamado ankin, o que não era privilégio de qualquer base da marinha. Mas Jonathan tinha um bom contato de compra com um fornecedor. As luzes se acenderam em toda a base, e os holofotes de luz foram jogados em cima do Going Merry encalhado em um recife de rochas.

Jonathan e Maynard foram até a janela da sala olhar a situação e ver o quão próximo estava Drakon a bordo do Chronos para um ataque. E são interrompidos por alguém entrando sem bater. Jonathan acreditou que era Jéssica, sua esposa, devido a falta de cerimônia, mas se virou e viu o estado lamentável do Inspetor Shepherd, que arrastava sua bazuca.

– Saia do caminho. – Disse o Inspetor de maneira arrogante enquanto arrastava sua bazuca em direção a janela.

– Eu não acho que tenhamos sido devidamente apresentados. Eu sou o Vice-Almirante Jonathan, e essa é a minha sala. Em que posso te ajudar?

– Eu sei quem você é. Você pode sair da minha frente que eu já estou por aqui com essa sua base. – Respondeu Shepherd fazendo o típico sinal da mão no pescoço para indicar que está cheio. – Você é uma vergonha para essa organização, que permitiu que um visitante de meu status fosse preso, criou uma prisão de onde os piratas escaparam, e está só olhando enquanto o navio deles está no mar. Mas eu não vou deixar esse bando sair daqui.

– Ok, estou reconhecendo o senhor, você é o pirata Condoriano, não é? O Capitão Drakon me disse que você tentou se passar por inspetor da marinha....

– Eu SOU um inspetor da Marinha, e você devia ter muito mais preocupações do que fazer piadinha agora.

– Estou percebendo que seus companheiros te deixaram pra trás, mas relaxa, como não tem uma recompensa pela sua cabeça, você não é minha prioridade hoje. – Zombou Jonathan.

Jonathan olhou pela janela e enfim reparou nas redes das aranhas-pescadoras, era uma teia grande e vasta, ela já estava em cima do recife de pedras, se as aranhas aumentassem essa teia mais, ela iria se conectar com o mar e formar uma rota. “Merda, isso é ruim, não é a hora desse palhaço entrar na minha sala se achando menino grande”.

– Bem, Condoriano, esse navio já está prestes a ser abatido, o Chronos está se aproximando e logo estarão na linha de tiro pro canhão partir o mastro e...

– O Chronos? Você ordenou que seus homens imundos usassem o navio sagrado de Mary Geois, esse navio é pra transportar as grandes pessoas desse mundo, e não esses chimpanzés que você cultiva aqui.

– Que bom que você acha isso, pois temos aqui uma situação. Se você observar, eu acho que o Chronos não chega a tempo. As aranhas-pescadoras estão construindo uma rota de fuga pro bando por algum motivo. Eu nunca ouvi falar delas colaborando com a gente, estamos tentando domesticar algumas pra produzir teias pra gente em cativeiro sem sucesso.

– Aranhas o que? – Perguntou Shepherd.

– Tá tudo bem se você não entendeu, meu ponto é que eu notei que você pegou uma Eagle Launcher da nossa sala de armas, e eu acho que se você puder permitir ao Capitão Maynard aqui, que não é afiliado ao G-8, e portanto não é um chimpanzé, ele conseguiria talvez fazer o tiro e destruir o mastro do navio, pra ele não conseguir pegar o vento e escapar..... você acha que consegue Capitão?

– Acho que vale a pena tentar. – Respondeu Maynard.

As teias das aranhas pescadoras chegam a encostar no mar, e então Shepherd e Maynard veem o milagre em que cada fio de teia foi se transformando em água do mar, e se materializou diante do Going Merry uma grande rampa feita de água do mar, uma rota de fuga clara.

– Absurdo, essa base ainda por cima gera a rota de fuga pra piratas.

 – Eu garanto que isso nunca aconteceu antes... estou suspeitando que o South Bird dos piratas pode se comunicar com aranhas.

– Não importa, eu não vou dar o Eagle Launcher pra ninguém, pois não confio em ninguém aqui pra solucionar esse problema. Ou não teriam deixado chegar nesse ponto. Eu vou acertar os piratas é agora.

