Chapter 1: "Quando eu cair,por favor me segure"
Summary:
Dia 1- Prompt Alternativo-Concussão
Notes:
TW-Concussão, violência média, gore leve
Chapter Text
Hernan rezava para que tudo desse certo. Nada,nada mesmo,podia dar errado. Era sua primeira missão
A missão era simples: Invadir uma área dominada de contrabandistas e eliminar todos. A visão do armazém poderia fazer qualquer um tremer de medo.
Mas não para a equipe Caçadores de Estrelas, ou Estelar,como a Lua gosta de falar.
A líder Iris ia na frente,segurando o fuzil com certo carinho,como se fosse um ser que estivesse pronto para lançar em seus inimigos. Ela sinaliza para o especialista,que logo se prepara para lançar a bomba de fumaça dentro do salão principal.
"Tudo pronto,pessoal?" Disse o Orion,segurando a granada entre os dedos. Seus olhos castanhos se fixavam na porta,esperando a afirmação dos companheiros.
"Pode mandar a bala,cria!" Netuno,o mais jovem do grupo,faz um joinha enquanto girava uma faquinha
"Só tome cuidado..." Hernan diz,se preparando para entrar no local.
Lua olhava para o grupo,com um sorriso no rosto. Sua espingarda brilhava contra a luz da lampada.
Em um movimento de mão, o Orion joga a bomba para dentro do local e fechando a porta. Em menos de segundos,o lugar se enche de fumaça. Múrmuros de desespero enchem o armazém, uma oportunidade perfeita para entrar.
Netuno é o primeiro a chutar a porta,atirando no primeiro contrabandista "ATAQUEM!"
O grupo se espalha, ficando duas duplas e o Hernan completamente sozinho. Um grande erro por parte da Iris,mas não podia parar para se reunir,eles já se espalharam.
Enquanto desviava de tiros, o rapaz pega seu radio,se comunicando com o resto do grupo.
"EI! NA ESCUTA?" Gritou o mesmo,se abaixando atrás de uma mesa.
"ESTOU TE VENDO,PORRA!" a voz de Orion ecoa pelo radio
O radio tremia em suas mãos, seu coração acelerava,a adrenalina e suas veias o impedia de olhar para os lados,só focar no que estava na frente dele.
E essa falta de foco foi fatal.
"PRESTA ATENÇÃO!"
O medico escuta passos se aproximando. Ele rapidamente tira a pistola do coldre,se levantando para dar um tiro certeiro no alvo.
Mas algo o impede. Um soco, bem dado na lateral da sua cabeça. Sua visão se enche de cores,ate tudo ficar momentaneamente escuro e ele cair no chão,sem saber aonde se apoiar.
"Achei um-" a voz do contrabandista foi interrompida com um tiro na cabeça. Orion pula por cima da janela,se abaixando do lado do rapaz
"Sol,ta me ouvindo?" Perguntou o soldado, sacudindo de leve o ruivo.
Hernan pisca algumas vezes, colocando a mão na perna do Orion para se apoiar "Eu...eu to legal.."
Por mais que quisesse demonstrar que estava bem,o especialista sabia que não "Para de pagar de fodão,quem faz isso é o Netuno" e sem pensar duas vezes, ele pega o Hernan no colo, apoiando a cabeça no ombro dele "O cara tava usando uma luva pesada..tenta não fechar os olhos,ta?"
Hernan não conseguia entender nem um pouco o que o Orion dizia, mas pelo olhar do mesmo,já sabia que era realmente algo serio.
O tempo passava desnecessariamente devagar,assim como tudo em sua volta. A dor de cabeça era brutal, a tontura ia e vinha como uma onda e o cansaço o abraçava como se fosse o abraço de sua mãe. Seus olhos pesam,desobedecendo a ordem do Orion de não se fecharem
"Desculpa...por toda essa confusão..." sussurrou,com a voz arrastada e desorientada
Orion o encarou por um tempo,e logo soltou um suspiro pesado "..Urgh,só toma cuidado na próxima,ta? Se tu cai,nois cai também.."
Essa frase fica grudada no cérebro dele,apesar de tudo ta meio bagunçado e confuso agora.
Se ele cair,eles também caem.
Então da próxima...ele não vai mais cair. Assim ele espera.
Chapter 2: "As coisas que eu vejo são brutais demais para falar"
Summary:
TW- Visão Gráficas do futuro,menções a morte/hematofobia implicita
Dia 2- Esgoto/Visões
Notes:
Desculpa por demorar pra postar,tive problemas com o calendário
Mas deve tudo se organizar agr
Eu acho
Chapter Text
As missões são divididas em dois tipos: As em grupo e as em dupla. Hernan era alguém tranquilo de lidar com os novatos, até porque ele também é um.
O que ele não imaginava é que a pessoa em questão seria a mesma que...bom, participou de uma missão meio complicada mês passado.
Belladonna tinha uma presença, algo meio difícil de se encontrar em meio ao mar de pessoas. Você sabia quem era elu só de falar o seu nome. Pra um novato, até que não era algo ruim.
O pedido era simples: Uma anomalia tinha se instalado em um esgoto, causando mau cheiro e morte aos animais da região. Não iria durar menos que trinta minutos para incendiar o esgoto, visto que os gases dali se acumularam durante os anos que foi construído
"Esta pronte?" Perguntou o rapaz, arrumando suas coisas numa bolsa
Após um silencio...ê soldado concorda com a cabeça, ajeitando a mascara "Vamo nessa"
O esgoto é...bom, um esgoto. Paredes de concreto úmidas e podres,lixos e dejetos espalhados por todos os lados.Um cheiro de morte enche o ambiente,como um aviso de que aquele lugar não era legal.
"...Tenho um mau pressentimento sobre isso.." Belladonna comenta,com arma empunho.Suas costas arrepiavam,com um pequeno suor escorrendo pela testa. A sensação era horrível mas eles tinham que continuar.
A medida que se aproximavam do objetivo,Hernan se sentia...estranho. Seu estômago se embrulhava um pouco. A luz tava forte demais,o cheiro,tudo parecia ser muito insuportável.
"Algo...ta errado.." sussurrou,sentindo o ar pesar. A visão do local era horrível: Diversas plantas brilhosas cobriam as paredes, pulsando como se tivesse vida. A grande massa de vegetação e carne. Uma anomalia na sua forma mais pura
"Que...porra é essa? Comentou Belladonna, apontando a arma em direção ao ser. Aquilo não era normal. Não era o que estava nos arquivos
Na frente daquela massa de carne,algumas flores preencham o local, chamando atenção dos dois agentes.
"...Vou pegar uma amostra para levar para o laboratório..." Diz o Hernán, antes de colocar as luvas e se aproximar com cuidado
"toma cuidado,merda..." Belladonna diz, ficando um pouco mais atrás dele
A medida que ele se aproxima,ele sentia como se o ar tivesse saindo de seus pulmões
No momento que ele toca na flor... é como se o mundo desaparecesse
Eram flashes e flashes passavam diante dos seus olhos.
Sangue, tudo queimando explosões cobrindo todo o lugar.
Na frente dela...um corpo. Um corpo vestido de roupas militares,uma máscara preta e um cabelo castanho
Era elu
Era...era elu? Não, isso tava certo,por que? A missão deu errado? Que porra era aquela
"Soldado...?" Sua voz saia trêmula, enquanto ele se aproximava. Ele sentia sua perna ser dominada por algo
Tudo vibrava de dor. O medo subia pelo corpo dele
Aquilo era um presságio. Uma promessa. Elu vai morrer
Elu vai morrer
Elu vai morrer
Elu -
"EI!" Belladonna puxa o Hernán, jogando ele para trás, enquanto pega uma granada incendiária e jogando no ser, fazendo o mesmo virar uma grande fogueira
Elu arrasta o médico para trás, segurando o mesmo com cuidado, assistindo tudo pegar fogo
Com cuidado,elu encosta o Hernán na parede, sacudindo o mesmo de leve o rapaz
"Ei, olha pra mim,o que você viu?" Elu coloca as duas mãos no rosto dele,dando leves tapinhas na bochecha do mesmo
O tecido da luva era reconfortante,algo bom no meio do caos. Instintivamente...ele encosta a cabeça na mão delu. Algo estúpido que ele vai se arrepender de ter feito.
"Eu..eu conto depois...só..vamos embora..."
O silêncio se mantém. Belladonna sabia que ele talvez não ia falar. Desde da missão que eles se conheceram,ele não contou o que aconteceu antes delu chegar.
Mas...naquele momento,elu vai acreditar na mentira que ele vai contar. Só por agora
"..Certo..só...descanse" Ê soldado se sentou do lado dele,esperando a equipe de resgate chegar. Ao longe, a planta tava se reduzindo a cinzas, de uma maneira que estava mais viva do que deveria.
Hernán encosta a cabeça em seu ombro,e podia jurar, só por um momento,que elu envolveu ele num abraço
Ia ficar tudo bem
Tinha que ficar
Chapter 3: "Você é o pai que não pude ter"
Summary:
DIA 3- Isolamento/Found Family
Chapter Text
Hernán vivia bem sozinho depois da guerra. Tipo... muito sozinho. Só ele e seus pensamentos,e as vezes, só ele mesmo.
O apartamento que o governo deu era o suficiente para um ser humano viver,mas não dava um sentimento de conforto. Era um quarto,uma cozinha,um banheiro, e uma sala.
Nada mais nada menos.
Por mais que ele quisesse ter alguém,mesmo que seja um animal...ele não conseguia
Porque isso significaria aceitar que é vulnerável.
Isso machuca,queima por dentro. E não tem muito que ele possa fazer
Bem...ele não pode
Mas ela pode tentar
"HERNAAAAAAAAN SEU FILHA DA PUTA ABRE A JANELA" Essa situação virou algo corriqueiro. Desde que a Marina voltou a estudar nanotecnologia...O hobby dela foi testar o apartamento do Hernán com as coisas dela
E dessa vez,foi uma corda de escalada que por algum motivo,lembrava uma de elevador. Mas ele prefere não comentar muito sobre
"... Marina você vai acabar sendo presa,de novo..."
Ele abre a janela, puxando ela para dentro. O rapaz olha ao redor, verificando se ninguém a viu. Por sorte,dessa vez, ela não foi vista
"Mas..o que diabos você tá fazendo? Já são dez da noite, já passou do toque de recolher"
A Hernán encarava a garota,mas não sentia raiva da mesma. Na verdade,gostava da presença dela.
"ah,sabe como é né cria,tu tá todo xoxo,todo capenga, então decidi visitar meu painho!" Ela diz,se jogando no sofá e pegando uma lata de refrigerante do frigobar que fica na sala
De fato,ele tava bem...mal,mas ele nunca demonstrou isso para ninguém por vergonha
"É.. complicado" ele se senta ao lado dela, bebendo com calma,ao contrário da Marina que parecia um vácuo com o refrigerante
"...tá,vou mandar a moral pra você...Como cê' tá?"
O Hernán fica em silêncio por um longo tempo, ponderando sobre a pergunta da Marina
"...Eu não sei"
Era uma boa resposta para uma pergunta dessas. Como saber se está bem se você sempre está sozinho?
"Eu só... não sei. Tá tudo meio confuso,sabe? A guerra acabou, e o governo simplesmente...esqueceu da gente. Só os mais importantes tão recebendo alguma regalia maior" ele segura a lata,um pouco nervoso. Ele não é de comunicar esses problemas para as pessoas
A Marina coloca a mão no ombro dele, sorrindo
"Mas pensa só pô..Tu não tá totalmente sozinho! Tem a sua melhor amiga e esse excelente escaladora" ela ri, envolvendo ele num abraço
O Hernán sorri. Ele pode morar sozinho,viver sozinho num geral...Mas ele tinha a Marina. A sua Lua,que ele cuidou durante todo esse tempo
Talvez por um dia...ele pode aproveitar o momento e esquecer a solidão.
"...Tem razão...mas para de invadir meu apartamento,por favor-"
"Nop-"
Chapter 4: "Eu ainda estou aqui"
Summary:
TW- Descrição Gráfica leve, comportamento abusivo
DIA 4- Whumper Não Humano
Chapter Text
Fazia dois meses desde que o acidente aconteceu. Dois meses de perguntas, observações, tratamento.