Shepherd tomou posições e apontou a sua pesadíssima arma para o Going Merry e começou o processo de mirar, ele havia errado todos seus tiros até agora, então ele vai mirar bem. Jonathan observou o Going Merry começar a tomar vento nas suas velas e ir em direção à rampa de água. Mas no instante que o navio se inclinou pra cima na rampa, ele não subiu. Ficou parado. Jonathan riu.

– Hachichichi, isso aqui não é a Montanha Reversa não, sem uma corrente forte, um navio não vai subir uma ladeira. Ok, a gente tem tempo até Drakon chegar.

– Não será necessário. – Gritou Shepherd disparando um grande tiro que não acerta o Going Merry, passa a uns 3 metros de distância e forma uma pequena onda forma uma leve e insignificante corrente que faz a água subir a rampa de água.

Isso não era bom, foi de zero pra um. Se chegar em 100 vai ser um problema.

– Condoriano, se você nunca atirou com uma Eagle Launcher antes eu acho que você deveria entregar essa arma para alguém com treinamento militar.

– Você está esquecendo o seu lugar, você sabe meu nome, então use ele. Eu tenho o poder de te demitir aqui e agora.

– Você não se apresentou pra mim, eu não tenho ideia do seu nome. – Jonathan estava realmente ressentido que Shepherd entrou na sala sem bater, sem se apresentar nem cumprimenta-lo e mandando sair do caminho. Nem mesmo o Sengoku tem esse direito – E se você for mesmo o Inspetor, mesmo não se vestindo como um, você tem o poder de pedir minha demissão para o Almirante da Frota ou pro Comandante Chefe, que acatariam sua decisão enviando um substituto ou mandando um oficial que fechasse a base, e só então eu estaria demitido. Nada disso vai acontecer nos próximos cinco minutos, então se você quer esses piratas presos entregue essa arma pra alguém que consiga atirar.

Jonathan não ficou tão incomodado o dia inteiro. Imaginem que ele passou o dia inteiro vendo os Piratas do Chapéu de Palha como moscas que não conseguiam passar pela janela, pois ela estava fechada. As Aranhas-Pescadoras abriram uma fresta pequena nessa janela, uma fresta ridícula que a mosca passar por ela seria mera sorte, mas esse homenzinho de Mary Geois querendo vomitar autoridade para se sentir importante estava abrindo a janela. Jonathan estava perdendo a calma.

– Capitão Maynard, por favor, retire a Eagle Launcher da mão dele. – Ordenou Jonathan.

– Capitão Maynard, se você seguir as ordens desse cara eu te demito como um cúmplice da ineficiência e inutilidade dessa base.

Maynard olhou bem pros dois, e assim, a patente de “capitão” parece muito alta no East Blue, e parecia no West Blue onde ele nasceu, mas na Grand Line ele via que não ia comprar briga contra as grandes autoridades. Ele não queria arriscar e ver se o Condoriano podia de fato acabar com sua carreira.

– Vocês dois me tirem dessa até entenderem quem está no comando. – Disse Maynard se sentando na cadeira, e deixando os dois ali. – Resgatei os reféns, sinto que a minha parte eu fiz. 

Shepherd aponta a Eagle Launcher pro Going Merry de novo, dessa vez ele sentia que ia acertar.


No Going Merry, o navio não estava subindo a rampa, o vento não era o suficiente pra fazer um navio subir uma ladeira, a teia das aranhas formou uma rampa de água, mas não vai formar uma corrente que leve o navio.

– Droga, droga, droga, o navio não tá subindo, precisamos de mais vento. Precisamos de muito mais vento. – Dizia Nami desesperada, ela queria se agarrar a essa chance e nada.

– Você não pode só fazer ventar Nami? – Perguntou Chopper.

– Eu não sou uma feiticeira do clima, eu só tenho alguns truques aqui. Mas não, eu não posso fazer ventar. E o Cyclone Tempo só machucaria o navio. – Disse Nami. Era algo que não seria verdade para sempre, mas era verdade naquela etapa de sua jornada.

É nesse exato momento que Zoro chegou ao navio com Wiper, os dois encharcados.

– O plano era passar por cima da porta? – Perguntou Wiper. 