Dois meses de luto e perguntas desconfortáveis.
Era pra depois de um tempo,tudo iria ficar bem. Ele poderia finalmente seguir em frente
Até ele acordar um dia e perceber que não estava sozinho
Seus olhos se adapta a escuridão,vendo a silhueta de uma mulher no reflexo do espelho. Seu rosto era coberto pela escuridão, com sangue escorrendo pela cabeça dela
Cabelos castanhos quase laranja. Um casaco quadriculado por cima da roupa militar. A pele mortalmente pálida.
O pior de tudo era os olhos. Ou melhor,o olho. Um único olho totalmente branco, encarando ele
Era ela. A Íris.
Ele sente a respiração dele se prender na garganta,vendo aquele ser se aproximando e saindo do espelho,se sentando muito próximo do rapaz
"...Sentiu a minha falta?" Sua voz era quebrada,distorcida. Como se algo tivesse preso em sua garganta
".... Íris..?" A voz dele falha,como se reeaprendesse a falar. Ele se afasta da mulher, pegando a faca de baixo do travesseiro."Por...por que?"
O ser inclina a cabeça para o lado, abrindo um largo sorriso,que parecia ultrapassar as barreiras do rosto.
"deu certo. Nosso experimento deu certo. Finalmente acertamos alguma coisa,meu bem..." Ela estica a mão,seus dedos eram podres e levemente retorcidos.
E mesmo assim...ele não é capaz de se afastar. Ele deixa a mulher tocar no rosto dele. Um toque quase que íntimo se você ignorar que era uma mulher morta
"agora podemos continuar sendo juntos...sem nada podendo nos impedir..." Ela se inclina,dando um beijo na testa dele. Ou pelo menos, a sensação de receber um beijo na testa
Hernán tava apavorado. Como que uma imagem tão "comum" consegue fazer ele perder a resistência tão facilmente?
"...Eu... entendo.." ele só é capaz de dizer isso,sem poder olhar para ela.
".. Ótimo..que bom que você está entendendo" ela falava com uma ternura assombrosa. Sua voz era como um veneno que queimava. "eu só vou avisar dessa vez... igual a nossa última conversa..Sem contar,tá? Principalmente para ê soldado de olhos azuis. Ninguém pode saber do experimento"
Aos poucos começa a desaparecer, deixando o homem sozinho novamente
O coração dele tava acelerado. Ele olha ao redor, olhando para as mãos dele
Aquilo não era justo. Ele seguiu exatamente o que ela fez. E é isso que acontece? Ela não contou sobre isso.
Ela nunca falou que os dois iriam ser um só.
Ela mentiu
Ela enganou
Como sempre
E ele caiu
Naquele momento...ele sabia que novamente ia se tornar um animal nas mãos dela.
Ele só espera que Deus tenha piedade dessa vez
Chapter 5: "Tudo menos fogos"
Summary:
Tw-Pirofobia/Fotofobia
DIA 5- Tremor/Fobia
Chapter Text
Hernán tem medo de fogos. Ou qualquer coisa que faça fogo e/ou explosões.
Tá,um fogão é fácil,mas ele prefere usar o micro-ondas sempre que puder. Um churrasco tá de boa,mas ele sempre vai ficar longe da caixa de som e da churrasqueira
Mas nunca, nunca mesmo, acenda fogos de artifício perto dele.
É um pedido simples. No começo as pessoas não entendiam muito bem,mas pra não pesar o clima num festa de grupo,era preferível seguir.
Argentina Vs Brasil, o jogo decisivo da Copa. Os grupos tavão reunidos na frente da TV, prendendo a respiração
Até que... finalmente, o Brasil venceu aquele jogo,contra todas as expectativas.
Um coro de gritos de felicidade ecoa pelo quintal. Hernán só bate palmas um pouco mais baixo que os outros, sentindo o corpo arrepiar por conta do barulho.
"Tá tudo bem, eu consigo lidar com isso.." pensou o homem, enquanto ia abrir uma lata de cerveja
E então ele vê.
Um dos recrutas,o mais tapado entre eles, pegando a caixa de fogos de artifício. Como raios ele conseguiu trazer pra cá? Bem, não importa muito
"ae galera! Bora acender? Essa é uma vitória que vai entrar pra história!"
Komodo, da equipe Delta,olha discretamente pro médico ao seu lado. Ele convive tempo o suficiente pra saber que o Sol não gostava muito de barulho.
Ele se aproxima dele,com a mão em seu ombro
"Aí...vai ficar tudo legal pra tu?" Perguntou, enquanto via os outros preparando as coisas.
O Hernán olhou para ele de volta,um pouco nervoso.
"ah...eu..eu vou ficar okay. Tô com o meu abafador" o médico tira o abafador da bolsa, colocando na cabeça "viu? Não quero estragar a diversão deles"
".. Você não estraga a diversão de ninguém,mas se diz..." O soldado fala,antes de olhar o grupo fazendo besteira, provavelmente
Os fogos estavam enfileirados,prontos para acenderem
"tudo pronto pessoal?" Perguntou o recruta,que recebeu um coro de "SIM!" em resposta. "Certo então,lá vai!"
Ele ascende os fogos,e todos eles vão quase que ao mesmo tempo.
Naquele momento, quando aquele show de cores, barulho,fogo e fumaça subiu aos céus, Hernán se sentia..menor.
Suas mãos tremiam bem de leve. Mesmo afastado,o barulho parecia entrar dentro do ouvido do Hernán e se alojar em seu cérebro. As cores faziam os olhos dele não focarem. Ele tava tremendo
Komodo se divertia com o show de luzes,mas quando viu o desconforto do homem, foi até ele, pegando os fones normais e entregando ao Hernán
"Ei, cara...do jeito que foi,vai demorar bastante..coloca algo no celular pra diminuir o barulho,e usa junto do abafador" Komodo fala, lembrando que a Marina falou isso a ele um dia aleatório
Hernán fica um pouco sem saber, ele faz o que o Komodo pede, diminuindo praticamente todo o barulho. Os fogos agora só eram pequenos estouros.
Mas ainda sim,o tremor se mantia. Mas ele preferiu lidar sozinho
"Vou ficar bem" afirmou o rapaz,se sentando no canto
Talvez vá ficar tudo bem? Talvez. Quem sabe. Mas aquela demonstração de cores e sons certamente vai render uma dor de cabeça.
Komodo ficou do lado dele um bom tempo,vendo se tava tudo bem. Até que o Trevo acena de longe, chamando ele pra jogar bola
"To indo lá,okay? Fica bem,carinha" Ele diz,antes de sair.
O Hernán manteve os fones com ele. O barulho ainda tava ali,presente. Mas pelo menos tinha um escudo.
Ele só precisa lembrar de devolver o fone depois...talvez amanhã
Ou depois de amanhã
Chapter 6: "Espero que tenha a vida que eu não pude ter"
Summary:
Dia 6-Inveja/Monotonia
Notes:
Não me arrependo de nada
Chapter Text
Hernán não tinha problema com vê a vida dos outros. Saber suas historias,suas conquistas. É algo normal,né?
Mas..existia um sentimento. Um certo gosto amargo em sua boca. um pesar em seu peito sempre que escuta sobre alguma coisa nova.
"Pessoal! consegui passar de patente! Vou ter meu próprio grupo agora..." Canario comentou em uma roda de conversa. Todos batiam palmas,davam tapinhas nas costas,riam juntos.
Ele queria fazer o mesmo. Ele queria rir,comentar também sobre alguma conquista. Mas...nada saia da sua boca. Somente um riso frouxo,desajeitado.
"Ei,Hernan! tem alguma coisa nova?" Perguntou um dos médicos da equipe,com um sorriso no rosto.
"Ah...eu..bom..." Hernan diz,tentando não gaguejar muito,mas era claro: Hernan não tinha nada de interessante. Ele nunca foi o cara grandioso. Sempre ficando um pouco para trás "Não tenho muitas atualizações.."
Ele podia sentir os olhares das pessoas. Desde do acidente,alguns olhavam para ele com pena. Outros já nem se importavam muito com a presença dele.
"...Puts mano...Bem! Se tu não tem novidades,eu tenho!" Um outro médico fala, explicando animadamente sobre a prova que ele fez pra tirar a carteira de motorista.
Talvez realmente o Hernán esteja mentindo pra si quando ele acha que não tem inveja.
Ele tem.
Mas não do sucesso dos outros,e sim...do quão fácil é pra eles seguirem em frente. Cada um deles lida com seus demônios diariamente,e todos eles parecem que estão conseguindo sair ,se divertir.
Enquanto ele tava ali. Preso naquele ciclo de monotonia. Na mesma rotina desgastante, rezando para que,pelo menos em algum momento,tenha algo interessante.
A vida deles parece um sonho que ele queria ter. Viver sem estar preso a esse fardo de ficar para trás.
Hernán sentia inveja.
Mas também, medo.
Medo de ter ficado pra trás. Medo de só ser questão de tempo até ser esquecido.
Mas mesmo assim...ele engole o choro e tenta se enturmar. Um dia esse sentimento vai magicamente sumir,se enterrando junto com os outros.
Como assim deve ser.
Chapter 7: "Deus,como odeio meu trabalho"
Summary:
TW- Crise de ansiedade,Hurt no confort,bebidas alcoólicas,capacitismo
Dia 7-Ponto de quebra
Chapter Text
Hernán tava tendo um dia ruim. Tudo tava dando errado. a voz da Íris tava mais alta que o normal,o remédio de dor dele tinha acabado,tudo tava só... péssimo
E ainda tinha que lidar com a pressão dos outros:
Sol,presta atenção
Que inferno cara! Tu não consegue não ser idiota por uma vez na sua vida?!
Larga de ser retardado e me escuta.
E isso lentamente...tava consumindo a cabeça dele.
Aquelas semanas estavam sendo um inferno. Ele não tava conseguindo processar as coisas e acompanhar os trabalhos.
Porque ninguém escuta? Porque ninguém entende? Porque ninguém -
"ei,Sol! Precisamos de você pra pegar alguns remédios!" Um médico chama a atenção dele, e ele lentamente vira a cabeça em direção dele
"eu.. não tô me sentindo muito bem,pede para a Canário" disse o homem, tentando organizar os documentos que estavam na frente dele
"denovo? Sério isso? Ó cara, cê tá enrolando o trabalho a horas! Porque veio então,se não vai fazer porra nenhuma?"
Hernán respira fundo,e antes mesmo de responder...o médico sussurra pra si
"Quer saber,deixa.. é melhor ir pedir pra Canário,que pelo menos não é a porra de um peso morto" E ele sai, deixando o Hernán sozinho.
Aquela frase ....doeu. Doeu mais do que deveria. O Hernán tava se esforçando tanto. É só um dia ruim porra, não significa que ele seja um inútil!
Quando menos ele percebe...ele sente o rosto dele ficar molhado. Lágrimas escorrem pelas suas bochechas. Uma visão que poderia ser considerada patética aos olhos dos outros.
Ele se olha para o reflexo do monitor: Ele tava acabado,triste, isolado dos outros.
Ele tava quebrando. Lentamente. E só era questão de tempo até que ele chegasse ao fundo do poço
Mas ele não podia mostrar pra ninguém que estava quebrando por dentro. Porque eles iriam rir,como sempre fazem
Então ele engole o choro,seca as lágrimas,e volta para o computador.
Aquele sentimento vai passar. Nem que ele faça ele passar. Aquela cerveja vai ter que servir pro caso.
Ele passa a mão no rosto, deixando aquele único pensamento sair de sua cabeça e ir para seus lábios
"...Eu odeio esse trabalho..."
Ele coloca a cabeça na mesa, olhando para a tela do computador
Hernán não tava afim de fazer aquele trabalho. Tava cansado demais para trabalhar.
Porém..aquele comentário era como um lembrete de que ele era um fracasso.
E ele sabe que a partir dali...algo tava quebrando.
E era só questão de tempo para se partir de vez.