– Por que o barco não está andando? – Perguntou Zoro.

– Por que precisamos de vento ou de uma corrente marítima.

Zoro sacou suas três espadas e se posicionou atrás da vela. – Eu produzo vento, se liga..... SANTOURYUU 360 POUND H.... – Sanji interrompeu o ataque dando um chute na cabeça de Zoro.

 – Sem destruir as nossas velas, seu animal!

Luffy, Usopp e Robin estavam focados em Shepherd que eles viam na janela apontando uma bazuca na direção deles.

– Quando o tiro chegar você vai conseguir rebater a tempo, capitão? – Perguntou Robin.

– Vou, com o Gomu Gomu no Fuusen.

Mas apesar da expectativa de Luffy, o segundo tiro de Shepherd passou longe do barco novamente. Fez algumas ondinhas, mas não o suficiente pro navio subir a rampa. Porém foi o momento que Usopp teve sua epifania.

– Ok, gente, eu entendo o que está acontecendo. Eu tenho um plano, vamos todos sair daqui. Sanji, vá pra sala dos canhões e pega pra mim um barril de pólvora. Zoro, eu preciso de um dos halteres que você usa pra treinar. – Disse Usopp delegando como se ele fosse a Nami, enquanto ele corre até a proa, onde suas aranhas também jogavam teias na água para formar a rampa de água pelas instruções do South Bird. – Vocês amiguinhas, preciso que joguem as teias na minha mão.

Com Zoro e Sanji de volta, Usopp começou seu plano, ele embalou o barril de pólvora na teia das aranhas que ele pegou até ficar bem embalado. E molhou a teia com óleo de cozinha. No fundo do barril ele amarrou um halter. Robin entendeu o plano, ela riu.

– Isso pode dar certo, Fufufu.

– O que você tá fazendo Usopp?

– A barreira de óleo vai impedir a água de entrar e estragar a pólvora, mas ela vai fazer o barril boiar, então o peso vai afundar esse barril na água.... o Condoriano vai enfim fazer o que ele estava destinado a fazer, acertar um barril de pólvora por acidente, não sabendo controlar aquela arma.

Nami e Sanji entenderam também. Luffy e Zoro estavam confusos. Wiper não estava nem confuso nem entendendo, ele estava intrigado observando.

– Mas Usopp, como você sabe aonde jogar o barril?

– Eu entendi como o Condoriano mira. Ele é burro, está desconsiderando o peso da arma e o coice que ela dá, ele está mirando no nosso mastro, e ele vai acertar aquele ponto da água. – Usopp aponta com o dedo o ponto exato onde Sanji joga o barril, que afunda.

E de sua janela Jonathan viu tudo!

Aquele foi o momento em que Drakon enfim conseguiu por o Chronos na linha de tiro pra atirar no mastro do Going Merry.

– Peguei vocês piratas, quero ver só saírem daqui num navio sem mastro. Homens! Preparar o canhão! – Ele gritou pro 5º Batalhão.


Na sua sala, Shepherd está pronto para tentar um terceiro tiro, mas Jonathan entrou em pânico e deu um soco em Shepherd.

– O que você está fazendo?

– Você está caindo em uma armadilha! Você errou duas vezes, é o suficiente pra eles pegarem seus padrões. O narigudo jogou um barril no mar. Ele tem um plano, e você não vai fazer eles escaparem!

– Não me atrapalhe.

– Pare agora – Jonathan estava desesperado. A janela estava completamente aberta, as moscas iam sair,  ele se viu fora do controle da situação, inaceitável para O Pescador, ele deu outro soco em Shepherd que pegou a sua bazuca gigante e acerta bem no saco de Jonathan que caiu no chão com a desconcertante dor de ser atingido no ponto fraco. Mesmo um vice-almirante está vulnerável ao mais baixo de todos os golpes, e um sujeito como Shepherd não estava acima de usar essas baixarias quando contrariado.

– Dessa vez eu não vou errar, eu já entendi o truque pra atirar com isso. – Ele não havia entendido o truque pra usar a Eagle Launcher.

Jonathan se levantou com muita dor e tremendo. Ele retirou uma luneta de seu casaco.