Chapter 8: "Só eu decido como vou cair"
Summary:
TW- Auto mutilação implícita e pensamentos depressivos
Dia 8-Ferida Auto-InfligidaVc não está sozinho,confia em mim
Notes:
(See the end of the chapter for notes.)
Chapter Text
Você não esta sozinho.
A gente vai te ajudar.
Mas existe um único problema. Eu que decidi cair sozinho. Desde que isso tudo começou, sempre tive esse...vazio
Eu, Hernán Dias,sou uma pessoa vazia. E genuinamente achava que com pessoas ao meu redor, eu finalmente iria poder preencher esse vazio
Mas não
Nada mudou. Tudo continua o mesmo.
Eu sou apenas um fracassado que nunca vai conseguir vê o sol
Hernán estava cozinhando em seu apartamento,em total silêncio. Essas semanas se passaram como um borrão na sua frente.
Era pra ser um bom dia,mas...o Hernán estava sentindo um peso em seu peito. Sabe aquela coceira estranha? Aquele sentimento amargo em sua boca?
Era isso. O Hernán sabia o que era. Aquela maldita vontade de fazer besteira.
O Hernán apoia as mãos na mesa,se afastando um pouco das facas. Não era um bom momento pra fazer isso.
Mas..ele só queria que esse caos na sua cabeça por um só momento. Ele encara a panela...
Talvez isso seja necessário? Não existia um outro jeito?
Mas para ele,que já estava no fundo do poço...sua última opção era cavar.
.
..
...
"Ei,Hernán?" Marina veio o visitar naquela mesma tarde.
Hernán estava sentado no sofá, com as mãos enfaixadas.
"sim...?" Perguntou, olhando para ela com um sorriso falso no rosto."Alguma coisa?"
"...Cê queimou a mão como?" Perguntou , sabendo que tinha algo de errado mas não sabendo muito bem o que era.
"...Ah,foi sem querer...Deixei a panela do macarrão cair"
Era mentira
A verdade que ele não vai revelar.
Esse vai ser seu segredo. Só por agora. Só até esse caos passar.
Só até ele parar de cair.
Notes:
Esse capítulo foi meio difícil de escrever,foi mal ele está curto
Chapter 9: "Você não precisa se preocupar em esconder seus medos"
Summary:
TW-Menções a experimentos e tortura. PTSD
Dia 9- Toque/Flashback/Dissociação
Notes:
Segura na minha mão que o próximo cap vai ser de fuder
Chapter Text
Apesar de um bando de marmanjo não admitir essa questão...
Canário é a mãe do grupo de medicina. Quando um médico ta quase dormindo em serviço, é a Canário que obriga o médico a descansar e trocar de turno. Pegar café, lembrar os remédios necessários.
Ou seja,aquela que cuida.
Então... Canário sempre sabe quando algo tava errado. Talvez seja por ter já sido mãe,ficou mais fácil de perceber quem estava mal ou não.
Por isso, quando Hernán chegou lá com os olhos inchados de tanto chorar,ela já sabia que coisa boa não era.
Era um dia ruim. Um daqueles dias que o cérebro dele simplesmente decide que era hora de atormentar ele com visões das coisas do passado.
Ele se senta na cadeira do refeitório, tentando se distrair com o que comia.
Vamos Hernán,eu sei que podemos prosseguir. Só precisamos administrar mais uma agulha.
Hernán sentia um peso em seus ombros. Tudo parece que andava devagar em sua frente. Os rostos dos outros pareciam todos iguais.
Isso vai ser melhor para nós dois. Poderemos mudar o mundo
Eu sei que você pode ser melhor do que isso
Visões das coisas que ele teve que passava em seus olhos. A tatuagem queimava em sua pele,a tentativa de apagar o que a Iris fez.
Até que....
Ela sente uma mão em seu ombro.
"Ei, Hernán?" Era a Canário. Ela se senta ao lado do rapaz, com uma expressão calma "...Quer companhia? Você..tá tendo aquele negócio denovo, né?"
Por mais que o Hernán não verbalize, era óbvio. Suas crises tavam piorando cada dia mais.
"É...eu..eu tô" ele fala um pouco baixo, como se tivesse medo de que alguém escutasse "só..fica aqui? Até passar?"
A mulher concorda com a cabeça, pegando o anel que ela usa, que a parte da jóia rodava "pode ficar,me devolve no final do turno"
O Hernán pega o anel, girando a jóia. Aliviava um pouco o caos mental.
"...Valeu..." Ele abre um pequeno sorriso.
"Sem problema, pode contar comigo... Só... você deveria vê logo o psicologo do setor" Canário diz, olhando para ele com uma expressão séria. Alguém precisava ajudar ele, e ele sabia disso
"Eu...eu sei..." ele sentia como se a respiração dele parasse por um momento. Mas ele relaxa os ombros e olha para baixo "Por hora..eu..tô conseguindo lidar com isso"
"...Mas até quando?" Aquela pergunta é como um soco. Por um momento,ele fica sem responder a pergunta dela,até ter a coragem de responder:
"...Até o momento em que tudo se acalmar"
A Canário percebe que não ia dar em nada,e apenas fica ali, em silêncio,apenas fazendo companhia.
Não existe um momento de calma na Instituição. Mas a Canário vai achar um jeito do Hernán se cuidar.
Só não sabe como.
Chapter 10: "O que eu te falei sobre não me ouvir?"
Summary:
Dia 10- Segredos
TW- Agressão,relacionamento abusivo,creepy whumper,gaslighting
Notes:
DEZ DIAS COMPLETADOS AEEEEEE
MDS
Chapter Text
Um baque contra da parede faz o ar dos pulmões do Hernan perde o ar. Lauren segura o rapaz pelo rosto,com as sobrancelhas cerradas em uma expressão de raiva.
Como que essa situação começou mesmo? Ah é...
Ela ouviu ele desabafando com o Netuno sobre o trabalho. Um erro tolo. Mas para ela,algo que poderia comprometer tudo.
"...Eu queria dizer que eu estou decepcionada,mas nem isso consigo estar com tamanha BURRICE que emana de você" A mulher diz,sem soltar o rosto do mesmo. As unhas dela cortavam um pouco a bochecha dele,mas não era algo que ela deveria se importar.
"Não falei nada...eu só tava falando sobre as coisas do trabalho,nada demais!" Exclamou Hernan,achando coragem para empurrar a Lauren "Para com essa merda! Ninguem ta desconfiando de nada do que você ta fazendo,okay?!" Todo aquele experimento tava chegando num limite insuportável. Brechas eram inevitáveis,mas a Lauren insistia em continuar.
A cientista da uma risada cansada,passando as mãos nos cabelos. "Ta...vejo vê se eu entendi..cê ta mentindo para mim,não ta?" Ela sabia que ele tinha razão,mas ela não pode deixar um qualquer falar na cara dela.
"Você ta distorcendo as minhas palavras" Ele tenta retrucar. Era sempre a mesma tática,com as mesmas palavras. E toda vez...ele cai. Ele sente as palavras mais difíceis de serem proferidas e começava se questionar se ele não se confundiu e falou alguma coisa sem querer. "Por uma vez na sua vida,para de pensar sobre o experimento e me escuta-"
Um outro golpe,um tapa,para ser mais exato, acerta a lateral de seu rosto. Hernan coloca a mão no rosto,com os olhos arregalados. Por mais que a Lauren tivesse a mania de empurrar ou gritar...Ele não iria imaginar que isso iria acontecer.
"...o..o que?" A voz dele falha. Qualquer coisa que ele ia falar desaparece em sua boca.
"...Tch...Viu o que aconteceu? Você que começou quando tava conversando com o Netuno...eu já te falei que é pra desabafar comigo,entendeu?" Lauren se aproxima,vendo o machucado que se formou na bochecha do rapaz "...é uma pena que isso tenha acontecido.."
O som de botas faz a conversa parar. Olhando ao longe, a dupla vê um soldado parado,levantando uma sobrancelha. Era o novato,mas a Lauren não fazia esforço de lembrar o nome todo..era...Be...Bella..Bellafoda-se, ela não se importa muito com isso.
O Hernan nem viu a silhueta do soldado direito,ja que é imediatamente tampada pela companheira.
Ele respira fundo,e começa a se afastar do local.
Era melhor ele cuidar do rosto...e tomar cuidado com os segredos. Nunca se sabe se vai ser só um tapa.
Chapter 11: "Você deveria se cuidar mais.."
Summary:
Dia 11- Ferimento escondido/Laceração/Revelação Forçada
TW- Gore e descrição de ferimentos. Inacuridade medica
Chapter Text
A primeiro momento, Trevo só queria terminar aquela missão o mais rápido possível,mas ele sabia que algo estava muito errado.
Fazia umas duas horas que eles estavam correndo de uma anomalia. O Hernán tava muito quieto,colocando mais peso numa perna do que a outra,as vezes grunhindo ou só se distraindo com alguma coisa.
Aquela criatura era brutal,atacando de cima para baixo,rasgando arvores como papel. Se acertasse uma pessoa,ia ser ferimento horrível.
"Ei, cê ta legal?" perguntou,enquanto olhava a bussola ,tentando achar a base principal do Pelotão Cubo. Eles estavam mais longe que ele pensava.
"Eu..eu to bem.." Ele diz,sua voz baixa demais para soar que estava bem. Fazia algumas horas que a criatura atacou a dupla rasgou nas costelas do rapaz. Tava sendo um inferno respirar.Ele sentia como se os pulmões estivessem mergulhados em vidro.
Trevo levanta uma sobrancelha,achando estranho a voz do homem. Mas devido a situação atual,era melhor focar em andar do que parar pra vê o que houve.
O tempo é o maior vilão para quem ainda tava sangrando,né Hernan? Ainda mais quando sua costela tava com um arrombo de uns mínimos 17 cm de profundidade e podendo ter acertado alguma parte importante. Mas isso não importa,eles precisavam sair dali o mais rápido possível.
O acampamento improvisado era simples,apenas uma fogueira e um toldo para cobrir a cabeça deles da chuva que ameaçava cair na cabeça dos dois.,apenas uma fogueira e um toldo para cobrir a cabeça deles da chuva que ameaçava cair na cabeça dos dois.
Hernan tentava economizar a maior quantidade de movimentos possíveis,pra evitar que a dor piorasse
Hernan tentava economizar a maior quantidade de movimentos possíveis,pra evitar que a dor piorasse.
"Você...acha que alguém já tá procurando a gente?" Perguntou fracamente, discretamente verificando as bandagens que estavam de baixo da roupa. Um vermelho carmim vivo, que se misturava com o branco do tecido. Sua visão borra com a imagem grotesca,mas ele se força a ficar ali,presente.
"Bem,eu ja enviei o sinal de socorro num espaço mínimo de..." Trevo olha para o relógio,que já estava começando a ficar quebrado pelo uso. "Duas horas. é,duas horas e ate agora nada! Eu falei pro caralho do Falcon arrumar a porra do radio e ele "nãaaao,a Lua arruma!" OLHA A SITUAÇÃO QUE GENTE TA!"
O rapaz começa a reclamar sobre as coisas que aconteceram,mas...naquele momento,o Hernan não conseguia prestar mais atenção. Um zumbido alto preenche seus ouvidos,quase o deixando mais surdo do que ele normalmente é.
E como um simples piscar de olhos...tudo se apaga.
Trevo sabia que tava falando sozinho vai fazer dez minutos.Principalmente quando o silencio se tornou alto demais para se ignorar.
"...Sol?" Perguntou para o vazio,vendo apenas o companheiro imóvel. "Uh...isso é algum tipo de piada né?"
Ele se aproxima do médico,e logo percebe...
Sangue. Escorrendo pelo jaleco e pingando no chão.
Sua respiração para em sua garganta,mas não havia tempo para entrar em pânico.
Ele corre em sua direção, deslizando para o lado, pegando o kit da mochila e rasgando aonde estava sangrando.
Aquilo não era um simples corte
Era um rasgo. Como se alguém serrase uma carne de churrasco. Como se o médico fosse só um papel que a criatura rasgou pra jogar fora.
"Deus..." Ele sussurrou,e sem perder tempo,ele tenta tratar do ferimento na melhor forma que pode.
Por que? Por que ele não falou nada? Eles eram uma dupla? Quanto tempo ele tava ferido,quanto tempo que-
"Desculpa..." Uma voz fraca sai dos lábios do médico. Ele lentamente olha para o homem ferido, não sabendo nem como falar "eu...eu não queria..."
"...Fica quieto..Vai ficar tudo bem agora" Depois ele dava a bronca. Depois ele conversa. O foco dele era tentar salvar o colega de trabalho dele.
Aos poucos, ele fechava o ferimento com a linha de sutura, lembrando das coisas que a Canário ensinou em caso de emergência. Bom,aquilo é uma emergência né?
Minutos se borram em horas,e boa parte do trabalho feito,o Trevo se senta ao lado dele,com suas mãos sujas de sangue.
"...Graças aos céus...puta merda cara" ele sussurra, passando a mão nos cabelos,mesmo que sujando eles sem querer
O Hernán tava cansado demais pra falar,mas ele pensa a mesma coisa.
"Na próxima... tenta não esconder uma coisa dessas,tá?"
O médico só move a cabeça, concordando. Era uma meia verdade. Ele iria parar de esconder os ferimentos dele
Pelo menos,por agora.
Chapter 12: "Preciso suportar mais um dia"
Summary:
Dia 12- Problemas Cardíacos
TW- Problemas Cardíacos/Doença Cronica/Ferimento Ficcional (ava)
Chapter Text
Hernan tinha muita coisa que ele não conta para ninguém,por mais que seja importante. Em um mundo aonde uma bomba pode cair a qualquer momento,certas coisas precisam ser contidas dentro de si para evitar o pior.
Tudo tinha que ser perfeito para ninguém desconfiar que o coração dele sempre ameaçava colapsar.
Mais um dia,mais uma dor excruciante. Se levantar apos o Acidente era uma tarefa difícil. Limpar o cotoco,encaixar a meia,depois colocar a prótese,e só enfim se arrumar.
Nada podia dar errado
Nada pode dar errado
Nada-
"Urgh..."
Ele sente como alguém tivesse enfiado uma agulha no peito dele. Sua respiração para por um momento,e ele sente o mundo girar por um instante. O coração dele tava cada vez mais acelerado,como se fosse explodir
Mas ele consegue se segurar na mesa de cabeceira,pegando os remédios que estavam dentro da gaveta. Ele os pega,ingerindo rapidamente sem beber água.
Ele volta a se sentar no sofá,esperando aquela dor passar.
O homem se encara no espelho,vendo a grande cicatriz no peito dele,se lembrando daquela época.
Aquela bomba tinha alojado alguma coisa dentro dele. Provavelmente já estava nos planos da Íris.
De qualquer forma..aquela coisa causava esses problemas. A Canário tinha dito que se piorasse,ele teria que parar de ser médico.
O que pra ele,seria horrível.
Ele não quer parar de trabalhar. Não depois de tudo que ele teve que fazer.
Então quando a dor passa e apenas se torna uma branda inquietação.
Ele coloca as roupas.
Ajeita o jaleco.
Abre a porta do dormitório.
E sai.
Hoje é um novo dia
Chapter 13: "É para seu próprio bem/Um sorriso tão brilhante, ele é o diabo disfarçado"
Summary:
Dia 13- Aposentadoria compulsória
Tw- Chantagem/Ameaça
Chapter Text
Faz um mês que a guerra acabou. É estranho saber disso,e ao mesmo tempo, não estar nem um pouco feliz com isso.
Hernán estava na frente do Comandante Lavanda,já que todos os outros já tinham recebido suas insígnias e novos cargos
Só tinha ele e o Comandante ali.
Um homem perfeito,sem quase nenhuma cicatriz. Sem uniforme,apenas com uma roupa social preta.
"...Bom... Acho que só tem você, senhor Hernán" Lavanda diz, enquanto mexia em alguns papéis. Era irônico pensar que as duas maiores equipes,a E.R.G.O e a Delta,foram reduzidas a um grupo pequeno de pessoas. Como sempre,quem sobreviveu foi aquele que fez a maior propaganda. E o Comandante sabe disso muito bem.
O homem pega uma caixinha feira de madeira,com um desenho da bandeira encima "Por todos esses anos, você foi um ótimo homem,sabia?" Comentou,entregando a caixinha ao ruivo. "A sua capitã iria ter orgulho de você"
"É serio isso?" Pensou Hernan,percebendo um certo cinismo na voz do comandante. E.R.G.O não se dava muito bem com os outros departamentos,e esse sentimento é mutuo. Talvez a única coisa que unia os dois grupos era a vontade de odiar a E.R.G.O
"Bem...mas vamos ao que interessa" Lavanda empurra um papel em direção ao Hernán "você sabe que...algumas coisas aconteceram, né?"
O Hernán sente o peito dele apertar. Será que ele..?
"...Eu sei o que você e a Íris fizeram...Recriar uma anomalia? Sério mesmo?" O Comandante ri, apoiando uma perna na outra.
O médico sente a pressão dele abaixar. As palavras se misturam.
"Eu..eu posso explicar...-"
"não precisa me explicar nada, Hernán...mas você sabe que recriar uma anomalia é questão de prisão, não e?" O homem se inclina um pouco pra frente, fazendo o ruivo se encolher na cadeira "E eu não quero ter que te prender por isso...Mas eu tenho um acordo com você"
Ele sorri,e aquele sorriso...
Lembrava tantos outros. Aquela animação disfarçando o perigo eminente .
"Você irá se aposentar compulsoriamente do exército..e eu não vou contar aos superiores sobre..o que vocês dois fizeram" A voz dele é calma,como se ele tivesse falando com uma criança arteira. "e você sabe que a cadeia é pior que a morte, né?"
O Hernán encara o papel. Ele tinha todas as informações, constatando que ele não iria continuar por conta de "problemas mentais"
"...mas..e...e o meu trabalho? Como..como que vou me sustentar?" A voz dele tava extremamente baixa,afinada. Afinal de contas, não é todo dia que você descobre que vai ter que sair da única coisa que você sabe fazer de melhor.
"não se preocupe com isso..Montei uma equipe jurídica para você e eu mesmo vou te colocar na lista de proteção governamental... Você só vai ter que ser um bom soldado e não falar nada sobre nosso acordo"
Ele entrega a caneta para o Hernán"então...o que diz?"
Assinar significaria entregar sua alma mais uma vez a um demônio.
É consentir que deixem usar suas próprias palavras e idéias
Mas...o Hernán não quer morrer.
Com um suspiro pesado...ele assina
.
.
.
"Bom garoto... É pro seu próprio bem"
Chapter 14: "No final das contas,vale a pena"
Summary:
DIA 14- Ignorando uma doença
Chapter Text
Hoje não ta sendo um bom dia para Hernan.
Ter uma imunidade baixa significa duas coisas: Primeiro que com uma lapada de vento e chuva, ele tem a pior gripe que ele já viu em toda a sua vida. E a segunda coisa...é que ele tem que trabalhar.
O homem sentia como se ele tivesse sido atropelado por um ônibus. Talvez um ônibus seja gentil perto do que ele ta sentindo.
"Que merda..." sussurrou,sentindo um peso nas suas costas. Demora um tempo para conseguir sentar na cama.
"Vamo...é só mais um dia" Ele diz para si mesmo,tentando empurrar o enjoo para o fundo da mente dele. Ele engole uma quantidade um pouco exagerada de remédio,apenas para tentar se mover.
Tudo doí,tudo estava miseravelmente lento. A garganta dele tava seca demais,calor e frio se misturavam em alguma dança fudida que ele não queria saber.
Ele iria ignorar isso por enquanto.
A dor de cabeça era como um tambor dentro de seus ouvidos .
Hoje o dia tava sendo agitado,com diversos pacientes para cuidar. Entre um tosse e outra,Hernán tentava dar um jeito de fazer o trabalho dele.
"Heeeeey Solzin!" Um rapaz se senta ao lado do homem. O Hernán não se lembrava muito bem,e agora muito menos. Acho que o nome delu envolvia café... não lembrava direito e tava muito mal para querer perguntar.
"uh...Oi.." acenou, tentando parecer tudo bem "o que deseja?"
Ê soldade entrega um papelzinho para o médico, com aquele sorriso que lhe dava um pouco de inveja.
"A Canário pediu pra te mandar! Ela te notou meio borocoxo" Elu diz, enquanto dava para vê atrás dela Canário trabalhando.
A mesma se vira, acenando de volta. E com aquele sorriso, o Hernán sabia:
Ela tava desconfiando de alguma coisa.
O Hernán pega com educação o papel, olhando para elu com o melhor sorriso que pode. "Obrigado,soldado.."
"Denada! E por favor vê essas olheiras aí, tu tá parecendo um panda!" Elu da uma risadinha, antes de ir para a mesa de um outro soldado.
O médico abre o papelzinho, notando o que era: Um remédio, perfeitamente cortado para que não saísse da embalagem. Em cima,uma anotação:
"Percebi que tava meio estranho, e pensei que fosse a sua a dor de cabeça atacando, melhoras. Ass- C"
O homem da uma risada baixa, guardando o remédio no bolso do jaleco. Ele iria tomar aquilo depois.
Mas por hora, ele precisa terminar o trabalho dele.
Entretanto,o Hernán sabia que Canário futuramente iria dar uma bronca nele por trabalhar doente.
E honestamente...ele merece essa bronca.
Mesmo que no final das contas...isso valerá a pena.
Chapter 15: "Respirar se torna uma tarefa impossível"
Summary:
Dia 15-Efeitos Colaterais/Desorientação
TW-Body Horror
Chapter Text
Um Cuboide,ou uma pessoa que modificou seu corpo com uso de modificações,consegue usar suas habilidades de vários jeitos diferentes. A Technomalia, como é chamado, pode ser manifestada em varias forma. Super força,defesa aprimorada, prevê movimentos.As possibilidades são imensas.
Mas existe aqueles que tem habilidades...dolorosas,por assim dizer. Vê o que separa o mundo normal do mundo anormal é como mergulhar no abismo, e enfrentar a dor de absorver tanto conhecimento.
Com isso dito...Hernan é uma dessas pessoas. Ele "caminha" entre os dois mundos como se fosse apenas um só.
Seria muito maravilhoso...se não fosse os efeitos colaterais de se usar essa habilidade.
O experimento é simples: Tentar descrever o que via quando entrava o "Jardim".
Era pra ser simples, não é?
O Hernán se sentava numa cadeira,com uma venda em suas mãos.
"Okay Sol, coloca a venda nos olhos, respira fundo e descreva o que vê" pediu um dos médicos.
O rapaz já estava meio estranhando tudo aquilo. Aquele experimento tinha sido autorizado? Talvez não.
Mas ele não pode recuar agora. Ele tinha concordado em particular disso.
Ele suspira....e coloca a venda.
Aos poucos, é como se ele tivesse entrando dentro de uma tempestade.
Mas logo...ele se vê na frente de uma porta.
A Canário corria pelos corredores. Como que ela pode deixar aquele médico tomar uma decisão tão burra?
"merda merda merda...." Sussurrou pra si, tentando avisar ê Capite daquele pavilhão.
Ela vira o corredor,vendo pessoas amontoadas contra o vidro.
A mulher se aproxima pra vê...e tem a pior visão que ela podia ter.
O Sol tava no chão, tossindo sangue, enquanto ele tinha uma grande mancha escura cobrindo parte dos seus olhos, além de pequenas flores rasgarem suas mãos.
Canário nem pensa duas vezes e digita o código de segurança na porta, abrindo-a
"QUE MERDA VOCÊS ESTÃO FAZENDO?!"
Alguma coisa tava acontecendo. Os olhos dele doem,ele sente a garganta dele arranhar. O médico tenta procurar alguma coisa para se apoiar,mas a mão dele vacila e ele vai ao chão como um nada.
O mundo girava,as pessoas falavam mas ele não as ouvia.
Ele sente duas mãos o segurando, puxando para perto
"Eu avisei-... você não deviam...-Cala a boca!" A voz da mulher era distante, distorcida.
"Quem...?" Ele diz, sussurrando,já que era muito cansativo falar.