– Ok, acabou, esse desgraçado jogou o meu dia inteiro de trabalho no lixo. Se é assim, quero pelo menos ver a navegadora bonita deles uma última vez. – Jonathan mirou a luneta na direção de Nami e deu um grande sorriso.

– Vice-Amirante… você não tem vergonha? – Perguntou Maynard.

– É o que nos resta quando acabam tudo. Se os piratas vão vencer, quero apreciar o que eles tem de bonito.

Shepherd disparou o terceiro tiro.


No Going Merry, Luffy estava sentado na figura da proa. Nami está no comando agora que ela sabe o que está acontecendo.

– Ok, está vindo, o plano de Usopp vai dar certo. Sanji de olho nas velas, Zoro, reforce todos os nossos nós, Chopper, mão no leme. Que em alguns segundos saímos daqui. E Wiper....

– Eu.

– É a sua primeira vez, se segura firme. – Disse Nami com uma piscada amigável. Wiper estava curioso quanto ao que aconteceria e se agarrou no mastro.

O tiro de Shepherd acertou a água, e dentro da água acertou o barril de pólvora.

Perto dali o Chronos enfim disparou com seu canhão em direção ao mastro do Going Merry, porém uma explosão de debaixo do mar, interrompeu os pensamentos de Drakon, o Chronos virou com todos os marinheiros dentro, em uma onda gigantesca que empurrou o Going Merry em toda velocidade. O Going Merry começou a subir a rampa de água e escapou do tiro de canhão em seu mastro por dois minutos, Wiper olhou boquiaberto do quão perto a bala passou.

Jonathan vendo tudo de sua janela derrubou o rei em seu tabuleiro de Xadrez e olhou pro navio subindo a rampa de água em alta velocidade e chegando no topo, agora o navio pulou as altas paredes de Navarone como se fosse a Free Willy, mesmo diante da derrota Jonathan não conseguia nem ficar bravo diante da engenhosidade do escape.

De cima da figura de proa, Luffy olha pra trás, e olha Jonathan nos olhos, ele tira o chapéu de palha e balança no ar. “Quem é que está preso? Posso escapar a hora que eu quiser”, ele lembra do moleque falando.

Luffy ria, de gargalhar, enquanto o navio passava por cima da parede de pedra. O South Bird voa de cima da parede e pousa no navio com segurança. E Usopp achou que as aranhas que ele pegou iam pular no navio no topo da parede, mas as duas pareceram dar tchauzinho pras demais. Agora, o problema era a segunda parte a rampa de água existia só na subida, a descida era uma queda livre.

Todos menos Luffy gritaram de medo e adrenalina e Wiper entendeu exatamente do que Nami falava no “se segura”. O Going Merry caiu na água com tudo do outro lado.

Estavam fora de Navarone.

Na água a adrenalina batia e todos estavam agitados com o escape, mas deu certo e todos riram. Wiper não riu ainda, ele ainda não lembrava como se ria, mas ele ficou feliz.


De sua janela a prioridade de Jonathan agora era o Capitão Drakon, ele viu o quinto batalhão resgatar Drakon do mar e nadar em direção ao cais.

– O que você está fazendo, só olhando? Olha o estado do Chronos, esse navio vale mais que você! Vá já resgatar o navio.

Jonathan não escutou Shepherd, ele bloqueou tudo o que vinha de Shepherd da sua zona de percepção, isso ia ajudá-lo a ser funcional ao encerrar o dia. Ele repara que Maynard havia pegado um papel e uma caneta.

– Capitão, o que está fazendo?

– Como capitão visitando a base, eu quero escrever a minha perspectiva neutra do que ocorreu hoje. Quer que eu leia o relatório que vou enviar para o quartel general?

– Pode lê-lo, Capitão.

– “Durante o dia 14 de Março durante minha estadia na base G-8 da Marinha testemunhei a invasão dos Piratas do Chapéu de Palha à base. O Vice-Almirante Jonathan teve sucesso em encurralar os piratas em uma armadilha, porém foi pego desprevenido pelo perverso pirata Condoriano, que ficou pra trás pra permitir que seus companheiros escapassem. Condoriano usou inteligência, mentira e violência pra se passar por um inspetor da marinha e abusar de sua autoridade pra não permitir que nenhum plano pra conter os piratas na base fosse executado.”