"Sou eu, Canário...-udo bem agora..." Ela fazia carinho na cabeça dele, tentando entender o que tava acontecendo.
As bordas da visão dele se escurecem. A memória do que viu se dispersa.
E o que ele viu? Bom....
É melhor não saber.
Chapter 16: "E de repente,tudo se tornou um breu"
Summary:
Dia 16- Trauma Reprimido/Marca Permanente/Perca de memória
Tw- Abuso e suicídio implícito, problemas familiares,temas sobre depressão
Notes:
Eu honestamente peço desculpas. Esse capitulo é o mais pesado na minha opinião.
Chapter Text
"E de repente, tudo se tornou um breu" Acho que não era assim que se começa uma conversa com a psicologa. "Simplesmente só, como uma luz que foi apagada"
Conversar sobre como que um ano da vida dele se tornou um completo breu era bem...complicado. Sempre que tentava se lembrar, era como se ele tivesse tentando ler um livro borrado. As imagens se misturam, tudo fica mais abafado e frio.
"Eu já perguntei varias vezes para a minha tia se alguma coisa aconteceu naquela época, mas...ela sempre era vaga nas descrições: "Ah, sua irmã saiu de casa e cortou contato " ou "Não se incomode, já passou" Comentou, se ajeitando desconfortavelmente na cadeira. Fazia meses que ele não falava sobre sua família. Ele lembrava da sua mãe, do seu pai, mas....ele não lembrava de sua irmã mais velha.
Ele tem 30 anos agora. Ela poderia ter 35,ou ate mais do que isso...Mas...a ultima lembrança que ele tem dela é dela o abraçando.
"Eu...acho que a minha irmã morreu, senhorita" Confessou, olhando para o teto. "Nosso pai não era uma boa pessoa ,sabe? Ele era estressado, batia na gente de vez em quando...principalmente a minha irmã. Ela era mais raivosa, mais...rebelde. E ele odiava isso do fundo da alma dele"
O silencio era insuportável, mas ele sabia que tinha que continuar falando.
"A ultima coisa que eu lembro dela era depois de uma briga. Ela tava muito triste, pelo menos, era como o meu eu criança acreditava. Então, depois dessa briga, eu fui ao quarto dela..."
O garoto entrava no quarto da mais velha, segurando seu ursinho de pelúcia. A garota tava arrumando sua mochila, ajeitando o casaco vermelho característico.
"Mica, onde você vai?" Sua voz era baixa demais, com medo do pai deles acordar. A garota olha para o pequeno rapaz, soltando um suspiro pesado.
"Eu...vou embora" disse, se ajoelhando na frente do garoto. Hernan se lembrava daqueles olhos: cansados, diante de uma batalha que não tem como vencer. "Essa casa não é mais segura para mim, pequeño..."
"Ah, deixa eu ir com você!" Ele segura na manga da mais velha, vendo por debaixo dela os machucados da briga. roxo, agressivo. "Eu posso ajudar!"
A garota queria chorar. Mas ela segura as lagrimas, dando tapinhas na cabeça do garoto "Não vai dar, camarada...é um caminho que eu preciso trilhar sozinha. E você precisa ir a escola, pra não ficar vagabundo que nem eu e o papai, né?"
O garoto fica pensativo por um tempo, antes de abrir um sorriso e abraçar a irmã. "Ta bom! Mas volta logo, ta? O Vinte Pilotos vai lançar álbum novo!"
Ela ri, enquanto pega sua mochila e vai ate a janela. Ela a abre, revelando que tinha uma escada lá. "Ate depois, hermanito"
E com isso, ela pula a janela.
Depois disso...o breu.
"Desde então..eu sempre tive esse sentimento que ela se foi. Todas as coisas que lembram ela sempre se conectam nesse breu...e no dia seguinte após a briga, eu só me recordo que eu acordei com isso no meu braço"
Ele estende o braço, mostrando uma tatuagem de um coração
"Eu não entendia do porque disso. Achei que fosse um desenho que fiz e esqueci de apagar...mas ele nunca se foi. E só agora, depois desse tempo todo...que eu entendo que ela se foi. Ela amava desenhar isso no braço depois de um dia ruim...Acho que ela que queria dizer uma mensagem"
Ele olha para o braço. Anos se passaram, e aquela marca ainda tava ali, como um lembrete.
Durante a conversa, a psicologa ficava em silencio. Após ele finalmente terminou de falar...ela abaixa o caderno de anotações.
"...Eu não tenho muito a dizer a não ser...sinto muito"
Chapter 17: "No fundo,eu sempre soube que eu não sou a vítima"
Summary:
Dia 17-Culpa do sobrevivente (Tema livre)
TW- Culpa,temas relacionados a saúde mental, menção a relacionamento abusivo
Chapter Text
Uma das poucas pessoas que soube dos experimentos da Íris era o Netuno.
Ele tinha descoberto por acidente, enquanto conversava com a Lua sobre o quão estranho era a relação do Sol com a cientista.
E agora, depois de tanto tempo...Ele se arrepende de nunca ter confrontado o Hernán com isso.
É difícil não olhar para trás e perceber que tudo podia ter sido resolvido. Talvez se ele tivesse falado mais, se aberto mais, ter sido mais honesto-
"Mas ia mudar o fato que tu foi manipulado por uma maluca?" Netuno diz, olhando para Hernán como se olhasse para o próprio reflexo da água.
Até porque...bem,ele era a água agora.
Após o acidente, o médico via o fantasma do ex companheiro nas poças, nos rios,nos lagos.
Teria um nome certo pra isso,mas fazia muito tempo pra ele se lembrar.
"... É o que aconteceu. Nada vai mudar que...ela me usou, Net" ele diz, olhando para a água com um semblante triste. Era a primeira vez que ele conversa com os espectros por conta própria. "o pior de tudo... é que.. talvez eu..tenha gostado dos benefícios desse caos"
A sempre mesma dúvida que o perseguia. Por mais que ele ouça as pessoas dizendo que ele só foi uma vítima..isso era parcialmente verdade.
"Você gostava ou se adaptou para gostar?" Por mais que ele não pudesse tocar o amigo, suas palavras eram doces, apesar de falar algo que de certa forma dói. "Olha,cara... Eu não vou dizer que você estava totalmente alheio ao que ela fez,porque isso seria mentir... Mas, todos nós acreditamos nas palavras dela, principalmente você. Nós queríamos poder, sair da vida de merda e finalmente ter algo. E ela nos deu esse algo. Só que já viu que ela sempre vai ter um preço"
Ele tinha razão. Mas o Hernán não queria admitir isso. Ele tava preso aquela ideia de que ele não poderia ser uma vítima. Porque ele gostou do poder que tinha,por mais que ele era pago com sangue.
"....Eu realmente queria acreditar nisso"
"Mas você não precisa agora" a voz começa a ficar cada vez mais fraca. O tempo tava acabando "Esse caminho é seu,cria...Eu só sou um fantasma"
E logo,a água leva. Deixando apenas o som do vento se fazer presente.
Chapter 18: "Rio 40 graus,cidade maravilha,purgatório da beleza e do caos
Summary:
Dia 18-Environment Whump
TW- Violência leve, descrição de insolaçãoAviso: Qualquer crítica (não) tem semelhanças com a realidade.
Chapter Text
Rio de Janeiro não era mais uma pintura colorida e amada mesmo com seus defeitos.
Ela é podre, suja. Com seus problemas escancarados, aonde não pode mais esconder.
Gangues, caos, uma selva de pedra. Quem sobrevive,amadurece e cria raízes.
E para um grupo como o Pelotão Cubo,eles são a própria floresta daquele estado em ruínas.
A missão era em trio, num antigo e velho prédio abandonado. Lua,Labrador e Sol adentravam ao lugar,em busca de um soldado que havia ameaçado fornecer informações ao estado inimigo.
"Labrador,pega o corredor com a Lua,eu vou guardar a entrada" Comandou o Sol,que era atualmente o líder do trio.
Labrador respondeu com um leve rosnado, equipando seu fuzil com força. Ela entra no corredor.
"Ei...toma cuidado" Lua diz,antes de entrar no corredor.
Sol fica na porta, olhando em volta. Tava muito quente,e pelo por conta das regras,eles tinham que usar uniformes fechados.
E tava muito quente. Deve tá trinta ou quarenta graus ali,e não mais. Como caralhos aquela cidade chegou nesse nível de temperatura?
Não importa. Ele precisava ficar alerta-
"FILHA DA PUTA,FOGE NÃO COVARDE!" Ele escuta a Lua gritando e alguém correndo. Quando olha,ele vê o soldado traidor correndo pelo corredor, e antes de poder reagir,o homem usa o rifle pra acertar ele na barriga,antes de voltar a correr.
Em menos de poucos segundos, aquilo se torna uma perseguição no meio daquele forno.
O Hernán não sabia a quantos minutos ele tá correndo atrás do cara. O tempo tava passando devagar. Tava abafado. Seco. Respirar era como aspirar vidro.
Ele tentava desviar dos obstáculos,mas em sua visão,era como se tivesse dois ou mais na frente dele.
Logo...o mundo parece girar mais do que o normal e...
"Cuidado. Você. Bem?" Labrador o segura, fazendo ele se apoiar nela.
Ele tenta falar,mas a voz dele sai tão baixa que não dava pra entender
"...Estado ruim" Ela ajuda ele a se sentar, pegando o cantil dela e o entregando a ele. Apesar de seu modo mais contido,era notável sua preocupação "Ficar. Não se mexer"
E ela volta a correr,podendo ouvir tiros ao longe.
O Hernán fica ali,sentado, bebendo água e jogando ela no rosto.
Ele fecha os olhos por um momento... talvez seja melhor mesmo descansar.
A missão foi um sucesso... parcialmente.
O alvo foi preso,porém o Hernán vai ter que ser obrigado a tirar um tempo pra se recuperar. Ele teve uma insolação um pouco grave.
Enquanto ele era colocado na maca,o médico olha para a companheira de equipe, sorrindo. "Obrigado..."
Ela fica em silêncio...e balança levemente a cabeça,antes de voltar para o relatório.
"...Ownt sabia que ela tinha um coração mole" comentou Lua,dando uma risadinha
"Lua para de infernizar a sua colega-"
Chapter 19: "Apenas um anjo vestindo uma carne humana"
Summary:
Dia 19 - Desumanização/Lugar Sagrado
TW- Desumanização e Horror Religioso,analogia para relações abusivas
Notes:
Amanhã vai ser especial
Chapter Text
Hernan era um anjo.
Não no sentido literal da frase, mas sim na sua forma mais interpretativa. Um salvador,aquele que ta na linha de frente das batalhas para impedir que seus aliados caiam nas mãos do desespero.
Mas, quando é necessário, é ele que guia para o fim.
Anjos não precisam de emoções negativas. Eles só precisam sorrir enquanto o céu cai em suas cabeças,enquanto Deus os manda para baixo todo dia, enfrentando todo tipo de dor necessária e desnecessária para que a humanidade não sangre mais.
Hernan era um anjo. So que sua Deusa arrancou suas asas para que não pudesse mais voar.
Ele se senta em um dos bancos da igreja,olhando para as imagens santas. O silencio era infernal,o que era bastante contraditório.
O medico olhava para as próprias mãos,não para rezar,e sim...para lembrar.Tentar lembrar que era um "humano". Que podia falhar,que podia respirar. Que podia ser alguém vivo. Não alguém intocável que pode salvar qualquer um.
E quando você se torna intocável,você perde a habilidade de tocar os outros.
"Porque você só não me deixa em paz?" Perguntava ao vento,sabendo que ela estava lá. Iris o observava,sentada no altar,como uma zombaria ao sagrado.
"Ué,eu só to vendo se meu anjinho ta ajudando as pessoas.." A doce voz dela era penetrante,mas rapidamente o Hernan sacode a cabeça,tentando negar a presença dela. "Mas pelo visto...ta se preocupando demais com coisas banais como...culpa? Fraqueza? Amor?"
Ela se aproxima,ficando atrás dele,abraçando-o por trás e sussurrando seu ouvido "Você não precisa disso. Não foi você que quis que eu te ajudasse a proteger as pessoas? Então sustente as consequências disso"
Naquele ponto,o Hernan sentia uma certa dormência as coisas que ela falava. Não adiantava lutar contra a verdade.
Ela era tudo que ele tinha. Se ele podia ter um pouco mais de resistência contra as anomalias,foi graças a tudo que ela criou.
Se ele é mais inteligente,foi porque ela que lhe deu conhecimento.
Ele é um medico bom graças a ela. um "anjo" como os outros falam.
E Anjos não podem fraquejar.
"...Ta...desculpa" Sussurrou de volta,olhando para os vitrais.
Nesse ponto,talvez Deus tenha o abandonado. Talvez Ele tenha percebido que sua alma não tenha salvação depois de tantos pecados.
Ele merecia isso.
Merecia ser reduzido apenas a algo que pode ser adorado por fazer o mínimo,mas nunca ser tocado.
O pior de tudo,é saber que ele não diferente dos outros.
Labrador se reduziu a praticamente uma fera.
Canário tá lentamente se tornando um pássaro com os experimentos.
Lua cada dia tá injetando novas tecnologias em seu corpo.
E ele...ele estava cada vez mais seguindo o caminho do "divino". Distorcendo sua imagem para ser algo positivo.
O Sol precisa brilhar para todos. Então um deve fic
ar na escuridão para sustentar os seus do Senhor.
Chapter 20: "Obrigade por existir"
Summary:
Dia 20- Sobrecarga, Festa Chique
Aviso- Para esta historia,recomendo escutar Gustave,do Clair Obscure.
Chapter Text
Festas chiques não são algo que Hernán gostava. Porém, era uma festa necessária. Belmond Copacabana Palace,lugar de muitas historias, e principalmente,muitos contratos.
Lavanda pediu para duas pessoas representarem o Pelotão. A primeira foi obviamente ê Belladonna,devido ao grande respeito que lhe foi conquistado ao longo do tempo.
E o segundo..bem..foi o Hernán. As pessoas não queriam ir para uma festa ao qual seriam apenas uma propaganda para o governo. Não que elas estejam erradas,mas também não precisava escolher ele.
Mas enfim,com muito contragosto,ele foi ao lado de seu Capite.
Ele queria xingar a mulher que fez a roupa daquela noite. Era apertada,ficava pegando na prótese, e a textura do tecido era como facas na pele dele. Mas não podia reclamar muito, afinal, era de graça.
A viagem de carro foi silenciosa. Belladonna olhava para fora, sem se preocupar muito com a viagem. Pra elu, era só um evento comum,nada de especial. Apenas uma forma de agradar os mais poderosos com comidas chiques e conversas fúteis.
"Você acha que vai dar para levar os doces e salgados para casa?" Perguntou o médico,dando uma risadinha baixa ao perceber que o silencio tinha sido quebrada. "Que foi? Nunca fez isso?"
O silencio vai lentamente desaparecendo com conversas paralelas (e descobrindo com o motorista particular que podia levar lanche). Apesar da melancolia presente,o Hernán sabia como quebrar o ambiente ruim com suas piadas idiotas.
E logo,a visão do imponente hotel aparece.
Hora de fingir que se importa com aquelas pessoas.
Hernan odiava cada vez mais aquela maldita roupa. Quem achou uma boa ideia criar uma roupa de veludo num calor de 30°?
Ele ajeita a gola,tentando se enturmar com os outros representantes. O clima era levemente agradável,com pessoas rindo,bebidas e cigarros permeando o ambiente. Conversar era difícil,com os barulhos ao redor, impossibilitando entender o outro.
É impossível respirar com a gola prendendo no pescoço. Andar sem ficar toda hora movendo o jaleco.
Ele nem queria estar aqui. Ele queria ficar em casa,curtindo um pouco de TV e cerveja. Talvez fosse melhor do que ficar toda hora sentindo que ia morrer por causa daquela maldita roupa-
"Ei.. cê quer ir lá pra fora? Tá meio cheio aqui" A voz de Belladonna faz ele despertar por um momento, e ele olha imediatamente para elu.
"...uhum" Sua voz saiu mais baixa do que ele se lembrava. Ele mal tinha notado que tava prestes a ter uma crise por causa da sobrecarga.
E de um momento para outro,os dois estavam no lado de fora
O som era mais abafado,e como estava mais fresco,o Hernán pode desabotoar o jaleco.
"Finalmente,ar fresco" Disse,aliviado, enquanto se sentava em um dos bancos.
Belladonna se sentava ao seu lado, olhando para o céu estrelado. "Percebi que você tava se sentindo incomodado e decidi que já tava na hora de sair daquela festa... Cê' tá legal?"
"Tô.. só..o tecido da roupa tá me incomodando um pouco...e as vozes das pessoas tão como um martelo na minha cabeça,tá ligado?" Respondeu, enquanto admirava alguma coisa do jardim.
Mas..de alguma forma,seus olhos eram atraídos para uma única coisa. Elu. Talvez pelas roupas pretas que contrastavam com o lugar extremamente colorido.
Ou..apenas aquele sentimento de aproximação que lhe perturbava.
Mas não deve ser nada demais. Elu é só um amigue.
"... Honestamente,a música até que estava boa..mas não tinha espaço para dançar" Belladonna se levanta, esticando a mão para o Hernán "Quer dançar?"
O silêncio se pondera no local. O pedido era tentador. Por um momento...seu corpo gela.
Honestamente falando, ele odiava festas,mas.. talvez ele pudesse tentar "eu não sei dançar..."
"Nem eu,mas a gente se vira" elu puxa sua mão, e logo,cada um fica na ponta do jardim.
Seus olhos se encontram por um momento. Hernán faz uma breve reverência,que é imitada por seu companheiro.
E aos poucos,os dois seguram a mão do outro, numa dança lenta, sem nenhuma intenção. As vezes o tecido da roupa prendia na prótese, fazendo ele cambalear. Mas Belladonna sempre o segurava,de certa forma,com ternura.
"Toma cuidado.." sussurrou, olhando para seus olhos.
Olhos que não sabiam para onde olhar de volta. Se encarava para elu,se olha a para baixo,se fechava os olhos. A diferença leve de altura o deixava nervoso.
Mas o silêncio valia a pena. Não tinha pressa para acabar, apenas duas pessoas que queriam um lugar para ficar.
E por um momento...o Hernán pode tocar alguém de forma genuína. Sem trocas injustas. Sem luvas.
Talvez ele realmente tenha caído no abismo. Isso ele deixara para o Hernán do futuro.
Chapter 21: "Eu vou fazer questão de que cada cicatriz doa"
Summary:
Dia 21 - Busca e Resgate/Ajoelhado/Arma apontada/Restrição
TW- Violência Gráfica,Sequestro, Linguagem agressiva
Chapter Text
Era obvio que um dia o lado inimigo ia tentar sequestrar alguém para chantagem. E em uma noite, Hernan foi emboscado e jogado para dentro de uma van.
"Shhh...colabore e você talvez saia com vida" O homem mascarado diz. Ele tinha um leve sotaque australiano,mas ele não conseguia entender.
Um deles pega seu celular,abrindo a câmera do telefone e virando para o mesmo "Talvez seja uma boa forma de avisar aquele grupo de merda que finalmente eles falharam,não acha?"
O capanga mais velho tira a foto,enviando em massa para os contatos. Um visão cruel,desumana.
Mas também,uma das piores escolhas que fizeram.
Ate porque, tem uma Quimera observando.
Hernan não sabia a quantas horas ele tava naquela maldita cela. Ate o presado momento,ele tava bem.
Quero dizer,tirando as algemas .
O frio
Um machucado bem grande na cabeça.
Talvez ele tenha quebrado alguma parte do corpo.
Mas ele ta respirando,e é isso que importa agora.
Até o capanga abrir a porta e ele perceber que ele não tava tão bem assim.
"E ate agora você não falou nada,não é?" O homem diz,se abaixando e segurando o rapaz pelo cabelo,forçando a olhar para ele "é tão simples! é só dizer aonde guardam as armas e pronto! Eu ate mesmo pago o táxi para você"
O Hernán tava cansado,mas de jeito nenhum ele iria falar para ele. Trair o Pelotão Cubo seria a pior coisa que poderia acontecer
"Vai pro inferno,seu porra..." Ele cospe na cara dele,mesmo sabendo das consequências. "Vocês são realmente uns covardes, não? Pegando o médico só porque sabem que vão perde-"
Antes dele completar a frase,o capanga bate com a cara dele no chão.
"tá muito engraçadinho pra quem pode morrer a qualquer momento, né?!" Ele grita, enquanto disfere um golpe na cabeça dele com o rifle. "Você tem noção da porra da grana que tá em jogo? Milhões e milhões de dólares!"
Golpe após golpe, é como se cada parte de sua visão desaparecesse.
Era isso. Essa era a forma que ele ia morrer?
Porra,ele nem chamou elu para sair....
O capanga aponta a ponta do rifle na cabeça do médico.
"Últimas palavras?"
O Hernán sorri, e fecha os olhos
Ele ia muito mandar o cara se fuder. Mas....
Alguém destrava o gatilho antes do criminoso.
"Boa noite"
A voz dela ecoa mais alto que o tiro que atravessa o crânio do homem, que cai no chão,sem vida.
Entre os pontos pretos de sua visão,o Hernán via a figura familiar delu.
Ele se força a se ajoelhar para se sentar,mas logo duas mãos o seguram.
"Ei... Cê tá comigo, né camarada?" O Hernán não sabe se Belladonna estava sorrindo ou não,mas ele sentia o alívio na voz dele.
"É...tô vivo" riu,apesar da dor de cabeça infernal. "Agora dá pra me soltar? eu não sou lá muito fã de algemas"
A caminhada ate o carro era silenciosa. Elu não tinha muitas dificuldades em carregar o médico,afinal de contas o mesmo é bem magro.
Era difícil encara-lo. Elu ainda tinha a foto marcada em sua memória. O alvoroço que deu por causa disso não é nem possível descrever.
Elu coloca o colega nos bancos de trás, e vai para o banco da frente.
"...Porque sempre é você que se machuca?" Perguntou,antes de dar partida
".... Talvez por que eu seja mais fácil e mais fraco... Acontece,eu acho" o mesmo respondeu,ainda segurando o saco de gelo na cabeça. Aquilo vai deixar um galo enorme.
"... Não queria que fosse você"
"Também não,mas fazer o que..."
E com isso,o carro segue.
Chapter 22: "Juro por Deus que eu faço você tirar ferias"
Summary:
Dia 22 -Auto Sacrifico/ Exaustão
TW- Temas sobre morte
Chapter Text
Se tem uma coisa que Lua não aceita, é ser feita de idiota. Toda vez que o Hernan sacrifica o mental dele para atravessar parte do Jardim,ele fica cada vez pior.
Olhos fundos, palidez, cansaço.
Coisas que ela já viu inúmeras e inúmeras vezes e não pode fazer nada para ajudar.
Dessa vez,ela vai dar um jeito de fazer ele parar de se sacrificar.
Nem que seja batendo de frente com o mesmo.
Mais uma missão, mais uma vez ele se sacrificando. Sua visão se distorce. Ele cambaleia para frente,se apoiando na parede. A mão dele tava começando a ficar com as ponta dos dedos mais escurecidas.
Todo dia ele sabe dos riscos. Exames e mais exames mostram que sua pressão aumenta cada dia mais. Mas não tem o que ele possa fazer. Perante a toda a merda que tava acontecendo, a guerra que chegava cada dia mais perto, como que ele podia só simplesmente não poder usar o que ele sabe?
Esse era o preço que ele paga dia apos dia. Uma caminhada lenta em direção a morte.
Mas ele não liga. Não mais. A dor já deixou ele dormente demais,apático demais, como um sol que ainda queima mas não tem nada para se sustentar.
Ele caminha,suas pernas bambeando a cada passo. O cansaço o abraça como um cobertor
E como um piscar de olhos-
"NO MEU TURNO NÃO FILHA DA PUTA!" Alguém grita, e o homem sente sendo segurado por essa mesma pessoa. O cheiro de graxa e o mesmo cigarro barato não o engana
Era sua filha,Lua.