– É isso que você viu aqui, Capitão?

– É exatamente o que eu vi hoje, Vice-Almirante.

– Você não vai me caluniar assim, eu sou o inspetor!

– Você não se apresentou pra mim. – Respondeu Maynard.

– Pois vocês me digam uma coisa, a mulher que se passou por mim escapou naquele navio com cara de bode, se eu não sou o Inspetor Shepherd, então onde está o Inspetor Shepherd, posso saber? Mufufufufu, vocês não vão conseguir fazer um inspetor desaparecer só porque tem raiva da própria incompetência.

Shepherd ouviu baterem na porta. Jonathan e Maynard se viram e a porta abre, entra um homem usando cartola preta, que possuía um narigão, um longo bigode fazendo o formato no número 6, e o uniforme de Inspetor da Marinha, que Robin havia jogado no chão do cais. Era Victor Vine trajando as roupas com as quais Shepherd chegou na base naquela manhã.

– Boa noite Vice-Almirante Jonathan, eu sou Major Shepherd, o inspetor da marinha, eu quero informar que já acabei a minha inspeção.

– Boa noite inspetor, o que você quer dizer com já acabou?

– Ah, eu passei o dia inspecionando tudo, discretamente sem chamar a atenção de ninguém pra ver vocês em seu estado mais natural. Hoje foi um dia de crise pra sua base Vice-Almirante, mas vocês apesar da invasão pirata não perderam um único homem, não deixaram ninguém morrer, alimentaram todos os soldados, salvaram um navio dos destroços e curaram todos os homens. Diante de manter suas responsabilidades sem interrupção, a base teve sucesso em prender a maior parte dos Piratas, que só escaparam graças a astúcia de seu espião infiltrado, Condoriano, que ficou na base para permitir que escapassem. Apesar do incidente, a base opera magnificamente e é um orgulho para a organização. Nota 100 de 100.

Jonathan e Maynard riram, e Shepherd estava incrédulo, Maynard se levantou e algemou Shepherd.

– Bom, então não saímos de mãos abanando, temos um Chapéu de Palha pra mandar pra Impel Down. – Comentou Maynard.

– Major Shephard, obrigado por se apresentar e seguir os devidos protocolos, como eu espero de um homem de seu status. Sinta-se à vontade pra desfrutar a sua estadia até a hora de ir embora, tem algo que eu posso fazer por você?

– Sim, eu acho que eu deixei alguns documentos de identificação no navio Chronos que o Condoriano virou com seu ataque... eles vão estar encharcados depois de recuperarmos o navio, tem problema você pedir uma segunda via de tooooda a minha papelada pra eu voltar pra Mary Geois com tudo nos trinques? Se necessário eu tiro aqui novas fotos pros meus documentos.

– Não vai ser problema nenhum. – Jonathan sorria de orelha a orelha. – E o que mais?

Victor Vine tirou seu chapéu e revelou o morcego Battley pra Jonathan e Maynard.

– O meu morcego de estimação... ele gostaria de uma medalha.

Jonathan faz um carinho no morcego, ele pega uma miniatura de soldado de sua estante, e tira a medalha do soldado de brinquedo e entrega pra Battley, o morcego rodopia de felicidade.

Jonathan caminhou pra porta e se virou pra Maynard e Vine.

– Agora venham, já é quase hora do jantar, quero que vocês provem a comida da minha esposa. Nessa base levamos a hora do jantar muito a sério.

Notes:

Uma opinião comum sobre o arco G-8 é que ele não parece um filler, e eu tendo a concordar com isso, exceto quanto a como Luffy consegue de fato escapar do arco, inflando o Polvo-Balão que o tirou de Skypiea. Acho que esse modo de escapar, faz o arco Long Ring Long Land também começar com eles descendo do Polvo-Balão e justamente isso dá cara de filler, pois torna o arco pulável que até o Polvo-Balão faz sentido.

Por isso eu decidi desde o começo que eles não poderiam usar o Polvo Balão pra escapar. Desde o princípio o plano seria usar as Aranhas-Pescadoras, gosto deles usando a natureza da base pra sair dela.