"Você não vai andar desse jeito,seu porra!" Ela o ajuda a se sentar, tirando casaco e colocando ao redor de seus ombros. Ela olha suas mãos,vendo as marcas piorarem. "...Porra...caralho...Por que?"
Por que ele ainda continua se sacrifica assim? é pra provar alguma coisa?
Por que ele não pode contar com ela? é por causa das coisas da Iris,é isso?
Ela podia melhorar. Se ela implantar mais partes robóticas,se ela ultrapassar os seus limites, se ela -
"Por favor...para de se martirizar..."Ele coloca a mão no rosto dela,que se inclina na direção da mesma "Foi o caminho que eu escolhi para que você e os outros parassem de se machucar...atrasar o inevitável por mais um pouco..só por alguns dias...só por alguns meses...Vê vocês serem humanos por mais um dia"
Silencio, carregados de palavras impossíveis de serem ditas. A Lua abraça o Sol,puxando para mais perto.
"Assim que essa merda acabar,você vai tirar ferias,seu desgraçado.
"Eu não prometo muita coisa..."
E de fato,ele não prometeu.
Chapter 23: "Precisarei te matar antes que você me mate primeiro"
Summary:
Dia 23-Se tornando o monstro/Mudança de Dinâmica
TW- temas sobre depressão e comportamento auto destrutivo (Whumpee se tornando Whumper)
Chapter Text
O quão longe você pode ir antes de quebrar completamente?
Hernán sabia o seu limite. No momento em que se encontrava sentado,olhando para o vazio,pensando em como tudo esta indo de mal a pior.
Amigos? Metade mortos ou metade nem se sabe se vão voltar a serem humanos.
Família? Que família? A única que ele tem ta lentamente virando um robô
Ah,elu? Ah,meu caro leitor. Elu não pode ajudar. As missões se tornaram cada vez mais solitárias, se distorcendo em uma vendeta pessoal que ninguém entende.
Um sentimento percorria nas suas veias. Como lutar contra um sistema quando você já foi corrompido por ele?
Ele caiu,tantas e tantas vezes. Um anjo caído, que não para de se quebrar. Mascaras não são mais necessárias para mostrar a verdadeira face de quem ele realmente é.
Ele é apenas um boneco.
Algo descartável e sujo.
Ninguem se importa se ele se remendar, se concertar. Rezar para o inferno passar. Ele não passa, nada disso passa.
Então, se isso não passa...Ele vai fazer isso passar. Com suas próprias mãos.
Mais um contrato. Hiena vai ser útil depois.
Ele se encontrava em seu quarto,olhando para uma caixa antiga. Varias memorias boas,momentos que ele foi genuinamente feliz.
Seus olhos param num ursinho de pelúcia. Ele tinha ganhado dela antes..antes dela sumir.
Ele segura o tecido felpudo com carinho,olhando para as imperfeições.
"Nos eramos felizes..." Uma voz dizia. Uma voz infantil,inocente. A dele. "A gente ta machucando as pessoas"
"Eu sei.."
"Então porque você não para?"
"Eu não posso-"
"o papai dizia a mesma coisa"
O homem se levanta,segurando o ursinho com raiva."Eu não sou igual a ele,ta?! E cala a porra da sua boca, antes de que eu decida -"
"Me matar?"
As palavras somem em sua boca.Os dois se encaram por logos períodos de tempo. E de fato..era isso que ele queria.
Matar sua inocência antes que ela o matasse primeiro. Não tem como mais suportar esse fardo,essa bondade toda.
"...Talvez eu realmente seja meu pai"
Ele joga o ursinho no chão,que rasga aonde seria a perna. Uma ironia macabra,não é mesmo?
Aquela figura lentamente some, deixando apenas o vazio.
Era isso,né? Não tem mais volta.
Ele não era mais tão diferente dos outros.
Não era melhor do que ninguém.
O Sol vai continuar brilhando,mas agora seu calor queima. Mas quem mais se fer
e....
é criança que um dia amava sair em um dia ensolarado.
Chapter 24: "...Eu não fiz isso"
Summary:
Dia 24- Transformação Dolorosa/Amnesia/ Caretaker Ferido
TW- Body Horror, gore leve
Chapter Text
A dupla estava terminando mais algumas missões,antes de finalmente as ferias de Novembro chegarem. Hernan olhava as portas com cuidado,sinalizando para seu companheire Belladonna avançar.
Aquela semana tem sido bem...estranha. Com o avanço dos experimentos e o contato direto com as anomalias, o Hernán se sentia..estranho, para dizer o mínimo. Flores aleatoriamente aparecem em seu braço,e uma sensação constante de pavor e receio.
E talvez hoje...algo ruim vai acontecer.
Após a missão, a dupla estava voltando para o ponto de extração,quando um barulho de tiro ecoa...e por muita sorte,atinge a arvore ao lado deles.
"MERDA,EMBOSCADA!"
Belladonna grita,puxando os dois para dentro de uma ribanceira,puxando o fuzil e mirando para o grupo de inimigos que se aproximavam.
O coração do homem acelerava,ele cobria sua boca para que não pudessem ouvir a respiração dele. Ele olha para dentro da palma da mão dele,vendo uma rosa rasgar a palma da mão,pingando sangue em suas calças. Não era um bom momento para ter uma crise agora.
"Hernan,me escuta, você tem que chamar a ajuda rápido, eu vou distrair eles." Ela segura o fuzil e rapidamente sobe a ribanceira,indo em direção aos inimigos.
Ele rapidamente começa a chamar ajuda,digitando desesperadamente os códigos de S.O.S para os outros da equipe.
"ESTAMOS SENDO ATACADOS,MANDE EQUIPE PARA A -"
POW
Um tiro silencia todo o ambiente. O homem não conseguia ter coragem de olhar. Mas logo,uma voz confirma suas suspeitas:
"SOLDADO INIMIGO CAÍDO!"
...Que?
Não. Isso não pode ta acontecendo.
Seu amigue. O companheiro, elu não pode. Não não não não-
Uma rosa passa atravessando o ombro dele. Pouco a pouco,as flores começaram a rasgar seu antebraço,um grito agoniado ecoa pelo ambiente.
É a ultima coisa que ele se lembra quando as flores começam a revestir seu rosto.
Belladonna estava acostumar a tomar tiro,mas um na cintura era sacanagem. Aquilo ia dar um trabalhado desgraçada para se recuperar.
Elu demora um pouco para abrir os olhos,mas quando elu os abre...
Elu só vê uma cabeça humana. Um corpo completamente destroçado no chão.
Ê soldade se força a se levantar,e no meio do campo de batalha...tava seu colega de trabalho.
Não do jeito que elu imaginava. Seu braço tava retorcido em uma grande garra cheia de flores. Todo o rosto delu tava sendo coberto por um grande girassol,servindo como mascara "Hernan...?"
O homem lentamente se vira, e logo...aquelas flores começam a voltar para seja la aonde elas estavam.
Mesmo cambaleando, ê capite acelera o passo para segurar ele antes dos dois caírem no chão.
"...O que você fez?"
"Eu...eu não sei...o que aconteceu?" A voz dele é embargada,presa. Uma flor ainda estava voltando para seu peito.
O som do carro do exercito ecoava muito alto. A ajuda tava vindo.
Belladonna não sabia o que fazer. Se contava para seus superiores,se ficava quieta.
Por hora...elu vai esperar o Hernan voltar ao normal.
Chapter 25: "Alimente a minha fé,pois essa será a última vez"
Summary:
Dia 25- Fé Perdida/"sem alma"/ Cenário sem vitória
TW- menção a suicídio/bebida alcoólica e remédio
Chapter Text
A vida era algo interessante . Acordar,rotina,ir dormir. Após a guerra,as coisas estavam muito silenciosos. As bebidas não faziam mais sentido, os efeitos dos remédios só davam uma sensação de paz.
O silêncio era sua amiga naquele apartamento.debruçado sobre a mesa, o homem via as cartas de melhoras dos seus antigos amigos
Mas nada podia fazer esse vazio passar. Não importa o quão positivo ele pensasse, nada chegava a uma conclusão
Sua alma já foi condenada ao inferno. Todos os dias, a imagem de um futuro melhor some em meio as garrafas , remédios controlados e dores constantes.
Enquanto ele estava debruçado sobre a mesa,ele pondera...e se ele pudesse dar um fim nisso?
Ele morava no oitavo andar.
Mas ao mesmo tempo...ele não queria deixar a Lua sozinha.
Seria egoísmo da parte dele desistir assim.
Mas ao mesmo tempo...ele tava exausto de viver aquela rotina.
Talvez antes ele limpe o quarto. Melhor depois de ajudar a senhora do quarto andar.
Depois de...
depois de...
Talvez seja melhor viver.
Em algum momento ele faz besteira. Depois de ter certeza que a Lua tenha uma vida normal.
Ele apenas vai continuar alimentando sua própria fé,pois após isso,será a última vez que ele vai tentar mudar.
Chapter 26: "So se vive uma vez"
Summary:
Dia 26- Recaída
TW- Cigarros, caretaker irresponsável (Carewhumper),crise de ansiedade
Chapter Text
Hernán prometeu a si mesmo parar de fumar. O médico dele avisou que se ele continuasse,ele não ia viver até os 60 anos.
Então ele parou, tomando alternativas,como aquelas balas de nicotina ou pirulitos, Hernán tentou de diversas formas não pensar muito no vício.
Mas em um lugar aonde todo mundo se entregou a alguma coisa, será que ele vai continuar suportando isso?
Talvez não.
No topo do prédio, o Hernán tava sentado em um dos bancos,com as mãos tremulas. Ele precisava parar de pensar,parar de sentir, parar de ouvir.
Tem que ter alguma coisa para acalmar o caos que tava acontecendo. Era só pra ser um dia normal,porque ele sentia que o peito dele ia explodir?
Passos ecoam pelo terraço,sentando ao lado do homem. Logo, o cheiro do cigarro faz ele se virar para quem que tava fumando.
"Caládio?" A voz do homem era tremula,desesperada. Credo,desde quando ele se tornava tão patético quando estava em patético.
"Boa tarde,senhor Hernán" Respondeu,se inclinando para trás, soprando a fumaça para cima. Ele tira um cigarro do pacote,entregando para o homem "Quer um?"
Hernán encara o homem,confuso. Todo mundo sabia da sua condição com os cigarros,então porque ele tava oferecendo?
"...Eu..não posso." Ele diz, segurando as mãos com força. Ele não podia ter uma recaída,por que se ele tiver, só Deus sabe que outras tipos de coisa ele pode acabar voltando a fazer.
"Cara,você ta tremendo igual a uma folha verde,para de fingir que não ta querendo e fuma logo. So se vive uma vez mesmo" Ele empurra o cigarro nas mãos do Hernán,acendendo com o isqueiro dele.
O cheiro forte invade as narinas do médico, e como uma mariposa em direção a luz, o Hernán coloca o cigarro na boca, deixando a fumaça preencher o vazio no peito dele.
20 dias sem fumar foram para o lixo,mas ao mesmo tempo...ele não sabia o que fazer. Era isso ou enlouquecer de vez.
So que doí. Voltar ao que te faz mal sempre doí.
"Viu,foi difícil?" Caládio diz,olhando para o lado "...Cê' ta chorando? Serio isso?"
É obvio que ele estaria chorando. Chorando de frustração. Chorando por não saber aonde colocar a culpa. Se o culpado era ele por ceder, ou do Caládio por ser irresponsável.
"...Não é nada..." Ele seca as lágrimas,e logo ele se levanta, segurando um cigarro entre os dedos "valeu pelo cigarro..."
"De nada, carinha...se não tiver dinheiro pra comprar cigarro,pede pra mim "
O Hernán se afastou antes mesmo dele continuar ouvindo o Caládio. Ele não vai voltar a fumar depois de hoje. Hoje só foi uma recaída por necessidade.
Ele quer que só seja hoje.
Só...hoje...
Né?
Chapter 27: "Estamos vivos?"
Summary:
TW- Hospitais, tópicos sobre suicídio
Dia 27- Vigília hospitalar/Experiência Quase Morte/Coma
Chapter Text
Lua estava ao lado da cama do Hernán, semanas depois após o ocorrido.
A explosão foi bem mais séria que a dupla pensava,mesmo após o mesmo confirmar que estava bem.
Bem, não daria pra imaginar que lá dentro tinha anomalias.
E que aquelas anomalias atacam.
E que ele iria se jogar na frente do golpe....
Bem! Não importa agora. Eles estavam vivos. Ela pode conversar sobre essas tendências suicidas depois.
"Velhote do caralho... é melhor você acordar bem...eu não tô com coração o suficiente pra isso..."
Literalmente,mas ela não vai entrar em detalhes sobre isso.
"Aquele soldadinho que tava com a gente tá vive,viu? Tu protegeu elu... só não precisava se jogar na frente da porra do bicho né" Ela da uma risadinha,mas logo sente as lágrimas descerem pelo rosto dela "....Seu idiota..."
Ela volta a mexer no celular. Por causa do ocorrido,ela e o tal soldado que ela não conseguia memorizar acabaram trocando números pra atualizar o estado um do outro.
"....Eu não entendo porque Íris fudeu com a missão...tá,ela era uma maluca do caralho? Porra,muita coisa...Mas acho,na humildade,que planejar um suicídio coletivo não era lá a resposta..A gente podia..sei lá,ter ajudado ela" Era estranho a palavra "ajudar" e "Íris" na mesma frase. Não encaixa, não fazia sentido.
Mas por algum motivo,Lua sentia que talvez,só talvez...daria pra fazer a diferença. Se ela tivesse notado mais cedo...
Não.
Não vai se culpar agora. Íris tava em plena consciência quando ela ativou aquela bomba.
Não era tempo para ficar nesse ciclo de culpa. Agora ela precisa cuidar do Hernán.
Luzes sambava na visão do homem. A sensação era de flutuar no vazio.
O tempo não existia. Cores e sons se misturavam em uma cacofonia bizarra. No fundo...era bom. Ninguém para perturbar ou ser perturbado.
Entretanto,ele sentia saudades do calor. Das piadas idiotas da Lua,do jeito idiota do Netuno e as palavras de conforto do Orion.
Ele sabia. Só a Lua e ele sobreviveram.
Bem,tem aquele novato,mas ele não conseguia lembrar o nome.
Em baixo dele,uma luz pulsava,e agora,estava aumentando.
Me diga. Será que valerá a pena acordar?
.
.
.
Talvez.
Aos poucos,o cenário branco e sem graça do hospital preenchia sua visão. Talvez a morte tivesse um pouco misericordiosa,porque Deus,parecia que ele tinha sido atropelado por um ônibus.
Melhor, dois ônibus. Talvez oito.
Após um tempo em silêncio, esperando seu corpo se adaptar a ter vida,sua voz sai,como um sussurro impossível:
"...Estamos...vivos?"
Esperou um pouco...e quando o silêncio ficou grande demais,uma voz familiar ecoa:
"Estamos,velhote..."
Chapter 28: "Beije todas as minhas cicatrizes,e veja elas brilharem"
Summary:
Tw- Descrição de cicatrizes. Talvez seja +16? Não sei? Queer Platonic Caretaker e Queer Platonic Whumpee.
Dia 28- Anseio/Constelação
Notes:
Aviso- Leia essa com Dance With The Devil,do Breaking Benjamin
Chapter Text
Hernán não sabia mais lidar com a afeição. Anos e anos de solidão se solidificaram em uma parede protetora em envolta de seu coração.
Mas dizer que ele não anseia por afeto seria mentir para si e para o universo. Deus,como ele queria que alguém o visse de verdade.
Não como anjo,mas sim como um homem...um alguém...ele não sabe dizer. Não que se importar com o gênero agora,nos auge dos seus 30 anos iria mudar alguma coisa.
Voltando ao principal assunto: Afeto.
Talvez não exista alguem que o ame de verdade. Estava tudo bem,ele poderá lidar com isso.
Né?
Ele é uma pessoa adulta. Pra que chorar por algo bobo?
Ta,ele ta chorando por algo bobo.
No quarto do Hernán,o silêncio reinava. Apenas o som do violão e a voz calma de Belladonna cantando ao seu lado.
A música era suave, sútil. Como se abafasse o som externo.
Hernán tava melhorando bastante no violão, tocando mais músicas complexas. Talvez ele toque em pequenos shows,quem sabe?
O silencio é suavemente quebrado quando ê jovem segura as mãos do medico,encarando suas cicatrizes. Alem das queimaduras,suas mãos eram cobertas de cortes, principalmente por uso de ferramentas medicas ou brigas nas missões.
"Deveria se cuidar mais" Comentou,analisando cada cicatriz como se fosse uma joia rara.
"...Eu digo o mesmo para você,Belladonna" Por algum motivo,a voz dele saia mais desajeitada. Fazia algumas semanas que ele sentia algo pelo Capite,mas não era romântico. Era algo bem mais fundo que isso
Instintivamente, ele também segura a mão delu, olhando para seu braço. Diversas cicatrizes de balas,formando pequenas estrelas
"Você tem uma constelação completa em si..." Deixou as palavras saírem,enquanto gentilmente aproximava o braço para perto de si,beijando a superfície marcada por tantas batalhas.
E...aquele sentimento de anseio volta. Na verdade,sempre esteve ali,só esperando o momento de ser visto.
Ê Capite sorri, retribuindo o gesto segurando suavemente o queixo do rapaz,dando um beijo na testa,acima da queimadura "Se eu tenho uma constelação,suas cicatrizes formam ondas... você é o mar"
Um arrepio desce pelas costas do rapaz,seu coração batia em satisfação.
O silêncio volta,com uma troca de olhares,sorrisos envergonhados.
É, talvez os dois realmente tenham algo ali. Algo bonito, simples.
E pela primeira vez em anos...
O Hernán se sentia feliz por deixar alguém se aproximar.
Chapter 29: "É só um prato quebrado, pra que choramingar?"
Summary:
Dia 29- Louças quebradas e trauma de infância
TW- Menção a problemas familiares, linguagem agressiva,PTSD
Chapter Text
Aranha não tem nenhum apego a coisas materiais.Relacionamentos inclusos
Ah,quebrou um prato? Foda-se. Tá custando 1,99 na loja, é só comprar. Um copo rachou? Passa uma fita e segue a vida, é só não colocar no microondas. Terminou? Porra que pena, depois lida na terapia.
Então,Aranha não entendia o porquê o Hernán sempre ter um cuidado extremo com as coisas. Tá, tem que ter cuidado com quem compra,mas também ao ponto de ser praticamente paranoia? Não lhe desce,sabe?
Mas,ela prefere não dizer nada,só pra não ser grossa, entretanto...na cabeça dela só tinha um pensamento:
"esse perfeccionismo um dia vai servir de porra nenhuma"
E de fato, não serviu
Ele tava ajudando a Aranha a se mudar pro novo apartamento. Finalmente ela conquistou um com o próprio salário...e também depois da Canário implorar por chefe dela,mas deixa pra lá.
O homem movia algumas caixas com cuidado, indo colocar as louças no devido lugar. Tudo tem que ta bem arrumado,nada pode cair -
Ele sente a engrenagem da prótese travar, e com medo de cair...ele solta as louças no chão,deixando todas elas caírem.
O ar de seus pulmões some,como se ele esquecesse como se respira.
"PORRA MOLEQUE DIOTA! AGORA PEGA A MERDA DA VASSOURA ANTES QUE EU DECIDA QUE TU VAI PEGAR NA MÃO!"
Por medo,ele se abaixa,tentando recolher os cacos de cerâmica. Ele corta um pouco a mão,mas ele não se importa.
o sangue suja o branco do prato. Memorias de algo que deveria ficar trancadas.
Gritos altos, a sensação de panico surgindo cada vez mais e mais.
A Aranha vai ficar furiosa. Aquilo parecia caro, provavelmente era caro -
"EEEI,PAROU COM A PUTARIA! SOLTA A LOUÇA!" A voz esganiçada da mulher faz ele soltar os cacos de cerâmica "Ta' querendo machucar as mãos,ó biscoito meio a meio?"
Ele olha para a cientista, ainda tremendo. "Mas...é a sua louça..não foi cara -"
"Que cara o que, comprei na porra da feira, não vale nem uma bala juquinha" Ela pega a vassoura e a pá,varrendo e jogando fora "Tu podia ter se machucado por algo sem valor nenhum"
Algo sem valor? é assim que ela vê as coisas?"Algo sem valor? é assim que ela vê as coisas?"
"Não me olha com essa carinha de bundinha não! É só prato,quebrou? Acontece! Vive com isso"
Ela ajuda-o a se levantar,dando uns tapinhas nas costas dele "Vem,vamo cuidar dessa mão e me ajuda a fazer um lanche, to com fome de hambúrguer.
Dizem que a aleatoriedade afasta o medo.
E Hernán não acreditava muito nisso,ate a a Aranha provar o contrario.
Realmente...é só um prato quebrado. O mundo não acabou.
"Não me olha com essa carinha de bundinha não! É só prato,quebrou? Acontece! Vive com isso"
Ela ajuda-o a se levantar,dando uns tapinhas nas costas dele "Vem,vamo cuidar dessa mão e me ajuda a fazer um lanche, to com fome de hambúrguer.
Dizem que a aleatoriedade afasta o medo.
E Hernán não acreditava muito nisso,ate a a Aranha provar o contrario.
Realmente...é só um prato quebrado. O mundo não acabou.
Chapter 30: "Você está sozinho, lidando com a própria dor"
Summary:
Dia 30- Espelhos/Cuidando de ferimento
TW- Descrição de ferimentos e procedimentos médicos,disforia, problemas com a auto estima.Aviso: Escuta essa com Fade,de CircusP
Chapter Text
É tão difícil lidar com a própria imagem quando todo dia as pessoas lembram que você é diferente.
Você é manco por conta da prótese. Sua pele é metade queimada, você não enxerga bem.Tudo gira em torno de aparência afinal.
Ainda mais quando você tenta se afirmar todo dia que é ainda é um ser humano.
Não é mesmo,Hernan?
Acho que você precisa melhorar mais.
Hernan estava na frente do espelho. Seu ombro e sua costela estavam com dois rasgos cada,por conta de alguns erros de treinamento. As garras da Hound realmente são pesadas.
Ele tira a camisa,mostrando o estado que ficou o seu corpo: Tava sangrando,feio,pulsante.
Fazia tempo que ele não se via. Evitava espelhos ao máximo.
Mas agora,não tinha como mas se esconder. Diante aquela carcaça podre, ele precisava se curar.
Ele abre a maleta,pegando a agulha e alinha,junto com um par de luvas. Com cuidado,ele veste as luvas, pega seus instrumentos e lentamente começa a se costurar,pouca a pouco.
Enquanto forçava a sua pele a se juntar,ele se olhava no espelho. Cada dia mais ele parecia menos humano.
Os dedos dele já estava com aquela marca escura permanentemente, apesar de ser imperceptível a olho nu.Não iria demorar muito para seu rosto e pescoço terem essas marcas.
Quanto tempo a mais ele ia aguentar isso? Ate ele colapsar? Ele mesmo não sabe.
"...Por que eu não posso contar para elu" Se perguntou,já sabendo da resposta:
Ele não pode,porque nada vai mudar.
Igual ao seu coração,esse problema não tem cura.
A única coisa que podia fazer é atrasar o inevitável. Ele vai acabar se tornando algo muito ruim futuramente.
Talvez por conta dos experimentos,ele não conseguia sentir a agulha fechando os ferimentos. Se fosse algum tempo atrás,ele estaria berrando de dor.
Hoje ele nem sente.
Em compensação,ele não parecia ser mais um ser.
Mas não importa.
Ele precisava sobreviver.
Ele termina de se costurar, colocando a camisa de volta.
Ao sair do quarto...ele nota um papel debaixo de sua porta
Ele pega...e ele lê.
"....Se encontrar com elu mais tarde?"
Por algum motivo...o Hernán sentia uma sensação de desamparo em seu peito.
Algo muito ruim vai acontecer daqui algumas horas
Só precisava esperar.

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